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O Córrego Samambaia transbordou e destruiu parte da Estrada Parque Vicente Pires (EPVP): transtorno |
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Marcas na parede mostram que o nível da água na estação de metrô de Samambaia Sul chegou a cerca de 1m |
Alagamentos, desabamentos e erosões. A chuva forte e constante causou estragos em vários pontos do Distrito Federal, principalmente em Águas Claras, Vicente Pires, Samambaia e Asa Norte. No fim da tarde de ontem, uma enxurrada tomou conta da comercial da 202 Norte. Proprietária de uma barbearia no local, Julia Róseo se assustou com o volume de água. “Atrapalha muito os negócios. Eu, por exemplo, perdi cinco clientes hoje (ontem), porque não conseguiram vir em razão da chuva”, lamentou. No início da semana, ela ficou ilhada em um dos blocos da quadra e teve de esperar mais de uma hora para voltar ao trabalho. “O perigo não é só da água da chuva, mas ela arrasta contêineres, lixo. A água não costuma cobrir mais do que a roda do carro, não chega ao motor, mas o que ela arrasta pode bater nos veículos”, disse.
Pela manhã, quem mora ou trabalha em Águas Claras ficou impedido de usar a Estrada Parque Vicente Pires (EPVP). A via foi isolada após o córrego transbordar e engolir parte do asfalto e da terra que encobre as bases de uma ponte (veja Onde fica). Não há previsão para a liberação total da pista, mas o Departamento de Estradas de Rodagens (DER) montou uma faixa reversa no sentido contrário.
Funcionários do DER correm contra o tempo para deter as erosões provocadas pelo transbordo do Córrego Samambaia na EPVP. O receio é de que, com a continuidade das chuvas, a terra na lateral da estrutura da ponte ceda ainda mais. Será preciso retirar todo o barro solto para preencher o local com areia e pedra novamente. Há três semanas, o DER havia feito uma correção no local. De acordo com o subsecretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Bezerra, não há risco de desabamento. “O nível do córrego subiu, e a água escavou a terra em dois pontos, o que prejudicou as estruturas e derrubou um muro. A nossa preocupação, agora, é que a chuva não retorne com a mesma força”, explicou Bezerra.
O diretor do DER, Márcio Buzar, detalhou as causas do incidente na EPVP. Segundo ele, canos da Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) que passam sob a ponte barraram a passagem de árvores, mato e lixo arrastados pela correnteza do córrego. O acúmulo de material sob a ponte represou a água, provocando o alagamento.
O DER e a Defesa Civil pediram para a Caesb retirar o encanamento. Ao Correio, a empresa informou que uma das redes de esgoto seria removida ainda ontem e outra, na próxima semana. “Os canos (da Caesb) serviram como barreira. O fato de o rio receber a água pluvial de Águas Claras e Vicente Pires também interfere, bem como a ocupação desordenada do solo, que impermeabiliza a região. A água não entra no solo e escoa pra onde dá. Vamos ter de escavar para saber o quanto de terra foi perdido e só poderemos fazer o reforço a partir do ponto em que o solo estiver firme”, explicou Buzar.
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Congestionamento na Estrada Parque Taguatinga no início da noite de ontem: região ficou travada por causa de alagamentos em Vicente Pires |
SustoOs motoristas que recorreram à EPVP ontem tiveram dificuldades para deixar a região. Radimila de Oliveira, 24 anos, seguia para o trabalho e ficou uma hora presa no trânsito. “Fiquei um bom tempo parada e tive de dar a volta por cima do canteiro central para fugir do alagamento. Peguei muitos engarrafamentos. Foi tenso”, comentou. O caminhão de Marcelo Matsuda, 40, não conseguiu passar pelo alagamento. “Tentei, e o caminhão parou. Um militar que passava a pé ajudou várias pessoas a saírem. A água estava acima do joelho”, disse.
A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o fim de semana é de pancadas de chuva em áreas isoladas e trovoadas ao londo do dia. De acordo com o meteorologista Hamilton Carvalho, faltando duas semanas para o fim do mês, o volume de chuva acumulado é de 258mm, 14% acima da média, de 227mm. A expectativa é de que, hoje, o céu permaneça encoberto, e a temperatura oscile entre 17ºC e 29ºC, com umidade do ar variando entre 45% e 90%. Amanhã, domingo, o sol voltará a aparecer. A temperatura pode chegar a 30°C, e a umidade deve variar de 90% a 40%.
ObrasA expectativa do DER é de que as obras de reconstrução de parte da EPVP fossem concluídas hoje, mas, segundo Buzar, as chuvas tornam o processo mais lento. “O pessoal está trabalhando bastante, até a noite. Porém, se continuar a chuva, o serviço deve ir até domingo. É algo que não é difícil, mas que precisa de tempo para fazer, e tempo sem chuva”, ressaltou o diretor-geral.
Para minimizar os efeitos no trânsito, o DER montou uma faixa reversa, no sentido contrário à via, liberada para o fluxo de carros. Mas a solução total dos problemas na EPVP deve demorar. Segundo o órgão, será preciso construir uma ponte no local: “Ali, existe um tubo de concreto antigo, de antes de existir Águas Claras. Do lado lateral, existe uma ponte, do outro é esse tubo; então vamos precisar fazer uma ponte ali no futuro”.
Por causa dos diversos problemas em Vicente Pires e região, houve congestionamento na Estrada Parque Taguatinga (EPTG) no início da noite de ontem.