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Marisa começou vendendo lingerie para as colegas, hoje tem uma sex shop no shopping PMC
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Valparaíso de Goiás — Um ditado diz que a dor ensina a gemer e outro, que a necessidade é a raiz da invenção. O empreendedorismo brasileiro vai nessa linha, explica a professora de antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Simoni Lahud Guedes. “Há um saber coletivo dos brasileiros que deriva da periferia. Homens e mulheres vão aprendendo tudo o que é possível, sem se especializar muito, porque vivenciam a instabilidade em família desde pequenos. Uma hora o pai está empregado, daqui a pouco não está. Aí alguém compra alguma coisa e vai vender na rua para sustentar a casa”, exemplifica.
No caso de Marisa dos Santos, 25, “alguma coisa” foi lingerie. Mesmo com trabalho, mas para complementar a renda e ajudar em casa, carregava a mercadoria no carro para vender no tempo livre entre as jornadas dos empregos como vendedora de cosméticos em dois shoppings no DF. Até que decidiu apostar num negócio próprio. “Eu virei empresária meio por acaso. Para ganhar mais dinheiro, vendia lingerie para as colegas. Comecei com 15 peças em 2017. As clientes gostaram e foram pedindo mais. Quando dei por mim, estava ganhando bem. Cansei de trabalhar para os outros, pedi as contas e investi tudo em mais produtos”, destaca.
Clientela fielNo início de 2018, surgiu a oportunidade de comprar um ponto no shopping popular de Valparaíso de Goiás, onde paga R$ 3,5 mil de aluguel e condomínio. Marisa tem uma sex shop no empreendimento. “Trabalhei para pagar a loja até a inauguração, em novembro. Ainda vendo fora, porque continua dando mais dinheiro. Mas a ideia é largar o carro e parar quando o movimento da nova loja melhorar”, revela. Além da clientela fiel, que também mora na periferia e agora vai à loja de Marisa para se abastecer com as novidades, a sex shop está conquistando consumidores. “A maioria dos novos compradores é da região. Espero que o movimento do shopping aumente cada vez mais”, completa. (SK)