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Criado em 2015 para celebrar o Tropicalismo, o Divinas Tetas traz uma mescla de elementos da cultura popular brasileira com os do pop internacional, e atrai milhares de foliões todos os anos
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A diversidade é o mote do grupo que tem música de Caetano como hino
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Nem a chuva que caiu em alguns momentos durante a tarde afastou o público que prestigiava o Aparelhinho
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“Eu organizo o movimento, eu oriento o carnaval, eu inauguro o monumento no Planalto Central do país”. Adotada como hino do Divinas Tetas, Tropicália, de Caetano Veloso, embalou a folia de cerca de 15 mil pessoas, ontem, no Setor Bancário Norte. No bloco que completou quatro anos nas ruas da capital federal houve de tudo — fantasias irreverentes, manifestações de cunho político e, até mesmo, pedido de casamento. O repertório, conforme manda a tradição, exaltou a Música Popular Brasileira (MPB), e os foliões fizeram coro por cerca de sete horas às canções de Gal Costa, Mutantes, Novos Baianos e outros clássicos.
Criado em 2015 para celebrar o Tropicalismo, que ocorreu no fim da década de 1960 com a mescla de elementos da cultura popular brasileira aos do pop internacional, o bloco experimenta o crescimento vertiginoso dos entusiastas. Há quatro anos, reuniu 8 mil pessoas no Setor Bancário Sul (SBS) e, hoje, atrai o dobro de foliões, com o mote de defesa da diversidade.
Mestre de bateria do Divinas Tetas, Thiago Cruz alega que a festividade se trata “de um ato político, de resistência”. “E a melhor forma de fazê-lo é unir pessoas de diferentes ideias e pensamentos. Prezamos pelo respeito e pela harmonia. Nosso carnaval é para todos. Aqui, violência e preconceito não são tolerados”, cravou.
Os ares de manifestação política ganharam destaque ao longo do evento. Após a banda tocar a música Odeio, de Caetano Veloso, parte do público entoou, por diversas vezes, a expressão “Ele não!”, usada pelos eleitores contrários à eleição de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial.
FoliaCom muita animação e sem economizar na fantasia, os foliões lotaram o Setor Bancário Norte desde o começo da tarde, mesmo debaixo de chuva. A festa chegou a ser palco de um pedido de casamento. Jhoalerson Dias, 21, deixou a timidez de lado e subiu ao palanque para pedir a mão da amada, a estudante de comunicação Helena Ribeiro, 20. “Nós namoramos há um ano e três meses. O constrangimento até bateu, mas é amor demais aqui. Estou muito feliz com o ‘sim’”, comentou Jhoalerson. “Eu sou do Gama e ele de Juazeiro do Norte, no Ceará. Nos conhecemos na UnB (Universidade de Brasília) e, desde então, é só companheirismo”, completou Helena.
O bloco também conquistou o coração de quem curtiu o carnaval no quadradinho pela primeira vez. Em Brasília, para celebrar o casamento de amigos, os cariocas Bruno Dantas, 35, e Raquel Albuquerque, 33, aprovaram a folia. “Nós adoramos o carnaval e temos que admitir: nos surpreendemos com a festa que encontramos aqui. Antes, achávamos que a capital não tinha carnaval, mas vamos voltar com outra impressão para casa”, confidenciou a educadora Raquel.
O público cativo também se empolgou. Entusiasta do bloco desde a primeira edição, a dentista Thais Alves, 26, elogiou o repertório do Divinas Tetas. “É muito importante ressaltar a cultura popular brasileira. Além disso, o evento promove o encontro de pessoas diversas”, destacou. É o mesmo que pensa o publicitário Hugo Everaldo Rodrigues, 26, que descobriu o bloco por acaso no último ano. “Estava com minha irmã em outro evento quando ouvi uma música legal tocando ali perto e fui seguindo o som. Curto muito a festa, a organização, a diversidade, então, tornei tradição participar”, comentou.
AlegriaNo Setor Comercial Sul, o bloco Aparelhinho brindou os foliões com a diversidade de músicas carnavalescas e muitas cores. Por volta das 16h, 600 pessoas curtiam a festa de Momo no local. Fantasiado de Harmonia do Samba, o morador da Asa Norte Caetano Maia, 32, era só alegria. “O melhor carnaval que vi, desde que moro nessa região. Muitas músicas boas”, pontuou.
Com trajes que faziam referência ao seu apelido — Black —, o músico Matheus Lacerda, 26, ficou satisfeito com o repertório. “Faz referência a outros estados do país, como Pernambuco, com o frevo; e Bahia, com o axé, por exemplo. Cada ano que passa, o carnaval da capital federal tem o poder de agradar a todos, seja de qual local forem”, contou Lacerda.
Nem os chuviscos e as poças d’água fizeram com que os foliões ficassem parados ao som de músicas de axé das cantoras baianas Daniela Mercury e Margareth Menezes, entre outras vozes conhecidas nacionalmente. “Carnaval cada vez melhor de curtir, se divertir e brincar. Temos à disposição ritmos de todo o país, além disso, temáticas, como proteção à mulher, que valorizam a festividade”, relatou o projetista Flávio Lobão, 30, morador da Asa Sul, que estava na companhia de mais dois foliões.
Escolha o melhor do carnaval
O Correio Braziliense premiará os melhores blocos do carnaval de Brasília. A escolha conta com o voto popular. Os leitores terão de 2 a 7 de março para votar nos grupos favoritos no site do jornal (www.correiobraziliense.com.br), onde está disponível o regulamento dos blocos elegíveis. Os três mais votados ganham os troféus, além do título de melhores blocos do carnaval de Brasília de 2019.