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O bloco se reuniu em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, ao som da canção de Robertinho do Recife e Caetano Veloso; música continuou mesmo
depois de a chuva começar
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Foliões começaram a chegar no início da tarde, às 13h, e muitos ficaram até o trio elétrico anunciar o fim do bloco e se despedir
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“Babydoll de Nylon combina com você”: o refrão mais famoso da folia brasiliense voltou, ontem, a embalar o carnaval da capital. Depois de um ano longe das festividades do Rei Momo, a estimativa dos organizadores é de que o bloco tenha reunido entre 50 e 60 mil pessoas no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, segundo a Polícia Militar — a expectativa de público era de 50 mil foliões. Ao som da canção de Robertinho do Recife e Caetano Veloso, lançada em 1983, todos pularam e dançaram por horas a fio. Nem mesmo a chuva torrencial que teve início às 17h comprometeu a animação.
Na folia, o figurino predominante era o babydoll, como manda a tradição do bloco, que saiu às ruas pela primeira vez em 2011. A fonoaudióloga Evelin Moura, 42 anos, não fugiu à regra. Vestida em peças cor-de-rosa, chegou cedo ao local para festejar, mesmo sozinha. “Estou comemorando duas semanas de divórcio”, disse. “Tem coisa melhor do que carnaval?”, brincou.
Outros ousaram nas vestimentas. Fantasiada de Chiquinha e com uma plaquinha pendurada ao pescoço que dizia “Minha fantasia é realizar as suas”, a estudante de física Maria Eduarda Lemos, 23 anos, saiu de Samambaia Sul e curtiu a festa do início ao fim. “Meus padrinhos se conheceram no carnaval há 10 anos e são felizes até hoje. Quem sabe meu par perfeito não está no meio desse tanto de gente?”, questionou.
O evento atraiu foliões de todas as idades e localidades. Mesmo morando em Catalão (GO), a universitária Kássia Cristiane Gomes, 24, marcou presença no carnaval brasiliense. Para não perder a festividade, viajou com 30 amigos. “Vamos a todos os blocos até quarta-feira. Esse período valoriza a cidade e está atraindo gente de fora também”, disse.
No embalo da campanha contra a importunação sexual, ela estava munida de um dos milhares de apitos distribuídos pela Polícia Militar nos blocos para a denúncia de assédios. “Faz toda a diferença para a conscientização por essa causa. Neste ano, a galera está mais preocupada”, afirmou a estudante do curso de engenharia agronômica.
Família
Na festa, havia também diversas famílias. Grávida de cinco meses, a coordenadora de call center Viviane Gonçalves, 33, e o marido, Samuel Matias, 31, participaram do bloco pela primeira vez para acompanhar as duas filhas adolescentes. Enquanto elas se divertiam, o casal acompanhava a festa em ritmo mais tranquilo. “Curtimos mais ficar em casa. Gostamos de algo mais tranquilo. Mas viemos para monitorar as meninas”, contou Viviane.
O circuito de carnaval da família em anos anteriores costumava acontecer no Eixão, no bloco dos Raparigueiros. Com a gravidez, no entanto, Viviane optou por aproveitar o dia com mais calma. “Pelo que nos disseram sobre anos anteriores, o Mané Garrincha foi melhor e com mais espaço. Para gestantes, é bom evitar ficar no meio da muvuca”, comentou. As filhas também receberam recomendações: “Marcamos um ponto de encontro e ficamos com o celular delas. Também falamos para não receberem bebidas, dizerem que estão acompanhadas dos pais e evitarem ficar no meio da confusão”, destacou Viviane.
Mãe de cinco filhos, Cleidimar Carvalho costumava frequentar blocos mais calmos. Neste ano, atendeu aos pedidos dos agora adolescentes e encorpou o público do Babydoll. “A gente ia muito para o Baratinha quando eles eram novinhos, mas já não é mais uma festa atrativa para eles. Então, viemos para o Babydoll e até colocamos as fantasias que eles escolheram”, explicou.
A chuva que encobriu o evento começou no fim da tarde. Para fugir do temporal, muitos se esconderam embaixo de árvores e tendas. Foliões recorreram ainda a barraquinhas, à 5ª Delegacia de Polícia e até mesmo ao Brasília Shopping. O local recebeu tantos foliões que a vidraça de uma loja acabou quebrada, após um esbarrão, por volta das 18h. O centro comercial chegou a ser fechado por alguns momentos e diversos lojistas preferiram encerrar as atividades mais cedo. Segundo divulgou a assessoria de imprensa do shopping, o fato tratou-se de um episódio isolado devido à multidão e a situação foi controlada horas depois.
Apesar da chuva torrencial, muitos permaneceram aos pulos. De tempos em tempos, os organizadores do evento faziam questão de lembrar ao microfone o lema do bloco. “Não aceitamos machismo, homofobia, racismo. Aqui, a gente acredita no amor”. Ao fim do evento, a promessa do retorno: “Até ano que vem!”.
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O Correio Braziliense premiará os melhores blocos do carnaval de Brasília. A escolha conta com o voto popular. Os leitores terão de 2 a 7 de março para votar nos grupos favoritos no site do jornal (www.correiobraziliense.com.br), onde está disponível o regulamento dos blocos elegíveis. Os três mais votados ganham os troféus, além do título de melhores blocos do carnaval de Brasília de 2019.