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"Eu não posso prescindir da presença dele ao meu lado no Palácio do Planalto", afirmou Bolsonaro sobre o general Augusto Heleno |
Em dia intenso de negociações do governo de transição, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou a extinção do Ministério do Trabalho, que será desmembrado em outras pastas da Esplanada. O anúncio gerou críticas entre entidades sindicais, mas, segundo interlocutores da equipe, ele não deve reverter a decisão. Além disso, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) foi confirmada como o sexto nome da futura gestão, assumindo a Agricultura — é a primeira mulher do grupo principal do futuro governo.
Ontem, Bolsonaro teve compromissos desde cedo. De manhã, tomou café com o alto comando da Aeronáutica e se reuniu com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Almoçou com o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STF), ministro João Otávio de Noronha, e o juiz Sérgio Moro, futuro ministro da Justiça. Durante a tarde, foi duas vezes ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde estão ocorrendo reuniões do governo de transição. Entre as visitas, se encontrou com o atual presidente Michel Temer no Palácio do Planalto, para tratar da reforma da Previdência.
O anúncio de que o Ministério do Trabalho seria extinto foi depois do almoço com Noronha. “Vai ser incorporado a algum ministério”, disse Bolsonaro. A notícia veio com críticas. Em nota, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) defende a manutenção da pasta “por sua importância no cenário nacional”. Angelo Costa, presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), afirmou que a medida causa preocupação, porque enfraquece a política de valorização do emprego e da renda. “Essa mudança não é positiva. Reduz a importância que o governo dá à temática do trabalho humano e também à preservação da auditoria e da fiscalização trabalhista”, destacou o procurador.
Diminuição
A intenção do próximo chefe do Executivo é reduzir de 29 para algo em torno de 17 pastas em seu governo. Há possibilidade de a Controladoria-Geral da União (CGU) ter o status de ministério mantido, elevando o número para 18. Durante reunião a portas fechadas no Ministério da Justiça, Moro disse ao atual ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que o órgão não será incorporada à pasta da Justiça.
À tarde, o presidente eleito anunciou a deputada Tereza Maria como a futura ministra da Agricultura. Ela é presidente da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA), conhecida como a Bancada do Boi. Também foi secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul e uma das lideranças que defenderam a aprovação do Projeto de Lei nº 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país.
A decisão de Bolsonaro foi anunciada pelo vice-presidente da Frente Parlamentar de Agricultura, Alceu Moreira (MDB/RS), após reunião no CCBB. Segundo Moreira, o nome de Tereza Cristina veio depois de “longa e profunda discussão” com os integrantes da Frente. “Ela foi consenso. Feita a sugestão ao senhor presidente eleito, ele, de imediato, anunciou que ela será a sexta ministra a ser indicada”, afirmou. Tereza é a primeira mulher anunciada por Bolsonaro que, em um post, ironizou a ausência feminina em ministérios: “Algum jornalista acha mesmo que vou sair perguntando o que cada um faz na sua intimidade para indicar a cargos no governo? Isso é uma grande piada!”.
Equilíbrio
Em outra frente, o general Augusto Heleno, que vinha sendo cotado para o ministério da Defesa, recebeu a confirmação de que ocupará a pasta do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo o militar, a mudança foi tomada pelo presidente eleito. Bolsonaro informou que a decisão veio em comum acordo. Ele também declarou que a escolha em conceder um cargo de importância para Heleno se dá pelo “equilíbrio” do militar. “Eu não posso prescindir da presença dele ao meu lado no Palácio do Planalto”, contou.
Na equipe de transição, os trabalhos foram intensos, voltados para discussões sobre a reforma da Previdência. O tema deve voltar a ser discutido com parlamentares amanhã, no CCBB. Bolsonaro saiu após as 18h, mas as atividades continuaram até 21h25, quando o coordenador do grupo e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deixou o local. O time tem, agora, 27 nomes, já que o empresário Marcos Aurélio Carvalho sairá, segundo o jornal O Globo. Em entrevista, ele disse que não ocuparia um cargo no governo, mas gostaria de atuar como assessor informal.
Convite para o G20
Em um encontro no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer convidou o presidente eleito, Jair Bolsonaro para viagens internacionais que ele fará até o fim do ano. Entre os eventos, está uma reunião do G20, grupos das 20 maiores economias do mundo, que ocorrerá na Argentina, em 30 de novembro e 1º de dezembro. “Tenho viagens programadas, mencionei até o G20, será agora no fim do mês, não sei se o presidente poderá. Mas disse a ele que, quando ele queira, nós poderemos ir juntos para o exterior”, disse Temer. Bolsonaro ainda não se manifestou sobre o assunto e não disse se aceitará a proposta.