Para o segmento hoteleiro de Brasília, o réveillon é uma época de vacas magras. Na virada do ano, os estabelecimentos do setor registram, historicamente, uma média de 25% de ocupação dos leitos. Mas a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), deve aquecer a economia da capital federal e lotar os hotéis da cidade. Os empresários esperam uma ocupação de até 80% dos quartos no ano-novo, graças à chegada de milhares de cidadãos, autoridades e chefes de Estado estrangeiros para a celebração do início da gestão Bolsonaro. Caravanas partirão de várias partes do Brasil, com simpatizantes do capitão da reserva e futuro presidente.
O Distrito Federal tem 145 hotéis, com 18 mil quartos e 26 mil leitos. Além disso, o DF conta com 50 hotéis-fazenda, motéis, pousadas e apart-hotéis. Para o réveillon deste ano, a estimativa é de que a média das diárias custe R$ 250. A presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-DF), Adriana Pinto, conta que a procura por quartos na virada do ano começou. Hoje, cerca de 40% dos leitos disponíveis na capital federal estão bloqueados para a data — boa parte deles será ocupada por pessoas que virão para a posse, em 1º de janeiro.
“Esse é um percentual completamente atípico. Historicamente, os hotéis têm ocupação de 20% a 30% no réveillon. É uma época muito ruim para o setor. Mas os dados mostram que este ano será diferente”, conta Adriana. Segundo a presidente regional da entidade que representa os hotéis, os estabelecimentos da área central são os mais procurados, mas até mesmo leitos em cidades, como Águas Claras e Taguatinga, terão alta de ocupação. “Tivemos reservas individuais e de pequenos grupos, como embaixadas, por exemplo. Algumas bloquearam 10 quartos de uma vez”, acrescenta Adriana.
|
|
Saulo, da rede Plaza Brasília Hotéis: "A nossa expectativa é lotar os quatro hotéis" |
“Casa cheia”
O secretário executivo do Brasília Convention Bureau, Delfim da Costa Almeida, diz que a expectativa é de “casa cheia” com a posse. “Será uma ótima data para a hotelaria. Como o réveillon normalmente é uma época fraca, os empresários costumam dar férias aos funcionários. Mas, neste ano, todos estarão com equipes completas para atender a demanda. Acredito que os hotéis de Brasília terão, no mínimo, 80% de ocupação”, prevê Delfim.
Saulo Borges, gerente comercial da rede Plaza Brasília Hotéis, conta que a demanda por reservas para a noite de 31 de dezembro registrou alta antes mesmo do 2º turno da eleição. “Depois da votação, a procura aumentou ainda mais. Hoje, estamos com 40% dos quartos reservados, mas a nossa expectativa é mesmo lotar os quatro hotéis da rede”, diz Saulo. A Rede Plaza tem 1 mil apartamentos.
Segundo ele, a maioria dos hóspedes deve fechar pelo menos duas diárias. Como a demanda na época do réveillon normalmente é baixa, a rede só realiza festa de ano-novo em um dos estabelecimentos do grupo. “Este ano, vamos oferecer ceia de réveillon em todos os hotéis da rede e estaremos com as equipes completas”, acrescenta o gerente comercial da Rede Plaza.
Shows
Com os hotéis cheios, as festas privadas de réveillon e os eventos realizados pelo Governo do Distrito Federal também devem ter reforço. Na próxima semana, a Secretaria de Cultura vai lançar os editais de pregões para a contratação da infraestrutura dos festejos da virada. Por causa da posse, os shows serão realizados na área externa do Estádio Nacional Mané Garrincha, e não na Esplanada dos Ministérios. Ainda não há artistas confirmados, mas há negociações avançadas para apresentação da cantora Naiara Azevedo, na arena, e do grupo Ilê Ayê, na Prainha.
O secretário adjunto de Turismo do Distrito Federal, Jaime Recena, conta que o movimento de visitantes em Brasília tem crescido em datas, como carnaval, aniversário da cidade e também no réveillon. “Deve haver uma movimentação importante na cidade com a posse. E, cada vez mais, os brasilienses têm optado por ficar na capital no ano-novo, o que incentiva os empreendedores a fazer eventos. Moradores de cidades próximas, como as do Triângulo Mineiro, Goiânia e Campo Grande, também têm procurado Brasília em datas, como carnaval e ano-novo”, reforça Recena.