Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quinta, 10 de janeiro de 2019

CORRIDA PARA DEIXAR O DESEMPREGO

 

Corrida para deixar o desemprego para trás
 
 
Ao todo, no DF, existem 300 mil desocupados e, com a mudança de governo, a esperança de conseguir uma vaga cresce. Agência virtual, da Secretaria do Trabalho, ajuda na procura, mas especialista alerta que ajuste fiscal pode atrapalhar a retomada

 

» GABRIEL PONTE*

Publicação: 10/01/2019 04:00

Alan Dutra busca emprego para ajudar em casa e retornar à faculdade (Barbara Cabral/Esp.CB/DA.Press)  

Alan Dutra busca emprego para ajudar em casa e retornar à faculdade

 



Com mais de 300 mil desempregados no Distrito Federal a busca de uma oportunidade com carteira assinada não é tarefa fácil. Por isso, é importante ficar atento a todas as possibilidades. Ontem, na Agência Virtual, ligada a Secretaria do Trabalho do DF, existiam 157 vagas para todos os níveis de escolaridade (veja quadro) em 20 atividades diferentes. A maioria para consultor de vendas, 100. Os salários variavam do mínimo, que neste mês foi corrigido para R$ 998 a R$ 2.753.

A mudança de governo que fez com que o nível de confiança dos empresários subisse na virada do ano, entretanto, ainda não se refletiu em investimento e novas vagas formais. Priscila Moângela, 24 anos, perdeu o emprego de operadora de caixa em uma farmácia há dois anos. Durante o tempo parada, não desistiu de tentar uma colocação no mercado. “Por causa da crise, fui demitida. Quase todo mês, entrego currículos para tentar voltar a trabalhar sem sucesso”, lamentou.

Mesmo demonstrando cautela, depois de tanto tempo de procura, Priscila tem esperança no futuro. “Claro que acho que pode haver uma melhora econômica, mas não 100%. Pelas propostas feitas pelo novo presidente (Jair Bolsonaro) durante a campanha, espero conseguir algum emprego em breve”, disse.

Alan Dutra, 24, saiu da corretora de seguros onde trabalhava em julho passado. Formado em design de interiores, fazia outra faculdade, de arquitetura, quando, pela perda do emprego, ficou sem condições de bancar as mensalidades. “Eu trabalhava como assistente pessoal da diretora, mas o corte de funcionários priorizou quem estava a menos tempo na empresa, como eu”, explicou.

Desde aquele mês, entrega currículos em diversos locais, mas não recebe nenhum tipo de retorno. Em casa, a situação financeira não está fácil, pois além dele, o pai, que é trabalhador rural, também está desempregado. A mãe é diarista, mas não trabalha todos os dias. O jeito é incrementar a renda com bicos. O sonho dele é voltar ao mercado de trabalho para conseguir retomar a faculdade.

Carlos Alberto Ramos, economista e professor da Universidade de Brasília (UnB), alerta, no entanto, que a situação na capital pode não ser tão simples e rápida de resolver. “Em Brasília, há problemas particulares. Além da alta taxa de desemprego, existe um processo migratório muito forte, principalmente da região Nordeste, que aumenta a demanda”, observou. Nacionalmente, no entanto,  ele acredita que, a princípio, haverá uma recuperação do emprego, alocada às reformas econômicas. “Deve haver um aumento do emprego formal, mas não muito acentuado.”

Segundo Ramos, um dos maiores atrativos do DF para migrantes é a renda per capita da população. “Isso estimula a vinda, principalmente de nordestinos em busca de oportunidade na capital. No entanto, a recuperação econômica não será uniforme”. Na opinião do economista, o ajuste dos gastos públicos prometido, tanto pelo governo federal quanto local, deve elevar a taxa de desemprego em Brasília.

Destaques


O secretário de Trabalho do DF, João Pedro Ferraz, discorda da análise e está otimista. “Percebe-se, mesmo que de forma discreta, uma movimentação positiva na oferta de vagas. O mercado reflete um conjunto de ações articuladas com foco no desenvolvimento econômico e consequente geração de novos postos de trabalho”, afirmou.

Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC), aposta que, com a nova agenda econômica traçada pelo governo de Jair Bolsonaro, alguns setores se destacarão no mercado de trabalho em 2019. “O pontapé inicial da equipe econômica tem a preocupação de destravar e reativar o investimento, algo maior do que fomentar o consumo. Assim, mesmo sabendo que o setor de serviços é, historicamente, o grande empregador, a perspectiva, em termos relativos, é de haver um avanço no setor industrial, além da agropecuária”, afirmou.

Segundo ele, o país pode chegar até a apresentar a criação, em 2019, de 1,2 milhão de postos de trabalho. Bentes destaca que, no setor industrial, construção civil e automobilística, assim como o setor agropecuário, devem ter protagonismo neste ano. “Economicamente, os setores agropecuário e industrial são exportadores e, do ponto de vista externo, o país, costurando acordos bilaterais, favorecerá ambos. O comércio pode até crescer neste ano, mas não deve chegar a ser beneficiado como outrora”, complementou.

* Estagiários sob supervisão de Rozane Oliveira


  • Fique atento
    De acordo com a Agência Virtual, existem 157 vagas de trabalho no DF

    Nível superior
    Cargos: assistente administrativo, auxiliar financeiro, supervisor da seção de serviços gerais e técnico de laboratório industrial.
    Salário: de R$ 2.000 a R$ 2.350

    Nível Médio
    Cargos: conferente de carga e descarga, gerente de loja e supermercado, consultor de vendas, oficial de serviços na manutenção de edificações, promotor de vendas, subgerente de restaurante, técnico eletricista, vendedor interno e vendedor pracista.
    Salário: R$ 954*  a R$ 2.753

    Nível Fundamental 
    Cargos: açougueiro, jardineiro, manicure, operador de caixa e repositor de mercadorias.
    Salário: R$ 954*  a R$ 1.700

    Escolaridade não exigida
    Cargos: açougueiro, mecânico e soldador
    Salário: R$ 954* a R$ 1.400

    *Sem atualização do salário mínimo
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Correio Braziliense quarta, 09 de janeiro de 2019

HAVAÍ: NAS ONDAS DOS MARES

 


Nas ondas dos mares

 

Publicação: 09/01/2019 04:00

 (Paulo Silva Pinto/CB/DA Press)  


O cenário é paradisíaco, com natureza deslumbrante e cores que ficam gravadas na lembrança dos visitantes. O Havaí tem praias, cenários de filmes, ilhas que ficam a uma distância de 30 minutos de voo entre elas, marcas da história como Pearl Harbour, atacada pelos japoneses na Segunda Guerra Mundial e boa estrutura de atendimento ao turista: desde aqueles que preferem relaxar na praia aos que se aventuram nas pranchas ou no fundo do mar. Para os mais afoitos, é possível visitar um parque de vulcões. 
 
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Correio Braziliense terça, 08 de janeiro de 2019

IDEOLOGIA DE GÊNEROS: POLÊMICA NAS ESCOLAS

 


ENTREVISTA RAFAEL PARENTE, SECRETáRIO DE EDUCAçãO »Temos de cuidar dos professores

 

Publicação: 08/01/2019 04:00

 

 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  

O novo secretário de Educação, Rafael Parente, não se esquivou de polêmicas em entrevista ao CB. Poder — parceria do Correio com a TV Brasília. Destacando que cumprirá as promessas de campanha do governador Ibaneis Rocha, Parente afirmou que sua gestão combaterá temas como a ideologia de gênero e a doutrinação escolar. Além disso, ele também adiantou algumas mudanças pensadas pela secretaria para melhorar os índices educacionais, como planejamentos que vão desde novas arquiteturas nas escolas até possíveis avaliações das famílias dos alunos.



Do ponto de vista de infraestrutura, falta cerca de um mês para os alunos voltarem às salas de aula. O governador Ibaneis destacou um orçamento para as reformas?
Sim. Existe um plano de 200 escolas prioritárias, que estão com estado mais complicado. São também duas escolas em que não há mais alunos nem professores trabalhando, e existem escolas em que estamos avaliando se vão precisar retirar os alunos, e alugar um prédio e receber os estudantes e profissionais, ou não.
 
No relatório de transição, tem um dado alarmante que se trata de violência nas escolas, sobre como os alunos tratam seus professores.  Existe alguma política para mudar esse cenário?
Com certeza. Existe uma série de medidas para que a gente não ature mais isso. Não pode existir mais qualquer tipo de agressão física, psicológica ou verbal. Temos ações relacionada, à formação (do aluno), mas também uma parceria com a Polícia Militar. É uma orientação do governador, inclusive que nós façamos um piloto com escolas militares no DF. Mas vamos buscar também medidas relacionadas a arte, cultura e esportes. Alguns alunos estão esperando por atenção e por alguém que dê limites e os ajude a organizar as ideias.
 
Você falou em escolas militares. Em uma entrevista concedida por Ibaneis ao Correio, ele falou da intenção de abrir novas escolas militares. Como é esse plano?
Estamos avaliando ainda e estamos conversando com escolas da PM e dos Bombeiros. Ainda não temos muitos detalhes para dar, mas é certo que vamos começar essa experiência esse ano. Não sei se serão novas escolas ou se vamos oferecer às gestões das escolas a oportunidade de transformação em escolas militares.
 
Sobre a necessidade de fortalecer as parcerias, você acha que um mau resultado do ensino público hoje, além da falta de gestão, tem relação com falta de participação dos pais, da família?
Com certeza. Precisamos responsabilizar a sociedade pela parte que eles não fazem. Sabemos que a educação é resultado do trabalho não só da escola, mas da família também. Quando só um faz seu trabalho, a educação não fica completa. Não adianta fazer um trabalho ótimo na escola se a família não fizer seu papel. Inclusive estamos estudando formas de responsabilizar a família e fazer essa cobrança quando ela estiver ausente.
 
Na semana da posse, surgiu reação à escolha do seu nome para a secretaria, especialmente de setores da bancada evangélica que se colocaram contra o seu nome porque o senhor seria “a favor da ideologia de gênero”.  Ao que o senhor atribui isso?
Tem uma série de razões, mas quero tranquilizar as pessoas. Estou tendo uma relação boa com parlamentares da base cristã, inclusive com líderes religiosos também, evangélicos da nossa cidade. Em primeiro lugar, eu compreendo que existe um medo, que as pessoas têm crenças e não querem ver algumas coisas acontecendo dentro das escolas. Mas, quando eu aceitei o convite do governador, aceitei implementar 100% das promessas dele durante a campanha. Uma dessas é a promessa de não dar espaço à ideologia de gênero, e isso vai ser cumprido integralmente. Outra questão é a de doutrinação. Eu tenho uma ótima relação com o deputado (Rodrigo) Delmasso, a gente conversou sobre isso e existem ações que nós estamos pensando e planejando para combater a doutrinação dentro das escolas.
 
Como estão as articulações com os servidores? 
Eu me coloquei à completa disponibilização deles pelas redes sociais. Recebo centenas de mensagens por dia e gasto um bom tempo com isso. Isso é importante porque vêm muitas informações das redes, queixas e boas sugestões, inclusive. Essa predisposição em dialogar, em ouvir, é uma mudança que estamos fazendo. Nós fizemos também, durante uma semana, visitas em 14 regiões para que eu pudesse apresentar minha visão e para que pudéssemos começar a fazer a seleção dos coordenadores regionais. Conheci todos os diretores de todas as escolas. A receptividade foi excepcional.
 
Nas redes sociais, todo mundo quer saber sobre concursos públicos, nomeações e reajustes de salários.
Sobre nomeações, expliquei que a primeira coisa que acontece é estudo da demanda. Precisamos 
olhar para as escolas, saber quem saiu, de quantos profissionais a mais a gente precisa, o que falta. Depois desse estudo, existe avaliação do impacto econômico, quanto vamos precisar para os chamados. Em seguida nós fazemos pedido para a Secretaria de Fazenda, que vai fazer outra avaliação dentro dos recursos disponíveis.
 
Um dos maiores problemas dos professores é a saúde. Como melhorar a saúde de uma categoria tão vulnerável, reduzindo número de atestados e reduzindo o deficit na sala de aula?
A primeira coisa é cuidar dos professores, que é a melhor forma de cuidar do nosso futuro. A educação que cria um futuro melhor para nossa sociedade e não se faz uma boa educação sem profissionais bem cuidados. Aí vem a valorização de diferentes formas. A valorização salarial também, mas principalmente uma valorização implícita, de ouvir as pessoas, saber quem está fazendo um bom trabalho, dar colo e dar carinho. Acolher esses profissionais da educação. Muitos querem fazer um bom trabalho e não conseguem. Temos que ter boas políticas de formação continuada, mas também falando com eles e sobre a saúde, também. Fazendo um balanço entre vida pessoal e profissional, enfim, existem diversas formas que estamos pensando.
 
 
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Correio Braziliense segunda, 07 de janeiro de 2019

É TEMPO DE COLÔNIA DE FÉRIAS!

 


É tempo de colônia de férias!
 
 
A opção de entretenimento para a criançada representa um alívio para pais que trabalham em janeiro, mês de recesso escolar. Especialistas explicam que essas iniciativas ajudam a combater o ócio, incentivam as atividades físicas e contribuem com a sociabilidade

 

Rentata Rusky

Publicação: 07/01/2019 04:00

 

Os pais de Odin e Aurora matricularam o filho em uma colônia de férias (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Os pais de Odin e Aurora matricularam o filho em uma colônia de férias

 

Os recessos de Natal e de ano-novo chegaram ao fim, e a rotina vai se restabelecendo. Exceto por um detalhe: as crianças estão de férias em casa. O que é motivo de alegria para os pequenos pode ser angustiante para os pais que voltam ao trabalho. Alguns não têm com quem deixá-los, outros se preocupam com a ociosidade dos filhos, vendo tevê, jogando videogame ou na frente do computador. As alternativas vão desde marcar programas em família pós-expediente às colônias de férias. A maioria delas começa nesta e na próxima semana, mas, por terem atividades mais livres, não há rigor na data em que a criança pode ser matriculada. Algumas dividem as programações por semana, facilitando a conveniência.

A psicopedagoga Ana Regina Caminha Braga, especialista em educação especial e em gestão escolar, explica que, dentro das condições familiares, é importante a criança sair um pouco do ambiente de casa e brincar ao ar livre. “Nem precisa elaborar muito. Coisas simples agradam, como jogar bola. Também existe um movimento interessante de resgatar brincadeiras antigas, como bolinha de gude. As férias são uma boa oportunidade para isso”, recomenda.

A principal vantagem das colônias de férias é o fato de toda a programação ter um objetivo prático e ser planejada por especialistas. “As atividades devem fazer sentido para o desenvolvimento da criança, mesmo que de forma lúdica. Elas não podem ser só ruídos, com movimentação excessiva. Se não, a criança vai para casa mais ansiosa e agitada. Deve ser um caos organizado”, explica Olzeni Ribeiro, especialista em comportamento infantil e diretora do colégio Ideaah.

Foi justamente essa vantagem que fez com que os pais de Anna, 4, e Laura, 2, Juliana Fagg Menicucci, 32, designer gráfico, e Giovani Fagg Menicucci, 34, advogado, decidissem colocar as filhas em colônias de férias tanto nas férias de julho do ano passado quanto nas de janeiro deste ano. “O estímulo que se tem é muito maior do que em casa com a babá. Elas ficam bem e seguras com a babá. Ela ajuda com o lanche, leva ao banheiro, mas, na colônia, tem a interação com outras crianças, instrumentos musicais”, justifica Giovani.

Olzeni explica, no entanto, que a colônia não pode substituir a atenção da família. “As crianças precisam sentir que estão de férias e que têm os pais ainda mais juntos”, alerta. No caso de Anna e de Laura, as atividades da colônia se estenderam à família. Depois de contarem aos pais sobre a experiência que tiveram com um telescópio e de terem visto a Lua e as estrelas, os pais tiveram a ideia de levá-las ao Planetário.
 
Tecnologia
A servidora pública Larissa Soares, 35, emendou o recesso de réveillon com as férias de janeiro para ficar com os dois filhos em casa, Odin, 5, e Aurora, 1. Em dezembro, ela tentou entreter as crianças ao máximo, no entanto, além de cansativo, as programações para ambos são diferentes por causa da idade. “Ela dorme à tarde; ele, não. Ele pode ir ao cinema; ela, não. Nicolândia com os dois, eu não aguentaria”, exemplifica.

A solução foi matricular só o filho mais velho na colônia de férias. Durante o ano, a escola dele é no período integral, mas, nas férias, as atividades serão só à tarde. “Acho cruel colocar integral, porque, no fim, ele ficaria sem férias. Assim, é bom que ele fica em casa pela manhã, aproveita a mãe e a irmã e, depois, vai”, explica o pai, o bibliotecário Pedro Paulo Madeira, 36.

Mas até quando a colônia é em uma academia, como é o caso de uma no Cruzeiro, a programação não é focada só na atividade física. “Além de tênis, circuitos com o tema selva, capoeira e brincadeiras na piscina, as crianças vão ter oficinas de arte, culinária e até o momento do videogame”, conta Renan Martins, educador físico e um dos responsáveis pela colônia. Segundo ele, muitos pais questionam o videogame como atividade. “Eles dizem: (se é) para jogar videogame, fica em casa”, conta. Ele garante, no entanto, que a experiência de jogar com outras crianças faz toda a diferença. “Tem a parte da competitividade com a qual eles aprendem a lidar de forma divertida. E parte do dividir, porque cada um vai ter a sua vez”, menciona.

Segundo a psicopedagoga Ana Regina, as tecnologias só são um problema quando usadas como mera distração, sem dar a devida importância ao que a criança está fazendo. “Elas chegam ao mundo e são apresentadas a uma enxurrada de inversão de valores. Muitos pais e responsáveis acabam deixando os filhos em frente à televisão, no tablet, no celular, sem se preocupar com o que está sendo transmitido e acabam usando aquele meio apenas como uma distração”, comenta. Para a especialista, é importante que os pequenos tenham acesso à tecnologia, desde que sejam bem orientados.

Sedentarismo
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), toda criança ou adolescente, entre 6 e 17 anos, que pratique menos de 300 minutos de atividade física por semana é considerado sedentário. Basta uma hora de atividade física por dia de segunda a sexta-feira para fugir dessa estatística.
 
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Correio Braziliense domingo, 06 de janeiro de 2019

PIPAS: INFÂNCIA COLORIDA NO CÉU

 


Infância colorida no céu
 
 
Janeiro é época de pipas colorindo o céu de Brasília. Conheça alguns dos lugares preferidos da turma

 

Mariana Machado
Cézar Feitoza
Especiais para o Correio
Ester Cezar*
Thiago Cotrim*

Publicação: 06/01/2019 04:00

 

Em várias quadras do Guará, a brincadeira toma conta das ruas durante as férias (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  

Em várias quadras do Guará, a brincadeira toma conta das ruas durante as férias

 

 

Férias de verão, céu azul, sol brilhando e um vento refrescante. Cenário ideal para uma atividade que faz a alegria da criançada (e de muita gente grande também): empinar pipa. Em janeiro, locais como o Taguaparque, as praças do Guará e os descampados em Ceilândia são os preferidos dos brasilienses, graças aos grandes espaços abertos.

Na tarde de ontem, por exemplo, cerca de 50 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, empinavam pipas próximo ao Centro Cultural Taguaparque. Acompanhado dos amigos e do primo, Eduardo Oliveira Gualhano, 13 anos, era um deles. Ele aprendeu sozinho a arte de empinar pipa. “Eu me sinto melhor do que fazendo outras coisas. Fico mais tranquilo, menos bravo, e acho melhor do que assistir a tevê ou mexer no celular”, comentou.

O colega de brincadeira Gabriel Henrique Cordeiro, 12, dava dicas sobre horários e tempo na hora de empinar o brinquedo. “Um horário bom pra soltar é a partir das 16h, porque não tem vento demais nem de menos. Também é o horário em que o sol não está tão forte e não fica atrapalhando a visão”, explicou.  “Para fazer uma pipa, é fácil: só precisa de vareta e linha pura. Eu gosto das minhas com rabiola, porque fica melhor de dibicar”, completou.

O sushiman Filipe Oliveira Rodrigues, 28, usa os horários livres no trabalho para soltar o papagaio no Taguaparque. “Estou em horário de almoço, mas nem almocei, vim direto pra cá”, contou. Segurando uma carretilha de madeira para enrolar a linha da pipa, ele explica por que prefere esse modelo à tradicional latinha. “A carretilha é melhor porque desenrola mais rápido”, comentou.

Negócio
Na QI 9 do Guará 1, a febre é tão grande que o hobby virou negócio. Em um portão branco, uma faixa anuncia: casa da pipa. É onde mora Alessandro Oliveira, de 37 anos. Ele solta pipa há mais de 20 anos. “Na minha família, é tradição. A gente combina o dia de reunião SP (soltar pipa)”, ri. Há cerca de cinco meses, ele perdeu o emprego de motorista em um dos ministérios da Esplanada, então, para conseguir uma renda, aproveitou o período de férias escolares para vender pipas.
A parede da garagem virou mural dos produtos que variam de R$ 2 a R$ 5, mas ele faz descontos. “O menino chega aqui faltando 50 centavos. Não vou perder o cliente por causa disso. Às vezes, falta até mais e eu vendo”, afirmou. A maioria ele compra pronta no Rio de Janeiro, mas, quando pedem, ele também faz do zero. “Um amigo meu foi para o Rio e eu encomendei com ele. Eram 5 mil, agora restam umas 2 mil para vender até o começo de fevereiro”, contou.

Saúde
Segundo o professor Hartmut Gunther, doutor em psicologia e docente da Universidade de Brasília (UnB), o lazer em ambiente fechado também pode trazer benefícios, mas, em sua visão, as atividades em locais abertos são mais saudáveis. “As coisas não têm um tom tão preto e branco. As brincadeiras ao ar livre são importantes, pois auxiliam as interações sociais, o desenvolvimento psíquico e a saúde das crianças”, ressalta o professor.

A neuropsicóloga Ana Cristina Gabeto diz que, por meio das brincadeiras, as crianças conseguem expressar o que estão sentindo. No seu ponto de vista, o problema é colocar a tecnologia em primeiro plano, de forma excessiva. “As crianças que se divertem através dos meios eletrônicos conseguem desenvolver uma capacidade de memória muito boa, são mais otimistas e possuem um senso de planejamento apurado, porque precisam desses atributos para se dar bem nos jogos eletrônicos”.


Glossário
Conheça algumas gírias dos pipeiros:
Dibicar: movimento feito com uma ou duas mãos em que se puxa a linha para que a pipa suba no ar
Afundar: manobra feita para descer a pipa no ar
Arrastar/De lado: empurrar a pipa de outra pessoa para o lado
Guerrear: cortar a linha da pipa de outra pessoa

 

Perigoso e proibido
O que não é legal na brincadeira é o cerol, pasta que mistura vidro triturado e cola. Em alguns casos, metal triturado. Ele é usado para cortar a linha das pipas de outras pessoas e tomá-las para si. No entanto, o uso e a venda da pasta são proibidos por uma lei distrital desde o ano passado (Lei nº 6.185/2018). A multa pode chegar a R$ 1 mil e o estabelecimento que for reincidente no comércio do cerol é interditado.


*Estagiários sob supervisão de Renato Alves
 
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Correio Braziliense sábado, 05 de janeiro de 2019

VERÃO NOS PARQUES COM A CRIANÇADA

 


Verão nos parques com a criançada
 
 
Espaços de convivência do Distrito Federal são opção para famílias aproveitarem o tempo livre dos filhos durante as férias. Andar de bicicleta e patins, soltar pipa e cair na piscina são algumas das diversões

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO
» ALINE BRITO*

Publicação: 05/01/2019 04:00

Os tios Ricardo e Milena com Beatriz e Pietro: diversão no parquinho (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Os tios Ricardo e Milena com Beatriz e Pietro: diversão no parquinho

 

 
Até 11 de fevereiro, data em que começará o ano letivo na maioria das escolas do Distrito Federal, os pais e mães de Brasília terão momentos de sobra para curtir as férias dos filhos. Quem não programou nenhuma viagem, pode desfrutar de algumas opções de lazer ao ar livre na própria capital federal. Como o verão promete muitos dias de sol, nada melhor do que levar a criançada para aproveitar o tempo livre nos parques candangos.
 
No Parque da Cidade, que recebe cerca de 51 mil pessoas por semana, existe uma série de atrativos, como churrasqueiras, quadras para a prática de modalidades esportivas, praças, lagos, restaurantes e seis playgrounds, dentre eles, o Parque Ana Lídia, ponto mais indicado para a diversão das crianças. Além do famoso foguete, há gangorras, escorregadores e balanços. Os irmãos Lucas e Pedro Fernandes, 4 e 2 anos, recomendam o espaço. “Gosto de ficar o dia inteiro”, diz o mais velho.
 
Mãe dos garotos, a enfermeira Geyseffer Fernandes, 29, sempre tira os filhos de casa durante as férias. Mesmo morando em Planaltina, ela gosta de levá-los ao parque localizado no Plano Piloto. “Há muita coisa para se fazer no Parque da Cidade. Ao ar livre, eles praticam atividades que desenvolvem a concentração. Além disso, tem a questão do convívio familiar. Ficamos mais próximos um do outro. Sem contar que eles também conhecem novas crianças. É muito melhor do que deixá-los o tempo todo na frente da televisão”, destaca.
 
O casal de policiais militares Ricardo Honório, 28, e Milena Carvalho, 28, levou dois sobrinhos para aproveitar as atrações do parquinho. Beatriz e Pietro Rafran, 8 e 5, não desperdiçaram a oportunidade: correram, pularam e escalaram alguns dos brinquedos. “Tem que brincar em tudo para não ir embora triste”, recomenda Beatriz. De acordo com Ricardo, no período de recesso, sair de casa é sempre uma boa opção. “Temos vários parques em Brasília, e todos são um prato cheio para quem gosta de curtir a família. Tanto adultos quanto crianças podem se divertir. Garanto que ninguém se arrependerá”, destaca.

Geyseffer e o filho Lucas aproveitaram o sol para brincar no Parque da Cidade (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Geyseffer e o filho Lucas aproveitaram o sol para brincar no Parque da Cidade

 



Victor Gabriel Lopes jogou frescobol com os tios no Parque Ecológico de Águas Claras (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Victor Gabriel Lopes jogou frescobol com os tios no Parque Ecológico de Águas Claras

 

 
Taguatinga
 
Maior parque de Taguatinga, o Taguaparque também possui opções de diversão para o público infantil. São pistas de cooper, ciclovias, quadras esportivas, playground e muitas áreas verdes. Sempre que possível, a funcionária pública Rosângela Mendes, 50, leva o neto Isac Mendes, 6, para aproveitar o espaço público. “Temos que aproveitar enquanto eles ainda são pequenos. Depois que crescem, deixam de sair com a gente”, brinca. Segundo Rosângela, o parque é uma excelente opção. “É um espaço arejado e amplo. Além de fazer a alegria do neto, eu aproveito para caminhar e respirar um pouco de ar puro. Vale a pena vir até aqui”, garante.
 
O parque é ideal para quem quer dar os primeiros passos em cima de uma bicicleta ou em um patins, como fez Maria Luiza Medeiros, 9. Ela saiu de Brazlândia com o pai, o motorista Eudes Bispo, 41, para estrear o brinquedo novo no parque. “Aqui é tão grande que eu posso dar várias voltas. Aprendi rapidinho”, comenta. Para Eudes, por mais que seja difícil organizar a agenda para curtir as férias da filha, vale a pena. “Durante o ano inteiro, quase não temos chance para fazer esse tipo de atividade. Eu sinto falta de passar um tempo com ela; então, não posso desperdiçar as oportunidades. Nos divertimos muito”, diz.
 
 
 
Parque Nacional
 
O Parque Nacional de Brasília, onde fica a Àgua Mineral, é um dos pontos turísticos preferidos dos brasilienses. As principais atrações são as duas piscinas de água corrente. O local também oferece ao visitante a possibilidade de caminhar ou pedalar em meio à natureza em três trilhas: a da Capivara, a do Cristal Água e a União.
 
Segundo a administração do parque, nesta época do ano, o número de visitantes dobra em relação aos meses de baixa temporada. A entrada custa R$ 14 para pessoas entre 13 e 60 anos. Visitantes de até 12 anos ou acima de 60 não pagam ingresso. A agente de aeroporto Cleusa Eustáquio, 47, é uma das pessoas que escolheu o local para curtir as férias. Ela mora no Gama e foi ao parque com a filha, a irmã e o cunhado para aproveitar o dia de sol do verão brasiliense. “Aqui é um local bem-arejado. Por mais que tenha muita gente, não é tumultuado. É um lugar ótimo para vir com as crianças. Um ambiente bem família, tranquilo e gostoso para curtir um dia de folga”, indica Cleusa.
 
Maria Carramilo, 44, e mais sete familiares também aproveitaram o tempo livre para se divertir na piscina natural do parque. “Todos estamos de férias e as crianças queriam muito tomar um banho de piscina, porque está fazendo bastante calor”, justifica. Segundo ela, o leque de opções do parque é o que mais atraiu a família até lá. “Estávamos indecisos entre algum clube e aqui. Por fim, decidimos vir para o parque por ser um lugar mais barato, com trilhas e natureza”, elogia Maria.
Cleusa Eustáquio e parentes:  

Cleusa Eustáquio e parentes: "Um ambiente bem família, tranquilo e gostoso para curtir um dia de folga"

 




Maria Luiza e o pai, Eudes: passeio de patins para aproveitar o dia sem chuva (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Maria Luiza e o pai, Eudes: passeio de patins para aproveitar o dia sem chuva

 

 
Águas Claras
 
Outra opção de lazer ao ar livre é o Parque de Águas Claras, com longas e largas trilhas, várias quadras de voleibol e futevôlei, além de parquinhos para as crianças. Victor Gabriel Lopes, 13, frequenta o espaço diariamente. “Aqui é top! Eu posso correr, andar de bicicleta, jogar bola e mais um monte de coisa”, comenta. Até o fim das férias, ele quer explorar ao máximo as atrações do parque com os tios. “Férias são tempo para isso: brincar e nada mais”, justifica.
 
Tia do garoto, a funcionária pública Heloísa Lopes, 60, espera que mais famílias aproveitem os parques do DF. “Brasília e as regiões administrativas têm muito a oferecer. Nos parques, as crianças são livres para se divertir e viver a infância da melhor maneira”, lembra.
 
*Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira
 
 
 
Jornal Impresso
 

Correio Braziliense sexta, 04 de janeiro de 2019

TEATRO: FOLCLORE BRASILEIRO

 

Menino travesso
 
 
Projeto Domingo é dia de teatro retoma as atividades trazendo o folclore brasileiro com A história do Saci

 

João Paulo Zanatto*

Publicação: 04/01/2019 04:00

Espetáculo mostra as travessuras do folclórico Saci
 

Espetáculo mostra as travessuras do folclórico Saci

 

 
Neste domingo, às 15h, o projeto Domingo é dia de teatro volta aos palcos do Teatro Eva Herz. O espetáculo A história do Saci, da Cia. Encantados, apresenta um importante personagem do folclore brasileiro aos pequenos.
 
A avó conta para a neta a história do Saci, conhecido por peças que prega nas pessoas, como esconder objetos. A menina, então, recebe a visita do travesso e se torna alvo das brincadeiras dele. Ela descobre uma maneira de capturá-lo e daí começa uma amizade. O menino acaba reconhecendo que algumas brincadeiras não devem ser feitas e que ele apronta demais.
 
“O Saci é um personagem que faz brincadeiras que só ele acha graça e não vê as consequências dessas travessuras. E a neta, a maior vítima do menino, o perdoa mesmo assim”, conta Oliver Oliveira, diretor da peça. “O espetáculo mostra para as crianças que há hora para tudo, hora de brincar, hora de ser responsável, não ter medo de assumir os erros e o poder do perdão”, completa.
 
A ideia é trazer o personagem com bastante brincadeira e diversão, mas sempre lembrar aos baixinhos que bagunça é legal, mas não se pode extrapolar igual ao travesso menino Saci.
 
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
 
SERVIÇO
A história do Saci
Teatro Eva Herz (Livraria Cultura do Shopping Iguatemi; 3577-5000). Domingo, às 15h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
 
 
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Correio Braziliense quinta, 03 de janeiro de 2019

GOVERNO REDESENHA A ESPLANADA

 

Governo redesenha a Esplanada
 
 
Estrutura federal sofre alterações profundas. Tem fusão de ministérios, criação de pastas e mudanças em setores de grande impacto social, como direitos humanos, esporte, cultura e meio ambiente

 

Paulo Silva Pinto
Renato Souza
Marília Sena*
Ingrid Soares
Especial para o Correio

Publicação: 03/01/2019 04:00

 

Trabalho de troca de nomes de ministérios com as modificações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro na estrutura da Esplanada (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press

)  

Trabalho de troca de nomes de ministérios com as modificações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro na estrutura da Esplanada

 

 


Por meio da Medida Provisória nº 870, publicada na edição extra do Diário Oficial da União, o governo federal fez mudanças radicais em sua estrutura de funcionamento. Sete ministérios deixaram de existir — Esporte, Cultura, Planejamento, Fazenda, Indústria e Comércio, Trabalho e Segurança Pública —, enquanto dois foram criados, Economia e Cidadania, para incorporar setores estratégicos e dar fluência à gestão do país. Ao todo, há 22 pastas. 

Ocorreram mudanças de funções e atribuições também em órgãos que foram mantidos. Entre as alterações mais polêmicas, está o remanejamento da competência para a demarcação de terras indígenas, que saiu da Funai para o Ministério da Agricultura.

Os Ministérios do Esporte e da Cultura deixaram de existir, tendo sua estrutura incorporada ao recém-criado Ministério da Cidadania. A pasta nasce com a responsabilidade de gerir entidades como a Agência Nacional de Cinema (Ancine), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A exclusão do Ministério da Cultura, anunciada logo após as eleições, provocou polêmica entre artistas e demais agentes culturais do país.

No desenho do novo governo, surge ainda o superministério da Economia, que reúne atribuições dos extintos Ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio, como já havia sido anunciado.

Com as alterações, o Ministério da Agricultura, chefiado por Tereza Cristina (DEM-MS), que foi presidente da bancada ruralista no Congresso, ganha força na gestão do presidente Bolsonaro em relação a governos anteriores. A pasta também vai administrar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de manter a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A mudança sobre a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas e quilombolas causou críticas e preocupações entre especialistas e representantes dos povos tradicionais. A avaliação é de que o Ministério da Agricultura não tem equipe especializada para tratar do assunto. De acordo com dados da Funai, atualmente, o Brasil tem 462 terras indígenas regularizadas, o que representa cerca de 12,2% do território nacional. Mesmo que sejam para uso desses povos, o território demarcado continua sendo propriedade da União.

Numa mensagem publicada no Twitter, Bolsonaro falou sobre o assunto e respondeu às críticas. “Mais de 15% do território nacional é demarcado como terras indígenas e quilombolas. Menos de um milhão de pessoas vivem nesses lugares isolados do Brasil de verdade, exploradas e manipuladas por ONGs. Vamos juntos integrar esses cidadãos e valorizar a todos os brasileiros”, escreveu.

O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Cleber Buzatto, afirmou que é grande a preocupação com a decisão de demarcações indígenas, uma vez que transfere a responsabilidade para os principais ‘inimigos’ dos povos. “A agricultura é o setor responsável por invasões e pressão para que as demarcações não ocorram. A perspectiva é de que a Constituição seja desrespeitada. Significa retirar de um órgão técnico e transferir para órgão que tem mais papel político”, disse. “Na prática, deixa de lado o tratamento técnico do tema e traz um tratamento político e ideológico, com o comando do setor de frontal oposição às demarcações de terras indígenas. Isso é preocupante.” Buzatto ressaltou que “o histórico dos povos indígenas é de resistência e de luta” e afirmou que a tendência é de que ocorram manifestações nos próximos dias.

Além disso, a pasta responsável pelo agronegócio também passa a incluir o Serviço Florestal Brasileiro, que sai do Ministério do Meio Ambiente. A agricultura torna-se responsável pelo cadastro de áreas florestais que integram a reserva legal de propriedades privadas, de acordo com o Código Florestal.

A Escola de Administração Fazendária (Esaf) passa a ser subordinada à Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Essa é uma alteração que já vinha sendo pensada nos últimos anos, mas sempre foi adiada pela resistência dos funcionários da Receita Federal à ideia. A Enap costuma estar sob o comando de integrantes da carreira de especialista em política pública e gestão governamental (EPPGG), mais conhecidos como gestores, antes vinculados ao Ministério do Planejamento e agora colegas dos funcionários da Receita na pasta da Economia.

Valorização
O economista Gil Castello Branco, secretário-geral da ONG Contas Abertas, avaliou como positivas as fusões de ministérios e afirma que podem contribuir para a gestão da máquina pública. “Era inevitável reduzir a quantidade de pastas. A maioria dos países desenvolvidos possuem entre 15 e 16. Não é só uma questão de reduzir gastos públicos. É uma questão de dar maior funcionalidade ao governo”, argumentou. “Quanto aos setores incorporados na Agricultura, é necessário colocar secretários que sejam valorizados e que representem os segmentos pelos quais ficarem responsáveis.”

O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) não é mencionado na nova estrutura, o que sugere que deixa de existir. O colegiado, com subordinação direta à Presidência da República, foi um marco dos governos petistas, instalado logo que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, com a atribuição de implantar o programa Fome Zero. Tampouco há qualquer menção ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CNDES), o chamado Conselhão, na estrutura da Casa Civil. 

Marca petista
O chamado Conselhão também é uma marca da gestão do presidente Lula e tem sido um local de interação entre o governo e representantes de vários estratos da sociedade.

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Correio Braziliense quarta, 02 de janeiro de 2019

POSSE DE IBANEIS ROCHA

 

Trabalho começa na saúde e segurança
 
 
Ibaneis Rocha assume o governo do Distrito Federal e reforça a determinação de acabar com as filas nos hospitais e de proteger os brasilienses. Afirma que valorizará os servidores, mas cobrará respeito à população do DF, principalmente aos mais pobres

 

HELENA MADER
ANA VIRIATO

Publicação: 02/01/2019 04:00

Ibaneis Rocha assume o governo do Distrito Federal e reforça a determinação de acabar com as filas nos hospitais e de proteger os brasilienses. Afirma que valorizará os servidores, mas cobrará respeito à população do DF, principalmente aos mais pobres (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Ibaneis Rocha assume o governo do Distrito Federal e reforça a determinação de acabar com as filas nos hospitais e de proteger os brasilienses. Afirma que valorizará os servidores, mas cobrará respeito à população do DF, principalmente aos mais pobres

 

Sexto governador eleito da história do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) tomou posse ontem com a promessa de melhorar a saúde, a segurança pública da capital e de governar “para os pobres”. O emedebista discursou duas vezes, na Câmara Legislativa e na Praça do Buriti, e em ambos os pronunciamentos garantiu que vai cobrar dos servidores a prestação de serviços públicos de qualidade à população. Sem citar o nome do antecessor, Rodrigo Rollemberg (PSB), fez duras críticas ao atendimento público de saúde e às políticas de combate à violência.

O primeiro dia de Ibaneis como chefe do Palácio do Buriti começou com uma missa no Santuário Dom Bosco. De lá, ele seguiu para a Câmara Legislativa, onde acompanhou no plenário a cerimônia de posse dos 24 deputados distritais da próxima legislatura. Na sequência, o emedebista foi empossado no auditório da Casa, que estava lotado de autoridades, além de amigos e familiares do governador. Presidentes e representantes de tribunais superiores, do Tribunal de Contas do DF e de entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), participaram da solenidade.

Às 11h45, já oficialmente governador, fez o primeiro discurso, que durou 18 minutos. Disse ter certeza de que foi escolhido por Deus para estar no cargo neste momento. “Ele sabe da minha força de trabalho, da minha vontade de realizar. Deus dá a carga de acordo com o burro e é assim que vamos tocar”, destacou.

O chefe do Executivo relembrou momentos de sua trajetória política. “Saímos de 0,7% em 5 de agosto e chegamos a 70% dos votos. Todos perguntam que fenômeno foi esse. E eu digo que o fenômeno não foi Ibaneis, o fenômeno foram as pessoas. Foi a população que demonstrou que queria mudanças”, discursou o emedebista, que prometeu ainda “focar nos mais necessitados”. “Governo é para pobre. O rico, basta não atrapalhar. E é assim que nós vamos governar, com olhar focado nos mais necessitados. Que, neste momento, estão nas filas dos hospitais, que estão passando dificuldades por causa do desemprego alarmante, que não têm segurança para se dirigir ao centro da cidade, que são assaltados todos os dias nas paradas de ônibus”, enumerou.

Para o governador, a saúde da capital federal “está em frangalhos”. Além da segurança do Distrito Federal que, segundo ele, infelizmente, não existe. “Ainda temos corporações que acham que podem brigar entre si. Isso vai acabar”, assegurou, fazendo menção à histórica rixa entre policiais civis e militares. O confronto se acirrou nos últimos anos, graças a disputas salariais das categorias. “A partir do momento em que o nosso secretário de Segurança for empossado, todos vão ter que cumprir as ordens. Quero respeito à população em primeiro lugar e vou cobrar esse respeito”. Ibaneis Rocha prometeu “tratar bem” as corporações, os sindicatos e os servidores. Mas garantiu: “Quem vai ser mais bem tratado no nosso governo será a população”.
 
Na praça
Após concluir seu discurso no auditório da Câmara Legislativa, Ibaneis seguiu para o Palácio do Buriti acompanhado da mulher, Mayara Noronha, e dos filhos Caio e João Pedro — o governador é pai ainda de Mateus, que nasceu há apenas 15 dias. Ao fim da rápida cerimônia de transmissão da faixa, o novo governador atravessou a pé o Eixo Monumental, cercado de apoiadores, e reuniu seus 29 secretários de Estado sob uma grande tenda montada na Praça do Buriti.

No local, voltou a discursar, desta vez em um tom mais emocional. Falou sobre a história dos pais, que vieram do Piauí para Brasília, e depois voltaram à terra natal acompanhados dos filhos. E, assim como fez na Câmara Legislativa, prometeu rigor com o funcionalismo público. “Vou valorizar meus servidores, mas eu vou fazer igual ao meu pai, que dava com uma mão e cobrava com firmeza com a outra. É esse o respeito com a população que teremos ao longo dos próximos quatro anos”, garantiu.

Grande surpresa das eleições na capital, o governador destacou a necessidade da persistência. “Concorri a uma eleição da Ordem (dos Advogados do Brasil Seccional DF) e perdi por 400 votos. Mas não abaixei a cabeça. Tomei uma lição de Deus, que disse: ‘Essa não é a sua hora”. No pleito seguinte, nós vencemos com uma margem larga de votos”, disse.

Ibaneis alegou, ainda, que “a população está desamparada em todas as áreas”. O emedebista ressaltou que, mesmo antes de assumir o cargo, articulou verbas e projetos para a capital. Entre as propostas, está a construção de 12,4 mil unidades habitacionais no Itapoã Parque. As obras serão financiadas pela Caixa Econômica Federal.

Para encontrar saídas para as situações emergenciais da capital, o emedebista prometeu ousar. “O pior erro é a covardia. Dizia Rui Barbosa que advocacia não é profissão para covardes. E governar também não é para covardes. Governar é para quem tem coragem de enfrentar os problemas e de buscar soluções por mais difíceis que pareçam”, pontuou.

O que ele disse
“Deus dá a carga de acordo com o burro e é assim que vamos tocar. Eu tenho certeza de que foi Deus que me escolheu para estar aqui neste momento, porque ele sabe da minha força de trabalho, da minha vontade de realizar. Para grandes encargos, grandes homens, e é assim que vamos enfrentar”

“Minha candidatura veio do anseio da sociedade do Distrito Federal, que clama por mudanças, por uma política diferenciada, por mais serviços públicos de qualidade. E do pensamento de uns poucos malucos de ocasião surgiu a candidatura Ibaneis Rocha. Começou ali uma luta para saber em que partido iríamos nos filiar. E fui muito bem recebido pelo MDB e por Tadeu Filippelli, que abriu as portas do partido e não fez nenhuma espécie de cobrança. E acreditou na nossa candidatura”

“Saímos de 0,7% em 5 de agosto e chegamos a 70% dos votos. E todos perguntam que fenômeno foi esse. E eu digo que o fenômeno não foi Ibaneis, o fenômeno foram as pessoas. Foi exatamente a população do Distrito Federal que demonstrou que queria mudanças”

“Fomos chamados pela população para mostrar como se faz política diferente, política com ‘P’ maiúsculo, pensando primeiro nos mais pobres, naqueles que precisam de governo. E eu cansei de falar isso na campanha: governo é para pobre. Os ricos, basta não atrapalhar. E é assim que nós vamos governar. Com olhar focado nos mais necessitados. Que, neste momento, estão nas filas dos hospitais, que estão passando dificuldades por causa do desemprego alarmante, que não têm segurança para se dirigir ao centro da cidade, que são assaltados todos os dias nas paradas de ônibus”

“Eu não tenho medo de encarar os problemas, e sei que são muitos. A saúde está em frangalhos, está um pó. Os relatos são os mais tristes possíveis. A segurança do Distrito Federal, infelizmente, não existe. E ainda temos corporações que acham que podem brigar entre si. Isso vai acabar. A partir do momento em que o nosso secretário de Segurança for empossado, todos vão ter que cumprir as ordens, independentemenete das corporações. Eu quero respeito à população em primeiro lugar e eu vou cobrar esse respeito”

“As corporações, os sindicatos, os servidores serão muito bem tratados no nosso governo, sim. Mas quem vai ser mais bem tratada no nosso governo será a população” 
 
Entrega da faixa 
Após ser empossado na Câmara Legislativa ao lado do vice-governador Paco Britto (Avante), Ibaneis seguiu para o Palácio do Buriti. Ao entrar no local, o emedebista dirigiu-se ao Salão Branco, onde recebeu das mãos de Rodrigo Rollemberg (PSB) a faixa de governador, nas cores verde e branca. O socialista disse deixar a gestão com “sentimento de profunda gratidão à população de Brasília e com a tranquilidade da consciência de que cumprimos a nossa missão e estamos entregando a cidade infinitamente melhor do que a recebemos”. Antes de se despedir do Buriti, Rollemberg teve a fotografia fixada na galeria de ex-governadores. 
 
Luz à notícia
O Holofote, primeiro núcleo de checagem de fatos do Distrito Federal, verificou as informações de um dos discursos de posse do governador Ibaneis Rocha. Confira em www.correiobraziliense.com.br/holofote, no Facebook (facebook.com/holofotedf) e no Twitter (@holofotedf). 
 
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Correio Braziliense terça, 01 de janeiro de 2019

BRASÍLIA, CAPITAL DOS SHOWS!

 


Brasília, capital dos shows!
 
Grandes nomes da música desembarcam na capital para apresentações em 2019. A lista tem desde o pop de Anitta ao clássico do italiano Peppino Di Capri. Programe-se!

 

Adriana Izel
Irlam Rocha Lima

Publicação: 01/01/2019 04:00

Anitta é uma das atrações do Carnaval no Parque, que reunirá mais de 50 atrações (Eduardo Bravin/Divulgação)  

Anitta é uma das atrações do Carnaval no Parque, que reunirá mais de 50 atrações

 

 
 
Cidade em que a música é a manifestação artística de maior popularidade, Brasília vai receber em 2019 uma grande variedade de shows, protagonizados por artistas nacionais e internacionais de diferentes segmentos. Pelo que o Correio apurou, por enquanto, há a predominância de cantores e bandas brasileiras, na programação que tem início no fim da próxima semana.
 
Na abertura da agenda, a atração é Moraes Moreira, um dos destaques dos Novos Baianos, que cumpre rápida temporada, de 11 a 13 de janeiro, no Teatro da Caixa com o show Música e poesia, no qual leva ao público canções, poemas e cordéis, e homenageia grandes nomes da literatura, como Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e o rei do baião, Luiz Gonzaga. Ele vai ter como convidado o filho e guitarrista Davi Moraes.
 
Também será em janeiro a continuação do projeto Hostel Produções, no Setor de Clubes Sul, que começou em dezembro do ano passado. No dia 5, MC Marcinho se apresenta com o projeto Nostalgia, enquanto no dia 12 será a vez do MC Davi comandar a festa Perde a Linha. Dia 26 a funkeira Pocahontas será a atração do Chá da Alice.

 Peppino Di Capri faz show na reabertura do Centro de Convenções ao lado de Zizi Possi (Reprodução/Internet)  

Peppino Di Capri faz show na reabertura do Centro de Convenções ao lado de Zizi Possi

 



O projeto V.I.V.A, que ocupa o gramado do clube ASES (Setor de Clubes Sul), vai oferecer, entre este mês e fevereiro, uma série de shows, aos sábados e aos domingos, no final da tarde. O primeiro a se apresentar, no dia 26, é o DJ Bhaskar. Em seguida virão 3030 (dia 27), Jetlag (2 de fevereiro), Melim (3 de fevereiro), Chemical Surf (9 de fevereiro), Banda Eva (10 de fevereiro), Yuri Martins (16 de fevereiro) e Vitor Kley, no encerramento, no dia 17.
 
O complexo Yurb é outro espaço da cidade que se agita em 2019. O local já tem confirmado o show do grupo baiano É o Tchan, em 19 de janeiro, com o Bloco Sabe de Nada Inocente. Em fevereiro, no dia 16, a banda Sorriso Maroto retorna a Brasília para show no complexo. Sob o título de Fica combinado, o evento terá ainda a banda brasiliense Di Propósito.
 
Momentos especiais
 
Ainda em janeiro, Brasília será palco de mais uma gravação de DVD. A dupla Diego & Victor escolheu a capital federal como cenário do primeiro material nesse formato da carreira. O show de gravação será no dia 26, às 21h, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Já estão confirmadas as presenças de Dilsinho, Zé Neto & Cristiano e Marília Mendonça como participações especiais do projeto.
 
O cantor Thiaguinho anunciou, ainda em 2018, que a turnê Tardezinha, em que celebra o repertório do pagode brasileiro dos anos 1990 e 2000, entraria em hiato após três anos pelo Brasil. Para encerrar o projeto, o artista fará uma turnê de adeus que passará por todas as cidades que a Tardezinha visitou e Brasília é uma delas. O pagodeiro desembarca na cidade em 9 de fevereiro, na Orla do Lago Paranoá, com repertório pré-carnavalesco.
 
A terceira edição do Carnaval no Parque vai movimentar a Praça das Fontes do Parque da Cidade do final de fevereiro até o segundo final de semana de março. No período, pelo Palco Principal e pelo Palco Ritmos, vão passar nada menos que 50 atrações. O grupo baiano Harmonia do Samba e o DJ carioca Dennis animam o pré-carnavalesco no dia 23 fevereiro.

Moraes Moreira fará três dias de show no Teatro da Caixa em janeiro (Marcos Hermes/Divulgação)  

Moraes Moreira fará três dias de show no Teatro da Caixa em janeiro

 



A mistura de ritmos vai ser observada também durante a folia com a apresentação de astros e estrelas do porte de Alok, Anitta, Xand, Henrique & Juliano, IZA, Saulo, Léo Santana, Kevinho e Wesley Safadão. Ferrugem e É o Tchan comandam a ressaca de carnaval, fechando o agito. Tudo isso no Palco Principal. O Bloco do Silva (cantor e compositor capixaba), o grupo baiano Attoxxa, a banda Francisco El Hombre e os blocos brasilienses Maria Vai com As Outras, Novos Candangos, Aparelhinho, Criolina, Divinas Tetas e Eduardo e Mônica fazem a festa no Palco Ritmos.
 
Em maio, Brasília recebe mais uma edição do Villa Mix festival. Essa será a primeira vez que o evento será realizado dentro do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e terá o tema Música é mix. No line-up estarão artistas da música sertaneja, do forró e da música eletrônica.
 
MPB, rock e pop
 
Com a auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães em obras neste mês e em fevereiro, aquele palco só vai voltar a receber shows a partir de março. A reabertura vai reunir o cantor italiano Peppino Di Capri e a cantora paulistana Zizi Possi, no dia 14 daquele mês. Na sequência vão se apresentar Milton Nascimento (13 de abril), Djavan (27 de abril) e Nando Reis (4 de maio).

Los Hermanos passarão por Brasília em turnê que marca o retorno da banda aos palcos
 (Copacabana Filmes/Divulgação)  

Los Hermanos passarão por Brasília em turnê que marca o retorno da banda aos palcos

 



Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá se apresentam no Ginásio Nilson Nelson, em 23 de março, com show em que comemoram os 30 anos do lançamento dos discos Dois e Que país é este. Os Los Hermanos também se reúnem após um hiato para show no dia 27 de abril no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Brasília será a sexta cidade a receber a turnê que marca a volta do grupo depois de quatro anos distante dos palcos.
 
Em nova turnê, que tem início no dia 11, no Rio de Janeiro, Ney Matogrosso chega a Brasília em 25 de maio para apresentação no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Em seu show, o cantor interpreta composições de Chico Buarque, Caetano Veloso, Raul Seixas, Rita Lee e de outros nomes consagrados da MPB, que ainda não haviam feito parte do seu repertório.
 
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Correio Braziliense segunda, 31 de dezembro de 2018

TUDO PRONTO PARA A POSSE DE IBANEIS

 


Tudo pronto para a posse de Ibaneis
 
 
O governador diplomado do Distrito Federal assumirá o cargo amanhã, em solenidade marcada para começar às 11h, no Salão Branco do Palácio do Buriti. Antes, haverá missa no Santuário Dom Bosco. Ele também empossará os 27 secretários de Estado

 

ANA VIRIATO

Publicação: 31/12/2018 04:00

Estrutura para o evento oficial começou a ser montada na última semana, em frente à sede do Executivo local
 (Fotos: Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press
)  

Estrutura para o evento oficial começou a ser montada na última semana, em frente à sede do Executivo local

 

Primeiro brasiliense eleito para o comando do Distrito Federal, o advogado Ibaneis Rocha (MDB) submete-se, amanhã, aos tradicionais ritos cerimoniais de posse. O emedebista receberá a faixa de governador das mãos de Rodrigo Rollemberg (PSB) em solenidade de transmissão de cargo prevista para as 11h, no Salão Branco do Palácio do Buriti. Logo depois, segue para a Praça do Buriti, onde empossará os 27 secretários de Estado escolhidos ao longo da transição e discursará para mil convidados, entre autoridades e familiares, em estrutura montada especialmente para o evento.
 
Na data em que assumirá o comando da capital, Ibaneis vestirá um terno escuro da tradicional grife alemã Hugo Boss e uma gravata azul. Os deslocamentos entre eventos serão realizados em seu carro pessoal. No primeiro compromisso do dia, o governador diplomado participa da missa em Ação de Graças do Santuário Dom Bosco, na Asa Sul, às 8h — a celebração é aberta ao público.
 
O escoltamento de Ibaneis, iniciado a partir da residência do emedebista, no Lago Sul, será realizado pelo Regimento de Polícia Montada e por motociclistas do Batalhão de Trânsito. Os militares acompanharão, ainda, as demais locomoções da comitiva do futuro chefe do Palácio do Buriti.
 
Do santuário, o emedebista segue para a Câmara Legislativa. Às 9h30, prestigiará a cerimônia de posse dos 24 futuros deputados distritais no plenário da Casa. Ao fim do ato, o advogado será encaminhado a uma sala reservada, onde deve aguardar pela solenidade na qual será empossado e, portanto, legitimado para ocupar a cadeira de governador da capital.
 
Por volta das 10h30, uma comissão de parlamentares o busca para a cerimônia, a ser conduzida pelo distrital Robério Negreiros (PSD), único integrante da Mesa Diretora reeleito, e realizada no auditório da Câmara Legislativa. Chegando no espaço, com capacidade para cerca de 500 pessoas, Ibaneis receberá honras militares e, junto ao vice-governador diplomado, Paco Britto (Avante), comporá a mesa.
 
Para iniciar a solenidade, são executados o Hino de Brasília e o Nacional. Negreiros realizará um pronunciamento inicial e lerá o termo de posse que, na sequência, será assinado pelo futuro governador. Após esse momento, Ibaneis realizará o primeiro discurso como chefe do Buriti. A cerimônia, então, chega ao fim, com a convocação para a eleição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa, prevista para as 15h.
 
Em um comboio, o governador diplomado se dirige ao Palácio do Buriti e sobe pela rampa da Loba Romana até a porta, onde será cumprimentado pelo atual chefe do Executivo local, Rodrigo Rollemberg. No último ato como comandante do GDF, o socialista entregará a faixa ao sucessor.
 
No ato mais aguardado do dia, Ibaneis subirá ao palco, numa estrutura montada na praça do Buriti, para discursar e dar posse aos secretários de Estado. Para a solenidade, foram distribuídos 2 mil convites. O espaço conta com três divisões para acomodação: autoridades, família e demais convidados. Do evento, o emedebista segue para a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

 


Segurança
 
A Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social montou um esquema de policiamento reforçado para a posse, com 2 mil policiais em ação. O Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob) funcionará com 30 agências integradas, que incluem até mesmo órgãos federais. A Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil e o Esquadrão de Bombas da Polícia Militar do Distrito Federal farão varredura nos locais das três solenidades — Santuário Dom Bosco, Câmara Legislativa e Palácio do Buriti — para prevenir eventuais riscos. Nas localidades, ainda haverá policiamento fixo.
 
O Corpo de Bombeiros também atuará na região das cerimônias com viaturas de atendimento emergencial e de salvamento. Serão 66 bombeiros e seis viaturas na operação. Devido à posse presidencial, que ocorrerá no mesmo dia, as delegacias da Criança e do Adolescente, da Mulher e a 1ª e a 5ª Delegacias de Polícia terão o efetivo reforçado para atender a população.
 
Trânsito
 
Em razão das cerimônias de posse e de transmissão do cargo, haverá alterações no esquema de trânsito. A faixa da direita do Setor de Indústrias Gráficas (SIG), entre a Câmara Legislativa e o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), será exclusiva para os participantes da cerimônia do Legislativo local, a partir das 8h. O estacionamento externo do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estará reservado para convidados.
 
Está prevista também intervenção na via S1, em frente à Casa, após o término da solenidade, para o deslocamento do futuro governador e do vice-governador diplomado, Paco Britto. Entre a Câmara Legislativa e a sede do Executivo local, será montado um ponto de travessia de pedestres, sob a coordenação dos agentes do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran).
 
Para o último ato, em frente à Praça, o trânsito na via N1 ficará bloqueado a partir das 10h. No mesmo horário, haverá desvios para a lateral do Tribunal de Contas do DF (TCDF), subindo pela pista localizada atrás do Palácio do Buriti, que terá o sentido único invertido.
 
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Correio Braziliense domingo, 30 de dezembro de 2018

CELEBRAÇÃO COMPLETA NO RÉVEILLON

 


Celebração completa no réveillon
 
 
O Correio preparou um roteiro para você aproveitar a véspera do ano-novo na cidade. Além das orientações sobre o funcionamento dos principais serviços públicos, tem gastronomia, lazer, cultura e muita festa!

 

VINÍCIUS NADER

Publicação: 30/12/2018 04:00

Às vésperas de comemoramos a chegada de mais um ano e de novos governos, tanto em Brasília quanto na esfera federal, a capital ferve de opções para quem quiser aproveitar o que temos de melhor. Em um dia, é possível tomar café numa badalada confeitaria, conhecer pontos turísticos e relaxar em meio à natureza. Os cinéfilos de plantão ainda podem curtir uma sessão com direito a combo de pipoca e refrigerante. Confira um roteiro completo para amanhã e aproveite!
 
 (Iano Andrade/CB/D.A Press - 10/8/11
)  
8h30
O Caramella Café é uma opção para quem quiser começar o dia bem alimentado. O espaço, na 303 Norte,  oferece um farto bufê de café da manhã. Por R$ 28, você pode, com calma, degustar itens salgados, como pães caseiros, frios e tortas, e doces, como os biscotinhos e os bolos do dia. À la carte, o local oferece omeletes e tapiocas, além de waffles. Para beber, vale apostar em sucos, chocolate quente ou no tradicional café. O Caramella funcionará amanhã das 7h30 às 14h. Informações: 3326-8001.
 
 (Ed Alves/CB/D.A Press
)  
10h
Que tal tomar um banho de história? Um bom lugar para isso é o Museu Vivo da Memória Candanga. Até as 14h, o público poderá conhecer detalhes de Brasília, desde o plano original até a inauguração. O foco é no Núcleo Bandeirante, que abrigou um dos primeiros acampamentos de candangos, ainda na década de 1950. São objetos e fotos da época da construção da nova capital distribuídos em charmosa construção de tábuas. A entrada é franca. Endereço: Epia Sul, SPMS, Lote D — Núcleo Bandeirante. Informações: 3301-3590.
 
 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  
12h
Bem pertinho do centro do poder, o restaurante Figueira da Villa ficará aberto até as 16h. As especialidades da casa são carnes, preparadas à moda uruguaia, na parrilla. Cortes como a paleta de cordeiro (foto), o ojo de bife e o ancho ganham acompanhamentos, entre outras delícias, de farofa e arroz parillero, por exemplo. Não deixe de apreciar as sobremesas com o autêntico doce de leite porteño. Endereço: Acampamento DFL Lote 2, Vila Planalto. Informações: 3081-0541.
 
 (Bay Films/Divulgação
)  
15h
Balde de pipoca em mãos, o cinema do Pier 21 tem sessão às 15h30 do blockbuster Bumblebee (foto), uma espécie de spin-off da saga Transformers. A trama conta a história de amizade entre uma jovem de 18 anos e um carro-robô que ela acha num ferro-velho. Se a ideia é curtir algo mais leve, às 15h, no mesmo cinema, tem sessão de O retorno de Mary Poppins, com Emily Blunt no elenco. Endereço: Setor de Clubes Esportivos Sul (SCES), Trecho 2.
 
 (Carlos Silva/CB/D.A Press
)  
18h
Depois do filme, se ainda não quiser ir se preparar para a festa de logo mais, ainda dá tempo de aproveitar que estamos no horário de verão e se encantar com o pôr do sol na Ermida Dom Bosco, que nem é tão longe do Pier 21. Dá para entrar 2019 com as energias renovadas.
 
 (Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press
)  
20h
As celebrações do ano-novo começam a todo o vapor na cidade. Além das opções gratuitas na área externa do Mané Garrincha e na Prainha, há festas para todos os gostos. Veja o roteiro no Diversão&Arte. A tradicional queima de fogos ocorrerá no Lago Paranoá este ano.
 
Esplanada dos Ministérios ficará fechada a partir de hoje ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  
Esplanada dos Ministérios ficará fechada a partir de hoje
Atenção ao trânsito
 
Serviços públicos e pontos turísticos de Brasília sofrerão alterações nos horários de funcionamento neste fim de ano. Além do tradicional feriado de ano-novo, o primeiro dia de 2019 será marcado pelas posses presidencial e no Governo do Distrito Federal. O trânsito nas proximidades do Palácio do Buriti terá alterações na manhã de 1º de janeiro. Por volta das 8h, nas proximidades da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), a faixa da direita, entre a sede do Poder Legislativo local e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), será exclusiva para os participantes do evento de posse.
 
Para a cerimônia de posse presidencial, a partir de hoje, além das vias N1 e S1, a N2 e a S2 serão fechadas. Somente pessoas credenciadas poderão circular na Esplanada. E, 1º de janeiro, a partir das 8h, além dos bloqueios já realizados, parte da via L4, no sentido norte/sul, entre a Vila Planalto e a Procuradoria-Geral da República (PGR), ficará interditada.
 
No sentido sul/norte, o trânsito seguirá sem bloqueios. O acesso à L4 pela Ponte JK também será bloqueado. Dessa forma, o trânsito de veículos será desviado para o Setor de Clubes Sul. No mesmo horário, o Buraco do Tatu, ligação entre a L2 Sul e L2 Norte, também será fechado.
 
Delegacias e emergências de hospitais funcionarão em plantão. O transporte público terá reforços em horários de maior demanda. Veja como funcionarão cada um dos serviços e os principais pontos turísticos da cidade amanhã e na terça-feira no quadro ao lado.
 
O que abre e o que fecha
 
Detran-DF
  • Não haverá atendimento ao público em 31 de dezembro e em 1º de janeiro. As unidades do Na Hora funcionarão na segunda até as 13h, enquanto as equipes de fiscalização atuarão em escalas de plantão.
 
Hemocentro
  • Em 31 de dezembro, atenderá das 7h às 12h. No primeiro dia de 2019, estará fechado.
 
Na Hora
  • Na segunda-feira, abrem das 7h30 às 14h. Os postos estarão fechados em 1º de janeiro.
 
Comércio
  • Segundo o Sindivarejista, as lojas do Distrito Federal funcionarão até as 15h da véspera de ano-novo. No dia 1º, o comércio não abre.
 
Saúde
  • Na segunda-feira, as unidades básicas de saúde e os ambulatórios dos hospitais funcionam até as 14h. Depois disso e em 1º de janeiro, o atendimento será 24 horas nas emergências dos hospitais regionais, Instituto Hospital de Base (IHB) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
 
Corpo de Bombeiros
  • O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal funciona 24 horas por dia. Durante o feriado de ano-novo, o número de militares será intensificado por meio de escalas extras para a Operação Réveillon, que ocorrerá no Estádio Nacional de Brasília e na Praça dos Orixás, a Prainha. Serão 30 militares a mais. A população pode acionar a corporação pelo número 193.
 
Delegacias
  • Unidades da PCDF terão atendimento das 8h às 14h no dia 31. Em 1º de janeiro, o funcionamento será em esquema de plantão. As Centrais de Flagrantes e o telefone 197 funcionarão 24 horas.
 
Transporte público
  • Os ônibus com destino ao estacionamento do Estádio Nacional de Brasília terão reforço durante a virada, entre as 22h e as 2h. A linha 103.1 fará o trajeto circular entre a Rodoviária e o Pontão do Lago Sul com duas viagens por hora para quem for passar a virada do ano na Prainha. No dia 1º, as linhas terão reforço entre as 9h e as 12h e das 16h até as 19h para a posse. Já o metrô circulará das 6h às 22h na véspera do ano-novo e das 7h às 20h no primeiro dia de 2019. Não haverá reforço na quantidade de trens.
 
Aeroporto
  • Para evitar contratempos, a Inframérica recomenda que os passageiros com voos marcados cheguem ao Aeroporto de Brasília com antecedência de 1h30 para voos domésticos e 2h30, para voos internacionais.
 
Bancos
  • Não haverá expediente nas agências bancárias em 31 de dezembro em 1º de janeiro.
 
Eixão do Lazer
  • Devido à posse presidencial, o trânsito de veículos estará liberado nos Eixos Rodoviários Norte e Sul. Portanto, não haverá Eixão do Lazer hoje.
 
Pontos turísticos
  • O Jardim Zoológico funcionará normalmente na segunda e na terça-feira, das 8h30 às 17h. O Jardim Botânico abrirá no dia 31 até as 12h e fechará em 1º de janeiro. O Museu Vivo da Memória Candanga funciona das 9 às 14h no dia 31 e não abre no primeiro dia de 2019. O Parque Nacional de Brasília (Água Mineral) funciona em 31 de dezembro até as 12h e não abre no dia 1º.  Catetinho, Jardim Botânico, Torre de TV, Museu Nacional, Torre de TV Digital, Cine Brasília e Biblioteca Nacional só retornam às atividades em 2 de janeiro.
 
Caesb
  • No dia 31 de dezembro, a companhia terá expediente até as 14h. O atendimento na Central 115 é ininterrupto e equipes de manutenção estarão em regime de plantão. Em 1º de janeiro, o atendimento será feito pela Central 115, de forma ininterrupta, e equipes de manutenção estarão em regime de plantão.
 
CEB
  • Na segunda-feira, as agências de atendimento abrirão pela manhã, das 8h às 14h. O teleatendimento pelo 116 e os serviços de urgência funcionarão normalmente, 24 horas.
 
Limpeza urbana
  • O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) seguirá com coleta no dia 31 de dezembro em meio período. No dia 1º de janeiro, as equipes farão plantão somente na área central.
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Correio Braziliense sábado, 29 de dezembro de 2018

PRESIDENTE ELEITO ESTÁ SOB RISCO

 


Presidente eleito está sob risco
 
 
Grupo de inteligência detecta grau de ameaça "acima da normalidade" durante a cerimônia de posse. Aparato de segurança é reforçado, com mais efetivo policial nas ruas e no aeroporto e ações estratégicas de proteção

 

» RODOLFO COSTA

Publicação: 29/12/2018 04:00

Encontro inédito: promessa de acordos na primeira visita oficial de um premiê israelense ao país (Leo Correa/AFP)  

Encontro inédito: promessa de acordos na primeira visita oficial de um premiê israelense ao país

 



O grau de risco de ameaça ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), é considerado acima do normal e também o maior em relação aos antecessores. O grupo de inteligência multidisciplinar das forças de segurança públicas e de Estado têm informações que sinalizam perigo para o futuro presidente. Os dados estão sendo utilizados para definir estratégias e garantir a segurança do pesselista no dia da posse, em 1º de janeiro, na próxima terça-feira.

As análises vêm sendo colhidas desde antes de o presidente eleito sofrer um atentado, em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral. Com a vitória nas urnas, o mapeamento de ameaças se intensificou. Desde então, o grupo composto pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, pela Polícia Federal (PF), pelas Forças Armadas e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) levantou diversas informações para monitorar os riscos a Bolsonaro, explicou o responsável pelo Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), major-brigadeiro do Ar, Ricardo Cesar Mangrich.

Desde uma informação mais robusta e concreta, a algo menor ou até “achismos”, tudo é meticulosamente monitorado, disse ele. “Existe um processo metodológico para se chegar e medir o grau de ameaça. Informes, informações, algumas até um pouco dispersas. Mas tudo isso compõe um cenário para o risco avaliado. Não é alto ou altíssimo, mas foi considerado fora da normalidade. Por isso, adotamos uma postura extremamente protetiva”, destacou Mangrich.

As ameaças por terra estão sob monitoramento do Comando Militar do Planalto. Dentro do efetivo militar a ser empregado na posse, ainda não anunciado pelo Exército, estão 28 atiradores de elite, localizados estrategicamente nos topos dos ministérios desde às 3h. A segurança será reforçada até no Aeroporto de Brasília. As polícias federal, militar e civil vão aumentar o efetivo no terminal.

Monitoramento

Pelo ar, os riscos serão monitorados pelo Comae, departamento supervisionado pela Força Aérea Brasileira (FAB). As operações aeroespaciais estarão atentas a todo e qualquer tipo de aeronave que sobrevoar um raio de 130km a partir da Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, sobretudo ultraleves. Para Mangrich, são modelos que apontam uma probabilidade maior de risco.

Aeronaves de baixa performance são costumeiramente usadas, fruto de roubo ou sequestro pelo narcotráfico. Por serem de pequeno porte, são pouco complexas e de fácil acesso para os criminosos. “Essa é a maior ameaça”, admitiu Mangrich. O titular do Comae assegurou, no entanto, que a segurança do espaço aéreo estará garantida. “Teremos mais de 1 mil homens e 20 aeronaves”, declarou.

Apesar de o uso de ultraleves ser ligado ao narcotráfico, Mangrich negou alguma vinculação das ameaças a Bolsonaro com o crime organizado. O grau de risco, reforçou, não é de uma organização específica ou órgão internacional ou nacional. Uma série de pequenas informações levou à consciência de que o risco está além do normal”, justificou.
 
Jornal Impresso
 
 
 

Correio Braziliense sexta, 28 de dezembro de 2018

BRASÍLIA SE PREPARA PARA AS POSSES


Posses mudam rotina na capital

 
 
A partir de amanhã, o trânsito na Esplanada estará interditado e só será liberado depois da passagem da faixa presidencial, em 1º de janeiro. No mesmo dia, a troca de cargos no Executivo local causará interrupções no tráfego de veículos
 

 

» LUCAS VALENÇA
» WALDER GALVÃO
ESPECIAIS PARA O CORREIO

Publicação: 28/12/2018 04:00

Esplanada já começou a ser enfeitada para a posse do presidente eleito; ambulantes como Gil Rodrigues não poderão trabalhar no local na terça-feira; blocos de concreto impedirão acesso de carros (Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  

Esplanada já começou a ser enfeitada para a posse do presidente eleito; ambulantes como Gil Rodrigues não poderão trabalhar no local na terça-feira; blocos de

concreto impedirão acesso de carros


Os preparativos para a posse presidencial começam a mudar a rotina dos brasilienses. Na madrugada de amanhã, o trânsito na Esplanada dos Ministérios já será interditado para as operações de organização do evento, que vai mobilizar um sistema de segurança inédito na capital federal. Barricadas e cercas de metal estão sendo montadas e policiais têm circulado o local com mais frequência. A intenção é evitar um novo ataque ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e às autoridades presentes.
 
As forças de segurança, tanto distritais quanto federais, atuam de forma integrada. As operações e preparativos serão intensificados a partir de amanhã e continuarão até o encerramento do evento político, marcado para 1º de janeiro e que deve receber entre 250 mil e 500 mil pessoas, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF).

 
Além das polícias Federal, Militar e Civil, compõem esse grupo o Exército, o Corpo de Bombeiros e o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF). O monitoramento e a coordenação das atividades estão a cargo do Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), ligado à SSP-DF. Também será criada a Cidade Policial, espaço instalado próximo ao Museu da República e que servirá de ponto de apoio a profissionais de todos os órgãos de segurança envolvidos.
 
Quatro linhas de revistas serão montadas a partir da Rodoviária do Plano Piloto, com fiscalização manual. Detectores de metais também serão usados, aleatoriamente, ao longo do percurso. Segundo o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), só será permitida a entrada com frutas e pacotes de biscoitos. Barracas com água estarão espalhadas ao longo da Esplanada e banheiros químicos, à disposição do público. Entre os objetos restritos durante a solenidade estão guarda-chuva, carrinhos de bebês, fogos de artifício e bolsas e mochilas (veja quadro).

 
Foram instalados ainda bloqueadores de aparelhos controladores de drones e de objetos que operem com frequência clandestina. Esses aparelhos não devem afetar, no entanto, o uso de celulares.
 
Delegacias próximas ao local terão reforço. Mais investigadores serão disponibilizados para a 1ª, 2ª e 5ª delegacias de Polícia, além das especializadas da Criança e do Adolescente e da Mulher. Na Esplanada atuarão mais de 2,6 mil policiais militares, 36 agentes de trânsito e mais de 350 militares do Corpo de Bombeiros.
 
Mudanças
Na madrugada deste sábado, as vias N1 e S1 serão interditadas para o tráfego de veículos. Os pedestres ainda poderão circular livremente. No domingo, porém, a N2 e a S2 também ficarão fechadas, o que limitará o acesso à Esplanada dos Ministérios apenas às pessoas credenciadas.
 
No dia da posse, mais vias passarão por interdição. Parte da L4 será bloqueada, entre a Vila Planalto e a Procuradoria-Geral da República (PGR), sentido Saída Sul. O tráfego estará liberado no sentido inverso. O ponto de acesso da Ponte JK até a L4 também permanecerá interditado. A orientação é de que os condutores sigam pelo Setor de Clubes Sul. O acesso ao Buraco do Tatuí, próximo ao Museu da República, não estará liberado (confira Mapa). 
 
O presidente eleito sai da Granja do Torto por volta das 14h e, de lá, deve seguir para a Catedral Metropolitana de Brasília, onde haverá culto ecumênico. O cortejo passará pelo Congresso Nacional, onde ocorrerá a troca de faixa. Em seguida, Bolsonaro irá ao Palácio do Planalto e o encerramento da cerimônia está previsto para as 18h30, no Itamaraty. Três telões serão instalados ao longo da Esplanada para transmitir o evento.
 
Ontem, placas de concreto começaram a ser instaladas próximo à Rodoviária do Plano Piloto. Elas ficarão espalhadas ao longo da Esplanada para impedir que veículos invadam o gramado durante a posse presidencial. O trânsito de veículos permanecerá inalterado nos Eixos Norte e Sul, por isso, o Eixão do Lazer, tradicional aos domingos e feriados, não será realizado.
 
Além do plano de segurança e trânsito, os presentes na posse contarão com esquema para emergências médicas. Ao todo, 70 profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estarão de plantão, com técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e coordenadores de área. Um posto móvel de regulação e uma unidade de atendimento a múltiplas vítimas serão instalados. A operação prevê ainda a presença de transporte aeromédico.
 
A cerimônia de posse de Ibaneis Rocha (MDB) no Governo do Distrito Federal também alterará o trânsito. A solenidade começa às 8h, com missa no Santuário Dom Bosco. Nesse momento, não haverá mudanças nas vias, mas a recomendação é de que os motoristas fiquem atentos à movimentação. Às 9h30, o novo governador seguirá para a Câmara Legislativa do DF. A faixa da direita da Epig, pista que dá acesso ao Eixo Monumental e passa ao lado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), será usada exclusivamente para os participantes do evento. Em seguida, a cerimônia prossegue no Palácio do Buriti e haverá uma interdição na via S1, em frente à CLDF.
 
Enquanto ocorre a troca de faixas entre Rodrigo Rollemberg (PSB) e Ibaneis, no Palácio do Buriti, o trânsito na via N1 ficará totalmente bloqueado em frente à sede do Executivo local. O Detran-DF desviará o tráfego para a lateral do Tribunal de Contas do DF (TCDF) e seguirá pela pista atrás do Palácio do Buriti, que terá o sentido único invertido. Depois, os veículos serão guiados em direção à Terracap, retornando para a via N1.
 
Proibição
O forte efetivo de segurança mudará a rotina dos ambulantes que atuam no local há anos e que já tiveram a permissão de venderem seus produtos em outras trocas de faixas presidenciais. Dessa vez, a entrada não está autorizada. Gil Rodrigues de Araújo, 65 anos, vende seus produtos há 19 anos e conta que trabalhou nas posses de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma e nunca viu um sistema de segurança tão restritivo. “Como está todo mundo proibido, não tem o que fazer, então, não vou ter nenhuma renda nesse dia. Vou descansar, mas o dia que eu teria uma oportunidade para ganhar um pouco mais seria este.”
 
Confiante, Maria Odete Silva, 49, é dona do quiosque Churros da Odete, na Rodoviária do Plano Piloto e, ao contrário dos ambulantes, pretende abrir no dia da posse. A previsão é vender bem mais do que o usual. “Estão esperando centenas de milhares de pessoas, então, acredito que vá ter um movimento grande, sim. Além disso, como não vai poder entrar ambulantes, muitos devem vir se concentrar aqui”, acredita a comerciante.
 
 
Orientações
 
Veja onde parar o carro e o que   objetos podem ser levados no   dia da posse
 
Onde estacionar
» Setores de Autarquia Sul e Norte
» Setores Bancário Sul e Norte
» Setores de diversão Sul e Norte
» Plataforma superior da Rodoviária de Brasília
» Shoppings Conjunto Nacional e Conic
» Estádio Nacional de Brasília e Ginásio Nilson Nelson
 
Objetos proibidos
» Bebidas alcoólicas
» Garrafas
» Guarda-chuva
» Fogos de artifício
» Apontadores laser
» Animais
» Bolsas e mochilas
» Sprays
» Máscaras
» Produtos inflamáveis
» Armas de fogo
» Objetos cortantes
» Drones
» Carrinhos de bebê
 
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Correio Braziliense quinta, 27 de dezembro de 2018

MÍSSEIS ANTIAÉREOS NA POSSE DE BLSONARO

 

Espaço aéreo fechado em 1º de janeiro
 
 
FAB monta esquema especial de segurança para impedir a entrada de veículos não autorizados nos céus de Brasília durante a posse de Bolsonaro. A defesa está preparada com aeronaves e mísseis antiaéreos para casos de emergência
 

 

» RODOLFO COSTA
» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 27/12/2018 04:00

A posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), contará com um forte esquema de segurança no ar e na terra. Além do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), que já anunciaram esforços para garantir uma cerimônia segura e sem surpresas para o futuro presidente e os cerca de 500 mil apoiadores que devem marcar presença, as Forças Armadas também terão forte atuação. A Força Aérea Brasileira (FAB) estará com aeronaves e mísseis antiaéreos como “pronta resposta” a possíveis ameaças.

O esquema de segurança montado pela Aeronáutica segue a logística utilizada na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, eventos sediados no Brasil em 2014 e 2016, respectivamente. Por meio da criação das chamadas “áreas de exclusão”, só aeronaves autorizadas poderão sobrevoar, em um raio de 130km a partir da Praça dos Três Poderes. Serão três: vermelha, amarela e branca.

A vermelha compreende um raio de 7,4 quilômetros, onde o sobrevoo será proibido. As únicas exceções serão dadas a um helicóptero da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que fará a transmissão oficial do evento, e a Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) da Força Aérea. É esse perímetro que estará na mira dos mísseis antiaéreos.

A área amarela deve abarcar um raio de 46,3km, abrangendo o Aeroporto Internacional de Brasília. Para sobrevoar a região, será preciso coordenar autorizações junto à FAB, que assegura que nenhum voo comercial será afetado. A área branca, considerada reservada, abrange um raio de 129,6km. Para sobrevoá-la, não será necessário requerer autorização, apenas o plano de voo.

O objetivo é proteger a todos os espectadores, a exemplo dos eventos esportivos, destaca o comandante de Operações Aeroespaciais da FAB, Major Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich. “Pretendemos criar uma área de extrema segurança, impedindo a entrada de meios aéreos não autorizados. Para cumprir o objetivo, a Força Aérea Brasileira conta com aeronaves preparadas para a pronta resposta e mísseis antiaéreos”, declarou ao Correio.

Entre os equipamentos citados pelo major, está o drone RQ-900, uma das tecnologias mais novas da Força, que atuará fornecendo dados para segurança e defesa do evento. “Haverá também um sistema de interferência em drones que possam sobrevoar o local. Caso alguma aeronave consiga entrar na área vermelha sem autorização, ela será automaticamente identificada como hostil e estará sujeita às medidas que forem necessárias, inclusive a destruição”, explicou Mangrich.

O reforço militar será feito pelas aeronaves F-5M, A-29, H-60 Black Hawk, H-36 Caracal, RQ-900 Hermes e C-98 Caravan, além de artilheiros munidos de mísseis teleguiados. Os pilotos e demais militares estarão de prontidão para barrar possíveis interceptações que possam colocar em risco a segurança da posse.

Por terra


Por terra, o esquema de segurança estará igualmente reforçado. Militares e membros das forças auxiliares de segurança pública ocuparão pontos estratégicos ao longo da Esplanada. Diante da segurança montada, o recomendável para os interessados em acompanhar a cerimônia na Esplanada dos Ministérios é chegar até as 14h. É nesse horário que Bolsonaro sairá da Granja do Torto rumo à Catedral, onde encontrará o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB). Com batedores e caminho livre, não demorará para que o presidente eleito cumpra o trajeto. A previsão é de que chegue às 14h25.

Por motivos de segurança, não há perspectiva de Bolsonaro participar da tradicional cerimônia religiosa na Catedral. De lá, o presidente eleito e Mourão seguem em carros separados ao Congresso, onde serão recepcionados pelos presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O cortejo tem previsão de 15 minutos de duração.

Mesmo sem ainda definir se Bolsonaro fará o trajeto no tradicional Rolls-Royce conversível, veículo usado durante cerimônias pelos presidentes desde a década de 1950, todo o percurso será feito ao longo de uma rigorosa segurança. O esquema prevê o uso de equipamentos especiais para bloquear sinais com frequências eletromagnéticas de controle de drones e as chamadas frequências piratas. A população permanecerá isolada das vias sem munir quaisquer itens que possam ser uma ameaça.

Os interessados em acompanhar a posse vão, obrigatoriamente, passar por vistorias pessoais em quatro pontos próximos à Rodoviária do Plano Piloto. Será impedida a entrada de objetos como fogos de artifício, apontadores a laser, objetos cortantes, drones, armas de fogo, produtos inflamáveis e até animais, carrinhos de bebê e guarda-chuvas.

* Estagiário sob supervisão de Leonardo Cavalcanti


Último ensaio

No próximo domingo, com a Esplanada já interditada, será realizado o último ensaio geral da posse. Na ocasião, serão feitas simulações dos percursos que Jair Bolsonaro fará no dia da posse, com alternativas para o caso de chuva. Nessa hipótese, a chegada do presidente eleito não será pela rampa do Congresso, mas pelo Salão Branco, com acesso pela chamada chapelaria. A revista às tropas também será feita em área coberta e a salva de tiros pode até ser cancelada. 
 
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Correio Braziliense quarta, 26 de dezembro de 2018

LUGAR DE FALA E DE ACOLHIMENTO

 

Lugar de fala e de acolhimento
 
 
Após agressões físicas e psicológicas, mulheres encontram apoio e buscam novos significados para a vida, rompendo os ciclos de violência. Espaços para compartilhar relatos e vivências funcionam em Samambaia e na Asa Sul

 

» ALAN RIOS
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 26/12/2018 04:00

Djana Prado passou o Natal de 2017 na rua devido a agressões do ex-marido e ao preconceito de pessoas próximas. Este ano, celebra a superação (Marilia Lima/CB/D.A Press)  

Djana Prado passou o Natal de 2017 na rua devido a agressões do ex-marido e ao preconceito de pessoas próximas. Este ano, celebra a superação

 

 
No dia do Natal de 2017, Djana Prado dormiu na rua. A mulher de 38 anos até tinha uma casa, mas dormir no chão, sem um teto, no frio, era mais seguro do que voltar para lá. “Eu estava comemorando com meu marido, mas ele começou a beber demais e a ficar agressivo. Nós discutimos e ele me bateu muito. Quando eu consegui escapar, corri para fora e ele não me alcançou. Mas eu não tinha para onde ir; então, dormi na rua. Passei o Natal na rua.”
 
Apesar de ter se sentido isolada, Djana não estava sozinha. Ela é uma das milhares de vítimas de violência doméstica do Distrito Federal, capital que registra todo dia mais de 30 casos de agressões sofridas por mulheres. Mas, ao mesmo tempo, surgem locais de apoio para que elas sejam ouvidas, como o projeto de terapia comunitária gratuita no Recanto Ecológico Saburo, em Samambaia.

Em meio à área verde, Djana continua seu relato. “Ele me jogou no chão, me chutou e fez tudo o que uma pessoa pode fazer de ruim, mas eu não podia nem ir para a casa dos meus familiares, porque já ouvi deles que eu merecia apanhar”, conta a paisagista. Ouvindo tudo aquilo, pessoas que sabem o que é ser vítima dessas violências físicas e psicólogas acompanham cada frase que sai com dificuldade da boca de quem tantas vezes foi calada. Uma das ouvintes é Neuza Batista, a assistente social e terapeuta que criou o Projeto Renascer.

“Desde quando eu ainda estava na faculdade de psicologia, muitas mulheres já me procuravam. E percebi que elas precisavam desse apoio. Então me formei, consegui um espaço ecológico e começamos a fazer sessões de terapia comunitária, constelação familiar, meditação, reiki e yoga. Tudo sendo oferecido de graça para a comunidade há sete meses”, explica Neuza.

O interesse em fornecer esse auxílio era antigo. Há 20 anos, ela começou seus trabalhos de assistente social em comunidades do Pôr do Sol e do Sol Nascente, áreas de Ceilândia que abrigam muitas famílias de baixa renda. “E lá eu percebi que a violência doméstica era algo comum na nossa sociedade, tanto que as próprias vítimas tinham dificuldade em perceber que estavam sendo maltratadas.” Neste ano, o sonho de criar um grupo de apoio gratuito saiu do papel e começaram os atendimentos semanais em Samambaia.

Maria*, 47, viveu durante cinco anos em um relacionamento em que ela só podia sair de casa acompanhada do marido. Mas só com a terapia conseguiu enxergar e enfrentar a situação de violência. “Fiquei esse tempo todo sendo torturada psicologicamente pelo homem que vivia comigo, e demorei a perceber que o que ele fazia era quase um cárcere privado. Eu tinha que andar com ele e olhando para baixo, porque ele brigava comigo sempre que eu cumprimentava alguém, achando que eu tinha um caso com essa pessoa. E, mesmo assim, eu me sentia culpada, pedia desculpas, falava que eu estava errada em toda briga.”

 
Escuta atenta
 
Com Elizabeth*, a situação foi ainda prio. Mesmo após ter sofrido vários casos de agressão dentro de casa, foi julgada. Colocavam nela a culpa de tudo o que aconteceu. “Meu marido sempre me desmerecia, eu sofria muita agressão psicológica e verbal. Mas o pior aconteceu com minha filha, de 4 anos. Em 2016, ela começou a ter comportamentos estranhos na escola, só queria ficar embaixo da mesa, não interagia com ninguém e chorava muito. A professora conversou comigo, me alertou que poderia ter acontecido algo e, quando conversei com ela, ela me contou o que o pai dela fez. Na mesma hora, corri direto para a delegacia e fomos para o Instituto de Medicina Legal (IML). Lá foi constatado o estupro”, relata.

Fora do espaço ecológico onde participa da terapia gratuita, Elizabeth ouviu muitas acusações de que ela era a culpada. Ela não entendia, porque não havia escolhido qualquer pessoa para ter um filho e o casal planejou muito a gestação daquela criança. Com a assistência social e o auxílio dos professores e da diretora da escola da menina, a mãe conseguiu encontrar ajuda para seguir em frente. Fez acompanhamento no Programa de Prevenção e Atendimento às Pessoas em Situação de Violência (PAV) e depois conheceu o Projeto Renascer, onde está até hoje. “O pior já passou. Toda vez que vejo essas pessoas que me acolheram, meus olhos se enchem de água.”

Maria também conseguiu sair do relacionamento abusivo e hoje namora um homem totalmente diferente, cuidadoso, carinhoso e respeitoso. “Percebi que temos que nos amar para sermos amadas. Um conselho que eu dou é: lute! Não desista de você, você pode”, afirma.

E, para Djana, o fim de 2018 será diferente. “Por meio das terapias, nós encontramos força para mudar nossas situações, nos protegermos e nos valorizarmos, virando um poste para dar luz a outras mulheres que estão por baixo, sendo agredidas. Então, quero que outras mulheres conheçam minha história e pensem ‘se ela conseguiu, eu também consigo’. Eu consegui me libertar.”


Serviço

  Projeto Renascer
 
Endereço: 
Recanto Ecológico Saburo. 
Área especial 1, 
Feira do Produtor de Samambaia. 
QN 614 — Samambaia Sul
 
Informações: 99835-9938 (Jacira)
 
 
  Projeto Support
 
Endereço: 
Ed. Multiempresarial, 
701 Sul, Sala 309
 
Informações: 99287-2640 (Jeane)
 
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Correio Braziliense terça, 25 de dezembro de 2018

A CHANCE DE UMA NOVA VIDA

 


A chance de uma nova vida
 
Uma criança de 4 anos com câncer, um administrador de empresas que sofreu um AVC e uma publicitária dada como morta. Conheça a história de três brasilienses que renasceram em 2018 após superarem graves problemas de saúde

 

» Mariana Machado 
Especial para o Correio

Publicação: 25/12/2018 04:00

Ana Letícia Santos, 4 anos, lutou o ano inteiro contra a leucemia: a menina sorri por ter vencido a doença e poder voltar à escola em 2019 (Marilia Lima/Esp. CB/D.A Press)  

Ana Letícia Santos, 4 anos, lutou o ano inteiro contra a leucemia: a menina sorri por ter vencido a doença e poder voltar à escola em 2019

 


Eleições, Copa do Mundo, greve dos caminhoneiros. Tragédias e alegrias permearam o ano de 2018 e mexeram com as emoções dos brasileiros. Para alguns, este foi um ano de renascimento.
 
Ana Letícia Santos, por exemplo, se mostrou uma guerreira aos 4 anos, enfrentando um câncer. Em janeiro, a mãe dela, Tuany Santos, 28 anos, então recém-contratada como atendente em um estabelecimento no aeroporto, precisou correr para o hospital quando a menina começou a apresentar os primeiros sintomas do que mais tarde seria diagnosticado como uma leucemia. “No dia 12 de janeiro, ela teve febre, vomitou e manchinhas vermelhas apareceram no corpo. A princípio, a suspeita era de dengue, mas depois veio o resultado com alterações no hemograma e a certeza do que realmente era”, lembra Tuany.
 
Divorciada e mãe também de uma garota de 9 anos, ela se viu sozinha com as crianças na casa em que mora no Setor Oeste da Cidade Estrutural. Como tinha de levar Ana Letícia ao hospital para tratamento quase diariamente, precisou largar o emprego e se dedicar exclusivamente à menina. “A gente a via tão bem e isso acontece de uma hora para a outra. A família ficou chocada, mas ela (Ana Letícia) sempre encarou muito bem. Tem uma luz que eu nunca vi na minha vida”, emociona-se Tuany.

Luiz Fernando passou mal na aula de jiu-jitsu: médicos diagnosticaram um AVC (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Luiz Fernando passou mal na aula de jiu-jitsu: médicos diagnosticaram um AVC

 

Com três meses de tratamento e enfrentando a quimioterapia, os cabelos da garotinha começaram a cair. Quando chegava em casa, sentindo-se mal depois das sessões, dizia à mãe que ia se deitar, mas acordaria boa. Era o jeito dela de dizer que estava tudo bem. Em outubro, entrou no estágio de manutenção, o que quer dizer que ela não tem mais células de leucemia no sangue. As visitas diárias ao hospital passaram a ser mensais, mas o que mais alegrou foi a notícia de que em 2019 poderia voltar para a escola. “Ela estava no jardim 2, e o que mais a deixou triste foi deixar os coleguinhas. Quando soube que poderia retornar, saiu contando para todo mundo”, conta Tuany, que agora poderá voltar a trabalhar.
 
Para a família, fica o sentimento de batalha vencida. “A Ana renasceu e eu, também. Amadureci muito. Aprendi que a gente reclama muito quando não precisa e não agradece pelo que tem. Ver a força tremenda dessa menina tão pequenininha que enfrentou tudo isso e ainda está sorrindo nos faz rever muitos conceitos”, acredita Tuany.
 
O Natal mais especial
Em 29 de novembro o administrador Luiz Fernando Mota, 34 anos, viu de perto a morte. Naquela quinta-feira, ele seguia a rotina normal. Após trabalhar o dia inteiro, foi para a aula de jiu-jitsu, esporte que começou a praticar há um ano. Depois do aquecimento, enquanto praticava técnicas de estrangulamento, começou a passar mal. Perdeu a fala, sentiu formigamento no lado direito do corpo e a boca ficou torta. Era o começo de um acidente vascular cerebral (AVC). Os funcionários da academia chamaram a esposa dele, a servidora pública Érica Cortes, 28, formada em educação física, que foi quem identificou os sinais e percebeu que seria algo mais grave.
 
Luiz passou três dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular da Asa Sul e mais cinco, no quarto, até ter alta. Ele ficou dias sem andar, nem falar e usando uma sonda para urinar, mas aos poucos foi recuperando os movimentos. Uma semana depois, estava de volta ao trabalho, mas agora ele espera ir com mais calma.

Thaís Amorim teve o intestino perfurado em uma cirurgia: 50 dias hospitalizada (Mariana Machado/Esp. CB/D.A Press)  

Thaís Amorim teve o intestino perfurado em uma cirurgia: 50 dias hospitalizada

 

O administrador conta que os médicos ainda não sabem o que causou o AVC. “Pode ter tido a ver com o golpe que estava treinando, pode ter sido algo súbito, não se sabe. Ainda farei mais exames nas próximas semanas para tentar descobrir”, comenta Luiz. Durante toda a vida, ele praticou os mais diversos esportes e nunca teve problemas de colesterol ou pressão, o que aumenta o mistério das causas.
 
Mas de todo modo, o administrador está mais do que contente com a recuperação. “A minha sensação é de que Deus está me dando uma nova oportunidade para valorizar as coisas simples, como andar ou tomar banho sozinho. A gente começa a ver o que é mais importante na vida”, pondera. “Ficamos presos nas rotinas de trabalho e enchemos a vida de atividades. Queremos abraçar o mundo com as pernas, mas o corpo não aguenta e às vezes algo assim acontece para nos fazer refletir”, diz Luiz. Para ele, a meta em 2019 é viver os 365 dias da melhor forma possível e motivar outras pessoas a vencerem e prevenirem o AVC. “Este com certeza vai ser o Natal mais especial de todos.”
 
Ano da recuperação
O Natal de 2018 também vai ter gosto de vida nova para a publicitária Thaís Amorim, 26 anos. Em 4 de julho, ela foi internada para uma cirurgia de endometriose. Contudo, o que seria a correção de um problema virou algo muito pior quando a médica acabou perfurando o intestino de Thaís sem perceber. O corte infeccionou e ela ficou na UTI por sete dias até que os médicos percebessem o erro. Ela passou por mais duas cirurgias; em uma delas, cerca de dois litros de infecção foram retirados do abdômen.
 
Foram 50 dias hospitalizada e, por três vezes, a família foi chamada para se despedir. Ao fim, parte do intestino dela precisou ser retirado e uma bolsa de ileostomia (semelhante à usada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro) foi colocada. Emocionada, a mãe, Sônia Amorim, 49, lembra a angústia de todo o processo. “Ninguém imagina o que é ver a filha entre a vida e a morte. Quando ela estava em coma, peguei na mão dela e disse ‘você vai sair dessa’, e ela deixou uma lágrima escapar. Quando acordou, ela se lembrava daquele momento.”
 
Professora de educação física, Sônia deixou de trabalhar para ficar com Thaís. “Eu e o esposo dela fomos praticamente internados juntos”, conta a mãe da paciente. A família agora prepara um Natal especial, e chamou os parentes que moram em outros estados para comemorar. “No dia 17 de dezembro, foi o aniversário dela, e eu ganhei o melhor presente, que é tê-la comigo aqui”, ressalta Sônia.
 
Em fevereiro, Thaís passará por cirurgia de reconstrução do intestino e deixará de usar a bolsa de ileostomia. Mas ela já está levando uma vida normal. Voltou a trabalhar e usa as redes sociais para aconselhar quem passa por situações semelhantes. “Recebi uma nova chance e, no próximo ano, vou honrar isso. É o ano da recuperação, vou cuidar da saúde e com certeza pretendo ajudar quem está passando pela mesma condição para fazer valer a pena cada experiência que eu passei”, afirma a publicitária.
 
Segundo Thaís, apesar de 2018 ter sido um ano traumático, ela sente gratidão por tudo que aconteceu. “É um baque que coloca a gente no lugar. Minhas metas foram reprojetadas. Eu quero viver os momentos, por mais que simples, com a cabeça no presente, o coração naquilo e estar mais com as pessoas de que eu gosto”.
 
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Correio Braziliense segunda, 24 de dezembro de 2018

ENSAIO PREVÊ CARRO ABERTO

 

Ensaio prevê carro aberto
 
 
Simulação é feita com veículo conversível. Mas, por questões de segurança, Bolsonaro pode ser transportado em modelo fechado no dia da posse

 

» Renato Souza

Publicação: 24/12/2018 04:00

Rolls-royce presidencial faz o percurso com atores no lugar do presidente e da primeira-dama (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Rolls-royce presidencial faz o percurso com atores no lugar do presidente e da primeira-dama

 




Na posse de Jair Bolsonaro como presidente da República, no próximo dia 1º, A Esplanada vai receber uma multidão. De acordo com projeções do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), 500 mil pessoas devem presenciar o desfile entre a cerimônia de posse, no Congresso, e a passagem da faixa presidencial, no Planalto. Durante o evento, o público que vem de vários estados se concentrará no espaço entre os Ministérios.

Para evitar incidentes envolvendo a população, garantir a segurança do futuro chefe do Executivo e das demais autoridades envolvidas, forças de segurança e órgãos que integram a organização do evento realizaram ontem o primeiro ensaio geral. Durante a simulação, os atores que encenaram a presença de Bolsonaro e da primeira-dama, Michelle, desfilaram em carro aberto e acenaram ao público.

Seguindo o cronograma de anos anteriores, a comitiva presidencial foi primeiro ao Congresso Nacional, onde o presidente desce a rampa. Em seguida, sai em desfile, cercado de autoridades até o Congresso Nacional. No caminho, o empossado cumprimenta as pessoas que acompanham a cerimônia. Segundo um integrante da equipe de segurança do Planalto, apesar de a simulação ter ocorrido em carro aberto, a eventual aparição do presidente durante o trajeto entre o Congresso e o Planalto segue indefinida. “Ainda não houve decisão. Os riscos para a segurança dele são muitos e tudo será levado em consideração”, disse.

Turistas que visitavam a Praça dos Três Poderes e os palácios da capital se surpreenderam com a encenação e os desfiles das tropas das Forças Armadas. O administrador Maurício Chaves, de 28 anos, morador de Belém do Pará, foi conhecer a Esplanada e chegou na hora em que estava ocorrendo a simulação da troca da faixa presidencial. “Estou indo para Belém e decidi parar em Brasília para conhecer a cidade. Não estava esperando essa surpresa. Não sabia que ocorriam ensaios antes da posse”, contou.

Neste ano, a segurança será reforçada. A Polícia Militar do Distrito Federal fará um cordão de isolamento na altura da Rodoviária do Plano Piloto. O trânsito será interditado no local do desfile a partir da 0h do dia 29. Por questão de segurança, quem for até a Esplanada vai enfrentar uma série de restrições. O major Michel Bueno, porta-voz da Polícia Militar, afirma que, após os testes, o esquema de segurança pode sofrer alterações. “Tudo ainda pode mudar. A PMDF está encarregada de proteger o público e o Exército, a comitiva presidencial. Quem vier de carro, no dia, poderá estacionar por trás dos ministérios ou no Mané Garrincha. Mas o recomendado é vir de transporte público, transporte por meio de aplicativos ou táxis”, disse.

Não será permitido o ingresso na Esplanada de pessoas portando guarda-chuvas, bandeiras com hastes, máscaras ou armas de fogo, mesmo que o cidadão tenha o porte, carrinhos de bebê ou mesmo mochilas e bolsas. Atiradores de elite serão posicionados ao longo dos ministérios. Cerca de 2,6 mil policiais militares farão a segurança da população. 36 agentes do Detran e mais 350 militares do Corpo de Bombeiros também vão atuar.
 
 
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Correio Braziliense domingo, 23 de dezembro de 2018

FUTEBOL: AS SETE MARAVILHAS DO MUNDO REAL

 

As sete maravilhas do mundo Real
 
 
Sétima arte do time merengue consolida era vitoriosa marcada por 16 finais e 14 títulos %u2014 o primeiro sem Cristiano Ronaldo. Iniciada por Di Stéfano e Puskás, a saga do hepta ganha novos heróis

 

Marcos Paulo Lima

Publicação: 23/12/2018 04:00

 

 Sergio Ramos ergue a taça do hepta depois da goleada  por 4 x 1 sobre o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos (Giuseppe Cacace/AFP
  )  

Sergio Ramos ergue a taça do hepta depois da goleada por 4 x 1 sobre o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos

 

 



1960, contra o Peñarol-URU
 (Real Madrid/Divulgação
)  

1960, contra o Peñarol-URU

 

 

 

 

1998, contra o Vasco
 (Real Madrid/Divulgação
)  

1998, contra o Vasco

 

 

 

 

2002, contra o Olímpia-PAR
 (Martin Rose/Divulgação
)  

2002, contra o Olímpia-PAR

 

 

 

 

2014, contra o San Lorenzo-ARG
 (Javier Soriano/AFP - 20/12/14
)  

2014, contra o San Lorenzo-ARG

 

 

 

 

2016, contra o Kashima-JAP
 (Toshifumi Kitamura/AFP - 18/12/16
)  

2016, contra o Kashima-JAP

 

 

 

 

2017, contra o Grêmio (Karim Sahib/AFP - 16/12/17
)  

2017, contra o Grêmio

 

 

 

As sete maravilhas do mundo antigo são a Grande Pirâmide de Gizé, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Templo de Artêmis, a Estátua de Zeus, o Mausoléu de Halicarnasso, o Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria. O mais fanáticos dos torcedores do Real Madrid contesta. Para o “doente”, as sete maravilhas passam a ser, desde ontem, o título de 1960 contra o Peñarol, o de 1998 diante do Vasco, o de 2002 na vitória sobre o Olimpia, o de 2014 no confronto com o San Lorenzo, o de 2016 na queda de braço com o Kashima Antlers, de 2017 na batalha com o Grêmio, e o de ontem, na goleada por 4 x 1 sobre o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, em Abu Dabi.

Unificando a Copa Intercontinental, a Copa Toyota e o Mundial de Clubes da Fifa, o Real Madrid é o primeiro heptacampeão. Entra para a história como único tri em anos consecutivos — 2016, 2017 e 2018. A sétima arte assinada pelo time merengue pode ter fechado um dos ciclos mais vitoriosos em 116 anos. A contar de 2014, o Real Madrid disputou 16 finais e ganhou 14 troféus. Ícones dessa era, o zagueiro Sergio Ramos, o centroavante Benzema e o lateral-direito Carvajal estiveram em todas as conquistas.

A hegemonia impressiona ainda mais quando lembramos que o Real Madrid se mantém no topo liderado por três técnicos diferentes. O tempo de vacas gordas começou com o italiano Carlo Ancelotti, passou por Zinedine Zidane e chega às mãos de Santiago Solari. O argentino de 42 anos é o quinto treinador campeão como técnico depois de ter vencido como jogador. Iguala os feitos de Luis Cubilla, Juan Mujica, Carlo Ancelotti e Zinedine Zidane. Em 2002, Solari entrou no lugar de Zidane contra o Olimpia, do Paraguai.

A dinastia do Real Madrid teve correções de rumo. Os treinadores Rafa Benítez e Julen Lopetegui não concluíram os mandatos. Ambos foram demitidos. O triunfo de ontem pode ser interpretado como um divisor entre o velho e o novo Real Madrid. Os veteranos Modric e Sergio Ramos balançaram a rede. Os jovem volante Llorente, 23, e o atacante Vinicius Junior, 18, que teve o lance individual completado por um gol contra de Yahia Nader, anunciam a temporada de renovação do elenco. Por sinal, é o primeiro título depois da saída de Cristiano Ronaldo. O português embarcou no meio do ano para a Juventus.

O contestado Mundial de Clubes comprova mais uma vez o óbvio. A Champions League virou uma espécie de NBA(liga norte-americana de basquete) do futebol. É impossível competir com eles. Houve um tempo em que foi possível. Até 1995, os times da América do Sul tinham 20 títulos contra 13 dos rivais do Velho Continente. A aprovação da Lei Bosman abriu as fronteiras para que o clubes contratassem jogadores de diferentes nacionalidades e montassem seleções mundiais. A balança ficou desequilibrada. De 1995 a 2018, os europeus acumulam 24 títulos e os sul-americanos, 11. Das últimas 12 edições, apenas uma foi conquistada por um time deste lado do Oceano Atlântico. O Corinthians superou o Chelsea por 1 x 0 em 2012.

A América do Sul amarga decadência em todas as competições da Fifa. As últimas quatro edições da Copa do Mundo foram vencidas pela Europa: Itália (2006), Espanha (2010), Alemanha (2014) e França (2018). O Velho Continente também arrematou as três versões recentes do Mundial Sub-20 com França (2013), Sérvia (2015) e Inglaterra (2017). A vergonha é maior ainda no Sub-17. Nas últimas sete edições, dois títulos do México, três da Nigéria, um da Suíça e um da Inglaterra.

“Foi um ano inesquecível para mim, foi perfeito. Este ano sempre vai ter um lugar especial, não poderia pedir mais. Estou feliz pelo gol, é o primeiro que marco nesta temporada. Espero conseguir fazer outros”

Luka Modric, 
melhor do mundo

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Correio Braziliense sábado, 22 de dezembro de 2018

SOPRO DE CULTURA POPULAR: O NORDESTE É AQUI

 


Sopro de cultura popular
 
 
O grupo Mestre Zé do Pife e as Juvelinas lança hoje o segundo CD da carreira com um show no Espaço Cultural Renato Russo da 508 Sul

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 22/12/2018 04:00

O grupo reavivou e renovou a tradição popular nordestina na atmosfera agreste do cerrado com meninas candangas (Davi Mello/Divulgação)  

O grupo reavivou e renovou a tradição popular nordestina na atmosfera agreste do cerrado com meninas candangas

 



“Eu sou um pifeiro pernambucano/ De São José do Egito/ Pense num cabra feio/ Mas tudo meu é bonito/ Se você me procurar/ Moro aqui no Distrito”. Esses versos têm a assinatura de Francisco Gonçalo da Silva, conhecido como Zé do Pife, um dos mais reverenciados representantes da cultura nordestina na capital.

Nascido há 75 anos em Riacho do Meio, município de São José do Egito, no sertão de Pernambuco, mestre Zé do Pife é brasiliense há três décadas. Aqui, desde, então sobrevive com venda de pífano — flauta feita de bambu — que ele próprio fabrica, em Sobradinho, cidade em que mora e de onde se desloca quase que diariamente para o Plano Piloto.

Embora o instrumento seja vendido dentro dos ônibus, em entrequadras, na Escola de Música e no Ceub, é na Universidade de Brasília em que sua clientela é maior. Lá, o pifeiro costuma dar aulas e até oficinas informais a grupos de alunos, atentos ao seu ensinamento, em geral, no Minhocão e em área próxima ao RU, o restaurante universitário, no horário das refeições.

E, não por acaso, foi naquela universidade, criada por Darcy Ribeiro, que o mestre conheceu um grupo de jovens, duas alunas de música e as demais matriculadas em outros cursos. A identificação entre eles foi tão imediata, que após vários encontros e ensaios, surgiu a possibilidade de passarem a tocar juntos. Aí, em 2007, se constituiu Mestre Zé do Pife e As Juvelinas, grupo que desde então tem encantado plateias com apresentações em espaços diversos.

“Conhecer essas meninas foi uma benção para mim. Antes eu só ganhava alguma coisa vendendo pife. Depois que começamos a tocar juntos e formamos o grupo, que tem dado muita alegria. Já fizemos muitos shows, viajamos pelo Nordeste e São Paulo, lançamos um disco e agora vamos lançar outro”, festeja o jovial pifeiro.

Talo de jerimum
O disco de estreia do grupo foi lançado em 2010. O segundo, intitulado Talo de jerimum, tem lançamento hoje, com show, às 18h, no Espaço Cultural Renato Russo. Da programação, fazem parte também a abertura da exposição com fotos e vídeos do Mestre Zé do Pife e As Juvelinas, às 16h30; o lançamento de Travessias, livro de poesias de Keyane Dias, às 17h; apresentação de Daniel Pitanga e Lucas de Campos, às 17h30; e do Cocada Coral, de Goiás, no encerramento, às 19h.

“Foi a partir de talos de jerimum que Seu Zé do Pife e o irmão Zeca do Pife, ainda crianças, confeccionaram seus primeiros instrumentos e começaram uma linda jornada na cultura popular brasileira. Isso nos inspirou na hora da escolha do título do nosso segundo disco”, diz Kika Brandão, que toca pífano e pandeiro no Juvelinas.

Ela conta que o CD foi gravado no final de 2017, para comemorar os 10 anos do grupo. Com a missão de não deixar o pife acabar, Zé do Pife fez escola na cidade. Em aulas e oficinas, ele ensinou muita gente a tocar o instrumento, inclusive As Juvelinas chegou a ter 11 integrantes. Hoje, elas são sete: Kika Brandão (pífano e pandeiro), Maísa Arantes (pífano e rabeca), Naira Carneiro (pífano e sanfona), Andressa Ferreira (caixa tarol), Isa Flor (zabumba), Gotcha Ramil (rabeca) e Luciana Bergamasch (triângulo e prato). Além de tocarem os instrumentos, todas cantam, sob a batuta do Mestre Zé do Pife.

De acordo com Kika, alguns arranjos reconfiguram músicas populares numa leitura inusitada, que leva a marca da banda e aproximam — basicamente ritmos nordestinos —, enquanto outros se aproximam da estrutura musical das bandas de pífanos originais, resgatando a tradição dessa manifestação cultural.

Ao lado do Mestre Zé do Pife, As Juvelinas têm se apresentado em praças, feiras e espaços fechados da cidade, como CCBB, Espaço Cultural Renato Russo, Centro Comunitário da UnB, em Brasília; Mercado Sul, em Taguatinga; Casa do Cantador, em Ceilândia. Em quase todos esses lugares, o grupo costuma realizar oficinas — em geral, gratuitamente.

“Nos dias 3 e 4 de junho do ano passado, promovemos na área da Torre de TV o 2º Encontro de Pífanos de Brasília, com a participação da Banda de Pífanos de Caruaru (Pernambuco), Chão do Pife (Alagoas), Irmãos Aniceto do Crato (Ceará), Flautins Matuá (São Paulo), Carlos Mata (Rio de Janeiro), Duo Alvenaria, Mamulengo Presepada e Ventoinha de Canudo (Distrito Federal)”, destaca Kika.

Um outro projeto importante desenvolvido por Mestre Zé do Pife e As Juvelinas foi o de circulação nacional, em 2014, com passagem por Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e São Paulo, graças ao apoio do FAC-DF. A visita a cada uma das cidades em que estiveram teve como foco principal a promoção de intercâmbio artístico-cultural. “Na região de São José do Egito (PE), fizemos várias oficinas nas escolas, com a participação de Zeca do Pife, irmão e parceiro de Seu Zé desde a infância. Seu Zeca ficou feliz, pois despertou o interesse de crianças e jovens, que estavam distanciados do pife”, frisa Kika.

Outra experiência que As Juvelinas consideram marcante foi o encontro com a violeira Isabé da Loca, personagem lendária da música paraibana, na casa dele em Monteiro (PB). “Dona Isabé estava bem doentinha. Já em Brasília, voltamos a nos falar por telefone, três dias antes de ela morrer, recorda-se. “Na região do Cariri (CE) conhecemos as famosas bandas cabaçais; e em São Paulo, emocionadas, tocamos com a Banda de Pife de Caruaru. Há algum tempo, os músicos da banda moram na capital paulista”, constata.

Gravado no final do ano passado, no estúdio Beco da Coruja, o Talo de Jerimum traz 14 faixas. São José do Egito, De avô pro neto, Alvorada e No meio dos outros, são de autoria do Mestre Zé do Pife, parceiro do irmão Zeca do Pife, de Beija-flor. Há as que foram compostas por instrumentistas de As Jovelinas: Caboclinho descompassado (Naire Carneiro), Pão com ovo (Maísa Arantes), Da Oca à Loca (Kik Brandão). Siriema tem como autora Júlia Carvalho (ex-integrante do grupo); Casa de pedra foi feita por Daniel Pitanga; e Conto de sereia por Assis Calixto. Há ainda a regravação de Bendito (homenagem ao Padre Cícero), de domínio público.



Zé do Pife e As Juvelinas
Show de lançamento do CD Talo de Jerimum hoje, às 19h, no Espaço Cultural Renato Russo (50 Sul). Entrada franca. Classificação indicativa livre. Antes, haverá a abertura da exposição de fotos e vídeos do grupo, às 16h30; lançamento de Travessias, livro de Keyane Dias, às 17h; apresentação de Daniel Pitanga e Lucas de Campos, às 18. No encerramento da programação, às 19h, show do grupo Cocada Coral, de Goás.
 
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Correio Braziliense sexta, 21 de dezembro de 2018

FEITO À MÃO E COM AMOR

 


Feito à mão e com amor
 
 
Na contramão dos que enfrentam shoppings lotados para comprar os presentes de Natal, há quem prefira a delicadeza de criar a própria lembrança, carregada de significados e sentimentos

 

» Alan Rios
Especial para o Correio

Publicação: 21/12/2018 04:00

 

Usando a criatividade e a paciência, a aposentada Aparecida Borges faz presentes de Natal para os sete filhos e 13 bisnetos: ela aprendeu a arte aos 15 anos  (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Usando a criatividade e a paciência, a aposentada Aparecida Borges faz presentes de Natal para os sete filhos e 13 bisnetos: ela aprendeu a arte aos 15 anos

 



Tinta na mão, cola no dedo, retalhos e miçangas espalhas pelo chão. A escolha de fazer você mesmo o presente de Natal exige paciência e dedicação, mas o brilho no olhar de quem abre o embrulho “faz valer a pena”, garante Aparecida Borges, 69 anos. A aposentada é mais uma das pessoas que passeia pelas lojas de artesanato buscando cada detalhe que fará do seu presente algo especial.

Diferentemente dos que se empurram nas filas dos grandes comércios nessa época do ano, ela prefere transformar sua sala de estar em uma fábrica e botar a mão na massa. “Dá trabalho, mas eu gosto muito. É diferente dar um presente que nós mesmos fizemos. Às vezes, uma roupa não é muito a cara da pessoa, um perfume não agrada, então, gosto de fazer o Natal com coisas do coração”, ressalta Aparecida.

O gosto por esses mimos começou há muito tempo. Aos 15 anos Aparecida passou a fazer artesanato e percebeu o quanto as pessoas gostavam de ganhar algo produzido por ela. Hoje, seus trabalhos são o ponto alto das comemorações de 25 de dezembro com a família. Os sete filhos e 13 bisnetos sempre voltam para a casa com algo personalizado, único.

“Uma dica que dou é fazer uma caixinha de porta-joias. É só comprar uma caixa de madeira, pintar e forrar dentro, até com papel camurça, que acaba sendo uma coisa bem prática e bonita. E são muitas opções de personalização. A pessoa pode fazer a decoupage, colando uma figura na tampa da caixinha e passando uma termolina em cima para impermeabilizar o papel. Fica lindo!”, ensina a aposentada.

Personalidade

Além de mostrarem sempre um grande carinho, os presentes feitos à mão refletem um pouco da personalidade de quem recebe. Escolhendo cada cor, forma e detalhe, quem se aventura nessa produção pode criar algo “único e bem melhor”, acredita Bárbara Costa, 21 anos. A estudante passa um bom tempo escolhendo entre as várias opções de miçangas, adesivos, fitas e tintas para criar algo feito com amor.

“Esses presentes são bem diferentes. Lembro de um que fiz para um namorado: personalizei uma caixa e coloquei dentro cartas manuscritas de diferentes pessoas que ele gostava. Foi muito especial, ele gostou demais”, conta. Bárbara diz que mesmo quem não tem tanta criatividade pode tentar ter um dia de artesão: “A partir de um objeto, podemos fazer diversas coisas diferentes, que combinem com a pessoa”, afirma.

Vendedora de uma loja em artigos para artesanato, no Taguacenter, Malvina Sousa diz que as prateleiras sempre encantam e incentivam os primeiros passos (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

Vendedora de uma loja em artigos para artesanato, no Taguacenter, Malvina Sousa diz que as prateleiras sempre encantam e incentivam os primeiros passos

 



Opções variadas

Como vendedora de uma loja em artigos para artesanatos, Malvina Sousa, 45, aconselhou vários clientes sobre como fazer o presente ideal. Nessa época, o comércio no Taguacenter não para, segundo ela. Lá se encontram potes, caixas, canecas, copos, tecidos e uma série de opções que podem se transformar em uma lembrança marcante. A vendedora diz que as prateleiras sempre encantam e incentivam os primeiros passos.

A moda de 2018 entre os produtos foram as bandejas de madeira. Simples e baratas, variando muito de acordo com os tamanhos e modelos, elas podem ter diversas utilidades. Elas vão desde as mais básicas, de R$ 5, para servir chás e cafés, por exemplo, até as mais sofisticadas, de R$ 50, que podem se tornar espelhos ou porta-joias. “Uma dica que dou muito é usar como um espelho bem rústico, sem pintar e colocando pérolas ao lado para decorar, com cola de madeira. Também vendemos muito daqueles pequenos pés, como se fossem de sofá ou armário, que dão outro toque ao presente”, comenta Malvina.

A vendedora também dá opções que podem servir como lembrança e embelezarem a ceia do natal: “Hoje em dia, as pessoas estão fazendo muito os sousplats para as mesas, que são aqueles apoios debaixo do prato, que podemos colocar guardanapos também. É algo que dá outra cara para o jantar, decora muito bem a casa. Ele é muito simples, basta comprar um modelo de madeira em MDF e vestir com um tecido, uma capa própria para ele”, ensina.

Caso receba algum embrulho assim no dia 25, Vitória Ferreira, 21 anos, guardará com muito zelo. Para ela, esses artesanatos são a melhor forma de demonstrar os sentimentos de gratidão e compaixão, símbolos de todo mês de dezembro. “Gosto de fazer caixas de presente, que são bem versáteis. A gente pode colar as miçangas, escrever alguma coisa com pincéis ou até pirógrafo, que é aquele que queima a madeira. Dá para pintar da cor que quiser, escrever o que quiser e colocar dentro coisas que a pessoa gosta, desde flor até carta ou outra coisa afetuosa”, diz.


"Uma dica que dou é fazer uma caixinha de porta-joias. É só comprar uma caixa de madeira, pintar e forrar dentro, até com papel camurça, que acaba sendo uma coisa bem prática e bonita. E são muitas opções de personalização”

Aparecida Borges, aposentada


Técnica
A palavra vem do francês e dá nome a uma técnica artesanal feita com recortes de papel, de revista, jornal ou tecidos, por exemplo.

Correio Braziliense quinta, 20 de dezembro de 2018

PRÉVIA DO VERÃO: CHUVA AMANHÃ DEVE AMENIZAR O CALOR

 


Chuva amanhã deve amenizar o calor

 

Mariana Machado
Especial para o Correio

Publicação: 20/12/2018 04:00

Menino pula nas águas do Lago Paranoá: a máxima de 32ºC deve se repetir hoje (Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  

Menino pula nas águas do Lago Paranoá: a máxima de 32ºC deve se repetir hoje

 

O verão começa oficialmente na sexta-feira, mas, desde o dia 11, quando a chuva foi registrada pela última vez em Brasília, as altas temperaturas deixaram a capital com a sensação da nova estação. Ontem, os termômetros marcaram até 32ºC no Distrito Federal. A marca deve se repetir hoje, assim como a umidade mínima de 30%, na hora mais quente do dia. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O Inmet prevê chuva amanhã, com máxima de 29ºC. E a tendência é de que continue nas festas de fim de ano, segundo o meteorologista Manoel Rangel. “No Natal, teremos chuva, mas isso não significa que passaremos o dia todo com tempo fechado. Teremos um dia de sol entre nuvens e um período mais chuvoso entre a tarde e a noite”, disse. A média de chuvas do último mês do ano é de 241,5 mm³. Até ontem, o Inmet registrava 103,9 mm³.

O calor é explicado pela massa de ar seco que cobre boa parte das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul e inibe a formação de nuvens, causando elevação das temperaturas e queda na umidade relativa do ar. Mas, a partir do fim do ano, haverá mais chuvas rápidas, até abril, de acordo com Manoel Rangel. “Os meses mais chuvosos são janeiro e fevereiro, mas isso vai diminuindo gradativamente a medida que entramos na transição para a nova estação.”

Exercícios ao ar livre
O calor intenso, o céu azul e o período de férias escolares fizeram a combinação perfeita para os brasilienses aproveitarem os dias ao ar livre. O oficial militar Marcos Vinicius Araújo, 31 anos, curtiu a manhã no Parque da Cidade fazendo exercícios físicos. Praticante de triatlo amador, o carioca que mora em Brasília há 20 anos, está mais do que acostumado ao calor da capital. “No Rio de Janeiro, o clima é muito quente e abafado, chega a ser insuportável. Aqui é mais agradável”, comentou.

A família Castro aproveitou a quarta-feira de sol ao ar livre na Praia Norte, no Setor de Mansões do Lago Norte. Moradores do Paranoá Parque, eles passaram o dia se refrescando no Lago Paranoá. “Onde moramos, é muito quente, não tem muitas árvores, então viemos dar um passeio. Ainda não tínhamos vindo aqui depois da reforma, e gostamos muito. Está muito bonito, bem estruturado e é um lazer legal”, ressaltou a dona de casa Janaína de Castro Barbosa, 30.

Ela conta que prefere os dias frios e sem chuva, mas os dias quentes também têm suas vantagens. “Os últimos anos têm sido bem quentes e a gente não se acostuma muito com o calor forte e seco, mas, nesta época de férias, é bom para aproveitar o dia”, disse Janaína, que levou o filho para nadar.
 
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Correio Braziliense quarta, 19 de dezembro de 2018

TEMPO DE FÉRIAS: DIVERSÃO

 

Tempo de férias
 
Além de passeios e viagens, os pais podem exercer a criatividade e planejar programações divertidas com os pequenos no período de descanso. Confira o guia com algumas opções de lazer na cidade

 

ERIKA MANHATYS*

Publicação: 19/12/2018 04:00

Brincadeiras que estimulem a imaginação ajudam a desenvolver a capacidade perceptiva da criança, além de garantirem a diversão (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Brincadeiras que estimulem a imaginação ajudam a desenvolver a capacidade perceptiva da criança, além de garantirem a diversão

 

Com a criançada de férias, é hora de os pais lançarem mão da criatividade e planejarem uma programação diversa para entreter os pequenos no período de descanso, adequando os horários e fazendo de cada momento uma experiência de aprendizado mútuo.

Brincadeiras que estimulem a imaginação são desejáveis para desenvolver a capacidade perceptiva da criança, conforme indica Elizângela Silveira, orientadora educacional do colégio Marista. “A criança é um ser brincante e ela precisa de tempo para imaginar sobre suas brincadeiras e criar os seus brinquedos. Essa é uma experiência prazerosa, porque é feita de maneira livre, gerando uma memória afetiva junto à família”, diz.

Deixar que os pequenos tenham alguns momentos de inatividade também é importante para que eles aprendam a gerenciar sua energia. “Os pais devem ensinar os filhos a lidar com o tempo ocioso. Estamos habituados a preencher todas as horas livres da criança com dezenas de coisas, mas elas precisam aprender a contemplar, ter um tempinho para que fiquem só com seus pensamentos”, orienta Elizângela.

Além das recreações, os pais podem utilizar as horas vagas para orientar os filhos às atividades cotidianas da casa. O senso de responsabilidade e organização deve ser priorizado. “É legal reunir os filhos e os amiguinhos para cozinhar, mostrar os ingredientes e fazê-los compreender como aquela comida é feita. Outra boa opção é organizar os pertences e ensiná-los a analisar o que ainda é útil, doando o que não servir mais. Dessa forma, desenvolvem o discernimento da coletividade”, salienta a orientadora.
 
Aos parques
Mãe de uma menina de 7 anos, a empresária Sílvia Perrelli, 43, tem uma rotina corrida, mas prioriza os momentos que pode passar com a filha. “Sempre dei muito valor aos programas feitos com a Gabriela. Nós lemos e colorimos juntas, temos um dia da pipoca, assistindo à nossa programação favorita na televisão. Consigo conciliar as férias dela com as minhas e preferimos viajar, ir à praia”, diz.

Acostumada à atribulada rotina de trabalho, Gabriela Marcondes, 33 anos, precisou se adaptar às horas vagas de sua licença-maternidade. A advogada sempre sonhou em ser mãe. A gestação, há cinco anos, foi planejada e aguardada. E o nascimento da primogênita exigiu ainda aprender a gerenciar o tempo ocioso. “Eu sempre trabalhei fora, mais de 10 horas por dia, e confesso que foi difícil aprender a lidar 24 horas, sete dias por semana, com a maternidade exclusiva”, conta.

Na segunda gestação, sentindo-se mais integrada ao universo infantil, iniciou uma jornada para preencher a vida das filhas com mais diversão. Há dois anos, ela ganhou sua caçula e, no período de licença, criou o projeto Infância Verde Noroeste, que é um evento colaborativo de contação de histórias infantis e atividades para as crianças, no bairro onde mora.
A iniciativa atende às necessidades dos pais e dos pequenos. “Eu sentia muita falta de ter um momento ao ar livre para as crianças. Ao mesmo tempo, queria poder conversar com outros adultos e também entrar no mundo mágico da imaginação”, explica Gabriela.

O grupo, formado por pais que ansiavam por instantes proveitosos ao lado dos filhos, reúne-se nas manhãs de domingo para encorajar os bons hábitos da leitura. “Contamos histórias para incentivar o poder imaginativo das crianças, fazemos um piquenique coletivo, tudo ao ar livre, na grama, e com muito contato com a natureza.”

Empenhada no projeto, ela ainda junta as filhas e os vizinhos para fazer festa do pijama, providenciar o plantio de hortas, tudo isso nas áreas úteis de seu condomínio; organizar passeios ecológicos e visitar pontos turísticos de Brasília. “Faço isso tudo com o propósito de garantir boas férias para minhas filhas”, argumenta.

A rica experiência deu luz ao livro A mamãe foi trabalhar. Nele, Gabriela conta os desafios de equilibrar-se na corda bamba: trabalho e maternidade. “O livro traz a minha verdade, a minha dor de voltar a trabalhar, de deixar um bebê tão pequeno e de lidar com a difícil tarefa de conciliar a minha vida profissional com o meu papel de mãe.”
 
De graça
Aproveitar as opções que a cidade oferece é sempre uma boa pedida. Entre atrações gratuitas e pagas, a criançada tem muito a conhecer e a aprender sobre o local onde mora. O período de férias coincide com a estação mais quente, o verão, e as piscinas do Parque Nacional de Brasília, conhecido por Água Mineral, são um convite para um refresco. Descobrir a diversidade da fauna presente na Fundação Zoológico de Brasília é fonte de encantamento aos pequenos e a muitos pais e mães.
Apesar das inúmeras alternativas encontradas na capital, há quem prefira investir o tempo e a criatividade em atividades domésticas. Hannáh Ramos, 28, desenvolveu uma brincadeira lúdica para fazer com a filha de 2 anos. A enfermeira trabalha em regime de plantão e, em dias alternados, desfruta muitas horas ao lado de Alice.

Ela construiu um quadro com recompensas para contar a história do Natal. “Em dezembro, a escolinha dela já estava falando bastante sobre a data, mas eu não queria que ela conhecesse só sobre o Papai Noel, quis ensiná-la o verdadeiro significado”, conta.

Então Hannáh, para despertar o interesse da filha na hora da leitura, criou um calendário e, a cada dia, havia guardado um agrado. “Coloquei, nos bolsinhos dos dias 1° a 25, um doce ou brinquedinho. Meu esposo e eu nos juntamos e lemos as historinhas bíblicas sobre o Natal para a Alice e ela adora. Ao fim do dia, ela mesma nos lembra de que já é hora de ler”, conta.

Adequando às necessidades dos pais, a educadora Patrícia Guimarães, 54 anos, desenvolve brincadeiras para entreter e instruir as crianças. Ela faz parte do grupo Largo Sorriso, que monta pacotes de atividades pensados caso a caso, levando em consideração a idade e o tempo que passará com a criança. “Trabalhamos com jogos recreativos, brincadeiras populares com o intuito de tirar as crianças da frente dos aparelhos eletrônicos e de acolher a necessidade de cada mãe e filho.”

É importante a convivência entre os pequenos para que, juntos, descubram o universo do faz de conta. “Há casos de crianças com depressão que, quando envolvidos em atividades em conjunto, conseguem sair dessa condição. Elas descobrem um mundo mais bonito, colorido e alegre”, diz Patrícia.

Roteiro
Jardim Zoológico
Horário de funcionamento: Todos os dias, das 8h30 às 17h
Entrada: R$ 10, meia-entrada 
R$ 5. Gratuidade para crianças menores de 6 anos
Endereço: Avenida das Nações, Via L4 sul
 
Planetário de Brasília
Horário de funcionamento: de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 21h, e fins de semana e feriados, das 8h às 20h
Entrada: 1 kg de alimento 
não perecível
Endereço: Setor de 
Divulgação Cultural – Eixo 
Monumental, Brasília
 
Parque Nacional de Brasília
Horário de funcionamento: Todos os dias, das 8h às 16h, com permanência até as 17h
Ingresso: Público geral, R$ 28; brasileiros, R$ 14
Endereço: Rodovia DF-003 (Epia) Km 8,5
 
Colônia de férias 
Planetário de Brasília
Horário de funcionamento: Data provável de 15 a 18 de janeiro
Entrada: 2kg de alimento não perecível
Endereço: Setor de Divulgação Cultural – Eixo Monumental, Brasília
 
Eixão do Lazer
Horário de funcionamento: Todos os domingos e feriados, das 7h às 19h
Endereço: Eixão Norte e Sul
A via é fechada para o trânsito de veículos e aberta a para a população desfrutar o dia. Perfeito para levar a criançada para andar de bike, skate ou uma caminhada tranquila.
 
Teatro no JK Shopping
Horário de funcionamento: Domingos e feriados, das 
15h às 16h
Entrada: gratuita
Endereço: AV. Hélio Prates, QNM 34, Área Especial — M Norte
 
Cinema
Detetives do Prédio Azul 2 — O mistério italiano. Livre.
Aquaman. 14 anos.
Robin Wood — 
A origem. 14 anos.
Animais Fantásticos — Os crimes de Grindelwald. 12 anos.
 
Fórmula Mágica do Natal Caixa
Horário de funcionamento: todos os dias, exceto segundas-feiras. Terça-feira, das 18h às 21h. Quarta a sexta, das 16h às 21h. Fim de semana, das 10h às 21h
Entrada: gratuita
Endereço: Espaço Caixa cultural — Setor Bancário Sul, Quadra 4
 
Domingo é Dia de Teatro — Shopping Iguatemi Brasília
Horário de funcionamento: 23 e 30 de dezembro, às 15h
Entrada: gratuita
Endereço:  Setor de Habitações Individuais Norte CA 4 — 
Lago Norte 
 
* Estagiária sob supervisão de  Mariana Niederauer
 
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Correio Braziliense terça, 18 de dezembro de 2018

TATUAGENS, MOTOS E AMOR

 


Tatuagens, motos e amor
 
 
Tatuadores e integrantes de motoclubes do Distrito Federal se organizam para transformar trabalho e hobby em ações sociais, principalmente no fim do ano

 

Mariana Machado
Especial para o Correio

Publicação: 18/12/2018 04:00

Integrantes do MotoJus apadrinham uma creche para crianças carentes em Sobradinho
 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
)  

Integrantes do MotoJus apadrinham uma creche para crianças carentes em Sobradinho

 

Marcar a pele é rotina para eles. Mas, neste fim de ano, tatuadores de Brasília decidiram marcar também corações. No clima de Natal, alguns profissionais organizaram ações solidárias para ajudar instituições sociais e filantrópicas. Morador da Vila Planalto,  Kim Viegas, 27 anos, propôs, em dois fins de semana, tatuar clientes pelo custo de uma cesta básica, desde que o desenho tivesse menos de 10 cm. As doações vão para a Ampare, Instituição Social que defende os direitos da pessoa com deficiência intelectual e múltipla.
 
Tatuador há três anos, Kim prometeu a si mesmo que quando o negócio deslanchasse, procuraria uma forma de ajudar quem estivesse precisando. Por meio de um grupo de capoeira do qual faz parte, conheceu a Ampare e colocou o plano em prática. “Me falaram que eles precisavam de ajuda. Juntei a fome com a vontade de comer e decidi fazer de última hora. Nem pensei muito”, explica.
 
Kim usou as redes sociais para divulgar a ação e deu tão certo que não conseguiu atender todos. Ele arrecadou mais de 30 cestas. “Essa é a primeira vez que faço, estou aprendendo meio que no processo, mas como é algo que vi que deu muito certo, quero continuar fazendo algo assim todo ano”, comentou o tatuador.
 
Kim Viegas fez tatoos em troca de cestas básicas, em dois fins de semana
 (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press - 12/12/18
)  

Kim Viegas fez tatoos em troca de cestas básicas, em dois fins de semana

 

 
Agasalhos e brinquedos
 
O estúdio South Wing, na Asa Sul, se organizou e fez um flash day (dia em que os artistas separam desenhos para serem tatuados em promoção) no último sábado. Quem doou agasalhos ou brinquedos teve 10% de desconto na tatuagem. Além disso, 10% de todo o dinheiro arrecadado foi para a Escola Maria Teixeira, na zona rural de Luziânia (GO), que oferece aulas gratuitas para crianças especiais, com problemas de locomoção, audição e fala. Eles também têm aulas de estímulo para bebês e alfabetização de adultos. Tudo de graça.
 
A escola foi fundada em 1994 pela tia de um dos tatuadores, Hideki Ohashy, 21. “Eles sobrevivem de doações e ajudam mais de 200 alunos. Recebem contribuições mensais dos padrinhos que se identificaram com a causa”, explica o artista. Ele lembra que em uma conversa no estúdio comentou sobre o trabalho feito em Luziânia e todos se motivaram a ajudar. Dezessete tatuadores e um body piercer participaram da ação.
 
O empresário Diogo Nóbrega, 33, que administra o South Wing, está feliz com o resultado. Segundo ele, a divulgação nas redes sociais deu partida na arrecadação de doações. “Os clientes estão empolgados, o que é muito bom”, ressalta. A diretora da escola, Silvana Vasconcelos está em êxtase com a iniciativa. “Fiquei extremamente emocionada porque isso tem um significado muito grande. É uma grande corrente do bem”, comemora.
 
Equipe do estúdio South Wing: desconto para doadores de agasalhos e brinquedos (Divulgação / South Wing Tattoo
)  

Equipe do estúdio South Wing: desconto para doadores de agasalhos e brinquedos

 

 
Amor sobre rodas
 
Integrantes dos motoclubes também estão engajados nas campanhas sociais. Henrique Vasconcelos, 55, presidente e fundador do MotoJus M.C., formado principalmente por servidores do poder Judiciário do Distrito Federal, explica que o grupo, além de apadrinhar uma creche para crianças carentes em Sobradinho, distribui cestas básicas e participa de ações de outros motoclubes.
 
O projeto envolve os cerca de 20 membros, mais os amigos e simpatizantes. “Queremos desmistificar a ideia de que o motociclista é alheio às questões sociais. Estamos acompanhando e fazendo o que for necessário para dar um norte às crianças para que elas tenham um futuro melhor”, afirma Vasconcelos. Sábado passado, o grupo doou cestas básicas e roupas a uma creche em Águas Lindas (GO).
 
Os Abutres, um dos maiores motoclubes do país e presentes em Brasília há mais de 15 anos, também são solidários. O diretor-regional Celso Firmino, 55, explica que, além da doação de cestas a populações carentes, eles organizam eventos sociais e fazem doação de sangue ao longo de todo o ano. “Tem muita gente precisando, muitos passando fome, sem ter o que vestir, muita gente precisando de atenção, carinho, amor. Acredito que, a gente se juntando para fazer o bem, é vitória de todo mundo”, afirma. Na capital, são cerca de 65 motociclistas abutres. Todos participam das ações de solidariedade.
 
"Queremos desmistificar a ideia de que o motociclista é alheio às questões sociais. Estamos acompanhando e fazendo o que for necessário para dar um norte às crianças para que elas tenham um futuro melhor”
Henrique Vasconcelos, presidente e fundador do MotoJus
 
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Correio Braziliense segunda, 17 de dezembro de 2018

ATO PELA PAZ NA OCTOGONAL

 

Ato pela paz na Octogonal
 
 
Comunidade da Quadra 4 fez uma manifestação para pedir respeito e gentileza, depois que um garoto de 6 anos foi agredido pelos pais de um colega da mesma idade. Homem segurou a vítima para o filho dar um soco

 

» Alexandre de Paula

Publicação: 17/12/2018 04:00

Crianças e adultos fizeram um abraço simbólico no local e soltaram balões brancos, em repúdio à violência (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Crianças e adultos fizeram um abraço simbólico no local e soltaram balões brancos, em repúdio à violência

 



Com cartazes e camisetas brancas, moradores do condomínio da Octogonal 4 (AOS 4), onde um casal agrediu um menino de 6 anos no dia 9, fizeram ontem uma manifestação com pedidos de paz e de respeito. O caso gerou medo entre as crianças e adolescentes que costumavam brincar no espaço e os afastou da área comum. No ato de ontem, moradores buscaram mostrar que o ambiente, apesar do incidente, é de tranquilidade e de repúdio à violência. Para a tia do garoto agredido, Jucinea Nascimento, 43 anos, a manifestação transformou uma atitude de violência em um momento de amor. Foi a primeira vez que o menino desceu à quadra depois da agressão. "Eu me sinto aliviada porque foi uma semana muito difícil para mim e para o meu sobrinho. Queremos deixar esse fato para trás para que as autoridades façam seu trabalho. O mais importante é ver o meu sobrinho acolhido. A comunidade da quadra mostrou hoje que o problema não era ele”.
 
Incentivadas pelos pais, crianças de várias idades brincavam na quadra antes do início do protesto. Vestidos de branco, os adultos penduraram cartolinas e cartazes, alguns deles desenhados pelas próprias crianças, com dizeres como "aqui os grandes respeitam os pequenos", “paz”, “amor” e “gentileza” nos alambrados. Os presentes organizaram um abraço coletivo no centro da quadra em que a agressão ocorreu. Balões brancos foram soltos.
 
Moradora do condomínio há quatro anos, a enfermeira Renata Marques, 40, diz que a intenção do ato é mostrar às crianças que o ambiente continua aberto para elas. "Quando a gente mora em um condomínio assim, busca tranquilidade e ter uma família com os vizinhos. Então, nosso ato é para mostrar para as nossas crianças que tudo continua igual. Passar a mensagem de que o importante é a união".
 
A moradora Luana Gonçalves, 37 anos, acredita que a manifestação representa um recomeço para a comunidade. "A ideia é resgatar o que nos foi tirado: paz, segurança, respeito. Todos nós fomos afetados", acredita. "Não é daquela maneira que se educa ninguém."
 
Câmeras
 
As agressões aconteceram na tarde do último dia 9, quando crianças jogavam bola na quadra esportiva localizada no meio do condomínio. Imagens das câmeras de segurança mostram que o filho do casal tropeçou sozinho, caiu e bateu de boca no chão, enquanto brincava com o menino agredido. O garoto saiu da quadra e voltou, minutos depois, acompanhado pelo pai. 
 
Nervoso, o homem segura a vítima e manda que o filho bata no rosto do colega. Logo depois, a mãe, também alterada, chega ao local e empurra o menino agredido, que cai no chão. As outras crianças que estavam na quadra ficaram acuadas e foram para perto dos alambrados. É possível ver algumas delas chorando nas imagens. 
 
O casal de agressores não mora no condomínio. Eles passavam o dia na casa de parentes e desceram, depois de ver o filho com os ferimentos na boca. Eles acreditavam que a criança havia sido agredida pelo colega. Por meio de nota, o advogado do casal afirmou que os clientes estão arrependidos. 
 
O menino que sofreu a agressão não vive no condomínio. Morador de Feira de Santana (BA), ele passava férias com a irmã de 8 anos na casa da tia Jucinea das Mercês Nascimento. A menina e o filho mais novo de Jucinea, de 9 anos, presenciaram o incidente. O garoto e a irmã devem voltar hoje à Bahia. 
 
Uma assembleia será realizada na próxima quarta-feira para decidir quais medidas legais o condomínio tomará em relação aos agressores. Na semana passada, em reunião emergencial, foi levantada a ideia de uma ação de danos morais, por causa do abalo psicológico sofrido pelas crianças da comunidade. Outro ponto que será analisado é o da suspensão da entrada do casal no condomínio para a proteção das crianças e dos adolescentes. “Tudo será decidido na assembleia de quarta, que é soberana”, disse o síndico da quadra, Mauro Assunção de Camargo. 
 
O homem e a mulher, na esfera criminal, devem ser indiciados por lesão corporal, ameaça e possível constrangimento contra o próprio filho. A Polícia Civil deve concluir o inquérito ainda nesta semana.


"Eu me sinto aliviada porque foi uma semana muito difícil para mim e para o meu sobrinho. 
Queremos deixar esse fato para trás para que as autoridades façam seu trabalho”
 
Jucinea Nascimento, 
tia da criança agredida
 
 
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Correio Braziliense domingo, 16 de dezembro de 2018

LEMBRANÇAS DO PASSADO: À ESPERA DO TREM

 


À espera do trem
 
 
Há 50 anos chegava a Brasília, pela primeira vez, um trem de passageiros. No início da série de reportagens DF sobre trilhos - A glória do passado e a incerteza do futuro, o Correio conta histórias de pessoas para quem esse tipo de transporte significou muito

 

Publicação: 16/12/2018 04:00

 (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  


Expresso de Prata e Minuano, primeiros trens de passageiros, chegam a Brasília (ArquivoCB/CB/D.A Press)  

Expresso de Prata e Minuano, primeiros trens de passageiros, chegam a Brasília

 

 “Toda cidade nasce à margem de um rio, do leito de uma estrada de ferro, de uma rodovia ou à beira do mar. Brasília foi diferente. Nasceu sozinha, no meio do Planalto. Para ter água, o homem fez um lago artificial. Para ter estrada, o asfalto é que veio em sua direção, e como o mar está a mil metros na vertical e a mil quilômetros na horizontal, a solução foi trazer também o trem.”
 
O texto publicado em caderno especial do Correio Braziliense em 24 de abril de 1968 resumia a importância da chegada do trem a Brasília. O meio de transporte era tratado como patrimônio da cidade e aguardado por pelo menos oito anos, quando surgiu a primeira promessa de sua chegada.
 
O fotógrafo Eduardo Roberto Stuckert registrou o momento para a publicação especial. Carregava suas rolleiflex, como de praxe, na pauta mais importante do dia. A cidade parou para ver e o trem não decepcionou: chegou  sem atraso. Delírio, choro, palmas, risos e gritos marcaram o momento. “Vieram a euforia e a emoção”, resume Roberto Stuckert, hoje com 76 anos, que estava ao lado do pai no momento da chegada da locomotiva.
 
Na Brasília repleta de candangos, muitos deles vindos de Minas Gerais e de São Paulo, locais atendidos pela linha férrea, aquele instante representou a esperança. De estar mais perto de casa. De testemunhar o desenvolvimento da cidade que ajudaram a levantar do barro vermelho. Para Stuckert, o filho, o acontecimento foi tão importante quanto o dia da inauguração da nova capital. “O trem foi uma coisa bonita”, afirma.
 
Os moradores, no entanto, só puderam embarcar na locomotiva meses mais tarde. Há exatos 50 anos, em 16 de dezembro, às 12h15, o imponente Expresso de Prata, o mais moderno meio de transporte de passageiros da década de 1960, da então Companhia Mogiana, estacionou na Cidade Livre.
 
Pairava no ar um cheiro adocicado, mistura do aroma de laranja, pipoca e outras comidas vendidas no improviso de grandes eventos. Crianças, mais de 1 mil, corriam pela estação Bernardo Sayão (leia Você sabia?), ao redor e dentro dos vagões, explorando cada centímetro do primeiro trem de passageiros de Brasília.
 
Assim como boa parte da população, Roosevelt Dias Beltrão, 68 anos, hoje comerciante, estava na estação quando o Expresso de Prata chegou. Era gente para todo lado. Mais de 3 mil, segundo os registros da época. “Embarquei no trem algumas vezes. Tinha uma fazenda entre Luziânia e Cristalina (cidades de Goiás próximas de Brasília). Ia de trem pelo prazer de andar de trem. Quando chegava à estação, descia, tomava umas pingas e ia a pé ou chamava alguém para me pegar na rodovia. Era bom demais”, conta.
 
A ligação dele com o Expresso de Prata começou porque o pai, Djalma da Fonseca Beltrão, foi condutor de trem. Era ele quem picotava os bilhetes, fiscalizava os vagões e dava a ordem para a partida. A convite do Correio, Roosevelt refez a viagem, de carro.
 
A primeira parada é a própria estação Bernardo Sayão. Afastados da via, a cobertura e a sequência de bancos de madeira de frente para os trilhos não deixam dúvidas do passado. “Era a chegada do progresso, a ligação de Brasília com São Paulo e com o Rio Grande do Sul. E representou um frete até 40% mais barato. Eu tinha uma adega de vinhos e queijos. As mercadorias demoravam até um mês e meio para chegar. Porém, valia a pena. Foi bom para os negócios de todo mundo.”

Roosevelt e Mário se lembram com carinho da época em que as locomotivas transportavam passageiros (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Roosevelt e Mário se lembram com carinho da época em que as locomotivas transportavam passageiros

 



Dorinha e Lázaro se reencontraram na região próxima aos trilhos que chegam ao Distrito Federal (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Dorinha e Lázaro se reencontraram na região próxima aos trilhos que chegam ao Distrito Federal

 

 
O progresso chegou
 
Aos 96 anos, Mário de Almeida já fez de tudo um pouco. O primeiro emprego foi na então Estrada de Ferro Central do Brasil. Começou como agente de estação, uma espécie de faz-tudo, e terminou como diretor comercial da Rede Ferroviária Federal, fundada em 1958. Na tarde de 16 de dezembro de 1968, ele estava entre as quase 3 mil pessoas à espera do trem. “Onde chega a ferrovia, chega o progresso. Ouvi isso de um caipira uma vez e nunca esqueci. É a mais pura verdade. O abandono dos trilhos foi uma péssima decisão. É lamentável”, resume o homem de voz firme e passos lentos, apoiados por uma bengala.
 
Ele embarcou uma única vez no Expresso de Prata. De Brasília a Araguari, viajou no vagão leito, com camas. De Araguari para São Paulo, no compartimento com poltronas acolchoadas na cor vermelha. Havia ainda um terceiro vagão, onde as cadeiras eram de madeira. “Tinha restaurante, bebida, era uma viagem muito confortável e tranquila para quem não tinha pressa de chegar”, conta Mário.
 
Saudade
 
Da Bernardo Sayão, a reportagem segue pela BR-040 por aproximadamente 100km. À esquerda, uma estrada estreita e, logo à frente, uma sequência de casas uma ao lado da outra, mesmo modelo, pouca variação nas cores e a poucos metros dos trilhos. É a Estação Calambau. A figura de José Martins Duarte, 80 anos e seis meses, como faz questão de frisar, chama a atenção. Baixo, corpo franzino, chapéu na cabeça e uma enxada na mão, ele arranca o mato próximo do trilho. “Trabalho aqui, não. Plantei umas sementes de abóbora logo ali e estou tirando mato”, resume.
 
Logo outras pessoas aparecem. Entre elas, Dorinha Taveira Rosa e Lázaro Paulino Neto, ambos de 65 anos. Um casal de namorados, cujas vidas se entrelaçaram há mais de 40 anos, mas só se juntaram agora. O finado marido de Dorinha, com quem ela teve dois filhos, era empregado da companhia de trem.
 
Já Lázaro chegou ali com o pai quando tinha apenas 7 anos. “Meu pai era o ‘faz- tudo’ na estação. Aqui fiz amigos, namorei, mas nunca casei. Agora estamos juntos”, conta Lázaro, olhando para Dorinha. “A avó dele, a dona Rita, era benzedeira. Morava ali pra cima”, aponta Dorinha para o alto do morro, agora ocupado apenas pelo cerrado.
 
Dorinha ficou viúva há 28 anos. Saiu da vila, mas não aguentou de saudade do lugar onde viveu quase a vida toda. Voltou para a casa herdada do finado marido e, um tempo depois, reencontrou Lázaro, que vive na residência que foi do pai dele, ex-funcionário da estação. O amor floresceu. “Eu sinto muita saudade (do trem de passageiros). Muita mesmo! Isso aqui era cheio de gente. Tinha o barzinho ali e a bilheteria era lá (diz apontando para dois quadrados na parede)”, relembra Lázaro. “Se ele (trem) voltasse a circular, eu visitaria meu neto em Catalão e meu filho em Brasília. Nossa, eu fico emocionada só de pensar”, completa Dorinha, com a voz embargada.
 
O cheiro de goiaba e manga madura, aos montes nos pés e debaixo das árvores, perfumam o caminho, da primeira casa até o prédio abandonado da estação. Segurando a mão de Dorinha, Lázaro também se emociona. “Os melhores momentos da minha vida, eu vivi aqui.” Ele faz uma pausa, olha em volta, e continua. “Ainda sou muito feliz. Eu a encontrei e estamos bem. Mas olha, menina, esse trem, ele tem que voltar a circular. Ele mexe com isso aqui, traz vida, ajuda a economia do povo.”
 
Quando começam a conversar sobre o passado, Lázaro recorda-se de quando Roosevelt Beltrão frequentava a estação. Eles mencionam pessoas e descobrem que muitas já morreram. “É uma alegria e uma tristeza estar aqui. Reviver os tempos de glória e ver tudo abandonado é lamentável”, diz Roosevelt olhando em direção à sucata de uma máquina usada para levantar os trilhos durante os reparos e uma prancha — nome técnico para uma caixa de metal onde se transporta mercadorias pelos trilhos.


Você sabia?
 
A Estação Bernardo Sayão fica na região administrativa do Núcleo Bandeirante. O local foi um dos principais acampamentos durante a construção de Brasília. Naquela época, era chamado de Cidade Livre. As primeiras casas foram construídas em novembro de 1956 e seu destino era ser um entreposto comercial para fornecer alimentos, equipamentos, materiais de construção e produtos de primeira necessidade e serviços para os candangos. Ganhou o “apelido” de Cidade Livre pela isenção de impostos. Além dessa versão oficial, há outra, contada por quem construiu  Brasília: a qualquer hora que se chegava, o comércio estava aberto e caminhões eram carregados e descarregados de mercadorias, dia e noite.
 
Fonte: Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) e relatos orais de pioneiros de Brasília.

Agradecimento: Francisco Lima Filho/Cedoc/CB e Arquivo Público do Distrito Federal
 
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Correio Braziliense sábado, 15 de dezembro de 2018

O BRILHO DO NATAL: BRASÍLIA CHEIA DE LUZ

 


O brilho do Natal
 
 
Brasilienses seguem tradição de enfeitar as fachadas de casas e prédios, além de quadras inteiras, enquanto o GDF investe em projeções ao longo do Eixo Monumental e da Esplanada dos Ministérios

 

» Cézar Feitoza
» Especial para o Correio
» Isabela Guimarães*


* Estagiária sob a supervisão de Renato Alves

Publicação: 15/12/2018 04:00

Jardim do Bloco D da 210 Sul: ambiente criado pelos moradores (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  

Jardim do Bloco D da 210 Sul: ambiente criado pelos moradores

 

 
Enfeitar a casa com elementos natalinos é tradição para a contadora Zélia Gadelha, 65 anos. Ela mora no Lago Norte há 15 anos e, desde então, ornamenta o lado interno da residência com árvore de Natal, bonecos e presépio. O lado externo não deixa a desejar, tem rena e Papai Noel descendo do segundo piso para baixo. “É a única festa que não abro mão, o nascimento de Cristo. É uma homenagem a Jesus,” destaca.

Na decoração, Zélia coloca os mais diversos tipos de Papais Noéis em casa: da figura tradicional do Bom Velhinho aos modernos, com guitarra e bicicleta. A jornada de preparação dos enfeites começa no início de dezembro e todo ano tem novidades. “Pesquiso muito. Procuro diversificar com novas ideias e alternar as cores dos adereços,” observa. As cores escolhidas para este Natal são o dourado e o branco.

Na 210 Sul é tradição o jardim ficar iluminado nesta época do ano. Síndico do Bloco H há pouco mais de um ano, Frederico Wolney acredita que a ação cria um ambiente festivo. “Isso motiva as pessoas a enfeitarem as casas, aumenta a presença dos moradores no pilotis, gera maior socialização”, afirma. Para o Natal que se aproxima, a novidade no endereço é uma iluminação personalizada na identificação do nome do Bloco H.

Há quem perceba um Natal mais acinzentado. O aposentado Clemilton Cavalcante, 59 anos, costumava ver as luzes e enfeites natalinos nas semanas que antecedem a data, de carro, com a mulher e o filho. “A minha mulher exigia e o meu filho, amava. A gente passeava por todo o Plano Piloto e ficava apaixonado com as luzes”, conta. Cláudia, 53 anos, Danilo Cavalcante, 22, e o pai deixaram o ritual de lado quando perceberam a cidade sem cor. “Nos últimos anos, sinto que as coisas ficaram tão rápidas que não temos mais tempo para preparar um Natal mais vistoso”, relata.

Circulando entre as quadras do Plano Piloto, percebe-se tímidas luzes piscando pelos pilotis e janelas dos prédios. Alguns síndicos arriscam instalar enfeites maiores, como papais noéis, renas e presépios pelos condomínios. Nada que chame a atenção de Clemilton. “As pessoas estão um pouco cinzas mesmo. Talvez esse contexto todo dos últimos anos tenha feito o brasileiro perder um pouco dessa alegria. O Natal reflete muito isso”, comenta o rapaz.
 
Projeções
 
O governo local investiu R$ 2,2 milhões na iluminação de oito pontos turísticos da capital: Esplanada dos Ministérios, Congresso Nacional, Palácio Itamaraty, Catedral Metropolitana, Museu Nacional, Biblioteca Nacional, Teatro Nacional e Torre de TV. Em três deles  (Biblioteca Nacional, Teatro e Itamaraty), há projeções de símbolos natalinos. Com 10 minutos de duração, elas acontecem diariamente, até o dia 25, a partir das 19h,  a cada 30 minutos, até 23h.

A Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo segue com programação do Auto de Natal, em cinco regiões administrativas (veja Calendário), sempre às 20h. Além de ouvir a história, a população pode tirar foto com o Papai Noel e levar o retrato na hora.

Lateral da Biblioteca Nacional: edifício é um dos três que recebem projeção todas as noites, a partir das 19h (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  

Lateral da Biblioteca Nacional: edifício é um dos três que recebem projeção todas as noites, a partir das 19h

 




Calendário
 
Confira dia, hora e local das apresentações do Auto de Natal:
 
15/12 Águas Claras, Praça da Quadra 300
16/12 Plano Piloto, Torre de TV
17/12 Planaltina, Setor Tradicional, Praça Muniz
18/12 Recanto das Emas, Estacionamento da Castelo Forte
19/12 Gama, Estacionamento do Estádio do Gama
 
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Correio Braziliense sexta, 14 de dezembro de 2018

CASAL QUE AGREDIU CRIANÇA VAI RESPONDER POR LESÃO CORPORAL E AMEAÇA

 

Casal vai responder por lesão corporal e ameaça
 
Delegada afirma não ter dúvida da culpa de homem e mulher filmados agredindo uma criança de 6 anos em uma quadra de esportes da Octogonal. Inquérito deve ser finalizado na próxima semana

 

» ISA STACCIARINI
» WALDER GALVÃO

Publicação: 14/12/2018 04:00

 

 
 
O casal que agrediu um menino de 6 anos na quadra de esportes de um condomínio na Octogonal 4 (AOS 4), no último domingo, vai ser indiciado por lesão corporal, ameaça e possível constrangimento contra o próprio filho, pois o homem ordenou que o garoto batesse no rosto da vítima. Caso condenados, pai e mãe podem receber uma pena de três meses a um ano de prisão apenas pela lesão corporal, com o agravante da vítima menor de 14 anos. O inquérito deve ser concluído até o fim da semana que vem.

O caso se tornou público após o site do Correio exibir, na quarta-feira, as imagens das agressões, gravadas por câmeras de segurança do de um dos prédios vizinhos e do condomínio. A tia da vítima registrou ocorrência no mesmo dia. Responsável pela investigação, a delegada Patrícia Bozolan, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), afirma que a sequência gravada não deixa dúvidas. “As imagens são inquestionáveis e inequívocas quanto à ação do pai e da mãe da outra criança durante as agressões à vítima”, ressalta.

Agora, agentes da DPCA tentam reunir o maior número possível de testemunhas. Ao menos outras 10 crianças e adolescentes aparecem nas imagens presenciando as agressões. Um adulto, que estava na piscina próxima à quadra, socorreu a vítima. O menino, que mora em Feira de Santana (BA) e passa férias na casa da tia que mora no condomínio, também será ouvida. “A vítima foi encaminhada ao IML (Instituto de Medicina Legal) e o próximo passo será ouvir as testemunhas e os autores”, explica Patrícia Bozolan.
 
Flagrante
 
O vídeo mostra meninos e meninas jogando futebol na quadra na tarde de domingo. Um dos garotos tropeça na bola e cai, ao lado de outro. O menino que tropeçou sai de cena. Minutos depois, ele volta com o pai, que segura uma sandália. Nervoso, o homem imobiliza a criança que estava ao lado do filho, que bate no rosto do colega. Também alterada, chega uma mulher, a mãe. Ela empurra o menino agredido, que cai no chão. No momento das agressões, outras crianças estão acuadas no alambrado da quadra. Algumas aparecem nas imagens chorando.

Os adultos agressores, que não moram no condomínio, passavam o dia na casa dos avós maternos, moradores de um dos blocos da Octogonal 4. Chorando, o filho do casal subiu até o imóvel, com sangramento na boca. O pai e a mãe logo desceram com a criança, acreditando que ela havia sido agredida. Testemunhas contam que o homem segurou os braços do menino suposto agressor para que o filho dele desse um soco no rosto do colega.

A delegada considerou o caso atípico. “Temos episódios de pais que tomam as dores dos filhos, mas por meio de satisfação verbal e ameaça. Não por agressão física, como o que aconteceu”, comenta Bozolan. O casal agressor mora em Águas Claras. O Correio esteve no endereço, mas, pelo interfone, uma mulher disse que ninguém daria entrevista. A reportagem também tentou contato com os avós, mas eles também não se posicionaram, alegando seguir recomendação de um advogado. A tarde, o jornal ligou para um dos telefones da família e uma pessoa disse que anotaria os contatos para retornar, mas não telefonou até o fechamento desta edição.
 
Conselho Tutelar
 
O Conselho Tutelar do Sudoeste vai representar hoje o caso ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Vara da Infância e da Juventude (VIJ).   Na manhã de ontem, conselheiros tutelares estiveram no condomínio para se inteirar do caso e ouvir duas partes. Para a conselheira Lucinete Ferreira de Andrade, houve agressão à vítima e à criança obrigada a agredi-la. “Faremos uma representação o mais rápido possível, ainda mais porque o menino (que foi segurado pelo adulto) não mora no Distrito Federal. O Conselho Tutelar da Bahia também acompanhará a situação”, frisou Lucinete. A punição pode ir de multa a prisão.

Tia do menino agredido, Jucinea das Mercês Nascimento, 43 anos, disse que ele está muito assustado. “Ele não fez nada de errado, por isso não esperava nenhum tipo de punição. Isso foi o que mais pesou para ele”, comentou. A vítima veio a Brasília com a irmã, de 8 anos, passar férias com Jucinea e o filho dela, de 9 anos. A tia disse que a mãe do garoto, que está na Bahia, chora a todo momento e está preocupada com o filho, que voltará ao estado de origem na segunda-feira. O Correio entrevistou a mãe da vítima, Jucimara das Mercês Nascimento, 38 anos, servidora pública federal. Ela disse estar muito preocupado com os filhos, pois a menina de 8 anos presenciou as agressões ao irmão. No vídeo, a garota aparece, acuada e roendo as unhas. O primo da vítima também é visto nas imagens, sentado na beira da quadra, chorando.

 (Reprodução/Internet)

 

 

 (Reprodução/Internet)

 

 

Câmera de segurança de prédio vizinho mostra as a violência sofrida pelo menino, após uma brincadeira na quadra em que o filho dos agressores machucou a boca (Reprodução/Internet)

 

Câmera de segurança de prédio vizinho mostra as a violência sofrida pelo menino, após uma brincadeira na quadra em que o filho dos agressores machucou a boca

 



Depoimento

“Foi tudo muito triste”


“Choro muito. Durante a noite, não consigo dormir nem ficar tranquila com toda essa situação constrangedora, desnecessária e violenta. Foi tudo muito triste. Meu filho retorna na segunda-feira junto da minha outra filha, de 8 anos, que presenciou tudo. Eles voltam para o seio de amor da família, de carinho. Ele sempre foi muito bem protegido pela gente, nunca apanhou, nunca levou um tapa de ninguém durante toda essa criação.

Espero aproveitar ao máximo esse tempo para dar muito carinho a ele. Quero que meu filho fique com a sensação de que o mundo é de muito amor e não de violência. Toda a família e os colegas estão consternados.
Uma das coisas que me deixa mais preocupada é que a irmã de 8 anos presenciou tudo. Ela é uma criança e eu percebo, no vídeo, a inquietação por parte dela em não poder fazer muito pelo irmão. Sei que vou ter que levá-los a fazer um tratamento para superar isso, assim como eu.

Para mim está sendo muito difícil. Essas imagens ficarão gravadas na minha memória por um bom tempo. Acho que agora eles (o casal agressor) devem estar bem arrependidos. Pelo menos, espero isso”.
 
Jucimara das Mercês Nascimento, servidora pública federal, mãe da criança agredida na Octogonal
 
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Correio Braziliense quinta, 13 de dezembro de 2018

PAPAI NOEL CHEGA A CEILÂNDIA

 


Papai Noel chega a Ceilândia
 
 
O Natal chegou foi antecipado para crianças da Escola Classe 8. Além dos presentes, elas ganharam uma festa completa, com direito a show de dupla sertaneja

 

» Isabela Guimarães*

*Estagiária sob a supervisão de Renato Alves

» Isabela Guimarães*

Publicação: 13/12/2018 04:00

Beatriz Vitória, de 15 anos, ganhou uma cadeira motorizada, avaliada em R$ 11 mil, que a família não tem condições de comprar
 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  

Beatriz Vitória, de 15 anos, ganhou uma cadeira motorizada, avaliada em R$ 11 mil, que a família não tem condições de comprar

 

 
Para 570 crianças de 4 a 10 anos da Escola Classe 8 de Ceilândia, o Natal chegou com 12 dias de antecedência. Levado pelos Correios, o Papai Noel apareceu na quadra de esportes do colégio, na tarde de ontem, e entregou presentes a todas elas. Teve ainda pipoca, algodão-doce, cachorro-quente e refrigerante.

O Bom Velhinho se sentou em uma cadeira e começou a chamar as crianças, para entregar os presentes. Tinha bola, skate, boneca, bicicleta, instrumentos musicais e até uma cadeira de rodas motorizada.

A cadeira era para Beatriz Vitória Evangelista dos Santos, 15 anos. Bia, como é conhecida, nasceu sem os movimentos das pernas. No dia em que os alunos se reuniram para escrever as cartinhas para o Papai Noel, ela faltou à aula por problemas de saúde. Mas uma colega, Heloísa Lima de Souza, 9 anos, escreveu a carta dela para o Bom Velhinho, sem contar para a amiga. “Ela é muito especial, não só fisicamente, mas como amiga”, afirmou Heloísa.

Segredo guardado até ontem, quando Bia recebeu a cadeira de rodas, avaliada em R$ 11 mil. “Nem sei explicar o que senti. Fiquei muito, muito, muito feliz. Essa cadeira é melhor que a outra (que ela usava), porque vai ser mais confortável,” comemorou. Neste ano, ela também ganhou uma festa de 15 anos surpresa, na escola.

O professor Weslley Santos leciona para a turma de Bia, do 4º ano. Em outubro, quando a equipe dos Correios pediu para os estudantes escreverem as cartas, o docente ensinou a produção de texto com o tema de diversidade e igualdade. “Entre as escolhas que os alunos imaginaram que a Bia mais precisasse estava a cadeira motorizada”, contou.

A família de Bia mora perto do colégio. Após ela receber a cadeira, uma das monitoras chamou a avó da adolescente, Maria Evangelista dos Santos, 64, que cuida de Beatriz e os três irmãos da menina, desde 2014, quando ficaram órfãos de mãe. “É uma felicidade grande, porque eu não tinha condição de comprar (a cadeira). A gente vive com um salário mínimo, paga aluguel. Vai ajudar muito dentro de casa e para ela vir para a escola,” ressaltou a avó, em lágrimas.

Estudante do 4º ano, Lívia Silva de Andrade, 9, pediu uma sandália e um kit para fazer slime, um tipo de massinha caseira. “Estou tremendo de alegria. É um sonho!” comemorou. Outra criança que saiu com presente da escola foi o aluno Lucas Vitor Farias Gomes, 6 anos. Ele ganhou um Beyblade, um pião tecnológico tradicional da cultura japonesa. “Nunca tinha ganhado um brinquedo desse. Estou muito feliz”, festejou.

Lívia, 9 anos, ganhou uma sandália e um kit para fazer slime, um tipo de massinha caseira (Marilia Lima/CB/D.A Press)  

Lívia, 9 anos, ganhou uma sandália e um kit para fazer slime, um tipo de massinha caseira

 



Música
 
Além do Papai Noel, dos presentes e dos comes e bebes, a festa de ontem teve apresentação musical da dupla sertaneja Pedro Paulo e Matheus. “É uma honra, nos torna pessoas melhores. A gente vê o resultado, a felicidade das crianças, o sorriso encantador. Essa alegria é impagável, é isso que nos move”, destacou Pedro Paulo. “A melhor coisa que tem é chegar aqui e ver a alegria, todo mundo querendo ver o Papai Noel”, completou Matheus.

A Escola Classe 8 foi uma das 56 instituições do Distrito Federal escolhidas para receber a campanha do Papai Noel dos Correios este ano. O projeto vai atender 18,3 mil cartas enviadas por moradores da capital. Duas das 30 turmas da Escola Classe 8 são compostas por alunos com deficiências múltiplas. Bia estuda em uma turma inclusiva.

Essa foi a primeira vez que a escola de Ceilândia recebeu o evento dos Correios. “É uma ponte entre pessoas até então desconhecidas e a história dessas crianças. As pessoas se sensibilizaram com a carta de cada uma e isso vai fazer uma grande diferença na vida delas”, destacou a vice-diretora da unidade de ensino, Gabriela Carvalho de Sousa Feitosa.
 

Para saber mais
 
Projeto tem 29 anos
 
O Papai Noel dos Correios visa atender crianças em situação de vulnerabilidade social. A campanha ocorre há 29 anos e, desde 2010, os Correios incluíram as cartas de crianças das escolas da rede pública de ensino — até o 5º ano do ensino fundamental —  e de instituições parceiras, como creches, abrigos, orfanatos e núcleos socioeducativos. Este ano, o prazo para adotar uma cartinha e doar um presente acabou em 1º de dezembro.
 
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Correio Braziliense quarta, 12 de dezembro de 2018

TIROS DENTRO E IGREJA DEIXAM CINCO MORTOS

 

Tiros dentro de igreja deixam cinco mortos
 
Portando uma pistola e um revólver, atirador entrou na Catedral Metropolitana de Campinas (SP) após a missa e disparou contra os fiéis. Quatro morreram. Com a chegada da polícia, cometeu suicídio. Quatro feridos foram encaminhados a hospitais

 

» INGRID SORES - ESPECIAL PARA O CORREIO
» ANDRESSA PAULINO*

Publicação: 12/12/2018 04:00

Prefeitura da cidade decretou luto oficial de três dias. Episódio reacende discussão sobre porte de armas (Ari Ferreira/AFP)  

Prefeitura da cidade decretou luto oficial de três dias. Episódio reacende discussão sobre porte de armas

 



O Brasil possui 8,5 milhões de armas ilegais circulando nos estados, segundo o Anuário de Segurança Pública.  Duas delas podem ter ido parar nas mãos de Euler Fernando Grandolpho, 49 anos, que abriu fogo contra fiéis dentro da Catedral Metropolitana de Campinas (SP) no início da tarde de ontem. O que era para ser o fim de uma missa tranquila transformou-se numa tragédia que culminou na morte de cinco pessoas: Sidnei Vitor Monteiro, de 39 anos, José Eudes Gonzaga, 68, Cristofer Gonçalves dos Santos, 38, e Eupídio Alves Coutinho, 51, além do próprio atirador, que cometeu suicídio.

Quatro pessoas ficaram feridas, das quais uma se encontra em estado grave. Segundo a gerente de uma loja em frente à catedral, Laura Ishisaki, 55 anos, tudo aconteceu de maneira muito repentina. “Ouvimos vários tiros, mais de 20, e ficamos assustados, sem saber o que fazer. Então, pedimos que as pessoas que estavam dentro da loja não saíssem e tentamos abrigar os que estavam saindo da igreja.”

“Há muitos anos, trabalho nessa área, que sempre foi muito calma, nunca tínhamos nos deparado com algum episódio parecido. Até porque tem um posto policial por perto, e a Polícia Militar faz rondas frequentes”, acrescentou Laura. “É muita falta de amor alguém fazer isso. É preocupante. Que Deus tenha misericórdia das famílias”, lamentou.

Por volta de 13h20, equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu foram enviadas para socorrer os feridos. Jandira Prado Monteiro, de 65 anos, sofreu lesões na mão direita, no tórax e na clavícula. Ela foi socorrida no Hospital Mário Gatti e está fora de perigo, mas em observação. Para o mesmo hospital foi encaminhado Heleno Severo Alves, 84, atingido no tórax e no abdômen. Após cirurgia, Alves foi levado para a UTI, em estado grave.

Baleada em uma das pernas, Maria de Fátima Frazão Ferreira, de 68 anos, foi levada ao Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O quadro dela era estável, segundo relatório médico. O quarto ferido, um homem de 64 anos, foi atingido por dois tiros de raspão, recebeu socorro no Hospital Beneficência Portuguesa e teve alta ainda ontem.

O major Paulo Monteiro Filho, subcomandante do 7ª grupamento de Bombeiros de Campinas, disse que, em 20 anos de profissão, nunca viu nada parecido. “Como ficamos próximos ao local, fomos a pé e encontramos os corpos caídos no chão. O Samu fazia o atendimento dos feridos. Segundo testemunhas, Euler entrou sem falar nada. Ficou sentado por um tempo e depois atirou. Ele estava com uma pistola 9mm e um revólver .38. Chegou a usar dois carregadores e tinha mais dois no bolso. Em cada um cabem 11 balas. Ou seja, deu, ao menos, 22 tiros. A situação teria sido pior caso a polícia não tivesse chegado. Seria uma execução total. A maioria, de senhores de idade”, avaliou.

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo



 (Fernando Lopes/CB/D.A Press - 11/11/14)  

  • Outros episódios no Brasil

    Estudante atira contra colegas em escola
    » No dia 20 de outubro de 2017, um estudante de 14 anos do Colégio Goyases, em Goiânia, sacou uma arma no intervalo entre as aulas e atirou contra seus colegas em uma sala do 8º ano. Dois adolescentes de 13 anos morreram no local. Outros quatro alunos também foram atingidos, mas escaparam com vida. Filho de policiais militares, o atirador foi detido e encaminhado para uma unidade de internação.

    Doze mortos durante festa de réveillon
    » Durante as comemorações da virada do ano, em 31 de dezembro de 2016, o técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo, 46 anos, matou o filho, a ex- mulher e mais 10 pessoas que celebravam na casa de uma das vítimas, em Campinas, no interior do estado. Depois de atirar nos convidados, Araújo se matou. O crime, segundo a polícia, ocorreu porque ele não aceitou perder a guarda do filho.

    Massacre deixa 12 mortos em Realengo
    » Em abril de 2011, o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio, e matou 12 crianças. O homem de 23 anos estava armado com dois revólveres. Treze ficaram feridos. Oliveira foi interceptado por policiais e cometeu suicídio.

    Jovem atira contra plateia de cinema
    » Em novembro de 1999, o ex-estudante de medicina Mateus da Costa Meira, entrou em uma sala de cinema do Morumbi Shopping, na zona sul de São Paulo, e atirou contra a plateia de 66 espectadores. Ao todo, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas.

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Correio Braziliense terça, 11 de dezembro de 2018

BOLSONARO É DIPLOMADO E APELA À CONCILIAÇÃO

 


Bolsonaro é diplomado e apela à conciliação
 
 
Durante a cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral, Jair Bolsonaro diz que será presidente de %u201C210 milhões de brasileiros%u201D, a partir de 1º de janeiro, garante o respeito à Constituição e afirma que quer dirigir um país em que todos sejam tratados de forma igual

 

» RENATO SOUZA
» SIMONE KAFRUNI
» DENISE ROTHENBURG

Publicação: 11/12/2018 04:00

Ao lado do vice, Hamilton Mourão, Bolsonaro preferiu não repetir as críticas que fez ao TSE durante as eleições e elogiou o órgão pela organização (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Ao lado do vice, Hamilton Mourão, Bolsonaro preferiu não repetir as críticas que fez ao TSE durante as eleições e elogiou o órgão pela organização

 



A complexidade dos desafios que tem pela frente, tanto em assuntos relacionados ao cargo de chefe do Executivo, quanto da articulação política necessária para garantir a governabilidade, fez com que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, construísse um discurso recheado de defesas em nome da união entre os brasileiros. E fixou os objetivos que pretende seguir assim que tomar posse, em janeiro. Em uma cerimônia com mais de 700 convidados, lotada por autoridades dos Três Poderes, Bolsonaro e seu vice, general Hamilton Mourão, foram diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A medida é necessária para que eles estejam aptos a assumirem o cargo.

Mourão foi o primeiro a receber o diploma, mas não discursou. Em seguida, ao lado da presidente da Corte, ministra Rosa Weber, Bolsonaro falou para o contingente que o elegeu e também para quem não o apoiou. “Agradeço, especialmente, aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com o seu voto. Aos que não me apoiaram, peço a sua confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país”, disse. O presidente eleito defendeu um país onde todos sejam tratados de forma igual, sem que ocorra diferenciação nas ações do Estado em relação aos aspectos pessoais. “A partir de 1º de janeiro, serei o presidente de 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos, sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade ou religião”, completou.

A expectativa sobre o discurso no TSE era grande, uma vez que, durante a campanha, Bolsonaro questionou mais de uma vez a segurança do sistema de votação e a legitimidade da urna eletrônica. O presidente eleito preferiu apelar à conciliação: exaltou a integridade do pleito e agradeceu à Justiça Eleitoral pela organização do ato. “Senhora ministra Rosa Weber, senhores ministros do TSE, senhoras e senhores, que esse trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo eleitoral seja um exemplo da união em prol do Brasil. Com o apoio e o engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro. Vamos resgatar o orgulho pelas cores da nossa bandeira e pela força do nosso hino”, ressaltou.

Bolsonaro saiu vencedor das eleições realizando uma campanha com base na difusão de propostas por meio das redes sociais. Com apenas oito segundos de tevê no primeiro turno, e impedido de sair às ruas para o corpo a corpo com o eleitorado em razão da facada que levou em Juiz de Fora, em 6 de setembro, o presidente eleito usou a internet para transmitir seu plano de governo para os brasileiros. Durante a cerimônia no TSE, ele disse que o resultado do pleito revela que o “poder popular não precisa mais de intermediação”.

De acordo com o presidente eleito, as novas formas de comunicação permitem que o cidadão participe diretamente das decisões do governo, e possa expressar suas necessidades diretamente aos candidatos e eleitos. “O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição”, afirmou.

Discussões

As recentes discussões entre integrantes do PSL, partido de Bolsonaro, dominaram os debates na plateia. O futuro ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, afirmou que a briga entre os integrantes da sigla é extremamente negativa. Ele criticou os conflitos internos da legenda, que ocorreram principalmente por meio do Twitter e WhatsApp. Os filhos de futuro chefe do Executivo protagonizaram discussões acaloradas com parlamentares da próxima legislatura, como com o deputado federal Julian Lemos.

Para Bebiano, a maioria dos parlamentares do partido foram eleitos por conta do efeito Bolsonaro, e devem focar em assuntos que são de interesse do país. “Acho que o partido tem que estar unido. Precisa haver uma conscientização por parte da cada um. Se não fosse a onda Bolsonaro, a maioria não teria se elegido. Estão começando uma vida nova. Brasília é um ambiente inóspito. Pato novo não mergulha fundo”, disse.

Discurso de Jair Bolsonaro na diplomação

Em primeiro lugar, eu quero agradecer a Deus por estar vivo e também por esta missão à frente do Executivo. Tenho certeza que, ao lado d’Ele, venceremos os obstáculos. Parabenizo aqui a família da Justiça eleitoral pelo excelente trabalho realizado nas eleições de outubro. A cada um de vocês, integrantes do TSE, dos tribunais regionais eleitorais, das Forças Armadas, mesários, expresso meu muito obrigado e meu reconhecimento por essa demonstração de civismo e amor ao Brasil.

Hoje, eu e meu contemporâneo general Hamilton Mourão recebemos nossos diplomas. Trata-se do reconhecimento de que o povo escolheu seus representantes. Pessoas livres e justas, como determina nossa Constituição. Não poderia estar mais honrado com a consciência demonstrada pelo povo brasileiro. Essa vitória não é só minha.

O caminho que me trouxe aqui foi longo e nem sempre foi fácil. Durante minha vida pública como militar, vereador e deputado federal, sempre me coloquei pela defesa dos valores da família, pelos interesses do Brasil e pela soberania nacional. Orientei a plataforma da minha campanha à Presidência da República pela defesa desses valores. A todos aqueles que me apoiaram e confiaram na minha capacidade, o meu muito obrigado. Agradeço com carinho à minha família, minha mãe, Olinda, ainda viva com 91 anos, minha esposa Michelle, meus filhos Flávio, Carlos, Eduardo e Renan e minha querida filha Laura.
Nada disso teria sido possível sem o apoio incondicional de vocês. Agradeço também a todos que acreditaram e estiveram comigo desde o início de minha trajetória. Nos momentos felizes, mas sobretudo nos momentos difíceis. Essa vitória é de todos nós. Agradeço muito especialmente aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com seu voto. 

Aos que não me apoiaram, peço sua confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país. A partir de 1º de janeiro, serei presidente dos 210 milhões de brasileiros.
Governarei para todos sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade, ou religião. Com humildade, e tendo fé em Deus para iluminar minhas decisões, me dedicarei ao objetivo que nos une: a construção de um Brasil próspero, justo, e que ocupe o lugar que lhe cabe entre as grandes nações do mundo. Esse é o nosso norte. Esse é o nosso compromisso.

Somos uma das maiores democracias do mundo, 120 milhões de brasileiros compareceram às urnas de forma pacífica e ordeira. Respondemos ao dever cívico do voto. Devemos nos orgulhar dessa conquista. Em um momento de profundas incertezas em várias partes do globo, somos o exemplo de que a transformação pelo voto popular é possível. Esse processo é irreversível. Nosso compromisso com a soberania do voto popular é inquebrantável. Os desejos de mudança foram expressos de forma clara nas eleições. A população quer paz e prosperidade. Nossa gente é trabalhadora. Temos todos a esperança de uma vida digna. Gente que não mede esforços para obter o sustento de seus familiares, que precisa de um governo que garanta condições adequadas para desenvolver seu potencial.

A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a ruptura com práticas que atrasaram nosso progresso. Não mais à corrupção. Não mais à violência, às mentiras e à manipulação ideológica. Não mais submissão do nosso destino a interesses alheios; não mais mediocridade complacente em detrimento do nosso desenvolvimento. Todos conhecemos a pauta histórica: segurança pública, combate ao crime e igualdade de oportunidades com respeito ao mérito e ao esforço individual.

Todos sabemos disso, mas não conseguimos ainda oferecer isso à população como dever do Estado. Nosso dever é transformar os anseios em realidade. Nossa obrigação é oferecer um Estado eficiente, que faça valer a pena os impostos pagos pelo contribuinte. Nossa obrigação é dar garantia que os brasileiros regressem bem após um dia de trabalho. Nosso dever é criar condições para que o empreendedor crie empregos e gere renda ao trabalhador. Tenho plena consciência dos desafios que se colocam entre nós. Trabalharei com afinco para que, daqui a quatro anos, possamos olhar para trás com orgulho pelo caminho trilhado em benefício do nosso amado Brasil.

Senhoras e senhores, vivenciamos novo momento. As eleições de outubro revelaram uma realidade distinta das práticas do passado. O poder público não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição. Diferenças são inerentes a uma sociedade múltipla e complexa como a nossa. Mas há ideais que nos unem: o amor à pátria e o compromisso da construção de um presente de paz e de futuro mais próspero.

Senhores ministros, senhoras e senhores, que esse trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo eleitoral seja um exemplo da união em prol do Brasil. Com a união e o engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro e pela nossa bandeira e nosso hino. Temos a certeza de que este país tem como destino a prosperidade e a paz. O Brasil deve estar acima de tudo. Que Deus abençoe o nosso país e todos nós, brasileiros. Meu muito obrigado a todos.
 
 
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Correio Braziliense segunda, 10 de dezembro de 2018

RIVER PLATE VENCE A LIBERTADORES

 

Real Madrid que se cuide
 
 
De virada e na prorrogação, River Plate vence Boca Juniors e conquista o tetracampeonato em Madri. Equipe argentina segue direto para a disputa do Mundial de Clubes, com estreia marcada para o dia 18

 

Publicação: 10/12/2018 04:00

 (Javier Soriano/AFP)  


A mais longa das finais da Copa Libertadores está nas mãos do River Plate. Em um jogo dramático, o time venceu o Boca Juniors por 3 x 1, de virada, ontem, em Madri, na Espanha. Os gols da vitória foram marcados no segundo período da prorrogação após empate por 1 x 1 no tempo normal. O Boca se mostrou um time aguerrido e jogou com 10 jogadores após a expulsão de Barrios na segunda etapa e acertou uma bola na trave no final da prorrogação. De virada, o River Plate conseguiu uma vitória épica sobre o maior rival.
 
Foi o quarto título da equipe na Libertadores. Está classificada para a disputa do Mundial de Clubes da Fifa, que começa na quarta-feira nos Emirados Árabes Unidos. A estreia do representante sul-americano será no dia 18.
 
A final deveria ter sido realizada no dia 24 de novembro, em Buenos Aires, mas foi adiada por causa do ataque ao ônibus do Boca Juniors por parte de torcedores do River Plate a poucas horas do início daquele jogo. Madri foi escolhida pela Conmebol para receber o jogo decisivo. A Libertadores, assim, encerra a edição mais insólita da história.
 
As torcidas tomaram posse do Santiago Bernabéu, com gritos, cantos e bandeiras. Os agentes de segurança não permitiram as faixas. Atrás de cada gol, um pequeno setor das arquibancadas foi fechado para separar as duas torcidas. Em todos os detalhes, a arena espanhola virou um estádio sul-americano. Os argentinos que percorreram os 10 mil quilômetros de Buenos Aires a Madri levaram para o estádio a mania quase religiosa de cantar o jogo todo. Sem parar. Mostraram aos europeus um jeito próprio de torcer. Paixão tipo exportação.

Novamente decisivo, Benedetto abriu o placar e fez careta para os rivais (Soriano/AFP)  

Novamente decisivo, Benedetto abriu o placar e fez careta para os rivais

 



Torcedor do Boca antes do jogo: fãs dos dois times lotaram o estádio (Oscar Del Pozo/AFP)  

Torcedor do Boca antes do jogo: fãs dos dois times lotaram o estádio

 



Lucas Pratto, que trocou  o São Paulo pelo River, empatou a partida (Gabriel Bouys/AFP)  

Lucas Pratto, que trocou o São Paulo pelo River, empatou a partida

 

 
Exatamente como havia previsto o técnico do Boca, Guillermo Schelotto, a partida foi truncada e amarrada. Muito mais pegada que o jogo de ida (2 x 2 na Bombonera). Não havia espaço. O campo “encolheu” tamanha a dedicação dos jogadores à marcação. Toda bola era dividida. O espetáculo ficou em segundo plano. Curiosamente, o primeiro cartão amarelo saiu aos 27 minutos da etapa inicial para Ponzio.
 
Os inúmeros erros de passe escancaravam o nervosismo dos rivais, principalmente do River Plate. No final do primeiro tempo, o time de Marcelo Gallardo (fora do banco de reservas por suspensão) não acertou nenhum chute a gol. O Boca começou melhor, amparado em um esquema com três atacantes: Benedetto, Pavón e Villa.
 
O time xeneize soube jogar pelas pontas. Aos 9 minutos, Olaza cruzou, Maidana tentou o corte, mas quase fez gol contra. Na sequência, Perez aproveitou o escanteio, mas chutou em cima do goleiro Armani. Vinte minutos depois, a melhor chance do jogo até então veio com Perez (de novo). Ele chutou cruzado, mas o volante Nández não alcançou para fazer o primeiro gol.
 
O jogo destravou no final do primeiro tempo quando os times aceleraram as jogadas pelos lados do campo. Foi assim que o Boca abriu o placar aos 43. Depois que o River errou um cruzamento, o uruguaio Nández deu passe excelente em profundidade para Benedetto, que aplicou um corte espetacular no zagueiro Maidana e tocou na saída de Armani. Golaço. Foi o quinto gol do atacante, carrasco de Cruzeiro e Palmeiras nas fases anteriores da Libertadores e que também havia marcado na primeira partida da final.


FICHA TÉCNICA
 
River Plate 3 x 1 Boca Juniors
 
River Plate
Armani; Montiel (Mayada), Maidana, Pinola e Casco; Pérez, Ponzio (Quintero), Palacios (Álvarez) e Fernández (Zuculini); Martínez e Pratto
Técnico: Marcelo Gallardo
 
Boca Juniors
Andrada; Buffarini (Tevez), Magallán, Izquierdoz e Olaza; Nández, Barrios e Pérez (Gago); Pavón, Benedetto (Ábila) e Villa (Jara)
Técnico: Guillermo Schelotto.
 
GOLS - Benedetto, aos 43 minutos do primeiro tempo. Pratto, aos 22 do segundo tempo. Quintero, aos 3, e Martínez, aos 16 minutos do segundo tempo da prorrogação.
 
CARTÕES AMARELOS - Ponzio, Pérez, Fernández, Maidana e Casco.
CARTÃO VERMELHO - Barrios
ÁRBITRO - Andrés Cunha (Uruguai).
RENDA - Não divulgada.
Público - 62.282 pagantes.
LOCAL - Estádio Santiago Bernabéu, em Madri (Espanha).
 
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Correio Braziliense domingo, 09 de dezembro de 2018

FRANÇA SEGUE SOB TENSÃO

 

França segue sob tensão
 
 
Medidas de segurança evitam o quebra-quebra do fim de semana passado, mas confrontos entre policiais e manifestantes resultam em mais de 1.300 prisões. Governo promete novas medidas para %u201Cnutrir o diálogo%u201D

 

Publicação: 09/12/2018 04:00

 (Thomas Samson/AFP)  


Cerca de 135 mil pessoas foram às ruas da França no quarto sábado consecutivo de protestos dos coletes amarelos contra o governo do presidente Emmanoel Macron. Medidas excepcionais de segurança em Paris, como o inédito uso de blindados e a mobilização de 90 mil agentes mobilizados, conseguiram evitar a repetição das cenas caóticas de depredação do último fim de semana, mas novos confrontos irromperam entre a polícia e os manifestantes, com a apreensão de objetos como máscaras, martelos e paralelepípedos.
 
Ao detalhar que houve 1.385 detenções, 651 delas na capital, e 975 pessoas em prisão preventiva, o ministro do Interior, Christophe Castaner, avisou que o número poderia aumentar. “É um nível excepcional”, destacou o ministro, que também deu um balanço de 118 feridos entre os manifestantes e 17 nas forças de segurança. À noite, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, tentou acalmar o clima e prometeu que Macron “falará e proporá medidas para nutrir o diálogo”. “Temos de tecer novamente a unidade nacional”, acrescentou, em breve declaração transmitida na televisão.
 
Na semana passada, Macron cedeu a algumas das demandas dos manifestantes: anulou o aumento do imposto sobre combustíveis, parte de um plano para combater a mudança climática, e congelou os preços do gás e da energia elétrica nos próximos meses. O protestos, porém, se mantiveram e, ontem, pela primeira vez, blindados foram usados na capital francesa. Pela manhã, a polícia usou gás lacrimogêneo para tentar conter manifestantes em uma rua adjacente à Champs-Élysées, perto do Arco do Triunfo, epicentro dos distúrbios do último fim de semana. Alguns manifestantes responderam lançando rojões. Outros tentaram incendiar a fachada da Drugstore Publicis, um estabelecimento comercial de luxo, onde a tensão aumentou no início da tarde.
 
A Torre Eiffel, o museu do Louvre e quase todas as lojas estavam fechados, com entradas e vitrines protegidas com painéis de madeira para evitar saques e quebra-quebra. “Faço isso pelo futuro do meu filho. Não posso permitir que ele viva em um país onde outros se enriquecem às nossas custas”, disse Denis, 30 anos. Tim Viteau, desempregado de 29 anos, participou pelo terceiro sábado seguido das manifestações, que ganharam uma pauta além da questão dos impostos. “Como vamos ter filhos? Eu também quero ter filhos”. Ele e sua namorada tiveram de voltar para a casa dos pais porque não conseguiram pagar o aluguel.

Carros da polícia bloquearam o acesso à Avenida Champs-Élysées: 90 mil agentes mobilizados (Bertrand Guay/AFP)  

Carros da polícia bloquearam o acesso à Avenida Champs-Élysées: 90 mil agentes mobilizados

 



Ruas bloqueadas
 
Todo o oeste de Paris, onde ficam o Palácio do Eliseu (sede da Presidência) e a maioria dos ministérios, ficou coberto de azul, a cor das viaturas da polícia. As patrulhas bloquearam o acesso às principais praças da capital, incluindo a da Concorde, um dos extremos da avenida Champs-Élysées, que vai até o Arco do Triunfo. A poucas ruas do Palácio do Eliseu, na praça de Madeleine, estavam John e Dorian, de 31 e 29 anos, respectivamente. Gendarmes verificavam seus documentos. “É a segunda vez! Na estação do metrô já tiraram tudo. Os óculos de natação, o lenço, as caneleiras...”, conta Dorian, procedente de um subúrbio parisiense. “Estamos aqui para que nos escutem, pacificamente”, insistiu.
 
No restante do país, a calma prevaleceu pela manhã, mas houve registros de confrontos na parte da tarde. Na autoestrada que conecta Paris a Bordeaux (sudoeste), mais de 100 pessoas atearam fogo a pedaços de pau e pneus, bloqueando o fluxo de veículos durante boa parte do dia. Na fronteira franco-espanhola, os coletes amarelos montaram uma barricada seletiva, que bloqueava a passagem dos caminhões procedentes da Espanha, informou a prefeitura dos Pirineus Atlânticos.
 
Rodovias foram bloqueadas antes das manifestações como medida preventiva, mas algumas estratégias vazaram ainda na sexta-feira. O Ministério Público de Paris abriu uma investigação depois de sair na internet uma nota técnica da Direção da Segurança e Proximidade de Aglomeração sobre o dispositivo mobilizado para o dia de protestos.


"(O presidente) falará e proporá medidas para nutrir o diálogo. Temos de tecer novamente a unidade nacional”
Edouard Philippe, 
primeiro-ministro francês


Trump volta a ironizar 
O presidente americano, Donald Trump, voltou a atacar o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, ao assegurar que os protestos dos coletes amarelos na França são prova do mal funcionamento desse pacto. “O Acordo de Paris não está funcionando muito bem para Paris. Protestos e distúrbios por toda a França, escreveu, ontem, em um tuíte. “As pessoas não querem pagar grandes quantias de dinheiro, muitas a países do terceiro mundo (que são questionavelmente dirigidos), para talvez proteger o ambiente”, acrescentou. Na terça-feira, o americano ironizou as concessões feitas pelo presidente Emmanuel Macron diante do movimento dos coletes amarelos, estimando o fracasso do Acordo de Paris.
 
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Correio Braziliense sábado, 08 de dezembro de 2018

SOBREVIVENTE HAITIANA CEGA GANHA OAB

 


Sobrevivente, haitiana cega ganha OAB
 
Após perder todos os bens e a família no terremoto de 2010, ser rejeitada na República Dominicana e enfrentar a falta de estrutura no Acre, refugiada foi acolhida por uma família brasiliense. Aprovada na Ordem dos Advogados do Brasil, ela agora quer se naturalizar brasileira e se tornar juíza

 

Alan Rios
Especial para o Correio

Publicação: 08/12/2018 04:00

Escolhida como oradora da turma, Nadine Talleis recebeu ontem a sonhada carteirinha da Ordem, em meio a uma plateia emocionada (Fotos: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press
)  

Escolhida como oradora da turma, Nadine Talleis recebeu ontem a sonhada carteirinha da Ordem, em meio a uma plateia emocionada

 

Sobrevivente da maior tragédia natural da história, refugiada, pobre, cega, negra e, agora, advogada apta a trabalhar no Brasil. Aos 33 anos, a haitiana Nadine Taleis é um dos profissionais que receberam a carteira de registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Distrito Federal, ontem. Ela deixou a terra natal, em 2010, por causa dos estragos e do desespero provocados pelo terremoto que matou mais de 250 mil pessoas.
 
Primeiro, Nadine buscou abrigo na República Dominicana. Sem ajuda, decidiu vir para o Brasil. Entrou pelo Acre e se estabeleceu em Brasília, em 2013, após ser adotada por uma família, que a ajudou a realizar o sonho e fez questão de participar da cerimônia na sede da entidade, na Asa Norte.
 
A haitiana foi escolhida como oradora da turma. “Chegar aqui foi uma trajetória muito difícil. Tive que ter uma dedicação total. Não por uma questão de querer ter um diploma, mas por querer aprender. Tive que me dedicar desde o início da faculdade, quando já comecei a estudar para a OAB. Tive que correr atrás para vencer hoje, mas tudo isso é só o início. A carteirinha é um sonho e hoje é o começo dele. Quero advogar, me desafiar, começar a carreira jurídica trabalhando em escritório e construindo a minha carreira. E depois vou me naturalizar para conquistar outro sonho, de ser juíza”, discursou Nadine ao microfone, para um auditório lotado e emocionado.
 
Órfã cedo
 
No terremoto de 2010, Nadine perdeu quase toda a família e a casa herdada dos pais, que morreram quando ela era criança. Político, seu pai foi assassinado por opositores. Deprimida, a mãe morreu menos de um ano depois. Um avô, morto em fevereiro, foi quem a criou. Nadine estava em Porto Príncipe, a capital e mais populosa cidade do país, o epicentro do tremor, onde morava com os parentes. “De repente, eu não tinha nem roupa mais”, lembrou a haitiana. Na República Dominicana, ela foi mal recebida pela população, que não simpatizava com haitianos. Os vizinhos de uma ilha caribenha mantém um histórico de confrontos. Nadine permaneceu três meses no país.
 
Para chegar ao Brasil, a haitiana voou República Dominicana para o Equador e, de lá, atravessou de ônibus a fronteira do Peru com o Brasil. À época, com uma economia estável, o país atraía imigrantes em busca de emprego. Quando chegou ao Brasil, Nadine foi levada para Brasileia (AC). Ela morou em um ginásio municipal, com 1,3 mil refugiados, que dormiam em colchões e dividiam dois banheiros. Nadine só conhecia um tio, presente na cerimônia da entrega da carteirinha da OAB. Sem falar português, ela esperava arrumar um emprego como massagista, ofício aprendido na República Dominicana.

 


Família brasiliense
 
A refugiada veio para a capital do país em 2013. “Abrigamos a Nadine no Dia das Mães, foi o meu presente”, conta Loide dos Santos, enfermeira e professora, 58 anos. Ela e o marido, o pedagogo Carlos Ferreira, 50, receberam Nadine em casa, no Guará. Eles têm uma filha, que mora no Acre. “Minha filha ligou me dizendo da situação dela (da Nadine) no Acre e pensei que estava falando de uma criança refugiada. Depois descobri que a Nadine já estava com 25 anos e era cega. Foi uma surpresa, porque nunca tinha convivido com alguém com deficiência visual, mas, quando a conheci, foi amor à primeira vista. E a todo tempo ela dizia que ia conseguir entrar na faculdade. E hoje (ontem), com ela formada e certificada pela OAB, estamos radiantes de tanta felicidade”, ressaltou Loide.
 
Nadine recebia dos pais brasileiros o dinheiro para comer, se vestir e pagar o aluguel de uma quitinete. Ela, no entanto, escondeu deles que havia se matriculado no curso de direito da Mauá, em Vicente Pires. Para pagar a faculdade, ela deixava de comer. Chegou a ficar dois dias sem comer nada. Recusava-se a receber mais ajuda da família brasileira. Mas, quando notaram o empenho da aluna, diretores da instituição decidiram dar a ela uma bolsa de estudos integral e um estágio. Só então a haitiana contou aos pais brasileiros sobre a situação vivida nos primeiros meses de faculdade.
 
Nadine, que concluiu a graduação em quatro anos, também contou com ajuda dos colegas e professores. Os estudantes faziam silêncio na sala para que Nadine pudesse ouvir os professores e registrar as aulas em um gravador. O aparelho era o único recurso que a estudante dispunha para aprofundar os assuntos em casa.

 


Aulas gravadas
 
A professora Estela Cabral conta que Nadine demonstrava uma aplicação e inteligência fora do comum, sempre fazendo muitas perguntas. “Ela era uma aluna assídua, que trabalhava o dia todo na faculdade e estudava à noite, mas continuava conversando por áudio comigo depois das aulas, até o anoitecer, sobre o conteúdo. A Nadine é super-respeitada pelos colegas, até porque eles não a enxergam como uma pessoa especial por conta da deficiência, mas sim por conta das capacidades que ela tem”, destacou a docente. “Ela é uma fonte de inspiração para mim, porque transformou minha vida por completo”, completou Estela.
 
Roberson Rodrigues, 51 anos, que dividiu a sala de aula com Nadine, pôde compartilhara alegria de receber a carteira da Ordem no mesmo dia. “Quando soube que ela passou na OAB, comentei com minha esposa que queria muito que a gente se formasse junto, por conhecer a história dela e querer ver o seu sonho sendo realizado. E deu tudo certo! Nos formamos, recebemos a carteirinha e eu acabei mais feliz por ela do que por mim”, comemorou Roberson.
 
Agora, Nadine pretende conseguir um emprego, prestar concurso para a Advogacia-Geral da União (AGU), adquirir a experiência e tornar-se magistrada. “Se uma empresa quiser me dar uma oportunidade para trabalhar, vou ficar muito feliz. Não é um favor, peço uma oportunidade para demonstrar a minha capacidade. Quero advogar, me desafiar, começar a carreira jurídica, trabalhando em escritório e construindo minha carreira. E depois vou me naturalizar para conquistar outro sonho, o de ser juíza.”
 
Trabalho
Nadine procura trabalho. Caso alguma empresa esteja interessada no currículo dela, pode contatá-la pelo telefone (61) 98149-8809.
 
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Correio Braziliense sexta, 07 de dezembro de 2018

NATAL: IMPULSOS DO AMOR SOLIDÁRIO


Impulsos do amor solidário

 
 
A Festa de Natal Correio Braziliense Solidário será neste domingo e reunirá padrinhos, madrinhas, parceiros e voluntários da iniciativa. Serão entregues brinquedos para crianças que recebem apoio de entidades ligadas ao projeto

 

» LUIZ CALCAGNO

Publicação: 07/12/2018 04:00

Genilson Francisco Lopes dá vida ao Palhaço Psiu, voluntário e parceiro do Correio Solidário:  
Genilson Francisco Lopes dá vida ao Palhaço Psiu, voluntário e parceiro do Correio Solidário: "Somos os verdadeiros papais-noéis"
 
“O resultado do trabalho de um ano inteiro.” É assim que Nazareh Teixeira da Costa descreve a Festa de Natal Correio Braziliense Solidário. Presidente do Programa Correio Braziliense Solidário, ela comenta com carinho o evento. Além de mostrar a padrinhos, madrinhas, parceiros e voluntários que os esforços empregados nos últimos 12 meses valeram a pena, o encontro é um festejo natalino com direito a brinquedos para crianças de 4 a 6 anos assistidas por entidades beneficentes que recebem apoio do projeto. E, entre os presentes, estará Genilson Francisco Lopes, 42 anos, mais conhecido como Palhaço Psiu, que há 17 anos repassa alimentos e brinquedos para meninos e meninas de várias partes do país.
 
A festa, marcada para domingo, é só para convidados. E Nazareth destaca que não ocorreria sem o trabalho e a presença de parceiros e os muitos voluntários que se prontificaram a tornar realidade o sonho de meninos e meninas. “Nessa festa, a gente tem a satisfação de ver que estamos fazendo algo importante pelas crianças. Nós as vemos chegarem com presentes nas mãos, felizes e bem alimentadas. Isso é a coroação do nosso trabalho. Podemos até, às vezes, ficar com a sensação de que não fizemos o suficiente. Podemos achar que foi pouco. Mas esse pouco é muito para o mundo delas”, afirma.
 
A presidente do Correio Solidário lembra que as instituições atendidas pelo programa precisam da ajuda da comunidade. O valor da manutenção de serviços que garantem boa alimentação, banho, aula, muitas vezes em tempo integral, é alto. Dessa forma, qualquer ajuda garante a permanência de uma ou duas crianças em projetos, muitas vezes, decisivos por toda a vida. “A minha intenção nesse nosso trabalho é dar um conforto, uma assistência, um banheiro novo, uma cozinha, para que (as crianças) tenham o que não têm em casa. Como eles poderão competir, no futuro, com igualdade, por uma boa vaga de emprego, sem oportunidades hoje?”, questiona.
 
O Programa Correio Braziliense Solidário está no 15º ano. Nesse período, Nazareth coleciona experiências tristes e felizes. Ela destaca que, em ambos os casos, cresceu a vontade de continuar com os trabalhos. “Passamos por tantas coisas tanto no projeto do Distrito Federal quanto no de Belo Horizonte. Um dia, uma criança me abraçou e me pediu que a levasse comigo. Depois, soube que tinha sido vítima de violência. A gente se sente impotente diante de um problema tão grande. Mas é por isso que não podemos desistir. Mas ver o olhar de uma criança recebendo uma brinquedoteca também nos enche de força para continuar”, explica.
 
Palhaçada do bem
 
O Palhaço Psiu conhece bem essas emoções e, assim como Nazareth, aprendeu a tirar energia disso tudo. Ele viveu em um orfanato dos 5 aos 18 anos. “A minha mãe nos deixou lá, eu e mais quatro irmãos”, revela. Especialista em fazer rir, ele se emociona e ao comentar o passado. Lembra do irmão mais velho, morto há 21 anos, e de uma filha, que perdeu a vida aos 15, em um acidente de carro, em 2011. “Todo palhaço tem uma tristeza dentro de si, mas isso me dá força. Quando eu levo alegria para crianças, eu amenizo essa dor. Vivo de momentos felizes, me curo. É o remédio que Deus me deu”, diz.
 
Psiu descobriu na arte de ser palhaço uma forma de mudar a própria realidade. A partir daí, começou a trabalhar para transformar, também, a vida de meninos e meninas em situações semelhantes às dele. Além das apresentações do personagem, o artista dá palestras para contar histórias da própria vida e a importância de acreditar em si. “Quando saí do orfanato, trabalhei em vários lugares. Fui cozinheiro, chapeiro e trabalhei em uma lanchonete famosa como animador de festa. Em um Natal, pedi ao gerente 10 presentes para dar para as crianças que não receberiam nada”, relembra. O ano era 2001.
 
No ano seguinte, Psiu conseguiu 300 brinquedos. Depois, 600, 700, e não parou mais. “Cheguei a conseguir 10 mil. Neste ano, estou em campanha”, ressalta. O trabalho chamou a atenção de autoridades e, entre idas e vindas, além dos próprios projetos, Genilson tornou-se voluntário e parceiro do Correio Solidário. “Eu sempre me pergunto quantas pessoas não vão ter um Natal. Uma das coisas de que mais gosto é de ver a ansiedade das crianças que sabem que vão subir ao palco e receberão o presente das mãos do Papai Noel. E nós, os voluntários, que damos a chance de essas pessoas receberem os presentes, somos os verdadeiros papais-noéis”, emociona-se.

Ajude
Interessados em ajudar o Palhaço Psiu com doação de brinquedos podem procurá-lo pelo telefone (61) 98117-6101. Os presentes serão distribuídos em instituições do DF e de outros estados.
 
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Correio Braziliense quinta, 06 de dezembro de 2018

DEZ MESES SEM VIADUTO

 

Obra deve ser entregue em março

 

Philipe Santos*

Publicação: 06/12/2018 04:00

Trecho do Eixão desabou sobre a Galeria dos Estados (Breno Fortes/CB/D.A Press - 9/2/18)  

Trecho do Eixão desabou sobre a Galeria dos Estados

 



Desvios foram realizados perto da Rodoviária do Plano (Breno Fortes/CB/D.A Press - 9/2/18 )  

Desvios foram realizados perto da Rodoviária do Plano

 



Imagem recente do local, ainda interditado e sob reparos  (Breno Fortes/CB/D.A Press - 29/11/18)  

Imagem recente do local, ainda interditado e sob reparos

 



Há 10 meses, parte do viaduto sobre a Galeria dos Estados, no Eixão Sul, desabou, deixando a população de Brasília assustada. Desde então, mudou o cenário na região. O trânsito foi desviado e os arredores ficaram tomados por tapumes e máquinas, situação que deve durar mais três meses.

Segundo o Departamento de Estradas e Rodagens (DER-DF), responsável pelo viaduto, a reconstrução segue o ritmo planejado, com 18% da obra concluída. Assim, mantém-se o prazo de 1º de março para a conclusão da obra.

O DER-DF informou, por meio de nota, que a demolição do que sobrou do vão afetado foi finalizada e a Via Engenharia, empresa que ganhou a licitação da obra, está na fase de execução dos blocos de fundação e dos últimos tubulões — perfurações profundas necessárias para transmitir cargas estruturais para solos com maior capacidade de suporte.

Além disso, a remoção do asfalto antigo foi feita sobre todo o viaduto. Ainda de acordo com o DER-DF, a construção dos novos pilares de sustentação será iniciada até sexta-feira, e a abertura de alvéolos do tabuleiro, que permitirão o reforço da laje, passará a ser feita na próxima semana.

Alerta
Um relatório do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) de 2012 alertava sobre o risco do desabamento e a necessidade de manutenção na estrutura. Após a tragédia, especialistas da Universidade de Brasília (UnB) indicaram que o viaduto fosse totalmente demolido. Mas o governo se baseou em outros pareceres e preferiu reaproveitar parte da estrutura.

Em agosto, foi lançado o edital para a construção. A Via Engenharia iniciou a obra em 24 de setembro. Sem alteração desde a licitação, o valor previsto na construção permanece em R$ 10,9 milhões.

* Estagiário sob supervisão de Humberto Rezende
 
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Correio Braziliense quarta, 05 de dezembro de 2018

HOTEL NACIONAL TEM NOVO DONO E SERÁ REFORMADO

 


Hotel Nacional será reformado
 
 
Donos de outros 10 imóveis do ramo na capital, novos proprietários do edifício anunciam revitalização daquela que foi a mais luxuosa hospedaria da cidade

 

» ALEXANDRE DE PAULA
» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 05/12/2018 04:00

Prédio foi vendido em leilão: má gestão levou à concordata, em 1991 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  

Prédio foi vendido em leilão: má gestão levou à concordata, em 1991

 


Arrematado por R$ 93 milhões, o Hotel Nacional de Brasília, um dos símbolos da arquitetura e da história da capital, será reformado e modernizado, mas sem perder as características principais. É isso que garante a Incorp, empresa de incorporação e imobiliária que comprou o prédio. “Ele será adaptado de maneira moderna, mas sem alterar a arquitetura”, assegura o advogado da companhia, Saulo Mesquita.
 
A Incorp representa dois grupos responsáveis pelo comando de 10 hotéis na capital, o Fenícia e a construtora Luner (dona do Quality Hotel). “Como são dois grupos com experiência na área, queremos fazer com que o Hotel Nacional volte a ser o ícone que merece”, diz Mesquita.
 
O advogado explica que o processo de arrematação precisa passar por algumas etapas antes de a propriedade ser integrada ao grupo. “Temos de esperar os prazos recursais e a emissão de uma carta de arrematação antes de fazer qualquer coisa em relação ao prédio”, esclarece. Depois, o setor de engenharia do grupo fará o projeto de reforma. “Vamos manter a fachada e o interior. Toda a estrutura será modernizada, porque o local está em estado de decadência”, ressalta o advogado. Ele prevê de um ano a um ano e meio para a conclusão da reforma.
 
O Hotel Nacional foi a leilão três vezes neste ano, por meio do site Mega Leilões. Na primeira tentativa, em 29 de outubro, o lance inicial era de R$ 185 milhões. Após duas semanas sem propostas, o preço mínimo para arrematar o hotel baixou para R$ 130 milhões, em 12 de novembro. Ele continuou sem receber nenhum lance. Em 27 de novembro, o valor de caiu para R$ 93 milhões.
 
Antes de o certame ser encerrado, a Incorp I Empreendimentos Imobiliários Ltda., com sede em Brasília, fez a oferta de R$ 93 milhões. Ela se comprometeu em pagar o valor de forma parcelada, que deve ser quitado por completo em junho de 2021.
 
Tombamento
O Hotel Nacional não é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), apesar de estar inserido no conjunto urbanístico de Brasília — este, por sua vez, tombado como patrimônio nacional e distrital. O novo dono da edificação teria a liberdade de, por exemplo, demolir a estrutura, desde que respeitasse a volumetria dos edifícios. A Incorp garante que isso não será feito. O Iphan pode ajudar nos estudos para a reforma. “O Iphan se coloca à disposição para orientar e contribuir na qualificação de qualquer projeto de intervenção do prédio, ressaltando que se deve sempre cumprir as regras de tombamento”, informou o instituto, por meio de nota.
 
A arquiteta e urbanista Emília Stenzel alerta que qualquer intervenção no Hotel Nacional requer cuidados. “Tanto do ponto de visto econômico quanto cultural, é um dos prédios mais marcantes da história de Brasília, mesmo que não esteja formalmente tombado. É um ícone da arquitetura moderna brasiliense”, comentou.
 
A reportagem tentou entrar em contato com os atuais donos do Hotel Nacional, mas nenhum  concedeu entrevista. A notícia do leilão preocupa os funcionários do estabelecimento. “Não sabemos se quem vai entrar dará continuidade ao que é feito atualmente. Tenho medo de que mude tudo. Estamos apreensivos”, disse um funcionário do prédio, que não quis se identificar. Há oito anos trabalhando no hotel, ele teme a perda do emprego. “Venho de Sobradinho todos os dias. São mais de 40 quilômetros. É aqui que ganho a vida e consigo o sustento para a mulher e meus quatro filhos. Se me tirarem isso, não sei o que fazer”, contou.
 
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Correio Braziliense terça, 04 de dezembro de 2018

PESQUISA PELO MENOR PREÇO

 

Pesquisa pelo melhor preço
 
 
Para antecipar possíveis reajustes no próximo ano, pais iniciaram a consulta dos itens cobrados pelas instituições de ensino. Especialistas dão dicas para economizar e não sofrer com valores abusivos

 

LUIZ CALCAGNO
ISABELA GUIMARÃES*

Publicação: 04/12/2018 04:00

Patrícia Regina saiu logo para comprar o material didático da filha e conseguir programar gastos de fim de ano (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  

Patrícia Regina saiu logo para comprar o material didático da filha e conseguir programar gastos de fim de ano

 



Pesquisar preços, adiantar as compras e negociar descontos. Essas são as três principais dicas de economistas e do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF) para quem vai comprar o material escolar dos filhos, matriculá-los em uma instituição particular de ensino ou contratar transporte para levá-los até a escola. Todos esses serviços sofreram ou sofrerão reajustes até o início do ano letivo de 2019. Pais devem ficar atentos, ainda, a preços abusivos em qualquer um dos casos e procurar os direitos caso se sintam lesados.

O valor das listas de material escolar costuma variar. De um ano para o outro, os itens exigidos mudam, quando o livro entra na conta, o preço aumenta, e a marca do produto escolhido também interfere. Estabelecimentos comerciais têm liberdade para tabelar os preços. Em janeiro, com o aumento da procura, o estoque diminui e, para repor com velocidade, as lojas compram do atacado em vez da indústria. Nesses casos, o custo também tende a crescer. Além disso, o reajuste médio das escolas particulares ficou entre 8% e 10%, e o do transporte escolar poderá chegar a 15% (veja tabela).

Além de pesquisar os valores do material didático nos estabelecimentos, os pais devem ficar atentos aos preços das vendas on-line. É o que recomenda a diretora de Atendimento do Procon-DF, Fabiana Ferreira. “O mais importante, em primeiro lugar, é pesquisar. Outra dica é a compra coletiva. Às vezes, se um grupo de pais procura uma papelaria junto, consegue um desconto maior. E escolas não podem oferecer comprar os materiais de ensino dos alunos. Isso é venda casada. É crime. Na lista (de materiais), o pai só deve comprar o que é para uso próprio”, alerta.

De loja em loja
A psicóloga Patrícia Regina Rodrigues, 43 anos, saiu ontem para comprar o material didático da filha, Fernanda, de 14, que estuda no Mackenzie. Ela pesquisou preços em três papelarias. Optou por uma na 509 Sul. “A conta está mais cara em relação ao ano passado, pois a escola pediu mais livros. Prefiro comprar adiantado. Batalho por descontos e tenho uma noção melhor do quanto posso gastar nas festas de fim de ano. Em 2015, deixei para a última hora e paguei R$ 112 a mais”, lembra. 

A estratégia da médica Paula Hungria, 32 anos, para economizar na compra do material do filho mais velho, de 6 anos, é comparar preços também pelo celular. “Participo de um grupo de pais e sempre tem alguém postando comparativo de valores.”

Em Taguatinga, a aposentada Emília Bernardes Setubal, 42, pesquisava preços para materiais dos três filhos: dois estão no Colégio Militar e um cursa engenharia de software na Universidade de Brasília (UnB). Além de olhar preços, ela participa de um grupo de WhatsApp de venda de livros e uniformes escolares usados a preços mais baixos. “É ótimo, porque você economiza.” Em Ceilândia, a auxiliar de serviços gerais Ivone Ribeiro, 36, também olhava os valores das listas dos filhos Jadson, 6, e Agatha, 8. “Onde vejo que está mais barato, compro. Cada R$ 1 economizados já ajuda em casa”, garante.

A reportagem do Correio pesquisou orçamentos de uma lista do 2º ano do ensino fundamental com 49 itens e 14 livros em diversas papelarias da cidade. No primeiro estabelecimento, na 708 Norte, o valor total foi de R$1.513,08. Na Asa Sul, o preço era de R$ 1.515,50. Na QNM 17, a mesma lista saiu por R$ 1.520,07. Em uma papelaria de Taguatinga, o valor foi de R$1.558,55. A variação de preço entre a mais barata e a mais cara foi de R$ 45,47, uma diferença de, aproximadamente, 3%.

Cuidados
De acordo com o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa), Luis Claudio Megiorin, a média de reajuste esperada para as escolas particulares será de 8% a 10%. Ele reclama da postura dos estabelecimentos. “Sempre falamos que as escolas trabalham com uma boa margem de lucro. Chega a 30%, e sem transparência”, afirma. Na avaliação dele, alguns estabelecimentos particulares foram sensíveis à crise, mas outros não demonstraram a mesma cautela e pediram o dobro da inflação. “Os pais devem ficar atentos e saber se o valor cobrado paga o projeto pedagógico”, destaca.

Já Álvaro Moreira Domingues Júnior, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF), evita falar em uma média de reajuste, índice que será divulgado pela instituição em janeiro. “O maior custo é o acordo coletivo com os professores e o INPC mais ganho real de 1%. Pais devem ficar atentos ao contrato, observar valores e conhecer a escola e a proposta pedagógica”, recomenda.

O presidente do Sindicato dos Transportes Escolares do DF, Nazon Simões Vilar, por sua vez, explica que a categoria terá de repassar os aumentos de custo para o consumidor. Segundo ele, além do combustível, os motoristas passaram a pagar mais pelas manutenções. “Não é só o combustível que subiu. Manutenção, peça, pneu, mão de obra, temos de calcular para saber quanto vamos repassar. Acredito em algo na faixa de 10% a 15%. Os pais não tiveram aumento. Sabemos disso. Mas, em 2018, não repassamos os prejuízos”, explica.

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer




Anote
» Para procurar o Procon-DF, basta ligar no número 151. O consumidor também pode acionar o órgão pelo e-mail 151@procon.df.gov.br ou ver o endereço de um dos 10 postos do órgão no DF, pelo site www.procon.df.gov.br.
 
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Correio Braziliense segunda, 03 de dezembro de 2018

DOADORES DE VIDA

 


Doadores de vida
 
Gente anônima salva pacientes diariamente no Distrito Federal com um gesto simples: a doação de sangue. Cada bolsa coletada no Hemocentro ajuda até quatro pessoas a sobreviver. Conheça a história de quem faz o bem sem saber a quem

 

» Isabela Guimarães*
» Letícia Takada*
* Estagiárias sob supervisão de Adriana Bernardes

Publicação: 03/12/2018 04:00

Beatriz Vaz da Silva:  

Beatriz Vaz da Silva: "Era uma vontade antiga e foi muito gratificante"

 

Há 17 anos, o vigilante Genivaldo Borges botou os pés no hemocentro pela primeira vez. Era para ajudar um amigo que precisava de doação de sangue. O que era para ser um gesto único se tornou um hábito. “Desde aquele dia, nunca mais parei”, conta. Logo após a coleta, Genivaldo posa para uma foto feita pelo servidor que o atendeu. “É para incentivar meus colegas”, justifica.
 
As campanhas de doação de sangue, em geral, resumem bem o gesto: doar sangue é doar vida. E passado o receio inicial que muita gente tem do procedimento, geralmente o doador volta. Foi assim com Beatriz Vaz da Silva, 21 anos. “Era uma vontade antiga e foi muito gratificante. Na primeira vez, fiquei bem nervorsa, deu um friozinho na barriga. Mas agora, estou bem tranquila”, relata a jovem.
 
Cada bolsa de sangue pode salvar até quatro vidas. No Distrito Federal, são feitas aproximadamente 70 mil transfusões por ano. O gerente do Ciclo do Doador do Hemocentro, João Rogério Cardoso de Oliveira, explica que a doação tem valor incalculável. “Quem doa sangue doa vida. O sangue é um produto que não pode ser substituído por remédio, depende da boa vontade de as pessoas virem até o hemocentro doar”, observou.
 
Grupos católicos de diferentes pastorais costumam fazer ações de fim de ano. Desta vez quatro deles, a Aliança Missionária Casa de Maria e os grupos Recomeçar, Feixe e Domini, se juntaram e reuniram cerca de 25 pessoas. A decisão surgiu a partir da vontade de fazer uma ação que não fosse de cunho material.
 
O estudante Gabriel Fernando Vasconcelos Teles, 21 anos, um dos participantes, é doador frequente e entende a ação como uma doação de si mesmo. “Jesus deu o próprio sangue por cada um de nós. Doar, além de ajudar ao próximo, reafirma nossa fé”, destacou.
 
Os grupos entraram em contato com o Hemocentro, que se interessou na ação intitulada de Vai e Faz; e até ofereceu um ônibus para fazer o transporte do grupo, além de instruir sobre o processo e desconstruir mitos sobre a doação. Gabriel ainda ressaltou a importância do ato. “Cada pessoa tem o potencial de salvar quatro vidas, então nosso grupo pode ajudar até 100 pessoas. Além disso, podemos servir de incentivo para que mais pessoas doem sangue”, acrescentou.
 
Para as doações em grupo, o Hemocentro realiza um treinamento quinzenal com orientações. O representante, chamado de multiplicador, é responsável por repassar as informações para os demais. O último treinamento de 2018 ocorrerá em 12 de dezembro, às 14h, na sede do órgão.
 
Conscientização
O Colégio Sigma realiza, todos os anos, uma gincana para os alunos do ensino fundamental e médio. A Semana Cultural, como é chamada, já está na 30ª edição e há pelo menos 25 anos tem, como um dos desafios, a doação de sangue. “A competição sempre visou abraçar todos os aspectos, desde o esportivo até o filantrópico. Então nada mais justo do que ter a doação com essa ideia de ajudar o próximo”, afirmou o professor de educação física e coordenador da gincana, Carlos Roberto Alves Teles.
 
Cada turma fica responsável por conseguir entre três e cinco recibos de doação de sangue em um período determinado pelo regulamento. Por ano, as quatro unidades da escola no DF conseguem aproximadamente 250 doadores com o projeto. “Isso impacta no banco de sangue de Brasília e contribui com a sociedade,” destacou o professor. Ao final da gincana, os alunos recebem um acréscimo na nota proporcional às atividades realizadas. “É extremamente gratificante o aluno entender que não é só pela nota que ele está fazendo a ação e, sim, pela ajuda ao próximo. Isso não tem preço”, completou Carlos Roberto Teles.
 
 
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Correio Braziliense domingo, 02 de dezembro de 2018

O FRUSTRANTE ADEUS DE PAQUETÁ

 

O frustrante adeus de Paquetá
 
Flamengo perde para o Atlético-PR na despedida do ídolo. O craque embarca rumo a Milão sem título nesta temporada

 

Publicação: 02/12/2018 04:00

Vendido por R$ 150 milhões, Paquetá fez 12 gols neste ano: %u201CEssa torcida é sem comparações. Vai seguir no coração%u201D (Delmiro Junior/Photo Premium/Folhapress)  
Vendido por R$ 150 milhões, Paquetá fez 12 gols neste ano: %u201CEssa torcida é sem comparações. Vai seguir no coração%u201D

O estádio do Maracanã, no Rio, recebeu ontem quase 67 mil torcedores para fazer a festa de despedida do Flamengo no Campeonato Brasileiro. Garantido como vice-campeão, o time carioca entrou com força máxima contra os reservas do Atlético-PR, que estão mais focados na decisão da Copa Sul-Americana. Mas o clima festivo não teve um final feliz com a vitória de virada dos paranaenses por 2 x 1, que também não tiveram o que comemorar porque não conseguiram terminar a competição em sexto lugar, com vaga na fase preliminar da Copa Libertadores.
 
A vitória no Rio fez o Atlético-PR subir para 57 pontos. Aí, era esperar para ver se o Atlético-MG tropeçaria contra o Botafogo, no Independência, em Belo Horizonte. Mas isso não aconteceu, pois o clube mineiro venceu por 1 x 0 e terminou o Brasileirão na sexta colocação com 59. Resta aos paranaenses buscar o título da Copa Sul-Americana contra o Junior Barranquilla, da Colômbia, nos próximos dia 5 e 12. O campeão vai direto para a fase de grupos da Libertadores.
 
A partida marcou a despedida de Lucas Paquetá. “Eles sempre estiveram do meu lado. Essa torcida desde o início me apoiou, me abraçou. Saio daqui com gratidão eterna, agradecendo a todos eles por isso. Seguir minha vida, com o Flamengo no coração”, disse emocionado. “Vestir essa camisa é muito especial. Desde pequeno foi o que eu batalhei para conquistar. Essa torcida é sem comparações. Quando está bem, vibra. Quando está difícil, apoiam mesmo com cobrança. Vou seguir com o Flamengo no coração.”
 
Questionado sobre o gol que ficará na memória, Paquetá escolheu. “O gol da final da Sul-Americana eu vou guardar. Mas não só aquela partida, vou guardar essa como todas as outras.”
 
O Flamengo fica com o gosto amargo de uma derrota na despedida da temporada, na qual não conquistou um título sequer. Embora com um elenco forte, caiu nas semifinais do Campeonato Carioca e da Copa do Brasil, foi eliminado nas oitavas de final da Libertadores pelo Cruzeiro e teve o vice-campeonato brasileiro sacramentado no último fim de semana, quando o Palmeiras assegurou o título. Terminou com 72 pontos, sua melhor pontuação na era dos pontos corridos.
 
Por conta da chance de título na Sul-Americana, o técnico Tiago Nunes poupou os titulares no Atlético-PR. Os reservas do time paranaense até começaram bem o jogo, apostando na velocidade pelas laterais. Porém, aos poucos, o Flamengo passou a dominar as ações e conseguiu abrir o placar aos 22 minutos. Diego cobrou escanteio da direita e o zagueiro Rhodolfo cabeceou no canto direito do goleiro Felipe Alves, que demorou para chegar na bola.
 
Com a derrota no Maracanã e a vitória parcial do Atlético-MG em Belo Horizonte, era de se supor que o Atlético-PR mostrasse desânimo em campo. Mas não foi isso o que aconteceu no segundo tempo com as substituições que Tiago Nunes fez: entraram os titulares Pablo e Lucho González, que deram mais toque de bola e velocidade ao time.
 
Aos 19 minutos, o empate veio em uma boa jogada. Envolvendo três jogadores e uma intensa troca de passes, o meia Matheus Rossetto empatou ao desviar do goleiro César um chute rasteiro de dentro da área. Pouco depois, aos 25, a superioridade em campo foi recompensada após um belo chute do atacante Rony da entrada da área, que entrou no ângulo esquerdo alto da meta flamenguista.
 
Daí para o final, o Flamengo buscou de todas as formas ao menos o empate, mas parou na bem postada defesa do Atlético-PR, para frustração da torcida.
 
 
Última rodada
 
Ontem
Atlético-MG 1 x 0 Botafogo
Flamengo 1 x 2 Atlético-PR
Hoje
17h Paraná x Internacional
Chapecoense x São Paulo
Bahia x Cruzeiro
Fluminense x América-MG
Ceará x Vasco
Sport x Santos
Palmeiras x Vitória
Grêmio x Corinthians
 
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Correio Braziliense sábado, 01 de dezembro de 2018

INFÂNCIA ACOLHIDA

 


Infância acolhida
 
 
Aldeias Infantis SOS promovem bem-estar e a autonomia. Terceira matéria da Série Rede do Amor mostra que instituições necessitam de material escolar, brinquedos e roupas para as crianças. Mas também buscam voluntários para projetos esportivos e atendimento psicológico

 

» Mariana Machado
Especial para o Correio
*Nome fictício em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente

Publicação: 01/12/2018 04:00

Alexandra Pompeo, coordenadora do projeto:  

Alexandra Pompeo, coordenadora do projeto: "Nós queremos que eles tenham a experiência de viver em sociedade"

 

Enquanto muitos meninos e meninas passarão o Natal em casa com as famílias, 368 jovens institucionalizados estarão nas 15 entidades de acolhimento espalhadas pelo Distrito Federal. Crianças e adolescentes abandonados ou vítimas de violência familiar e sem ter para onde ir vivem em instituições que os recebem e se preocupam em fazer a reinserção social de cada um.
 
Entre elas está a organização humanitária Aldeias Infantis SOS, presente em 132 países desde 1949. Em Brasília, eles funcionam na Asa Norte desde 1968 em um lote onde estão construídas 15 casas. Até 2012, cada casa era ocupada por nove crianças. “Percebemos que isso estava virando um depósito de crianças e eles acabavam convivendo apenas entre si. Não é isso que queremos. Nós queremos que eles tenham a experiência de viver em sociedade”, explica a coordenadora do projeto, Alexandra Pompeo. A partir dessa constatação, os responsáveis se juntaram para reiventar a instituição.
 
Atualmente, apenas uma das residências é ocupada. Ao todo, são dez jovens, entre 10 e 17 anos. Com a chegada do ano letivo, uma das necessidades da instituição é conseguir o material escolar para eles. Alexandra obvserva que há casos em que as autoridades responsáveis querem deixar os adolescentes no abrigo sem que haja a real necessidade. “Às vezes um menino se comporta mal, tem problemas com os pais e eles acham que é preciso mandar para o abrigo e pronto, mas não é bem assim”, explica.


Aos 17 anos, Lívia* completa o segundo ciclo na entidade. Órfã de pai e mãe, a jovem chegou a ser adotada por uma família de Planaltina na primeira vez que esteve lá. A convivência, no entanto, não deu certo e ela voltou para o antigo lar. “Aqui fiz amizades, mas a maioria já foi embora. Também aprendi a ser mais responsável e ter independência”, declara. Lívia completa 18 anos em maio do ano que vem e terá que deixar a instituição. Ali fez curso de informática e, atualmente, faz estágio em um órgão do Governo do Distrito Federal. Ao Correio, a jovem fala de esperança e sonhos. “Quero fazer a faculdade de psicologia”.
 
Quando chega alguém chega na organização humanitária,  psicólogos e assistentes sociais fazem um plano individual de atendimento. Primeiro, buscam os parentes, tentam entender o que aconteceu e analisam se existe a possibilidade de reintegração familiar. Não sendo possível, a criança ou adolescente é incluído na lista para adoção. “Mas nós sabemos que nem todos serão adotados. Então fazemos um trabalho para que eles tenham autonomia. Um dos caminhos é o programa de profissionalização”, explica Alexandra. O objetivo do projeto é que, ao completar 18 anos, esse jovem tenha condições de concorrer a uma vaga no mercado de trabalho.
 
Cada criança que passa pelo abrigo carrega uma história. Atualmente o caso mais delicado é o de uma órfã acolhida aos 6 anos. Com diagnóstico de esquizofrenia, epilepsia e outros transtornos, ela já completou 20 anos. Os assistentes sociais não conseguiram, nem mesmo judicialmente, encaminhar a jovem para uma instituição especializada no atendimento dela. “Não queremos que ela vá para a rua. Se nós conseguíssemos um lugar que a recebesse sem custos, resolveria. Mas como não achamos, cuidamos dela”.
 
Profissão Mãe
Na casa onde moram, os adolescentes não estão sozinhos. Para manter a ordem e ajudar na criação, existem as mães sociais. São quatro funcionárias contratadas que atuam, como o próprio nome diz, na função de mães. Elas preparam almoço, dormem na casa, cuidam da saúde e da educação dos jovens. Marli Araújo, 60, é mãe nas Aldeias há 15 anos. Ela conta que tudo começou depois de receber um panfleto da organização na saída de uma missa. “Nunca tive filho biológico e, até então, só tinha experiência como gerente de supermercado, mas achei o trabalho bonito e me inscrevi para a vaga”.
 
A mulher que até então nunca tinha pensado em ser mãe, encantou-se com o trabalho e acabou adotando dois meninos, um de 6 anos e um de 9. “Na verdade, eles me adotaram como mãe primeiro. Não tinham família biológica e fomos criando vínculos”. A experiência como mãe social, no entanto, não foi tão fácil quando ela imaginava. “Cheguei em uma casa viva, cheio de meninos hiperativos. Me senti jogada no fogo, mas consegui”, relembra.
 
Na Aldeias, Marli criou concursos: quarto mais arrumado, bom comportamento e festinhas de recompensa. “Deu certo e continua dando. Gosto muito do que eu faço. Aprendi que a gente tem que amar o que faz e as crianças do jeito que elas são”, pondera.
 
Orçamento
Acolhendo menos jovens, a instituição consegue proporcionar a eles maiores chances de convívio com a comunidade. As14 casas ficaram disponíveis, o que deu a oportunidade de aproveitar o espaço para outros atendimentos. A entidade tem recebido famílias de venezuelanos indicados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
 
A coordenadora Alexandra explica que são grupos recém-chegados de Boa Vista (Roraima). Grupos de 50 venezuelanos são acolhidos de cada vez. Uma vez instalados na casa, funcionários do projeto Aldeias fazem a ponte para auxiliá-los e conseguir emprego. Depois disso, os profissionais ajudam as famílias a encontrar moradia perto do local de trabalho. Desde julho, 15 famílias já foram assentadas.
 
Já as demais casas são alugadas por pequenos comerciantes e o valor do aluguel é revertido nas causas sociais da organização. Uma delas é o Projeto em Cena, que trabalha com 60 jovens entre 14 e 16 anos, moradores do Paranoá, ensinando fotografia e computação gráfica. Também no Paranoá, outra casa para acolher crianças deverá ser aberta no próximo ano.
 
Assim como a  organização humanitária Aldeias Infantis SOS, outras instituições que cuidam de crinças e adolescentes necessitam de ajuda. Como muitos não têm família ou ela não tem condição financeira, entidades se juntam para arrecadar roupas e brinquedos e garantir a festa de Natal.
 
A Vara da Infância e da Juventude, por meio da rede Anjos do Amanhã, iniciou a campanha Natal Solidário, para arrecadar presentes. Quem quiser participar tem até o dia 11 de dezembro para selecionar a instituição e criança ou adolescente a ser presenteado.
 
Na lista há uma variedade de desejos: bonecas, roupas, mochilas e bicicletas. Quem escolher presentear com um item mais caro, pode fazer uma vaquinha com amigos. Esta é a quarta vez que a campanha Natal Solidário é realizada e em todas as edições 100% das crianças foram atenidas, segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). O doador pode deixar o presente nas diretorias dos fóruns ou na sede da rede solidária Anjos do Amanhã, localizada na 909 Norte.
 
O supervisor da rede, Gelson Leite pede que cada presente seja embalado e, se possível, acompanhado de uma cartinha. “É uma experiência inclusiva e uma forma de singularizar aquela criança ou adolescente. Isso afaga o coração e diminui as dores do afastamento familiar”, declara.
 
Mas Gelson esclarece que o Natal não é apenas o momento de ser generoso. O trabalho da Rede do Amanhã é, justamente, o de buscar voluntários para trabalhar com esses jovens acolhidos na tentativa de garantir os direitos da criança e do adolescente. “A gente busca voluntários na área de atendimento médico e psicológico assim como quem possa oferecer cursos de capacitação, reforço escolar, atividades de lazer, cultura e esporte”. Quem tiver interesse só precisa fazer a inscrição pelo site anjosdoamanha.tjdft.jus.br e aguardar ser chamado.
 
 
 
Doações
 
A principal necessidade para os adolescentes acolhidos pelo projeto Aldeias Infantis é de material escolar. Com a proximidade do novo ano letivo, cadernos, canetas, lápis, mochilas e tênis estão em falta para começar os estudos em 2019. Quem tiver interesse em doar pode entrar em contato pelo telefone 3272-3482.
 
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Correio Braziliense sexta, 30 de novembro de 2018

EQUOTERAPIA: UM TRATAMENTO DIFERENCIADO

Um tratamento diferenciado
 
Segunda reportagem da série Rede do Amor conta a história da Associação Nacional de Equoterapia, que ajuda pessoas com as mais variadas deficiências locomotoras

 

Mariana Machado
Especial para o Correio

Publicação: 30/11/2018 04:00

Lucas Carvalho: a terapia melhorou os movimentos do menino de 12 anos (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
Lucas Carvalho: a terapia melhorou os movimentos do menino de 12 anos


São diversas as razões que podem causar dificuldades motoras ou de fala em uma pessoa: paralisia cerebral, má formação física ou mesmo a velhice, por exemplo. Para ajudar quem vive nessas condições, médicos têm indicado a equoterapia como ajuda no tratamento. Um mês de sessões, no entanto, pode custar em torno de R$ 400, valor que nem todos conseguem pagar. Para ajudar, entra em cena a Associação Nacional de Equoterapia (Ande/Brasil) que, por meio dos cavalos, tem auxiliado, principalmente, crianças.

Fundada em 1989, a instituição sem fins lucrativos foi a primeira a trazer a equoterapia para o Brasil. A sede fica na Granja do Torto, em um espaço cedido pela Presidência da República. Jorge Dornelles Passamani, coronel aposentado da Polícia Militar do DF, está à frente da instituição. Segundo ele, 150 pessoas são atendidas atualmente, todas de forma gratuita. Os alunos têm autismo, paralisia infantil, síndrome de down e doenças que causam dificuldades de fala e locomoção. A Ande exige, para a prática, laudo de um médico, psicólogo e fisioterapeuta. Profissionais da associação também precisam atestar que o interessado tenha condições físicas e psicológicas de fazer o tratamento.

O coronel explica que o movimento tridimensional do cavalo ajuda a despertar regiões adormecidas no cérebro de quem está montando. “Em 30 minutos de terapia, são feitos 21 mil deslocamentos, o que estimula o equilíbrio e melhora as demais funções. Do lado psicológico e lúdico, é um animal fascinante, admirado por crianças e adultos”, afirma. A equipe de trabalho é multidisciplinar e formada, na base, por três profissionais: psicólogos, fisioterapeutas e equitadores.

Com as mãos firmes nas rédeas do cavalo, Pâmela Cordeiro, 13 anos, consegue montar sozinha. A menina tem paralisia cerebral desde o nascimento e, por indicação, a mãe, a dona de casa Ana Paula Cordeiro, 47, procurou o tratamento, mesmo tendo ouvido de alguns médicos que de nada adiantaria. “Tem gente que não acredita, mas, na vivência, a gente percebe o quanto foi bom. Não imaginávamos que ela chegaria onde está hoje”, emociona-se Ana Paula.

Quando começou a prática, a menina sofria de mutismo seletivo e falta de equilíbrio. Cerca de dois anos depois do tratamento iniciado, passou a conversar, melhorou o rendimento escolar e ainda participou de três competições de equoterapia, levando medalha para casa em todas. “A vontade dela é participar de uma paraolimpíada e eu sonho que isso se torne realidade. A equoterapia só trouxe melhoras. Hoje em dia ela não tem vergonha de ser quem é”, comemora a mãe.

Pâmela tem uma irmã gêmea que também nasceu com a paralisia. No entanto, o caso dela é mais grave. Por ter uma escoliose acentuada, não foi autorizada a montar. O movimento poderia romper a coluna dela. “Eu queria muito que ela também pudesse fazer, porque os benefícios são grandes, mas essa limitação impede”, lamenta a mãe.

A pediatra e especialista em trissomia do cromossomo 21, ou síndrome de down, Moema Arcoverde, avalia que os resultados observados com a equoterapia são extremamente positivos, sobretudo para crianças nessas condições. “Há benefícios na concentração, e interação. O contato com os animais facilita isso; é como se o cavalo fosse uma ponte de comunicação”, afirma.

Assim como outras práticas esportivas, também melhora a disciplina e equilíbrio. “Essas crianças têm alteração na anatomia do cerebelo, que é menor. Quando começam a montar, isso traz maior segurança, porque a estrutura motora fica mais firme”, destaca a pediatra. Quanto mais tempo durar, melhores os resultados, mas as filas de espera e pouca oferta do serviço acabam limitando os tratamentos. Hoje, 550 aguardam a vez.


Gabriel Ramos: sem a equoterapia, o progresso que ele teve pode ser prejudicado (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
Gabriel Ramos: sem a equoterapia, o progresso que ele teve pode ser prejudicado



Futuro incerto
Com síndrome de down e paralisia cerebral, Gabriel Ramos, 15, está chegando ao fim dos dois anos de tratamento. Ele passou por listas de espera de outras instituições e conseguiu fazer o tratamento sem interrupções desde os 2 anos de idade, mas a partir do ano que vem o futuro é incerto. “Sem a equoterapia, o progresso que ele teve pode ser prejudicado. Quando começou, não tinha controle do pescoço e tronco e, nos primeiros meses, ganhou equilíbrio. Antes tinha dificuldade até de sentar. Além disso, passou a interagir mais, ficou mais sociável”, relatou a mãe, a dona de casa Marilene Ramos, 47.

A família mora no Paranoá e a mãe se desdobra para sempre levar o filho às sessões uma vez por semana. “Percebo que, quando está no cavalo, ele fica muito feliz, então se é algo que traz alegria, eu tento proporcionar. Os médicos dele também recomendam”. Ainda bebê, Gabriel foi diagnosticado com a paralisia, depois que um exame identificou uma lesão no cérebro. Ele não fala, usa uma cadeira de rodas para se locomover e, desde 2014, perdeu a visão. “Sonho que o futuro dele seja um pouco melhor e é por isso que eu luto para que ele tenha uma postura e interaja”, afirmou Marilene.

Ela não é a única mãe preocupada com o ano seguinte. A dona de casa Eliane Fonseca, 44, colocou o nome do filho em listas de espera. Lucas Carvalho, 12, também está prestes a completar o tempo limite de dois anos, mas não quer sair da Ande. O menino não tem ainda um diagnóstico definido, mas sofre de fraqueza muscular nas pernas e braços desde bebê. Para andar, precisa da ajuda de um andador. “A terapia melhorou o movimento dele, deu mais forças nas mãos. Do jeitinho dele, ele consegue segurar nas rédeas e a postura ficou ereta”, descreveu Eliane.

Moradora da Asa Norte, a família é natural do interior de Minas Gerais, onde nasceu o amor por animais. Lucas sonha em crescer e se tornar veterinário. “Aqui, na associação, é uma maravilha, uma coisa apaixonante, pena que não tem vaga para todo mundo. O sonho era que houvesse cavalo para todo mundo”, disse a mãe.

Para cada patologia, um animal é indicado. A professora e pedagoga Lílian Guimarães, 51, explica que, assim como cada pessoa anda de uma forma, o mesmo vale para os cavalos. “Tudo implica um resultado. Se é uma criança com dificuldades de equilíbrio, vamos pegar um animal que faça movimentos que exijam esse esforço de quem estiver montando, para que isso acorde no cérebro o necessário para se equilibrar”.

Lílian trabalha há cerca de 10 anos na associação e conta que os professores também incentivam o aprendizado em disciplinas escolares, como na alfabetização. “O trabalho aqui é fantástico. Se todo professor pudesse passar aqui antes de ir para a sala de aula, o ganho seria muito maior”, acredita a pedagoga.


Jorge Dornelles:  
Jorge Dornelles: "Em 30 minutos de terapia, são feitos 21 mil deslocamentos, o que estimula o equilíbrio das crianças"



Orçamento
Para se manter funcionando, a organização recebe os valores pagos nas aulas de equitação e aluguel de estábulos que funcionam no mesmo espaço da Granja. Outra fonte de renda são os cursos de equoterapia ministrados pela associação em todo o país. Contudo, o presidente explica que ainda não é suficiente para todos os custos; por isso, algumas vezes por ano campanhas de doações precisam ser realizadas. “Tudo é bem-vindo, especialmente materiais para os cavalos. Ração, remédios, feno, etc”, disse Dornelles.

Além da unidade na Granja do Torto, outros dois locais estão filiados à Ande no Distrito Federal. Um deles é o centro da Polícia Militar, no Riacho Fundo I, e o outro é o Centro Joca, no Gama. Em todo o Brasil, 259 unidades estão vinculadas à Ande. “Hoje estamos deficitários. As campanhas que fazemos dificilmente atingem as metas, mas nós continuamos trabalhando. Aqui tem muita história de vida linda, cada família é uma inspiração”, explica o presidente.


Como ajudar
A Ande recebe doações o ano todo. Interessados podem entrar em contato com a secretaria pelo telefone: 3468-7092


Transporte
Em 2018, a Ande conseguiu, junto à Secretaria da Criança, verba para a compra de uma van que agora faz o transporte gratuito de 70 crianças em tratamento, todas de baixa renda e moradoras das regiões ao norte do Distrito Federal, como Sobradinho, Planaltina e Paranoá.
 

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Correio Braziliense quinta, 29 de novembro de 2018

STF: AMEAÇA AO COMBATE À CORRUPÇÃO

 

Ameaça ao combate à corrupção
 
Supremo Tribunal Federal retoma hoje o julgamento sobre o indulto de Natal, editado em 2017 pelo presidente Michel Temer, que beneficia criminosos do colarinho-branco. Votação está empatada em 1 x 1

 

» Renato Souza

Publicação: 29/11/2018 04:00

Barroso votou pela derrubada de parte do indulto; Moraes, pela constitucionalidade da medida (Minervino Junior/CB/D.A Press - 4/10/18)  
Barroso votou pela derrubada de parte do indulto; Moraes, pela constitucionalidade da medida


O Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade hoje ao julgamento sobre o indulto de Natal editado no ano passado pelo presidente Michel Temer. Caso o decreto seja validado pela Corte, ao menos 22 condenados no âmbito da Operação Lava-Jato podem sair da cadeia. Isso ocorre por conta da amplitude da medida, que concede o perdão presidencial até mesmo para presos do colarinho-branco, encarcerados por crimes de corrupção e peculato. O julgamento está empatado, com um voto a favor do decreto e um por sua inconstitucionalidade parcial. Faltam os votos de nove ministros. 

O indulto, editado em 28 de dezembro do ano passado, foi alvo de uma ação de inconstitucionalidade apresentada no STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Os itens questionados se referem ao perdão de pena para quem cumprir um quinto da condenação e extinção de multas, independentemente do valor. O relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso, fez um forte discurso contra trechos do indulto, pediu combate à corrupção e votou pela anulação dos artigos questionados pelo Ministério Público. “A corrupção mata na fila do hospital, mata na falta de leitos, de equipamentos e de estradas sem qualidade. Mata na ausência de estrutura das escolas. O fato de o corrupto não ver os olhos da vítima que ele produz não o torna menos perigoso”, frisou.

Barroso destacou que todos os decretos anteriores só concederam o perdão da sentença a quem já tivesse cumprido pelo menos um terço da dosimetria da pena. O ministro Alexandre de Moraes divergiu, ao entender que o Supremo não pode invadir a competência do Executivo nesse tipo de ato. “É tradicional a existência de poderes independentes e harmônicos. A separação de poderes sempre foi e continua sendo uma garantia de perpetuidade do Estado Democrático de Direito”, disse. Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello fizeram intervenções alinhadas aos argumentos de Moraes. Já Edson Fachin deixou a entender que tende para o lado de Barroso.

Levantamento realizado pela força-tarefa da Lava-Jato no Paraná aponta que 22 dos 39 condenados em processos relacionados à operação seriam beneficiados, em 25 de dezembro deste ano, com o indulto, caso ele seja validado por completo. Entre eles está o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, condenado a 5.290 dias de detenção e que já terá cumprido 20,05% da pena. Outro que pode ser beneficiado é o ex-ministro Antônio Palocci, condenado a 4.460 dias de prisão, pois já terá cumprido 25% da pena. Mesmo com a detenção domiciliar, que foi concedida ontem pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ele pode ser privilegiado pelas regras do indulto.

Privilegiados

Seriam beneficiados também o pecuarista José Carlos Bumlai, o ex-deputado João Luiz Argolo, o lobista Adir Assad, entre outros. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, criticou o ato do chefe do Executivo. “Fui escolhido presidente do Brasil para atender aos anseios do povo brasileiro. Pegar pesado na questão da violência e da criminalidade foi um dos nossos principais compromissos de campanha. Garanto a vocês, se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último”, escreveu em uma mensagem pelo Twitter.

Conrado Gontijo, professor de direito penal do Instituto de Direito Público de São Paulo, afirmou que a decisão do Supremo pode afetar futuros indultos. “Os ministros terão de decidir qual é a extensão da decisão que tomarem e como isso vai impactar os futuros decretos do presidente da República”, destacou. Ele também ressaltou que, quando assumir, Bolsonaro não poderá revogar o decreto já editado pelo presidente Temer, que tomou a decisão “no exercício de suas funções”.
 
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Correio Braziliense quarta, 28 de novembro de 2018

CONCURSO: QUASE 2 MIL VAGAS

 

Quase 2 mil vagas com salário de até R$ 3,6 mil
 
Do total de oportunidades, 314 são para contratação imediata na SEDESTMIDH. Há chances de níveis médio e superior para especialistas em assistência social, técnico administrativo e em assistência social. As inscrições abrem em 22 de dezembro

 

» LORENA PACHECO
» ANDRESSA PAULINO*

Publicação: 28/11/2018 04:00

Agnes Caetano estuda há um ano e pretende tentar uma vaga para técnico administrativo (Marília Lima/Esp. CB/D.A Press)  
Agnes Caetano estuda há um ano e pretende tentar uma vaga para técnico administrativo


O fim do ano chegou com boas expectativas para quem deseja entrar no serviço público. A Secretária de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH) lançou concurso com 1.903 vagas. Foram publicados ontem quatro editais para a seleção no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). Do total de oportunidades, 314 são para contratação imediata e o restante para formação de cadastro reserva. As chances são para especialista em assistência social, técnico administrativo e técnico em assistência social (veja quadro).

O concurso será realizado exatos oito anos depois do último processo seletivo para as áreas da assistência social. Há chances de nível médio e superior, com salários que variam de R$ 2,6 mil a R$ 3.599,70, para 30 horas semanais. O Instituto Brasil de Educação (Ibrae) é a banca organizadora, que será responsável pela aplicação das etapas da nova seleção.

As inscrições podem ser feitas de 22 de dezembro a 24 de janeiro de 2019, pelo site do Ibrae. A taxa custa R$ 115. O concurso reserva 20% das vagas a pessoas com deficiência. De acordo com o calendário oficial, o resultado final e a homologação deverão ser publicados em 20 de novembro de 2019.

A estudante de gestão de recursos humanos, Agnes Kananda Caetano, 23 anos, se interessou pelo salário oferecido. “Tem um ano que estudo para concurso e esse edital está ofertando vagas justamente na área em que pretendo atuar, que é a de técnico administrativo. A remuneração inicial atende minhas expectativas, já que vivemos apenas com o salário do meu marido”, contou.

Agnes passou cerca de um ano tendo aulas em um cursinho particular, no entanto, para administrar a faculdade com o estágio, optou por estudar em casa. “Eu aproveito todo o tempo que tenho para estudar e, agora, vou redobrar a atenção para me preparar”, acrescentou. Ela acredita que, como o órgão é da área social, será preciso se debruçar mais em assuntos relacionados a direito e proteção da população em vulnerabilidade e risco.

Segundo o professor de serviço social do Gran Cursos Online, Douglas Gomes, solidariedade, empatia, comprometimento e crítica são características que devem fazer parte do perfil dos candidatos que pretendem concorrer. De acordo com ele, principalmente com relação aos cargos de nível médio, que são mais generalistas, deverá haver muita concorrência, o que é natural.. “É essencial, porém, que o profissional que for aprovado neste concurso tenha, pelo menos, um olhar aberto”, defende.

“Para a SEDESTMIDH, o candidato deve ter pelo menos abertura para aprender com a diversidade pela diferença, já que vai atuar com uma série de violações de direitos. Se não existir esse olhar, haverá dificuldade,” esclarece. “Estamos num período que precisamos vivenciar o comprometimento voltado pra instalação de processos de justiça social, a gente precisa perceber que há desigualdade na nossa sociedade e precisamos de pessoas para estabelecer serviços e projetos que alterem essa realidade em sua discrepância.”

A prova objetiva será realizada em 10 de março do ano que vem. Serão 20 questões sobre conhecimentos gerais e 30 de conhecimentos específicos. A prova será de múltipla escolha com cinco alternativas para cada questão. Haverá ainda avaliação psicológica, sindicância de vida pregressa e investigação social e curso de formação. Candidatos aos cargo de nível superior farão, ainda, provas discursivas.
Sobre o edital de abertura, o professor Douglas Gomes achou interessante que, já na linha dos conhecimentos gerais, o concurso trouxe muito sobre assistência social e temas correlatos, conteúdos que geralmente são mais atrelados aos conhecimentos específicos de cargos de nível superior, como assistente social e psicólogo. “Por isso, todos os candidatos de todos os postos devem compreender assuntos como gênero, violência ao idoso, preconceito e discriminação, que devem inclusive ser temas da dissertação de nível superior”.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira



  • Fique atento
    Foram publicados quatro editais para o concurso da Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh)

    » Inscrição: de  22 de dezembro de 2018 a 24 de janeiro de 2019
    » Banca Organizadora: Instituto Brasil de Educação (Ibrae)
    » Vagas: 1.903 para especialista em assistência social, técnico administativo e técnico em assistência social
    » Salários: de R$ 2.600,00 a R$ 3.599,70
    » Data da prova: 10 de março de 2019
    » Divulgação dos resultados: 20 de novembro de 2019
    » Especialidades: Educador social (qualquer graduação); direito e legislação (graduação em direito); pedagogia; psicologia; serviço social; administração; ciências contábeis; comunicação social (jornalismo, relações públicas e publicidade e propaganda); economia; estatística; nutrição; técnico administrativo; agente social; cuidador social.

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Correio Braziliense terça, 27 de novembro de 2018

A CEILÂNDIA DE MICHELLE BOLSONARO

 

A Ceilândia de Michelle Bolsonaro
 
 
Mãe, tia e avó contam como foi a infância da futura primeira-dama quando morava com a família em cômodos precários nos fundos de um lote. Elas, que ainda vivem na cidade, falam com carinho do presidente eleito

 

ROBERTA BELYSE
PAULO SILVA PINTO

Publicação: 27/11/2018 04:00

A avó de Michelle, Maria Aparecida, e a tia da futura primeira-dama, Ângela Maria: moradoras do Sol Nascente (TV Brasília)  

A avó de Michelle, Maria Aparecida, e a tia da futura primeira-dama, Ângela Maria: moradoras do Sol Nascente

 

A pequena Michelle gostava de brincar no exíguo pátio da residência improvisada em Ceilândia Norte. Morava ali com a mãe, Maria das Graças, e o pai, Paulo, motorista de ônibus, nos fundos de um lote. “Havia outro barraco ali”, aponta a tia, Ângela Maria, mostrando um espaço, agora vazio, onde ela mesma esteve instalada na época.

Os cômodos precários ficavam atrás da casa onde moravam os avós e os tios. Um deles, Gilberto, com deficiência auditiva, inspirou Michelle a aprender a linguagem de sinais, que ela usa hoje em trabalhos sociais. “Aqui, vivia Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, primeira-dama do Brasil”, relata, com orgulho, Ângela Maria.

A casa foi vendida, e, hoje, abriga, na parte da frente, uma loja de equipamentos para cozinhas industriais. Nos fundos, a residência da infância de Michelle dá guarida a outra família. Luana dos Santos, a atual moradora, se surpreende ao saber quem a antecedeu ali.

Gilberto tem deficiência auditiva e inspirou sobrinha a aprender Libras (TV Brasília)  

Gilberto tem deficiência auditiva e inspirou sobrinha a aprender Libras

 

Ângela e a avó de Michelle, Maria Aparecida Firmo Ferreira, 76 anos, moram na favela do Sol Nascente. Já Maria das Graças tem uma casa nas proximidades, em Ceilândia Norte. E não poupa palavras de admiração sobre a filha. “Deus falou que ela ia ter uma redoma, porque ela merece. É linda, linda. Uma obra-prima detalhada pelo Senhor. Não sei a quem puxou. O pai dela é feio. Eu sou feia”, diz a mãe, que se separou do marido quando Michelle era criança.

Maria das Graças afirma que a filha já lhe ofereceu para que mudasse de endereço, o que recusou. Assevera que a eleição de Jair Bolsonaro não vai fazer com que ela altere o estilo de vida. “Aqui é meu. Por que eu vou sair? Quem vai receber a faixa é ele”, diz Maria das Graças, que trabalhou voluntariamente pela eleição de Bolsonaro. Só tem elogios em relação a ele. “É maravilhoso”, destaca.
Lamenta, porém, ficar longe de filha. “A Michelle era meus braços, minhas pernas. Hoje, eu vi na tevê e falei: ‘Tem hora que eu não acredito que é minha’. A gente não pode mais ter aquele vínculo. Eu queria a Michelle como ela era. Aceito porque é (decisão) de Deus”, afirma ela, que não se deixou fotografar para a reportagem.

Maria das Graças tem a mesma idade de Brasília, onde chegou com 10 anos. A família veio, em 1970, de Presidente Olegário (MG), cidade de 18 mil habitantes. Comprou um barraco na Vila do Iapi, onde nasceu Ângela Maria. Depois, foram retirados dali e transferidos para Ceilândia Norte. O pai, Ibraim Firmo Ferreira, avô da futura primeira-dama, trabalhou muito tempo como gari, até se aposentar.

A casa em que Maria Aparecida, a avó, vive hoje no Sol Nascente é inferior à que teve antes. Tem paredes sem reboco e galinhas ciscando pelo quintal. Moram ali alguns dos filhos — ela teve oito no total, quatro mulheres e quatro homens. Gilberto, um dos que ainda vivem com ela, manda uma mensagem a Michelle usando a linguagem brasileira de sinais (Libras). “Gosto de você desde pequeno. Queria te abraçar”, traduz Ângela Maria.
A casa onde morou Michelle com a família: cômodos atrás da residência dos avós e tios em Ceilândia Norte ( TV Brasília)  
A casa onde morou Michelle com a família: cômodos atrás da residência dos avós e tios em Ceilândia Norte
Michelle, na adolescência, e na atualidade: do trabalho na Câmara a mulher do futuro presidente (TV Brasília)  
Michelle, na adolescência, e na atualidade: do trabalho na Câmara a mulher do futuro presidente
 (Ed Alves/CB/D.A Press)  
“Visão e foco”
A tia conta que ela e Michelle chegaram a fazer alguns trabalhos como modelo. A mãe diz que a filha se afastou dessas atividades por duas razões: teria de emagrecer e ouviu de uma missionária da igreja evangélica que modelos ficam doentes e morrem cedo. Foi, então, trabalhar como demonstradora de alimentos e, depois, de vinhos. Mais tarde, veio o emprego na Câmara e o casamento com Jair Bolsonaro. “Só chega a esse patamar uma pessoa com visão e foco”, elogia Ângela.

O avô Ibraim morreu durante um assalto em Planaltina quatro anos atrás. Michelle pagou o funeral. Foi quando Maria Aparecida viu a neta pela última vez.

A avó guarda com carinho fotos do casamento de Michelle e Bolsonaro, em 2013, no Rio, enviadas por meio eletrônico e impressas numa folha de sulfite. “Ela nem pensa como eu fiquei feliz, de eu saber que ela era quem ela era, tadinha, e hoje ela é daquele jeito, porque teve atitude, procurou, correu atrás. Toda a vida ela trabalhou”, conta.

Maria Aparecida acompanha de longe a vida da futura primeira-dama e do presidente eleito, a quem chama de Jair. Ficou chocada com o atentado que ele sofreu. E chegou a fazer jejum, orando para que ele se recuperasse.

A avó de Michelle anda com dificuldades, usando muletas. Entre os poucos sonhos estão uma cadeira de rodas elétrica. Outro é fazer uma viagem para longe. “Nunca entrei num avião, tenho medo. Mas, antes de morrer, quero fazer isso.”

Ela não conta com favores depois da posse do marido da neta. Espera “melhorar de vida”, o que, afirma, acha que virá como uma consequência das ações políticas de Bolsonaro. “Se eles não puderem fazer nada pela gente, ele vai fazer muito (pelo país), e a gente toca no meio”, diz.
 
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Correio Braziliense segunda, 26 de novembro de 2018

O ADEUS A ZEZÉ NOBRE

 

Zé Nobre, artista, 63 anos
 
 
O estilo peculiar e a mistura de linguagens que incorporavam universos populares e eruditos faziam parte da produção do baiano

 

José Carlos Vieira
Ricardo Daehn

Publicação: 26/11/2018 04:00

 

Zé Nobre utilizava todo tipo de suporte e gostava de mesclar referências ( Arquivo pessoal



)  
Zé Nobre utilizava todo tipo de suporte e gostava de mesclar referências

 


Foi o próprio artista Zé Nobre quem definiu o alcance de sua arte: “Pretendo que o público que a observa se perca no clima da obra e não se ligue nas partes componentes do que vê”.  Nascido José de Almeida Nobre Faria, foi pioneiro nas artes plásticas de Brasília, cujos nascimento e maturidade acompanhou de perto.

Lançando mão da interatividade dos traços gráficos, apontados “como estilo e fim”, o baiano — morto na noite de sábado, por causa de problemas cardíacos — veio para a capital ainda criança e foi dos artistas multimídia mais populares de Brasília. Adotou referências de quadrinhos criados nos anos de 1960, administrou elementos pop e criou serigrafias, sempre atento à influência das capas de discos e às ilustrações produzidas por jornais brasileiros, uruguaios e argentinos. Para o Correio, ele emprestou o talento numa série de caricaturas de personalidades do ramo da música. Zé Nobre será enterrado, às 11h de hoje, no Cemitério Campo da Esperança.

Casada com o artista por mais de 15 anos, a jornalista Eliana Araújo manteve a amizade e a admiração. “Uma das coisas mais impressionantes que percebo nele é o fato de, mesmo tendo nascido em Salvador, ter se afirmado como brasiliense, por questões de raízes mesmo. Ele amava a cidade e os artistas locais e, principalmente, a cultura”, conta.

 

Duas das vibrantes obras do artista   ( Arquivo pessoal)  
Duas das vibrantes obras do artista

 

 

 

 ( Arquivo pessoal)  

 

 

O estilo peculiar de mesclar serigrafia com uso de papel contact agregava originalidade à produção. Eliana enfatiza “a grande paixão” que tinha pela Feira de Trocas de Olhos D´Água, tema de cartazes produzidos para o evento e de uma série de cartões-postais para  uma coleção batizada de Relicário. Esposa de Zé ao longo de 11 anos, a jornalista Ariane Lupiano explicita diversas qualidades do ex-marido: “Ele foi uma pessoa incrível — um artista multimídia do quilate que, raras vezes, Brasília viu. Na carreira, além da pintura, Zé criou vídeos e roteiros de tevê. Completo, ele sempre se manteve moderno”. 

Entre os pontos altos da carreira do ex-marido, Ariane destaca a exposição de 1999, Zé Nobre — O multimídia. “Lá, ele apresentou produção de cordel, vídeos, gravuras, pinturas a óleo e até poesia”, relembra. Ao Correio, o publicitário Casé de Sousa deu declaração que sintetiza boa parte da trajetória do amigo: “Comecei a reparar no trabalho do Zé nos anos 1980, época em que Brasília pipocava cultura por todos os cantos. Tinha o Concerto Cabeças, o Liga Tripa, o Paulo Tovar, o Renato Matos, o Beirão, o Miqueias, tudo isso era ilustrado pelo Zé Nobre com lindos pôsteres em silk, com um traço tão original que nem precisava assinar”.

Formação na capital
Muito antes de se tornar bacharel em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, Zé Nobre investiu, adolescente, no aprofundamento do interesse artístico. Ele se orgulhava de ser da primeira geração de Brasília e declarava a cidade como “musa e inspiração”. Múltiplo, respondeu pela fundação da empresa Da Anta Casa Editora (que publicou a revista Víbora), e dirigiu obras de cinema e de teatro.

Professor e crítico de cinema, Sérgio Moriconi relembra, com saudades, o período de longa amizade com Zé Nobre. “Crescemos juntos, no melhor estilo de família. O Zé foi um irmão para mim. Enquanto eu produzia vídeos de caráter educativo, ele já despontava nas artes gráficas. Junto com a produção pessoal, ele teve enorme importância na difusão da cultura local”, comenta o professor. a.

Filha de Zé Nobre, a dançarina Ana Luiza comenta que a família idealiza uma futura exposição com obras do artista, no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul). “Meu pai sempre queria todos ao redor estivessem bem, cuidando para que houvesse paz e amor, no centro de tudo”, conclui.

 

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Correio Braziliense domingo, 25 de novembro de 2018

PROFISSÃO: PAPAI NOEL

 

Procura-se um Papai Noel
 
A um mês da celebração cristã, contratação de profissionais para atuar em shoppings e em outros pontos do Distrito Federal movimenta o comércio. Entre voluntários e assalariados, número de Papais Noéis na capital neste fim de ano deve chegar a 100

 

AUGUSTO FERNANDES
JULIANA ANDRADE
ESPECIAIS PARA O CORREIO

Publicação: 25/11/2018 04:00

 

Desde 1972, Celso Vendramini alegra as festas das crianças: %u201CPrecisa ter vocação e gostar de criança. Sem isso, não tem Papai Noel%u201D (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press



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Desde 1972, Celso Vendramini alegra as festas das crianças: %u201CPrecisa ter vocação e gostar de criança. Sem isso, não tem Papai Noel%u201D

 


Ele tem a barba branca e comprida, veste roupa vermelha e carrega um saco cheio de presentes. Sim, estamos falando do Papai Noel. No shopping, ele faz sucesso. No meio das lojas e do vaivém de pessoas, adultos e crianças fazem fila para tirar uma foto ou entregar uma cartinha para o bom velhinho. Com o Natal batendo à porta, cresce a caça dos estabelecimentos comerciais pelo personagem mais simbólico deste feriado. De acordo com estimativas de empresas de recrutamento de Papais Noéis, pelo menos 42 devem atuar até 25 de dezembro nos shoppings da cidade.

O mercado envolvendo a contratação de candidatos para interpretar o símbolo natalino deve movimentar aproximadamente R$ 250 mil este ano. Com salários que variam de R$ 6 a 12 mil, os profissionais trabalham entre seis e oito horas por dia, com direito a uma folga por semana. “É a figura que melhor caracteriza o Natal. Além da imagem comercial, traz uma mensagem de alegria e esperança para as crianças. Por conta disso, o movimento nos shoppings sempre é grande nesta época do ano”, comenta Wânia Cristina de Moraes, sócia-proprietária do Grupo Ciranda, agência de empregos no ramo há mais de três décadas.

A empresa tem 10 profissionais no quadro. Para corresponder à expectativa do público, um bom Papai Noel tem que cumprir uma série de requisitos. “O processo seletivo começa no meio do ano. Fisicamente, é importante que ele seja gordinho, tenha a barba natural e bem cuidada. Se tiver olho claro, é ainda melhor. Ele também tem que ser simpático, ter paciência, saber ouvir e conversar, além do mais importante: gostar de crianças”, destaca Wânia Cristina.

Atendendo a todas as exigências, Olídio dos Santos, 62 anos, prepara-se para o seu 32º Natal como bom velhinho. O que começou como alternativa para conseguir uma renda extra, hoje é uma paixão. “Para mim, é uma honra. Você lidar com criança é muito bom. Criança é sincera, quando ela gosta de você, ela gosta, e quando não gosta, não gosta”, observa.

 

Olídio dos Santos Pereira tem 62 anos e, há 30, se fantasia de Papai Noel durante as festas de fim de ano (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  
Olídio dos Santos Pereira tem 62 anos e, há 30, se fantasia de Papai Noel durante as festas de fim de ano

 

 

Ao longo desses anos, muito mais do  que dar presentes, Olídio também encontrou boas histórias. Muitas engraçadas, outras de encher os olhos de lágrimas. “Uma vez, uma senhora de mais ou menos uns 80 anos não parava de me olhar. Perguntei se ela queria falar comigo e ela disse que sempre sonhou em me encontrar, mas nunca teve condições de vir ao shopping ver o Papai Noel. Mas, naquele dia, ela tinha”, conta, emocionado.

Apesar de gratificante, o Papai Noel não tem trabalho o ano todo. Por isso, Olídio aproveita ao máximo a época natalina, e até deixa de comemorar a data com a mulher, os filhos e as netas, em Sobradinho. “Na noite de Natal, eu também trabalho. Já tem mais de 30 anos que eu não passo o feriado em casa, porque saio para entregar os presentinhos”, comentou.

Dedicação
A quantidade de Papais Noéis em Brasília, contudo, vai muito além daqueles que ficam nos shoppings da cidade. Caso também sejam considerados os que levam alegrias a escolas, creches, hospitais e outros espaços, esse número pode chegar perto de 100. “Muitas pessoas querem contribuir para a magia dessa data e tornar verdade os sonhos e as fantasias das crianças. É algo mágico”, conta Natália Amante, sócia-proprietária da empresa de entretenimento infantil Hora do Agito.

 

Viver o bom velhinho no Natal faz o policial Edclai Figueiredo da Silva entrar em um universo mágico (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)  
Viver o bom velhinho no Natal faz o policial Edclai Figueiredo da Silva entrar em um universo mágico

 

 

Os três velhinhos que fazem parte da empresa vestirão a roupa vermelha principalmente no dia 24 de dezembro. “É cada vez mais comum os pais contratarem os nossos Papais Noéis para entregar os presentes. Mas vai além disso. Cada Papai Noel recebe um perfil da criança. Dessa forma, ele consegue cativar ainda mais. Um conselho do pai que a criança muitas vezes não escuta, se dito por esse personagem, tem um resultado enorme”, destaca Natália.

É dessa forma que Celso Vendramini, 72, tenta fazer da data um momento único para cada menino e menina. Papai Noel desde 1972, ele sabe a receita perfeita para ser um bom velhinho. “Precisa ter vocação e gostar de criança. Sem isso, não tem Papai Noel. É maravilhoso”, garante.

Empresário e morador de Curitiba, ele vem alegrar a garotada brasiliense há três anos. Contudo, por mais que tenha entregue pirulitos, carrinhos e bonecas durante todo esse tempo, seu pedido favorito não foi o de uma criança. “Perguntei para uma mãe o que ela queria e ela disse que queria a família dela de volta. Era uma jovem, de uns 25 anos, com um filhinho de mais ou menos seis. Me comovo toda vez que eu falo”, lembra.

Desejo dos velhinhos
Mesmo representando uma figura de esperança para muitas pessoas, quem faz o Papai Noel também tem as suas vontades. Há 12 anos se fantasiando, o policial Edclei da Silva, 42, espera um país melhor. Para as crianças, ele deixa um recado: “nunca deixem de acreditar”. Ao trocar a farda da corporação pelas grandes vestes vermelhas do Papai Noel, Edclei encontra calmaria em meio à agitação como militar. “É um prazer para mim. É algo muito agradável  que me completa. É o extremo da minha vida do resto do ano e que, hoje, faz parte da minha rotina”, ressalta.

Para Edclei, a data sempre foi importante. Além de muitos abraços e fotos, o exercício de Papai Noel também traz para o seu cotidiano muita humanidade e solidariedade. “Às vezes, chega alguém desestimulado e sabe que, na verdade, é um ser humano que está ali por trás daquela roupa. Então, eu levo a mensagem dizendo que o Natal simboliza o nascimento de Cristo, a esperança, a paz, a certeza de que dias melhores virão e é nisso que eu acredito, de verdade”, destaca.

“É um prazer para mim. É algo muito agradável e que me completa. É o extremo da minha vida do resto do ano e que, hoje, faz parte da minha rotina” 
Edclei da Silva, policial e Papai Noel há 12 anos

 

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Correio Braziliense sábado, 24 de novembro de 2018

MAIS MÉDICOS TEM 92% DAS VAGAS PREENCHIDAS

 

Mais Médicos tem 92% das vagas preenchidas
 
Quase 26 mil pessoas se candidataram ao programa e 7.871 já foram aprovadas. Conselhos Regionais de Medicina estão acelerando o registro de recém-formados para facilitar a adesão à seleção. Ataques cibernéticos ao site são minimizados

 

OTÁVIO AUGUSTO

Publicação: 24/11/2018 04:00

O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia realiza mutirão para cadastrar os novos profissionais que pretendem se inscrever no programa (Cremeb/Divulgação)  
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia realiza mutirão para cadastrar os novos profissionais que pretendem se inscrever no programa


O Ministério da Saúde selecionou 7.871 profissionais para as 8.517 vagas abertas no Mais Médicos com a saída dos cubanos do programa. Isso representa 92% do total. Quase 26 mil pessoas se inscreveram. Ontem, pelo menos 40 se apresentaram aos municípios onde vão trabalhar. Para facilitar a inscrição na seleção, Conselhos Regionais de Medicina estão acelerando o registro de recém-formados, sob a orientação do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Após dois dias de instabilidade, o portal para inscrição funcionou ontem com performance melhor, e os ataques cibernéticos foram controlados. Das candidaturas recebidas, 8,3 mil — 32% — não atendem aos requisitos. Só podem participar da seleção médicos brasileiros com registro ou diploma revalidado no país. As 8,5 mil vagas oferecidas são para 2.824 municípios e 34 distritos indígenas. As inscrições continuam até 7 de dezembro.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo fará uma força-tarefa para agilizar a análise da documentação dos profissionais que solicitaram inscrição até ontem. “A intenção é que o devido registro esteja disponível até este sábado, oferecendo a possibilidade de os médicos recém-formados participarem da convocação para o Mais Médicos”, declarou o conselho, em nota.

Desde quarta-feira, o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia realiza mutirão para cadastrar os novos profissionais que pretendem se inscrever no programa. Ao todo, 249 registros de médicos recém-formados foram protocolados. “O médico precisa preencher um formulário, e somente após essa etapa é que ele se dirige à sede do Conselho com os documentos necessários. O procedimento é simples e rápido, e o profissional já sai do Conselho com o seu número de registro”, ressaltou a entidade.

Revés na Justiça
Ontem, o juiz Eduardo Santos da Rocha Penteado, da 14ª Vara Federal Cível, negou liminarmente um pedido da Defensoria Pública da União para manter as atuais regras do Mais Médicos. Segundo a Defensoria, a saída dos cubanos poderia acarretar “um grave cenário de desatendimento a uma parcela da população brasileira”.

A intenção era de que a seleção contasse com a “participação de médicos estrangeiros de qualquer nacionalidade, condicionando quaisquer alterações, especialmente no tocante à desnecessidade de submissão ao Revalida, à realização de prévio estudo de impacto e comprovação da eficácia imediata das medidas compensatórias que assegurem a plena continuidade dos serviços”.

O magistrado afirmou que a decisão de deixar o programa partiu de Cuba, portanto, “inexiste um ato específico do Estado brasileiro que possa ser anulado, suspenso ou modificado por parte deste juízo”. Eduardo Santos da Rocha Penteado apontou ainda que “é fato notório que foi publicado novo edital do Programa Mais Médicos”.

A seleção ocorre para substituir médicos cubanos, após a ilha caribenha romper o convênio. O país abandonou o programa depois de críticas e exigências de mudanças do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Entre as condições estava a de os médicos passarem pelo exame de reconhecimento de diplomas estrangeiros e o pagamento integral da bolsa de R$ 11 mil ao profissional — pelo acordo, Cuba ficava com 70% do provimento.




2.824
Número de municípios que serão contemplados com médicos do programa, além de 34 distritos indígenas.
 
 
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Correio Braziliense sexta, 23 de novembro de 2018

GAL COSTA: O SUCESSO DE UMA MUSA

 


Os sucessos de uma musa

 

Irlam Rocha Lima

Publicação: 23/11/2018 04:00

Repertório de Gal Costa vai de Folhetim a Baby  
Repertório de Gal Costa vai de Folhetim a Baby
 
O show Espelho d’Água, que Gal Costa vai apresentar domingo, às 20h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, é o tipo de show que o fã da cantora aguarda há muito tempo. Tem uma explicação para isso: pela primeira vez, a musa do movimento tropicalista reuniu no repertório os maiores sucessos dos  50 anos de carreira.
 
Acompanhada pelo violonista Luiz Meira, ela vai interpretar músicas compostas para ela, ou das quais se apropriou para transformá-las em clássicos, como Baby e Força estranha (Caetano Veloso), Folhetim (Chico Burque e Edu Lobo), Modinha para Gabriela (Dorival Caymmi) Tuareg (Jorge Ben Jor), Sua estupidez e Meu nome é gal (Roberto e Erasmo Carlos), além de Negro amor, versão de Caetano e Péricles Cavalcante para It’s all over now, Baby Blue, de Bob Dylan.
 
Mais protagonista do que nunca, nesse recital quase intimista, Gal vai ocupar um palco de cenário simples, com apenas duas caixas de som, um pedestal, um banco e uma cadeira, sem a presença de percussão, metais, teclados e efeitos especiais. O que prevalece mesmo é a voz privilegiada a serviço de belas canções e interpretação sofisticada.

Serviço

Espelho d’água
Show de Gal Costa, acompanhada pelo violonista Luiz Meira. Auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Domingo, às 20h. Ingressos: R$ 400 (poltrona premium), R$ 320 (poltrona vip lateral), R$ 240 (poltrona especial), R$ 120 (poltrona superior) e R$ 100 (poltrona superior lateral). Assinantes do Correio têm direito a 55% de desconto na inteira. Pontos de venda: rede de lojas Cia Toy e Belini Pães e Gastronomia (113 Sul). Informações: 4101-1121 e 4101-1230. Não recomendado para menores de 14 anos.
 
 
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Correio Braziliense quinta, 22 de novembro de 2018

ALVORADA COMO QUERIA NIEMEYER

 

Alvorada como queria Niemeyer
 
A residência oficial da Presidência volta a ter a ambientação original, com os móveis restaurados e colocados na posição pensada pelo arquiteto e a filha. Mas a manutenção da decoração e das visitas dependem do desejo do presidente eleito

 

» Renato Alves

Publicação: 22/11/2018 04:00

 

O Salão de Estado, destinado a reuniões formais: avaliada em R$ 300 mil e recuperada por R$ 5 mil, mesa estava abandonada; tapeçaria de Di Cavalcanti foi colocada de volta no painel de madeira, como no projeto original (Fotos: Renato Alves/CB/D.A Press)  
O Salão de Estado, destinado a reuniões formais: avaliada em R$ 300 mil e recuperada por R$ 5 mil, mesa estava abandonada; tapeçaria de Di Cavalcanti foi colocada de volta no painel de madeira, como no projeto original

Primeira construção de alvenaria de Brasília, o Palácio da Alvorada volta a ter a ambientação original, com todos os móveis restaurados e posicionados conforme os planos de Oscar Niemeyer e da decoradora do projeto, Anna Maria Niemeyer, filha do arquiteto. Resultado de quase dois anos de pesquisa e o restauro de mais de 400 itens. Era desconhecido o paradeiro de muitos deles. Alguns estavam guardados inadequadamente ou desmontados em galpões da capital. Outros eram usados em órgãos públicos federais, com pequenos defeitos ou alterações.
 
Esta é a primeira vez, desde a inauguração do edifício, em 30 de junho de 1958, que os móveis estão dispostos originalmente. Como muitas são únicas e nunca foram colocadas à venda, é impossível precisar o valor das peças expostas. Juntas, são avaliadas em, no mínimo, R$ 2,5 milhões. Uma das joias do Alvorada encontrada em péssimo estado e restaurada é uma mesa de 6m de comprimento, com base de jacarandá. A recuperação custou R$ 5 mil, mas a peça é avaliada em R$ 300 mil.

Criação de Oscar e filha, a marquesa compõe ambiente com a tapeçaria  
Criação de Oscar e filha, a marquesa compõe ambiente com a tapeçaria
A mesa fica no Salão de Estado, em que o presidente costuma receber os convidados para reuniões. Para atender o projeto de Anna Maria Niemeyer, uma estante que ficava no ambiente, em frente a um enorme painel de madeira, deu lugar a uma tapeçaria de Di Cavalcanti. Há outras obras do artista brasileiro espalhadas pelo edifício, como uma intitulada Múmia, que ficava na sala ao lado, onde funciona a Biblioteca do Palácio. As cadeiras desenhadas por Anna Maria Niemeyer voltaram ao Salão de Banquetes, que acomoda até 50 pessoas sentadas.

Com peças de Di Cavalcanti, a biblioteca conserva mais de 3,4 mil livros  
Com peças de Di Cavalcanti, a biblioteca conserva mais de 3,4 mil livros
Descaracterização
Manter a decoração dependerá da vontade do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e da mulher dele, Michelle. Ela visitou o palácio ontem, na companhia da atual primeira-dama, Marcela Temer. Michelle também conheceu as instalações da Granja do Torto, outra residência oficial da Presidência. Ela ficou impressionada com a cozinha do Alvorada e a beleza da capela, mas disse que a futura moradia está indefinida.
 
Sem hóspedes desde março de 2017, o Alvorada tem servido só a raros jantares oferecidos pelo presidente Michel Temer (MDB). Após cinco meses redecorando o Palácio, com troca de móveis de acordo com os gostos pessoal e da mulher, ele desistiu de morar na residência oficial e retornou ao Palácio do Jaburu, onde estava desde 2011 e ficará até o fim do mandato, mês que vem. A intervenção dos Temer no Alvorada incluiu a fixação de uma tela na sacada do primeiro andar para proteger Michelzinho, o filho de 4 anos.

As cadeiras do Salão de Banquetes foram desenhadas por Anna Niemeyer  
As cadeiras do Salão de Banquetes foram desenhadas por Anna Niemeyer
Deslumbramento
Com a posse de Jair Bolsonaro, em 1º de janeiro, é incerta também a manutenção do acesso do público ao prédio. Visitas guiadas são realizadas apenas nas tardes de quarta-feiras, com agendamento pela internet e poucas vagas. Portanto, as próximas semanas podem ser, ao menos pelos próximos quatro anos, as últimas para se conhecer a residência oficial da Presidência da República do Brasil como concebida por Oscar e Anna Maria Niemeyer.

Interior da capela: anexa ao palácio, é dedicada a Nossa Sra. da Conceição  
Interior da capela: anexa ao palácio, é dedicada a Nossa Sra. da Conceição
O Correio visitou o Alvorada ontem, ao lado de 20 turistas de estados brasileiros diferentes. Eles não escondiam o deslumbramento com a grandiosidade do edifício e a beleza da arquitetura e da decoração. Todos aproveitavam para fazer fotos dos ambientes permitidos. Dos três pavimentos, o público só acessa  o térreo, onde há os salões usados pelo presidente para compromissos oficiais de governo.

Revestida de azulejos azuis, piscina tem 50x18m e 2,10m de profundidade  
Revestida de azulejos azuis, piscina tem 50x18m e 2,10m de profundidade
O subsolo abriga almoxarifado, despensa, cozinha, lavanderia e a Administração do Palácio. O primeiro andar constitui a parte residencial, com quatro suítes e salas reservadas. Mas os visitantes comuns podem conhecer a capela, anexa ao Palácio, e a área de lazer, onde há uma piscina de 50m de comprimento, e uma pérgola, com bar e churrasqueira. Ambiente que deve ser bastante usado por Jair Bolsonaro, apreciador dos churrascos, caso a nova família presidencial opte por morar no Alvorada.
 
 
 
Visitação
 
Quem deseja conhecer o Palácio da Alvorada precisa agendar a visita guiada pelo endereço eletrônico agenda.presidencia.gov.br/visitapr/mostra_eventos/. O prédio é aberto ao público às quartas-feiras, das 14h30 às 16h50, com entrada a cada 20 minutos. O roteiro inclui hall de entrada, capela, salão de evento, biblioteca, salão nobre, sala de música, salão de banquetes e piscina.
 
 
 
Para saber mais
 
A recuperação do projeto original do Palácio da Alvorada foi coordenada pela Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República (DDH), que montou uma Comissão de Curadoria, com integrantes da DDH, do Iphan-DF, do Ibram, da Secretaria de Comunicação (Secom) e do Instituto Federal de Brasília, que tem uma oficina de restauro de mobiliário.
 
 
Reforma financiada por  empresários
 
O Palácio da Alvorada passou pela sua mais extensa reforma entre 2004 e 2006, ao custo de R$ 18,4 milhões, pagos por 20 empresários ligados à Associação Brasileira de Indústrias de Base (Abdib). Houve restauro dos quartos, de móveis e objetos de decoração.Toda a rede elétrica foi trocada, inclusive a voltagem, que, ao contrário do restante da cidade, era de 110 volts e não de 220 volts. Um sistema de ar-condicionado central também foi instalado em todos os cômodos, em substituição a alguns aparelhos existentes em alguns ambientes.
 
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Correio Braziliense quarta, 21 de novembro de 2018

FESTA DA POSSE VAI LOTAR HOTÉIS E TURBINAR ECONOMIA

 

Posse vai lotar hotéis e turbinar a economia
 
A cerimônia que marcará o início da gestão do presidente eleito, Jair Bolsonaro, atrairá milhares de pessoas à capital federal. Setor hoteleiro comemora a estimativa de acima de 80% de ocupação em uma data com histórico de baixa procura no DF

 

» HELENA MADER
» MARÍLIA SENA*

Publicação: 21/11/2018 04:00

 (Breno Fortes/CB/D.A Press - 6/12/17)  

Para o segmento hoteleiro de Brasília, o réveillon é uma época de vacas magras. Na virada do ano, os estabelecimentos do setor registram, historicamente, uma média de 25% de ocupação dos leitos. Mas a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), deve aquecer a economia da capital federal e lotar os hotéis da cidade. Os empresários esperam uma ocupação de até 80% dos quartos no ano-novo, graças à chegada de milhares de cidadãos, autoridades e chefes de Estado estrangeiros para a celebração do início da gestão Bolsonaro. Caravanas partirão de várias partes do Brasil, com simpatizantes do capitão da reserva e futuro presidente.
 
O Distrito Federal tem 145 hotéis, com 18 mil quartos e 26 mil leitos. Além disso, o DF conta com 50 hotéis-fazenda, motéis, pousadas e apart-hotéis. Para o réveillon deste ano, a estimativa é de que a média das diárias custe R$ 250. A presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-DF), Adriana Pinto, conta que a procura por quartos na virada do ano começou. Hoje, cerca de 40% dos leitos disponíveis na capital federal estão bloqueados para a data — boa parte deles será ocupada por pessoas que virão para a posse, em 1º de janeiro.
 
“Esse é um percentual completamente atípico. Historicamente, os hotéis têm ocupação de 20% a 30% no réveillon. É uma época muito ruim para o setor. Mas os dados mostram que este ano será diferente”, conta Adriana. Segundo a presidente regional da entidade que representa os hotéis, os estabelecimentos da área central são os mais procurados, mas até mesmo leitos em cidades, como Águas Claras e Taguatinga, terão alta de ocupação. “Tivemos reservas individuais e de pequenos grupos, como embaixadas, por exemplo. Algumas bloquearam 10 quartos de uma vez”, acrescenta Adriana.

Saulo, da rede Plaza Brasília Hotéis:  
Saulo, da rede Plaza Brasília Hotéis: "A nossa expectativa é lotar os quatro hotéis"
“Casa cheia”
O secretário executivo do Brasília Convention Bureau, Delfim da Costa Almeida, diz que a expectativa é de “casa cheia” com a posse. “Será uma ótima data para a hotelaria. Como o réveillon normalmente é uma época fraca, os empresários costumam dar férias aos funcionários. Mas, neste ano, todos estarão com equipes completas para atender a demanda. Acredito que os hotéis de Brasília terão, no mínimo, 80% de ocupação”, prevê Delfim.
 
Saulo Borges, gerente comercial da rede Plaza Brasília Hotéis, conta que a demanda por reservas para a noite de 31 de dezembro registrou alta antes mesmo do 2º turno da eleição. “Depois da votação, a procura aumentou ainda mais. Hoje, estamos com 40% dos quartos reservados, mas a nossa expectativa é mesmo lotar os quatro hotéis da rede”, diz Saulo. A Rede Plaza tem 1 mil apartamentos.
 
Segundo ele, a maioria dos hóspedes deve fechar pelo menos duas diárias. Como a demanda na época do réveillon normalmente é baixa, a rede só realiza festa de ano-novo em um dos estabelecimentos do grupo. “Este ano, vamos oferecer ceia de réveillon em todos os hotéis da rede e estaremos com as equipes completas”, acrescenta o gerente comercial da Rede Plaza.
 
Shows
Com os hotéis cheios, as festas privadas de réveillon e os eventos realizados pelo Governo do Distrito Federal também devem ter reforço. Na próxima semana, a Secretaria de Cultura vai lançar os editais de pregões para a contratação da infraestrutura dos festejos da virada. Por causa da posse, os shows serão realizados na área externa do Estádio Nacional Mané Garrincha, e não na Esplanada dos Ministérios. Ainda não há artistas confirmados, mas há negociações avançadas para apresentação da cantora Naiara Azevedo, na arena, e do grupo Ilê Ayê, na Prainha.
 
O secretário adjunto de Turismo do Distrito Federal, Jaime Recena, conta que o movimento de visitantes em Brasília tem crescido em datas, como carnaval, aniversário da cidade e também no réveillon. “Deve haver uma movimentação importante na cidade com a posse. E, cada vez mais, os brasilienses têm optado por ficar na capital no ano-novo, o que incentiva os empreendedores a fazer eventos. Moradores de cidades próximas, como as do Triângulo Mineiro, Goiânia e Campo Grande, também têm procurado Brasília em datas, como carnaval e ano-novo”, reforça Recena.
 
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Correio Braziliense terça, 20 de novembro de 2018

HADDAD VIRA RÉU POR CORRUPÇÃO E LAVAGEM

 

Haddad vira réu por corrupção e lavagem em caso de gráfica

O petista é acusado de ter solicitado, em 2013, uma quantia de R$ 3 milhões da empreiteira UTC Engenharia para supostamente quitar dívidas de campanha

 


AE Agência Estado
postado em 19/11/2018 18:07 / atualizado em 19/11/2018 18:08
 

 

(foto: Nelson Almeida/AFP)
(foto: Nelson Almeida/AFP)
A Justiça de São Paulo abriu ação penal contra o ex-prefeito Fernando Haddad (2013/2016) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público do Estado, o petista teria solicitado, entre abril e maio de 2013, por meio do então tesoureiro do seu partido, João Vaccari Neto, a quantia de R$ 3 milhões da empreiteira UTC Engenharia para supostamente quitar dívidas de campanha com a gráfica de Francisco Carlos de Souza, o "Chicão Gordo", ex-deputado estadual do PT. A Promotoria sustenta que, entre maio e junho daquele ano, a empreiteira efetivamente repassou a soma de R$ 2,6 milhões a Haddad.
 
 
 
A decisão foi tomada pelo juiz Leonardo Valente Barreiros, da 5 ª Vara Criminal da Capital, que acolheu parcialmente denúncia do Ministério Público do Estado. O magistrado rejeitou parte da acusação que imputava ao ex-prefeito o crime de quadrilha.
 
Além de Haddad e Vaccari (formalmente réus por corrupção passiva e lavagem de dinheiro), vão ser processados o empresário Ricardo Pessoa e o executivo Walmir Pinheiro Santana, ambos da UTC (corrupção ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro), o doleiro Alberto Youssef (quadrilha e lavagem de dinheiro), suposto repassador dos valores, e "Chicão Gordo", o dono da gráfica (corrupção passiva, quadrilha e lavagem de dinheiro).
 
 
A denúncia foi apresentada à Justiça pelo promotor Marcelo Mendroni, que integra o grupo do Ministério Público de combate a delitos econômicos.
 
Seguno Mendroni, o então tesoureiro do PT "representava e falava em nome de Fernando Haddad". O promotor afirma que constou da agenda de Haddad, quando já no exercício do cargo de prefeito de São Paulo, que ele recebeu o empreiteiro da UTC pessoalmente, no dia 28 de fevereiro de 2013.
 
Mendroni assinala que Ricardo Pessoa, que se tornou delator da Operação Lava Jato, já mantinha uma espécie de "contabilidade paralela" junto a Vaccari, relativa a propinas pagas em decorrência de contratos de obras da UTC Engenharia S/A com a Petrobras, com uma "dívida" a saldar, em pagamentos indevidos de propinas, da ordem de R$ 15 milhões.
 
"Ricardo Pessoa e Fernando Haddad, enquanto candidato ao cargo de Prefeito Municipal de São Paulo, haviam sido apresentados por José di Filippi Junior e se reuniram algumas vezes durante a campanha eleitoral no decorrer de 2012", sustenta a Promotoria.
 
O juiz Leonardo Valente Barreiros anotou em sua decisão: "Ocorre que a solicitação de R$ 3 milhões teria sido atendida. Sendo assim, Ricardo Pessoa a prometeu e ofereceu diretamente para João Vaccari Neto e indiretamente para Fernando Haddad. Na sequência e de modo a viabilizar o pagamento, Ricardo Pessoa e João Vaccari Neto trocaram informações a respeito dos números de telefone dos seus prepostos. Para operacionalizar aquele pagamento indevido, João Vaccari Neto indicou e lhe passou o número de telefone celular de Francisco Carlos de Souza ('Chicão'). Ricardo Pessoa também orientou João Vaccari Neto no sentido de que os contatos para o pagamento deveriam ser realizados através de seu diretor financeiro, Walmir Pinheiro Santana, que negociou o valor para diminuí-lo para R$ 2,6 milhões."
 
Segue o magistrado. "A narrativa acusatória ainda aponta que a captação e distribuição de recursos ilícitos se desenvolveram através de um esquema montado pela própria UTC Engenharia S/A, principalmente por contratos de prestação de serviços fictícios e/ou superfaturados, de forma que os valores ou a diferença retornassem à UTC Engenharia S/A, mas para 'uma conta de caixa dois' que detinham junto a Alberto Youssef. Depois, Alberto Youssef entregaria parte do valor do dinheiro em espécie; e em relação à outra parte utilizaria PFs e PJs para receberem os valores e os remeterem a outras PFs e/ou PJs para, finalmente, os valores serem transferidos, destas, para gráficas indicadas por 'Chicão'."
 
Após as simulações dos contratos de prestações de serviços, segundo a Promotoria, os pagamentos teriam sido efetivados de duas formas. Na primeira, Youssef mandava seu funcionário Rafael Ângulo Lopes entregar os valores, normalmente aos sábados de manhã, na garagem do edifício do seu escritório em dinheiro em espécie diretamente a "Chicão".
 
Na segunda, Youssef realizava sucessivas transferências bancárias por empresas e pessoas para as gráficas indicadas por "Chicão", de forma a dissimular a origem dos valores.
 
A solicitação teria ocorrido entre abril e maio de 2013. "Os pagamentos, sintomaticamente, entre maio e junho de 2013", ressalta o juiz. "Assim foram realizados os pagamentos daquela dívida, contraídas especialmente durante o ano de 2012 pela campanha de Fernando Haddad para o cargo de prefeito de São Paulo."
 

Defesa

 
"A denúncia e mais uma tentativa de reciclar a já conhecida e descredibilizada delação de Ricardo Pessoa. Com o mesmo depoimento, sobre os mesmos fatos, de um delator cuja narrativa já foi afastada pelo STF, o Ministério Público fez uma denúncia de caixa 2, uma denúncia de corrupção e uma de improbidade. Todas sem provas, fundadas apenas na desgastada palavra de Ricardo Pessoa, que teve seus interesses contrariados pelo então prefeito Fernando Haddad. Trata se de abuso que será levado aos tribunais."
 
No dia 10 de setembro, a defesa de Haddad peticionou nos autos e alegou que "a denúncia é inepta por não conter a descrição individualizada mínima das condutas que teriam sido praticadas pelo denunciado, nem dos elementos nucleares que compõem o tipo penal da corrupção passiva".
 
Segundo a defesa do ex-prefeito, "a denúncia não aponta minimamente qual era o objetivo do pagamento, ao menos em perspectiva".
 
"Há necessidade de se apontar um ato de ofício para caracterização do crime de corrupção passiva, sendo imprescindível a descrição mínima do que se espera em contrapartida da vantagem indevida", sustenta a defesa de Haddad "Há necessidade de indicação da autoria, vez que a acusação se limita a afirmar que o denunciado tinha domínio dos fatos. Não há qualquer elemento de prova sobre corrupção passiva, inexistindo justa causa para a ação penal, sendo insubsistente a denúncia fundada apenas na palavra do colaborador premiado."
 
A defesa apontou ainda incompetência do juízo sob o fundamento de que os fatos foram objeto de denúncia perante a Justiça Eleitoral "por configurarem doação eleitoral não contabilizada, havendo conexão material e processual, prevalecendo assim a jurisdição especial".
 
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Correio Braziliense segunda, 19 de novembro de 2018

UMA CELEBRAÇÃO PELO PATRIMÔNIO DE BRASÍLIA

Uma celebração pelo patrimônio de Brasília
 
No fim de semana, o CCBB receberá o Festival Brasília Patrimônio Vivo. O evento marca o fim da série homônima publicada pelo Correio entre junho e setembro. As matérias mostraram histórias de pessoas que fizeram e fazem da capital um lugar de renovação constante

 

JÉSSICA EUFRÁSIO

Publicação: 19/11/2018 04:00

 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  


 (Minervino Junior/CB/D.A Press)  


 (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  


 (Luis Nova/Esp. CB/D.A Press)  
 
 
 
Entre junho e setembro, o Correio, em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), publicou uma série de cadernos especiais intitulada Brasília Patrimônio Vivo: os protagonistas da história da capital. Durante 16 semanas, jornalistas contaram histórias de pessoas que fizeram e fazem da capital federal um lugar de renovação constante. Os protagonistas das matérias do projeto incluíram desde arquitetos e professores a cineastas, artistas e designers. São pessoas que desenvolveram um olhar único sobre Brasília e que ainda atuam com o intuito de manter o patrimônio cultural da humanidade vivo, tal como o nome da série destaca.
 
Para comemorar o encerramento desse projeto editorial e promover a divulgação dos trabalhos de mais artistas e empreendedores da cidade, o CCBB receberá o Festival Brasília Patrimônio Vivo no próximo fim de semana. A programação será gratuita e contará com atividades para toda a família. O evento ocorre no sábado e no domingo, das 9h às 21h, e terá oficinas, apresentações de dança, palestras, aulas de ioga, atrações para as crianças, além de oficinas.
 
Uma delas é a de jardim orgânico, na qual será possível aprender técnicas de cultivo de ervas medicinais, flores e minihortas em vasos. Os participantes receberão os materiais e descobrirão formas de associar as plantas à genética. “Cada um plantará com base no próprio tipo sanguíneo”, conta a paisagista responsável pela oficina, Cláudia Dorneles Mukti. Ela acrescenta que apresentará exemplos de flores comestíveis com base no organismo de cada pessoa. “Falarei da parte terapêutica de cada erva e pontuarei quais são as flores comestíveis ideais para determinado tipo sanguíneo. Na Europa, isso é muito usado para curar pessoas em hospitais, asilos. E, para quem mora em apartamento, é ideal ter uma hortinha de acordo com o próprio organismo”, recomenda Cláudia.
 
Design
 
A programação dos dois dias contará com uma feira de design promovida pela loja de produtos autorais Natural de Brasília. Os visitantes do museu poderão apreciar o trabalho de cerca de 20 expositores do segmento da economia criativa, que colocarão à venda itens como joias artesanais, acessórios de moda, além de comidas orgânicas. Para a curadora e diretora criativa da Natural de Brasília, Patricia Herzog, o evento vai ao encontro da proposta de manter a cidade viva. “Além de patrimônio, Brasília conquistou o título de cidade criativa do design pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A capital é modernista, icônica e o design é uma das coisas que mais comunica a nossa identidade”, ressalta.
 
No segundo dia, o evento ainda terá atividades realizadas por professores do método Supera, que desenvolvem trabalhos com foco na melhora do raciocínio lógico, da concentração, da capacidade de resolver problemas e cálculos e no aperfeiçoamento da memória. “Teremos quebra-cabeças como o Tangram, cujas sete peças permitem a montagem de mais de 2,5 mil figuras, ensinaremos como funciona o ábaco, além de outras ferramentas. Todos os jogos que levaremos são para as áreas cognitivas”, conta Sheila Voos, diretora comercial da unidade do Jardim Botânico. A oficina é indicada para pessoas a partir dos 6 anos.

Roberta Campos, uma das vozes da nova MPB, é a estrela do domingo e vai apresentar repertório de quatro álbuns (Izabelita Marchedano/Divulgação)  
Roberta Campos, uma das vozes da nova MPB, é a estrela do domingo e vai apresentar repertório de quatro álbuns
O cantor baiano Lucas Santtana é uma das atrações. Ele se apresenta no sábado (Daryan Dornelles/Divulgação)  
O cantor baiano Lucas Santtana é uma das atrações. Ele se apresenta no sábado



Shows 
 
Para completar as atrações do festival, haverá shows do cantor baiano Lucas Santtana, no sábado, e da mineira Roberta Campos, no domingo. A apresentação de Roberta incluirá repertório dos quatro álbuns da artista, como os sucessos De Janeiro a Janeiro, Abrigo e Minha Felicidade, além de duas canções inéditas.
 
“Também farei algumas releituras de músicas de que gosto, da Marisa Monte e do Paul McCartney. As novas canções estão no meu DVD, que será lançado em janeiro. Uma delas começou a tocar nas rádios nesta semana”, conta a cantora. Este será o quinto show da mineira em Brasília.
 
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Correio Braziliense domingo, 18 de novembro de 2018

A VIDA SEM LIXO

 

A vida sem lixo
 
O movimento começou de forma discreta. Hoje, são muitas as pessoas que buscam produzir o mínimo possível de resíduos no dia a dia. Conheça algumas histórias inspiradoras

 

Por Marina Julião*
Por Renata Rusky

Publicação: 18/11/2018 04:00

Com apenas 58 anos, Brasília já teve o maior lixão da América Latina. Fechado no início do ano, foi substituído por um aterro sanitário. Um levantamento do Instituto Lixo Zero Brasil, de junho, apontou a capital como a cidade que mais produz lixo no país. O Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2016, encontro anual de empresários, chefes de estado, ONGs, entre outros, na Suíça, para discutir os rumos da economia mundial, comunicou que até 2050 os oceanos teriam, em peso, mais plástico do que peixes.
 
Diante dos dados alarmantes, algumas iniciativas particulares têm tentado amenizar o efeito dessa produção exacerbada de lixo no meio ambiente. O movimento ocorre em todo o mundo e chegou também por aqui. Em 2012, a ativista ambiental e empreendedora norte-americana Lauren Singer tomou a decisão de diminuir a quantidade de lixo que produzia a zero e fez um blog sobre a experiência.
 
Deu tão certo que, em 2015, já reconhecida pelo feito, apresentou uma palestra Ted e inspirou muito mais gente a fazer o mesmo. No talk, ela começa mostrando um pequeno pote de vidro com dejetos dentro e afirma que aquele era todo o lixo que ela produziu nos últimos três anos. Ela brinca que aquilo faz muita gente questioná-la: “Como você se limpa?”.
 
Lauren explica no Ted: “Lixo zero é uma ideia muito grande. Para mim, isso significa que não produzo lixo. Não jogo nada no lixo, não mando nada para aterro sanitário e não cuspo chiclete no chão e continuo andando”. Para isso, ela precisou aprender a fazer quase tudo que ela costumava usar, como desodorante. Foi ajudada por pessoas que já tinham esse estilo de vida, como a blogueira californiana Bea Johnson, mãe de duas crianças. Hoje, Lauren é dona de uma loja em Nova York que vende diversos produtos ecologicamente corretos e também de uma marca vegana de detergentes.
 
No Brasil, em dezembro de 2014, a designer Cristal Muniz resolveu seguir o exemplo. Em seu blog Um ano sem lixo, ela conta que já se preocupava com a questão e tentava produzir pouco lixo, mas foi Lauren que a incentivou a mudar radicalmente os hábitos. A criação do site foi uma forma de se comprometer ainda mais com a causa. Neste ano, o blog virou livro.
 
Para a professora do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB Izabel Zanetti, as mudanças no comportamento da população são necessárias. “É preciso educação para uma vida mais sustentável e consciente. A política dos três erres — reduzir, reutilizar e reciclar — deve ser usada pelas famílias.”
 
Na hora de fazer compras, ela recomenda privilegiar alimentos que podem ser adquiridos a granel, usando embalagens reutilizáveis. Prestar atenção nos materiais e na durabilidade das embalagens também é essencial.
 
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte

 
"Eu era uma consumidora voraz de cerveja long neck%u201D, admite. %u201CHoje, só compro de lata. Em Brasília, não se recicla vidro, então, não custa eu fazer isso" Rosemary Lacerda, servidora pública


O descarte ideal
 
Os moradores da SQS 113 se orgulham da gestão de resíduos sólidos feita na quadra. Não significa que foi fácil para ninguém. Justamente por isso, têm ainda mais motivo para se gabarem do sucesso. Atualmente, eles podem dizer que só enviam ao aterro sanitário de Brasília, localizado entre Ceilândia e Samambaia, o lixo que realmente não tem nenhum aproveitamento: o rejeito. Izabel Zanetti explica que são os materiais que não podem ser reciclados. “As embalagens e os objetos compostos de materiais químicos indissolúveis ou que são feitos de misturas de materiais que não podem ser separados não são recicláveis.” Isso, além de papel higiênico sujo, papel e alumínio com gordura e muito mais (veja box).
 
O material orgânico, compostável, é coletado por uma empresa; o vidro por outra e enviado a São Paulo, já que, em Brasília, não há nenhuma empresa de reciclagem de vidro; e os materiais recicláveis são recolhidos pela cooperativa LZ Centcoop. O Instituto Lixo Zero apoiou a iniciativa com informações úteis e a WWF Brasil ainda a patrocinou, imprimindo a cartilha de coleta seletiva da quadra.
 
Tudo começou quando, no início do ano, a prefeita da quadra, Rachel Andrade, servidora pública, e alguns síndicos e moradores visitaram o Lixão da Estrutural. “Ficamos muito impactados com uma cidade tão nova que já havia produzido tanto lixo, e também com as condições de trabalho dos catadores lá”, relembra Rachel.
 
O Lixão já estava em seus últimos dias de funcionamento, mas o grupo sabia que o novo aterro nascia com data de validade e, se ninguém mudasse os padrões de consumo e de descarte, o período seria ainda mais curto. Izabel Zanetti explica que os lixões e aterros sanitários são obras caras e com vida útil de, no máximo, 15 anos. Segundo a Agência Brasília, o espaço foi projetado para comportar 8,13 milhões de toneladas de rejeitos materiais não reutilizáveis e, com isso, ter vida útil de aproximadamente 13 anos.
 
Todos unidos
 
A quadra decidiu arregaçar as mangas e tentar prolongar o período. Mas por onde começar? Depois de alguma consideração, optaram por iniciar com o vidro. Cada prédio comprou uma espécie de tambor para guardá-los e, de 15 em 15 dias, eles são recolhidos.
 
“Se começássemos com a separação completa, a mudança seria muito drástica para os moradores. Com lixo seco e orgânico, teriam mais dúvidas”, Rachel explica a escolha. Mesmo assim, ainda houve equívocos: alguns descartavam o vidro com alimento dentro, com a tampa, com a rolha. Com o tempo, todos aprenderam que o vidro deveria estar limpo e que só ele deveria ficar na bomba de descarte.
 
Com a separação do vidro já bem resolvida, passaram para os lixos secos, compostáveis e para os rejeitos. Muitas casas já dividiam o lixo apenas em seco e orgânico, sem pensar nessa terceira via. Para o síndico do Bloco F, Bruno Apolonio, uma das maiores dificuldades foi justamente o fato de que quase todos os moradores achavam que sabiam separar o lixo, mas nem tudo estava correto.
 
A mudança no descarte do lixo transformou a quadra: “Viramos uma cidade de interior. Antes, eu só conhecia as pessoas do meu prédio. Agora, posso dizer que conheço, pelo menos, uma de cada um dos outros 10 edifícios.
 
Nesta segunda etapa de separação do lixo, o grupo de moradores visitou o centro de coleta seletiva da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Lá, viram como o lixo chega todo misturado e como isso não só dificulta a vida dos catadores como contamina materiais que poderiam ser reciclados. “Vimos que realmente faltava informação para as pessoas sobre a separação, demos palestras, esclarecemos e deu certo”, alegra-se Rachel.
 
Dentro de casa
 
Agora, além da empresa que coleta os vidros, uma outra recolhe todo o material compostável e a cooperativa busca o lixo reciclável. Somente os rejeitos vão para o aterro da capital. Para a moradora Rosemary Lacerda, 43, servidora pública, é gratificante saber que está fazendo algo pelo meio ambiente e por essas pessoas “que não ficam enojadas ao mexer no nosso lixo”.
 
Na visita ao centro de coleta seletiva, ela não se esquece de um catador que disse que pagava a faculdade da filha com o lixo que ela e tantas outras pessoas descartavam. “E ele falou pra mim: sou eu que tiro, do meio do seu papel higiênico sujo, aquele frasco de xampu que você jogou no lixo do banheiro, em vez de jogar no lixo seco”, lamenta Rosemary.
 
A iniciativa na quadra acabou transformando também a forma de consumir dela e da família composta pelo marido e por dois filhos. “Eu era uma consumidora voraz de cerveja long neck”, admite. “Hoje, só compro de lata. Em Brasília, não se recicla vidro, então, não custa eu fazer isso”, completa.
 
Os filhos perguntam o tempo todo o que vai em cada lixo. Com isso, aprendem. Azeitona, agora, compram as que vêm no saquinho e, então, colocam no pote de vidro que foi adquirido anteriormente, em vez de jogá-lo fora. “Separar dentro de casa é muito fácil. Difícil é o catador separar lá na frente.”
 
O que não pode ser reciclado
  • Adesivos
  • Etiquetas
  • Fita crepe
  • Papel carbono
  • Fotografias
  • Papel toalha
  • Papel higiênico
  • Papéis engordurados
  • Papéis metalizados, parafinados ou plastificados
  • Grampos
  • Esponjas de aço
  • Pilhas
  • Isopor
  • Ampolas de medicamentos.
 
Fonte: Professora Izabel Zanetti
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense sábado, 17 de novembro de 2018

CHUVA CAUSA ENXURRADA, ESTRAGO E ENGARRAFAMENTO

 

Chuva causa enxurrada, estrago e engarrafamento
 
 
Diversos pontos da Asa Norte, de Águas Claras, de Vicente Pires e de Samambaia enfrentam dificuldades desde a madrugada de ontem. O volume de água abriu crateras, interditou estação de metrô e provocou congestionamentos

 

LUIZ CALCAGNO
ALAN RIOS
CÉZAR FEITOZA
Especiais para o Correio

Publicação: 17/11/2018 04:00

O Córrego Samambaia transbordou e destruiu parte da Estrada Parque Vicente Pires (EPVP): transtorno (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  
O Córrego Samambaia transbordou e destruiu parte da Estrada Parque Vicente Pires (EPVP): transtorno


Marcas na parede mostram que o nível da água na estação de metrô de Samambaia Sul chegou a cerca de 1m (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  
Marcas na parede mostram que o nível da água na estação de metrô de Samambaia Sul chegou a cerca de 1m


Alagamentos, desabamentos e erosões. A chuva forte e constante causou estragos em vários pontos do Distrito Federal, principalmente em Águas Claras, Vicente Pires, Samambaia e Asa Norte. No fim da tarde de ontem, uma enxurrada tomou conta da comercial da 202 Norte. Proprietária de uma barbearia no local, Julia Róseo se assustou com o volume de água. “Atrapalha muito os negócios. Eu, por exemplo, perdi cinco clientes hoje (ontem), porque não conseguiram vir em razão da chuva”, lamentou. No início da semana, ela ficou ilhada em um dos blocos da quadra e teve de esperar mais de uma hora para voltar ao trabalho. “O perigo não é só da água da chuva, mas ela arrasta contêineres, lixo. A água não costuma cobrir mais do que a roda do carro, não chega ao motor, mas o que ela arrasta pode bater nos veículos”, disse.

Pela manhã, quem mora ou trabalha em Águas Claras ficou impedido de usar a Estrada Parque Vicente Pires (EPVP). A via foi isolada após o córrego transbordar e engolir parte do asfalto e da terra que encobre as bases de uma ponte (veja Onde fica). Não há previsão para a liberação total da pista, mas o Departamento de Estradas de Rodagens (DER) montou uma faixa reversa no sentido contrário. 

Funcionários do DER correm contra o tempo para deter as erosões provocadas pelo transbordo do Córrego Samambaia na EPVP. O receio é de que, com a continuidade das chuvas, a terra na lateral da estrutura da ponte ceda ainda mais. Será preciso retirar todo o barro solto para preencher o local com areia e pedra novamente. Há três semanas, o DER havia feito uma correção no local. De acordo com o subsecretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Bezerra, não há risco de desabamento. “O nível do córrego subiu, e a água escavou a terra em dois pontos, o que prejudicou as estruturas e derrubou um muro. A nossa preocupação, agora, é que a chuva não retorne com a mesma força”, explicou Bezerra. 

O diretor do DER, Márcio Buzar, detalhou as causas do incidente na EPVP. Segundo ele, canos da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) que passam sob a ponte barraram a passagem de árvores, mato e lixo arrastados pela correnteza do córrego. O acúmulo de material sob a ponte represou a água, provocando o alagamento.

O DER e a Defesa Civil pediram para a Caesb retirar o encanamento. Ao Correio, a empresa informou que uma das redes de esgoto seria removida ainda ontem e outra, na próxima semana. “Os canos (da Caesb) serviram como barreira. O fato de o rio receber a água pluvial de Águas Claras e Vicente Pires também interfere, bem como a ocupação desordenada do solo, que impermeabiliza a região. A água não entra no solo e escoa pra onde dá. Vamos ter de escavar para saber o quanto de terra foi perdido e só poderemos fazer o reforço a partir do ponto em que o solo estiver firme”, explicou Buzar.


Congestionamento na Estrada Parque Taguatinga no início da noite de ontem: região ficou travada por causa de alagamentos em Vicente Pires (Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)  
Congestionamento na Estrada Parque Taguatinga no início da noite de ontem: região ficou travada por causa de alagamentos em Vicente Pires



Susto
Os motoristas que recorreram à EPVP ontem tiveram dificuldades para deixar a região. Radimila de Oliveira, 24 anos, seguia para o trabalho e ficou uma hora presa no trânsito. “Fiquei um bom tempo parada e tive de dar a volta por cima do canteiro central para fugir do alagamento. Peguei muitos engarrafamentos. Foi tenso”, comentou. O caminhão de Marcelo Matsuda, 40, não conseguiu passar pelo alagamento. “Tentei, e o caminhão parou. Um militar que passava a pé ajudou várias pessoas a saírem. A água estava acima do joelho”, disse.

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o fim de semana é de pancadas de chuva em áreas isoladas e trovoadas ao londo do dia. De acordo com o meteorologista Hamilton Carvalho, faltando duas semanas para o fim do mês, o volume de chuva acumulado é de 258mm, 14% acima da média, de 227mm. A expectativa é de que, hoje, o céu permaneça encoberto, e a temperatura oscile entre 17ºC e 29ºC, com umidade do ar variando entre 45% e 90%. Amanhã, domingo, o sol voltará a aparecer. A temperatura pode chegar a 30°C, e a umidade deve variar de 90% a 40%.

Obras
A expectativa do DER é de que as obras de reconstrução de parte da EPVP fossem concluídas hoje, mas, segundo Buzar, as chuvas tornam o processo mais lento. “O pessoal está trabalhando bastante, até a noite. Porém, se continuar a chuva, o serviço deve ir até domingo. É algo que não é difícil, mas que precisa de tempo para fazer, e tempo sem chuva”, ressaltou o diretor-geral.

Para minimizar os efeitos no trânsito, o DER montou uma faixa reversa, no sentido contrário à via, liberada para o fluxo de carros. Mas a solução total dos problemas na EPVP deve demorar. Segundo o órgão, será preciso construir uma ponte no local: “Ali, existe um tubo de concreto antigo, de antes de existir Águas Claras. Do lado lateral, existe uma ponte, do outro é esse tubo; então vamos precisar fazer uma ponte ali no futuro”.

Por causa dos diversos problemas em Vicente Pires e região, houve congestionamento na Estrada Parque Taguatinga (EPTG) no início da noite de ontem.

Jornal Impresso


Correio Braziliense sexta, 16 de novembro de 2018

DO CIRCO À SAVANA

 

Do circo à savana
 
 
Cia Neia e Nando apresenta quatro espetáculos dentro da programação do Brasília Photo Show

 

Matheus Dantas*

Publicação: 16/11/2018 04:00

Aventura canina é um 
dos espetáculos apresentados neste fim de semana pela 
cia Néia e Nando (Tangibilize/Divulgação)  
Aventura canina é um dos espetáculos apresentados neste fim de semana pela cia Néia e Nando
 
Neste fim de semana, pais e crianças poderão curtir uma programação em dose dupla, unindo a fotografia e o teatro. Amanhã e domingo, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o festival Brasília Photo Show, um dos maiores eventos de exposição fotográfica coletiva no mundo, conta com uma programação especial para os baixinhos, com espetáculos da Cia. Néia e Nando.
 
Ao longo dos dois dias, a trupe vai apresentar quatro peças teatrais para as crianças — uma sessão de cada uma por dia: O Palhágico Chochou, Uma aventura no mar, Aventura canina e O rei da savana.
 
“Há quase 20 anos, orquestramos essa agenda com espetáculos simultâneos, em espaços culturais da cidade. É realmente intenso, mas estamos preparados para essa maratona, para poder apresentar um espetáculo de qualidade, animando e divertindo as pessoas”, explica Nando Villardo, diretor da Cia.
 
O público também terá a oportunidade de ver as caracterizações dos personagens, em um estande da Cia, montado no meio do pavilhão. Cada etapa do processo poderá ser acompanhada, desde a produção da maquiagem até o figurino.
 
* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
 
SERVIÇO
 
Cia Néia e Nando no Festival Brasília Photo Show
Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Amanhã e domingo, às 11h, O Palhágico Chochou; às 15h, Uma aventura no mar; às 17h, Aventura canina; às 19h, O rei da savana. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Classificação indicativa livre para 
todos os espetáculos.
 
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Correio Braziliense quinta, 15 de novembro de 2018

CUBA ABANDONA PROGRAMA MAIS MÉDICOS

 

Cuba abandona o programa Mais Médicos
 
 
Saída dos profissionais cubanos, que prestavam atendimento em comunidades carentes e regiões remotas do país, foi motivada por críticas do presidente eleito, Jair Bolsonaro, aos termos do convênio firmado entre a ilha caribenha e o governo brasileiro

 

» OTÁVIO AUGUSTO

Publicação: 15/11/2018 04:00

Primeiro contingente de cubanos chega ao Brasil, em 2013: governo de Havana fica com 75% dos R$ 11 mil pagos aos profissionais (Bernardo Dantas/DP/D.A Press - 5/8/13)  
Primeiro contingente de cubanos chega ao Brasil, em 2013: governo de Havana fica com 75% dos R$ 11 mil pagos aos profissionais


Após cinco anos de atendimento, o governo de Cuba decidiu abandonar o programa Mais Médicos. O encerramento da parceria ocorreu em consequência das críticas do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), ao programa e ao regime de trabalho dos profissionais cubanos no país. “Isso é trabalho escravo. Não poderia compactuar”, disse Bolsonaro. O rompimento enfraquece o serviço, que dá atendimento básico de saúde a 63 milhões de brasileiros em mais de 2,8 mil municípios. Dos 18,2 mil médicos em atividade, 8,3 mil são da ilha caribenha.

Especialistas temem um colapso na atenção básica, por considerarem que o Brasil não tem condições de substituir os cubanos, que representam cerca de 45% dos profissionais engajados no programa. Em muitos dos municípios atendidos, eles são a única forma de atendimento de saúde.

O combustível para a crise foi a exigência de Bolsonaro de que os médicos passem pelo Revalida — exame aplicado a profissionais formados em medicina em instituições estrangeiras. O presidente eleito criticou também a forma de remuneração dos profissionais. Pelo acordo, o governo cubano embolsa 75% da bolsa de R$ 11 mil mensais paga pelo governo brasileiro, e os médicos que migram para o Brasil não podem trazer suas famílias.

Em comunicado, o Ministério da Saúde Pública de Cuba considerou “desrespeitosas e ameaçadoras” as declarações de Bolsonaro sobre os cubanos no Brasil. “Diante desta lamentável realidade, tomamos a decisão de não continuar participando no Programa Mais Médicos. Não é aceitável que se questionem a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio de suas famílias, prestam atualmente serviços em 67 países”, destaca o documento.

Bolsonaro afirmou que o governo de Cuba decidiu sair do programa porque não aceitou as condições impostas por ele, como “aplicação de teste de capacidade e pagamento de salário integral aos profissionais cubanos”. “Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje na maior parte destinado à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, disse. Ele ainda comparou a ocupação a “trabalho escravo” e ofereceu asilo “aos que quiserem ficar”.

A participação cubana no Mais Médicos foi acertada com o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde (Opas). Nos cinco anos de presença no país, os profissionais da ilha fizeram cerca de 113 milhões de atendimentos.

Professor de medicina aposentado da Universidade de Brasília (UnB) e integrante do Observatório da Saúde, Flávio Goulart lamentou o risco de descontinuidade do programa. “Ele permitiu que pessoas que nunca tiveram contato com médico tivessem acesso à medicina. Esse é o lado humano. Além disso, tem o lado técnico. Onde o programa foi aplicado, há vários indicadores de melhora na atenção primária à saúde”, explica Goulart, que é doutor em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para ele, o Brasil não tem condições de substituir os médicos cubanos. “O prejuízo é muito grande. O país não tem como repor esses profissionais rapidamente. As universidades têm formado mais médicos, mas o nosso processo ainda é de formar especialistas, e não profissionais que possam dar atendimento imediato”, afirma. Os locais onde os cubanos atuam foram oferecidos, antes, a médicos brasileiros, mas, em cinco anos de programa, nenhum edital conseguiu contratar essa quantidade de profissionais. O melhor resultado foi de três mil brasileiros.

“Ação despreparada”


O ex-ministro da Saúde e criador do programa na primeira gestão de Dilma Rousseff, Alexandre Padilha, lamentou o resultado político da ação de Bolsonaro. “Esses médicos estão atendendo nos sertões, na Amazônia brasileira e nas periferias de grandes cidades. Essa é uma data triste para a saúde pública e para a política externa do Brasil, provocada por uma ação despreparada e conflituosa do presidente eleito”, criticou.

O Ministério da Saúde informou que contratará profissionais brasileiros para as vagas dos cubanos. “A iniciativa imediata será a convocação nos próximos dias de um edital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos. Será respeitada a convocação prioritária dos candidatos brasileiros formados no Brasil seguida de brasileiros formados no exterior”, explicou a pasta, em nota.

Apesar da polêmica, o Mais Médicos contrata profissionais de diversas nacionalidades. Desde 2016, o Ministério da Saúde vem diminuindo a quantidade de médicos cubanos no programa. Eles chegaram a ser 11.400 profissionais.


  • Avaliação positiva

    Um ano após a criação do programa Mais Médicos, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) e do Ministério da Saúde mediu a aceitação da ação no país. Na época, 85% dos entrevistados, em quase 700 municípios, disseram que a qualidade do atendimento médico estava “melhor” ou “muito melhor”. Um índice alto de usuários (87%) apontou que a atenção do profissional durante a consulta melhorou, e 82% deles afirmaram que as consultas passaram a resolver melhor os seus problemas de saúde.

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Correio Braziliense quarta, 14 de novembro de 2018

REPÚBLICA EM FESTA: PARA CURTIR E DESCANSAR NO FERIADO!

 


Para curtir e descansar!
 
 
Confira opções de eventos para aproveitar a noite de hoje e o feriado de amanhã, com shows, festas, festivais e exposições. Também há alternativas para quem prefere curtir em casa no conforto do sofá

 

Adriana Izel
Nahima Maciel

Publicação: 14/11/2018 04:00

Banda Consuelo e Esdras na Criolina (Camila Martins/Divulgação)  
Banda Consuelo e Esdras na Criolina



Novembro tem sido um mês de feriados prolongados para o brasiliense. Nesta semana, com a folga no Dia da Proclamação da República, celebrada amanhã, a cidade se agita com diferentes opções culturais, que vão de festas a shows, passando por exposições e festivais, que ocorrem de hoje até amanhã.
 
Quem quiser começar a folga hoje pode acompanhar o lançamento da produtora Sema, parceria entre os artistas brasilienses Esdras Nogueira, Claudia Daibert (vocalista da banda Consuelo) e Mariana Cardoso, do projeto gastronômico Coma Lá em Casa, que será a partir das 20h na Cervejaria Criolina. “Percebemos que fazíamos um monte de coisas juntos de forma aleatória, então decidimos juntar essas forças em um formato mais concreto de uma empresa prestadora de serviços, uma produtora”, explica Claudia.
 
Para o lançamento, os artistas preparam outras novidades. Tanto a banda Consuelo quanto o músico Esdras aproveitam para divulgar dois novos singles: Água salgada e Lambidinha, respectivamente. “Estávamos com o projeto de lançar um single por semestre e um videoclipe por ano. Luz da noite foi o primeiro e agora vamos lançar Água salgada. O Esdras aproveitou que gravou na turnê na Europa Lambidinha e agora vai lançar oficialmente”, adianta a vocalista da banda Consuelo.

Cantor Bonfim Netto lembra repertório do rei do rock no espetáculo Elvis in Concert (Arquivo Pessoal)  
Cantor Bonfim Netto lembra repertório do rei do rock no espetáculo Elvis in Concert


Com uma programação que traz exposição de quase 2 mil fotografias, 25 workshops, apresentação de 10 bandas da cidade e seis cenários disponíveis para fotos, o Cidade da Fotografia Brasília Photo Expo ocupa o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. A partir de amanhã e até domingo, o público poderá mergulhar na vivência fotográfica seja simplesmente visitando as exposições, seja participando de oficinas e atividades culturais.
 
A ideia é que os visitantes também possam fotografar. Haverá espetáculos de teatro, performances, shows e eventos de gastronomia especialmente pensados para serem registrados. “Brasília é fonte criativa, a gente tem muitos artistas e a foto está inserida em vários contextos da arte. A foto hoje é a maior mídia do mundo”, aponta Edu Vergara, idealizador e curador do Brasília Photo Expo, que já teve quatro edições e agora ganha uma dimensão maior no Centro de Convenções.
 
Também hoje tem a estreia do espetáculo Elvis in concert, às 21h, no Teatro dos Bancários. O tributo ao roqueiro é comandado pelo cantor Bonfim Netto e ao lado da banda Elvis Big Band Brasil. Há 10 anos, o artista brasileiro já promove a homenagem copiando trejeitos, coreografias e figurinos do rei do rock. No repertório estão músicas como Always on my mind, Bridge over trouble waters e Love me tender.


Ex-baixista dos Ramones, CJ Ramone faz show amanhã (Romulo Juracy/Esp. CB/D.A Press - 31/8/14)  
Ex-baixista dos Ramones, CJ Ramone faz show amanhã


Diversidade
 
Aos que preferem o clima de festa, a noite de hoje tem algumas opções. No Outro Calaf tem a balada Brilho Eterno De Uma Mente Boladona, com os DJs Dpot, Hot Fuss, Kelton e M. A música eletrônica é o ritmo dos eventos de duas casas noturnas: Shed Western Bar, com Fabrício Peçanha; e Victoria Haus, com Gui Guerrero. Amanhã é a vez do funk na Quinta do Calaf com show do MC Maha.
 
CJ Ramone, ex-baixista da lendária banda The Ramones, faz show amanhã no Toinha Brasil Show. Figura importante no cenário do punk rock nacional, CJ entrou no grupo em 1989 para substituir Dee Ramone e permaneceu até o fim da banda em 1996. O baixista conta com três álbuns solo na carreira: Last chance to dance e o mais recente, American beauty.

Leo Fressato é uma das atrações do feriado (Matheus Witt/Divulgação)  
Leo Fressato é uma das atrações do feriado


Na apresentação, o artista internacional traz músicas da carreira solo, além dos clássicos da banda. A abertura do show será feita pelas bandas brasilienses Detrito Federal e Cabelos Duro.
 
Outro artista que desembarca em Brasília em turnê é o cantor Leo Fressato. Conhecido por ser o compositor do hit Oração, sucesso da Banda Mais Bonita da Cidade, ele se apresenta amanhã, a partir das 19h, na Cervejaria Criolina. A abertura fica por conta do pianista Klüber e nos intervalos tem discotecagem da DJ Lulu Praxedes.
 
Para quem busca outras opções, começa amanhã o Oktober Jazz Bier Festival, uma mistura de música e gastronomia. Na estreia do projeto, que vai até domingo, quem comanda o som é o grupo Doop Jam. Também amanhã é o dia em que o Shopping Pier 21 recebe mais uma edição do projeto Invasão geek. Dessa vez, a ideia é aproveitar o lançamento de Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwad, com concurso de cosplay, bate-papo e quiz. A entrada é franca.
 
*Colaborou João Paulo Zanatto*
 
 
Cidade da Fotografia Brasília Photo Expo, no Centro de Convenções (Luis Mendonça/Divulgação)  
Cidade da Fotografia Brasília Photo Expo, no Centro de Convenções



PROGRAMAÇÃO
 
CJ Ramone 
• Toinha Brasil Show (SOF Sul, Qd. 9, Cj. A, lt. 5/8, Guará). Amanhã, às 20h (abertura da casa). Ingressos: R$ 50 (promocional), R$ 60 (2º lote até hoje) e R$ 70 (na hora). Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Cidade da Fotografia Brasília Photo Expo
• Centro de Convenções Ulysses Guimarães. De amanhã até domingo. Visitação quinta, das 12h às 22h, sexta e sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 10h às 21h. Programação disponível no site https://brasiliaphotoexpo.com.br/. Entrada gratuita. Classificação indicativa livre.
 
 
Elvis in concert
• Teatro dos Bancários (314/315 Sul). Hoje, às 21h. Show Elvis in concert com Bonfim Netto e a Elvis Big Band Brasil. Entrada a R$ 60 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.
 
 
Fabrício Peçanha
• Shed Western Bar (SCES, Tc. 2, Cj. 26/27). Hoje, às 23h. Com show dos DJs Fabrício Peçanha, Zerb, Daft Hill, Drop Dealers e Galvvik. Entrada a partir de R$ 50 (meia). Sujeito a alteração. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Festa Brilho Eterno De Uma Mente Boladona
• Outro Calaf (SBS, Qd. 2, Bl. Q). Hoje, às 22h. Com DJs Dpot, Hot Fuss, Kelton e M. Entrada a R$ 20 (até as 23h30) e R$ 30 (após). Valores de meia. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Gui Guerrero
• Victoria Haus (SAAN, Qd. 1). Hoje, às 22h30. Com discotecagem de Gui Guerrero e Donas ao vivo. Entrada a R$ 20 (pista), R$ 25 (camarote pop), R$ 30 (lounge pop) e R$ 55 (backstage house). Valores de meia e antecipado. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Invasão geek
• Shopping Pier 21 (SCES, Tc. 1, Lt. 32). Amanhã, às 12h. Concurso de cosplay, bate-papo com fãs e quiz temática. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
 
 
La Rubia Café
• (404 Norte, Bl. B, Lj. 44). Amanhã, às 21h. Festa La Rubi com discotecagem do DJ Manollo. Couvert a R$ 8. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Lançamento do projeto Sema com Esdras Nogueira e Consuelo
• Cervejaria Criolina (SOF Sul, Qd. 1, Cj. B). Hoje, a partir das 20h. Com show da banda Consuelo e do músico Esdras Nogueira. Lançamento do projeto Sema, dos singles Água salgada e Lambidinha e do Clube do Assinante do Coma Lá Em Casa. Entrada mediante contribuição voluntária. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Leo Fressato
• Cervejaria Criolina (SOF Sul, Qd. 1, Cj. B). Amanha, às 19h. Com show de Leo Fressato, abertura de Klüber e discotecagem DJ Lulu Praxedes. Entrada a R$ 30 (meia). Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Oktober Jazz Bier Festival
• Arena Lounge do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha (Eixo Monumental). Hoje, às 17h. Com show da banda Doop Jam e festival de cervejas artesanais. Entrada a R$ 20 (meia). Classificação indicativa livre.
 
 
Quinta no Calaf — Funkzona Halloween 
• Outro Calaf (SBS, Qd. 2, Bl. Q). Amanhã, às 22h. Com MC Maha e DJs Thiago May, Bruno Antun e Mike. Entrada a R$ 20 (os 50 primeiros), R$ 30 (até as 23h), R$ 40 (após). Valores de meia e sujeitos a alteração. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
Guga Cammafeu - Minha história 
• Eskina Bar (206 Sul). Amanhã, às 16h. Ingressos: R$ 30. Valor referente a meia-entrada e sujeito a alteração. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
 
MC 2K
• Pink Elephant Brasília (SCES, Tc. 2). Hoje, às 23h. Pink Holiday com MC 2K. Entrada a R$ 50 (mulheres) e R$ 70 (homens). Valores de meia-entrada. Não recomendado para menores de 18 anos.
 
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Correio Braziliense terça, 13 de novembro de 2018

STAN LEE, O PAI DOS HERÓIS

 


Stan Lee, o pai dos heróis
 
 
Morre, aos 95 anos, um dos grandes nomes da cultura pop mundial. O legado do nova-iorquino está nas HQs, na telinha e nos cinemas

 

Adriana Izel
Ricardo Daehn
Robson G. Rodrigues*
Ronayre Nunes*

Publicação: 13/11/2018 04:00

 
"Eu costumava ficar envergonhado porque eu era apenas um escritor de histórias em quadrinhos enquanto outras pessoas estavam construindo pontes ou indo para carreiras médicas. E então comecei a perceber: o entretenimento é uma das coisas mais importantes na vida das pessoas. Eu sinto que se você é capaz de entreter, você está fazendo uma coisa boa" Stan Lee, 1922-2018
 
Combater o poderio de um império estabelecido, repleto de  heróis populares e alinhados sobre o selo de qualidade da DC Comics, foi a tarefa delegada a um homem de imaginação ilimitada: Stan Lee. À frente da Marvel, concorrente imediata da sólida DC, o editor, criador de personagens e diretor artístico Stan Lee é símbolo de uma revolução: além de arrojado autor de enredos, fez a ponte que hoje em dia rende potes de ouro para a indústria de cinema. O desdobramento multimídia de quadrinhos, migrados para a tevê e revertidos em múltiplas conexões para produtos da telona refletem a sagacidade do ícone pop Stan Lee, dono do legado de criar ou cocriar personagens de histórico imbatível, numa lista que agrega Homem-Aranha, X-Men, Hulk, Thor, Homem de Ferro e Pantera Negra.
 
Os super-heróis e os fãs de quadrinhos ficaram órfãos na manhã de ontem, quando o principal nome do gênero no mundo escreveu seu último capítulo. O norte-americano Stan Lee, morreu, aos 95 anos, no Cedars-Sinai Medical Center, hospital em Hollywood (EUA). A causa da morte não foi revelada, porém ele estava com a saúde debilitada há algum tempo.
 
Além dos problemas de saúde, no último ano, Lee teve várias pertubações. Ficou viúvo em junho do ano passado, quando a mulher Joan, 93 anos, morreu após sofrer um derrame cerebral. Na época, o quadrinista também teve de lidar com acusações de assédio sexual contra ele e ainda de que estaria sendo vítima de abuso por parte da filha Joan Celia Lee, 68. Lee negou os dois casos.

 (Sony/Divulgação)  
 
Apesar de ter conquistado fama criando os mais famosos personagens da Marvel, foram as produções audiovisuais que o levaram a um patamar ainda mais alto. A maioria dos longas de sucesso na última década são da Marvel, empresa que Stan Lee catapultou com criações, como Os Vingadores, Homem de Ferro, Thor, Homem-Aranha e X-Men, em parceria com a Disney. Além disso, o currículo cinematográfico o tornou a principal figura pública da Marvel, com aparições em convenções e também nos filmes da empresa, que viraram um marco e um momento muito aguardado pelos espectadores
 
Um mundo à parte
 
Não se tratava de um molde ou uma fórmula, mas Lee ficou famoso pelo emprego do método da Marvel, na qual passou a trabalhar, ainda em fins dos anos 1930, quando a empresa levava outro nome. Passada a saraivada de ideias tidas em conjunto com parceiros (entre os quais os cocriadores de celebridades do mundo Marvel Steve Ditko e Jack Kirby), uma sinopse era criada e, a partir dos desenhos, e dos espaços na o texto, Lee exercia sua mágica.
 
Injetar humanidade e incertezas em personagens entre os quais os integrantes do Quarteto Fantástico (que ele criou, em 1961) estava nas habilidades de Stan Lee, capaz de talhar complexidade nas tramas das histórias em quadrinhos. Com Bill Everet, Stan Lee se aplicou em apresentar, por exemplo, um justiceiro cego que se afirmou empoderado, em O demolidor. O descontrole com uso de ousadias, no ano de 1971, foi uma das ousadias junto ao personagem Harry Osborne explorado no animado universo de Lee.
 
 (Disney XD/Divulgação)  


Um tanto encolhido entre as glórias de engenheiros e médicos, coube a Stan Lee definir a estatura de sua arte, numa entrevista para o Chicago Tribune: “Achava que fazia histórias fictícias de pessoas detentoras de feitos extraordinários, em ações loucas, e que usavam fantasias. Percebo agora, entretanto, que o entretenimento não é algo facilmente descartável”. Se alguém achava que, por si, a vida de Stan Lee (descrita por ele na autobiografia de 2002 Excelsior! The amazing life of Stan Lee) renderia uma série de quadrinhos, ele mesmo tratou de agir: em setembro de 2016, ajudou dois colegas na escrita dos quadrinhos Incrível, fantástico, inacreditável: a biografia em quadrinhos do gênio que criou os super-heróis da Marvel.
 
Nascido em 1922, com o nome de Stanley Martin Lieber, o homem que, em 1963, viria a responder pelo parto artístico do fenômeno batizado Os v ingadores, teve uma vida inicial modesta, vivida no Bronx (Nova York). Aos 19 anos, galgou o posto de editor da futura Marvel. Entre os feitos anteriores, debutou num apêndice de duas folhas criadas para Capitão América (número 3), de Jack Kirby e Joe Simons.
 
Nos anos de 1940, foi recrutado para o Exército, no qual teve aproveitada a capacidade de rascunho de manuais e desenho de táticas. Bem antes de chegar ao império de uma herança estimada em US$ 70 milhões, Stan Lee se afirmou como editor da Marvel, nos anos de 1970, recebendo a seguir a missão de progressivamente, nos anos de 1980, se aproximar da almejada Hollywood, já estabelecido em Los Angeles. Uma das estratégias de contato entre quadrinhos e a tevê resultou na série de televisão para a CB,S O incrível Hulk.
 
Tendo perdido a esposa Joan, numa união de 71 anos, Stan Lee amargou recente fase de declínio pessoal (com processo prometido para os colaboradores da temporária empresa dele, a POW! Entertainment e até acusação de assédio). Além do irmão Larry Lieber (empregado da Marvel), Lee deixa, para sempre, nos fãs a impressão do velhinho descolado, que usava tênis nas inúmeras convenções de heróis, e que — de tão pop — foi incorporado pelo mundo paralelo de Os Simpsons.
 
Repercussão
 
A morte de Stan Lee mobilizou a comunidade geek. Astros de diferentes países foram às redes sociais para lamentar a perda. No Brasil, os youtubers PC Siqueira e Felipe Neto lembraram a importância do editor. “É muito, muito, muito triste a notícia da morte de Stan Lee. Porém, fico muito feliz em saber que ele viveu o suficiente para ver suas obras tornado-se amadas pelo mundo inteiro, em todas as idades. Obrigado por tudo, Stan Lee! Um dos maiores gênios da história do entretenimento”, escreveu Neto.
 
Siqueira postou: “O Stan Lee foi o maior herói da minha infância. A maior inspiração que me levou a querer (e) trabalhar com histórias em quadrinho. Tá aí um cara que cumpriu seu papel na humanidade: criou heróis, inspirou artistas e fez o que amava até seus últimos dias. Excelsior!”.
 
Internacionalmente, Lee foi lembrado por nomes, como Chris Evans, o Capitão América do universo Marvel. “Nunca haverá outro Stan Lee. Por décadas, ele providenciou aventura, escapismo, conforto, confiança, inspiração, força, amizade e alegria para fãs mais velhos e mais jovens. Ele espalhou amor e gentileza e deixará sua marca por muitos e muitos anos. Excelsior!”, publicou no Twitter.
 
Outros dois nomes que trabalharam com Stan Lee nos cinemas também se pronunciaram. Ryan Reynolds, o intérprete do personagem Deadpool, agradeceu ao trabalho do cartunista: “Descanse em paz, Stan. Obrigado por tudo”. Assim como Kat Dennings, que trabalhou nos filmes do Thor: “Stan Lee. Um homem educado e um gênio. Foi uma honra ser uma pequena parte desse universo. Descanse em paz”.
 
*Estagiários sob supervisão de José Carlos Vieira
 
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Correio Braziliense segunda, 12 de novembro de 2018

PALMEIRA PERTO DO TÍTULO: NEM O TROPEÇO ATRAPALHA

 

Nem o tropeço atrapalha
 
 
Palmeiras busca empate com Atlético-MG e mantém vantagem no topo da tabela. Mau desempenho dos concorrentes ao título na rodada preserva a condição de favorito ao alviverde paulista

 

Publicação: 12/11/2018 04:00

A cinco rodadas para o fim do torneio, Palmeiras depende apenas dos próprios méritos para ficar com a taça (Bruno Cantini / Atlético-MG
)  
A cinco rodadas para o fim do torneio, Palmeiras depende apenas dos próprios méritos para ficar com a taça
Atlético-MG e Palmeiras empataram por 1 x 1, ontem, no estádio Independência, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro. Os dois gols saíram no segundo tempo: Elias abriu o placar para o time mineiro e Bruno Henrique, de pênalti, deixou tudo igual.
 
O resultado manteve o líder Palmeiras cinco pontos à frente do vice-líder Internacional (67 a 62), restando cinco rodadas para o fim da competição. O Atlético-MG foi a 47 pontos, momentaneamente na sexta colocação, e pode sair da zona de classificação para a Libertadores caso o Santos vença hoje a Chapecoense.
 
Atlético-MG e Palmeiras fizeram um primeiro tempo equilibrado, com o alvinegro tendo o controle da posse de bola (quase 70%), enquanto o rival paulista era perigoso nas poucas oportunidades em que conseguiu chegar ao gol.
 
A primeira delas aconteceu aos 25 minutos. Deyverson fez bela jogada na direita, entrou na área e cruzou para Guerra chutar de primeira, mas Victor defendeu com a perna direita. A segunda ocorreu aos 43. Após cobrança de escanteio, Deyverson pegou de primeira e exigiu outra grande defesa do goleiro atleticano.
 
O Galo explorou as jogadas pelas laterais do campo, com Emerson e Fábio Santos descendo ao ataque com regularidade, mas falhava no momento de criar as chances de gols. Bem marcado, Ricardo Oliveira não conseguiu uma única finalização contra Weverton.
 
No segundo tempo, logo aos 18 minutos, o Atlético-MG abriu o placar. Cazares deu belo passe de calcanhar para Fábio Santos na esquerda, o lateral cruzou e encontrou Elias dentro da área. O volante dominou e acertou o ângulo do goleiro Weverton.
 
Mesmo não jogando bem no segundo tempo, o Palmeiras chegou ao empate, depois de um pênalti cometido por Adílson sobre Edu Dracena. Na cobrança, Bruno Henrique empatou o jogo no estádio Independência.
 
O empate fez o Atlético-MG se lançar ao ataque, pressionar o Palmeiras, mas o time da casa não conseguiu chegar ao segundo gol. Na 34ª rodada, o alviverde recebe o Fluminense, quarta-feira, no Allianz Parque. No mesmo dia, o Galo viaja a Curitiba para enfrentar o lanterna Paraná, no Durival Britto, sem poder contar com Adílson e Ricardo Oliveira, que receberam o terceiro cartão e cumprem suspensão.
 
“Diminuímos um jogo, mantivemos o número de pontos em relação ao Internacional e ganhamos um em relação ao Flamengo. Então, acho que a rodada, no cômputo geral, foi benéfica para nós. Estamos sendo superiores, mas ainda não ganhamos. Temos de manter a cabeça no lugar”
Luiz Felipe Scolari, técnico do Palmeiras
 
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Correio Braziliense domingo, 11 de novembro de 2018

PLANOS PARA RESGATAR O SCS - SETOR COMERCIAL SUL

 


Planos para resgatar o SCS
 
 
Enquanto um coletivo coloca em prática projetos para ocupar o Setor Comercial Sul e atender usuários de drogas e prostitutas, especialistas elaboram um estudo para desenvolver toda a região central

 

» ISA STACCIARINI

Publicação: 11/11/2018 04:00

Os amigos Ian Viana, Caio Dutra e Felipe Velloso criaram o coletivo No Setor para ocupar o Setor Comercial Sul e torná-lo um ambiente cultural seguro  (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
Os amigos Ian Viana, Caio Dutra e Felipe Velloso criaram o coletivo No Setor para ocupar o Setor Comercial Sul e torná-lo um ambiente cultural seguro
 
No ponto mais central de Brasília, o Setor Comercial Sul (SCS) tem duas faces. Durante o dia, é tomado por cerca de 200 mil pessoas e outros milhares de veículos. Todos e tudo com pressa. Trabalhadores, em sua maioria. Com a noite, usuários de droga, traficantes, prostitutas e michês ocupam as pistas e calçadas do espaço. Com eles aumenta a insegurança, potencializada pela pouca iluminação e pelas portas fechadas.
 
Para reverter esse cenário, um grupo de brasilienses busca soluções por meio de iniciativas econômicas sustentadas pela arte e pelo diálogo. Elas visam revitalizar o centro da capital com a inclusão da comunidade, exploração da diversidade e encontros com moradores de rua e comerciantes. A ideia é do coletivo No Setor, criado por três empreendedores sociais.
 
A primeira iniciativa ocorreu em 2015, quando um grupo de músicos ocupou uma garagem do SCS para tocar rock. “Como ocorre em outras capitais, a exemplo de Londres, queríamos fortalecer o centro da cidade e reforçar a identidade desses espaços. Nada melhor que o Setor Comercial Sul, ao lado do Setor Hoteleiro, próximo ao Parque da Cidade e com acesso fácil à Rodoviária do Plano Piloto”, ressalta Caio Dutra, 28 anos, morador da Asa Sul e um dos três integrantes do No Setor.
 
Desde então, Caio, Felipe Velloso, 27 anos, e Ian Viana, 22, que moram na Asa Norte e em Águas Claras, respectivamente, organizam eventos culturais na região central regularmente. No carnaval deste ano, levaram o bloco Setor Carnavalesco Sul ao SCS. A folia atraiu 30 mil pessoas. A expectativa para 2019 é dobrar o público. “Temos um centro marginalizado, tomado pelo crime. Quisemos trazer esse potencial a partir da retomada cultural”, frisa Caio.
 
Os rapazes enxergaram nos cinco becos e nas quatro praças do setor espaços não só para eventos artísticos, mas também socioambientais e turísticos. No endereço, eles fazem feiras de estímulo à economia criativa; caminhada com turistas e moradores do DF interessados em conhecer o centro da cidade e festival com oficinas, palestras e mostras de cinema (leia quadro). “Faltava um olhar orgânico para o espaço. Concentramos uma energia aqui e, de forma integrada, fizemos um movimento de retomada do local”, comenta Felipe.
 
O coletivo No Setor tem o apoio de comerciantes, moradores de rua e guardadores de carro. “Os enxergamos como amigos. Pedimos licença para ocupar o espaço deles. A integração ocorre por todo lado e onde pudermos fazer”, observa Ian. Às sextas-feiras, o grupo organiza um futebol para as pessoas em situação de vulnerabilidade que ficam no SCS. O trio também oferece cursos de capacitação, como o de eletricista. “Com isso eles se sentem mais gente”, destaca Ian.
 
O plano do momento é fazer um diálogo com a comunidade LGBTIs que frequenta o espaço, como os travestis que se prostituem à noite. “Isso é o que se enquadra como real cidadania. Trata-se de um diálogo cotidiano da real política”, ponderou Ian. O coletivo pretende promover encontros dos LGBTIs com policiais militares, por exemplo.
 
Insegurança
 
Guardador de carro no SCS há sete anos, Marcelo da Cruz, 35, participa do futebol do No Setor toda sexta-feira. “Em meio ao nosso cotidiano de limpar os carros, manobrar, o futebol é uma oportunidade de diversão. Dá para compensar todo o desgaste do dia a dia”, afirma o morador de Águas Lindas (GO), a 52km do SCS
 
Para Marcelo, a presença de usuários de droga no Setor Comercial é um problema social. “Alguns deles até conseguem uma oportunidade aqui, outra ali, mas voltam para a rua por causa do vício. A droga é o grande mal. Outros já foram para casa de recuperação, mas, quando saem de lá, têm recaídas”, lamenta.
 
Desde os 8 anos, Maicon Roger Alves Ferreira, 39, mora nas ruas de Brasília. Ele não sabe dizer ao certo o motivo de ter parado ali, mas lembra que chegou com a mãe. “A minha rotina é pedir comida, dinheiro, vigiar carro e passar fome. Tenho documento, mas não consigo arrumar um emprego. A discriminação é a pior coisa.”
 
Pai de oito filhos, Maicon perdeu quatro para o Conselho Tutelar. O sonho dele é conseguir um emprego e retomar as crianças. “Quero fichar. Já entreguei muito currículo, mas não consigo nada. Falta emprego para gente. Só consigo um bico de vez em quando”, conta.
 
A companheira dele está grávida. “À noite, a gente não dorme direito, é perigoso. Conheço todo mundo, mas a gente convive com a violência. Já fui espancado e tive que digladiar (brigar) diversas vezes. Tem muita gente usando, comprando e vendendo droga. Eu mesmo só gosto de cigarro e bebida.”
 
Leonardo Rodrigues, 37 anos, morou na passagem subterrânea do SCS conhecida como Buraco do Rato, de 2009 a 2014. Agora, ele está de rosto limpo, livre do crack. “Perdi a minha companheira, a minha vida e o meu antigo emprego por causa da droga. Quando ela (a mulher) veio me resgatar, me lembro ainda de ter pedido R$ 10 para comprar a droga”, conta o operador de cabo de telefone, pai de quatro meninos.
 
Leonardo ficou três meses internado em uma clínica de reabilitação. Hoje, ajuda a resgatar pessoas que vivem a mesma situação pela qual ele passou. “As pessoas só acham que quem está aqui é para matar, roubar e destruir. A droga é devastadora, te tira valores, moral e até dignidade. Quem entra não sai fácil, mas é por causa da dependência”, destaca o ex-dependente.


Projetos do No Setor

» Setor Tropical Sul
Festa semestral para mil pessoas, com brasilidades e temática latina.
 
» Setor Carnavalesco Sul
A primeira edição do bloco de carnaval aconteceu em fevereiro deste ano e atraiu 30 mil foliões.
 
» Setor Criativo Sul
Festival lançado em agosto de 2018, com mais de 50 atividades entre painéis, palestras, oficinas, mostras de cinema e festas. 
 
» Feira No Setor
Aos domingos, há exposição de produtos orgânicos do cerrado brasileiro. A próxima edição será em 16 de dezembro. 
 
» SCSTour
Em parceria com o Departamento de Turismo da UnB, o coletivo organiza um passeio pelo SCS. O trajeto começa na Estação Galeria e passa por ruas, becos, praças e prédio, enquanto se conta um pouco sobre a participação do local na história de Brasílie. Este ano, houve 15 edições com público médio de 20 pessoas.
 
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Correio Braziliense sábado, 10 de novembro de 2018

ESTÁTUA DA LIBERDADE DA HAVAN

 

Loja insiste em instalar Estátua da Liberdade

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 10/11/2018 04:00

Havan quer uma réplica no SIA, como fez em Anápolis e outras cidades (Gustavo Moreno/CB/D.A Press - 4/7/13)  
Havan quer uma réplica no SIA, como fez em Anápolis e outras cidades

Inaugurada há uma semana, a filial da loja Havan em Brasília não tem uma das marcas do empreendimento: a Estátua da Liberdade. A peça, com 35 metros de altura, não pode ser erguida, pois está em desacordo com o Plano Diretor de Publicidade que orienta a instalação de meios de propaganda no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), onde fica a unidade candanga. O limite para publicidade na região é 12m de altura.
 
Mas a Havan não desistiu. Nesta semana, entrou com recurso na Administração Regional do SIA, que foi rejeitado. Mesmo com a negativa, a empresa decidiu fazer um novo apelo à administração. Ontem, o departamento jurídico do empreendimento encaminhou um pedido de reconsideração do recurso. De acordo com a empresa, quando o projeto de instalação da loja foi protocolado, constava a estátua.
 
De qualquer forma, o novo pedido não deve ser aceito pela Administração do SIA. “A solicitação ainda não chegou até a administração, mas faremos o nosso trabalho com os pés no chão. Por mais que eu quisesse atender ao pedido da empresa, não poderia ferir a legislação. Não tenho amparo legal para autorizar a instalação da estátua”, antecipou o administrador regional do SIA, Antônio Donizete Andrade.
 
Ele espera que a Havan se adeque às normas do Plano Diretor de Publicidade. “Fiquei honrado com a chegada do empreendimento à cidade. Estão gerando renda e emprego ao Distrito Federal. É uma pena que a estátua não possa ser erguida e estou aberto para discutir a redução do tamanho da peça. Quero atender às demandas do empresariado, mas dentro da legalidade”, salientou Andrade.
 
Questionada sobre a possibilidade de produzir uma estátua nas medidas estabelecidas por lei, a Havan informou que não vai se pronunciar até ter o retorno do pedido de reconsideração.
 
Iphan contra
Além de esbarrar no Executivo local, a Havan não tem o respaldo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para instalar a estátua. “Considerando que o GDF já indeferiu o pedido e essa atitude não contraria nenhum critério das normas preservacionistas federais, o posicionamento do Iphan é que não há motivação nem amparo legal para que este Instituto interfira na decisão do GDF”, informou o órgão, por nota.
 
Ex-superintendente do Iphan e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), Cláudio Villar de Queiroz destacou que a estátua não condiz com o ambiente comercial do DF e tem como único objetivo chamar a atenção para a empresa. “Ela é muito grande em relação às edificações mais próximas e se destaca de maneira negativa do ponto de vista cultural. Se ela for admitida, pode abrir espaço para que todos os comerciantes façam o mesmo”, ponderou.
 
Cláudio de Queiroz ainda explicou que a possível instalação da peça pode interferir na estética urbana de Brasília. “Não está dentro da área tombada, mas afronta os bons costumes e a cultura local. Esse tipo de objeto é um atentado à civilidade. É a imposição de algo que não tem nada a ver com a nossa realidade. O ambiente urbano deve ser harmonioso, e só conseguimos essa harmonia com a valorização da cultura local.”
 
 
 
O que diz a lei
 
Limites para publicidade
 
Em 20 de agosto de 2008, o Governo do Distrito Federal publicou o Decreto nº 29.413, que dispõe sobre o Plano Diretor de Publicidade para orientar a instalação de meios de propaganda no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e em outras 21 regiões administrativas. De acordo com o artigo 5º do documento, o parâmetro da dimensão, que representa o tamanho do meio de propaganda admitido, pode ser: de pequeno porte, médio porte, grande porte ou especial, este último com área total de exposição maior que 35 metros quadrados e menor ou igual a 70m², altura máxima de 12m e aresta máxima de 10m por face.
 
 
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Correio Braziliense sexta, 09 de novembro de 2018

NO STF, O ADVOGADO MAIS JOVEM

 

No STF, o advogado mais jovem

 

» Renato Souza

Publicação: 09/11/2018 04:00

Mateus Ribeiro, de 18 anos, fez sua primeira sustentação oral num processo no STF: boas-vindas de ministros (Renato Souza/CB/D.A Press)  
Mateus Ribeiro, de 18 anos, fez sua primeira sustentação oral num processo no STF: boas-vindas de ministros


O brasiliense Mateus Ribeiro, de 18 anos, advogado mais jovem do país, realizou numa sessão de ontem, no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), a sua primeira sustentação oral num processo. Ele atuou para o PDT numa ação direta de inconstitucionalidade (ADI), que questiona lei do Rio Grande do Sul proibindo a revista íntima em funcionários no local de trabalho. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli. Até o momento, o placar está empatado por quatro votos a quatro.

A sustentação oral é a etapa do julgamento em que o advogado apresenta argumentos a favor do cliente, os motivos do recurso e as contrarrazões aos objetivos da parte adversária. Ao fim de 15 minutos de explanação, o jovem agradeceu aos ministros pela oportunidade. “Para qualquer advogado é uma honra falar na mais alta Corte do país. Peço que a lei seja declarada formalmente inconstitucional”, disse.

Mateus afirmou que a norma questionada usurpou a competência privativa da União para legislar sobre direito do trabalho e que a lei classifica como revista íntima a prática de despimento coercitivo ou de molestamento físico do empregado pelo empregador.

O jovem recebeu as boas-vindas do ministro Edson Fachin. “Cumprimento o jovem advogado que fez a sustentação oral, que o coloca no exercício da advocacia.” O ministro Luiz Fux também chamou a atenção para a pouca idade do profissional. “Parabenizo o jovem advogado pela belíssima sustentação realizada em plenário”, afirmou.

Filho de advogados, Mateus ingressou na UnB aos 14 anos, após obter autorização da Justiça. Ele foi aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no último ano da graduação. O defensor conta que aproveitava férias e recessos na universidade para adiantar matérias. Ele sugere a estudantes que não tenham pressa. “Eu terminei a graduação em quatro anos, pois fazia cursos de verão, mas recomendo que os estudantes não se preocupem em sair cedo da faculdade, mas, sim, que se dediquem para saírem prontos.”


"Parabenizo o jovem advogado pela belíssima sustentação realizada em plenário”

Luiz Fux, ministro do STF
 
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Correio Braziliense quinta, 08 de novembro de 2018

UMA MULHER NA AGRICULTURA

 

Uma mulher na Agricultura
 
Primeira mulher indicada para o primeiro escalão do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (DEM/MS) é uma das lideranças do agronegócio no país. (Wilson Dias/Agência Brasil)
 
Jair Bolsonaro anunciou que a deputada Tereza Cristina assumirá a pasta. Enquanto isso, afirmou que vai desmembrar o Ministério do Trabalho. General Augusto Heleno é confirmado no Gabinete de Segurança Institucional

 

» HAMILTON FERRARI
» VERA BATISTA
» LUCAS VALENÇA
Especial para o Correio

Publicação: 08/11/2018 04:00

 
"Eu não posso prescindir da presença dele ao meu lado no Palácio do Planalto", afirmou Bolsonaro sobre o general Augusto Heleno
 
Em dia intenso de negociações do governo de transição, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou a extinção do Ministério do Trabalho, que será desmembrado em outras pastas da Esplanada. O anúncio gerou críticas entre entidades sindicais, mas, segundo interlocutores da equipe, ele não deve reverter a decisão. Além disso, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) foi confirmada como o sexto nome da futura gestão, assumindo a Agricultura — é a primeira mulher do grupo principal do futuro governo.
 
Ontem, Bolsonaro teve compromissos desde cedo. De manhã, tomou café com o alto comando da Aeronáutica e se reuniu com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Almoçou com o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STF), ministro João Otávio de Noronha, e o juiz Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça. Durante a tarde, foi duas vezes ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde estão ocorrendo reuniões do governo de transição. Entre as visitas, se encontrou com o atual presidente Michel Temer no Palácio do Planalto, para tratar da reforma da Previdência.
 
O anúncio de que o Ministério do Trabalho seria extinto foi depois do almoço com Noronha. “Vai ser incorporado a algum ministério”, disse Bolsonaro. A notícia veio com críticas. Em nota, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) defende a manutenção da pasta “por sua importância no cenário nacional”. Angelo Costa, presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), afirmou que a medida causa preocupação, porque enfraquece a política de valorização do emprego e da renda. “Essa mudança não é positiva. Reduz a importância que o governo dá à temática do trabalho humano e também à preservação da auditoria e da fiscalização trabalhista”, destacou o procurador.
 
Diminuição
 
A intenção do próximo chefe do Executivo é reduzir de 29 para algo em torno de 17 pastas em seu governo. Há possibilidade de a Controladoria-Geral da União (CGU) ter o status de ministério mantido, elevando o número para 18. Durante reunião a portas fechadas no Ministério da Justiça, Moro disse ao atual ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que o órgão não será incorporada à pasta da Justiça.
 
À tarde, o presidente eleito anunciou a deputada Tereza Maria como a futura ministra da Agricultura. Ela é presidente da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA), conhecida como a Bancada do Boi. Também foi secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul e uma das lideranças que defenderam a aprovação do Projeto de Lei nº 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país.
 
A decisão de Bolsonaro foi anunciada pelo vice-presidente da Frente Parlamentar de Agricultura, Alceu Moreira (MDB/RS), após reunião no CCBB. Segundo Moreira, o nome de Tereza Cristina veio depois de “longa e profunda discussão” com os integrantes da Frente. “Ela foi consenso. Feita a sugestão ao senhor presidente eleito, ele, de imediato, anunciou que ela será a sexta ministra a ser indicada”, afirmou. Tereza é a primeira mulher anunciada por Bolsonaro que, em um post, ironizou a ausência feminina em ministérios: “Algum jornalista acha mesmo que vou sair perguntando o que cada um faz na sua intimidade para indicar a cargos no governo? Isso é uma grande piada!”.
 
Equilíbrio
 
Em outra frente, o general Augusto Heleno, que vinha sendo cotado para o ministério da Defesa, recebeu a confirmação de que ocupará a pasta do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo o militar, a mudança foi tomada pelo presidente eleito. Bolsonaro informou que a decisão veio em comum acordo. Ele também declarou que a escolha em conceder um cargo de importância para Heleno se dá pelo “equilíbrio” do militar. “Eu não posso prescindir da presença dele ao meu lado no Palácio do Planalto”, contou.
 
Na equipe de transição, os trabalhos foram intensos, voltados para discussões sobre a reforma da Previdência. O tema deve voltar a ser discutido com parlamentares amanhã, no CCBB. Bolsonaro saiu após as 18h, mas as atividades continuaram até 21h25, quando o coordenador do grupo e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deixou o local. O time tem, agora, 27 nomes, já que o empresário Marcos Aurélio Carvalho sairá, segundo o jornal O Globo. Em entrevista, ele disse que não ocuparia um cargo no governo, mas gostaria de atuar como assessor informal.
 
Convite para o G20
 
Em um encontro no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer convidou o presidente eleito, Jair Bolsonaro para viagens internacionais que ele fará até o fim do ano. Entre os eventos, está uma reunião do G20, grupos das 20 maiores economias do mundo, que ocorrerá na Argentina, em 30 de novembro e 1º de dezembro. “Tenho viagens programadas, mencionei até o G20, será agora no fim do mês, não sei se o presidente poderá. Mas disse a ele que, quando ele queira, nós poderemos ir juntos para o exterior”, disse Temer. Bolsonaro ainda não se manifestou sobre o assunto e não disse se aceitará a proposta.
 
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Correio Braziliense quarta, 07 de novembro de 2018

CARTINHAS PARA PAPAI NOEL: TEMPO DE REALIZAR SONHOS

 


Tempo de realizar sonhos
 
 
Campanha do Papai Noel dos Correios começa a distribuir cartinhas com pedidos de crianças carentes para o Natal. Saiba como adotar uma

 

WALDER GALVÃO
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 07/11/2018 04:00

Nasareth Quintana também distribui cartas para o marido e o filho presentearem os pequenos: %u201CÉ importante a nossa participação%u201D ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Nasareth Quintana também distribui cartas para o marido e o filho presentearem os pequenos: %u201CÉ importante a nossa participação%u201D
“Papai Noel, eu queria pedir para o senhor um emprego para o meu pai”, diz a carta de uma menina de 4 anos encaminhada aos Correios. O pedido da pequena se mistura aos de outras milhares de crianças. Entre os desejos delas, estão bonecas, bolas de futebol, equipamentos eletrônicos, patins e até mesmo encontro com celebridades da internet. A partir de hoje, quem quiser realizar um desses sonhos basta participar da campanha Papai Noel dos Correios e pegar uma cartinha nos locais determinados pela empresa (veja quadro).
 
No Distrito Federal, há mais de 16 mil cartas disponíveis para os brasilienses. Nos últimos três anos, mais de 52 mil desejos foram atendidos durante o período do projeto na capital. Participam da campanha estudantes de escolas da rede pública (até o 5° ano do ensino fundamental) e de instituições parceiras da empresa, como creches, abrigos, orfanatos e núcleos socioeducativos. Além de realizar um sonho, um dos objetivos dos Correios é incentivar a escrita por meio das cartas produzidas pelas crianças.
Kamila Siqueira adota cartas desde 2008: tradição na família ( Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Kamila Siqueira adota cartas desde 2008: tradição na família
Em todo o país, a adoção das cartas é feita da mesma forma. As pessoas que se disponibilizam a presentar as crianças são chamadas de padrinhos. Todo o material é lido e selecionado por uma equipe e disponibilizado na casa do Papai Noel e em outras unidades dos Correios. Os interessados devem comparecer às agências e escolher um dos pedidos. Em seguida, os presentes podem ser entregues nos pontos divulgados pela empresa, que também realiza a distribuição no fim da campanha.

Os padrinhos não podem fazer a entrega direta dos presentes. Por isso, o endereço da criança não é divulgado ou informado a eles. Este ano, algumas cidades, como Belém, Goiânia e Porto Alegre adotaram o modelo on-line. No entanto, esse tipo de apadrinhamento não foi disponibilizano Distrito Federal.

Como a criança que pediu um emprego para o pai, há milhares de outros desejos nas unidades dos Correios. Em uma das cartas, uma menina de 5 anos pediu um guarda-chuva e um relógio. Ela não justificou o pedido, mas desenhou os itens na folha de papel. Outra menina, de 11 anos, pediu ao Papai Noel para aprender a jogar futebol. “Tenho 11 anos e quero muito saber jogar bola. Meu primo estava me ensinando, mas a bola dele furou”, lamenta a pequena.
Karina Akimoto sempre participa da campanha e foi até voluntária (Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
 
 
Karina Akimoto sempre participa da campanha e foi até voluntária
Ainda há aqueles que, preocupados com o período de volta às aulas do próximo ano, pedem material escolar. “Neste momento especial de poder realizar um sonho, é com alegria que eu gostaria de pedir um lápis de cor”, comenta um menino de 8 anos em uma das cartas. Bicicletas, patins e skates estão entre os preferidos da garotada.

Diferentes tons e pedidos marcam as cartinhas encaminhadas ao Bom Velhinho. A maioria das crianças gosta de destacar como foi comportada e obediente ao longo do ano. No entanto, algumas optaram por também expor as travessuras. “Querido Papai Noel, eu vou ser bem sincera, sou uma menina um pouco bagunceira. Não vou escrever muita coisa, porque já estou cansada. Tenho 11 anos de idade e, na verdade mesmo, queria um celular, mas como não pode, eu vou pedir um copo com canudo de unicórnio ou uma mochila da Capricho”, escreveu uma garota.
 
Tradição 
A adoção de cartas virou rotina natalina na família da publicitária Kamila Siqueira, 27. Ela conta que, tradicionalmente, os parentes dela realizam uma viagem todo fim de ano para o interior de São Paulo. Porém, em 2008, quando ela tinha 17 anos, eles não conseguiram ir. “Fiquei muito triste e acabei vendo uma reportagem na televisão sobre a campanha e achei que seria legal para reviver meu espírito natalino, que estava para baixo. Conversei com meus pais e eles toparam”, lembra.
Desde então, o Papai Noel dos Correios faz parte do fim de ano da família de Kamila. “Quando eu era adolescente, meus pais pagavam pelo presente. Agora que eu trabalho, arco com os custos”, diz. A publicitária gostou tanto do programa que fez trabalho voluntário no projeto em 2014. “Estava desempregava e decidi participar. Fiz seleções de cartas e atendi pessoas que iam adotar”, conta.

Para Kamila, o pedido mais especial que chegou a ver nas cartas foi o de uma menina de 7 anos que pediu um pai. “Eu acho muito gratificante fazer parte da campanha. Para mim, o Natal é uma época muito especial”, destaca.
Ontem, antes da abertura oficial da campanha, pessoas já procuravam a Casa do Papai Noel com o objetivo de adotar cartas. A servidora pública Karina Akimoto, 38, chegou ao local por volta das 10h e começou a olhar os pedidos das crianças. “Participo da campanha desde 2010 e fui até voluntária”, relata.

Todo ano, Karina pega mais de uma carta, para ela e para os parentes. “Teve um ano que eu peguei 80 e distribui no trabalho. Porém, fiquei preocupada se todo mundo realmente ajudaria. Agora, prefiro pegar para os meus familiares”, comenta. Entre os pedidos atendidos pela servidora, ela relata que o mais inusitado que atendeu foi o de chocolate.
 
Moradora da Asa Norte, Nasareth Quintana, 53, contribui com a campanha desde 2015. Ela conta que todos anos pega três cartinhas e distribui para o marido e o filho. “Tem alguns pedidos que partem o coração da gente. Quando vejo as crianças pedindo panetone, aperta muito meu peito”, afirma. Ela relata que conheceu a ação pela televisão e que participará sempre que puder. “Essa campanha é maravilhosa e ajuda muita gente. É importante a nossa participação.”
 
Jornal Impresso
 

Correio Braziliense terça, 06 de novembro de 2018

INGRID GUIMARÃES: A MULHER DO RISO

 


A mulher do riso
 
 
Ingrid Guimarães celebra o humor em série documental. Ao mesmo tempo, está no ar na tevê, em cartaz com Annie e a espera da estreia de De pernas pro ar 3

 

Adriana Izel

Publicação: 06/11/2018 04:00

 ( Bob Wolfenson/Divulgação)  
 
“Como vou envelhecer fazendo comédia?” Esse foi o questionamento que levou a atriz, apresentadora e comediante Ingrid Guimarães, que tem mais de 30 anos de carreira e 46 de idade, ao material que deu origem à série documental Viver do riso, que estreou em 27 de outubro no canal Viva e que presta um tributo a história do humor no Brasil em 10 episódios e com a participação de 90 artistas do cenário. O programa é exibido aos sábados, às 19h15.
 
“Sempre tive a tristeza de ver como o comediante nunca é homenageado como são os atores que fazem drama. Somos vistos como algo menor. Se eu faço rir, só por isso não vão me levar a sério. Fazer o outro rir é uma das atitudes mais nobres da vida”, analisa a artista em entrevista ao Correio.
 
O primeiro trabalho de humor de Ingrid Guimarães foi no programa Chico total, de Chico Anysio. A partir daí ela se enveredou pelo terreno da comédia e atuou em produções como Sai de baixo, Os normais, Escolinha do Professor Raimundo, Zorra total, Sob nova direção, 220 volts e Chapa quente. Para ela, a grande virada no cenário humorístico foi quando, ao lado da amiga e também comediante Heloísa Périssé, lançou o espetáculo Cócegas. “Quando eu fiz Cócegas com a Heloísa e a Mônica Martelli fez a peça dela (Os homens são de marte... E é pra lá que eu vou!), nós mulheres, começamos a contar a nossa história (no humor). Saímos do papel de subjugadas e de estereótipo”, revela a atriz.
 
Até esse momento, no começo dos anos 2000, Ingrid sentia na pele que o papel da mulher no humor era sempre o mesmo: ou de gostosa, ou da feia e burra. Isso a motivou a iniciar o programa Viver do riso com um capítulo dedicado às mulheres. “Eu quis começar com um programa da mulher no humor para contar a nossa história de saída do papel subjugado. É muito importante contar e mostrar o papel da mulher no humor e na sociedade, que não foi criada para ser engraçada, rir de boca aberta. Ser engraçada não era sinal de boa moça, era sinal de moça louca”, lembra.
 
O programa aborda ainda outros aspectos do gênero no Brasil, homenageando Chico Anysio e Jô Soares e destacando temas pertinentes ao humor brasileiro, tudo isso com a ajuda de artistas do cenário como Marcelo Adnet, Miguel Fabella, Fafy Siqueira, Marisa Orth, Gregório Duvivier e Fernanda Young. “Foi muito emocionante, porque as pessoas gostam de ser ouvidas e a comédia nunca é ouvida. Foi muito importante pensar e repensar a comédia e perceber que se estamos aqui é porque veio alguém antes. Foi lindo ver como todos os comediantes homenagearam uns aos outros e se reverenciaram o tempo todo”, defende. “Pra mim já valeu. As pessoas estão se sentindo representadas, tem muita mensagem linda. Foi bonito perceber como o fato de a gente sentar e ouvir uns aos outros é revolucionário”, completa.


Ingrid Guimarães entrevistou mais de 90 fontes ligadas ao humor no Brasil (Ellen Soares/Divulgação)  
Ingrid Guimarães entrevistou mais de 90 fontes ligadas ao humor no Brasil


Outros projetos
 
Além de ter estreado a série documental no Viva, Ingrid Guimarães está no ar desde 11 de outubro no elenco do programa Os melhores anos das nossas vidas. A atração é uma espécie de game show apresentado por Lázaro Ramos, em que cada ator e apresentador representa uma década. São eles: Marcos Veras (1960), Marco Luque (1970), Lúcio Mauro Filho (1980), Ingrid Guimarães (1990) e Rafa Brites (2000).
 
“Acho que foi uma sorte divina. O meu programa (Viver do riso) é mais profundo sobre memória, enquanto Os melhores anos das nossas vidas é um programa leve, de auditório, que lembra muito os programas do passado. Acabei ficando com os anos 1990 e é muito legal, porque é como uma memória que você traz de si, uma coisa afetiva e de lembranças. Nesse momento que estamos vivendo é importante falar de memória”, reforça Ingrid.
 
Teatro
 
Ao mesmo tempo que está em uma dobradinha na televisão, a goiana ainda está em cartaz em São Paulo no teatro com o musical Annie. Na produção, ela lidera o elenco dando vida à vilã Hannigan, a megera diretora do orfanato retratado na história e onde vive Annie. “Annie também tem a ver com memória afetiva. Era um sonho de infância fazer esse filme. Assisti mais de mil vezes. É um grande musical. É muito bonito. É um projeto enorme com orquestra de 17 músicos, 40 pessoas no palco, não perde em nada para espetáculos da Broadway. Tem sido um desafio, pois estou cantando e dançando pela primeira vez no palco”, revela.
 
A versão brasileira de Annie, o musical é inspirada na história homônima, que já ganhou as telonas e os palcos da Broadway, e retrata a vida de uma órfã de 11 anos na década de 1930 em plena crise durante o governo de Franklin Delano Roosevelt. A produção ficará em cartaz na capital paulista até janeiro.
 
Para 2019 é aguardada a estreia nos cinemas do terceiro filme da franquia De pernas pro ar, iniciada por Ingrid Guimarães nas telonas em 2010. “Finalmente lanço De pernas pro ar 3. Estou super na expectativa. Também é um filme que não perde em nada para os gringos. Ele foi todo feito em Paris. É espetacular”, garante Ingrid. Na sequência, Alice Segretto roda o mundo com o sucesso da Sex Delícia e se vê sem tempo para o marido e os filhos. Cansada de tudo isso, ela decide se aposentar e entregar o comando dos negócios para a mãe, porém uma competidora à altura surge e muda todos os planos.
 
A figura da mulher na comédia é um dos temas de Viver do riso (Ellen Soares/Divulgação)  
A figura da mulher na comédia é um dos temas de Viver do riso
 
“Eu quis começar com um programa da mulher no humor para contar nossa história de saída do papel subjugado. É muito importante contar e mostrar o papel da mulher no humor e na sociedade”
 
 
 
“ Sempre tive a tristeza de ver como o comediante nunca é homenageado como são os atores que fazem drama. Somos vistos como algo menor. Se eu faço rir, só por isso não vão me levar a sério. Fazer o outro rir é uma das atitudes mais nobres da vida”
 
 
 
“Finalmente, lanço De pernas pro ar 3. Estou super na expectativa. Também é um filme que não perde em nada para os gringos. Ele foi todo feito em Paris. É espetacular”
 
 
 
“(Annie, o musical) É um projeto enorme com orquestra de 17 músicos, 40 pessoas no palco, não perde em nada para espetáculos da Broadway. Tem sido um desafio, pois estou cantando e dançando pela primeira vez no palco”
 
 
 
1990
Década representada por ela em Os melhores anos das nossas vidas
 
 
 
 
1993
Ano em que estreou na tevê
 
 
 
40
Número de atores  no palco em Annie, o musical
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense segunda, 05 de novembro de 2018

FILME O DOUTRINADOR: CORRUPTOS, ELE NÃO VAI DEIXAR BARATO

 


Ele não vai deixar barato
 
 
Contra toda a sorte de injustiças criadas pela corrupção na política, O Doutrinador invade a telona, com o anti-herói capaz de travar a canalhice nacional

 

» Ricardo Daehn
Enviado especial

Publicação: 05/11/2018 04:00

 
O protagonista Miguel, que encarna Doutrinador, extrapolando a atribuição dele como agente federal (Aline Arruda/Divulgação)  
O protagonista Miguel, que encarna Doutrinador, extrapolando a atribuição dele como agente federal
 
Em meio a manifestantes, brota o instinto de justiçamento do protagonista (Aline Arruda/Divulgação)  
Em meio a manifestantes, brota o instinto de justiçamento do protagonista
 
A elite indigesta, aos olhos de O Doutrinador (Aline Arruda/Divulgação)  
A elite indigesta, aos olhos de O Doutrinador
 
 
 
São Paulo (SP) — Há um momento na ação do filme O Doutrinador em que se bota fogo, de verdade, na sede de um governo central — com a cara da edificação de Brasília. A equipe do longa, entretanto, preferiu não localizar todas as situações e contratempos que circundam o anti-herói Doutrinador, saído de trama originalmente criada para os quadrinhos. O filme está em cartaz em mais de 400 salas do país: só em Brasília, diariamente, há 40 sessões.
 
Diretor do longa-metragem, Gustavo Bonafé é direto, e não enxerga neutralidade na fita que “abarca uma situação geral”, como ele destaca. “O desgosto com a corrupção é geral, é coletivo: atinge brasileiros como um todo”, ressalta. Num momento político “superpolarizado”, Bonafé enfatiza que o grande vilão no enredo do filme é a corrupção.
 
“A corrupção neste país é odiada por todos os brasileiros. Isso, independente de A, B ou  C e de em quem você vota. E é odiada mesmo por quem anula seu voto. Nosso anti-herói luta com a corrupção da forma como entende: alguns espectadores vão achar um absurdo e outros que vão se aliviar só de ver isso na tela — é uma reação que vai de cada um”, avalia o cineasta.
 
Entre as decisões da produção do longa — que terá série derivada para a tevê (no canal Space) — esteve a de deixar o lançamento da obra fora do pleito eleitoral. “Ao final, o filme convida o espectador a uma reflexão — levanta questões como o que te move o que você faz para o panorama da gente mudar. Mas, durante toda hora e cinquenta de duração, acho que o filme é de entretenimento puro”, reforça Renata Rezende, produtora-executiva.
 
Com um roteiro inteiramente inédito em relação aos quadrinhos criados por Luciano Cunha, O Doutrinador, para a adaptação em carne e osso nas telas, trouxe desafios como o da criação de um universo particular em que o herói se cria. “Se a gente fizesse um Brasil muito real e arremessasse o protagonista lá dentro, as pessoas tenderiam a não se identificar. Não faria grande sentido, já que o personagem é um pouco mágico: tem uma luz no olho, e traz uma fantasia como roupa. Transformamos daí as locações no planeta dele. Na Santa Cruz do filme, o personagem fica mais crível”, observa Gustavo Bonafé.
 
Com o entendimento da necessidade de “inaugurar um gênero” no cinema nacional, o quadrinista e corroteirista do longa (além de criador do personagem) Luciano Cunha aponta dificuldades extras, para além do peso de trazer um roteiro original. “A nossa realidade no país é tão louca que, diariamente, supera a ficção. A gente teve muito cuidado, mas queria que realmente existissem os clichês no nosso filme. Não temos, no nosso audiovisual, a adaptação de HQs, de filmes de ação — e como o Doutrinador é um anti-herói, optamos por ter a pegada pop, uma narrativa geek. A gente precisava dos clichês”, sublinha Cunha. O designer gráfico não segreda a satisfação em ver o espectador identificando a estética de quadrinhos pretendida.
 
À frente de intensas cenas de ação, na pele do protagonista, o ator Kiko Pissolato brinca que, algumas vezes, interagiu com uma câmera que valia mais do que “a vida” dele. O preparo físico para encarar sequências de corre-corre absoluto, com dispensa de dublês, não foi nada limitador para Kiko, pela vida inteira, envolvido nos cuidados das atividades de luta e treino. Já as emoções foram buscadas, com persistência. “O Doutrinador não veste nenhum tipo de camisa, nem escolhe nenhum tipo de partido. Quis que o personagem, que sofre um trauma, caminhasse com a dor e o peso que eu caminho em cena. Então, em 90% das cenas quem está ali debaixo do uniforme sou eu mesmo; suando, e muito”, conta, aos risos, o ator.
 
Aposta alta
 
Criador, ao lado do designer gráfico Luciano Cunha, da estrutura para a exploração dos quadrinhos para outras mídias, o corroteirista de O Doutrinador Gabriel Wainer endossa o caráter multiplataforma da marca que conquistou internautas, três meses antes de maciças manifestações de 2013. Depois de ter vendas esgotadas, o HQ terá novo comércio, por compilação das três edições publicadas até hoje: do material de 2013 até Dark Web, passando por Apocalipse BSB. Material de making of do filme também foi acrescido. Camisetas, action figures (os populares bonequinhos em miniatura) e demais exploração comercial seguirão passos de franquias como a da Turma da Mônica.
 
A chegada de O Doutrinador em série (para a tevê a cabo), prevista para março, é apenas uma das investidas da dupla Luciano Cunha e Gabriel Wainer no mercado. “Outros personagens foram criados para seguir a mesma esteira de O Doutrinador”, adianta Wainer. Estear eggs (espécie de mimos para fãs, algo escondidos) permeiam a trama de O Doutrinador, em que a logo da Universo Guará HQs (fundada por Luciano Cunha) aparece na loja em que uma hacker trabalha.
 
Uma dúzia de personagens para as HQs está em estudos, mas três dos quadrinhos serão lançados em dezembro na Comic Con. “Na lista está a Penélope, a nossa primeira aspirante a heroína, num personagem da série que é o primeiro spin-off que administraremos. Além dela, teremos O Santo, que é um caçador de falsos profetas e mercadores da fé. E tem ainda Os Desviantes, nosso maior pé na fantasia, com uma espécie de mistura de Cidade de Deus com X-Men — já está no papel e, no momento, estamos negociando para virar filme”, adianta Gabriel Wainer.
 
 
 
 
» Três perguntas // Kiko Pissolato, ator 
 
Num enfrentamento de heróis de justiçamento social, quem ganharia a briga: O Doutrinador ou o Capitão Nascimento, de Tropa de elite?
Fico lisonjeado pela comparação — acho bem interessante (risos). Gosto muito do Tropa, e cada tem seu viés de ação. São ações completamente diferentes, embora os dois tenham a vontade de ver o país melhor, e eles buscam realizar mudanças, mas de maneiras diferentes. Numa briga entre os dois!? Acho que teria que defender meu lado (risos). Wagner (Moura), com todo respeito, tô treinando bastante, e a gente se cruza por aí (risos).
 
O Doutrinador é passível de julgamento?
Sim, sempre. Todas as pessoas são passíveis de julgamento. Personagens da história, da dramaturgia, da literatura são julgados, o tempo todo. A partir do momento em que leio um livro, uma HQ, estou julgando o personagem. Pego meu ponto de vista, baseado nas minhas referências. Cada um que sentar na poltrona do cinema, baseado nas suas experiências, nas suas escolhas e nos seus anseios, vai julgar as ações e o caráter do Miguel (O doutrinador), meu personagem. Tenho meu julgamento, e defendi, com toda a verdade que pude colocar, que este personagem fosse humano. Isso ao ponto de as pessoas torcerem por ele que faz coisas completamente equivocadas, coisas erradas e que chocam em todos os sentidos. Ninguém o enxerga como um cara inviável, impossível. O espectador sente a dor, junto com o personagem. Ele traz um desespero que todos nós, brasileiros, já passamos, em algum momento.
 
O filme incita violência?
A gente tá tocando numa ferida atual. O filme incita reflexão e incita violência, na mesma medida em que a DC incita, quando propõe que alguém coloque uma calça azul, com uma cueca vermelha por cima e tente voar. São aspectos da fantasia e do entretenimento. Estamos matando políticos corruptos no filme, como matam alienígenas, como matam medievais, e como matam personagens em toda a história e em muitos livros. Só que estamos à flor da pele, num momento conturbado, passada a eleição, com disputa, polarização — e um lado vai usar para isso, e outro para aquilo... O filme não tem lado: a não ser o lado da honestidade: a busca da eliminação da corrupção dentro de cada um de nós.
 
O repórter viajou a convite da produção do filme.
 
Jornal Impresso
 
 
 

Correio Braziliense domingo, 04 de novembro de 2018

O SAMBA CHAMOU ZEZÉ MOTTA

 

O samba chamou Zezé Motta
 
 
Pela primeira vez cantora dedica disco completamente ao gênero mais representativo do país

 

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 04/11/2018 04:00

Em O samba mandou me chamar, Zezé Motta grava bambas do ritmo e compositores novatos (Steph Munnier/Divulgação)  
Em O samba mandou me chamar, Zezé Motta grava bambas do ritmo e compositores novatos
 
Nas manifestações pelas Diretas Já, ainda sob a Ditadura Militar, uma das músicas mais ouvidas era Senhora Liberdade, de Wilson Moreira e Nei Lopes, na voz de Zezé Motta. Quase 40 anos depois, no show que tem feito para lançar o álbum O samba mandou me chamar, quando interpreta esse clássico da MPB, a cantora pede ao público para fazer coro, em forma de oração.
 
O samba mandou me chamar é o 8º título da discografia de Zezé, iniciada em 1978, com o lançamento de LP que leva o seu nome. Antes, havia gravado um bolachão com Gerson Conrad (ex-Secos & Molhados), marco na sua carreira musical. À época, ela já fazia sucesso como atriz de teatro, tendo participado de peças, como Roda viva (Chico Buarque de Holanda) e Arena canta Zumbi (Gian Francesco Guarnieri e Augusto Boal). Tempos depois, daria vida a Xica da Silva, seu personagem mais emblemático.
 
Embora seja intérprete de outros estilos, a intimidade de Zezé com o samba vem de muito tempo. Em 2000, por exemplo, gravou Divina saudade, CD com diversos sambas-canção do legado de Elizeth Cardoso. Mas esse projeto de agora é o primeiro totalmente dedicado ao nosso gênero musical mais representativo.
 
Zezé estava há sete anos longe dos estúdios. O último disco dela havia sido Negra melodia, com o qual homenageou Luiz Melodia e Jards Macalé. Lançamento da Coqueiro Verde Records, O samba mandou me chamar tem produção de Celso Santhana, que criou arranjos populares, buscando valorizar ainda mais os sambas —  a maioria deles inéditos —  compostos por jovens compositores e alguns bambas.
 
Tom romântico
 
Nas 13 faixas predomina o tom romântico, a começar por Ficar ao seu lado (Christiano Moreno e Flavinho Silva), escancarada declaração de amor, cheio de sensualidade, ouvida na abertura do repertório. Já Batuque de Angola (André Karta Markada e Juninho Mangueira), é um cadenciado samba de terreiro. Ambos foram incluídos na trilha sonora da novela Ouro verde, exibida pela TVI de Portugal, em 2017, que teve Zezé como uma das protagonistas.
 
São destaques no CD Nós dois, de Arlindo Cruz (em parceria com Maurição), que gravou o samba com Zezé, antes da internação hospitalar por conta de um acidente vascular cerebral; e a também romântica Alma gêmea, criação de Xande de Pilares. Ambas inéditas, assim como o samba-dor-de-cotovelo Poeira varrida (Carlinhos da Ceasa e Darcy Maravilha), Vou te provar (Marquinhos PQD e André Renato), A primavera se despede (Serginho Procópio e Ferreira Meu Bem), Na hora de partir (Serginho Meriti e Claudinho Guimarães) e Samba da amizade (Flávio Lima).
 
De Lourenço (autor de Sorte grande, sucesso de Ivete Sangalo), morto há um ano, Zezé ganhou Missão, uma espécie de ode ao ato de cantar, que num trecho da letra diz: “Vou pelos palcos da vida,vou/ Fazer o povo brilhar/ Coisa de bamba/ Vou vendo o povo aplaudir/ O show continuar/ Cantar meu samba”. Há duas regravações: Mais um na multidão (Erasmo Carlos, Marisa Monte e Carlinhos Brown); e Louco, samba clássico de Wilson Batista e Henrique de Almeida.
 
Em ritmo de empolgação o CD chega ao fim com um pot pourri que reúne as inéditas Já pode chegar (Christiano Moreno, Paulinho Carvalho e Fábio Siri) e Vem (Ciraninho, Leandro Fregonesi e Rafael dos Santos) com a consagrada Caciqueando, o hino do bloco Cacique de Ramos, criação de Noca da Portela, Valmir e Amauri. Nesta autêntica roda de samba, Zezé tem em sua companhia Christiano Moreno e os grupos Bom Gosto e Fundo de Quintal, representado por Ronaldinho e Sereno.
 

 (Divulgação/Reprodução)  
O samba mandou me chamar
CD de Zezé Motta, 13 faixas e a participação de convidados. Lançamento do selo Coqueiro 
Verde Records. Preço sugerido: R$ 20,90.
 
» Entrevista / Zezé Motta
 
Como surgiu a possibilidade de gravar o Samba mandou me chamar?
Como nos últimos tempos me envolvi com outros projetos ligados a cinema e televisão, estava sem gravar um disco há sete anos. O último havia sido Negra melodia, só com músicas de Luiz Melodia e Jards Macalé. Aí, surgiu a possibilidade de fazer O samba mandou me chamar. Numa conversa com meu empresário, Marcos Montenegro, disse que queria gravar um disco em que viesse a cantar sambas de jovens compositores e nomes consagrados. Recebi vários sambas e fui formando o repertório. A maioria das músicas é de gente nova, mas tem também as compostas por Wilson Batista, Arlindo Cruz, Xande de Pilares, Erasmo Carlos, Marisa Monte e Carlinhos Brown.
 
Mais um na multidão, de Erasmo, Marisa e Brown não é inédita, nem é samba. Por que quis gravá-la?
É uma música bonita, originalmente uma canção, para a qual foi criada uma nova versão, em ritmo de samba soul.
 
E Louco, um clássico da obra de Wilson Batista, foi outra escolha sua?
Quis resgatar esse samba lindo e fazer um tributo a esse compositor que faz parte da história do gênero.
 
Foi sua a ideia da empolgante roda de samba no final?
Era algo que eu queria , mas tomou uma proporção ainda maior com a participação dos grupos Bom Gosto e Fundo de Quintal, representado por Ronaldinho e Sereno. O Chris (Christiano Moreno, jovem compositor coautor de Já pode chegar, um dos sambas do medley e um dos produtores do CD), também tem a ver com isso.
 
Como você homenageou Luis Melodia no CD anterior, optou por não prestar um tributo a ele no disco de agora?
Fiquei tentada, mas acabei não o regravando. No show de lançamento de O samba mandou me chamar o homenageio com Dores e amores. Conheci o Luiz em 1978, quando gravei Dores e amores e Magrelinha, no meu segundo LP, o Prazer, Zezé, em 1978. Mas só viemos a nos tornar amigos no ano seguinte, quando participamos do Projeto Pixinguinha, tendo Marina Lima como convidada. Fizemos shows em várias capitais inclusive Brasília, onde nos apresentamos no Teatro da Escola Parque.
 
Vai ter turnê de O samba mandou me chamar?
Fiz o lançamento no Rio, no Theatro Net. No show homenageio Luiz Melodia e Dona Ivone Lara. Devemos fazer turnê, sim, e queremos levar o show a Brasília, onde sempre tenho ótima acolhida. A última vez que estive aí, cumpri curta temporada na Caixa Cultural.
 

Correio Braziliense sábado, 03 de novembro de 2018

JOVENS E DISCORDANTES

 

Eles são jovens e discordantes
 
 
Pesquisa mostra que homens e mulheres entre 16 e 24 anos tiveram votos opostos no segundo turno. Contexto social e discursos ideológicos falaram mais alto na hora de esse público ir às urnas e optar entre Bolsonaro e Haddad

 

» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 03/11/2018 04:00

As escolhas dos irmãos Joyce e João Paulo refletem o comportamento eleitoral do brasileiro médio (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
As escolhas dos irmãos Joyce e João Paulo refletem o comportamento eleitoral do brasileiro médio


Ainda há resquícios da corrida eleitoral por todos os lugares. Passada uma semana do segundo turno das eleições, apoiadores do presidente eleito e opositores dele ainda sofrem com rusgas e discussões causadas pelos embates ideológicos. Nesse cenário, a parcela jovem da população é uma das mais atingidas. De acordo com levantamento do Datafolha, na véspera da votação, se dependesse das mulheres que têm entre 16 e 24 anos, Fernando Haddad, do PT, seria presidente do país com quase 60% dos votos. Já se a decisão estivesse na mão dos homens dessa faixa etária, o resultado seria parecido com o do último domingo: 60% para Bolsonaro e 40%, para Haddad.

Na casa da família Freitas, a situação não é diferente. Separados pela ideologia, os irmãos Joyce, 19 anos, e João Paulo, 24, votaram seguindo a disposição: ela, em Haddad; ele, em Bolsonaro. Joyce é estudante de arquivologia na Universidade de Brasília (UnB). João estuda direito no Centro Universitário Iesb e é militar. Desde as eleições, deixaram de se falar. Para ela, o irmão, “assim como os eleitores de Bolsonaro”, “não defende o feminismo”. “Eu me considero feminista”, diz. Para ele, a irmã foi “suscetível a uma ideia em que ele não acredita”. “Eu saí de casa com 17 anos e fui para o Exército Brasileiro. Ela, com 17 anos, foi para uma faculdade federal, onde a esquerda está presente”, opinou.

Casos como o de Joyce e João Paulo estão espalhados pelas rodas de conversas, pelas salas de aula e pelos ambientes familiares. Reflexo da votação geral, o comportamento eleitoral deles foi, segundo especialistas ouvidos pelo Correio, influenciado pelo gênero e pelas motivações pessoais.

O cientista político Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice, acredita que os ideais de igualdade discutidos com mais firmeza nos últimos anos pelas mulheres motivou as jovens a votarem em Haddad, e não em Bolsonaro. “Essa juventude é formada por meninas que nasceram em uma nova vertente. É um momento em que a sociedade prega mais liberdade. Como foi feita uma campanha muito forte ressaltando a questão do conservadorismo do Bolsonaro — e, eventualmente, se passou que ele defendia direitos diferentes para homem e mulher —, isso acabou levando, principalmente elas, a não necessariamente apoiarem o PT, mas a refutarem teses conservadoras”, analisa.

Perfis

Joyce está enquadrada no perfil delineado pelo cientista político. De acordo com ela, “algumas ideologias do PT não são ideais, mas (nas eleições) era a melhor opção”. “Eu, por ser mulher, sofro com o machismo. Quando vi que as opções eram Haddad e Bolsonaro, já havia decidido que no Bolsonaro não votaria de jeito nenhum. Então, fiz propaganda para o Haddad”, explica. Já João Paulo preferiu priorizar a ideologia liberal econômica e o discurso anticorrupção. “O Brasil precisava de um rumo devido ao desemprego. Nesse contexto, a corrupção da esquerda e do PT foi só aumentando. Já excluí a esquerda de cara”, conta João.


60%
Porcentagem de mulheres entre 16 e 24 anos que votaram em Haddad e de homens da mesma faixa etária que escolheram Bolsonaro, segundo o Datafolha.
 
Jornal Impresso

Correio Braziliense sexta, 02 de novembro de 2018

SONHO REALIZADO: ELE NASCEU PARA DANÇAR

 


Sonho realizado
 
 
Brasiliense de 11 anos, morador de Santa Maria, confirma o talento e é selecionado para integrar a Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville

RENATA NAGASHIMA*

Publicação: 02/11/2018 04:00

 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  


 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
 
Movimentos suaves e muita disciplina significam, além de um sonho, a mudança de vida para o brasiliense Wender Santos da Silva, 11 anos, novo integrante de uma das academias de balé mais prestigiadas do mundo: a Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville. Apesar de o estudante da Escola Classe 15 do Gama ter tido o primeiro contato com o balé clássico há pouco mais de um ano, ele já demonstra que veio ao mundo para brilhar na dança.
 
Único selecionado no Distrito Federal para fazer parte da academia russa, Wender se apaixonou pelo balé clássico assistindo aos movimentos de uma professora da escola onde estuda, Mirian Magalhães. “Eu me inspirei nela, ela me incentivou e começou a me dar aulas no projeto da escola. Eu achei a forma de ela dançar muito bonita e fiquei encantado”, recorda o garoto.
 
A docente procurou uma escola de balé em Santa Maria, que acolheu Wender com uma bolsa de estudos. “Quando ela me mandou um vídeo dele dançando, eu notei que ele era bom, bailarino nato, só precisava ser lapidado. Cada dia que passava, nos surpreendia, e hoje eu sei que o balé veio para mudar a história de vida dele”, conta Ciliria Ramos, atual professora de balé do jovem.
 
“Notamos que era uma criança que já nasceu pronta. Ninguém pode falar que o ensinou, porque o Wender nasceu bailarino e nós só o lapidamos”, afirma Sarene Castro, dona da escola de balé onde o garoto estuda.


 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  


 
Inscrição
“Um dia, estávamos falando de outra aluna que foi para o Bolshoi ,e o Wender veio e disse que o sonho dele é ir para lá. Quando ele disse isso, eu não pensei em outra coisa a não ser fazer a inscrição dele”, comenta Ciliria. Após a aprovação da mãe de Wender, Francieuda da Silva, 42, a professora de balé providenciou todos os detalhes.
 
Aprovado na etapa de pré-seleção em Brazlândia, o desafio aumentou porque Wender teria que viajar para a cidade catarinense a fim de participar das audições no Teatro Bolshoi. “Fizemos um espetáculo cobrando R$ 20 para arrecadar o dinheiro e levá-lo. A escola toda ajudou e conseguimos realizar três sonhos dele de uma vez. Ele passou no Bolshoi, andou de avião e conheceu o parque Beto Carrero, tudo em uma semana”, frisa Cirilia, emocionada.
 
Nascido em uma família humilde e órfão de pai, o garoto, que se inspira na bailarina Ana Botafogo, vê na dança uma oportunidade para dar uma vida melhor para a mãe. “Isso representa muito sucesso e vai me ajudar no futuro. Meu maior sonho é ser professor, abrir minha escola e ensinar outras pessoas. Também quero sair do Brasil, dançar em outros lugares”, afirma o menino, que pretende ainda ajudar a escola que lhe concedeu a bolsa e presentear a mãe com uma casa.
 
Segurança
A professora conta que a todo momento Wender esteve muito seguro e com convicção de que passaria nos testes. “Lá, eu não fiquei nervoso, eu estava ansioso, mas animado e muito confiante. Quando eu descobri que tinha passado, liguei para minha mãe e chorei de tão feliz que fiquei”, admite o jovem bailarino, que conquistou uma das 20 vagas disputadas por mais de 800 pessoas. “Meu sonho é o Bolshoi, porque é a melhor do mundo e era uma boa oportunidade para eu crescer.”
 
Agora, o desafio de Wender é se mudar com a mãe para Santa Catarina, onde fica a única filial da escola russa no mundo e recomeçar em uma cidade nova. “Ainda estou um pouco dividido. Feliz e triste ao mesmo tempo, porque vou ter que deixar minha família e meus amigos para construir tudo de novo lá.”
 
Durante o processo de mudança, Ciliria vai acompanhar o garoto e a mãe por aproximadamente um mês em Joinville. “Quero oferecer todo o suporte que estiver ao meu alcance. Vou acompanhá-los e só volto quando eu sentir que eles já se adaptaram”, destaca.
 
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
 
 
 (Marilia Lima/CB/D.A Press)  
"Meu maior sonho é ser professor, abrir minha escola e ensinar outras pessoas. Também quero sair do Brasil, dançar em outros lugares”
Wender Santos da Silva, 11 anos, bailarino
 
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Correio Braziliense quinta, 01 de novembro de 2018

CEMITÉRIOS ESPERAM 300 MIL PESSOAS

 

Cemitérios esperam 300 mil
 
 
Muita gente foi ao Campo da Esperança, na Asa Sul, ontem, para evitar a multidão que amanhã vai comparecer ao local

 

WALDER GALVÃO
Especial para o Correio

Publicação: 01/11/2018 04:00

Vistantes no Campo da Esperança na quarta-feira: amanhã, só entram nos estacionamentos os carros com credencial de deficientes ou idosos (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Vistantes no Campo da Esperança na quarta-feira: amanhã, só entram nos estacionamentos os carros com credencial de deficientes ou idosos


Júlio e a irmã Sônia visitaram os túmulos de parentes e de Ana Lídia (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Júlio e a irmã Sônia visitaram os túmulos de parentes e de Ana Lídia


Mais de 300 mil pessoas devem ir aos seis cemitérios do Distrito Federal amanhã, Dia de Finados. Os brasilienses começaram a visitar as unidades do Campo da Esperança antes do feriado. Os pontos de acesso do complexo da Asa Sul ficaram engarrafados ontem. Quem tentou evitar a multidão nesta sexta-feira se surpreendeu, enquanto os vendedores de flores comemoraram.

Francisca Sousa Barros, 41, vende flores há 14 anos no Cemitério Campo da Esperança, no fim da Asa Sul. Ela conta que, na semana de Finados, os lucros aumentam mais de 100%. “Para gente, essa é a melhor época do ano. As pessoas começam a vir na segunda-feira e a tendência é aumentar mais ainda”, conta.

Na banca de Francisca, os clientes conseguem encontrar produtos de todos os preços. Os botões de rosa, os mais baratos da floricultura, custavam R$ 5. Já as coroas de flores mais elaboradas chegavam a R$1,2 mil. “Nessa época, o movimento é tanto, que contrato funcionários temporários”, contou a comerciante.

Jéssica Lane, 22, também falou das boas vendas. “Trabalho em Finados desde os meus 16 anos. Sempre consigo ganhar muito dinheiro”, comentou ela, que vende até lápides para os túmulos. Elas custam, em média, R$ 260, a depender do número de caracteres que o cliente escolher.

Homenagens
Na manhã de ontem, o jazigo do ex-governador Joaquim Roriz, morto em setembro deste ano, recebeu algumas homenagens, apesar de ainda estar em fase de conclusão. Outro bastante visitado foi o da menina Ana Lídia, assassinada em 1973. Velas, brinquedos e flores estavam sobre a sepultura da garota.

O comerciante Júlio César da Silva, 56, foi com a irmã Sônia Maria de Cássia da Silva, 66, visitar familiares. O homem disse que prefere ir na véspera de Finados para evitar a grande aglomeração de pessoas. “Nos surpreendemos com a quantidade de pessoas que decidiram vir antes do dia. Pegamos congestionamento até na EPTG (Estrada Parque Taguatinga), de pessoas vindo para cá”, contou Júlio.

O comerciante e a irmã também passaram para orar no túmulo de Ana Lídia. “Ela faleceu no mesmo ano em que chegamos em Brasília. Foi um caso muito emblemático e triste”, comenta Sônia. Com missão cumprida, os irmãos foram para casa após se despedirem, mais uma vez, dos familiares.


Francisca vende flores: demanda leva à contratação de temporários (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Francisca vende flores: demanda leva à contratação de temporários



Segurança
Os seis cemitérios do Distrito Federal — Asa Sul, Taguatinga, Gama, Sobradinho, Planaltina e Brazlândia — terão duas horas a mais de funcionamento no Dia de Finados. Os portões abrirão às 7h e o acesso do público será encerrado às 19h. Normalmente, as unidades abrem às 8h e fecham às 18h.

Em Planaltina e Brazlândia, o acesso de veículos será proibido, porque os locais não oferecem vias de circulação. Nas outras unidades, apenas pessoas com deficiência ou idosos com licença emitida pelo Departamento de Trânsito (Detran-DF) poderão acessar a dependência dos cemitérios. Essa autorização é a mesma para usar estacionamentos preferenciais.

Na Asa Sul, Taguatinga, Gama e em Sobradinho ônibus gratuitos farão o transporte da população no cemitério. Todas as unidades terão reforço nos terminais de atendimento. No total, serão 15 pontos e 26 atendentes extras, totalizando 196 funcionários trabalhando no local. Além disso, 88 vigilantes tomarão de conta da segurança do público. Equipes das polícias Militar, Civil, Detran e do Corpo de Bombeiros também estarão nos cemitérios. A presença de ambulantes não será permitida e a Agência de Fiscalização (Agefis) fará a fiscalização desses vendedores irregulares.
 
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Correio Braziliense quarta, 31 de outubro de 2018

BRASÍLIA: TERRA DAS PRIMEIRAS-DAMAS

 

DF, terra de primeiras-damas
 
 
Mayara Noronha, mulher do futuro governador, Ibaneis Rocha (MDB), nasceu em hospital da Asa Sul, mas foi criada em Taguatinga. Michelle, casada com o presidente da República eleito, Jair Bolsonaro, é de Ceilândia. Ambas assumem os postos em 1º de janeiro

» MURILO FAGUNDES*
* Estagiário sob supervisão de Guilherme Goulart
» Colaborou Jéssica Eufrásio

Publicação: 31/10/2018 04:00

Mayara Noronha, que é advogada e está no 7º mês de gestação, nasceu no Hospital Santa Luzia, mas cresceu em bairros de Taguatinga Sul e Norte  
Mayara Noronha, que é advogada e está no 7º mês de gestação, nasceu no Hospital Santa Luzia, mas cresceu em bairros de Taguatinga Sul e Norte

Ceilândia e Taguatinga, duas das três cidades mais populosas do Distrito Federal, também são berço de primeiras-damas. Enquanto Michelle Bolsonaro, mulher do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), nasceu em Ceilândia, região administrativa de 489.351 habitantes, segundo dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Mayara Noronha, esposa do futuro governador do DF, Ibaneis Rocha (DEM), foi criada como taguatinguense — a cidade tem 222.598 moradores.
 
Aos 30 anos, Mayara assumirá o posto de primeira-dama da capital em 1º de janeiro, quando o emedebista será empossado chefe do Executivo local. A advogada nasceu no Hospital Santa Luzia, na Asa Sul, mas a família morava em Taguatinga Sul. Depois, mudaram-se para a M Norte e para a QNL, ambas em Taguatinga Norte. Ela está no sétimo mês de gestação. Espera pelo terceiro filho do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB/DF), que tem outros dois, do primeiro casamento. A expectativa é de que o caçula nasça até 22 de dezembro.

A ceilandense Michelle conheceu o marido ao trabalhar como assessora parlamentar na Câmara dos Deputados  
A ceilandense Michelle conheceu o marido ao trabalhar como assessora parlamentar na Câmara dos Deputados
Michelle de Paula Firmino Reinaldo Bolsonaro, 36 anos, conheceu Jair Bolsonaro, 63, em 2007, quando trabalhava como secretária parlamentar na Câmara dos Deputados. Namoraram e, em seis meses, ficaram noivos, quando ele estava no quinto mandato como deputado federal. Os dois casaram-se no civil em 2013, no Rio de Janeiro, onde moram.
 
Michelle e Mayara, além de terem nascido em cidades do Distrito Federal, têm em comum a discrição. A cientista política Denise Mantovani, da Universidade de Brasília (UnB), estuda a participação feminina na política e acredita que as companheiras dos líderes de governo deveriam ser conhecidas pelas profissionais que são e não apenas por serem casadas com homens poderosos.
 
Para Denise, a construção da figura de primeira-dama é uma forma de ver a mulher de maneira subordinada, o que deveria ser algo ultrapassado no século 21. “Esse posto enquadra a mulher em atividades vinculadas à assistência social. O modelo que é seguido hoje é patriarcal”, argumenta.
 
A futura primeira-dama Michelle atua voluntariamente como intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos cultos da igreja que frequenta, no Rio. Em recentes entrevistas, ela demonstrou interesse em trabalhar com atividades inclusivas para pessoas com deficiência auditiva. Além de advogada, Mayara é servidora do Ministério dos Direitos Humanos. Ela coordena a Comissão Interministerial de Avaliação Pensão da pasta e atua na Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
 
Defesa
A tentativa de ligar a imagem da primeira-dama à área social também ocorre no governo do presidente Michel Temer. Com um orçamento de R$ 300 milhões, o projeto Criança Feliz, lançado pela embaixadora Marcela Temer, em outubro de 2017, concentra-se em visitas a famílias com crianças de até 3 anos — que recebem Bolsa Família e estão em condições de vulnerabilidade — e com meninos e meninas de até 6 anos com necessidades especiais.
 
Órgãos representativos, como o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e o Conselho de Psicologia de São Paulo, criticaram o programa. Ao Correio, a Presidência respondeu que “a esposa do presidente Michel Temer desenvolve trabalhos voluntários, sem orçamento ou remuneração”.
 
Ainda não se sabe como será a participação de Mayara e Michelle nos respectivos governos. A futura primeira-dama do DF pouco apareceu durante a campanha de Ibaneis. Continuou trabalhando como advogada. Michelle fez poucas aparições ao lado de Bolsonaro. Mas o defendeu de acusações sobre machismo, misoginia e homofobia.
 
Moradora de Ceilândia, a ambulante Ciranda Fonseca, 50 anos, vê as primeiras-damas como uma esperança para melhorias nas duas cidades do DF. “Quero que elas olhem para a periferia e sensibilizem Ibaneis e Bolsonaro”, disse. 
 
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Correio Braziliense terça, 30 de outubro de 2018

LUTA CONTRA O CÂNCER: ALTO-ASTRAL EM PRIMEIRO LUGAR

 


Alto-astral em primeiro lugar
 
 
Conheça a história de mulheres que lutam contra o câncer e reencontraram a autoestima ao ganhar perucas

 

» CÉZAR FEITOZA
Especial para o Correio

Publicação: 30/10/2018 04:00

Evento do Instituto Hospital de Base, que reuniu mulheres em tratamento contra o câncer, se transformou num grande salão de beleza (Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)  
Evento do Instituto Hospital de Base, que reuniu mulheres em tratamento contra o câncer, se transformou num grande salão de beleza
 
“No momento que você coloca uma peruca ou um lenço, está cobrindo as sequelas do tratamento de um câncer, você se camufla. Se não faz isso e se olha no espelho careca, sem maquiagem, sem nada, você não consegue se desligar dessa doença”, conta Andrea Pereira, de 46 anos. A moradora de Sobradinho recebeu a notícia de que estava com um tumor na mama esquerda em abril deste ano. Com a intensificação do tratamento, em 27 de setembro, ao se submeter à primeira sessão de quimioterapia, os fios de cabelo começaram a cair. No fim de outubro, mês escolhido para a campanha de conscientização do câncer de mama, Andrea ganhou sua primeira peruca, que fez recuperar a autoestima da carioca em um período complicado da vida.
 
Filha de pai militar, Andrea Pereira chegou a Brasília em 1974, fixando residência na quadra 103 da Asa Norte, área onde militares moravam enquanto serviam ao Exército. Quando o câncer de mama somatizou-se à depressão, agora morando em Sobradinho, Andrea foi buscar no Plano Piloto o refúgio, lembrando momentos que traziam conforto.
 
“Entre o diagnóstico do câncer e a quimioterapia, eu ia ao Parque da Cidade umas três vezes (por semana). Era como o meu refúgio, onde eu podia me esquecer dos problemas. Quando o cabelo começou a cair, praticamente parei de ir pra lá, por causa da vergonha, da baixa autoestima”, relembra.
 
Vaidosa, Andrea foi a primeira mulher a chegar ao Instituto Hospital de Base ontem, pela manhã, para um evento da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Ela teve a chance de escolher uma entre as 60 perucas que foram entregues pela rede às mulheres que fazem o tratamento no hospital. Como em um salão de beleza, ainda houve um momento para o corte das perucas e maquiagem.

Andrea Pereira:  
Andrea Pereira: "Quando o cabelo começou a cair, praticamente parei de sair, por causa da vergonha, da baixa autoestima"


 
"Maria Nazaré dá uma boa gargalhada antes de colocar a peruca: Vou sair por aí balançando o cabelo, jogando charme pro povo na rua"


Voluntariado
 
Coordenadora da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Vera Lúcia Bezerra está há 26 anos como voluntária no auxílio às mulheres com a doença. Ela conta que o atendimento precisa ser humanizado para que a paciente possa recuperar a sua autoestima. “Eu falo para as voluntárias que a primeira coisa que a gente precisa fazer quando chega um paciente é dar um abraço. Destaco para cada uma se colocar no lugar dela. Isso cria um vínculo de amor ao próximo, um elo de esperança para as pessoas”.
 
A rede tem 27 projetos que são realizados na ala 5 do ambulatório do Instituto Hospital de Base. São cerca de 1.500 atendimentos por mês entre os dias de beleza e palestras educativas para a saúde. Uma das pacientes do hospital que faz questão de estar no evento é a aposentada Maria de Nazaré Silva, 61 anos. Moradora de Santa Maria, descobriu durante os exames de rotina no posto de saúde mais próximo de casa a suspeita de um câncer no ovário. A confirmação veio no mês seguinte, em dezembro de 2014, quando os exames comprovaram o indício.
 
Em 2016, os fios de cabelo começaram a se prender entre os dedos durante o banho —  era o efeito da quimioterapia. A maranhense decidiu ficar reclusa em casa em um primeiro momento, pela vergonha da calvície imposta pelos remédios. Depois, quando entendeu que cuidar da saúde era mais importante, deixou o constrangimento de lado. “Tem aquelas pessoas que ficam olhando pra você com olhos meio atravessados, né? Aí bota um lenço, alguma coisa, mas eu não esquentei mais minha cabeça com  minha carequinha, não”, conta Maria antes de dar risadas com as amigas.
 
Tratamento
 
O diretor do Instituto Hospital de Base, Ismael Alexandrino, conta que o apoio da Rede Feminina de Combate ao Câncer é fundamental no tratamento das mulheres contra o câncer. “A gente tenta fazer com que o tratamento contemple a completude do ser humano. Não é só o diagnóstico, radioterapia ou, até mesmo, a cirurgia. A distribuição de lenços e perucas é parte do tratamento. Fecha, de certa forma, o que a gente entende de acolhimento, de tratamento integral”, conta.
 
Mesmo com o calor excessivo do ambulatório do Hospital de Base, consequência do problema no ar-condicionado da unidade, as pacientes se envolveram com o dia da beleza como parte do tratamento, que busca recuperar o bem-estar das mulheres com câncer.
 
Maria de Nazaré, minutos antes de vestir a peruca, caiu na gargalhada ao se imaginar com o novo cabelo. “Estou na expectativa. Quero ficar linda de peruca. Vou sair por aí balançando o cabelo, jogando o charme pro povo na rua”.


SAIBA MAIS

Atendimento

A Rede Feminina de Combate ao Câncer se encontra na ala 5 do ambulatório do Instituto Hospital de Base. Cerca de 300 voluntários prestam atendimento às pacientes entre os 27 projetos abraçados pelo grupo. Às pacientes, é possível conhecer os projetos no site redefemininabrasilia.org.br, pelo número 3315-1278 ou, mesmo, no Instituto Hospital de Base. Aos voluntários, é possível doar cabelo ou auxiliar nos projetos entrando em contato com os responsáveis pelo número 3315-1278 ou mesmo no hospital.
 
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Correio Braziliense segunda, 29 de outubro de 2018

IBANEIS: FOCO E DETERMINAÇÃO

 

Foco e determinação
 
 
Apontado por amigos como o "cara que quer tirar os projetos do papel", Ibaneis Rocha é descrito como uma pessoa determinada que gosta de coisas cotidianas, como fazer feira e cozinhar

 

HELENA MADER

Publicação: 29/10/2018 04:00

Ibaneis e a mulher, Mayara Noronha, grávida do terceiro filho de Ibaneis (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Ibaneis e a mulher, Mayara Noronha, grávida do terceiro filho de Ibaneis


 (Joel Rodrigues/Assessoria Ibaneis)  


Ele nasceu no Hospital de Base de Brasília, em julho de 1971, e passou a infância no interior do Piauí. Foi feirante, empacotador e comerciante, até se transformar em um bem-sucedido advogado. A escolha da profissão contrariou a vontade dos pais, que sonhavam ver o primogênito vestido em um jaleco de médico. Formado e com a carteira da ordem em mãos, o jovem bateu perna nos tribunais até acumular uma carteira de 80 mil clientes e uma fortuna de R$ 93 milhões. Hoje, aos 47 anos, Ibaneis Rocha Barros Júnior soma à trajetória uma nova vitória. O brasiliense de raízes nordestinas foi eleito governador do Distrito Federal e vai comandar a capital pelos próximos quatro anos.

O Correio conversou com amigos, familiares e sócios de Ibaneis para traçar um perfil do futuro administrador da cidade. Determinação e foco são os substantivos mais frequentemente associados ao advogado. Quem convive com o emedebista revela ainda que ele é bom de garfo e de panela — suas especialidades vão de pratos requintados à tradicional cozinha nordestina. Ibaneis traz os produtos de sua fazenda, no Piauí, ou vai pessoalmente à feira selecionar a matéria-prima. Apaixonado por ciclismo, ele pedala 50 quilômetros aos fins de semana. Fã de casa cheia, gosta de reunir os amigos em volta da mesa. Pai de dois rapazes, Caio, de 20 anos, e João Pedro, 13, ambos do casamento com a contadora Luzineide de Carvalho, Ibaneis está agora à espera de Mateus, fruto da união com a advogada Mayara Noronha. O bebê nasce em dezembro, pouco antes de o pai tomar posse.

Filho de piauienses, o governador eleito foi o primogênito de três crianças e herdou o nome do pai. Ele nasceu em Brasília, mas, aos 8 anos, acompanhou a família em um retorno às origens. Ibaneis pai decidiu voltar ao município de Corrente, sua terra natal, e assumiu um emprego na Universidade Federal do Piauí, onde trabalhou em um projeto de desenvolvimento da soja na região. Paralelamente ao trabalho de professor, o patriarca tinha uma farmácia e era um comerciante conhecido na região. A mãe, Maria Mercedes, auxiliar de enfermagem, acompanhava a rotina dos três filhos.

Amigo há quatro décadas, o advogado Marcelo Cunha, 49 anos, conheceu Ibaneis em Corrente, no Piauí. “Somos amigos de infância, crescemos em uma cidade pequena e éramos muito próximos. Desde pequeno, o Ibaneis sempre teve foco e procurava formas de ser independente. Ele trabalhava em feira, fazia horta, estava sempre correndo atrás das oportunidades”, revela Marcelo, que hoje é colega de escritório e parceiro da campanha eleitoral do advogado. Para Marcelo Cunha, Ibaneis já demonstrava, ainda na infância, as características que o levaram à conquista do Palácio do Buriti. “É um cara focado e muito determinado. Ele pega as coisas e faz, realiza. É muito objetivo e dedicado ao trabalho, quer tirar os projetos do papel”, acrescenta.

A servidora pública Érica Borges Barros Nazareth, 44 anos, irmã do governador eleito, também relembra a busca de Ibaneis por autonomia e independência desde a infância. “Ele trabalhou como empacotador e vendeu verduras na feira”, conta. Ela acredita que a vivência da família no interior do Piauí ajudou a moldar as características políticas do irmão. “Em Corrente, a gente viu a miséria de perto. Então, ele tem empatia e entende os sentimentos das pessoas. Olha sempre nos olhos quando conversa com alguém e gosta muito de gente. Esses são seus grandes diferenciais”.

Oito anos depois da mudança da família para Corrente, Ibaneis resolveu voltar sozinho a Brasília. Aos 16 anos, foi morar com uma tia que, assim como sua mãe, pressionava para que o rapaz se tornasse médico. Ele fez vestibular na Universidade de Brasília (UnB) e chegou perto de uma vaga no curso de medicina. Sem contar à família, fez a seleção de direito no Uniceub e passou em segundo lugar. Paralelamente às aulas, fez estágio em instituições como o Banco do Brasil e a Embrapa e teve até uma farmácia.


A missa também faz parte da rotina de Ibaneis Rocha, que compereceu à celebração antes de votar (Ed Alves/CB/D.A Press)  
A missa também faz parte da rotina de Ibaneis Rocha, que compereceu à celebração antes de votar



Escritório
Em 1993, já formado, montou o primeiro escritório, com atuação na área trabalhista. O caminho foi escolhido porque havia muita demanda de trabalhadores, com uma expectativa de retorno rápido. Ibaneis passou a advogar para empresas prestadoras de serviço e, na sequência, para os trabalhadores dessas empresas. O recém-formado atuou nas primeiras ações contra o Plano Real, para garantir a recomposição da URV. Mas o grande acontecimento de sua vida profissional foi uma ação ajuizada por uma associação de servidores do Ministério Público do Trabalho, relacionada a questões de seguridade social. Ibaneis venceu a causa e, de quebra, ganhou centenas de novos clientes, principalmente do Judiciário. Hoje, o escritório do advogado, instalado em um luxuoso prédio no Setor de Administração Federal Sul, tem mais de 40 advogados e uma carteira de 80 mil clientes distribuídos por todo o Brasil.

Em 2003, a convite de um amigo, Ibaneis foi trabalhar na campanha da advogada Estefânia Viveiros para a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A profissional não estava entre os favoritos, mas ganhou a disputa interna da categoria. Ibaneis ficou com a presidência da Comissão de Defesa de Prerrogativas dos Advogados e, no cargo, estreitou o contato com os colegas de profissão. Ele se orgulha de ter obtido, no Supremo Tribunal Federal (STF), a primeira liminar que permitiu um advogado fazer questionamentos em uma CPI.

OAB
Já bastante conhecido entre os advogados, resolveu concorrer à presidência da Ordem em 2009. Perdeu a primeira eleição para o advogado Francisco Caputo por 400 votos, mas levou na disputa seguinte, com uma vantagem de mais de 2,4 mil votos. Em 2015, emplacou o sucessor, o advogado Juliano Costa Couto, atual presidente da entidade. Ele elogia o colega e diz que Ibaneis “não teme os desafios”. “Ele é um cara assertivo, mas que sempre age com a capacidade de olhar a ótica do outro, de se colocar no lugar do outro”, elogia Costa Couto. No fim de novembro, os advogados vão às urnas novamente e o candidato apoiado por Ibaneis, Jacques Veloso, é um dos favoritos para presidir a Ordem.

Ibaneis Rocha tem à sua volta um grupo de amigos fiéis, com quem divide o trabalho e a vida social desde o início da profissão. O advogado Marlúcio Lustosa Bonfim é um deles. Sócio do governador eleito há 25 anos, desde que Ibaneis se formou, ele compartilha as causas e os hobbies com o emedebista. Marlúcio conta que o amigo gosta de espairecer diante das panelas. “Ele adora fazer comida nordestina, como buchada. Às vezes, vai à Feira do Guará, escolhe os produtos e prepara uma galinhada. Os amigos ficam em volta conversando”, conta Marlúcio.

Marcelo Cunha revela outra paixão de Ibaneis Rocha: pedalar. “Há alguns anos, compramos bicicletas e começamos a percorrer de 40 a 50 quilômetros, sempre aos sábados e aos domingos”, diz Cunha. “Outra coisa que gostamos muito de fazer juntos é ir de carro ao Piauí, visitar os amigos e familiares. Ibaneis é um cara de coração muito grande. Às vezes se irrita, mas logo volta para fazer um afago”.
 
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Correio Braziliense domingo, 28 de outubro de 2018

TIROTEIO EM SINAGOGA É CRIME DE ÓDIO, DIZ FBI

 

Tiroteio em sinagoga é crime de ódio, diz FBI
 
 
Em rede social de extrema-direita, atirador, que está sob custódia, publicava mensagens antissemitas. Presidente Donald Trump defende pena de morte e diz que o massacre em Pittsburgh poderia ter sido evitado se o templo tivesse segurança armada

 

Publicação: 28/10/2018 04:00

 

Sob o impacto do ataque, jovens fazem oração: agressor, que portava um fuzil AR-15 e pistolas, invadiu o templo em meio à celebração do sabah (Jeff Swensen/AFP






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Sob o impacto do ataque, jovens fazem oração: agressor, que portava um fuzil AR-15 e pistolas, invadiu o templo em meio à celebração do sabah

 


No 23º episódio de tiroteio nos Estados Unidos apenas neste mês, ao menos 11 pessoas morreram, incluindo quatro policiais, e seis ficaram feridas ontem em uma comunidade judaica em Pittsburgh, na Pensilvânia. Categorizado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netahyahu, como “horrível ataque antissemita”, o caso é investigado como crime de ódio por autoridades federais norte-americanas. 

O massacre ocorreu pouco depois das 10h, dentro da Sinagoga Árvore da Vida, quando judeus celebravam o sabah. Segundo testemunhas, um homem armado com um fuzil AR-15 e com pistolas entrou no templo e começou a disparar. Depois de trocar tiros com a polícia, ele se entregou e, ferido, foi levado sob custódia para o Hospital Mercy, da Universidade de Pittsburgh. A identidade das vítimas não foi revelada.  

O presidente norte-americano, Donald Trump, disse, em uma convenção de ruralistas no estado de Indiana, que se trata de um “ato antissemita”. “O veneno repleto de ódio do antissemitismo precisa ser condenado e confrontado onde quer que apareça”, discursou o presidente, que, mais cedo, defendeu a pena de morte. “Algo tem que ser feito. Quando as pessoas fazem isso, devem receber a pena de morte”, disse aos repórteres, quando se dirigia a uma série de atos de campanha em Indiana e Illinois.

 

Policiais cercam a sinagoga: troca de tiros e pânico na vizinhança (Jeff Swensen/AFP)  
Policiais cercam a sinagoga: troca de tiros e pânico na vizinhança

 

 

A nove dias das eleições legislativas, consideradas por comentaristas políticos como um “plebiscito” do mandato de Trump, os Estados Unidos se veem em meio a episódios de terror e violência. Na sexta-feira, a polícia prendeu, na Flórida, Cesar Sayoc, suspeito de enviar 13 pacotes bombas a destinatários como o ex-presidente Barack Obama, a ex-secretária de Estado Hillary Clilnton e o investidor George Soros. Ontem, após o massacre na sinagoga, Trump voltou a se posicionar em favor das armas, uma das bandeiras mais frequentes do governante. “Se houvesse um policial presente na sinagoga, o atirador poderia ter sido rendido”, afirmou. 

Em julho, o rabino Jeffrey Myers, líder da congregação da Árvore da Vida, escreveu um post criticando a falta de leis sobre controle armamentista no país. “A menos que ocorra uma reviravolta dramática nas eleições de meio de mandato, temo que o status quo se mantenha inalterado, e tiroteios em escolas recomecem”, escreveu.

 

Wendell Hissrich, diretor de segurança pública de Pittsburgh: %u201Ccena horrível%u201D (Jeff Swensen/AFP)  
Wendell Hissrich, diretor de segurança pública de Pittsburgh: %u201Ccena horrível%u201D

 

 

Antissemita
À imprensa, Wendell D. Hissrich, diretor de segurança pública da cidade, disse que o cenário dentro do templo era desolador. Com a voz embargada, afirmou: “É uma cena do crime horrível. Uma das piores que já vi, e já estive em alguns acidentes aéreos. É muito ruim”. A informação extraoficial é de que o atirador seja Robert D. Bowers, um homem de 46 anos com histórico de postar mensagens antissemitas nas redes sociais.

De acordo com o jornal The New York Times, em janeiro, Bowers criou uma conta na rede social Gab, um aplicativo popular entre supremacistas e ativistas de extrema-direita, onde costuma fazer publicações contra judeus. Há algumas semanas, ele postou o link para o site do Hias, organização não governamental judia que ajuda refugiados, e comentou: “Hias, vocês gosta de trazer invasores hostis para viverem entre nós?”. Horas antes do tiroteio no interior da sinagoga, Bowers publicou: “O Hias gosta de trazer para cá invasores para matar nosso povo. Eu não posso me sentar e ver meu povo ser sacrificado. Dane-se a ótica de vocês, eu vou agir”.

Pelo Twitter, Benjamin Netanyahu expressou solidariedade aos Estados Unidos e às vítimas do atentado. “Nós nos solidarizamos com a comunidade judaica em Pittsburgh e nos solidarizamos com o povo americano diante dessa terrível violência antissemita”, disse, em um vídeo publicado na conta do primeiro-ministro. “Orem pelos mortos, feridos, todas as famílias afetadas, e pelos nossos corajosos socorristas”, tuitou o vice-presidente norte-americano, Mike Pence. Além dos policiais do Departamento de Segurança Pública da Cidade, a Agência Federal de Controle de Armas, Tabaco e Explosivos, a ATF, enviou agentes especiais ao local.

“Meu coração está sangrando após a notícia vinda de Pittsburgh, a violência deve parar”, escreveu a primeira-dama, Melania Trump, no Twitter. A filha de Donald Trump, Ivanka Trump, que se converteu ao judaísmo, também condenou o ataque. “Os Estados Unidos são mais fortes do que os atos de um fanático perverso e antissemita”, publicou. “Todos os bons americanos apoiam o povo judaico e se opõem aos atos de terror, e compartilham do horror, desgosto e indignação pelo massacre em Pittsburgh. Devemos nos unir contra o ódio e o mal”, acrescentou.

 

 (Alex Edelman/AFP)  

 

 

“O veneno repleto de ódio do antissemitismo precisa ser condenado e confrontado onde quer que apareça. Algo tem que ser feito. Quando as pessoas fazem isso, devem receber a pena de morte”
Donald Trump, presidente dos EUA

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Correio Braziliense sábado, 27 de outubro de 2018

MODÃO CANDANGO

 

Modão candango
 
Conheça a nova geração de artistas sertanejos que está se destacando no Distrito Federal

 

Adriana Izel

Publicação: 27/10/2018 04:00

Com dois discos lançados, Alisson & Ariel pretendem lançar um DVD autoral (Play Produções e Matarazzo Produções/Divulgação)  
Com dois discos lançados, Alisson & Ariel pretendem lançar um DVD autoral
 
O cenário musical de Brasília é um grande caldeirão. A capital, que já foi do rock, agora é também de tantos outros estilos musicais. Ritmo predominante nas rádios, nos topos das paradas e nos eventos, o sertanejo a cada ano tem mais representantes autorais do Distrito Federal.
 
A região, que foi responsável por exportar Pedro Paulo & Matheus e Cleber & Cauan, agora tem novos nomes que estão ganhando espaço no cenário brasiliense e alçando oportunidades para além do quadradinho. “Aqui em Brasília, o sertanejo é muito forte. Sempre vi isso. Apesar de ter o rótulo de capital do rock, o sertanejo vem dominando muito. Acho que Brasília está entre as capitais que mais têm duplas sertanejas”, analisa Ariel, da dupla Alisson & Ariel.
 
Naturais de Brasília, os irmãos começaram a carreira há 11 anos. Na época, eles tinham 14 e 12 anos e tocavam no bar do pai. “Começamos mais por influência da família. Todo mundo sempre gostou de música sertaneja. Eu, particularmente, comecei no rock, ouvindo Raul Seixas e Legião Urbana. Mas meu irmão foi tomando gosto pela música, a gente foi seguindo pelo sertanejo mesmo”, lembra Ariel.
 
A maior projeção veio em 2012, quando tiveram um bom posicionamento em um concurso na Casa do Cantador, em Ceilândia. Dos mais de 700 participantes, a dupla figurou entre os 10 primeiros. “A partir daí o projeto começou a crescer e estamos aí na luta até hoje”, conta.
 
Desde então, a dupla lançou dois discos: Meu vício, de 2011, e Alisson & Ariel, de 2014, esse último com composições de nomes como Marília Mendonça e Juliano Tchula. Atualmente trabalham no desenvolvimento de um DVD. “Estamos preparando um DVD 100% autoral. Estamos elaborando ainda, porque queremos um repertório que seja a nossa cara, com a nossa história e nosso jeito”, completa o cantor e compositor.

Danilo & Daniel estão juntos há dois anos como dupla e já conquistaram público (Arquivo Pessoal)  
Danilo & Daniel estão juntos há dois anos como dupla e já conquistaram público


Mercado receptivo
 
Criada há dois anos, a dupla Danilo & Daniel é outro nome que tem se destacado no cenário sertanejo de Brasília. Em setembro, os artistas abriram o show de Fernando & Sorocaba no evento de retorno do tradicional festival da Granja do Torto e tem figurado no line-up em casas de show voltadas para a música sertaneja.
 
“A gente cantava música baiana até que decidiu migrar para a música sertaneja. Hoje a gente faz shows em bares, casas de shows, confraternizações, sempre com um repertório que mescla o autoral com músicas de outros artistas”, revela Daniel.
 
Entre os projetos futuros da dupla está a gravação de um DVD. “Estamos compondo e gravando músicas autorais. Queremos gravar um DVD, que provavelmente será gravado em Brasília”, explica Daniel. A escolha pela capital tem a ver com o fato da dupla ter feito carreira na cidade. “A nossa relação com a cidade é muito boa. O público é bem aberto e é um mercado bem interativo. Temos muitas oportunidades, é um mercado bem receptivo”, completa o artista.


Larissa Nogueira é um dos nomes do sertanejo feminino na capital (Arquivo Pessoal)  
Larissa Nogueira é um dos nomes do sertanejo feminino na capital


Representante feminina
 
Agora com 19 anos, a cantora Larissa Nogueira começou no mundo da música com apenas 11 anos. “Tudo começou muito cedo. Meu pai tocava violão em casa e foi me despertando interesse. Fui fuçando, aprendendo a tocar e postando vídeos no YouTube”, lembra a cantora.
 
No último ano, ela entrou para o casting de um escritório e a carreira deixou de ser amadora para se tornar mais profissional. Assim veio a maior repercussão dentro do cenário musical de Brasília. “A princípio meu trabalho é mais de cover, mas estou querendo começar um projeto autoral. Quero ser reconhecida por algo que é meu”, revela.
 
Apesar de trabalho ser classificado como sertanejo, Larissa flerta com vários outros ritmos, como o pagode, o rap e até o funk. “Só que a minha definição é sertanejo mesmo. Acho que esse é um ótimo momento (para um artista mulher). Essa é a hora de arriscar”, completa. “Tenho muitos projetos em mente. Quero gravar clipes com artistas influentes da música sertaneja e sair um pouco de Brasília”, adianta Larissa, que é nascida e criada em Brazlândia e é artista fixa no projeto Quinta Já Pode, no Dallas Bar.
 
 
 
 
Como acompanhar as duplas
 
Alisson & Ariel
• Em 1º de novembro, a dupla participa da festa Quinta Top, às 21h, na boate Coliseu Beer (Setor D Sul, Lt. 7, Lj. 2/3 — Taguatinga). Em 3 de novembro, às 22h, show no Barril 66 (SH Arniqueiras ADE — Águas Claras). Em 15 de dezembro, às 22h, os irmãos tocam na nova casa noturna, Arena Mix (QNM 9, Cj. A, Lt. 4 — Ceilândia). Contato: 98669-8086.
 
Danilo & Daniel
• Informações na página oficial da dupla no Facebook (@oficialdaniloedaniel) e no Instagram (@dupladaniloedaniel). Contato: 98421-5174.
 
Larissa Nogueira
• A cantora tem um projeto fixo às quintas-feiras, às 20h, no Dallas Bar (Setor Habitacional Vicente Pires, Lt. 3). É a festa Quinta Já pode. Bastante ativa nas redes sociais, posta vídeos de cover no YouTube (/larissanogueira). Contato: 98553-4774.
 
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Correio Braziliense sexta, 26 de outubro de 2018

REDAÇÃO SEM SEGREDOS

 

ENSINO
 
Redação sem segredos
 
Na última oficina gratuita do projeto Enem 2018, a professora Dad Squarisi mostrou a estudantes os cuidados de se escrever um texto conciso para o exame

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 26/10/2018 04:00

Dad e a turma que participou da oficina gratuita de português no auditório do Correio Braziliense (Ed Alves/CB/D.A Press)  
Dad e a turma que participou da oficina gratuita de português no auditório do Correio Braziliense

“Não hesitem em revisar a redação e modificá-la da melhor maneira possível. Pensem que vocês estão tentando uma vaga para a universidade das suas vidas”. Essa foi uma das dicas da professora e editora de Opinião do Correio Braziliense, Dad Squarisi, para as mais de 60 pessoas que participaram ontem da terceira oficina de português do projeto Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018. O evento marcou o fim do programa ministrado pela professora com o objetivo de orientar os estudantes a alcançar a excelência no exame.
 
Por três horas, a comunicadora aconselhou os alunos que farão a avaliação deste ano sobre como escrever um texto que atenda às exigências do exame. Para isso, fez uma metáfora usando a personalidade do justiceiro Zorro. “Ele não conseguia combater como pretendia e foi adotado por um mestre que o orientou a começar pelo começo. Passado um tempo, aprendeu a ter técnica e, com a técnica, aprendeu a vencer os inimigos. Temos que fazer igual ao Zorro: passo a passo.”
 
Dad tirou dúvidas da plateia e promoveu momentos de interação entre os estudantes. Eles também puderam ler textos e fazer atividades de escrita propostas pela jornalista. A cada desafio, eles recebiam novas instruções. “O Enem é um jogo. É preciso conhecer as regras para vencê-lo. O primeiro critério é o domínio da língua culta. Não significa escrever de modo complicado, usando palavras difíceis. Basta usar a língua que aprendemos na escola.”
 
De acordo com a professora, não há mistérios para atingir a nota máxima da redação do Enem, algo que apenas 53 estudantes entre os mais de 4,7 milhões de concorrentes do exame do ano passado conseguiram. Basta que o estudante não fuja do tema e escreva um texto com início, meio e fim bem desenvolvidos. “Se olharmos algumas redações que alcançaram nota mil, não são nada excepcionais, mas sim, estruturadas com argumentos simples e concatenados”, frisou Dad.
 
Confiança
Com olhares e ouvidos atentos, a estudante do 3º ano do ensino médio Luiza Severiano, 17 anos, acompanhou a palestra de Dad do início ao fim. Segundo ela, os ensinamentos da comunicadora foram valiosos na sua preparação para o vestibular. “Um dos meus maiores medos era a redação, mas depois do que aprendi na oficina, estou mais tranquila para essa etapa do exame”, garantiu. “Quero estudar medicina, e preciso de uma boa nota. Na hora da prova, vou lembrar de cada dica da Dad. Estou confiante”, acrescentou.
 
Também no 3º ano, Dandarah Mourão, 17, classificou a oficina como essencial para desenvolver as habilidades na escrita. No decorrer da palestra, ela ouviu elogios de Dad ao ler os textos que produziu, além de palpites para não se expressar da maneira errada. “Foi um tipo de atividade que eu nunca tive dentro de sala de aula. Ela apresentou aspectos importantíssimos e estou certa de que agora consigo escrever um texto melhor”, afirmou.
 
Jornal Impresso
 

Correio Braziliense quinta, 25 de outubro de 2018

ESTADOS UNIDOS: ATAQUE À DEMOCRACIA

 

Ataque à democracia
 
 
FBI investiga como %u201Cterror doméstico%u201D o envio de pacotes-bomba ao ex-presidente Barack Obama, à ex-secretária Hillary Clinton e a outras lideranças do Partido Democrata. Trump condena incidentes e apela por união. Opositores acusam magnata de dividir a população

 

RODRIGO CRAVEIRO

Publicação: 25/10/2018 04:00

 

Especialista do esquadrão antibombas da polícia de Nova York deixa o complexo Time Warner Center, onde funcionam estúdios da CNN (Timothy A. Clary/AFP



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Especialista do esquadrão antibombas da polícia de Nova York deixa o complexo Time Warner Center, onde funcionam estúdios da CNN

 


Peritos vestidos com trajes especiais, dezenas de policiais nas ruas e medo. A 13 dias das eleições de meio de mandato nos EUA, pacotes-bomba enviados ao ex-presidente Barack Obama, à ex-secretária de Estado Hillary Clinton e a outras personalidades ligadas à oposição — o ex-secretário de Justiça Eric Holder, o ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) John Brennan, a deputada Maxine Waters e o bilionário George Soros — mobilizaram forte aparato de segurança, ampliaram a tensão política e agravaram a polarização entre os democratas e os republicanos. O FBI (a polícia federal americana) confirmou que, apesar de rudimentares, os explosivos eram “funcionais” e não descartou a existência de mais artefatos. 

Os investigadores tratam o caso como “terrorismo doméstico” e acreditam que os incidentes estão interligados. O presidente Donald Trump classificou os atentados de “desprezíveis”, prometeu que não poupará recursos para levar os responsáveis à Justiça e fez um apelo à conciliação. “Nestes tempos, temos que nos unir e enviar uma só mensagem clara e contundente de que os atos de violência política não têm lugar nos Estados Unidos”, declarou. “A segurança do povo americano é minha mais alta e absoluta prioridade.”

O discurso não parece ter sensibilizado os democratas, principais alvos dos ataques, ocorridos entre segunda-feira e ontem (veja o quadro). Por meio de um comunicado conjunto, Nancy Pelosi (líder da minoria na Câmara dos Representantes) e Chuck Schumer (representante da oposição no Senado) acusaram Trump de tolerar atos violentos. “O presidente consentiu com a violência física e dividiu os americanos com suas palavras e com suas ações: ao expressar apoio ao congressista que jogou um repórter no chão; aos neonazistas que mataram uma jovem em Charlottesville; (…) aos ditadores que assassinam seus próprios cidadãos; e ao se referir à imprensa livre como inimiga do povo”, afirmaram.

A onda de envios de pacotes-bomba teve início na segunda-feira, quando um artefato foi encontrado na caixa de correio de Soros, um filantropo liberal que costuma ser criticado pela direita. Na noite de terça-feira, agentes do Serviço Secreto detectaram o dispositivo explosivo, em uma instalação de processamento de correspondências, antes de ele ser encaminhado à residência do casal Hillary e Bill Clinton, em Chappaqua, subúrbio de Nova York. “Estamos bem, graças aos homens e às mulheres do Serviço Secreto, que interceptaram o pacote endereçado a nós muito antes de chegar à nossa casa. Mas é um momento preocupante, não é? E é uma época de profundas divisões, e temos de fazer tudo o que pudermos para unir nosso país”, reagiu Hillary, durante evento em Coral Gables, na Flórida. Um robô foi utilizado para manusear o artefato enviado ao escritório da deputada democrata Debbie Wasserman Schultz, na manhã de ontem. No campo “destinatário” do envelope, estava o nome de Eric Holder, ex-secretário de Justiça dos EUA.

Por volta das 10h10 (11h10 em Brasília), dois apresentadores da CNN foram surpreendidos, no estúdio, pelo alarme contra incêndios, abandonaram o complexo de arranha-céus Time Warner Center e continuaram reportando os fatos da rua, com a ajuda de celulares, em Columbus Circle, na cidade de Nova York. Cerca de 40 minutos antes, os escritórios da emissora tinham recebido uma correspondência contendo um dispositivo explosivo e um pó branco (veja foto). O objeto foi movido por peritos e colocado em uma espécie de caminhão betoneira, a fim de manter a pressão interna em caso de explosão. Pacotes similares foram isolados em uma instalação dos correios de Washington — o destinatário era Obama — e no Capitólio, em nome da deputada.

James O’Neill, comissário da polícia de Nova York, descreveu o pacote-bomba enviado à CNN para John Brennan, ex-agente da CIA, como um “dispositivo explosivo vivo”. Segundo relatos, as bombas caseiras interceptadas pelas autoridades eram pequenas, mas potencialmente letais: um tubo metálico repleto de material explosivo e estilhaços, hermeticamente selado nas extremidades e detonado por um fusível colocado através de uma agulha.

Ódio
Para James Green, historiador da Brown University (em Rhode Island), apesar de o autor dos envios ser desconhecido, trata-se de alguém que vê Clinton, Obama e a CNN como “inimigos”. “A declaração de Trump foi preparada por assessores, e ele se esquecerá do teor em 24 horas. Sua mensagem de ódio e sua capacidade de abastecer o medo são marcas de seu governo”, disse ao Correio. “Não há dúvida de que os incidentes com os pacotes-bomba representam um ataque à democracia.”

Green concorda com as críticas de Pelosi e de Schumer de que o magnata divide os americanos. “Ele incita ódio, medo, xenofobia e racismo, com mentiras e histórias inventadas. É cedo para saber se esses incidentes afetarão as eleições, mas eu suponho que encorajarão as pessoas a irem à urnas e a elegerem os democratas. Eu não ficaria surpreso se a direita começar a sugerir que isso foi um complô organizado pelos democratas para angariar simpatia.”

Clint Van Zandt, ex-agente do FBI especialista em traçar o perfil de criminosos, explicou ao Correio que os alvos foram democratas liberais. “Isso sugere que o responsável pelos explosivos seja um conservador radical”, admitiu. Ao contrário de Green, ele não descarta uma tentativa de culpar republicanos ou o próprio Trump antes das eleições de 6 de novembro.

Emissora divulga a  imagem da bomba

 

 (AFP)  

 

 

A rede de TV CNN divulgou a imagem do pacote-bomba enviado aos escritórios da emissora em Nova York. A correspondência, de cor parda, tinha os nomes da deputada democrata Debbie Wasserman Schultz como remetente e de John Brennan, ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), como destinatário. O envelope teria sido entregue por um mensageiro, e não pelo serviço postal, apesar de conter seis selos com a imagem da bandeira dos Estados Unidos. O dispositivo explosivo tinha o desenho de uma bandeira do Estado Islâmico e um relógio acoplado.

Os destinatários dos explosivos

Quem são as personalidades políticas americanas às quais os pacotes-bombas foram endereçados

 

 

 

 

George Soros
Na segunda-feira, um pacote-bomba foi encontrado na residência do bilionário, financiador de causas liberais e democratas, em Katonah, subúrbio de Nova York.

 

 

 

 

Hillary Clinton
No fim da noite de terça-feira, o Serviço Secreto interceptou o pacote-bomba em Chappaqua, uma área residencial no extremo norte de Nova York. A correspondência tinha a ex-secretária de Estado como destinatária. Ela viajava, mas o marido, ex-presidente Bill Clinton, estava em casa.

 

 

 

 

Barack Obama
Ontem pela manhã, outro pacote, endereçado ao ex-presidente, foi descoberto por agentes do Serviço Secreto em sua residência, em Washington.

 

 

 

 

Eric Holder
Um pacote suspeito chegou ao escritório da congressista democrata Wasserman Schultz, em Sunrise (Flórida). O remetente pretendia enviá-lo, na realidade, para o ex-procurador-geral Eric Holder, mas colocou o endereço errado na correspondência.

 

 

 

 

John Brennan
Na manhã de ontem, um envelope de cor parda contendo o explosivo e um pó branco foi enviado aos estúdios da CNN, em Nova York, endereçado a John Brennan, ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA). O complexo Time Warner Center foi esvaziado, e um caminhão betoneira removeu o dispositivo.

 

 

 

 

Maxine Waters
Um pacote suspeito foi interceptado, ontem, pela Polícia do Capitólio em uma instalação do serviço postal do Congresso. A correspondência tinha como destinatária a deputada democrata.

“Quero dizer que, nestes tempos, temos que nos unir e enviar uma só mensagem clara e contundente de que os atos de violência política não têm lugar nos Estados Unidos”
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos


Eu acho...

 

 (Reprodução de Vídeo)  

 

 

“O primeiro atentado à bomba de alto nível se deu no World Trade Center, em 1993. Mais de 
340 milhões de americanos estão sob ataque. Bombas são fáceis de construir com informações na internet e em sites do Estado Islâmico. É fácil atacar os outros.”

Clint Van Zandt, ex-agente do FBI, especialista em perfil de criminosos


Repercussão
“Obrigado ao Serviço Secreto e a todas as agências de segurança que responderam aos incidentes desta semana. Eles trabalham incansavelmente para manter nosso país e nossa comunidade seguros. Eu sou eternamento grato por seus esforços.”
Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos

“Mais uma vez, somos lembrados do heroísmo dos primeiros socorristas dos EUA, que trabalham para responder a essas tentativas de ataques. A meta dos terroristas é instilar medo. Nós não permitiremos que eles diminuam nosso compromisso com a construção de um futuro mais brilhante para as comunidades em toda a América.”
Nancy Pelosi, líder da oposição democrata na Câmara dos Representantes

“Eu quero derrubar o rancor. Há um padrão político aparente nisso. Pelo bem de todos, presidente, Senado, Congresso, governadores, derrubem a retórica. (…) Não permitiremos que esses bandidos terroristas mudem a maneira como vivemos nossas vidas.”
Andrew Cuomo, governador de Nova York

“O que vimos hoje aqui foi um esforço para aterrorizar. Isso, claramente, é um ato de terror tentando minar nossa imprensa livre e os líderes deste país, por meio de atos de violência.”
Bill de Blasio, prefeito de Nova York

“Ações e ameaças vis e repugnantes contra os americanos e nossas instituições não são tristemente surpreendentes: os atos de ódio seguem o discurso de ódio. É hora de reduzirmos e desligarmos a retórica raivosa.”
Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts

“Um ataque a um americano que seja democrata, republicano ou independente é um ataque à América. O terrorista por trás disso em breve descobrirá que, enquanto um povo livre tem políticas conflitivas, se vocês tentarem matar qualquer um de nós, terão de enfrentar todos nós.”
Marco Rubio, senador republicano pela Flórida

“Nós não podemos tolerar esses ataques covardes, e eu fortemente condendo todos aqueles que escolhem a violência.”
Melania Trump, primeira-dama dos EUA

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Correio Braziliense quarta, 24 de outubro de 2018

UMA JOVEM EMBAIXADORA CANDANGA

 

Uma jovem embaixadora candanga
 
Estudante da UnB e moradora do Paranoá, Maria Clara vai representar o Brasil em uma conferência no Paquistão sobre paz e cultura de inclusão social. Ela ganhou hospedagem e alimentação, mas precisa do dinheiro para as passagens aéreas

 

Renata Nagashima*

Publicação: 24/10/2018 04:00

 (Vinicius Cardoso Vieira/Esp. CB/D.A Press)  

“Tento mudar um pouco da realidade da minha comunidade com pequenas coisas e, depois que fui para os Estados Unidos, em janeiro, me despertou o interesse em assuntos sobre diplomacia. Tenho desejo em conhecer mais pessoas e culturas, além da vontade de provocar mudanças no mundo, que aumentou”
Maria Clara Araújo dos Santos, estudante de letras da Universidade de Brasília





Uma estudante brasiliense foi selecionada entre jovens líderes do mundo inteiro para participar do segundo Fórum Internacional da Juventude de Lahore (International Youth Summit of Lahore), no Paquistão. A conferência promove discussões sobre paz, cultura e inclusão social. Apesar da pouca idade, a estudante de letras da Universidade de Brasília (UnB) Maria Clara Araújo dos Santos, 18 anos, tem uma trajetória de liderança e impacto social.

A brasiliense sempre foi engajada em projetos sociais, o que a levou a ser escolhida duas vezes para representar o Brasil internacionalmente. Maria Clara participou do programa Jovens Embaixadores de 2018, em janeiro, e do South American Business Forum, uma conferência sobre tecnologia, inovação e liderança, em Buenos Aires, na Argentina, em agosto.

“Tento mudar um pouco da realidade da minha comunidade com pequenas coisas e, depois que fui para os Estados Unidos, em janeiro, me despertou o interesse em assuntos sobre diplomacia. Tenho desejo em conhecer mais pessoas e culturas, além da vontade de provocar mudanças no mundo, que aumentou”, ressalta a estudante, que deseja seguir a carreira como diplomata.

Apesar de ter sido contemplada com mais uma oportunidade, Maria Clara corre o risco de não poder representar a juventude da capital na conferência por falta de dinheiro para as passagens aéreas. “Não tenho condições financeiras para comprar as passagens de ida e volta de Brasília até Lahore. Por isso, estou realizando campanhas de arrecadação on-line e também vendendo rifas e algumas coisas que faço para que a minha participação se torne realidade”, diz.

As passagens custam R$ 5,2 mil. Até agora, Maria conseguiu R$ 3,8 mil. As despesas com alimentação, alojamento e transporte doméstico durante o período de conferência são cobertas pelos organizadores, mas a jovem tem até 10 de novembro para apresentar as passagens e garantir sua participação na conferência.

“Essa conferência proporciona um espaço para a discussão de temas muito importantes e necessários de serem discutidos, ainda mais no atual cenário que estamos vivendo no Brasil. Se eu conseguir arrecadar o valor necessário, essa será a minha terceira vez representando o Brasil e minha comunidade em nível internacional”, destaca.

Maria Clara diz que o fomento à educação e a troca cultural são ferramentas poderosas que podem fortalecer imensamente os laços entre os países e a educação entre os jovens do mundo todo. “Sinto-me muito honrada em representar a capital e aprender as coisas novas, sobre outras realidades, e poder aplicar na minha comunidade depois.”

Estabilidade
O International Youth Summit of Lahore é uma iniciativa do Centro de Pesquisa e Prática em Sustentabilidade (CSRP) da Universidade de Lahore, cidade da província do Panjabe, no Paquistão. O evento ocorrerá entre 26 de novembro e 2 de dezembro. Foram selecionados 278 delegados de 75 países. Durante o processo seletivo, Maria Clara disputou a vaga com 4 mil pessoas de mais de 100 países.

Na programação, que envolve palestras, workshops e debates, serão abordados temas que incluem o envolvimento das sociedades na promoção de comunidades estáveis e seguras, baseadas na proteção dos direitos humanos. Além disso, a cúpula vai promover um espaço para que os jovens selecionados de vários países manifestem suas identidades culturais.

O fórum usará um processo dinâmico de promoção de valores, relações e instituições que permitam aos jovens a participar da vida social, econômica, cultural e política nas bases da igualdade, direitos e dignidade. Diretor executivo do fórum e responsável pela iniciativa, Naseem Khan Achakzai conta que o objetivo é focar em encontrar soluções para os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas com uma abordagem liderada por jovens.

“Em segundo lugar, é importante mostrar ao resto do mundo que o Paquistão não é o que eles veem por meio das lentes da mídia internacional, mas é um país bastante pacífico com pessoas amorosas. O primeiro encontro internacional de jovens, no ano passado, provou ser um sucesso em muitas frentes, o que nos motivou a convertê-lo em uma série”, explica.

Para ele, reunir jovens líderes de todo o mundo em um país em desenvolvimento, como o Paquistão, é importante para que as nações interajam entre si e conheçam as questões da região. “Isso os ajuda a compreender melhor e também a criar uma forte rede de jovens internacionais trabalhando juntos pelos problemas que eles ou o mundo enfrentam. Eles vêm com ideias novas.”

O uso adequado da tecnologia é outro ponto importante para reunir nações e promover a paz mundial, segundo Naseem Khan Achakzai. “Vivemos na era da tecnologia e vamos fazer uso adequado dela, reunindo as pessoas para que conheçam as culturas e tradições de cada um. Só nós poderemos fazer deste mundo um lugar pacífico para viver”, conclui.

* Estágiaria sob a supervisão de Guilherme Marinho (especial para o Correio)




Como ajudar
Quem tiver interesse em apoiar a Maria Clara pode doar em uma vaquinha on-line criada pela estudante acessando https://www.vakinha.com.br/vaquinha/maria-no-paquistao. Quem tiver dúvidas sobre a conferência ou quiser ajudá-la de outras formas, pode entrar em contato pelo e-mail mariajclaras@gmail.com ou pelo telefone (61) 99585-4596 (Whatsapp). A campanha de arrecadação está aberta até 10 de novembro, data que Maria precisa apresentar as passagens para a organização do evento.
 
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Correio Braziliense terça, 23 de outubro de 2018

PEDACINHOS DO MUNDO: DOIS FESTIVAIS DE ANIMAÇÃO

 


Pedacinhos de mundo
 
Dois festivais de animação na cidade, com entrada franca, colocam em cena temas reflexivos e a difusão de linguagens alternativas para a sétima arte

 

» Ricardo Daehn
» Ronayre Nunes *

Publicação: 23/10/2018 04:00

Lé com cré traz entrevistas com crianças:  
Lé com cré traz entrevistas com crianças: "resultado engraçadíssimo"
 
Descobertas, autoconhecimento, confrontos, infância e  desgaste da rotina são alguns tópicos presentes nas 25 obras que compõem a programação da 15ª edição do Dia Internacional da Animação, mostra que terá sessões no Cine Brasília (EQS 106/107) e nas cidades de Ceilândia, Recanto das Emas e Brazlândia. Para chegar à seleção final, foram assistidos 160 inscritos.
 
O coordenador do evento em Brasília, Ricardo Roehe, destaca o potencial de fantasia, que dá liga às mostras segmentadas em infantil, nacional e internacional. “O público brasiliense adora cinema e o retorno da mostra é sempre muito positivo. O cinema de animação traz diferenciais: os filmes infantis permitem que adultos e crianças compartilhem a experiência; enquanto os títulos adultos surpreendem o público, pois não são muito vistos em função da dificuldade da entrada no circuito comercial”, avalia Roehe. Quanto ao público em potencial para o evento paira incerteza, uma vez que os estimados 100 mil interessados (em todo o Brasil) vão ter o calendário de programação flutuante, por causa da coincidência de data com o segundo turno das eleições.
 
Por isso, Brasília recebe a mostra (habitualmente projetada simultaneamente em 200 cidades nacionais, além de uma rede internacional) primeiro. No Cine Brasília (EQS 106/107), amanhã, a mostra infantil terá espaço em sessões às 9h30 e às 15h. Dia 27 de outubro, a mesma sala verá as mostras infantil, às 18h, seguidas das mostras nacional (às 19h) e internacional (às 20h). “As mostras sempre rendem debates, até por haver uma curadoria que abarca produção contemporânea de filmes que ainda não estão disponíveis em plataformas como YouTube, bem como produções consagradas que merecem ser revistas”, observa Fernando Gutiérrez, professor, diretor, animador e responsável pela programação do Recanto das Emas.
 
Passada a eleição, Gutiérrez idealiza agendar exibições em escolas, durante toda a semana, num total de 15 sessões. “Acho que um diferencial importante está nas atividades voltadas para os alunos, sempre participativos. Talvez, com melhoria na divulgação, tenhamos sessões menos modestas do que as do passado”, considera.

Piconzé lembra a produção de animações nacionais na década de 1970 (Ypê Nakashima/Divulgação)  
Piconzé lembra a produção de animações nacionais na década de 1970


A mostra comemorativa do Dia Internacional da Animação é realizada anualmente no Cine Brasília. (Ricardo Roehe/Divulgação)  
A mostra comemorativa do Dia Internacional da Animação é realizada anualmente no Cine Brasília.


Reflexão
 
Diante do caráter eficiente, no quesito da reflexão, o pacote de filmes de 2018 chamou a atenção de Fernando Gutiérrez. Ele explica que são produções diferentes em relação às dos grandes estúdios. “Os filmes são feitos com técnicas mais viáveis até mesmo para os alunos brasileiros. O cinema fica mais acessível e com temas próximos”, comenta. Além de recomendar o filme Homem na caixa (premiado no AnimaMundi), o professor destaca O malabarista, de Iuri Moreno. “É um filme que tem circulado por festivais internacionais. É um documentário em animação que fala do cotidiano dos malabaristas de rua”, explica.
 
Atento ao potencial de comunicação junto ao público, o organizador Ricardo Roehe dá aval especial a três títulos: Lé com cré, Piconzé e 60 segundos de oscuridad. O primeiro, segundo Roehe, traz “entrevistas com crianças sobre assuntos diversos  que foram usadas para criar um filme de stopmotion com resultados engraçadíssimos”. Já Piconzé, que terá apenas um trecho mostrado, “permite ver a qualidade do trabalho nos anos de 1970, no Brasil, e não fica atrás do que era produzido internacionalmente à época”. Por fim, a ficção científica 60 segundos de oscuridad vem baseada em cultuados quadrinhos que compõem El eternauta.
 
Com programação estabelecida para o dia 29 de outubro, em Ceilândia, a mostra feita por iniciativa da Associação Brasileira de Cinema de Animação terá como endereço a Praça do Cidadão (perto do centro, na EQNM 18/20). Integrante do programa social Jovem de Expressão, Dayana Correia (coordenadora local) conta que o grupo deixa a “porta aberta”, na busca da multiplicação do público. “O público é daqueles que frequentam o local, formado basicamente por crianças e jovens. Com outros elementos, como uso de stop motion e animação feita a partir de colagens, tudo bem diferente do 3D habitual, se desperta no público linguagens a disposição por produtos nem tão comerciais quanto aquele visto na tevê, por exemplo”, conclui.
 

Torre é animação para asultos sobre a ditadura (Estudio Teremim/Divulgação)  
Torre é animação para asultos sobre a ditadura

O evento, em Brazlândia
A cargo do Cineclube Confabule, com supervisão de Antônio Balbino, a 15ª edição do Dia Internacional da Animação estará em Brazlândia, em 8 de novembro, às 20h, com programação na Orla do Lago Veredinha (perto do Museu de Arte). Entre os filmes listados, Balbino comenta dois: 8 patas, de Fabrício Eduardo Rabachin, Gabriel Barbosa e Pietro Leonardo Nichelatti Nicolodi, e Torre, de Nádia Mangolini.
“8 patas retrata um medo comum a muitos: aranhas. Mas o legal nele é a mensagem de que podemos enfrentar nossos medos”, afirma Antônio. Sobre Torre, ele comenta que “em tempos tão duvidosos é sempre importante ouvir os relatos de outros tempos espinhosos, como o da ditadura.”


15ª edição do Dia Internacional da Animação
A partir de amanhã, no Cine Brasília (106/107 Sul). Sessões gratuitas às 9h30 e às 15h. Consulte a programação e a classificação indicativa no roteiro.
 
Grand Prix Animarte! Brasília 2018
Caixa Cultural Brasília (SBS Q. 4; 3206-9448). Até o próximo domingo, com sessões às 14h30 e às 16h. Entrada franca (com recebimento de doações opcionais de brinquedos destinados a ONG). Consulte a programação e a classificação indicativa no roteiro


Invisible é uma das produções exibidas nesta edição do Animarte! (Assessoria Um Nome/Divulgação)  
Invisible é uma das produções exibidas nesta edição do Animarte!

Quarenta países animados

A nova edição do festival de animação Grand Prix Animarte! trará para a cidade seleção do melhor da produção mundial aos espectadores. Serão exibidos 294 filmes na Caixa Cultural, realizados por jovens de 41 países. As obras estão espalhadas por 14 sessões, sob quatro blocos, em programação que segue até domingo. Abertas ao público, ocorrerão ainda oficinas de stop motion, animação com recortes e linguagem experimental.
 
“O objetivo é promover uma formação de público e de profissionais. Além disso, tem toda a discussão temática: neste ano, falamos sobre sustentabilidade, uma questão importante. A maioria dos filmes não está disponível na internet, nem nos cinemas, e por isso eles são muito valiosos. As pessoas têm a chance do contato com filmes que fogem do convencional, e isso tem a ver com a visão do jovem, que tem uma produção mais criativa, sempre ancorada em temas sociais, políticos” explica Alexandre Juruena, diretor do Animarte.! O braço brasiliense do festival faz parte da forma itinerante do Animarte!, que neste ano tem como sede o Rio de Janeiro, passando ainda por São Luiz e São Paulo.
 
Intercâmbio
 
O aspecto da internacionalização do cinema na capital é destacado por Alexandre Juruena. Ele aponta o intercambio cinematográfico como uma das bases do festival que chega à 13ª edição: “Os jovens brasileiros só têm a ganhar com essa integração, há um ganho cultural por ter contato com esses costumes e formas de ver o cinema e a animação mundo afora. Uma das bandeiras do festival é o ensino do audiovisual, desde as idades mais tenras, e afunilamos a popularização da linguagem da animação por meio da produção internacional”.
 
A atual edição demonstra que o Brasil não apenas recebe o que é feito lá fora, mas se posiciona como importante polo de produção. “O festival está se popularizando cada vez mais na cena internacional. Este ano foram em torno de 1500 inscrições, com países de todos os continentes: houve recorde. Há ainda a novidade de o festival ter convidado internas do centro de detenção feminino de Brasília para participar das oficinas, e esperamos que essa experiência seja positiva para elas. O cinema é uma importante forma de educação também”, acrescenta Juruena.
 
* Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader.
 
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Correio Braziliense segunda, 22 de outubro de 2018

ATOA PRÓ BOLSONARO EM TODO O PAÍS

 


Atos pró Bolsonaro em todo país
 
Em Brasília, manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios, mesmo com risco de chuva. Em outras 56 cidades de São Paulo, Rio, Minas, Goiás, e em capitais de estados do Nordeste, apoiadores também saíram as ruas

 

LUCAS VALENÇA
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 22/10/2018 04:00

 

Encontro brasiliense começou de manhã em frente ao Museu Nacional (Barbara Cabra/Esp.CB/D.A Press)  
Encontro brasiliense começou de manhã em frente ao Museu Nacional

 

Em carreata, apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) contornaram a Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes se reuniram do Museu Nacional e seguiram em direção ao Congresso Nacional, onde tiveram de aguardar até que uma das pistas fosse liberada. Horas antes, uma corrida de 21 quilômetros — meia-maratona —, acontecia no local. Carreatas e manifestações foram vistas em diversas cidades do país.

Em Brasília, três carros de som foram utilizados na manifestação de apoio a Bolsonaro que, na avaliação dos organizadores, reuniu cerca de 100 mil pessoas. A Polícia Militar não avaliou o público. José Alves, de 55 anos, um dos organizadores, disse que a possibilidade de chuva não impediu os apoiadores de irem ao movimento. “O povo está unido, faça chuva ou faça sol não vai fazer a diferença. O importante é estarmos imbuídos de mudarmos a história de nosso país”, afirma.

Vestido com as cores verde e amarelo, o psicólogo Alexandre Dantas, de 56 anos, disse ter “certeza absoluta” de que o capitão reformado sairá vitorioso nas eleições, Dantas explicou que duas propostas levaram-no a votar em Bolsonaro. A primeira é a redução da maioridade penal para 16 anos. Já a segunda, é relacionada à seca enfrentada há séculos pela região Nordeste. “Há uma proposta do Bolsonaro no sentido de trazer tecnologias israelenses para acabar com a seca que devasta aquela população”, contou.

Além de Brasília, manifestações a favor de Bolsonaro, também foram 56 cidades do país.

 Em São Paulo, os movimentos aconteceram nas cidades de Jundiaí, Araçatuba, Mogi das Cruzes e Santa Isabel, além da capital paulista. No Rio de Janeiro, parcela da população esteve na praia de Copacabana. Capitais nordestinas — Recife (PE), Salvador (BA) e Maceió (AL) — também tiveram a presença de apoiadores do candidato, assim como em Belém e várias cidades de Minas Gerais, Goiás e Amazonas.

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Correio Braziliense domingo, 21 de outubro de 2018

AFFONSO HELIODORO DOS SANTOS: O ADEUS A UM DOS ÚLTIMOS PIONEIROS

 

O adeus a um dos últimos pioneiros
 
Morreu ontem, aos 102 anos, Affonso Heliodoro dos Santos, último remanescente da equipe de JK. Ele foi subchefe do Gabinete Civil da Presidência, participou da criação da capital, criou o Memorial JK e esteve à frente do Instituto Histórico e Geográfico do DF por 20 anos

 

Pedro Grigori
Jairo Macedo
Especiais para o Correio

Publicação: 21/10/2018 04:00

Mineiro criou memorial em homenagem ao amigo e o comandou até 1997 (Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 27/8/10)  
Mineiro criou memorial em homenagem ao amigo e o comandou até 1997



 
Brasília perdeu, na manhã de ontem (20), um dos últimos de seus pioneiros. Affonso Heliodoro dos Santos, conhecido como coronel Affonso, morreu em Belo Horizonte (MG), aos 102 anos. Hospitalizado desde a última quinta-feira (18) na capital mineira, ele faleceu em decorrência de problemas no coração e fraqueza por causa da idade avançada. Amigo de Juscelino Kubitschek desde a juventude em Diamantina (MG), ele era o último integrante vivo da equipe principal do ex-presidente da República. Advogado e escritor, ocupou o cargo de subchefe do Gabinete Civil da Presidência durante o governo JK, de 1957 a 1961, e trabalhou direta e decisivamente na construção de Brasília. O velório ocorrerá hoje, no Cemitério da Colina, em Belo Horizonte. A pedido dele, o corpo será cremado.
 
Heliodoro nasceu em 16 de abril de 1916. Conheceu Juscelino ainda criança e chegou a ser aluno da mãe de JK, Júlia Kubitschek, que foi professora primária em Diamantina. Ele se formou bacharel em direito pela antiga Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, na capital fluminense. Em 1933, aos 17 anos, ingressou na Força Pública, como era chamada a Polícia Militar de MG à época. Em 1951, Heliodoro assumiu o Gabinete Militar no governo do estado, quando Juscelino se elegeu governador. Cinco anos depois, estava ao lado do então presidente quando foi assinado o documento que pedia ao Congresso Nacional a criação da nova capital no coração do Centro-Oeste, em 1956. Naquele mesmo ano, Affonso Heliodoro visitou, pela primeira vez, a região onde Brasília seria construída.
 
“Para nós, da família Kubitschek, foi o melhor dos amigos”, declarou o empresário e ex-político Paulo Octávio, marido da neta do ex-presidente, Anna Christina Kubitschek. “Um homem dedicado à história de Juscelino, companheiro dele e grande defensor da construção de Brasília. Affonso Heliodoro dos Santos soube honrar, com a maior das humildades, todo o legado dos pioneiros que construíram a Capital Federal.” O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, sintetizou a trajetória do pioneiro como “uma vida centenária dedicada ao país e a Brasília”. Em nota, Rollemberg o descreveu: “Homem simples, de gestos firmes, escreveu sua trajetória militar e política ao lado do fundador da capital do Brasil, Juscelino Kubitscheck, de quem foi um amigo leal e companheiro da epopeia de construção de Brasília. Tive o privilégio de conhecê-lo, me tornar seu amigo e poder ouvir dele relatos da fantástica jornada de construção de Brasília”.

Dedicatória de Juscelino a ele em livro ( Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 27/8/10)  
Dedicatória de Juscelino a ele em livro


Família e amigos
 
Aos 7 anos, Heliodoro perdeu o pai, delegado, durante uma investigação policial em Salinas, no norte do estado. A partir de então, a mãe criou, sozinha, os oito filhos do casal. 95 anos mais tarde, ele partiu, deixando três filhos, 12 netos e bisnetos. “Meu avô era um quadro pintado pelos deuses para a família”, diz o neto Pedro Ivan Tupy Filho, 48 anos. “Convivi muito com ele e posso dizer que tive dois pais na vida”, afirma o empresário. Quanto à atuação pública, Pedro afirmou: “Ele foi de grande importância para nosso país, para Brasília e para o momento de desenvolvimento do país. Apesar de não ter vivido naquela época, sei que até hoje as grandes obras construídas por ele e a equipe de Juscelino Kubitschek ainda perduram”.
 
Adirson Vasconcelos, jornalista, historiador e ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, órgão que o coronel também presidiu, lembrou o espírito de ação do pioneiro. “Cada obra de JK, a partir de seu lançamento, tinha começo, meio e fim previstos. Dentro dos princípios administrativos mais modestos, essa meta se submetia a um cronograma rigoroso. É aí que entra Affonso Heliodoro, a pessoa no governo pronta para isso”, descreve. Para o advogado Paulo Castelo Branco, amigo de Affonso, o coronel foi uma grande personagem de Brasília e do Brasil, fundamental para a criação da capital e um dos responsáveis pelo plano de metas de JK. “Uma das pessoas mais bem-humoradas que conheci, boa gente, sempre falante e cordial”, lembra. “Ele tinha também a admiração de todos pela sua lealdade à família Kubitschek, não só ao Juscelino, mas também à Sarah, à Márcia, à Anna Cristina, minha mulher. É como se fosse um pai para elas”, acrescenta Paulo Octávio.

Coronel:  
Coronel: "Eles (militares) eram visceralmente contrários a Juscelino Kubitschek"


Companheirismo
 
Após a presidência de Juscelino Kubitschek, Affonso Heliodoro manteve-se ao lado do amigo nos momentos mais críticos de sua vida. Em matéria do Correio por ocasião de seu centenário, Heliodoro lembrou que os planos de JK contrariavam diversos interesses, em especial os norte-americanos. “Eles não tinham interesse no desenvolvimento do país, por isso, eram visceralmente contrários a Juscelino”, disse. Quando o Golpe Militar se tornou realidade, ele estava junto a Kubitschek no apartamento dele no Rio de Janeiro. “Ficamos atordoados com a notícia, mas ainda não tínhamos noção do alcance daquele atentado à democracia”, afirmou.
 
JK permaneceu como senador até 8 de junho de 1964, quando teve os direitos políticos cassados pelo então presidente Castello Branco. Dias depois, embarcou para exílio voluntário na Europa e nos Estados Unidos. Nesse período, o coronel esteve com o velho amigo em Paris. “Foi muito importante a presença dele, era um verdadeiro irmão. Kubitschek dizia que se sentia exilado e deprimido fora do país, mas a presença de Affonso alegrava qualquer ambiente”, recorda Adirson Vasconcelos. Ele confidencia que Juscelino descrevia o amigo como “meu Cirineu”, em alusão ao personagem bíblico que ajudou Jesus a carregar a cruz.

Com a esposa, Maria da Conceição Cabral  (Carlos Vieira/CB/D.A Press - 28/12/15)  
Com a esposa, Maria da Conceição Cabral


História viva
 
De volta ao DF, Heliodoro liderou a criação do Memorial JK, em 1981, o qual comandou até 1997. Anna Christina Kubitschek, neta do ex-presidente e atual presidente do Memorial, lamentou, em nome da instituição, “a perda do amigo, pioneiro e conselheiro, coronel Affonso Heliodoro”. Ela o descreve como “um homem que construiu uma história de amor ao Brasil e em especial a Brasília, essa cidade símbolo da capacidade realizadora dos brasileiros”, afirmou Anna Christina. “Sempre que eu promovia algum evento com pessoas que ajudaram na construção da Capital Federal, eu o convidava para fazer alguma palestra e contar sobre essa epopeia bonita que foi Brasília”, recorda Paulo Octávio. “Ele conhecia todos os detalhes, todas as adversidades pelas quais JK passou. Ele tinha uma memória prodigiosa e dava uma aula. Era um verdadeiro professor da história de Brasília. É um dos heróis de Brasília.”
 
Coronel Affonso presidiu o Instituto Histórico e Geográfico do DF por 20 anos. “Ele era a alma do instituto”, descreve William Dálbio de Carvalho, atual 1º vice-presidente do órgão. “O papel do instituto é o da preservação da memória de Brasília e, quanto a isso, ele atuou de maneira decisiva, porque viveu a construção intensamente. Mesmo quando deixou a presidência, continuou presente”, diz. O coronel ainda encontrou tempo para escrever oito livros, entre ficção, crônicas e memórias de Brasília e do amigo JK. “Décadas depois, Affonso ainda amava Brasília, enxergando seu papel desenvolvimentista na região Centro-Oeste, antes desértica. A capital passou a interligar o Brasil de norte a sul, abrindo estradas e promovendo a integração nacional”, conclui, emocionado, Adirson Vasconcelos.
 
Jornal Impresso
 

Correio Braziliense sábado, 20 de outubro de 2018

MAIS PANCADAS DE CHUVA

 

Mais pancadas de chuva
 
 
No dia mais chuvoso da primavera, brasilienses enfrentaram ruas alagadas, com acidentes e carros atolados, ontem. Fim de semana terá novas tempestades

 

» AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 20/10/2018 04:00

Uma árvore caiu sobre dois veículos e atingiu a rede elétrica, no Paranoá (CBMDF/Divulgação)  
Uma árvore caiu sobre dois veículos e atingiu a rede elétrica, no Paranoá
 
Após um longo período de temperaturas elevadas e baixa umidade, o Distrito Federal sofreu com tempestades ontem. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as precipitações chegaram à 39,6 milímetros, o sexto maior índice de 2018, e foi o dia mais chuvoso da primavera, que começou em 22 de setembro.

Segundo informações do Inmet, não chovia tão forte assim desde 16 de abril, quando o órgão registrou 50mm de precipitações. Só com as chuvas de ontem, outubro ultrapassou as marcas de maio (11mm), junho (0mm), julho (0mm), agosto (21,1mm) e setembro (38,6mm). A tendência é que os temporais continuem neste fim de semana.

“A partir de agora, os brasilienses terão de se acostumar com as chuvas. A primavera é uma época de transição entre a seca e o período chuvoso. Por isso, nas primeiras semanas tivemos altas temperaturas, mas agora, com a estação chegando à metade do seu tempo de duração, as precipitações serão mais frequentes”, explicou a meteorologista do Inmet Maria das Dores de Azevedo.

A meteorologista disse ainda que as chuvas serão mais constantes é a média histórica de precipitações em outubro é de 159,8mm. “Este é um mês que costuma ser chuvoso. Portanto, será normal, daqui em diante, mais ocorrências de chuvas, incluindo tempestades com granizo, ventos fortes e descargas elétricas”, acrescentou.

Para hoje e amanhã, a previsão é de céu nublado a encoberto com pancadas de chuva e trovoadas. A temperatura não deve subir muito, e vai variar de 18ºC a 26ºC neste sábado, e de 18ºC a 24ºC, amanhã.
 
Lamaçal
 
As chuvas de ontem foram tão fortes que o Inmet emitiu um alerta meteorológico de perigo. Nesse grau de risco, as tempestades são acompanhadas de ventos entre 60 e 100km/h e há possibilidade de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores e alagamentos. Em Vicente Pires, por exemplo, diversas ruas foram tomadas pela água.

Um ônibus da empresa São José atolou na Rua 10 e só foi retirado do local mais de quatro horas depois. Motorista do coletivo, William Rocha, 41 anos, disse que transportava cerca de 50 passageiros quando a parte dianteira do veículo “simplesmente afundou no asfalto”.

“Não tinha buraco algum na pista, mas, de repente, o asfalto cedeu. Ainda bem que eu estava devagar, caso contrário, teria arrancado toda a suspensão do ônibus. Em 17 anos como motorista, nunca tinha passado por uma situação como essa”, lamentou. O para-choque do veículo ficou danificado.

Vendedor em uma loja de serviços automotivos, Odelson Lopes, 30, deixou o trabalho de lado para limpar a lama que entrava na oficina. Segundo ele, a situação se repete todas as vezes que acontece uma forte enxurrada na cidade. “É lamentável e até desumano. Perdemos quase o dia inteiro só por conta da chuva”, disse. “O pior de tudo é que esse problema não será resolvido tão cedo”, queixou-se.
 
Prejuízos
 
Os incômodos se repetiram em outros pontos do DF. Na Quadra 6 do Paranoá, uma árvore caiu sobre dois veículos e atingiu a rede elétrica, mas não deixou feridos. No Gama, dois acidentes automobilísticos aconteceram próximo ao Presídio Feminino. Em um deles, um homem de 37 anos capotou com um caminhão e foi ser transportado ao Hospital Regional do Gama com dores na região da coluna vertebral e escoriações.

Em Águas Claras, a chuva provocou um curto-circuito em uma escola, na Rua 14. Um cabo subterrâneo da instituição de ensino foi danificado, o que causou pequenas explosões, provocando pânico em estudantes e professores. O colégio precisou ser evacuado e as aulas da tarde foram canceladas. Mesmo assim, ninguém se feriu e a estrutura do prédio não sofreu danos.

O Corpo de Bombeiros atendeu duas ocorrências no Plano Piloto. Na mais grave, uma mulher de 25 anos bateu o carro na traseira de um ônibus escolar, a poucos metros da Ponte Juscelino Kubitschek. Ela contundiu o rosto e sofreu uma hemorragia no nariz. Após os primeiros socorros, os militares a levaram ao Hospital de Base.


Aguaceiro

Os dias mais chuvosos do ano
8 de fevereiro  80mm
5 de março   62mm
4 de fevereiro   52mm
16 de abril   50mm
4 de abril   48mm
19 de outubro   39,6mm
 
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Correio Braziliense sexta, 19 de outubro de 2018

ELES CONTROLAM OS ARES

 


Eles controlam os ares
 
Conheça a rotina de homens e mulheres que passam o dia de olho nos computadores, nas pistas do aeroporto e no céu para garantir a segurança dos pousos e decolagens na capital

 

» Marcus Lacerda
Especial para o Correio

Publicação: 19/10/2018 04:00

Quem trabalha na torre lida visualmente com os aviões, observando aterrissagens, decolagens e o taxiamento (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Quem trabalha na torre lida visualmente com os aviões, observando aterrissagens, decolagens e o taxiamento
 


“Senhores passageiros, preparar para decolagem”, diz o piloto com voz calma e transmitindo segurança. Com uma mão nos instrumentos do avião, ele fica de ouvido ligado nas instruções que lhe são passadas. Apesar de ter todo um horizonte à frente, ao longo da trajetória de sua rota, vai contar com a ajuda de homens e mulheres que o observam por telas com círculos e números que dizem se está tudo bem ou se alguma medida deve ser tomada, até que o avião pouse e seus passageiros e tripulação desçam dele. “Se um avião tiver uma pessoa, o piloto só, ele já é importante para nós”, garante o capitão da Aeronáutica André Buarque, com 30 anos de experiência. Amanhã é comemorado o Dia do Controlador de Voo, profissionais que cuidam da segurança de aeronaves da pista aos ares para as pistas de volta.
 
Em Brasília, os controladores de tráfego aéreo da Força Aérea Brasileira (FAB) trabalham no Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I), localizado nas dependências do terminal administrado pela Inframerica. O sistema funciona 24 horas e os controladores se revezam em turnos de sete horas e meia ou nove horas de trabalho.
 
Antes de ingressar na FAB, o candidato a controlador precisa ser aprovado em concurso público. Os aprovados no processo seletivo passam pela fase de capacitação, que inclui a adaptação à atividade militar e o curso de controlador de tráfego aéreo em escolas especiais. Entre outras habilidades exigidas, é necessário ter um conhecimento amplo em meteorologia, navegação aérea, geografia, inglês, amplo conhecimento de aeronaves e também de todas as normas de tráfego aéreo.
 
Organização
 
Ao contrário do que a imaginação popular desenha, os controladores de voo não trabalham só nas torres de aeroportos. Na verdade, aqueles que trabalham nesse lugar específico lidam visualmente com as aeronaves observando aterrissagens, decolagens e o taxiamento dos aviões. Outro controlador de voo com o qual os pilotos contam são os que trabalham nos Centros de Controle de Aproximação. Em um raio de 40 milhas (cerca de 64km), eles organizam a fila de aviões que sobe e desce dos aeroportos. “As aeronaves devem ser mantidas a no mínimo 1.000 pés de distância uma da outra, isso é um pouco mais de 300 metros”, explica Iveh Rocha, controladora de voo e 2ª sargento da Aeronáutica.
 
A terceira peça no controle de voo é o controle de área, realizado no Brasil em quatro perímetros. O Centro de Controle de Área em Brasília cobre boa parte de Minas Gerais, de São Paulo, do Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo. “Temos a área com maior fluxo de voos, apesar de ser uma das menores”, pontua o controlador e 2º sargento Raphael Almeida. Contando com equipamentos, eles mantêm os aviões em rota e alertam para eventualidade de clima. “Mesmo vendo aqui, nós dependemos do piloto nos dizer se a nuvem está acima ou abaixo dele”, explica o capitão André Buarque. Na tela do equipamento, cada aeronave aparece como um círculo e junto a ela sua identificação, matrícula, velocidade (em nós) e altura (em pés).
 
Confiança
 
No decorrer de um voo, a aeronave começa no solo sob a responsabilidade do controlador de voo da torre. Uma vez que a torre não tenha mais contato visual, um controlador em um centro de aproximação vai guiá-lo na sequência de aviões que saem dali. Já em altitude de cruzeiro, ele passa a receber instrução de outro controlador, este num centro de controle de área. Quando da descida, essa ordem se inverte.
 
A relação entre controladores de voo e pilotos depende de muita confiança. “A gente também depende de informações de pilotos para atualizar os outros pilotos”, comenta o capitão Buarque. Por esse mesmo motivo, controladores e pilotos são levados a terem contato com os ambientes de trabalho um do outro: o controle e a cabine. “O intercâmbio de conhecimento é muito bom, porque a gente consegue entender quais são as necessidades da aviação hoje por meio dos pilotos, e eles podem observar nossa linha de raciocínio”, aponta a 2ª sargento Iveh Rocha.
 
O trabalho dos controladores varia muito com o fluxo do tráfego aéreo. “Quando há maior demanda, precisamos tomar medidas para o controle de fluxo, como redução da velocidade das aeronaves em voo e suspensão das decolagens em terra. Mas num ritmo tranquilo, a gente trabalha muito com antecipação. Se der para agilizar o voo, a gente vai fazer”, afirma a 2ª sargento Iveh.
 
O capitão André Buarque faz uma analogia do controle de tráfego aéreo com um cruzamento de vias numa cidade. “Você tem um cruzamento que não tem muito tráfego, você não precisa botar nada lá. Começou a aumentar um pouco, você coloca uma sinalização, um semáforo, tem de tomar conta desse cruzamento para não ter acidente. A mesma coisa acontece com os aeródromos”, compara o oficial.

Iveh Rocha pretednia ser piloto, mas se realizou como controladora   (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Iveh Rocha pretednia ser piloto, mas se realizou como controladora


Raphael Almeida: reponsabilidade pela área com maior número de voos (Minervino Junior/CB/D.A Press)  
Raphael Almeida: reponsabilidade pela área com maior número de voos


Tecnologia
 
Com 30 anos lidando com controle de voo, André Buarque chegou a lidar com a aviação sem radares. “A gente controlava apenas pela frequência de rádio. O básico do controle de voo é você ter o contato de rádio com a aeronave. A gente preenchia uma ficha com as informações do plano de voo e controlava as aeronaves assim”, conta o capitão.
 
O capitão André Buarque lembra, com bom humor, dos primeiros contatos com o radar. “A tela era monocromática. A gente costumava dizer que o controlador de voo podia ser daltônico”. Hoje, o sistema agrega informações de condição das aeronaves por cores, tais como transferência de nave entre controladores, pouso, decolagem, situação de perigo.
 
Em 29 de setembro de 2006, o voo 1907 da Gol que ia de Manaus até o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com escala em Brasília chocou-se com um jato Embraer Legacy 600. O acidente vitimou 154 pessoas, sem sobreviventes. André Buarque lembra de estar no controle do Cindacta 1 no dia do acidente, e vê nele um ponto de mudança no trabalho da equipe do controle. “Após aquele acidente, nosso nível de atenção aqui subiu e nosso maior trabalho é nos manter sempre alertas”, afirma o capitão.
 
Para minimizar a possibilidade de erro, na sala do controle de tráfego aéreo do aeroporto de Brasília, o foco é apenas no trabalho. Há inclusive uma placa alertando sobre a proibição de usar celular. Também não há permissão para aparelhos de TV ou de rádio.
 
Mulheres
 
Mais da metade do efetivo do controle no Cindacta I é composto por mulheres. Iveh Rocha cresceu voando de ultraleve com o pai no Rio Grande do Sul. Pretendia ser piloto, mas encontrou na carreira de controladora de voo uma realização. “A gente sente muita satisfação vendo que a gente está mantendo as pessoas seguras enquanto estão voando. Sempre que eu estou controlando, eu imagino que seja um ente querido meu que está voando”, ela diz.
 
Segundo o capitão Buarque, houve um tempo em que os pilotos eram críticos a controladoras de voo. “Você tinha um pessoal que falava que mulher não dava conta. Hoje já se vê que é notável o quanto elas têm atenção e prestam atenção a detalhes”, o veterano pontua. A 2ª sargento Iveh não vê muitos problemas na carreira enquanto mulher. “A gente se sente muito entrosada com a equipe, os pilotos já estão acostumados a ouvir nossa voz e têm muitas mulheres pilotando.”
 
 
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Correio Braziliense quinta, 18 de outubro de 2018

NEIL ARMSTRONG: INTERMINÁVEL JORNADA PARA A HUMANIDADE

Interminável jornada para a humanidade
 
Não é apenas o passo definitivo para o homem que fez de Neil Armstrong um ícone mundial. A força central do roteiro de O primeiro homem: o filme, com estreia hoje, transpira dramas pessoais

 

Ricardo Daehn

Publicação: 18/10/2018 04:00

 (Jessica Quinalha /NBCUniversal
)  
 
 
Num cenário promissor, O primeiro homem, filme em torno da corrida espacial dos anos de 1960, aglomera talentos de peso — dirigido pelo mais jovem vencedor do Oscar de melhor diretor Damien Chazelle. O longa ainda inclui o astro de La la land (criado por Chazelle, em 2016, com direito a seis estatuetas douradas) Ryan Gosling, ao reafirmar um ícone inconteste de todo e qualquer livro de viagem espacial: Neil Armstrong, o pioneiro astronauta a pisar o solo lunar. Cineasta da obsessão moderna na sétima arte — à frente de filmes como Whiplash — Em busca da perfeição (2014) e do musical de coreografias milimetradas La la land, Damien Chazelle recorreu, por exemplo, ao instrutor Frank Hughes, a serviço da Nasa no treinamento de Armstrong, para dar dicas para a preparação do protagonista Ryan Gosling, desde já a caminho de possível terceira indicação ao Oscar de melhor ator.
 
Tendo por produtores executivos um punhado de profissionais de cacife, entre os quais Steven Spielberg e Adam Merins (Em ritmo de fuga), O primeiro homem recria momentos repletos de tensão, ao abordar a inaugural investida do homem rumo à Lua. “Se alguma pessoa falhasse, o projeto fracassaria”, sublinhou em material de divulgação do filme Marty Bowen (o mesmo da saga Crepúsculo), produtor alinhado, em função, a Wyck Godfrey (do sucesso A culpa é das estrelas). Até a consumação da missão Apollo 11, os espectadores do filme não deparam apenas com obstáculos tecnológicos. O primeiro homem abraça muitos dramas pessoais experimentados por Neil Armstrong ao lado da mulher dele, Janet (interpretada por Claire Foy, presente na série The crown).
 
Historiador dos ramos da ciência e da tecnologia, James R. Hansen foi outro nome a estruturar a transposição para as telas de oito anos essenciais na trajetória de Neil Armstrong, que culminaram no feito máximo de chegar à Lua, em 1969. Antes da morte do astronauta, em 25 de agosto de 2012, o autor Hansen quebrou a reticência do recluso personagem da história mundial, que permitiu e colaborou para a escrita de uma biografia. O primeiro homem chega aos cinemas sob a cuidadosa tutoria indireta de Mark e Rick, filhos de Armstrong, capazes de talharem uma imagem menos endeusada do pai, mas, nem por isso, desatenta da capacidade de ele enfrentar obstáculos.
 
“As cápsulas espaciais eram frágeis e muito apertadas: imperava uma tecnologia primitiva”, simplificou o ator Ryan Gosling à imprensa estrangeira, ao falar dos desafios reais de Armstrong. Sob viés, por momentos, documental, o longa chega aos cinemas, com a declarada pretensão de Damien Chazelle de “enfatizar o quanto era assustador viajar para o espaço”. No campo técnico, O primeiro homem reúne nomes como Linus Sandgren (de A trapaça), diretor de fotografia, e Tom Cross (Joy: o nome do sucesso), responsável pela edição.
 
Tranquilidade, em face ao risco, e um foco ilimitado no trabalho estão entre as qualidades ressaltadas pelo produtor Wyck Godfrey, quando ele divaga sobre a figura central de O primeiro homem. “Ele ocupava a cabine de comando e tomava decisões instantâneas”, já demarcou Godfrey, ao contar da capacidade de Armstrong suplantar adversidades, especialmente aquelas de escala privada. O roteiro do filme foi criado por Josh Singer, mestre de intrigas e tensões presentes em filmes como Spotlight — Segredos revelados e The Post — A guerra secreta.
 
A vida doméstica de Neil Armstrong também ocupa muito da tela, com a presença da esposa dele, Janet (papel de Claire Foy) (Jessica Quinalha /NBCUniversal
)  
A vida doméstica de Neil Armstrong também ocupa muito da tela, com a presença da esposa dele, Janet (papel de Claire Foy)
 
Pés na Lua e na cozinha
 
Com acesso a mais de 700 páginas de pesquisas para a elaboração do livro assinado por James R. Hansen, Ryan Gosling abriu na equipe a frente de caminho entre “a cozinha (numa referência da vida doméstica de Armstrong) e Lua”, alvos para a certeira caracterização do protagonista. Se a missão que encerrava “loucura e perigo” (nas palavras de Ryan) foi cumprida, Damien Chazelle dissecou em filme os programas da Nasa atrelados à base do Cabo Canaveral, sem perder de vista o impacto emocional do ineditismo de cada missão (fosse da fase da Gemini ou da Apollo), dando ênfase às “batidas de coração” inerentes aos feitos nunca experimentados.
 
Para além da unidade de trabalho entre ator e diretor (incrementada na dinâmica de improvisos no roteiro), a recriação da vida de Armstrong, por Gosling, esbarrou em semelhanças notadas pelo escritor no próprio ator: “Ryan é introspectivo, metódico, quieto e modesto”, comentou a publicações internacionais. Representados em cena, os astronautas Buzz Aldrin (segundo homem a pisar na Lua, e interpretado por Corey Stoll) e Mike Collins (Lukas Haas, de A testemunha) não ganham demasiada relevância, mesmo tendo sido colegas de voo de Armstrong.
 
Dono de destino trágico, Ed White (personagem pioneiro, feito por Jason Clarke) ganha destaque, junto com o piloto espacial Roger Chaffee (Corey Mitchel Smith) e o terceiro homem a pisar na Lua, Pete Conrad (Ethan Embry). Interessante também é notar a inclusão na produção de duas peças musicais: Lunar Rhapsody (uma das favoritas do astronauta em pauta) e Egelloc, um musical que ele mesmo criou, nos tempos da juventude. O premiado compositor Justin Hurwitz (de La la land) assina a trilha sonora da fita.
 
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Correio Braziliense quarta, 17 de outubro de 2018

JUSTIÇA ELEITORAL: GUERRA PERDIDA CONTRA AS FAKE NEWS

 

Guerra perdida contra as fake news
 
Justiça Eleitoral não consegue impedir a propagação de notícias falsas, principalmente, pelo WhatsApp, aplicativo em que é quase impossível acessar conteúdos. Até a presidente do TSE foi alvo de mensagem intimidatória

 

» Renato Souza
» Lucas Valença
Especial para o Correio

Publicação: 17/10/2018 04:00

Polícia Federal vai investigar mensagem de tom intimidatório encaminhada por internauta à ministra Rosa Weber (Evaristo Sá/AFP)  
Polícia Federal vai investigar mensagem de tom intimidatório encaminhada por internauta à ministra Rosa Weber


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não conseguiu segurar a onda de notícias falsas nas eleições deste ano. A avaliação interna dos ministros da Corte é que a guerra contra as fake news foi perdida. Esse cenário ficou evidente com a quantidade de notícias inverídicas que circularam no último dia 7, quando 117 milhões de brasileiros foram às urnas no primeio turno de votação. Uma videoconferência realizada ontem com representantes do WhatsApp revelou que a situação é ainda mais séria, pois os dirigentes do aplicativo disseram que não é possível controlar as mensagens que circulam entre os usuários.

A boataria que se espalha na rede atingiu até a presidente do Tribunal, ministra Rosa Weber. Em uma mensagem enviada à Corte por meio de uma rede social, um internauta afirma que o candidato “Jair Bolsonaro já está eleito” e que haverá reações se isso não se confirmar no resultado da apuração. “Espero que a senhora fique de olho. E só um aviso, com todo respeito”, diz um trecho da mensagem. A Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar o caso.

Essa é a primeira vez que a ministra Rosa Weber é citada diretamente em uma mensagem intimidatória enviada ao TSE. Inicialmente, a PF vai avaliar se o perfil do internauta que mandou o texto descreve um cidadão real ou se as informações foram inventadas para confundir as autoridades. Notícias falsas relacionadas a uma suposta paralisação dos caminhoneiros em reação ao resultado da votação tem se espalhando com intensidades nas redes sociais. Os casos revelam o fracasso da Corte e das autoridades em combater as chamadas fake news, que se espalham com mais força durante o período eleitoral.     

O aplicativo WhatsApp é o preferido de quem cria ou repassa informações inverídicas relacionadas à política. Ontem, após a videoconferência entre integrantes do Conselho Consultivo do TSE e representantes da empresa, o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Medeiros, falou da impossibilidade de combater, principalmente, as informações compartilhadas pelo aplicativo. “Eles se propuseram a oferecer para o TSE algumas ferramentas que não estão disponíveis ao usuário. Mas disseram que o sigilo das mensagens compartilhadas entre os usuários é tão sagrado que nem mesmo eles têm acesso. A própria configuração do WhatsApp torna difícil implantar outras ferramentas usadas em outras redes sociais, como a checagem dos fatos”, disse.    

Professor e pesquisador em comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina, Nilson Lage diz que o fenômeno das fake news tem afetado todos os países. Aconteceu na eleição americana, que elegeu Donald Trump, e na votação do Brexit, que levou a Inglaterra a deixar a União Europeia. No Brasil, houve a criação e o fortalecimento da chamada indústria da falsificação da informação. “Tornou-se mesmo uma indústria, importada dos EUA, e que gera muito dinheiro”, explica.

Lage, no entanto, acredita que o Judiciário brasileiro tem sido omisso no combate às notícias falsas. Para ele, quando interfere, o TSE atua no sentido de retirar conteúdo de todos os lados para se mostrar imparcial. “O TSE havia anunciado uma campanha contra as fake news, mas não fez nada. Tem se mantido omisso. A interferência dele, quando ocorre, é pontual”, critica o estudioso.

Para o professor, há uma cumplicidade em lidar com as notícias falsas de toda a sociedade. Assim, parece que o Estado não sabe como lidar com a situação. “Isso é algo que sempre existiu, mas que atinge agora uma dimensão inimaginável, pelos mecanismos que temos hoje”.


Remoção 

O TSE determinou a exclusão das redes sociais de  postagens que atingiam o candidato Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT.  No caso do chamado “kit gay”, amplamente criticado por Bolsonaro, o ministro Carlos Horbach considerou que o conteúdo não pode ser ligado a Haddad, pois jnão chegou a ser distribuído nas escolas. Bolsonaro, por sua vez, foi acusado de ter votado contra a Lei Brasileira de Inclusão, mas o projeto foi aprovado por unanimidade no Congresso 


YouTube sai do ar

Usuários de várias partes do mundo tiveram problemas com a rede de compartilhamento de vídeos YouTube na noite de ontem. Por conta do problema, o nome do site chegou a figurar na lista dos assuntos mais comentados do mundo no Twitter. Ao tentar entrar no site, o internauta se deparava com o plano de fundo padrão, mas não conseguia selecionar ou pesquisar nenhum vídeo. Alguns usuários relataram que tiveram a reprodução suspensa enquanto assistiam a vídeos. Pelo Twitter, a equipe pediu desculpas pelo inconveniente.
 
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Correio Braziliense terça, 16 de outubro de 2018

EQUIPE DE TEMER QUER FICAR COM BOLSONARO

 

Equipe de Temer quer ficar com Bolsonaro
 
 
Integrantes do time econômico atual vêm discutindo com representantes do candidato do PSL, que lidera as pesquisas de intenção de voto, a possibilidade de ficarem no novo governo. Alguns são nomes dados como certos

 

» VICENTE NUNES
» PAULO SILVA PINTO

Publicação: 16/10/2018 04:00

Dyogo Oliveira deve permanecer no BNDES pelo menos um ano. O que pesa contra ele é já ter trabalhado em governos petistas (Ed Alves/CB/D.A Press - 18/6/18)  
Dyogo Oliveira deve permanecer no BNDES pelo menos um ano. O que pesa contra ele é já ter trabalhado em governos petistas


Quem espera mudanças nos rumos da política econômica ou nos personagens que a conduzem a partir de janeiro pode acabar frustrado. Vários integrantes da equipe do presidente Michel Temer tendem a continuar exatamente onde estão caso vença a eleição Jair Bolsonaro (PSL), que, no momento, lidera as pesquisas de intenção de voto com folga. Alguns desses técnicos são muito bem-vindos e não vão precisar fazer muito esforço para isso. Outros estão empreendendo uma verdadeira guerra para garantir um lugar ao sol no próximo governo.

Paulo Guedes, o guru econômico do capitão reformado do Exército, já falou do desejo de deixar no cargo o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn — nesse caso, a aprovação da permanência é unanimidade no mercado. Guedes já demonstrou simpatia pública também pelo secretário do Tesouro Nacional, Mansueto de Almeida. Mas a lista de nomes é bem mais ampla. Segundo um analista de mercado, o responsável pela área econômica da campanha de Bolsonaro “já avisou que quer que praticamente a turma toda fique”.

Cafarelli, presidente do BB, é um dos que querem se manter e colaborar (Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press - 15/8/17)  
Cafarelli, presidente do BB, é um dos que querem se manter e colaborar

O presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, é um dos que querem permanecer. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, já sabe que deve ficar pelo menos um ano no cargo. Guedes o visitou na sede da instituição, no Rio. Caffarelli e Oliveira já ocuparam cargos importantes nas administrações petistas, o que atrapalha um pouco a escolha.

Caffarelli foi secretário executivo do Ministério da Fazenda na gestão de Guido Mantega. Oliveira foi secretário executivo adjunto antes, quando o cargo era ocupado por Nelson Barbosa, que mais tarde deixou o governo e voltou como ministro. Mansueto leva vantagem nesse caso: ele assessorou o PSDB em 2014 quando Aécio Neves disputou a Presidência e só passou a integrar o governo com Temer. Não trabalhou com os petistas.

Memória


O assessor econômico da Fazenda Marcos Mendes vem fazendo várias gestões para ser incluído na lista dos que ficam, mas nesse caso não há avaliação ainda da equipe do PSL quanto à conveniência da escolha. Já o nome da atual secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, é altamente bem-visto por Guedes, no cargo atual ou em outro. Ela esteve no Ministério da Fazenda entre 1997 e 2007, nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, em cargo de terceiro escalão. Depois, foi para o governo do Espírito Santo. Só voltou para a Fazenda com Temer.

Vescovi pode ser fundamental para ajudar a equipe a superar um dos maiores desafios: tomar pé da situação do país e da máquina pública novamente, de modo a ter controle da situação rapidamente e começar a formular novas políticas públicas. Algo que tende a tornar essa tarefa bem mais complexa é o fato de que o candidato do PSL pretende, se eleito, fundir as pastas da Fazenda e do Planejamento, algo que foi feito anteriormente no governo de Fernando Collor de Mello, no início dos anos 1990.

Mansueto Almeida, do Tesouro, leva vantagem. Esteve com o PSDB (Carlos Moura/CB/D.A Press - 19/10/16)  
Mansueto Almeida, do Tesouro, leva vantagem. Esteve com o PSDB

Até mesmo o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles é lembrado. Se Guedes se desentender com Bolsonaro, pode valer o “Chama o Meirelles”, slogan da campanha do presidenciável do MDB, derrotado no primeiro turno.

As conversas e disputas não incluem apenas a administração das contas públicas. O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, gostaria de continuar no cargo. As chances dele aumentaram depois que surgiram dúvidas em relação a um nome que era considerado quase certo para a vaga: Luiz Antônio Nabhan, presidente da União Democrática Ruralista (UDR) e bolsonarista de primeira hora. O problema é que outros integrantes do agronegócio também reivindicam o cargo. Para não desagradar um ou outro, a solução pode ser escolher Novacki.

Para o economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC, a manutenção de nomes da equipe econômica é altamente positiva. “Só não seria se fossem pessoas que já estivessem há muito tempo nos cargos, o que não é o caso”, explica. Na avaliação do economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, a equipe econômica atual “é uma das melhores que já passou por Brasília”, o que justifica que fiquem no novo governo. “Além da competência, é muito importante o fato de que eles têm memória”, o que faz com que não seja necessário começar a discutir propostas do zero. “O mais importante é a reforma da Previdência, que precisa ser aprovada logo pelo Congresso”, destaca.
 
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Correio Braziliense segunda, 15 de outubro de 2018

DIA DO PROFESSOR: A VOCAÇÃO DE ENSINAR


DIA DO PROFESSOR

 
A vocação de ensinar
 
Correio traça uma radiografia da situação dos professores no mercado de trabalho e mostra a importância da valorização da carreira

 

» Camilla Venosa
» Ingrid Soares 
Especiais para o Correio

Publicação: 15/10/2018 04:00

Denise dá aulas no mesmo local onde estudou quando criança, a Escola Classe 106 Norte: orgulho (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Denise dá aulas no mesmo local onde estudou quando criança, a Escola Classe 106 Norte: orgulho
 
A paixão por ensinar e a vontade de transmitir o conhecimento são o que impulsionam a escolha em seguir a carreira de mestre, comemorada hoje. Receber os alunos de braços abertos não é algo tão simples, é vocação. Vontade de fazer a diferença, influenciar a vida do ser humano desde pequeno, fazer parte do desenvolvimento da sociedade e ajudar na formação de caráter são algumas das razões que motivam os professores em acreditar na profissão e enfrentar os desafios diários.
 
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que são mais de 2,2 milhões de professores dando aula na educação básica brasileira. Mas o cenário da educação no país não é homogêneo. E, por isso, cada professor sabe bem os triunfos e fracassos do seu dia a dia. Além da velha discrepância entre ensino público e privado, cada região brasileira apresenta particularidades, o que faz desses mestres heróis da sua própria realidade.
 
Segundo pesquisa do Ibope que traça um perfil dos educadores no Brasil, dois terços deles são do sexo feminino, com uma média de idade de 43 anos e 17 de carreira. É semelhante ao da professora Denise Montandon. Com 41 anos de idade e 20 de carreira, ela leciona no mesmo local onde estudou quando criança, a Escola Classe 106 Norte. A professora, que dá aulas para alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental, diz que não se arrepende de ter escolhido a profissão e lembra o que a levou a seguir a carreira. “Eu escolhi por idealismo, por vontade de fazer algo bom pelo mundo, por sentir que algo bom poderia ser ensinado aos seres humanos desde pequenos. Eu sempre pensei que as crianças precisavam ser bem formadas. E quando eu percebi isso dentro de mim, tive toda a motivação do mundo para ser professora”, conta Montandon.
 
[VIDEO1] 
 
Conhecimento
 
Já para o professor de biologia de uma escola particular Sílvio Augusto Miranda, o caminho foi um pouco diferente. Miranda, que dá aulas para o 2º e 3º anos do ensino médio, começou a graduação estudando veterinária na Universidade de Brasília (UnB). E foi justamente na faculdade que ele encontrou sua vocação. “Durante o curso, eu fui participando das monitorias e, no fim da graduação, eu decidi que, além de atuar na área, queria dar aulas, e fiz a licenciatura em biologia. Foi o gosto de ajudar outros colegas na faculdade e de compartilhar conhecimento que me trouxe a vontade de ser professor”, relembra.
 
A vontade de lecionar também pode pulsar no sangue de várias gerações. Professora há quase 30 anos, Cristiane Foly de Freitas, 47, é filha de pedagoga e se emociona ao falar do filho, que também decidiu seguir a profissão. “Ele é formado em estatística. Mas, um dia, ele falou para mim que queria ser professor. No início, eu me espantei, porque a gente sabe que a nossa profissão é muito difícil, mas eu fiquei tão feliz. Jamais deixaria de recomendar minha profissão, ainda mais ao meu filho”, diz.
 
A coordenadora de educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, afirma que o professor faz parte da base do cenário educacional, por isso, tem extrema importância social. “Ele é uma figura central da qualidade educacional. Se o professor não está presente, não há educação. Esses profissionais viram verdadeiros heróis, porque enfrentam situações complexas, muitas vezes, sem apoio”, comenta Otero.
 
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Correio Braziliense domingo, 14 de outubro de 2018

TRICICLO FISIOTERÁPICO

 

Triciclo fisioterápicoEngenheiro brasiliense desenvolve um veículo, destinado à reabilitação de pessoas com paraplegia, que estimula os músculos das pernas para que o paciente consiga pedalar. O exercício físico evita problemas relacionados à paralisia dos membros e aumenta a qualidade de vida

 

Vilhena Soares

Publicação: 14/10/2018 04:00

O advogado e paratleta Estevão Lopes, primeiro a testar o triciclo, se surpreendeu:  
O advogado e paratleta Estevão Lopes, primeiro a testar o triciclo, se surpreendeu: "As coisas foram acontecendo de uma maneira espetacular"
Uma das áreas que mais vêm se beneficiando com os avanços da tecnologia é a saúde. Vacinas, exames detalhados e próteses 3D são alguns dos inúmeros resultados conquistados pelas inovações nessa área. Entretanto, esses recursos não existiriam sem pessoas dedicadas a transformar essas pequenas revoluções em auxílio ao próximo. Antonio Lanari Bo é uma dessas pessoas. O cientista brasiliense utilizou seus conhecimentos em engenharia para desenvolver um triciclo voltado para a reabilitação de pacientes com traumas motores nos membros inferiores. O projeto, que utiliza a eletroestimulação como base de funcionamento, tem como objetivo levar ganhos físicos e melhoria da autoestima para pessoas paraplégicas.
 
A ideia do professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) surgiu com base na própria experiência de vida, da época em que foi competidor de triatlo de longa distância. “Esse foi, sem sombra de dúvidas, um fator que me aproximou do projeto. O fato de estar próximo do esporte me inspirou profundamente, foi o pontapé inicial da pesquisa”, declarou ao Correio Lanari, que também é membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), fundado nos Estados Unidos.
 
O pesquisador uniu sua afinidade com o esporte às suas pesquisas em desenvolvimento de sistemas de eletroestimulação e decidiu construir um triciclo que pudesse ser utilizado por pessoas com paraplegia. “Isso aconteceu em 2014, quando, por coincidência, foi divulgada uma competição internacional para pessoas com deficiência que podem usar tecnologia assistiva biônica, chamado Cybathlon (veja Para saber mais). A partir disso, realizamos nosso protótipo”, detalhou Lanari, que conta com ajuda de um grupo de engenheiros e fisioterapeutas no projeto.
 
O brasiliense explicou que o princípio básico do triciclo, batizado de EMA Trike (Empowering Mobility and Autonomy, em inglês), é a eletricidade. Segundo ele, uma pequena corrente elétrica passa próxima ao nervo dos músculos da perna, o que faz com que o membro recupere o movimento perdido. “É uma quantidade baixa de energia, aplicada por meio de eletrodos que são autocolantes. Essa é uma vantagem importante, pois eles não precisam ser implantados, como ocorre em projetos semelhantes”, detalhou o cientista.
 
Lanari destacou que diferentemente da fisioterapia padrão, o triciclo exige mais precisão para ser usado, porém gera ganhos maiores. “Temos vários aspectos interessantes, o reestabelecimento da massa muscular, ou seja, o aumento do músculo, e a melhoria da pele. O paciente paraplégico pode sofrer com as chamadas escaras, que são feridas geradas quando a perna não se movimenta”, ressaltou.
 
Advogado e paratleta, Estevão Lopes, 40 anos, é um dos membros do projeto EMA Trike. Primeiro piloto do aparelho, ele ficou surpreso quando sentiu o efeito gerado pelo triciclo durante os treinos realizados. “No começo, eu não acreditei que o triciclo poderia proporcionar resultados, pois existiam muitos projetos com a mesma proposta. Eu não coloquei muita fé. Para minha grata surpresa, as coisas foram acontecendo de uma maneira espetacular”, relatou.
 
Lopes, que perdeu o movimento das pernas após ser vítima de uma bala perdida, ressaltou que sentiu uma grande diferença após algumas semanas de treinamento com o EMA Trike. “Melhorou muito a minha vida. O ganho muscular, por exemplo, foi um dos efeitos que mais senti. Tive um aumento de quase 15 centímetros na coxa, além da qualidade da pele, na qual vi ganhos. Antes, eu não mexia nem um dedo, jamais imaginaria que conseguiria pedalar”, completou o atleta, também é praticante de vela adaptada, canoagem e halterofilismo.
 
Criador do EMA Trike, Antonio Lanari iniciou o projeto, que tem como princípio a eletricidade, em 2014  
Criador do EMA Trike, Antonio Lanari iniciou o projeto, que tem como princípio a eletricidade, em 2014
Parceria
 
O triciclo ainda vai passar por aprimoramentos. Lanari adiantou ainda que pretende aplicar a tecnologia desenvolvida em outros veículos. “Queremos usar o sistema em um barco e trabalhar com o remo, mas de uma forma que o paciente possa locomover os braços e os pés”, informou. O cientista, porém, disse acreditar que esses avanços só poderão ser conquistados com a ajuda dos pacientes. “Precisamos escutar diretamente o que a pessoa quer e também o que os profissionais de saúde têm a dizer. Só dessa maneira, em um trabalho em conjunto, podemos estabelecer um projeto que renda resultados positivos”, frisou.
 
Para Edmo Oliveira, Ortopedista e Traumatologista do Instituto Castro e Santos (ICS), em Brasília, o triciclo é uma opção extremamente positiva para pacientes que sofrem com paralisia. “O projeto é notável. Infelizmente, a comunidade científica ainda não descobriu como trazer a funcionalidade total dos membros inferiores para pessoas com paraplegia, principalmente, para os casos decorrentes de lesões medulares. Sendo assim, todas as terapias que evidenciem qualquer avanço nessa área são de fundamental importância, destacando-se a eletroestimulação”, avaliou.
 
Na opinião do especialista, aliar o projeto ao esporte merece ainda mais destaque, pois ajuda a deixar a atividade mais atraente aos pacientes, uma vez que o incentivo de atividades fisioterápicas é um ponto de grande relevância para quem sofre com problemas de locomoção. “Associar essa terapia à prática de uma atividade física prazerosa e autônoma é o que torna esse projeto mais interessante”, opinou, acrescentando: “O uso da tecnologia tem tido grande importância em todas as terapias de reabilitação, porque tem melhorado consideravelmente os resultados, refletindo num grande avanço da atualidade”.
 
Competições
 
O EMA Trike rendeu resultados extremamente positivos em sua estreia em competições. A equipe de Estevão e Lanari conseguiu chegar às oitavas de final do Cybathlon, realizado em 2016, apenas com poucos meses de implementação do sistema. “A competição foi ótima, uma mistura de tensão com uma sensação de superação. Chegamos lá e encontramos universidades e empresas com muito mais experiência na área, e ainda assim conseguimos essa conquista”, assinalou o professor da UnB.
 
A equipe se prepara para participar da próxima edição do evento, que será realizada em 2020. O triciclo também participou de outros eventos, como a campus party, feira de tecnologia que acontece em diversas cidades do globo, e nas últimas paraolimpíadas, realizadas no Rio de Janeiro.
 
Apesar do uso em competições, a equipe destaca que o EMA Trike não é um projeto voltado apenas para atletas. E que também pode ajudar pessoas que sofrem com outros problemas de saúde. “Além do Estevão, já trabalhamos com outras pessoas que sofreram lesões medulares. Mas esse tipo de tecnologia pode trazer benefícios para quem tem outros problemas de saúde que acarretam em danos motores, como paralisia cerebral e casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, explicou o criador do triciclo.
 
Lanari ressaltou que o uso da tecnologia para tratamentos de pacientes paraplégicos é um tema que tem sido explorado internacionalmente. “Outros países têm voltado os seus olhos para a tecnologia dentro da área de fisioterapia, como um auxílio mais eficaz para os pacientes. Eles sabem que esse tipo de ajuda empodera. Muitas pessoas que conhecem o projeto nos dizem que, em vez de uma cadeira de rodas, o paciente deveria receber um sistema como o nosso durante o tratamento”, ressaltou o cientista.
 
Estevão Lopes contou que uma das suas motivações para investir no projeto foi ajudar a outras pessoas a terem os mesmos ganhos sentidos por ele com o uso da tecnologia. “Eu sou um atleta de alto rendimento, mas o mais importante desse triciclo é que ele é direcionado para pessoas normais, para uma dona de casa ou um pedreiro que sofreu um acidente. Nós criamos uma família com esse projeto e nosso objetivo é ajudar o máximo de pessoas que pudermos. Eu me dedico para o seu aprimoramento com essa esperança”, frisou.
 
Técnica ampla
A neuroestimulação consiste no uso da eletricidade para tratar pacientes que não conseguiram resultados com outros tratamentos. Além de pessoas com problemas motores, onde a energia é aplicada na espinha, a técnica é usado em pacientes com problemas neurológicos como a depressão severa, o transtorno bipolar, a epilepsia e também alucinações auditivas, um dos sintomas da esquizofrenia. Nesses casos, a eletricidade é aplicada por meio de eletrodos na cabeça. A terapia tem sido testada ainda em pacientes com Alzheimer, problema de saúde, progressivo e incurável, que afeta a memória e outras funções mentais importantes.
 
Para saber mais
Cybathlon
O primeiro evento ocorreu em 8 de outubro de 2016, em Zurique, na Suíça. A competição, também chamada de olimpíadas biônicas, é o único evento em que esportistas com deficiência física podem usar próteses biônicas e outros recursos tecnológicos — a utilização desses aparelhos é proibida nos jogos paralímpicos. Em uma das modalidades, chamada de corrida de interface cérebro-máquina, os atletas disputam uma corrida virtual, em que seus personagens são controlados pelo poder da mente. Já na corrida de cadeira de rodas motorizada, os participantes usam veículos inteligentes para ultrapassar obstáculos inspirados na vida real.  A próxima edição da Cybathlon está prevista para ocorrer em 2020, também na cidade suíça.
 
Palavra de especialista
Alto impacto
“O EMA trike apresenta grande impacto e relevância para os pacientes em processo de reabilitação e para a fisioterapia como um todo, pois é caracterizado pela equilibrada interação entre homem e máquina. Em todas as vertentes da reabilitação é de suma importância que essa interação se faça cada vez mais presente, pois beneficia tanto os profissionais quanto os pacientes. É a utilização da bioengenharia em favor da reabilitação e da qualidade de vida do indivíduo”
Rafael Siqueira, Coordenador do Serviço de Fisioterapia do Hospital Brasília
 
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Correio Braziliense sexta, 12 de outubro de 2018

JAIR BOLSONARO JÁ ANUNCIA MINISTROS

 

Jair Bolsonaro já anuncia ministros
 
Além de Paulo Guedes na Economia, candidato quer o deputado Onyx Lorenzoni na Casa Civil e o general Augusto Heleno na pasta da Defesa

» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 12/10/2018 04:00

Candidato do PSL admitiu que pode faltar a debates na tevê por questão de estratégia eleitoral (Mauro Pimentel/AFP)  
Candidato do PSL admitiu que pode faltar a debates na tevê por questão de estratégia eleitoral



Reunido com deputados eleitos do PSL, ontem, no Rio de Janeiro, o presidenciável Jair Bolsonaro bateu o martelo em relação às indicações para três ministérios de seu governo caso seja eleito. Como era esperado, o deputado Onyx Lorenzoni, do DEM, foi anunciado por Bolsonaro para ocupar a vaga de ministro-chefe da Casa Civil. Além dele, general Augusto Heleno, do PRP, foi confirmado em um futuro comando do Ministério da Defesa, e Paulo Guedes, o guru econômico da campanha, no Ministério da Economia.

Segundo informações obtidas pelo Correio, a confirmação de Heleno no pelotão de frente da equipe de Bolsonaro foi estratégica para a campanha de Bolsonaro. O objetivo é barrar futuras pressões e fazer frente às declarações polêmicas de Hamilton Mourão, vice na chapa, que também é militar. Augusto Heleno significa, para Bolsonaro, um nome categórico. Sinal disso foi o aceno ao general para compor a chapa com o presidenciável do PSL.

Augusto Heleno foi chefe da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, e costuma ser procurado pelo capitão para discutir pautas relacionadas à segurança e às relações exteriores. Também foi comandante militar da Amazônia e chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército. É filiado ao PRP, partido que negou a formação de chapa com o PSL de Bolsonaro. O general comandou a Escola Preparatória de Cadetes em Campinas, foi adido militar na França e na Bélgica e está na reserva desde 2011.

Definido como nome mais adequado para assumir a Casa Civil caso o capitão reformado chegue à Presidência, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), reeleito com 183.518 votos, foi grande aliado do deputado carioca na Câmara e, juntos, atuaram principalmente contra os governos petistas. “Cumprirei o papel que o presidente me der”, afirmou.  “Se ele me disser: ‘Vá lá para Câmara, é o que eu vou fazer’”. O parlamentar gaúcho caminha para o quinto mandato na Câmara dos Deputados. Já foi filiado ao PL e ao PFL antes de integrar o DEM.

Bolsonaro evitou identificar outras pessoas que cogita levar para o governo, caso seja eleito. “Ainda não temos nome para outros ministérios, até porque temos de esperar com prudência o dia 28 de outubro, quando poderemos ter a certeza de anunciar os indicados”, afirmou.

Agenda movimentada

Apesar de não ter sido liberado para ir aos debates que ocorreriam amanhã, na Tevê Bandeirantes, e na segunda-feira, na Rede TV!, Bolsonaro concedeu entrevista coletiva e participou da reunião com parlamentares no Rio de Janeiro. Na entrevista, o presidenciável sinalizou que pode faltar a debates por questão de estratégia. “Existe a possibilidade, sim, estratégica (de faltar aos debates)”, disse. Questionado sobre seu opositor, Fernando Haddad, o capitão indagou: “Eu vou debater com o Haddad ou com o Lula? Qual é a autenticidade do Haddad?”

À noite, em entrevista à RedeTV!, Bolsonaro falou em reduzir o número de ministérios e assegurou não ter negociado com legendas para chegar aos nomes escolhidos. “Nunca negociei com nenhum partido, no critério toma lá dá cá. Pretendemos ter 15 ministérios, e o critério de escolha será técnico”, disse. Além disso, prometeu reduzir a carga tributária, defender a imprensa livre e fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

*Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo
 
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Correio Braziliense quinta, 11 de outubro de 2018

SEM MANDATO, PERILLO É PRESO

 


Sem mandato, Perillo é preso
 
Ex-governador de Goiás é detido ao prestar depoimento na Polícia Federal sobre acusações apresentadas por delatores da Odebrecht, segundo as quais ele recebeu propina em campanhas eleitorais de 2010 e 2014

 

» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 11/10/2018 04:00

Marconi Perillo, que ficou em quinto lugar na eleição para senador, teve decretada prisão preventiva. Defesa tenta habeas corpus (Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press - 11/8/16)  
Marconi Perillo, que ficou em quinto lugar na eleição para senador, teve decretada prisão preventiva. Defesa tenta habeas corpus



Derrotado na disputa pelo Senado Federal por Goiás, o ex-governador do estado Marconi Perillo, do PSDB, foi preso na tarde de ontem sob suspeita de recebimento  de propina nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. O tucano foi detido enquanto prestava depoimento na sede da Polícia Federal (PF) em Goiânia sobre as acusações apresentadas pelos delatores da Odebrecht Fernando Reis e Alexandre Barradas. Os dois acusaram Perillo, que agora não conta com prerrogativa de foro especial, de receber repasses milionários indevidos da Odebrecht nos pleitos em que foi eleito e reeleito governador do estado. Ele é investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O mandado é de prisão preventiva, que não tem prazo.

Desde o fim de setembro, Marconi Perillo enfrenta barreiras na vida política. A operação Cash Delivery (entrega em dinheiro, em português) executou 14 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele e cinco mandados de prisão temporária, um deles contra Jayme Rincón, coordenador de campanha do governador José Eliton (PSDB). Perillo trabalhou para que o governador, eleito como seu vice, fosse confirmado no cargo pelas urnas, mas ele acabou ficando em terceiro lugar. Fernando Reis e Alexandre Barradas, delatores da Odebrecht, citaram repasses ilegais de cerca de R$ 10 milhões às campanhas de Perillo — R$ 2 milhões em 2010 e R$ 8 milhões em 2014.

Os mandados miraram o ex-governador que, depois de três décadas em cargos públicos, acabou derrotado no pleito deste ano, ficando em quinto lugar nos votos do eleitorado goiano para o Senado Federal. Perillo seguia na liderança das pesquisas, mas a deflagração da operação Cash Delivery, da Polícia Federal, que veio à tona no dia 28 de setembro, o deixou mais distante da vitória. Foram eleitos Vanderlan Cardoso, do PP, com 31,35%, e Jorge Kajuru, do PRP, com 28,23%. O tucano obteve apenas 7,55% dos votos válidos, atrás de estreantes como Kajuru. Nesse cenário, o ex-governador de Goiás, que atua na política desde 1991, ficou pela primeira vez sem mandato.

Primeira instância

A advogada criminalista Lissa Moreira explica que, com a perda do foro privilegiado, Marconi ficou submetido ao julgamento de um juiz de primeira instância. “Quando o político não tem mais prerrogativa de foro, todos os atos são apreciados por um juiz de primeira instância. Por não haver denúncia, e o Ministério Público não formar convicção sobre os fatos, o governador não teve direito ainda ao contraditório”, analisa. O caso estava antes no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Passou à primeira instância em abril, quando Perillo deixou de ser governador.

Até o fechamento desta edição, Perillo continuava preso, mas a defesa, representada pelo advogado Antônio Carlos Almeida, o Kakay, já havia impetrado pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal 1 (TRF-1). Desde o momento da prisão, a equipe de Kakay se posicionou contra o decreto de prisão e a tratou com “completa indignação”. Ainda segundo a equipe do advogado, “uma prisão por fatos supostamente ocorridos em 2010 e 2014, na palavra isolada dos delatores, afronta pacífica jurisprudência do Supremo, que não admite prisão por fatos que não tenham contemporaneidade”.

A prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, é decretada, entre outras motivações, com a finalidade de assegurar a aplicação da pena. Mas, segundo Lissa Moreira, baseando-se no que acompanhou sobre o caso, os objetivos pareceram não se efetivar integralmente. “A prisão, também chamada cautelar, busca dar segurança para um processo investigativo e pode ser decretada para assegurar a aplicação da lei. Nesse caso do ex-governador, parece-me que nenhum dos pré-requisitos estavam presentes. Não havia fato novo”, sustentou a advogada, baseada no artigo 312 do Código de Processo Penal.

Com a prisão de Marconi Perillo, o PSDB enfrenta mais uma derrota. A legenda, que pela primeira vez desde 1994 ficou fora do segundo turno presidencial, passa por um racha interno entre novos e antigos nomes, caso de Geraldo Alckmin e João Doria, que concorre com Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo. Na Câmara dos Deputados, o partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também sofreu derrota expressiva. Passou de terceira maior bancada eleita, em 2014, para nona, a partir de 2019.

Para o cientista político Max Stabile, doutor pela Universidade de Brasília (UnB), a prisão de Marconi Perillo revela, além do mau momento pelo qual os “partidos que estiveram na cadeira por muito tempo passam”, uma marca negativa para a legenda tucana. “Sem sombra de dúvidas, os governadores do PSDB, além de Perillo, Beto Richa e Reinaldo Azambuja, foram indiciados bem próximo ao pleito. Isso com certeza influenciou na campanha”, argumenta. 

* Estagiário sob supervisão de Paulo Silva Pinto


Perfil

Quatro
décadas

Detentor de quatro mandatos no Palácio das Esmeraldas, na capital goiana, Marconi Perillo, do PSDB, começou a vida política em 1980, quando foi presidente da Juventude do então PMDB. Nascido em Goiânia, em 1963, Marconi é casado, tem duas filhas e é formado em direito pela Universidade Católica de Goiás. Antes de chegar ao partido do qual faz parte, foi membro de outros quatro: MDB, PST, PP e PPB.

Em 1990, foi eleito deputado estadual e, em 1994, elegeu-se deputado federal pelo PP.  Em 1998, ganhou a eleição para o governo e foi reeleito em 2002. Quatro anos depois, conquistou uma vaga como senador. Voltou ao governo goiano em 2010 e, em 2014, conseguiu a reeleição mais uma vez. Renunciou em abril deste ano para disputar o Senado Federal.

Com trajetória ascendente nas eleições que disputou, o tucano travou historicamente uma disputa direta com Iris Rezende, do PMDB. Nas três vezes em que competiram pelo eleitorado goiano, Perillo saiu vitorioso. Contudo, nas eleições de 2018, o percurso de Perillo foi interrompido por escândalos de corrupção e pela ascensão de Ronaldo Caiado, do DEM, no estado. O ruralista levou a disputa no primeiro turno, com quase 60% dos votos, e apoiou Jorge Kajuru (PRP) e Vanderlan Cardoso (PP) para as vagas do Senado. Eles conquistaram, com ampla margem, o eleitorado.

Marconi Perillo havia se envolvido em outro caso suspeito, quando assumiu o governo em 2010. Segundo a Polícia Federal, o ex-governador havia vendido uma casa a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por valor maior que o declarado. Depois disso, com a compra de imóveis e com cotas de participação em uma empresa, o tucano conseguiu dobrar seu patrimônio.

No ano passado, Perillo foi denunciado pelo crime de corrupção passiva pelo Ministério Público, que suspeitou de recebimento de vantagens indevidas durante o terceiro mandato do tucano. Mas o processo que apurava possíveis improbidades administrativas em relação ao suposto envolvimento de Perillo com Cachoeira foi arquivado. (MF e CV)
 
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Correio Braziliense quarta, 10 de outubro de 2018

HAMILTON DE HOLANDA: HOMENAGEM AO BANDOLIM

 


Homenagem ao bandolim
 
 
Hamilton de Holanda lança caixa com quatro discos para comemorar o centenário de nascimento de Jacob do Bandolim, e promove show beneficente em prol da Abrace

» Irlam Rocha Lima

Publicação: 10/10/2018 04:00

Em sentido horário, Hamilton de Holanda; o pai, José Américo;  o filho Gabriel; o sobrinho Bento; e o irmão, Fernando César (Thiago Milreu /Divulgação -  Arquivo Pessoal - Reprodução)  
Em sentido horário, Hamilton de Holanda; o pai, José Américo; o filho Gabriel; o sobrinho Bento; e o irmão, Fernando César
 
Jacob Pick Bittencourt, o Jacob do Bandolim, é o compositor com maior presença no repertório de Hamilton de Holanda, desde que ele iniciou a carreira — ainda criança — em 1981. À época, ao lado do irmão e violonista Fernando César, com quem formava o duo Dois de Ouro, fez o show de estreia no Clube do Choro, e uma das músicas que tocaram foi Doce do coco, do saudoso Chorão.
 
Neste ano, quando se comemora o centenário de Jacob, o bandolinista que, no começo da infância veio com a família morar em Brasília, quis homenageá-lo. Inicialmente, pensou em gravar um álbum, mas, depois, em conversa com João Augusto, diretor do selo Deck Disck, lhe foi sugerido preparar uma caixa com quatro CDs, para exaltar o preciosismo da obra do mestre.
 
Hamilton vê o ídolo como o responsável pela existência de uma identidade brasileira no bandolim. Em parceria com seu empresário e sócio Marcos Portinari, se pôs a produzir a série, em que propõe uma múltipla recriação do legado jacobiano, tirando-a da zona de conforto original, colocando-a com diferentes linguagens, timbres e universo.

Jacob do Bandolim completaria 100 anos em 2018 (Arquivo Pessoal)  
Jacob do Bandolim completaria 100 anos em 2018


Concerto
 
De volta à cidade, Hamilton retoma o projeto Bandolim Solidário, interrompido em 2017. Amanhã, às 20h, ele comanda um grande espetáculo, no Teatro dos Bancários, com a participação de familiares e de convidados especiais — músicos brasilienses de diferentes gerações. Todos empenhados em dar sua parcela de contribuição à Abrace, instituição que oferece assistência social para crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas.
 
O concerto beneficente chega à 16ª edição e desta vez conta com a parceria do Projeto Cultura e Cidadania, iniciativa do Instituto Alvorada Brasil, e do Sindicato dos Bancários. O objetivo é reforçar os pilares da cidadania e imprimir um novo rumo na política de ocupação do Teatro dos Bancários, importante equipamento cultural da Capital Federal.
 
Além da presença do pai, José Américo (violão), do irmão Fernando César (violão 7 cordas), do sobrinho Bento Tibúrcio Mendes (baixo) e dos filhos Gabriel e Rafaela Holanda, Hamilton vai contar, no Bandolim Solidário, com a participação de Pedro Martins (guitarra), Pedro Vasconcellos (cavaquinho), Victor Angeleas (bandolim), Márcio Marinho (cavaquinho), Valerinho Xavier (percussão), Leander Motta (bateria), Tiago Tunes (bandolim), Matheus Donato (bandolim), Larissa Umaytá (percussão) e Genevieve Artadi (voz).


Entrevista / Hamilton de Holanda

Qual foi o seu critério para a escolha das composições de 
Jacob do Bandolim incluídas no repertório dos quatro 
discos da caixa?
Toco Jacob do Bandolim desde o início da minha carreira. A primeira composição dele que tirei, ainda na escaleta, o primeiro instrumento que toquei, foi Doce do coco. Depois, ao longo de minha trajetória, fui incorporando várias outras ao meu repertório. O certo é que hoje tem algo em torno de 50 músicas dele que costumo tocar. Muitas delas estão registradas nos discos das caixas. Mas há também a inédita Jardim; Naquela mesa, que Sérgio Bitencourt fez inspirado no pai, logo depois da morte dele; e Jacob Black e Serenata Jacarepaguá, que compus para homenageá-lo.
 
Em cada um dos CDs você usa um tipo de linguagem para 
interpretar os choros de Jacob. Eles permitem essa releitura?
Quis fazer um painel da obra de Jacob e busquei tirar suas composições da zona de conforto original, o gueto do choro, colocando-a em diálogo com diferentes linguagens, timbres e universos. Quis criar uma estética diferente para cada disco, ao criar arranjos, instrumentações e maneiras de tocar diversas. Mas tudo baseado nas melodias de Jacob.
 
Em Jacob 10ZZ prevalece o improviso próprio da levada jazzística. 
Há 
semelhança entre a linguagem do choro e a do jazz?
O jazz e o choro surgiram na mesma época e são primos, considerados irmãos. Em ambos os gêneros, o improviso é elemento comum. Nesse disco, que gravei com Guto Wirti e Thiago da Serrinha, músicos do meu trio, incluí Assanhado, Remeleixo, Naquela mesa (Sérgo Bitencourt) e Serenata Jacarepeaguá, que fiz em homenagem ao mestre.
 
O balanço da bossa nova permeia o Jacob Bossa. 
O compositor tinha 
alguma relação com esse estilo musical?
O Jacob, poucos sabem, pensou em gravar um disco com clássicos da bossa nova, da obra de Tom e Vinicius, um pouco antes de morrer. Tem uma gravação dele no Museu da Imagem e do Som, em que ele falava sobre essa possibilidade. Vibrações, Carícia, Receita de samba, Diabinho maluco são algumas das faixas do Jacob Bossa, em que tenho a companhia de Guto Wirti e do pianista Marcelo Caldi. Ah!, sim, eu canto Jamais, gravada por Elizeth Cardoso, no LP que Jacob gravou no Teatro João Caetano com o Época de Ouro e o Zimbo Trio.
 
O que o levou a promover a fusão do choro 
com ritmos afro-brasileiros 
no Jacob Black?
Quis mostrar essa possibilidade oferecida com certas composições do Jacob, como, por exemplo, A ginga do Mané, Bola Preta, Sereno e Primas e bordões. Incluí Jacob Black, de minha autoria. Rafael dos Anjos, grande violonista brasiliense, e os percussionistas Thiago da Serrinha e Luiz Augusto estão comigo nesse disco.
 
Por que Jacob Baby? 
Quis trazer para esse projeto a maneira como eu tocava choros do Jacob na infância, quando iniciei a carreira. Usei nas gravações um bandolim do Jacob que pertencia ao acervo da Casa do Choro, no Rio de Janeiro, que me foi presenteado. Reuni no repertório, entre outras, Benzinho, Cabuloso, Doc de do coco, Noites cariocas e Santa Morena.
 
No roteiro do Bandolim solidário há músicas 
de Hamilton de Holanda toca Jacob do Bandolim?
Possivelmente. Mas vão ter músicas minhas, como Miss Teba, que compus para minha mãe; e de músicos que vão participar do show, como Pedrinho Vasconcellos e Victor Angeleas. No final, meu pai, César, Bento, Gabriel e Rafaela e eu vamos fazer Minha festa, de Nelson Cavaquinho, que viralizou na internet, numa gravação caseira nossa.


Hamilton e Holanda – Bandolim Solidário
Show com o músico e convidados amanhã, às 20h, no Teatro dos Bancários (Entrequadra 314/315 Sul). Ingressos: R$ 80 e R$ 40 (meia-entrada estendida para quem doar 1 kg de alimento). Informações: 99141-4252. Classificação indicativa livre.


 (Reprodução)  

Hamilton de Holanda toca Jacob do Bandolim 
Caixa com quatro discos. Lançamento da Deck Disck. Preço sugerido: R$ 139,90
 
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Correio Braziliense terça, 09 de outubro de 2018

O RISCO DA BANALIZAÇÃO DOS DRONES

 

O risco da banalização dos drones
 
Quantidade de aeronaves no Distrito Federal cresceu substancialmente em apenas um ano, mas proprietários devem se conscientizar quanto ao espaço de utilização do equipamento, que não é brinquedo

 

AUGUSTO FERNANDES
ESPECIAL PARA O CORREIO

Publicação: 09/10/2018 04:00

Everton Oliveira:  
Everton Oliveira: "O drone não é um brinquedo. Nas mãos das pessoas erradas, ele pode representar um perigo"



Os drones viraram febre na capital federal, e cada vez mais pessoas compraram o equipamento. Mas, ainda que os recursos tecnológicos da aeronave possam servir para diferentes finalidades, os proprietários do objeto precisam estar atentos aos riscos que a utilização indevida da aeronave podem causar. Pilotar o aparelho sem respeitar orientações básicas de segurança é uma conduta passível de multa e até prisão. Entretanto, em que pese haver normas de instrução estabelecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), não há uma fiscalização ostensiva, o que contribui para que os donos de drones usem o equipamento em lugares não recomendados e coloquem a vida de outras pessoas em risco.

Pela regra geral, os drones com mais de 250 gramas só podem voar perto de terceiros caso eles concordem previamente. Além disso, quem opera a aeronave deve respeitar uma distância mínima de 30 metros das demais pessoas. Com exceção dos drones de órgãos de segurança pública, de vigilância sanitária, de defesa civil, do Corpo de Bombeiros e das polícias, o proprietário de qualquer outro tipo de aparelho que não seguir a regra pode ser autuado por violar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de outra pessoa.

O Código Penal prevê pena de reclusão de três meses a um ano (ou mais se o crime for considerado grave) nos casos em que a vida ou a saúde de pessoas são colocadas em perigo direto devido à má utilização da aeronave. Pela Lei das Contravenções Penais, pilotar um drone sem o devido registro pode gerar pena de prisão simples (quinze dias a três meses) e pagamento de multa, mesma punição para quem praticar acrobacias ou fazer voos baixos fora da zona permitida em lei.

Utilizar o objeto próximo a instalações, edificações, áreas de segurança (como presídios e instalações militares), ou sobre infraestruturas críticas, como usinas termelétricas e estações de distribuição de energia, e aeroportos e helipontos também é proibido.

Para evitar os transtornos, a recomendação é que os drones sejam operados apenas em locais destinados para aeromodelismo. “Os voos ilícitos colocam em risco não só o hobby, mas um setor inteiro, por meio do qual inúmeros empregos estão sendo gerados”, disse o chefe da Divisão de Coordenação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, tenente-coronel Jorge Vargas.

Controle
Em um ano, a Anac cadastrou mais de 32 mil drones em todo o Brasil. Entre julho de 2017 e julho de 2018, o número de aeronaves não tripuladas registradas pelo órgão passou de 16.567 para 48.752. Um dos maiores crescimentos aconteceu no Distrito Federal. De acordo com dados da Anac, existem pelo menos 1.651 dessas aeronaves em Brasília — em 2017, eram apenas 548. Atualmente, o DF está atrás de Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo na quantidade de drones.

No ano passado, a Anac implementou o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial, específico para o manuseio de drones. Tanto os donos de aeromodelos (usados para recreação) quanto os de aeronaves remotamente pilotadas (com finalidade comercial, corporativa e experimental) precisam seguir a legislação.

Dentre as principais regras, é necessário ter idade mínima de 18 anos para pilotar e todos os voos de aeronaves com peso superior a 25kg devem ser registrados na Anac. Independentemente do peso do drone, pilotos que pretendem voar acima de 400 pés (121 metros) precisam emitir licença e habilitação junto ao órgão. “A regulamentação do uso de drones no Brasil trouxe ganhos para o desenvolvimento da aviação civil e maior segurança de voo”, respondeu a Anac, por nota.

No entanto, a inspeção de rotina cabe aos órgãos de segurança pública. Na avaliação do professor e pesquisador em geoprocessamento ambiental da Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Ferreira, especialista em drones, a fiscalização deveria ser mais rigorosa. “Colocar agentes em campo seria inviável, mas o governo poderia criar mecanismos juntos às fabricantes de drones para acompanhar os voos através de um banco de dados. A partir do momento em que o proprietário de uma aeronave utilizasse o aparelho em um ambiente proibido, rapidamente ele seria descoberto. Isso evitaria problemas de invasão de privacidade ou de espaço aéreo tripulado, além de acidentes”, apontou.

O engenheiro da computação Everton Oliveira, 40, é dono de uma loja especializada na venda e manutenção de drones em Brasília. Ele alertou sobre a falta de experiência de muitos proprietários de aeronaves. “Cerca de 95% dos drones que eu conserto foram danificados por algum deslize do piloto. Muita gente ainda olha para o drone como um brinquedo. Mas, nas mãos das pessoas erradas, ele pode representar um perigo”, observou.

Everton diz aos interessados pelos aparelhos que não tentem ferir a legislação. Além disso, ele ressalta que é importante que cada proprietário de uma aeronave aprofunde os conhecimentos da ferramenta. “É como uma pessoa que não sabe dirigir, mas, mesmo assim, tenta conduzir um carro. Quem tem um drone precisa saber que pode machucar alguém tanto pela pancada da aeronave quanto pelas hélices dela, que cortam muito. É importante que elas busquem um curso de pilotagem e usem o drone nos locais adequados”, indicou.
 
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Correio Braziliense segunda, 08 de outubro de 2018

A FESTA DA DEMOCRACIA

 

A festa da democracia
 
Mesmo sem serem obrigados a votar, muitos idosos fizeram questão de ir às urnas no Distrito Federal. Pais levaram os filhos para se familiarizarem com a cidadania e aprenderem, desde cedo, a importância do pleito

 

Augusto Fernandes 
Caroline Cintra 
Mariana Machado 
Especiais para o correio
Isa Stacciarini
Ailim Cabral
Thiago Melo*

Publicação: 08/10/2018 04:00

Ana Paula e Marcelino Alves levaram as filhas Mariana e Manuela para a votação: lição sobre democracia (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)  
Ana Paula e Marcelino Alves levaram as filhas Mariana e Manuela para a votação: lição sobre democracia
O sonho de Patrícia de Sousa é que os filhos, Nathan e Layla, possam estudar em escola pública (Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)  
O sonho de Patrícia de Sousa é que os filhos, Nathan e Layla, possam estudar em escola pública
“Quero que os eleitos façam um bom governo e olhem para a educação, porque, sem ela, não se faz nada. Até a saúde depende da educação.” Foram o sentimento de esperança no futuro e o senso de responsabilidade cidadã que moveram a professora aposentada Neide Cesar Bussacos, 86 anos, a participar do pleito de ontem.
 
Mesmo sem a obrigatoriedade do voto, ela foi uma dos quase 1,7 milhão de eleitores que compareceram às urnas no Distrito Federal. Eles escolheram 24 deputados distritais, oito deputados federais e dois senadores, além dos dois candidatos que disputam o governo do Distrito Federal no segundo turno das eleições, marcado para 28 de outubro.
 
Neide votou na Escola Francesa François Mitterand acompanhada das duas filhas e do genro. Moradora de Brasília há 40 anos, nunca perdeu uma eleição desde o pleito presidencial de 1989, o primeiro após o fim da ditadura. “É um dever do cidadão e, como educadora, é uma obrigação maior ainda”, frisou.
 
Assim como Neide, o aposentado Francisco Bandeira de Sousa, 84 anos, nunca deixou de votar e garantiu que a idade nunca o impediu de exercer seu papel de cidadão. “Se a gente está em casa, se tem boa saúde e tem condições, vamos votar, sim”, declarou.
 
Na Escola Classe 28 em Ceilândia, sentado num banco, observava o movimento das pessoas, enquanto recuperava o fôlego para ir embora. Ele se mostrou otimista, desejando melhorias e uma maior atenção aos mais necessitados. “Neste momento, o pobre não ganha nada, é preciso mudar. Por isso, o voto é importante, é uma obrigação que nós temos, escolher um candidato que ajude os mais pobres.”O aposentado mora em Águas Lindas no Goiás, mas nunca quis transferir o título para o estado vizinho. Em todas as eleições, levanta bem cedo e costuma ser um dos primeiros a chegar à zona eleitoral onde vota, em Ceilândia. Afirma que o caminho vale muito a pena.
 
A primeira eleitora do colégio Ciman, na Octogonal, foi a aposentada Wang Rufino, 79. Mesmo sem a obrigação de votar, ela fez questão de ir à urna. “Pela situação que eu vejo o país, resolvi votar. Pesquisei muito e fui atrás de currículos para tomar minha decisão”, disse a moradora do Sudoeste.
 
O aposentado Messias Moreira Borges, 74, teve a mesma motivação para votar. “A gente tem que exercer a democracia. Tenho um netinho de poucos meses e quero que o futuro do país seja melhor para ele e todo mundo, com melhor distribuição de renda e justiça social”, relatou.
 
 
"É um dever do cidadão e, como educadora, é uma obrigação maior ainda" Neide Cesar Bussacos, 86 anos
Em família
 
Além dos muitos idosos que optaram por votar com a esperança de um país melhor, diversos pais e mães levaram as crianças para acompanhar o processo eleitoral.
 
A empresária Ana Paula Alves, 31, e o comerciante Marcelino Alves, 42, levaram as filhas Mariana e Manuela Sousa Alves, 8 e 2 anos, para o local de votação. A mais velha quis entrar com o pai na cabine, mas não pôde. “Queria saber como era apertar o botão. A gente estuda sobre eleição na escola. A professora disse que a partir dos 16 anos pode votar, e eu vou querer, mesmo não sendo obrigatório ainda. Também aprendi sobre direitos e deveres dos cidadãos, contou.
 
Marcelino reforçou a angústia com o futuro das filhas. “Vim escolher o meu candidato para ajudar no futuro delas. É a esperança de algo melhor. Vamos acompanhar a apuração dos votos com a ansiedade de a nossa escolha vencer”, destacou o comerciante.
 
A vendedora Patrícia de Sousa, 38, tem como maior desejo uma melhor educação no país. Atualmente, os filhos estudam em uma escola particular, mas o seu desejo era de que eles estivessem matriculados no Centro Educacional 7 do Gama, escola pública em que ela estudou.
 
“Antigamente, o ensino aqui era maravilhoso, mas, agora, é totalmente diferente. Todo pai se preocupa com a educação do filho, portanto, nós não vamos deixá-los em qualquer escola. O meu voto de hoje (ontem) foi um apelo para que os governantes do país olhem com mais carinho para os colégios públicos”, disse.
 
Durante a votação de ontem, os filhos de Patrícia, Nathan Ahmad, 10, e Layla Ibrahim, 3, estiveram ao seu lado. Assim como a mãe, o garoto sente que a educação do país poderia receber mais incentivos. Segundo ele, isso ajudaria as pessoas a não fazerem escolhas ruins. “Só assim teremos um Brasil melhor”, disse Nathan.

 
"Pesquisei muito e fui atrás de currículos para tomar minha decisão" Wang Rufino, 79 anos


Descrença
 
Apesar do sentimento de esperança de tantos eleitores, alguns afirmaram estar totalmente descrentes de uma mudança real na política brasileira. O assistente administrativo Gerson Guimarães, 43, anulou todos os votos. Para ele, a política nunca vai mudar. “Vão se passar 500 anos e tudo continuará do mesmo jeito. As ideologias dos candidatos são todas as mesmas”, afirmou.
 
Ele votou no Centro de Ensino 203, no Recanto das Emas, acompanhado da filha Ana Beatriz Guimarães, 8, e, apesar de estar descrente na política do país, incentiva a filha a conhecer e a entender a importância do voto. “Eu queria votar. Mesmo pequena, sei como tudo funciona. Sei que tem que escolher um candidato e vai aparecer o nome e o número dele. Se você quiser, é só aceitar; se não, cancelar tudo”, ensina a criança.
 
*Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte
 
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Correio Braziliense sábado, 06 de outubro de 2018

DISTRITO FEDERAL - ELEIÇÕES - NA RETA FINAL

 

LEIÇÕES 2018 »Na reta fina
 
lOs principais candidatos ao Buriti apostam em caminhadas e panfletagens nos maiores colégios eleitorais para conquistar eleitores no último dia de campanha na rua e na internet

 

» ALEXANDRE DE PAULA
» ANA VIRIATO
» PEDRO GRIGORI
Especial para o Correio
» Colaboraram Augusto Fernandes, Marcus Lacerda, Victor Gammaro e Walder Galvão (especiais para o Correio)

Publicação: 06/10/2018 04:00

Último dia para elencar promessas e defender planos de governo. Horas finais para panfletagens, caminhadas e carreatas. A fim de conquistar uma vaga em um eventual segundo turno, os candidatos ao Palácio do Buriti líderes em pesquisas saem às ruas, hoje, com a missão de convencer os indecisos de que são a melhor opção para a capital pelos próximos quatro anos. Na mira, cidades de grande contingente populacional, como Ceilândia e Taguatinga. Entre as peregrinações, cada segundo será aproveitado — algumas agendas começam ao raiar do sol e terminam apenas ao fim da noite.
 
As andanças do governador e candidato à reeleição, Rodrigo Rollemberg (PSB), começam às 8h, no Parque de Águas Claras — zona eleitoral com o maior número aptos a votar inscritos. Depois disso, ele segue, às 9h, para a Feira Guará e, por volta das 12h,  visita a Praia Norte, às margens do Lago Paranoá, inaugurada ontem pelo alto escalão do Executivo local. À tarde, Rollemberg vai ao Sol Nascente, em Ceilândia, onde tem caminhada agendada para as 15h. Região mais carente do maior colégio eleitoral do DF, o local recebeu milhões em investimentos em infraestrutura na atual gestão. Para encerrar a agenda,  à noite, retorna a Águas Claras.
 
O deputado federal licenciado Rogério Rosso (PSD) pretende passar a maior parte do dia em Ceilândia, onde atuou como administrador. O pontapé inicial ocorre com uma carreata, com concentração na Estação Guariroba. À tarde, o parlamentar deve almoçar no centro da cidade e visitar as feiras locais, que reúnem milhares de trabalhadores e ambulantes nas imediações. Às 16h, Rosso passará pela Feira dos Importados, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).
 
Conforme previsão da agenda pública de Alberto Fraga (DEM), o democrata terá somente um compromisso no dia: caminhada na Feira do Produtor e Atacadista, em Ceilândia. O comércio conta com 700 associados diretos, gera mais de 5 mil empregos e vende cerca de 30 mil toneladas de produtos mensalmente. 
 
O advogado Ibaneis Rocha (MDB) planeja almoçar na Quituart, no Lago Norte. O local reúne dezenas de quiosques e restaurantes. Eliana Pedrosa (Pros) dedicará o dia a uma caminhada em Brazlândia, às 10h30. Também fará reuniões em Ceilândia e outras cidades. 
 
Ibaneis, líder e destaque on-line
Hoje é também o último dia para postagens e impulsionamento nas redes sociais. Nesta semana, os principais concorrentes intensificaram a campanha on-line a fim de conquistar o eleitorado na reta final. Ibaneis Rocha, líder das pesquisas de intenções de voto no DF, aposta no audiovisual para convencer o eleitorado das redes sociais. Ele fez 26 publicações na internet nesta semana, alternando vídeos mais curtos com alguns de maior duração. Em um deles, o advogado aborda detalhes da infância no Piauí, com depoimentos de amigos e familiares da região. A posição de liderança nos levantamentos mais recentes também é explorada nas redes do candidato ao Buriti.
 
O governador Rollemberg destacou feitos do mandato em grande parte das 52 postagens no Facebook nos últimos cinco dias. O fechamento do Lixão da Estrutural e a desobstrução da orla do Lago Paranoá aparecem entre os feitos. O candidato à reeleição publicou fotos de agendas em campanhas e deu destaque à parceria com Leila do Vôlei (PSB), que lidera a corrida pelo Senado.
 
Alberto Fraga fez 25 publicações no Facebook desde segunda-feira. Em algumas, o parlamentar tenta colar a imagem a do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). No DF, no entanto, o capitão apoia a campanha de Paulo Chagas (PRP).
 
Rogério Rosso disparou 44 publicações no Facebook. Nos posts de ontem, o candidato listou promessas ao Corpo de Bombeiros e à Polícia Militar. Ainda assegurou melhorias nas áreas de saúde e transporte público. Ao longo da semana, Rosso mostrou participações em debates, destacou frases em defesa da família e registrou vídeos das propagandas eleitorais na tevê. Nas redes, ele também mostra hobbies, como música e ciclismo.
 
A ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros) foca as publicações no Facebook no público feminino. A candidata fez 42 postagens na última semana e, em grande parte, ressalta que poderá ser a primeira governadora eleita do DF. Eliana evita confrontos e não faz acusações diretas aos oponentes.
 
Para o cientista político Creomar de Souza, os candidatos podem, neste último dia de campanha, conquistar eleitores indecisos ou que ainda não estão totalmente seguros em relação a quem votar. “Parte considerável forma a opinião nas últimas 72h. Muitos deixam para a última hora, sobretudo porque há o comportamento daqueles que não querem votar em quem vai perder”, explica.



Corpo a corpo


Rodrigo Rollemberg visitou Ceilândia

 

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) aproveitou a sexta-feira para fazer uma caminhada pela Avenida Hélio Prates, em Ceilândia, e garantir melhorias para a saúde, com a construção de um hospital, e o transporte público, com a expansão do metrô e a implementação do BRT na cidade. “Ceilândia terá atenção especial no nosso segundo governo e será muito melhor nos próximos quatro anos”, disse. “Confio no nosso sprint para a reta final.”



Alberto Fraga fez caminhada na Candangolândia

 

Em visita à Candangolândia, Alberto Fraga (DEM) prometeu melhorias na saúde e segurança. Também afirmou que a paridade salarial será feita para todas as forças de segurança. Ele ainda atacou Ibaneis Rocha. “Ibaneis se diz dono do Poder Judiciário”, afirmou Fraga. Para ele, o concorrente deveria responder por crime eleitoral, pois teria comprado votos ao prometer construir, com o próprio dinheiro, casas derrubadas pela Agefis.



Ibaneis Rocha esteve na Vila Planalto

 

Na liderança das pesquisas de intenção de voto, Ibaneis Rocha (MDB) cumpriu uma das agendas de ontem na Vila Planalto, onde prometeu transformar o local no maior polo gastronômico do Distrito Federal. Ele também reagiu às críticas dos concorrentes. “Se eles quiserem se unir todos contra mim, eu vou ficar muito mais feliz”, provocou. Quanto a Fraga, disse: “Ele trata mal os magistrados e tem um problema sério com o Judiciário, porque pratica corrupção e está sendo condenado”.



Sol Nascente recebeu Rogério Rosso 

 

Rogério Rosso (PSD) fez campanha no Sol Nascente, também em Ceilândia. Assim como Rollemberg, prometeu construir outro hospital em Ceilândia, caso vença as eleições. “É uma urgência absoluta, pois a cidade tem 600 mil habitantes e só o Hospital Regional de Ceilândia à disposição”. Ele também disse que inaugurará uma Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) na cidade, além de realizar concursos públicos para aumentar os efetivos das forças de segurança.



Eliana Pedrosa passou por Taguatinga

 

Candidata que aparece em segundo lugar nas intenções de voto, Eliana Pedrosa (Pros) passou a manhã na Feira dos Goianos, em Taguatinga. No corpo a corpo com os eleitores, disse que voltará com o atendimento pleno do Hospital Regional de Taguatinga, contratando médicos e equipe de enfermagem. Eliana também garantiu que investirá em feiras. “No segundo turno, os tempos de propaganda na tevê são iguais. No primeiro, só tive 40s. É muito pouco”, afirmou.
 
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Correio Braziliense sexta, 05 de outubro de 2018

VILA PLANALTO: A PRAÇA DA ALEGRIA E DA AMIZADE

 


A praça da alegria e da amizade
 
 
Amigos de longa data se reúnem em espaço comunitário da Vila Planalto para colocar a conversa em dia e também se exercitar

 

» Sarah Paes*
» Isabela Guimarães*

Publicação: 05/10/2018 04:00

Espaço de convivência: Ieda Coelho e Marco Antônio se encontram na PEC para uma boa prosa (Sarah Paes/Esp. CB/D.A Press)  
Espaço de convivência: Ieda Coelho e Marco Antônio se encontram na PEC para uma boa prosa
 
Quando o sol vai dando o adeus por volta das 17h... Quando o dia começa a se acalmar.... O movimento no Ponto de Encontro Comunitário (PEC), na entrada da Vila Planalto, aumenta. O espaço é uma das opções de atividade para os idosos da região. Ieda Coelho Bezerra, 77 anos, aposentada da Secretaria de Saúde, e Marco Antônio Leal da Silva, 51 anos, militar da reserva, gostam de colocar o papo em dia sentados em um dos bancos da praça. A senhora simpática e comunicativa contou que a praça virou um point onde amigos e vizinhos se encontram quase todos os dias. No local, eles fazem exercícios físicos e compartilham um pouco do cotidiano de suas vidas. Ouvem e são ouvidos.
 
Alguns dos vizinhos se conhecem há mais de 40 anos. “A gente se reúne, faz uns exercícios, e também rola uma fofoca daqui e outra dali, ri. É sempre muito divertido. Venho aqui de três a quatro vezes na semana. Às vezes, eu tenho preguiça e não venho, mas aqui é ótimo para me movimentar e encontrar os amigos. Faço exercício nos aparelhos”, conta Ieda. Ela chegou, na Vila Planalto, na época da construção de Brasília. Morou primeiro na casa da irmã em Sobradinho. Em 1962, se mudou para a cidade para viver na casa de uma amiga, e não saiu mais da região.
 
Depois de tantos anos, caracteriza o local como uma cidade de idosos e aposentados. “Antes, a gente se encontrava em uma praça que fica dentro da Vila, mas lá começou a ser frequentado por moradores de rua. Depois que a PEC foi construída, passamos a nos reunir aqui. A Vila virou uma cidade de idosos. Temos até uma casa para esse perfil de pessoas, a Associação Renascer dos Pioneiros Vila Planalto. Eu já fui até a presidente”, conta a moradora que é popular entre os habitantes da cidade.

Maria de Lourdes e Ieda: exercícios e boa conversa (Sarah Paes/Esp. CB/D.A Press)  
Maria de Lourdes e Ieda: exercícios e boa conversa


Geraldo Alves:  
Geraldo Alves: "Eu até ajudo a preservar os equipamentos"
 
No grupo de amigos de Ieda, muitos deles fizeram parte da construção e estruturação da Vila Planalto e da própria capital. Alguns deles foram líderes comunitários e lutaram pela construção de locais, como o PEC e outros pontos de encontro da região.
 
Frequentador ativo do PEC, o aposentado Geraldo Alves Torres, de 69 anos, nascido em Mariana (MG), distante 116km de Belo Horizonte, veio para Brasília em 1969. Ele morou primeiro na quadra 315 Sul e em 1976 mudou-se para a Vila Planalto. A prática de exercícios físicos e os momentos de descontração com os vizinhos de longa data são rotina na vida do mineiro.
 
Além de se exercitar, ele também ajuda na manutenção dos aparelhos. “Fui um dos que lutou por essa praça. É muito bom aqui, não precisa mais que isso não. Eu até ajudo a preservar os equipamentos, mesmo sendo usuário eu aperto os parafusos sempre”, destaca.
 
A aposentada Maria de Lourdes Carvalho, 68 anos, costuma ir ao ponto de encontro pela manhã e à tarde. Às vezes, vai acompanhada das duas filhas. “Depois do meu problema no joelho, não consigo ir muito longe, mas, como a praça é aqui do lado de casa, é um ótimo lugar pra eu sair. Daí, eu chego aqui e encontro o pessoal e é essa festa que você está vendo. Acho apenas que tinha que criar pelo menos um parquinho ou uma quadra de esportes aqui para as crianças,” destaca.
 
*Estagiárias sob supervisão de José Carlos Vieira


O que diz a especialista
 
Socialização e qualidade de vida
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) são considerados idosos pessoas acima dos 60 anos de idade. Segundo a geriatra Priscilla Mussi, as atividades em grupo são fundamentais para a qualidade de vida deles. “Eles têm dificuldade em fazer novos amigos e quando há a socialização é muito bom para eles poderem conversar sobre os mesmos assuntos, por terem a mesma cultura”, explica. Os benefícios da conveniência englobam pontos positivos tanto para a saúde física quanto para a mental. “Quando eles conversam com outros idosos, conseguem desfocar dos problemas e diminui o risco de demência. Os encontros em praças também são bons para aumentar a vitamina D do corpo”, destaca.


Como colaborar
A Associação Renascer dos Pioneiros da Vila Planalto recebe doações para o bazar, que é a única fonte de renda para o local. Para a biblioteca, livros podem ser entregues nos supermercados Armazém do Geraldo e no MM, todos na Vila Planalto.
 
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Correio Braziliense quinta, 04 de outubro de 2018

ATAQUE E DEFESA NO MOMENTO DECISIVO

 

Ataque e defesa em momento decisivo
 
Debate promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília colocou frente a frente, pela última vez no primeiro turno, candidatos ao Palácio do Buriti. Ataques, propostas e denúncias marcaram o evento realizado a cinco dias das eleições

 

» ALEXANDRE DE PAULA

Publicação: 04/10/2018 04:00

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)  

Sete candidatos ao Palácio do Buriti se enfrentaram cara a cara pela última vez no primeiro turno ontem. Às vésperas da votação de domingo, o debate, promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília, marca um dos momentos mais quentes da corrida eleitoral de 2018. Durante 2h20, os candidatos responderam a questionamentos espinhosos, atacaram e apresentaram propostas para a população, que teve a oportunidade de conhecer mais detalhadamente as posições de cada concorrente ao GDF. A hashtag #DebateCorreio ocupou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados em Brasília no Twitter em quase toda a transmissão.
 
Alberto Fraga (DEM), Eliana Pedrosa (Pros), Fátima Sousa (PSol), Ibaneis Rocha (MDB), Júlio Miragaya (PT), Rodrigo Rollemberg (PSB) e Rogério Rosso (PSD) participaram do debate. O Correio convidou para o encontro os candidatos ao Palácio do Buriti filiados a partidos que tenham ao menos cinco representantes no Congresso Nacional — como obriga a legislação eleitoral.
 
A saúde foi um dos temas mais abordados no encontro. Foram diversas críticas ao Instituto Hospital de Base e à gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). O próprio governador chegou a reconhecer que a saúde era, de fato, um dos maiores problemas do DF. Denúncias e condenações também se destacaram ao longo da transmissão. Candidatos trocaram acusações em diversos momentos. Assuntos relevantes, como educação e segurança pública, ficaram de lado.
 
No início do debate, o deputado federal Alberto Fraga protagonizou um momento embaraçoso. Ao cumprimentar Ibaneis Rocha, o parlamentar derrubou um microfone, que teve de ser trocado. Os dois reagiram com bom humor. Ibaneis, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF, foi o principal alvo dos adversários. De todos os lados, sobraram farpas para o candidato do MDB, acusado de abuso de poder econômico e compra de votos durante a campanha. De Fraga a Fátima Sousa, todos miraram no advogado. Ibaneis registrou crescimento expressivo e lidera as mais recentes pesquisas de opinião.
 
Eliana Pedrosa e Ibaneis foram responsáveis por um dos momentos mais quentes do debate. A ex-distrital questionou o advogado sobre um vídeo em circulação nas redes sociais em que Ibaneis promete, caso seja eleito, construir casas derrubadas pela Agefis com o próprio dinheiro. O concorrente pelo MDB reagiu. Respondeu que Eliana está ao lado do que há de mais podre na política de Brasília e que se envergonhava de ter sido amigo dela em outros momentos. A ex-distrital pediu direito de resposta, mas teve a solicitação negada pela produção do debate. Rogério Rosso fez referência ao embate em outro momento e disse que jamais um postulante ao GDF poderia tratar uma mulher como Ibaneis fez com a adversária.
 
Dobradinhas
Alguns candidatos preferiram evitar os ataques mútuos e trocaram afagos e elogios durante questionamentos e comentários. Rogério Rosso e Eliana Pedrosa permaneceram em clima amistoso durante todo o debate e aproveitaram momentos juntos para apresentar propostas e ressaltar qualidades. Júlio Miragaya (PT) e Fátima Sousa (PSol) adotaram o mesmo tom.
 
A dobradinha mais inusitada, no entanto, ficou a cargo do petista Miragaya e Alberto Fraga. O democrata não poupou elogios ao petista ao responder pergunta sobre desemprego e renda. Fraga acabou sendo usado também para defender o ex-presidente Lula quando Miragaya criticou o Judiciário por quebrar o sigilo da delação do ex-ministro Antonio Palocci dias antes da votação do primeiro turno.
 
Anteriormente, Fraga havia criticado a Justiça ao comentar a condenação a 4 anos e 2 meses de prisão em regime semiaberto por receber suposta propina de R$ 350 mil quando era secretário de Transporte do governo de José Roberto Arruda (PR). Fraga disse que o juiz responsável pela decisão era ativista LGBT. O deputado negou ser preconceituoso e declarou que “pré-condenar é que é preconceito”. A temática LGBTI voltou à tona depois quando Rosso foi questionado se a defesa dos valores da família tradicional cristã não atrapalhavam o desempenho na campanha. O quinto e último bloco terminou às 19h30 com as considerações finais de cada concorrente.
 
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Correio Braziliense quarta, 03 de outubro de 2018

AUTOESTIMA E CABEÇA ERGUIDA

 

Autoestima e cabeça erguida

 

» Caroline Cintra
Especial para o Correio

Publicação: 03/10/2018 04:00

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  
 
“Quando você foi feliz pela primeira vez?”. Foi essa simples pergunta que arrancou muitos sorrisos de 11 mulheres que passam por um tratamento de câncer de mama no Hospital Universitário de Brasília (HUB). As reações, que deveriam remeter ao primeiro momento feliz que elas viveram após serem diagnosticadas com o câncer, foram fotografadas e se tornarão uma exposição no HUB, a partir desta sexta-feira.
 
A ideia de registrar a reação das mulheres respondendo à pergunta surgiu de uma parceria entre duas médicas do HUB, a oncologista Ludmila Thommen e a médica residente em mastologia Thereza Racquel Moura Baptista. Ambas tinham o desejo de fazer uma homenagem diferente para o Outubro Rosa e, de uma forma especial, também elevar a autoestima das pacientes.
 
“Costumam achar que uma pessoa com câncer só vive triste. E queremos mostrar para quem vê de fora que essa pessoa também vive bons momentos. Além disso, a gente queria dar um dia de alegria para que as pacientes se sentissem melhor com elas mesmas e mais bonitas”, conta Thereza Racquel.
 
Ludmila Thommen destaca que trabalhar a autoestima da mulher é fundamental no período de tratamento de um câncer, principalmente por envolver a queda de cabelo. Ela ressalta que não é porque a mulher está doente que ela não vai se maquiar ou colocar uma roupa bonita. “Por isso, oferecer momentos assim, para que elas se sintam mais bonitas, é importante. Se estar arrumada é primordial para elas, elas devem fazer isso sempre. Afinal, são exemplos de superação”, disse a oncologista.

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  

 (Guilherme Tonelli e Bárbara Martins/Divulgação)  


Emoção
 
A sessão de fotos foi realizada em 15 de setembro, no Parque da Cidade. E o fotógrafo Guilherme Tonelli confessa que, apesar de ter trabalhado em outros projetos sociais, ele e a colega de trabalho Bárbara Paiva não conseguiram conter a emoção desse ensaio, que, para ele, foi muito especial. “Impossível não se emocionar com cada depoimento. Enquanto a gente fazia todo o processo, chorávamos e ríamos com elas”, relata. Guilherme ainda revela que esse foi um trabalho bastante desafiador. Depois da primeira risada de cada uma, foi libertador pra gente”.
 
A massoteraupeuta e modelo plus size Cláudia Belchior, 54 anos, foi uma das pacientes fotografadas para o projeto. Ela descobriu o câncer de mama há pouco mais de um ano, e, de lá para cá, tem lutado para não deixar a doença abalar a autoestima. Tanto não deixa abalar que continua trabalhando como modelo. Inclusive, em junho, ganhou o concurso Soberana Plus Size Internacional das Américas 2018, e representará o Brasil em Cancún, em 2019, na categoria “maturidade”.
 
“Eu perdi a mama esquerda, mas ganhei a vida. Deus me deu a oportunidade de estar viva. Não deixo de ser mulher por causa da doença”, afirma, emocionada. “Independentemente da doença, podemos estar sempre bonitas, com roupas bacanas. O importante é nunca deixar a doença tirar a autoestima”, ressalta.
 
Cláudia também dá palestras para quem tem ou teve câncer de mama. Ela acredita que sua experiência com a doença pode ajudar diversas mulheres a superar a difícil fase. “Além da minha vivência com o câncer, eu levo fé, força e garra para quem me assiste”.
 
Outubro Rosa
 
A massoterapeuta conta que descobriu o câncer de mama enquanto se autoexaminava durante o banho e reforça que as mulheres devem se cuidar sempre, não apenas durante o Outubro Rosa. “Este mês serve mais como um alerta e um incentivo para que as mulheres visitem sempre o médico. Mas nós temos que nos cuidar durante o ano todo, se tocando sempre e, assim que perceber algo diferente, já ir ao médico”, acrescenta.
 
O resultado das fotos feitas com as 11 pacientes em tratamento do câncer de mama estará exposto no HUB, até 26 de outubro, de segunda a sexta, das 9h às 17h. A exposição é aberta ao público.


Exposição “Quando você foi feliz pela primeira vez?”
 
Quando: 5 a 26 de outubro
Hora: 9h às 17h
Onde: Hospital Universitário de Brasília —  HUB (604/605 - L2 Norte)
 

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