Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense segunda, 24 de junho de 2019

A TERAPIA DO FORRÓ

 

A terapia do FORRÓ
 
Funcionários e pacientes de posto de saúde de Planaltina apostam na dança e ritmo da música típica das festas de são-joão como remédio para o bem-estar e a autoestima.

 

» Juliana Andrade

Publicação: 24/06/2019 04:00

O casal de namorados Eliete Maria Moura, 68, e Paulo Divino da Cruz, 70, não perdem um dia de forró  

O casal de namorados Eliete Maria Moura, 68, e Paulo Divino da Cruz, 70, não perdem um dia de forró

 

 
Um teclado ligado a uma caixa de som, um cantor ditando o ritmo aos passos e, à frente, um grupo colocando em prática o famoso dois pra cá, dois pra lá. Parece cenário de festa, mas se trata de uma Unidade Básica de Saúde, em Planaltina. É assim, por meio do que chamam de forroterapia, que pessoas da comunidade, funcionários e pacientes do posto médico espantam a tristeza e garantem o bem-estar de quem frequenta o lugar.
 
A atividade ocorre todas às sextas-feiras, das 16h às 18h, na unidade que funciona no Parque Ecológico Sucupira. A música fica por conta de um tecladista voluntário e, se ele faltar, um pendrive se encarrega da trilha sonora. A atividade reúne cerca de 40 pessoas. Francisco de Assis, 88 anos, é um dos forrozeiros da turma. Ele conta que a idade não permite que ele trabalhe, mas ainda consegue dançar. “Eu venho sempre que posso. Por mim, dançava todo dia. Eu amo forró. É muito bom”, comenta.
 
O grupo é formado, em sua maioria, por pessoas acima de 60 anos. Segundo a enfermeira Maria das Graças Araújo, coordenadora do projeto, os idosos são o motivo da iniciativa. “A gente notou, no nosso trabalho do dia a dia, que há idosos solitários, que ficam em casa e têm dificuldade para fazer atividade física. Uma ação em grupo é ótima para eles”, destaca.
 
De acordo com a psicóloga Lia Clerot, atividades assim são fundamentais na vida das pessoas de terceira idade. Ela explica que o contato de muitos deles se limita aos familiares, enquanto outros vivem praticamente sozinhos. “Eles precisam de alguém que entenda suas dores, angústias e aflições. Eles necessitam de alguém de fora com quem possam desabafar. Os amigos vão se perdendo pela vida e um encontro com pessoas da mesma faixa etária pode trazer justamente essa companhia que faltava”, conta.

A festa conta com tecladista voluntário e muita empolgação dos participantes (Arquivo Pessoal)  

A festa conta com tecladista voluntário e muita empolgação dos participantes

 


 (Mariana Raphael/Saúde-DF)  


Alegria contagiante
 
Foi no forró, ritmo de dança celebrado hoje, Dia de São João, que a vendedora Railde Rosa da Cruz, 56, encontrou uma forma de espantar a tristeza. Desde o início da atividade, em fevereiro, ela não perde um dia de festa. “Toda sexta, quando dá 16h, eu corro para cá. Eu tenho problema de depressão e aqui eu esqueço de tudo, me sinto feliz”, revela. Segundo ela, o ambiente também é ótimo para conhecer gente nova e fazer amizades. “Se o pessoal soubesse como é bom, todo mundo vinha”, ressalta Railde.
 
A dança é uma atividade lúdica que entretém e ajuda na liberação de hormônios que dão a sensação de prazer, como endorfina, dopamina e serotonina. “Temos pessoas juntas, em um momento de alegria, de descontração, tocando umas as outras”, detalha Lia. Além dos hormônios, a dança influencia a autoestima e a autovalorização.
 
Corpo e mente
 
A dança não dá espaço para a tristeza e para o mau humor. Alguns começam tímidos, mas é questão de tempo para se entregarem ao forró. A enfermeira Maria da Graças destaca que a atividade proporciona a socialização, como também tem contribuído para a saúde física dos participantes do projeto. A dança tornou-se parte da rotina de pacientes com pressão alta e diabetes, por exemplo, que encontraram no forró uma forma de manter o corpo em movimento.
 
A enfermeira lamenta críticas de pessoas reclamando da iniciativa devido aos problemas na saúde pública. Porém, ela não se deixa abalar pelos comentários negativos. “As pessoas não entendem que saúde não é só a ausência de doença. É o bem-estar físico e social também. A gente precisa de boas relações”, diz Maria das Graças. Para a psicóloga Lia, a saúde precisa ser pensada em uma perspectiva mais ampla, não apenas focada no combate, tratamento e controle de doenças. Portanto, atividades como a forroterapia contribuem para a qualidade de vida.
 
O casal de namorados Eliete Maria Moura, 68 anos, e Paulo Divino da Cruz, 70, são um exemplo de que a dança ajuda a manter o corpo saudável. Os dois não se desapegam e emendam uma música atrás da outra. “Eu gosto de dançar, faz bem para a idade. Quem está doente levanta e quem não está fica melhor ainda”, comemora Eliete.


"A gente notou, no nosso trabalho do dia a dia, que há idosos solitários, que ficam em casa e têm dificuldade para fazer atividade física. Uma ação em grupo é ótima para eles”
 
Maria das Graças Araújo, 
coordenadora do projeto
 
Jornal Impresso
 

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