Marcos Paulo Lima
Publicação: 23/12/2018 04:00
Sergio Ramos ergue a taça do hepta depois da goleada por 4 x 1 sobre o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos
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1960, contra o Peñarol-URU
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1998, contra o Vasco
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2002, contra o Olímpia-PAR
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2014, contra o San Lorenzo-ARG
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2016, contra o Kashima-JAP
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2017, contra o Grêmio
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As sete maravilhas do mundo antigo são a Grande Pirâmide de Gizé, os Jardins Suspensos da Babilônia, o Templo de Artêmis, a Estátua de Zeus, o Mausoléu de Halicarnasso, o Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria. O mais fanáticos dos torcedores do Real Madrid contesta. Para o “doente”, as sete maravilhas passam a ser, desde ontem, o título de 1960 contra o Peñarol, o de 1998 diante do Vasco, o de 2002 na vitória sobre o Olimpia, o de 2014 no confronto com o San Lorenzo, o de 2016 na queda de braço com o Kashima Antlers, de 2017 na batalha com o Grêmio, e o de ontem, na goleada por 4 x 1 sobre o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, em Abu Dabi.
Unificando a Copa Intercontinental, a Copa Toyota e o Mundial de Clubes da Fifa, o Real Madrid é o primeiro heptacampeão. Entra para a história como único tri em anos consecutivos — 2016, 2017 e 2018. A sétima arte assinada pelo time merengue pode ter fechado um dos ciclos mais vitoriosos em 116 anos. A contar de 2014, o Real Madrid disputou 16 finais e ganhou 14 troféus. Ícones dessa era, o zagueiro Sergio Ramos, o centroavante Benzema e o lateral-direito Carvajal estiveram em todas as conquistas.
A hegemonia impressiona ainda mais quando lembramos que o Real Madrid se mantém no topo liderado por três técnicos diferentes. O tempo de vacas gordas começou com o italiano Carlo Ancelotti, passou por Zinedine Zidane e chega às mãos de Santiago Solari. O argentino de 42 anos é o quinto treinador campeão como técnico depois de ter vencido como jogador. Iguala os feitos de Luis Cubilla, Juan Mujica, Carlo Ancelotti e Zinedine Zidane. Em 2002, Solari entrou no lugar de Zidane contra o Olimpia, do Paraguai.
A dinastia do Real Madrid teve correções de rumo. Os treinadores Rafa Benítez e Julen Lopetegui não concluíram os mandatos. Ambos foram demitidos. O triunfo de ontem pode ser interpretado como um divisor entre o velho e o novo Real Madrid. Os veteranos Modric e Sergio Ramos balançaram a rede. Os jovem volante Llorente, 23, e o atacante Vinicius Junior, 18, que teve o lance individual completado por um gol contra de Yahia Nader, anunciam a temporada de renovação do elenco. Por sinal, é o primeiro título depois da saída de Cristiano Ronaldo. O português embarcou no meio do ano para a Juventus.
O contestado Mundial de Clubes comprova mais uma vez o óbvio. A Champions League virou uma espécie de NBA(liga norte-americana de basquete) do futebol. É impossível competir com eles. Houve um tempo em que foi possível. Até 1995, os times da América do Sul tinham 20 títulos contra 13 dos rivais do Velho Continente. A aprovação da Lei Bosman abriu as fronteiras para que o clubes contratassem jogadores de diferentes nacionalidades e montassem seleções mundiais. A balança ficou desequilibrada. De 1995 a 2018, os europeus acumulam 24 títulos e os sul-americanos, 11. Das últimas 12 edições, apenas uma foi conquistada por um time deste lado do Oceano Atlântico. O Corinthians superou o Chelsea por 1 x 0 em 2012.
A América do Sul amarga decadência em todas as competições da Fifa. As últimas quatro edições da Copa do Mundo foram vencidas pela Europa: Itália (2006), Espanha (2010), Alemanha (2014) e França (2018). O Velho Continente também arrematou as três versões recentes do Mundial Sub-20 com França (2013), Sérvia (2015) e Inglaterra (2017). A vergonha é maior ainda no Sub-17. Nas últimas sete edições, dois títulos do México, três da Nigéria, um da Suíça e um da Inglaterra.
“Foi um ano inesquecível para mim, foi perfeito. Este ano sempre vai ter um lugar especial, não poderia pedir mais. Estou feliz pelo gol, é o primeiro que marco nesta temporada. Espero conseguir fazer outros”
Luka Modric,
melhor do mundo