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Alunos do professor Mario Miskiewiez (C): "está ao alcance de todo mundo"
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Há mais de 20 anos, o tango, dança originária da Argentina e do Uruguai, desembarcou em Brasília nas escolas de dança da cidade. Nomes como dos dançarinos e professores Marcelo Amorim, Anna Elisa e Oscar Ricarte são os precursores desse movimento na capital, que, de tempos em tempos, vive momentos de auge no Distrito Federal. E este é um dos momentos.
Nos últimos quatro anos, a cidade voltou a ser inflada pelo tango. Aulas, milongas (nome usado para denominar as festas de tango) e projetos influenciados pela dança ganharam destaque. Hoje, as milongas, em geral, têm público de até 60 pessoas. Sem contar os espetáculos que lotaram espaços como a Sala Plínio
Marcos, no Complexo Funarte.
“O tango em Brasília tem altos e baixos, tem tempos em que o número de praticantes cresce, e outros, em que diminui. De uns quatro anos pra cá, o movimento do tango em Brasília vem melhorando. Hoje temos mais profissionais da dança na cidade. Isso movimenta o cenário de forma positiva, com a realização de eventos como bailes, aulas e shows de gente da cidade e de fora”, explica Oscar Ricarte, que trabalha com isso há 18 anos e atualmente se dedica a aulas particulares desse estilo todo peculiar de dançar.
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O professor Ricarte, com Michelline Medeiros, destaca que o cenário do DF está aquecido com festas e academias de qualidade
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Quando se fala no estudo do tango, a capital tem diferentes escolas. A variedade é grande. Para Ricarte, o desafio agora é a grande diferença entre o número de mulheres e homens praticantes. “As mulheres ainda são maioria, o que deixa o ambiente desfalcado, pois na dança a dois faz-se necessária a presença do homem para fazer par com a mulher. Por isso, hoje em dia, venho desenvolvendo formas de driblar essa dificuldade. Acredito que o tango, assim como qualquer dança de salão, pode ser dançado entre duas pessoas, independentemente do sexo”, destaca.
Além das aulas, a cidade conta com pelo menos um baile por semana dedicado ao tango. Uma vez por mês, ocorrem duas milongas na Asa Sul, uma promovida pelo casal de professores Anna Elisa e Sávio Menezes, e outra pelo casal de dançarinos Paula Emerick e Juliano Andrade. Na Asa Norte, o salão de festas de um bloco e a cobertura de outro também são invadidos pelo tango, uma vez por mês, por iniciativa de adeptos da dança.
Ritmo candango
Desde julho de 2017, a capital federal tem um Corpo de Baile de Tango totalmente candango. Criado pelo argentino Mario Miskiewiez, sem apoio governamental e privado, o grupo surgiu como uma forma de mostrar outras faces do tango para o público brasiliense. “Quando cheguei, tinham pessoas trabalhando com o tango há muito tempo. Havia as milongas. Mas achei que fazer um corpo de baile era um jeito de mostrar o tango de uma forma diferente. Para que todo mundo tenha acesso, possa assistir e vivenciar essa cultura”, conta.
Com o objetivo de montar o grupo, Mario Miskiewiez convocou dançarinos de diferentes estilos de Brasília. “Fizemos isso para mostrar que o tango está ao alcance de todo mundo. Não é uma dança só para privilegiados”, explica. Assim foi formado o Corpo de Baile de Tango de Brasília, que tem mais de 20 dançarinos no elenco. Desde então, o grupo apresenta anualmente um espetáculo nos palcos de Brasília. Neste ano, apresentaram o show Tango urbano, na Funarte, e devem voltar aos palcos em julho. “Cada show é feito só uma vez em Brasília. Estamos armando o próximo com uma temática diferente”, explica.
Aprendizado diferente
A professora de línguas Michelline Medeiros encontrou no tango uma forma de conexão com a Argentina. Após morar um período naquele país, onde aprendeu a dança, ela retornou ao Brasil e passou por uma fase difícil por ter tido que deixar o país latino. Ela viu no tango uma forma de se reaproximar do local deixado.
“O tango foi a minha arteterapia, foi a maneira que encontrei de me manter conectada com aquele país sem estar fisicamente lá, foi a maneira que encontrei de manter a argentinidade acesa. Desde então, comecei a participar ativamente da comunidade tangueira de diversas maneiras: fazendo aulas, frequentando milongas, participando, por um período, do Corpo de Baile de Tango de Brasília, sendo uma das organizadoras de uma das milongas de Brasília, a Vangardia Tangueira”, diz.
Mas só isso não bastou. Neste ano, o tango invadiu a vida profissional de Michelline com o curso Entre tangos. A professora resolveu unir o estudo do espanhol com o tango, mostrando que a cena tem influenciado outras iniciativas. “No semestre passado, tive uma aluna que era tangueira, e assim, comecei a usar tangos e materiais correlatos como base para as nossas aulas. Daí surgiu a ideia do curso, que veio a calhar com meus planos pessoais. Há algum tempo, como consequência da minha missão de vida, tenho procurado unir o ensino de idiomas às manifestações culturais e às artes e, assim, oferecer cursos diferenciados e voltados para o entendimento da língua como manifestação e ponte culturais. E esse curso, desde a concepção, faz isso”, completa.
O curso foi pensado para os amantes do tango, não somente para aqueles que o dançam, mas também destinado àqueles que admiram a música, os costumes e todo o universo tangueiro. As aulas se utilizam de letras, documentários e gravações de aulas de tango. É a partir da dança que são extraídos o vocabulário e as estruturas gramaticais das aulas.
Para aprender
» Corpo de Baile de Tango de Brasília
Para aulas e informações sobre o corpo de baile, ligue para o telefone 99153-9288 ou acesse o Facebook: www.facebook.com/corpodebailedetangobsb.
» Entre tangos
Curso de espanhol com base no tango. Turmas no Thook (211 Norte, Bl. A) com aulas segundas e quartas, das 18h às 20h. Terças e quintas, das 20h às 21h30. Segundas e sextas, das 12h30 às 14h. Informações pelo telefone 99653-5320 ou pelo Facebook: www.facebook.com/Entre-tangos-443976539678691.
» Para dançar nas milongas Caminito
Fred Restaurante (405 Sul, Bl. B, Loja 10). Em 5 de abril, às 19h30. Preços: R$ 30 (milonga), R$ 50 (aula) e R$ 70 (aula + milonga).
» Tango na Laje
314 Sul, Bl. F (cobertura). Em 20 de abril, às 20h. Entrada gratuita. Lanche colaborativo.
» Al Compás del Corazón
Naturetto (403 Sul, Bl. C, Loja 22). Em 26 de abril, às 21h. Entrada a R$ 30.