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Os vencedores: o troféu #CBfolia foi criado há quatro anos para valorizar a identidade carnavalesca da cidade
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Responsáveis por agitar um milhão de foliões na última semana, os blocos de rua da capital federal foram homenageados, ontem, durante a quarta edição do prêmio #CBfolia, promovido pelo Correio. Neste ano, Montadas, Eduardo e Mônica e o Bloco do Seu Júlio receberam o prêmio na categoria voto popular, enquanto o grupo Divinas Tetas foi agraciado pela comissão julgadora.
Fundador e vocalista do bloco Divinas Tetas, Aloízio Michael, 31 anos, recebeu o prêmio das mãos da diretora de redação do Correio, Ana Dubeux. O bloco reuniu cerca de 60 mil pessoas no carnaval. “Significa muito o Correio apoiar a festa, e ganhar o prêmio da comissão julgadora é um sinal de que estamos no caminho certo, fomentando um carnaval de paz, diversidade e resistência. A festa é política, estamos lutando pela cultura. Estar na rua é um ato político que continuaremos a fazer”, destaca Aloízio.
Primeiro lugar na categoria voto popular, o bloco Montadas foi criado pelo Distrito Drag, um coletivo de artistas drag queens. No segundo ano em que apresentam o bloco no Setor Bancário Norte, cerca de 40 mil foliões foram aproveitar a festa — número maior que os 15 mil que compareceram no ano passado. A drag Ruth Venceremos, 34, acredita que o sucesso se deve aos eventos que o coletivo realiza no decorrer do ano. “Acho que o bloco pegou, estarmos em primeiro lugar na votação do público reflete bem isso”, acredita.
O Eduardo e Mônica teve de mudar o formato do carnaval neste ano, mas o público de 18 mil foliões aprovou a festa na Orla do Lago Paranoá, em local fechado, e garantiu a segunda colocação no prêmio. “Mudamos o formato, porque precisamos recorrer mais à iniciativa privada neste ano. Foi sensacional, o espaço agregou bastante. Não tivemos problema com banheiro ou violência. A única questão chata foi ter de ficar gente do lado de fora”, ressalta Meolly Roni, 35, fundador do Eduardo e Mônica.
De Planaltina, o Bloco do Seu Júlio angariou boa quantidade de votos e garantiu a terceira posição na categoria júri popular. O fundador do grupo, Seu Júlio, 58, acredita que os 10 anos de existência do bloco ensinaram os organizadores a “sambarem” para fazer o bloco ir à rua. “Planaltina está em festa por ter recebido esse troféu. Todo mundo fala que a minha cidade é superviolenta. Em uma década de festa, nunca tivemos uma ocorrência policial. A festa e o prêmio são do povo”, afirma.
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Montadas: o bloco da diversidade |
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Eduardo e Mônica |
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Seu Júlio |
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Divinas Tetas |
Prêmio
O troféu #CBfolia se firmou na cidade, ao mesmo tempo que o carnaval de Brasília se consolidou. Promovida há quatro anos, a premiação viu o nascimento de blocos alternativos, que dão diversidade à festa, e o desenvolvimento dos tradicionais, responsáveis por reunir até 100 mil pessoas por dia na capital federal. A cidade sai fantasiada às ruas por cinco dias e celebra a folia ao som do tradicional axé, passando por diversos estilos musicais até esbarrar no rock, que movimentou os corpos neste carnaval.
Em um movimento democrático, o Correio abriu o site para os foliões elegerem, entre os dias 2 e 7 de março, o melhor bloco de carnaval do Distrito Federal. Uma comissão julgadora formada por jornalistas também entrou na folia para escolher o melhor grupo de 2019, em uma categoria nova.
“O troféu foi criado há quatro anos para reconhecer o esforço de colocar os blocos na rua. Esse prêmio nasce para brindar o esforço de todos vocês que, apesar de tanta dificuldade, fazem o carnaval de rua de Brasília acontecer”, destacou José Carlos Vieira, editor de Cidades e de Diversão & Arte, aos representantes dos blocos durante a premiação.