Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense terça, 23 de abril de 2019

EXEMPLO DE CUMPLICIDADE

 

Exemplo de cumplicidade
 
 
Depois de descobrir doença que compromete o funcionamento dos rins e enfrentar um câncer de mama, professora recebe do marido a doação do órgão que deu a ela a volta da qualidade de vida

 

» DARCIANNE DIOGO*
» RENATA NAGASHIMA*

Publicação: 23/04/2019 04:00

 (Arquivo Pessoal)  
 
“São muitas as curvas deste rio sinuoso chamado vida. Todos nós temos que navegar nele. No meu caso, com muitas paradas, algumas curvas difíceis. A maior, eu acredito que já passei e, agora, estamos nos aquietando e chegando ao porto. É isso que me deixa feliz.” É assim que a professora Iara Xavier, 48 anos, define a difícil trajetória pela qual passou na luta para vencer um câncer e uma doença renal crônica com a ajuda do marido.
 
Doença silenciosa, a nefropatia por IgA chegou sem dar nenhum sinal. Apesar de já ter uma filha, a pequena Ana Rute Xavier, à época com 8 anos, Iara e o marido, Elias Cleliton Gonçalves, 43, tinham o sonho de ter mais uma criança. Mesmo após dois abortos espontâneos, em 2013 o casal se planejou e decidiu que tentaria pela última vez. No quarto mês de gestação, ela perdeu o bebê. “Os exames estavam normais e tudo estava contribuindo, mas minha pressão começou a subir”, conta Iara.
 
Outros sinais de algo estava errado apareceram nos exames e ela, natural de Barreiras (BA), decidiu ficar no Distrito Federal, onde havia planejado passar o Natal, para descobrir o que estava acontecendo. “Esse era o começo dos meus cinco anos de muita luta”, relembra. Por conta da doença, iniciou um tratamento rigoroso. “Não podia comer nada fora de casa. No começo, eu pesava 72kg. Nessa época, passei para 58kg. Além da medicação que tomava diariamente: cheguei a tomar 20 comprimidos por dia.”
 
Com a dieta, os rins voltaram a funcionar o equivalente a 20%, logo esse percentual caiu de novo, para menos que 10%. Iara passou a precisar de diálise até que fosse possível um transplante do órgão. Os quatro irmãos de Iara se disponibilizaram a vir a Brasília e fazer exame de compatibilidade. Dois deles eram mais de 50% compatíveis e a mais velha, Deuslaine Xavier, 53, seria a doadora.
 
 (Arquivo Pessoal)  
 Tudo agendado quando os últimos exames de rotina diagnosticaram câncer na mama direita, em junho de 2016, o que levou ao adiamento do transplante por dois anos, tempo necessário para verificar se não restavam mais células cancerígenas. “A notícia do câncer não me abalou tanto quanto a do tempo que eu teria de aguardar. Meu mundo caiu naquele dia”, conta.
 
Depois de ter as duas mamas retiradas e aguardar o período indicado, veio outra má notícia. A irmã doadora havia adoecido. Era agosto de 2018. Foi quando, em uma conversa com o médico, ela tomou a iniciativa de se inscrever na lista de doações em São Paulo. “Eu tinha uma esperança de alguém me ligar, mandar uma mensagem ou algo do tipo. Mas, nesse mesmo dia, o doutor perguntou se o meu marido era compatível.”
 
Para a surpresa do casal, Elias era 50% compatível e o estado de saúde do comerciante estava bom. A preparação começou em outubro e, no último mês do ano, o próximo passo era agendar a cirurgia. Mesmo com tudo pronto, o casal tinha mais um empecilho: um exame constatou que, em vez de uma artéria ligada a cada rim, Elias tinha três de um lado e duas no outro, o que poderia acarretar em mais cortes, aumento do tempo de internação e de recuperação.
 
Uma semana antes do procedimento, o cirurgião explicou ainda que o rim transplantado poderia não funcionar 100%. Confrontado pelo médico, o marido não pensou duas vezes e disse: “Doutor, meu coração já é dela, o que é um corte a mais?”
 
União
 
Companheirismo: é assim que o casal define o casamento de 19 anos. Depois de tantos obstáculos, agora podem desfrutar da vitória. Mas nada foi por acaso. As barreiras serviram para unir ainda mais o casal. “Quando nos casamos tínhamos certeza do que estávamos fazendo. Ao fazer o voto de ficar com ela na saúde, na doença e até na morte, não fiz em vão”, relata Elias, natural de Anápolis (GO).
 
Cristãos, eles afirmam que a fé ajudou a superar as dificuldades. “Em momento algum passou pela minha cabeça que ele iria me abandonar, pois temos muita cumplicidade”, explica a professora, sob o olhar atencioso do marido. “Ele é um guerreiro de me aguentar, pois imagina uma baiana, de temperamento forte e passando por uma situação difícil?”, conta, emocionada.
 
O tão sonhado transplante foi realizado em 16 de março deste ano, e tudo correu dentro do normal. “Nós estamos nos recuperando bem. Ele está ótimo, já vai voltar a trabalhar. Eu estou passando por ajustes de medicações. Em breve, farei a cirurgia para a retirada do cateter da diálise e o rim está respondendo bem”, afirma Iara.
 
Para ela, essa é uma lição de que o amor e o altruísmo fazem muita diferença na vida de quem precisa. Hoje, a professora come de tudo, inclusive chocolate. Ela, que fez aniversário na última quarta-feira, considera a vitória um presente.
 
A baiana, agora, pretende carregar na lembrança apenas o que tirou de bom das lutas e voltar para sua cidade natal, na Bahia. “Acho que, quando eu nasci, Deus perguntou se eu queria uma vida com emoção ou sem emoção, e eu respondi: ‘Com emoção’”, brinca.


Diagnóstico
Nefropatia por IgA (NIgA) é uma doença renal causada por depósitos de anticorpos (Imunoglobulina A), que causam inflamação e lesão dos glomérulos renais progressiva ao longo dos anos. Nas fases iniciais, apresenta poucos sintomas e eles podem demorar anos para aparecer. A doença não tem cura, mas o tratamento previne a insuficiência renal.

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