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Genilson Francisco Lopes dá vida ao Palhaço Psiu, voluntário e parceiro do Correio Solidário: "Somos os verdadeiros papais-noéis" |
“O resultado do trabalho de um ano inteiro.” É assim que Nazareh Teixeira da Costa descreve a Festa de Natal Correio Braziliense Solidário. Presidente do Programa Correio Braziliense Solidário, ela comenta com carinho o evento. Além de mostrar a padrinhos, madrinhas, parceiros e voluntários que os esforços empregados nos últimos 12 meses valeram a pena, o encontro é um festejo natalino com direito a brinquedos para crianças de 4 a 6 anos assistidas por entidades beneficentes que recebem apoio do projeto. E, entre os presentes, estará Genilson Francisco Lopes, 42 anos, mais conhecido como Palhaço Psiu, que há 17 anos repassa alimentos e brinquedos para meninos e meninas de várias partes do país.
A festa, marcada para domingo, é só para convidados. E Nazareth destaca que não ocorreria sem o trabalho e a presença de parceiros e os muitos voluntários que se prontificaram a tornar realidade o sonho de meninos e meninas. “Nessa festa, a gente tem a satisfação de ver que estamos fazendo algo importante pelas crianças. Nós as vemos chegarem com presentes nas mãos, felizes e bem alimentadas. Isso é a coroação do nosso trabalho. Podemos até, às vezes, ficar com a sensação de que não fizemos o suficiente. Podemos achar que foi pouco. Mas esse pouco é muito para o mundo delas”, afirma.
A presidente do Correio Solidário lembra que as instituições atendidas pelo programa precisam da ajuda da comunidade. O valor da manutenção de serviços que garantem boa alimentação, banho, aula, muitas vezes em tempo integral, é alto. Dessa forma, qualquer ajuda garante a permanência de uma ou duas crianças em projetos, muitas vezes, decisivos por toda a vida. “A minha intenção nesse nosso trabalho é dar um conforto, uma assistência, um banheiro novo, uma cozinha, para que (as crianças) tenham o que não têm em casa. Como eles poderão competir, no futuro, com igualdade, por uma boa vaga de emprego, sem oportunidades hoje?”, questiona.
O Programa Correio Braziliense Solidário está no 15º ano. Nesse período, Nazareth coleciona experiências tristes e felizes. Ela destaca que, em ambos os casos, cresceu a vontade de continuar com os trabalhos. “Passamos por tantas coisas tanto no projeto do Distrito Federal quanto no de Belo Horizonte. Um dia, uma criança me abraçou e me pediu que a levasse comigo. Depois, soube que tinha sido vítima de violência. A gente se sente impotente diante de um problema tão grande. Mas é por isso que não podemos desistir. Mas ver o olhar de uma criança recebendo uma brinquedoteca também nos enche de força para continuar”, explica.
Palhaçada do bem
O Palhaço Psiu conhece bem essas emoções e, assim como Nazareth, aprendeu a tirar energia disso tudo. Ele viveu em um orfanato dos 5 aos 18 anos. “A minha mãe nos deixou lá, eu e mais quatro irmãos”, revela. Especialista em fazer rir, ele se emociona e ao comentar o passado. Lembra do irmão mais velho, morto há 21 anos, e de uma filha, que perdeu a vida aos 15, em um acidente de carro, em 2011. “Todo palhaço tem uma tristeza dentro de si, mas isso me dá força. Quando eu levo alegria para crianças, eu amenizo essa dor. Vivo de momentos felizes, me curo. É o remédio que Deus me deu”, diz.
Psiu descobriu na arte de ser palhaço uma forma de mudar a própria realidade. A partir daí, começou a trabalhar para transformar, também, a vida de meninos e meninas em situações semelhantes às dele. Além das apresentações do personagem, o artista dá palestras para contar histórias da própria vida e a importância de acreditar em si. “Quando saí do orfanato, trabalhei em vários lugares. Fui cozinheiro, chapeiro e trabalhei em uma lanchonete famosa como animador de festa. Em um Natal, pedi ao gerente 10 presentes para dar para as crianças que não receberiam nada”, relembra. O ano era 2001.
No ano seguinte, Psiu conseguiu 300 brinquedos. Depois, 600, 700, e não parou mais. “Cheguei a conseguir 10 mil. Neste ano, estou em campanha”, ressalta. O trabalho chamou a atenção de autoridades e, entre idas e vindas, além dos próprios projetos, Genilson tornou-se voluntário e parceiro do Correio Solidário. “Eu sempre me pergunto quantas pessoas não vão ter um Natal. Uma das coisas de que mais gosto é de ver a ansiedade das crianças que sabem que vão subir ao palco e receberão o presente das mãos do Papai Noel. E nós, os voluntários, que damos a chance de essas pessoas receberem os presentes, somos os verdadeiros papais-noéis”, emociona-se.
Ajude
Interessados em ajudar o Palhaço Psiu com doação de brinquedos podem procurá-lo pelo telefone (61) 98117-6101. Os presentes serão distribuídos em instituições do DF e de outros estados.