Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense quinta, 11 de outubro de 2018

SEM MANDATO, PERILLO É PRESO

 


Sem mandato, Perillo é preso
 
Ex-governador de Goiás é detido ao prestar depoimento na Polícia Federal sobre acusações apresentadas por delatores da Odebrecht, segundo as quais ele recebeu propina em campanhas eleitorais de 2010 e 2014

 

» MURILO FAGUNDES*

Publicação: 11/10/2018 04:00

Marconi Perillo, que ficou em quinto lugar na eleição para senador, teve decretada prisão preventiva. Defesa tenta habeas corpus (Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press - 11/8/16)  
Marconi Perillo, que ficou em quinto lugar na eleição para senador, teve decretada prisão preventiva. Defesa tenta habeas corpus



Derrotado na disputa pelo Senado Federal por Goiás, o ex-governador do estado Marconi Perillo, do PSDB, foi preso na tarde de ontem sob suspeita de recebimento  de propina nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. O tucano foi detido enquanto prestava depoimento na sede da Polícia Federal (PF) em Goiânia sobre as acusações apresentadas pelos delatores da Odebrecht Fernando Reis e Alexandre Barradas. Os dois acusaram Perillo, que agora não conta com prerrogativa de foro especial, de receber repasses milionários indevidos da Odebrecht nos pleitos em que foi eleito e reeleito governador do estado. Ele é investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O mandado é de prisão preventiva, que não tem prazo.

Desde o fim de setembro, Marconi Perillo enfrenta barreiras na vida política. A operação Cash Delivery (entrega em dinheiro, em português) executou 14 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele e cinco mandados de prisão temporária, um deles contra Jayme Rincón, coordenador de campanha do governador José Eliton (PSDB). Perillo trabalhou para que o governador, eleito como seu vice, fosse confirmado no cargo pelas urnas, mas ele acabou ficando em terceiro lugar. Fernando Reis e Alexandre Barradas, delatores da Odebrecht, citaram repasses ilegais de cerca de R$ 10 milhões às campanhas de Perillo — R$ 2 milhões em 2010 e R$ 8 milhões em 2014.

Os mandados miraram o ex-governador que, depois de três décadas em cargos públicos, acabou derrotado no pleito deste ano, ficando em quinto lugar nos votos do eleitorado goiano para o Senado Federal. Perillo seguia na liderança das pesquisas, mas a deflagração da operação Cash Delivery, da Polícia Federal, que veio à tona no dia 28 de setembro, o deixou mais distante da vitória. Foram eleitos Vanderlan Cardoso, do PP, com 31,35%, e Jorge Kajuru, do PRP, com 28,23%. O tucano obteve apenas 7,55% dos votos válidos, atrás de estreantes como Kajuru. Nesse cenário, o ex-governador de Goiás, que atua na política desde 1991, ficou pela primeira vez sem mandato.

Primeira instância

A advogada criminalista Lissa Moreira explica que, com a perda do foro privilegiado, Marconi ficou submetido ao julgamento de um juiz de primeira instância. “Quando o político não tem mais prerrogativa de foro, todos os atos são apreciados por um juiz de primeira instância. Por não haver denúncia, e o Ministério Público não formar convicção sobre os fatos, o governador não teve direito ainda ao contraditório”, analisa. O caso estava antes no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Passou à primeira instância em abril, quando Perillo deixou de ser governador.

Até o fechamento desta edição, Perillo continuava preso, mas a defesa, representada pelo advogado Antônio Carlos Almeida, o Kakay, já havia impetrado pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal 1 (TRF-1). Desde o momento da prisão, a equipe de Kakay se posicionou contra o decreto de prisão e a tratou com “completa indignação”. Ainda segundo a equipe do advogado, “uma prisão por fatos supostamente ocorridos em 2010 e 2014, na palavra isolada dos delatores, afronta pacífica jurisprudência do Supremo, que não admite prisão por fatos que não tenham contemporaneidade”.

A prisão preventiva, ou seja, por tempo indeterminado, é decretada, entre outras motivações, com a finalidade de assegurar a aplicação da pena. Mas, segundo Lissa Moreira, baseando-se no que acompanhou sobre o caso, os objetivos pareceram não se efetivar integralmente. “A prisão, também chamada cautelar, busca dar segurança para um processo investigativo e pode ser decretada para assegurar a aplicação da lei. Nesse caso do ex-governador, parece-me que nenhum dos pré-requisitos estavam presentes. Não havia fato novo”, sustentou a advogada, baseada no artigo 312 do Código de Processo Penal.

Com a prisão de Marconi Perillo, o PSDB enfrenta mais uma derrota. A legenda, que pela primeira vez desde 1994 ficou fora do segundo turno presidencial, passa por um racha interno entre novos e antigos nomes, caso de Geraldo Alckmin e João Doria, que concorre com Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo. Na Câmara dos Deputados, o partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também sofreu derrota expressiva. Passou de terceira maior bancada eleita, em 2014, para nona, a partir de 2019.

Para o cientista político Max Stabile, doutor pela Universidade de Brasília (UnB), a prisão de Marconi Perillo revela, além do mau momento pelo qual os “partidos que estiveram na cadeira por muito tempo passam”, uma marca negativa para a legenda tucana. “Sem sombra de dúvidas, os governadores do PSDB, além de Perillo, Beto Richa e Reinaldo Azambuja, foram indiciados bem próximo ao pleito. Isso com certeza influenciou na campanha”, argumenta. 

* Estagiário sob supervisão de Paulo Silva Pinto


Perfil

Quatro
décadas

Detentor de quatro mandatos no Palácio das Esmeraldas, na capital goiana, Marconi Perillo, do PSDB, começou a vida política em 1980, quando foi presidente da Juventude do então PMDB. Nascido em Goiânia, em 1963, Marconi é casado, tem duas filhas e é formado em direito pela Universidade Católica de Goiás. Antes de chegar ao partido do qual faz parte, foi membro de outros quatro: MDB, PST, PP e PPB.

Em 1990, foi eleito deputado estadual e, em 1994, elegeu-se deputado federal pelo PP.  Em 1998, ganhou a eleição para o governo e foi reeleito em 2002. Quatro anos depois, conquistou uma vaga como senador. Voltou ao governo goiano em 2010 e, em 2014, conseguiu a reeleição mais uma vez. Renunciou em abril deste ano para disputar o Senado Federal.

Com trajetória ascendente nas eleições que disputou, o tucano travou historicamente uma disputa direta com Iris Rezende, do PMDB. Nas três vezes em que competiram pelo eleitorado goiano, Perillo saiu vitorioso. Contudo, nas eleições de 2018, o percurso de Perillo foi interrompido por escândalos de corrupção e pela ascensão de Ronaldo Caiado, do DEM, no estado. O ruralista levou a disputa no primeiro turno, com quase 60% dos votos, e apoiou Jorge Kajuru (PRP) e Vanderlan Cardoso (PP) para as vagas do Senado. Eles conquistaram, com ampla margem, o eleitorado.

Marconi Perillo havia se envolvido em outro caso suspeito, quando assumiu o governo em 2010. Segundo a Polícia Federal, o ex-governador havia vendido uma casa a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por valor maior que o declarado. Depois disso, com a compra de imóveis e com cotas de participação em uma empresa, o tucano conseguiu dobrar seu patrimônio.

No ano passado, Perillo foi denunciado pelo crime de corrupção passiva pelo Ministério Público, que suspeitou de recebimento de vantagens indevidas durante o terceiro mandato do tucano. Mas o processo que apurava possíveis improbidades administrativas em relação ao suposto envolvimento de Perillo com Cachoeira foi arquivado. (MF e CV)
 
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