Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense segunda, 24 de agosto de 2020

JUSTIÇA, POLÍCIA E VATICANO NA COLA DO PADRE ROBSON

Jornal Impresso

Padre Robson movimenta R$ 2 bilhões em 10 anos
 
 
Religioso é suspeito de liderar um esquema de lavagem de dinheiro doado por fiéis. A apuração do Ministério Público aponta compra de uma fazenda por R$ 6 milhões e de uma casa de praia, avaliada em R$ 2 milhões

 

» Renato Souza

Publicação: 24/08/2020 04:00

Alvo da Operação Vendilhões, padre Robson é acusado de usar a Associação Filhos do Pai Eterno, em Trindade (GO), em esquemas fraudulentos  (Danilo_Eduardo/AFIPE)  

Alvo da Operação Vendilhões, padre Robson é acusado de usar a Associação Filhos do Pai Eterno, em Trindade (GO), em esquemas fraudulentos

 



Investigações conduzidas pelo Ministério Público de Goiás apontam que a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO), conduzida pelo padre Robson de Oliveira, acusado de lavagem de dinheiro, movimentou R$ 2 bilhões em 10 anos. As diligências mostraram o recebimento de R$ 20 milhões em doações por mês e descobriram que parte dos recursos foi empregada na compra de fazendas e de uma casa de praia.

Em setembro do ano passado, dois representantes do Vaticano estiveram em Trindade para investigar a Afipe. A movimentação financeira em larga escala chamou atenção da Cúpula da Igreja Católica. Fontes informaram ao Correio que a entidade continua em contato com representantes da igreja no Brasil, e pode aplicar punições a depender do desfecho do caso. Uma das medidas estudadas é o afastamento do padre a vida eclesiástica.

Na semana passada, o líder religioso foi alvo da Operação Vendilhões, que investiga o uso de pelo menos R$ 120 milhões para a compra de artigos de luxo. Acatando o pedido do MP, a juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, determinou a busca e apreensão em 16 endereços ligados ao padre Robson, inclusive na TV Pai Eterno, que transmite missas lideradas por ele em todo o país. A magistrada não atendeu ao pedido de prisão do padre.

Durante apuração do caso, o Ministério Público descobriu que a Afipe, responsável pela administração do Santuário Basílica de Trindade, negociava com empresas que tinham os mesmos donos e estavam localizadas no mesmo endereço da associação. Entre as movimentações suspeitas com uso do dinheiro de fiéis está a compra de uma fazenda, em Abadiânia, por R$ 6 milhões, e de uma casa de praia, avaliada em R$ 2 milhões. Parte dos recursos recebidos seria para a construção de uma segunda basílica, obra orçada em R$ 100 milhões, que deveria ficar pronta em 2022, mas foi adiada para 2026.

As negociações envolveram as empresas WKS Empreendimentos Imobiliários, Via Maia Administradora de Bens, KD Administradora de Bens e Terra Nobre Administradora de Bens, que tinham as mesmas pessoas em seu quadro de sócios e todas se localizam em um prédio na Avenida Jamel Cecílio, em Goiânia. De acordo com o Ministério Público, a KD Administradoras de Bens recebeu dezenas de pagamentos da Afipe, por meio de imóveis. Em todas as negociações, a entidade ligada à igreja teve prejuízos.

Em uma das situações, a Afipe teria vendido uma residência por R$ 1,35 milhão, mas o local estava avaliado em R$ 2 milhões e chegou a ser hipotecado por R$ 7,35 milhões. A Fazenda Serenata e Monjolinho, em Abadiânia, teria sido comprada pelo valor de R$ 6,3 milhões, em 17 de março de 2016, e vendida, mais de três anos depois, para a empresa Terra Nobre, pelo mesmo valor. “Forte nesses elementos, os promotores de Justiça sustentaram a existência de indícios da prática de crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores pelos investigados”, descreve parte do despacho que autorizou a operação.

Afastamento

O padre Robson, de 46 anos, tem bastante influência entre os católicos nas redes sociais. No Facebook, a página dele tem 3,9 milhões de seguidores. Ele afastou-se da Afipe após a operação do Ministério Público. O religioso nega as acusações de fraude e diz que vai provar sua inocência. O afastamento do padre Robson foi comunicado pela Arquidiocese de Goiânia. Na nota, assinada pelo arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, a arquidiocese informa que a associação irá contratar uma “empresa idônea de auditoria externa, no sentido de ser realizada ampla e profunda apuração de documentos e dados relativos à Afipe”.

Em um vídeo publicado na internet, Robson afirmou que se afastou do comando da entidade para colaborar com as investigações. “Sempre estive e continuo à disposição do Ministério Público. Por isso, esse meu pedido de afastamento vai me permitir colaborar com as apurações da melhor forma e com total transparência para que seja confirmado que toda doação que fazemos ao Pai Eterno — terços rezados, o dinheiro doado, tempo, carinho, trabalho empregado na evangelização — foi toda, repito, toda empregada na própria associação Afipe em favor da evangelização”, disse.

O sacerdote alega que vem passando por uma “provação”. “O meu caminho nessa missão evangelizadora nunca foi fácil. Desde o início, como você bem sabe, sempre carreguei muitas cruzes”, completou. O advogado Pedro Paulo Medeiros, que atua na defesa do padre, afirmou que os imóveis citados na denúncia do MP fazem parte das aplicações da Afipe, cujo lucros foram destinados à construção da nova Basílica, à compra da TV Pai Eterno e de rádios e à construção de igrejas.

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