Do ponto de vista de infraestrutura, falta cerca de um mês para os alunos voltarem às salas de aula. O governador Ibaneis destacou um orçamento para as reformas?
Sim. Existe um plano de 200 escolas prioritárias, que estão com estado mais complicado. São também duas escolas em que não há mais alunos nem professores trabalhando, e existem escolas em que estamos avaliando se vão precisar retirar os alunos, e alugar um prédio e receber os estudantes e profissionais, ou não.
No relatório de transição, tem um dado alarmante que se trata de violência nas escolas, sobre como os alunos tratam seus professores. Existe alguma política para mudar esse cenário?
Com certeza. Existe uma série de medidas para que a gente não ature mais isso. Não pode existir mais qualquer tipo de agressão física, psicológica ou verbal. Temos ações relacionada, à formação (do aluno), mas também uma parceria com a Polícia Militar. É uma orientação do governador, inclusive que nós façamos um piloto com escolas militares no DF. Mas vamos buscar também medidas relacionadas a arte, cultura e esportes. Alguns alunos estão esperando por atenção e por alguém que dê limites e os ajude a organizar as ideias.
Você falou em escolas militares. Em uma entrevista concedida por Ibaneis ao Correio, ele falou da intenção de abrir novas escolas militares. Como é esse plano?
Estamos avaliando ainda e estamos conversando com escolas da PM e dos Bombeiros. Ainda não temos muitos detalhes para dar, mas é certo que vamos começar essa experiência esse ano. Não sei se serão novas escolas ou se vamos oferecer às gestões das escolas a oportunidade de transformação em escolas militares.
Sobre a necessidade de fortalecer as parcerias, você acha que um mau resultado do ensino público hoje, além da falta de gestão, tem relação com falta de participação dos pais, da família?
Com certeza. Precisamos responsabilizar a sociedade pela parte que eles não fazem. Sabemos que a educação é resultado do trabalho não só da escola, mas da família também. Quando só um faz seu trabalho, a educação não fica completa. Não adianta fazer um trabalho ótimo na escola se a família não fizer seu papel. Inclusive estamos estudando formas de responsabilizar a família e fazer essa cobrança quando ela estiver ausente.
Na semana da posse, surgiu reação à escolha do seu nome para a secretaria, especialmente de setores da bancada evangélica que se colocaram contra o seu nome porque o senhor seria “a favor da ideologia de gênero”. Ao que o senhor atribui isso?
Tem uma série de razões, mas quero tranquilizar as pessoas. Estou tendo uma relação boa com parlamentares da base cristã, inclusive com líderes religiosos também, evangélicos da nossa cidade. Em primeiro lugar, eu compreendo que existe um medo, que as pessoas têm crenças e não querem ver algumas coisas acontecendo dentro das escolas. Mas, quando eu aceitei o convite do governador, aceitei implementar 100% das promessas dele durante a campanha. Uma dessas é a promessa de não dar espaço à ideologia de gênero, e isso vai ser cumprido integralmente. Outra questão é a de doutrinação. Eu tenho uma ótima relação com o deputado (Rodrigo) Delmasso, a gente conversou sobre isso e existem ações que nós estamos pensando e planejando para combater a doutrinação dentro das escolas.
Como estão as articulações com os servidores?
Eu me coloquei à completa disponibilização deles pelas redes sociais. Recebo centenas de mensagens por dia e gasto um bom tempo com isso. Isso é importante porque vêm muitas informações das redes, queixas e boas sugestões, inclusive. Essa predisposição em dialogar, em ouvir, é uma mudança que estamos fazendo. Nós fizemos também, durante uma semana, visitas em 14 regiões para que eu pudesse apresentar minha visão e para que pudéssemos começar a fazer a seleção dos coordenadores regionais. Conheci todos os diretores de todas as escolas. A receptividade foi excepcional.
Nas redes sociais, todo mundo quer saber sobre concursos públicos, nomeações e reajustes de salários.
Sobre nomeações, expliquei que a primeira coisa que acontece é estudo da demanda. Precisamos
olhar para as escolas, saber quem saiu, de quantos profissionais a mais a gente precisa, o que falta. Depois desse estudo, existe avaliação do impacto econômico, quanto vamos precisar para os chamados. Em seguida nós fazemos pedido para a Secretaria de Fazenda, que vai fazer outra avaliação dentro dos recursos disponíveis.
Um dos maiores problemas dos professores é a saúde. Como melhorar a saúde de uma categoria tão vulnerável, reduzindo número de atestados e reduzindo o deficit na sala de aula?
A primeira coisa é cuidar dos professores, que é a melhor forma de cuidar do nosso futuro. A educação que cria um futuro melhor para nossa sociedade e não se faz uma boa educação sem profissionais bem cuidados. Aí vem a valorização de diferentes formas. A valorização salarial também, mas principalmente uma valorização implícita, de ouvir as pessoas, saber quem está fazendo um bom trabalho, dar colo e dar carinho. Acolher esses profissionais da educação. Muitos querem fazer um bom trabalho e não conseguem. Temos que ter boas políticas de formação continuada, mas também falando com eles e sobre a saúde, também. Fazendo um balanço entre vida pessoal e profissional, enfim, existem diversas formas que estamos pensando.