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Patrícia Regina saiu logo para comprar o material didático da filha e conseguir programar gastos de fim de ano
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Pesquisar preços, adiantar as compras e negociar descontos. Essas são as três principais dicas de economistas e do Instituto de Defesa do Consumidor (Procon-DF) para quem vai comprar o material escolar dos filhos, matriculá-los em uma instituição particular de ensino ou contratar transporte para levá-los até a escola. Todos esses serviços sofreram ou sofrerão reajustes até o início do ano letivo de 2019. Pais devem ficar atentos, ainda, a preços abusivos em qualquer um dos casos e procurar os direitos caso se sintam lesados.
O valor das listas de material escolar costuma variar. De um ano para o outro, os itens exigidos mudam, quando o livro entra na conta, o preço aumenta, e a marca do produto escolhido também interfere. Estabelecimentos comerciais têm liberdade para tabelar os preços. Em janeiro, com o aumento da procura, o estoque diminui e, para repor com velocidade, as lojas compram do atacado em vez da indústria. Nesses casos, o custo também tende a crescer. Além disso, o reajuste médio das escolas particulares ficou entre 8% e 10%, e o do transporte escolar poderá chegar a 15% (veja tabela).
Além de pesquisar os valores do material didático nos estabelecimentos, os pais devem ficar atentos aos preços das vendas on-line. É o que recomenda a diretora de Atendimento do Procon-DF, Fabiana Ferreira. “O mais importante, em primeiro lugar, é pesquisar. Outra dica é a compra coletiva. Às vezes, se um grupo de pais procura uma papelaria junto, consegue um desconto maior. E escolas não podem oferecer comprar os materiais de ensino dos alunos. Isso é venda casada. É crime. Na lista (de materiais), o pai só deve comprar o que é para uso próprio”, alerta.
De loja em lojaA psicóloga Patrícia Regina Rodrigues, 43 anos, saiu ontem para comprar o material didático da filha, Fernanda, de 14, que estuda no Mackenzie. Ela pesquisou preços em três papelarias. Optou por uma na 509 Sul. “A conta está mais cara em relação ao ano passado, pois a escola pediu mais livros. Prefiro comprar adiantado. Batalho por descontos e tenho uma noção melhor do quanto posso gastar nas festas de fim de ano. Em 2015, deixei para a última hora e paguei R$ 112 a mais”, lembra.
A estratégia da médica Paula Hungria, 32 anos, para economizar na compra do material do filho mais velho, de 6 anos, é comparar preços também pelo celular. “Participo de um grupo de pais e sempre tem alguém postando comparativo de valores.”
Em Taguatinga, a aposentada Emília Bernardes Setubal, 42, pesquisava preços para materiais dos três filhos: dois estão no Colégio Militar e um cursa engenharia de software na Universidade de Brasília (UnB). Além de olhar preços, ela participa de um grupo de WhatsApp de venda de livros e uniformes escolares usados a preços mais baixos. “É ótimo, porque você economiza.” Em Ceilândia, a auxiliar de serviços gerais Ivone Ribeiro, 36, também olhava os valores das listas dos filhos Jadson, 6, e Agatha, 8. “Onde vejo que está mais barato, compro. Cada R$ 1 economizados já ajuda em casa”, garante.
A reportagem do Correio pesquisou orçamentos de uma lista do 2º ano do ensino fundamental com 49 itens e 14 livros em diversas papelarias da cidade. No primeiro estabelecimento, na 708 Norte, o valor total foi de R$1.513,08. Na Asa Sul, o preço era de R$ 1.515,50. Na QNM 17, a mesma lista saiu por R$ 1.520,07. Em uma papelaria de Taguatinga, o valor foi de R$1.558,55. A variação de preço entre a mais barata e a mais cara foi de R$ 45,47, uma diferença de, aproximadamente, 3%.
CuidadosDe acordo com o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa), Luis Claudio Megiorin, a média de reajuste esperada para as escolas particulares será de 8% a 10%. Ele reclama da postura dos estabelecimentos. “Sempre falamos que as escolas trabalham com uma boa margem de lucro. Chega a 30%, e sem transparência”, afirma. Na avaliação dele, alguns estabelecimentos particulares foram sensíveis à crise, mas outros não demonstraram a mesma cautela e pediram o dobro da inflação. “Os pais devem ficar atentos e saber se o valor cobrado paga o projeto pedagógico”, destaca.
Já Álvaro Moreira Domingues Júnior, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF), evita falar em uma média de reajuste, índice que será divulgado pela instituição em janeiro. “O maior custo é o acordo coletivo com os professores e o INPC mais ganho real de 1%. Pais devem ficar atentos ao contrato, observar valores e conhecer a escola e a proposta pedagógica”, recomenda.
O presidente do Sindicato dos Transportes Escolares do DF, Nazon Simões Vilar, por sua vez, explica que a categoria terá de repassar os aumentos de custo para o consumidor. Segundo ele, além do combustível, os motoristas passaram a pagar mais pelas manutenções. “Não é só o combustível que subiu. Manutenção, peça, pneu, mão de obra, temos de calcular para saber quanto vamos repassar. Acredito em algo na faixa de 10% a 15%. Os pais não tiveram aumento. Sabemos disso. Mas, em 2018, não repassamos os prejuízos”, explica.
* Estagiária sob supervisão de Mariana NiederauerAnote» Para procurar o Procon-DF, basta ligar no número 151. O consumidor também pode acionar o órgão pelo e-mail 151@procon.df.gov.br ou ver o endereço de um dos 10 postos do órgão no DF, pelo site www.procon.df.gov.br.