Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense domingo, 18 de novembro de 2018

A VIDA SEM LIXO

 

A vida sem lixo
 
O movimento começou de forma discreta. Hoje, são muitas as pessoas que buscam produzir o mínimo possível de resíduos no dia a dia. Conheça algumas histórias inspiradoras

 

Por Marina Julião*
Por Renata Rusky

Publicação: 18/11/2018 04:00

Com apenas 58 anos, Brasília já teve o maior lixão da América Latina. Fechado no início do ano, foi substituído por um aterro sanitário. Um levantamento do Instituto Lixo Zero Brasil, de junho, apontou a capital como a cidade que mais produz lixo no país. O Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2016, encontro anual de empresários, chefes de estado, ONGs, entre outros, na Suíça, para discutir os rumos da economia mundial, comunicou que até 2050 os oceanos teriam, em peso, mais plástico do que peixes.
 
Diante dos dados alarmantes, algumas iniciativas particulares têm tentado amenizar o efeito dessa produção exacerbada de lixo no meio ambiente. O movimento ocorre em todo o mundo e chegou também por aqui. Em 2012, a ativista ambiental e empreendedora norte-americana Lauren Singer tomou a decisão de diminuir a quantidade de lixo que produzia a zero e fez um blog sobre a experiência.
 
Deu tão certo que, em 2015, já reconhecida pelo feito, apresentou uma palestra Ted e inspirou muito mais gente a fazer o mesmo. No talk, ela começa mostrando um pequeno pote de vidro com dejetos dentro e afirma que aquele era todo o lixo que ela produziu nos últimos três anos. Ela brinca que aquilo faz muita gente questioná-la: “Como você se limpa?”.
 
Lauren explica no Ted: “Lixo zero é uma ideia muito grande. Para mim, isso significa que não produzo lixo. Não jogo nada no lixo, não mando nada para aterro sanitário e não cuspo chiclete no chão e continuo andando”. Para isso, ela precisou aprender a fazer quase tudo que ela costumava usar, como desodorante. Foi ajudada por pessoas que já tinham esse estilo de vida, como a blogueira californiana Bea Johnson, mãe de duas crianças. Hoje, Lauren é dona de uma loja em Nova York que vende diversos produtos ecologicamente corretos e também de uma marca vegana de detergentes.
 
No Brasil, em dezembro de 2014, a designer Cristal Muniz resolveu seguir o exemplo. Em seu blog Um ano sem lixo, ela conta que já se preocupava com a questão e tentava produzir pouco lixo, mas foi Lauren que a incentivou a mudar radicalmente os hábitos. A criação do site foi uma forma de se comprometer ainda mais com a causa. Neste ano, o blog virou livro.
 
Para a professora do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB Izabel Zanetti, as mudanças no comportamento da população são necessárias. “É preciso educação para uma vida mais sustentável e consciente. A política dos três erres — reduzir, reutilizar e reciclar — deve ser usada pelas famílias.”
 
Na hora de fazer compras, ela recomenda privilegiar alimentos que podem ser adquiridos a granel, usando embalagens reutilizáveis. Prestar atenção nos materiais e na durabilidade das embalagens também é essencial.
 
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte

 
"Eu era uma consumidora voraz de cerveja long neck%u201D, admite. %u201CHoje, só compro de lata. Em Brasília, não se recicla vidro, então, não custa eu fazer isso" Rosemary Lacerda, servidora pública


O descarte ideal
 
Os moradores da SQS 113 se orgulham da gestão de resíduos sólidos feita na quadra. Não significa que foi fácil para ninguém. Justamente por isso, têm ainda mais motivo para se gabarem do sucesso. Atualmente, eles podem dizer que só enviam ao aterro sanitário de Brasília, localizado entre Ceilândia e Samambaia, o lixo que realmente não tem nenhum aproveitamento: o rejeito. Izabel Zanetti explica que são os materiais que não podem ser reciclados. “As embalagens e os objetos compostos de materiais químicos indissolúveis ou que são feitos de misturas de materiais que não podem ser separados não são recicláveis.” Isso, além de papel higiênico sujo, papel e alumínio com gordura e muito mais (veja box).
 
O material orgânico, compostável, é coletado por uma empresa; o vidro por outra e enviado a São Paulo, já que, em Brasília, não há nenhuma empresa de reciclagem de vidro; e os materiais recicláveis são recolhidos pela cooperativa LZ Centcoop. O Instituto Lixo Zero apoiou a iniciativa com informações úteis e a WWF Brasil ainda a patrocinou, imprimindo a cartilha de coleta seletiva da quadra.
 
Tudo começou quando, no início do ano, a prefeita da quadra, Rachel Andrade, servidora pública, e alguns síndicos e moradores visitaram o Lixão da Estrutural. “Ficamos muito impactados com uma cidade tão nova que já havia produzido tanto lixo, e também com as condições de trabalho dos catadores lá”, relembra Rachel.
 
O Lixão já estava em seus últimos dias de funcionamento, mas o grupo sabia que o novo aterro nascia com data de validade e, se ninguém mudasse os padrões de consumo e de descarte, o período seria ainda mais curto. Izabel Zanetti explica que os lixões e aterros sanitários são obras caras e com vida útil de, no máximo, 15 anos. Segundo a Agência Brasília, o espaço foi projetado para comportar 8,13 milhões de toneladas de rejeitos materiais não reutilizáveis e, com isso, ter vida útil de aproximadamente 13 anos.
 
Todos unidos
 
A quadra decidiu arregaçar as mangas e tentar prolongar o período. Mas por onde começar? Depois de alguma consideração, optaram por iniciar com o vidro. Cada prédio comprou uma espécie de tambor para guardá-los e, de 15 em 15 dias, eles são recolhidos.
 
“Se começássemos com a separação completa, a mudança seria muito drástica para os moradores. Com lixo seco e orgânico, teriam mais dúvidas”, Rachel explica a escolha. Mesmo assim, ainda houve equívocos: alguns descartavam o vidro com alimento dentro, com a tampa, com a rolha. Com o tempo, todos aprenderam que o vidro deveria estar limpo e que só ele deveria ficar na bomba de descarte.
 
Com a separação do vidro já bem resolvida, passaram para os lixos secos, compostáveis e para os rejeitos. Muitas casas já dividiam o lixo apenas em seco e orgânico, sem pensar nessa terceira via. Para o síndico do Bloco F, Bruno Apolonio, uma das maiores dificuldades foi justamente o fato de que quase todos os moradores achavam que sabiam separar o lixo, mas nem tudo estava correto.
 
A mudança no descarte do lixo transformou a quadra: “Viramos uma cidade de interior. Antes, eu só conhecia as pessoas do meu prédio. Agora, posso dizer que conheço, pelo menos, uma de cada um dos outros 10 edifícios.
 
Nesta segunda etapa de separação do lixo, o grupo de moradores visitou o centro de coleta seletiva da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Lá, viram como o lixo chega todo misturado e como isso não só dificulta a vida dos catadores como contamina materiais que poderiam ser reciclados. “Vimos que realmente faltava informação para as pessoas sobre a separação, demos palestras, esclarecemos e deu certo”, alegra-se Rachel.
 
Dentro de casa
 
Agora, além da empresa que coleta os vidros, uma outra recolhe todo o material compostável e a cooperativa busca o lixo reciclável. Somente os rejeitos vão para o aterro da capital. Para a moradora Rosemary Lacerda, 43, servidora pública, é gratificante saber que está fazendo algo pelo meio ambiente e por essas pessoas “que não ficam enojadas ao mexer no nosso lixo”.
 
Na visita ao centro de coleta seletiva, ela não se esquece de um catador que disse que pagava a faculdade da filha com o lixo que ela e tantas outras pessoas descartavam. “E ele falou pra mim: sou eu que tiro, do meio do seu papel higiênico sujo, aquele frasco de xampu que você jogou no lixo do banheiro, em vez de jogar no lixo seco”, lamenta Rosemary.
 
A iniciativa na quadra acabou transformando também a forma de consumir dela e da família composta pelo marido e por dois filhos. “Eu era uma consumidora voraz de cerveja long neck”, admite. “Hoje, só compro de lata. Em Brasília, não se recicla vidro, então, não custa eu fazer isso”, completa.
 
Os filhos perguntam o tempo todo o que vai em cada lixo. Com isso, aprendem. Azeitona, agora, compram as que vêm no saquinho e, então, colocam no pote de vidro que foi adquirido anteriormente, em vez de jogá-lo fora. “Separar dentro de casa é muito fácil. Difícil é o catador separar lá na frente.”
 
O que não pode ser reciclado
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  • Esponjas de aço
  • Pilhas
  • Isopor
  • Ampolas de medicamentos.
 
Fonte: Professora Izabel Zanetti
 
Jornal Impresso

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