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Prefeitura da cidade decretou luto oficial de três dias. Episódio reacende discussão sobre porte de armas
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O Brasil possui 8,5 milhões de armas ilegais circulando nos estados, segundo o Anuário de Segurança Pública. Duas delas podem ter ido parar nas mãos de Euler Fernando Grandolpho, 49 anos, que abriu fogo contra fiéis dentro da Catedral Metropolitana de Campinas (SP) no início da tarde de ontem. O que era para ser o fim de uma missa tranquila transformou-se numa tragédia que culminou na morte de cinco pessoas: Sidnei Vitor Monteiro, de 39 anos, José Eudes Gonzaga, 68, Cristofer Gonçalves dos Santos, 38, e Eupídio Alves Coutinho, 51, além do próprio atirador, que cometeu suicídio.
Quatro pessoas ficaram feridas, das quais uma se encontra em estado grave. Segundo a gerente de uma loja em frente à catedral, Laura Ishisaki, 55 anos, tudo aconteceu de maneira muito repentina. “Ouvimos vários tiros, mais de 20, e ficamos assustados, sem saber o que fazer. Então, pedimos que as pessoas que estavam dentro da loja não saíssem e tentamos abrigar os que estavam saindo da igreja.”
“Há muitos anos, trabalho nessa área, que sempre foi muito calma, nunca tínhamos nos deparado com algum episódio parecido. Até porque tem um posto policial por perto, e a Polícia Militar faz rondas frequentes”, acrescentou Laura. “É muita falta de amor alguém fazer isso. É preocupante. Que Deus tenha misericórdia das famílias”, lamentou.
Por volta de 13h20, equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu foram enviadas para socorrer os feridos. Jandira Prado Monteiro, de 65 anos, sofreu lesões na mão direita, no tórax e na clavícula. Ela foi socorrida no Hospital Mário Gatti e está fora de perigo, mas em observação. Para o mesmo hospital foi encaminhado Heleno Severo Alves, 84, atingido no tórax e no abdômen. Após cirurgia, Alves foi levado para a UTI, em estado grave.
Baleada em uma das pernas, Maria de Fátima Frazão Ferreira, de 68 anos, foi levada ao Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O quadro dela era estável, segundo relatório médico. O quarto ferido, um homem de 64 anos, foi atingido por dois tiros de raspão, recebeu socorro no Hospital Beneficência Portuguesa e teve alta ainda ontem.
O major Paulo Monteiro Filho, subcomandante do 7ª grupamento de Bombeiros de Campinas, disse que, em 20 anos de profissão, nunca viu nada parecido. “Como ficamos próximos ao local, fomos a pé e encontramos os corpos caídos no chão. O Samu fazia o atendimento dos feridos. Segundo testemunhas, Euler entrou sem falar nada. Ficou sentado por um tempo e depois atirou. Ele estava com uma pistola 9mm e um revólver .38. Chegou a usar dois carregadores e tinha mais dois no bolso. Em cada um cabem 11 balas. Ou seja, deu, ao menos, 22 tiros. A situação teria sido pior caso a polícia não tivesse chegado. Seria uma execução total. A maioria, de senhores de idade”, avaliou.
* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo
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