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Ao lado do vice, Hamilton Mourão, Bolsonaro preferiu não repetir as críticas que fez ao TSE durante as eleições e elogiou o órgão pela organização
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A complexidade dos desafios que tem pela frente, tanto em assuntos relacionados ao cargo de chefe do Executivo, quanto da articulação política necessária para garantir a governabilidade, fez com que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, construísse um discurso recheado de defesas em nome da união entre os brasileiros. E fixou os objetivos que pretende seguir assim que tomar posse, em janeiro. Em uma cerimônia com mais de 700 convidados, lotada por autoridades dos Três Poderes, Bolsonaro e seu vice, general Hamilton Mourão, foram diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A medida é necessária para que eles estejam aptos a assumirem o cargo.
Mourão foi o primeiro a receber o diploma, mas não discursou. Em seguida, ao lado da presidente da Corte, ministra Rosa Weber, Bolsonaro falou para o contingente que o elegeu e também para quem não o apoiou. “Agradeço, especialmente, aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com o seu voto. Aos que não me apoiaram, peço a sua confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país”, disse. O presidente eleito defendeu um país onde todos sejam tratados de forma igual, sem que ocorra diferenciação nas ações do Estado em relação aos aspectos pessoais. “A partir de 1º de janeiro, serei o presidente de 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos, sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade ou religião”, completou.
A expectativa sobre o discurso no TSE era grande, uma vez que, durante a campanha, Bolsonaro questionou mais de uma vez a segurança do sistema de votação e a legitimidade da urna eletrônica. O presidente eleito preferiu apelar à conciliação: exaltou a integridade do pleito e agradeceu à Justiça Eleitoral pela organização do ato. “Senhora ministra Rosa Weber, senhores ministros do TSE, senhoras e senhores, que esse trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo eleitoral seja um exemplo da união em prol do Brasil. Com o apoio e o engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro. Vamos resgatar o orgulho pelas cores da nossa bandeira e pela força do nosso hino”, ressaltou.
Bolsonaro saiu vencedor das eleições realizando uma campanha com base na difusão de propostas por meio das redes sociais. Com apenas oito segundos de tevê no primeiro turno, e impedido de sair às ruas para o corpo a corpo com o eleitorado em razão da facada que levou em Juiz de Fora, em 6 de setembro, o presidente eleito usou a internet para transmitir seu plano de governo para os brasileiros. Durante a cerimônia no TSE, ele disse que o resultado do pleito revela que o “poder popular não precisa mais de intermediação”.
De acordo com o presidente eleito, as novas formas de comunicação permitem que o cidadão participe diretamente das decisões do governo, e possa expressar suas necessidades diretamente aos candidatos e eleitos. “O poder popular não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição”, afirmou.
Discussões
As recentes discussões entre integrantes do PSL, partido de Bolsonaro, dominaram os debates na plateia. O futuro ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, afirmou que a briga entre os integrantes da sigla é extremamente negativa. Ele criticou os conflitos internos da legenda, que ocorreram principalmente por meio do Twitter e WhatsApp. Os filhos de futuro chefe do Executivo protagonizaram discussões acaloradas com parlamentares da próxima legislatura, como com o deputado federal Julian Lemos.
Para Bebiano, a maioria dos parlamentares do partido foram eleitos por conta do efeito Bolsonaro, e devem focar em assuntos que são de interesse do país. “Acho que o partido tem que estar unido. Precisa haver uma conscientização por parte da cada um. Se não fosse a onda Bolsonaro, a maioria não teria se elegido. Estão começando uma vida nova. Brasília é um ambiente inóspito. Pato novo não mergulha fundo”, disse.
Discurso de Jair Bolsonaro na diplomação
Em primeiro lugar, eu quero agradecer a Deus por estar vivo e também por esta missão à frente do Executivo. Tenho certeza que, ao lado d’Ele, venceremos os obstáculos. Parabenizo aqui a família da Justiça eleitoral pelo excelente trabalho realizado nas eleições de outubro. A cada um de vocês, integrantes do TSE, dos tribunais regionais eleitorais, das Forças Armadas, mesários, expresso meu muito obrigado e meu reconhecimento por essa demonstração de civismo e amor ao Brasil.
Hoje, eu e meu contemporâneo general Hamilton Mourão recebemos nossos diplomas. Trata-se do reconhecimento de que o povo escolheu seus representantes. Pessoas livres e justas, como determina nossa Constituição. Não poderia estar mais honrado com a consciência demonstrada pelo povo brasileiro. Essa vitória não é só minha.
O caminho que me trouxe aqui foi longo e nem sempre foi fácil. Durante minha vida pública como militar, vereador e deputado federal, sempre me coloquei pela defesa dos valores da família, pelos interesses do Brasil e pela soberania nacional. Orientei a plataforma da minha campanha à Presidência da República pela defesa desses valores. A todos aqueles que me apoiaram e confiaram na minha capacidade, o meu muito obrigado. Agradeço com carinho à minha família, minha mãe, Olinda, ainda viva com 91 anos, minha esposa Michelle, meus filhos Flávio, Carlos, Eduardo e Renan e minha querida filha Laura.
Nada disso teria sido possível sem o apoio incondicional de vocês. Agradeço também a todos que acreditaram e estiveram comigo desde o início de minha trajetória. Nos momentos felizes, mas sobretudo nos momentos difíceis. Essa vitória é de todos nós. Agradeço muito especialmente aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com seu voto.
Aos que não me apoiaram, peço sua confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país. A partir de 1º de janeiro, serei presidente dos 210 milhões de brasileiros.
Governarei para todos sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade, ou religião. Com humildade, e tendo fé em Deus para iluminar minhas decisões, me dedicarei ao objetivo que nos une: a construção de um Brasil próspero, justo, e que ocupe o lugar que lhe cabe entre as grandes nações do mundo. Esse é o nosso norte. Esse é o nosso compromisso.
Somos uma das maiores democracias do mundo, 120 milhões de brasileiros compareceram às urnas de forma pacífica e ordeira. Respondemos ao dever cívico do voto. Devemos nos orgulhar dessa conquista. Em um momento de profundas incertezas em várias partes do globo, somos o exemplo de que a transformação pelo voto popular é possível. Esse processo é irreversível. Nosso compromisso com a soberania do voto popular é inquebrantável. Os desejos de mudança foram expressos de forma clara nas eleições. A população quer paz e prosperidade. Nossa gente é trabalhadora. Temos todos a esperança de uma vida digna. Gente que não mede esforços para obter o sustento de seus familiares, que precisa de um governo que garanta condições adequadas para desenvolver seu potencial.
A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a ruptura com práticas que atrasaram nosso progresso. Não mais à corrupção. Não mais à violência, às mentiras e à manipulação ideológica. Não mais submissão do nosso destino a interesses alheios; não mais mediocridade complacente em detrimento do nosso desenvolvimento. Todos conhecemos a pauta histórica: segurança pública, combate ao crime e igualdade de oportunidades com respeito ao mérito e ao esforço individual.
Todos sabemos disso, mas não conseguimos ainda oferecer isso à população como dever do Estado. Nosso dever é transformar os anseios em realidade. Nossa obrigação é oferecer um Estado eficiente, que faça valer a pena os impostos pagos pelo contribuinte. Nossa obrigação é dar garantia que os brasileiros regressem bem após um dia de trabalho. Nosso dever é criar condições para que o empreendedor crie empregos e gere renda ao trabalhador. Tenho plena consciência dos desafios que se colocam entre nós. Trabalharei com afinco para que, daqui a quatro anos, possamos olhar para trás com orgulho pelo caminho trilhado em benefício do nosso amado Brasil.
Senhoras e senhores, vivenciamos novo momento. As eleições de outubro revelaram uma realidade distinta das práticas do passado. O poder público não precisa mais de intermediação. As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes. Nesse novo ambiente, a crença na liberdade é a melhor garantia de respeito aos altos ideais que balizam nossa Constituição. Diferenças são inerentes a uma sociedade múltipla e complexa como a nossa. Mas há ideais que nos unem: o amor à pátria e o compromisso da construção de um presente de paz e de futuro mais próspero.
Senhores ministros, senhoras e senhores, que esse trabalho coletivo que garantiu a legitimidade do processo eleitoral seja um exemplo da união em prol do Brasil. Com a união e o engajamento de todos, vamos resgatar o orgulho de ser brasileiro e pela nossa bandeira e nosso hino. Temos a certeza de que este país tem como destino a prosperidade e a paz. O Brasil deve estar acima de tudo. Que Deus abençoe o nosso país e todos nós, brasileiros. Meu muito obrigado a todos.