Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense terça, 09 de abril de 2019

MÁRCIO COTRIM: ADEUS AO HOMEM QUE AMOU BRASÍLIA

 


OBITUÁRIO
 
Adeus ao homem que amou Brasília
 
 
Ex-diretor executivo da Fundação Assis Chateaubriand, Márcio Cotrim morreu, ontem, aos 80 anos e deixa um legado de luta pela cultura da capital. Escritor, era um artesão da palavra, lapidada em cada crônica que escrevia

 

» BRUNA LIMA

Publicação: 09/04/2019 04:00

 

 (Zuleika de Souza/CB/D.A Press - 17/2/05 )  

 

 

Movido pelas palavras, o Usina de Ideias estava a todo o vapor. A mente sã, por nenhum momento deixou a criatividade escapar. A idade, no entanto, bateu a porta e, na tarde de ontem, Brasília perdeu um de seus maiores cronistas e escritores. Aos 80 anos recém-completados, Márcio Cotrim morreu, na tarde de ontem, na residência onde viveu por mais de três décadas, no Lago Sul. Estava ao lado da mulher, Eliana Cotrim. Deixa duas filhas, Flávia e Mônica; e cinco netos: Gustavo, Rodrigo, Thiago, Guilherme e Alexandre. O velório será hoje, das 11h às 16h, na Capela 6 do Campo da Esperança, na Asa Sul. O enterro está marcado para as 16h.

 

A procura incessante pelo saber e o planejamento de inúmeros projetos visando valorizar as raízes e a cultura brasileira fazem jus ao apelido recebido de amigos e admiradores de Cotrim. “Uma locomotiva de ideias, presença inspiradora. Não importava se o tempo estava bom ou ruim, o olhar dele era sempre para frente”, traduz Luiz Marcelo Pinheiro Chaves, genro do pioneiro e escritor.

 

Nascido no Rio de Janeiro, em 14 de março de 1939, Cotrim se formou em direito, mas foi usando o poder da comunicação que se destacou profissionalmente. Chegou a Brasília em 1972, onde atuou como assessor de propaganda e promoções do Banco do Brasil e, posteriormente, assumiu a Secretaria de Cultura e Esporte do DF, sendo o responsável pela criação do Conselho de Cultura e do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).

 

Em 1992, entrou para o grupo dos Diários Associados, construindo um legado de informação e cultura. Por quatro anos, respondeu pela direção de marketing do Correio Braziliense e, depois, assumiu o cargo de diretor executivo da Fundação Assis Chateaubriand. Nos corredores do prédio, era visto com frequência. Ficou conhecido também pelas famosas colunas que escrevia semanalmente para o jornal.

 

Amante da língua portuguesa, achou na riqueza do vocabulário brasileiro a inspiração para escrever O pulo do gato, livro em que explica a origem de mais de 200 palavras e expressões populares. O tema rendeu pelo menos mais cinco volumes, que entraram para o rol de publicações do escritor. Foram mais de 15 livros, além dos incontáveis artigos para o jornal.

 

Dentre os temas preferidos que abordava nas crônicas estava a favorita Brasília. Em uma de suas últimas publicações, Cotrim valoriza a maneira com que nasceu a capital, “que se construía freneticamente numa saga poucas vezes igualada na história da humanidade”. E pela cidade, o pioneiro também fez história. “Márcio era um cronista que nos instruía e divertia. Que descanse em paz”, manifestou o geógrafo e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) Aldo Paviani.

 

Consolidou inúmeros projetos culturais, não só para a Fundação Assis Chateaubriand, como também para toda a cidade. Foi dele a iniciativa de criar prefeituras nas quadras do Plano Piloto, sendo ele o primeiro a assumir a função, na SQS 303.  “Cada quadra é uma cidadezinha de 3 mil habitantes”, costumava definir Cotrim. Atualmente, a capital conta com mais de 100 prefeituras de quadras.

 

Trajetória

 

Em reconhecimento às ações que implementou na cidade, Cotrim chegou ser homenageado, em vida, ao dar nome a um dos prédios da construtora Paulo Octávio. O comunicador e o empresário eram amigos. “Márcio teve uma brilhante trajetória, enaltecendo a epopeia de Brasília, seus pioneiros e o legado de JK, com muita sabedoria, inteligência e bom humor. A cidade perde um de seus mais valorosos heróis. A saudade do amigo será imensa”, homenageou Paulo Octávio.

 

Pelas contribuições também recebeu o título de cidadão honorário de Brasília. Como figura de grande relevância para a língua portuguesa, conquistou o Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras. Ele ocupava, ainda, a cadeira de número 30 da Academia Brasiliense de Letras, cujo patrono é Monteiro Lobato, uma das grandes inspirações e referências que Cotrim tinha como escritor. “Ele se orgulhava muito disso e a ocupou com louvor. Era um cronista primoroso, de texto irretocável. Um amigo cordial, elegante e generoso, com uma gargalhada maravilhosa. Apaixonado pelas palavras, pela cultura, pela família e, não posso deixar de mencionar, pelo Fluminense”, relembra o amigo e presidente da Academia Brasiliense de Letras, Fábio Coutinho.

 

Devido a problemas de saúde, Cotrim passou boa parte dos últimos momentos em casa e aproveitando os almoços em família. “Ele era uma pessoa atenciosa, caseira e sempre muito ligado a área de cultura, em geral”, conta o genro Luiz Marcelo. A fragilidade do corpo não impediu, no entanto, que a energia para a escrita se apagasse. “Só o corpo envelheceu, porque a mente estava a mil”, conta Celeste Antunes, funcionária administrativa que trabalhava diretamente com o comunicador.

 

Parece que o grande curioso e desvendador de significados sabia, mesmo antes de partir, do legado forte e eterno que deixaria para somar. Como ele mesmo dizia: “Esse é um filão que nunca se esgotará, porque as palavras nunca terminarão.”

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