Publicação: 12/03/2019 04:00
Destruição provocada por temporais na Grande São Paulo e na capital: com o alagamento das casas, muitas famílias perderam tudo o que tinham
|
Uma tempestade na madrugada de ontem deixou ao menos 12 mortos na Grande São Paulo e na capital. Houve alagamentos em diversas regiões e vias foram bloqueadas. Até as 16h, o Corpo de Bombeiros tinha contabilizado 740 ocorrências. Houve 123 quedas de árvores e 44 desabamentos ou desmoronamentos.
As mortes aconteceram em cidades da Grande São Paulo e na capital. De acordo com a Defesa Civil, somente na região metropolitana de Ribeirão Pires, foram registrados quatro óbitos devido ao desabamento de uma casa. Em São Caetano do Sul, três pessoas morreram afogadas na Avenida dos Estados e no bairro Taboão. Pelo mesmo motivo, em Santo André houve dois mortos. Em São Bernardo do Campo, um motociclista morreu afogado.
Um deslizamento em Embu das Artes teve três pessoas da mesma família socorridas — uma delas, um bebê de 1 ano e 2 meses, que não resistiu. A Defesa Civil interditou a casa e outros imóveis na mesma rua. Parte da vizinhança vive de forma precária, perto de barrancos ou de declives e ribanceiras. No Ipiranga, aconteceu um óbito por afogamento.
A Defesa Civil utilizou botes para socorrer vítimas ilhadas. Em meio ao caos, houve muitos exemplos de solidariedade — moradores usaram jetski para fazer resgates; outros, deram abrigo a atingidos.
O temporal deixou diversas vias alagadas. A Marginal Tietê, uma das mais importantes, apresentou, durante a manhã de ontem, congestionamento de 160km. Motoristas tiveram de deixar seus veículos. O pico ocorreu por volta das 9h30, com 201km de engarramento.
De acordo com o prefeito em exercício de São Paulo, Eduardo Tuma (PSDB), a tragédia era inevitável . “Absolutamente imprevisível, extraordinário. Não havia qualquer ação preventiva que pudesse corrigir o que aconteceu hoje (ontem)”, disse. O governador do estado, João Doria (PSDB), alertou, durante a tarde, para moradores evitarem sair de casa. “As chuvas, infelizmente, vão prosseguir pelas próximas 48 horas”, justificou.
A Prefeitura de São Paulo criou o Comitê de Crise, que levantará o número de pessoas afetadas e fará o cadastramento das famílias para atendimento. “Estamos aguardando a água baixar, garantir a segurança das pessoas. Depois disso garantindo, a gente entra, faz a limpeza e vai olhar as condições da casa, que tipo de atendimento será feito”, explicou o secretário de Subprefeituras, Alexandre Monez.
Causas
Uma conjunção de fatores meteorológicos contribuiu para a ocorrência das fortes chuvas que atingiram São Paulo. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a interação entre uma frente fria entrando pelo Vale do Ribeira e um sistema de baixa pressão muito perto do litoral colaboraram com os elevados volumes de precipitação.
Em Santo André, por exemplo, choveu 182mm nas últimas 24 horas — o equivalente a 80% da média para todo o mês de março. Em São Bernardo do Campo e Ribeirão Pires, o registro das últimas 24 horas correspondeu a 78% e a 74% das médias mensais, respectivamente, de acordo com informe do governo do estado. Só no bairro de Rudge Ramos, em São Bernardo, segundo monitoramento do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), choveu 163,8mm.