|
|
Lobo-guará
|
|
|
Harpia
|
|
|
Cobra jararaca
|
Tamanduá-bandeira, ararajuba, onça-pintada, mico-leão-da-cara-dourada. Com tamanhos, cores e formatos diferentes, esses animais têm um aspecto comum entre si: são ameaçados de extinção. Para preservar essas e outras espécies em risco, a Fundação Jardim Zoológico de Brasília investe na reprodução em cativeiro. O trabalho resultou no nascimento de 17 filhotes desde 2015.
Um dos casais mais recentes é de lobos-guará. Jair e Amanda vivem em um espaço onde estão se relacionando. Os biólogos do Zoo suspeitam de que a fêmea esteja prenha e, se isso for confirmado, a ninhada deve nascer no próximo mês. Ainda não é possível verificar a gestação porque animais silvestres conseguem esconder a barriga para se proteger de predadores, como explica o biólogo e diretor de mamíferos da instituição, Filipe Reis.
De acordo com ele, os casais são formados a partir das indicações de especialistas, os studbook keepers, responsáveis pelo manejo de certas espécies a nível nacional e internacional. “A ideia é de que o zoológico não seja mais visto como vitrine de animais, e sim como centro de conservação de fauna. Para isso, precisamos contribuir para a preservação das espécies”, declara Filipe.
O cruzamento não pode ser feito de qualquer maneira. Os bichos precisam ter uma composição genética específica (não podem ser parentes, por exemplo) para evitar que as próximas gerações tenham doenças. Entra a ação dos especialistas, que avaliam quais animais podem contribuir com a preservação. Graças a isso, a onça-pintada Gabriela foi levada ao Criadouro Conservacionista NEX, em Goiás, para conhecer o macho Ogun. “Amor à primeira vista”, comenta o biólogo.
Filipe é o studbook keeper dos tamanduás-bandeira no Brasil. Atualmente, três machos e duas fêmeas estão no Zoológico da cidade, mas outras três fêmeas devem chegar nos próximos dias. Quem também está à espera do par perfeito é o cachorro-vinagre Xingu. Sozinho no novo recinto, ele aguarda a chegada de uma companheira que virá da Rússia: A Sharapova, como foi carinhosamente apelidada pela equipe brasileira.
|
|
Tamanduá-bandeira
|
|
|
Bugio
|
|
|
Cachorro-vinagre
|
Prevenção
Por meio de parcerias com zoológicos e criadouros do mundo todo, a prevenção da ameaça de extinção pela reprodução tem sido feita. No entanto, conseguir a transferência de um animal de outro país não é tão simples. O biólogo e gerente de projetos educacionais do Zoo, Igor Morais, explica que são necessárias licenças dos dois países, além do cuidado no transporte. Até julho, Brasília receberá uma ariranha vinda da Alemanha.
Igor lembra que o incentivo internacional contribuiu muito para a preservação no Brasil. “Nos anos 1980, a população de micos-leões-dourados na Mata Atlântica no Rio de Janeiro era de 200 animais. Graças uma ação coordenada pelo zoológico de Washington (EUA), hoje há cerca de 1,2 mil.”
Ele explica que uma espécie pode se tornar ameaçada por diversos fatores: caça, tráfico de animais silvestres e destruição do habitat, por exemplo. “Reproduzir esses animais de forma coordenada, seguindo princípios de genética e ecologia de populações garante um futuro melhor”, conclui.
Filhotes
Com o trabalho, cada vez mais filhotes nascem nos ambientes da instituição. O Zoológico é o único no mundo a ter reproduzido com sucesso a cotiarinha, a menor espécie de jararaca encontrada no Brasil. Belinha nasceu em outubro de 2014 e acaba de alcançar a idade suficiente para também acasalar. Ela espera pela indicação para um namorado.
Entre as aves, as harpias, um dos maiores aves do mundo, podem ter filhotes a qualquer momento. A fêmea botou ovos férteis neste ano, mas até agora, nenhum vingou. A fêmea, chamada Baiana, chegou ao Zoo depois de ter sobrevivido a um tiro e os biólogos suspeitam que o trauma tenha contribuído para que ela não passe muito tempo chocando, o que prejudica os ovos.
Apesar dos esforços maiores serem para as 25 espécies em risco iminente de extinção, animais em estado de alerta também são incentivados a acasalar. É o caso do bugio-ruivo. O casal Riquinha e Choquito vive há quatro anos na fundação, mas, apenas em 2019, trouxe ao mundo o primeiro bebê. Ainda não foi possível identificar o sexo do pequeno que não larga da mãe em momento algum, mas se for macho, será Tutu, e se for fêmea, Tuca.
Você sabia?
Desde 2015, o Zoológico de Brasília conseguiu reproduzir com sucesso 17 espécies ameaçadas de extinção:
12 mamíferos
1 réptil
4 aves
Atualmente, 19 casais estão formados:
3 mamíferos
16 aves
Confira no site do Correio, depoimento do diretor de mamíferos do Zoo sobre o trabalho de preservação das espécies.