Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 29 de março de 2019

GRAFIA: MARCHA A RÉ

 

Grafia: marcha a ré

Publicado em português

“Os assaltantes quebraram vidros do estabelecimento dando marcha ré no carro, detonaram o caixa e ainda roubaram outro veículo na fuga”, escreveu o site do Correio Braziliense. Viu? O jornal tropeçou na grafia. O dicionário registra esta forma: marcha a ré.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 28 de março de 2019

DIAS DA SEMANA: HISTÓRIA

 

Dias da semana: história

Publicado em português

Na quinta, Temer & cia. foram presos. Espernearam. Na sexta, os advogados entraram com pedido de habeas corpus. O julgamento foi marcado para quarta. Saiu na segunda. Ufa! A imprensa nacional e estrangeira divulgou o vaivém. Não deu outra. Os dias da semana entraram em cartaz. E chamaram a atenção.

Monday em inglês. Montag em alemão. Manadagr em escandinavo. Lunedi em italiano. Lunes em espanhol. Lundi em francês. Todos têm um significado: dia da Lua. O português fugiu à regra. O dia da Lua, aqui, se chama segunda-feira. Por quê? A história vem de longe. Lá dos sumérios e babilônicos. Ambos habitaram a Mesopotâmia (hoje Iraque) há cerca de 5 mil anos. Eles inventaram a divisão do tempo. Com eles nasceu a noção de dia, semana, mês e ano.

“Os astros são divinos”, pensavam eles. Por isso lhes consagraram os dias da semana. O Sol levou o domingo. A Lua, a segunda. Marte, a terça. Mercúrio, a quarta. Júpiter, a quinta. Vênus, a sexta. Saturno, o sábado. Com o cristianismo, as coisas mudaram. Lá pelo século 5o, a Igreja decidiu: “Vamos depurar o latim. Xô, expressões do mundo pagão!” Pronto. Nasceu o latim eclesiástico. A semana foi purificada.

Resultado: os dias ganharam nomes referentes ao mundo cristão ou nomes neutros. Nada de paganismo. Algumas línguas desconheceram a mudança. Outras adotaram o sábado e o domingo. O português, que nasceu no século 13, aceitou-a integralmente. O sábado veio do hebraico Shabbat, dia de descanso. (“Deus descansou no sétimo dia”, diz a Bíblia.) Dia do Sol virou domingo, de dominica, dia do Senhor (Cristo ressuscitou no domingo).

Os outros dias são dedicados ao trabalho. Feira, em latim, significa mercado. Segunda-feira é o segundo dia da semana. O primeiro, domingo. À época da criação do mundo, a semana inglesa não existia. Os súditos da rainha a inventaram tempos depois.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 27 de março de 2019

NEM - E NEM: EMPREGO

 

Nem / e nem: emprego

Publicado em português

“SafraPay — a única máquina que você não compra e nem paga aluguel”, diz propaganda divulgada pela tevê. Não convence. Por quê? Nem significa e não. Por isso é redundante dizer e nem em construções como a apresentada. Melhor: SafraPay — a única máquina que você não compra nem paga aluguel.

Outros exemplos:

Os candidatos dizem que ainda não acertaram os contratos (e) nem definiram as equipes de vídeo.

A atriz nunca esteve tão bela (e) nem tão sensual.

Ele não saiu (e) nem participou da reunião.

A vez

E nem nunca tem vez? Tem. No sentido de nem sequer, o uso de e nem é livre: Ouviu as acusações e nem se abalou.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 26 de março de 2019

SIC: SIGNIFICADO

 

Sic: significado

Publicado em português

Expulsaram o latim da escola. Não adiantou nada. Ele vive assombrando a língua. Outro dia, foi a vez do sic. O que as três letrinhas querem dizer? Em latim, sic é advérbio. Significa assim, desse jeitinho. Nós o usamos ainda hoje. Vem, entre parênteses, depois de uma palavra com grafia incorreta, desatualizada ou com sentido inadequado ao contexto. Com ele, damos este recado ao leitor: o texto original é bem assim, por errado ou estranho que pareça. Não tenho nada com isso. Percebeu? O sic deixa a gente dar uma de Pilatos – lavar as mãos.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 25 de março de 2019

O HÁBITO FAZ O MONGE: HISTÓRIA

 

O hábito faz o monge: história

Publicado em português

 

Conhece este dito popular — “o hábito faz o monge”? Que hábito é esse? O de vestir? Ou o uso habitual? Quando nasceu, o provérbio tinha sentido contrário do atual. Naqueles tempos idos e vividos, o hábito não fazia o monge. Tradução: as pessoas não devem ser julgadas só pela aparência, mas também por seus atos e condutas. Tempos depois, ganhou versão contrária. O responsável? Nosso José de Alencar.

Em 1854, no folhetim Ao correr da pena, o cearense escreveu: “Hoje, apesar do rifão antigo, todo o mundo entende que o hábito faz o monge. Vista alguém uma calça velha e uma casaca de cotovelos roídos. Embora seja o homem mais relacionado do Rio, passará incógnito e invisível”.

Moral da história: a bela plumagem faz os pássaros belos.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 24 de março de 2019

ESTRANGEIRISMOS: 20 DICAS

 

Estrangeirismos: 20 dicas

Publicado em português

a posteriori – Significa depois da experiência, com apoio nos fatos. É o contrário de a priori.

a priori – Contrário de a posteriori. Quer dizer antes da experiência, sem apoio nos fatos.

ad aeternum – Em bom português, a latina quer dizer para sempre, eternamente.

agreement / agrément – A primeira é palavra inglesa; a segunda, francesa. Prefira agreement, mais usada nos dias de hoje.

avant-première – Use pré-estreia.

commodity – Plural: commodities.

copidesque – Assim, aportuguesado.

establishment – Assim mesmo.

ex officio – Significa por dever do cargo. Escreve-se sem hífen e sem grifo.

fac-símile – Forma aportuguesada. Plural: fac-símiles.

feedback – O equivalente em português é retroalimentação, retorno, resposta.

flerte – Já está aportuguesado.

flash – Plural: flashes.

free shop – Plural: free shops.

free-lancer – Pessoa que executa trabalhos profissionais sem vínculo empregatício; frila. Escreve-se sem grifo.

à la carte – Expressão francesa. Em bom português: cada prato escolhido no cardápio paga-se separadamente.

rush – Plural: rushes.

Ticket está nacionalizado. Virou tíquete. Daí tíquete-refeição e tíquete-transporte. O plural? Tíquetes-refeição, tíquetes-transporte.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 23 de março de 2019

DEPOR: REGÊNCIA

 

Depor: regência

Publicado em português

Temer e Moreira devem depor à PF”, escreveu o Estadão. Ops! Tropeçou na regência. Depor exige a preposição em: Temer e Moreira devem depor na PF. O empresário depôs na CPI das Empreiteiras. 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 22 de março de 2019

POLÍCIA BUSCA MINISTRO OU EX-MINISTRO?

 

Polícia busca ministro ou ex-ministro do governo Temer?

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“A polícia busca o ex-ministro do governo Temer Moreira Franco”, repete a GloboNews. Bobeia. Tropeça no tempo. E, ao cair, se esquece da manha do prefixo ex. Moreira Franco hoje é ex-ministro. Mas, no governo Temer, era ministro. Melhor fazer as pazes com o calendário. Assim: A polícia busca o ministro do governo Temer Moreira Franco.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 21 de março de 2019

OPERAÇÃO LUME: ETIMOLOGIA

 

Operação Lume: etimologia

Publicado em português

A operação que caça os assassinos de Marielle e de Anderson chama-se Lume. O nome vem do lugar onde a vereadora se reunia com os seguidores — Beco do Lume. A origem de lume? É esta: lume vem do latim lumen. Quer dizer fogo, fogueira, luz, clarão, vela, círio. A palavra formou família. Entre os membros, vale lembrar luminar, luminária, luminoso.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 20 de março de 2019

REFORMA ORTOGRÁFICA: VOO

 

Reforma ortográfica: voo

Publicado em português

Mais um acidente? Sim. No domingo, aeronave da Ethiopian Airlines caiu seis minutos depois de decolar da capital etíope, Adis Abeba. Matou 157 pessoas. Foi a segunda tragédia com o Boeing 737 MAX 8. Países que têm esse modelo de avião na frota puseram a barba de molho. Entre eles, o Brasil. Ainda não se tem certeza sobre a causa das duas quedas. Enquanto as investigações prosseguem, vale uma diquinha de português. Esta: a reforma ortográfica cassou o acento do hiato oo. Antes, vôo, corôo, abençôo & cia. se escreviam assim, com acento. Depois, perderam o chapeuzinho. Ficaram livres e soltos: voo, abençoo, coroo.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 19 de março de 2019

MILÍCIA: SIGNIFICADO E ETIMOLOGIA

 

Milícia: significado e etimologia

Publicado em português

“Ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil”, escreveu Monteiro Lobato. Os cariocas adaptaram a frase: “Ou o Rio acaba com as milícias, ou as milícias acabam com o Rio”. Com a prisão dos assassinos de Marielle Franco e do motorista Anderson, o trissílabo ganhou destaque. Vale, pois, entendê-lo melhor. Comecemos pelo significado. O dicionário diz que ele pode ser:

  1. sinônimo de exército ou conjunto das tropas militares de um país.
  2. grupo armado formado por cidadãos comuns que não pertencem ao exército nacional. É o caso das milícias das quais fazem parte os assassinos de Marielle e Anderson.
  3. congregação ou agrupamento militante: milícia partidária, milícia religiosa, milícia ideológica.

Origem

Milícia vem do latim militias. Pertence à família de miliciano, milico, militança, militante.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 18 de março de 2019

HÍFEN: ONOMATOPEIAS

 

Hífen: onomatopeias

Publicado em português

Au-au. É o cão que late. Miau-miau. É o gato que mia. Glu-glu. É o peru que gluglujeia. Có-có. É a galinha que cacareja. Chuá-chuá. É a água que cai. Tique-taque. É o relógio que marca as horas.

As palavras que reproduzem o som de vozes ou ruídos recebem nome pra lá de pomposo. É onomatopeia. O adjetivo dela derivado tem duas formas – onomatopeico, onomatopaico. Ambas têm o mesmo significado. Escolha a que lhe soar melhor.

Antes da reforma ortográfica, as onomatopeias eram cheias de caprichos. Ora se grafavam com hífen, ora sem. Agora todas pedem o tracinho: bangue-bangue, blá-blá-blá, có-có, pisca-pisca, tique-taque, toque-toque, glu-glu, quem-quem, tim-tim.

Atenção: os derivados dispensam o hífen: gluglujear, cocorocó.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 17 de março de 2019

HÍFEN: NÃO, SEM, EXPRESSÃO LATINA

 

Hífen: não, sem, expressão latina

Publicado em português

NÃO dispensa o elo: não ingerência, não interferência, não fumante, não ativista.

SEM exige o hífen: sem-terra, sem-teto, sem-emprego, sem-banco, sem-carro, sem-celular, sem-vergonha.

GERAL  joga no time do sem. Pede o tracinho: secretário-geral, diretor-geral, coordenador-geral, orientador-geral, procurador-geral.

Não bobeie. Se o cargo tiver certidão de nascimento escrito sem hífen, permanece sem tracinho. Como no jogo do bicho, vale o que está escrito.

EXPRESSÕES LATINAS. Latim dispensa hífen e acentos. Assim, expressão latina pura não tem uma coisa nem outra. Se tiver, a mocinha é aportuguesada. Pede o tracinho. É o caso de via crucis ou via-crúcis.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 16 de março de 2019

ARTIGO: NOME DE CIDADES

 

Artigo: nome de cidades

Publicado em português

Nome de cidade dispensa artigo. Dizemos Paris (não: a Paris), Brasília (não: a Brasília), Belém (não: a Belém). Mas, como toda regra tem exceção, essa também tem. Cidades terminadas por “o” pedem artigo. É o caso de o Rio, o Porto, o Cairo. Recife? O Recife? Trata-se de regionalismo. Os pernambucanos fazem questão do ozinho. Mas ele é facultativo. Use-o se quiser.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 15 de março de 2019

PRA OU PARA?

 

Pra ou para?

Publicado em português

 

O dicionário registra as duas formas. Para é mais formal; pra, informal. Mas ambas estão corretas. Num texto de bermudas e camiseta, o pra pede passagem. Num de terno e gravata, dê a vez ao paraDirijo-me a Vossa Excelência para cumprimentá-lo pela proposta. Este é um país que vai pra frente.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 14 de março de 2019

ADEQUAR: CONJUGAÇÃO

 

Adequar: conjugação

Publicado em português

Há verbos e verbos. Uns adoram a família. São os rizotônicos. A sílaba tônica cai sempre no radical. É o caso de cantar, comer e dividir. Outros ignoram a raiz. São os arrizotônicos. A sílaba tônica cai sempre fora do radical. É o caso de adequar. Ele só se conjuga nas formas em que a fortona cai fora do radical.

O xis do problema é o presente do indicativo. Eu adéquo? Nem pensar. A sílaba tônica cairia no radical. Por isso, só o nós e o vós têm vez (adequamos, adequais). O presente do subjuntivo é formado da primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Sem ela, nada feito.

Os demais tempos e modos são regulares: adequei, adequou, adequamos, adequaram; adequava, adequava, adequávamos, adequavam; adequarei, adequará, adequaremos, adequarão; adequaria, adequaria, adequaríamos, adequariam; adequasse, adequasse, adequássemos, adequassem; adequar, adequarmos, adequarem; adequando; adequado.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 13 de março de 2019

PONTO: DENTRO OU FORA DAS ASPAS?

 

Ponto: dentro ou fora das aspas?

Publicado em português

A gente nunca tem certeza do lugar certo do ponto. Na dúvida, chuta. Não dá outra. A lei de Murphy diz presente. O que tem que dar errado, dá. E daí? Só há uma saída – aprender. Guarde isto:

1. Se o período começa e termina com aspas, o ponto faz parte dele. Vai dentro:

“A gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda.” Essa é a opinião de Luiz Fernando Verissimo.

2. Se as aspas não iniciam o período, o ponto é intruso. Fica fora:

A opinião de Luiz Fernando Verissimo é esta: “A gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda”.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 12 de março de 2019

A PRINCÍPIO X EM PRINCÍPIO: QUANDO USAR

 

A princípio x em princípio: quando usar

Publicado em português

Parecido não é igual. Mas confunde. Com o substantivo princípio, a preposição faz a diferença.

 Em princípio significa antes de mais nada, antes de qualquer consideração, teoricamente, em tese, de modo geral:

  • Em princípio, toda mudança é benéfica.
  • Estamos, em princípio, abertos às novidades tecnológicas.

 A princípio quer dizer no começo, inicialmente:

  • A princípio o Brasil era o favorito das apostas. Depois da partida de estreia, deixou de sê-lo.
  • Toda conquista é, a princípio, muito excitante. Com o tempo, pode mudar de figura.

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 11 de março de 2019

DEVE HAVER TROMBADA? DEVEM HAVER TROMBADAS?

 

Deve haver trombadas? Devem haver trombadas?

Publicado em português

Mário Silva é voraz leitor de jornais. Na viagem por letras, palavras, períodos e parágrafos, presta atenção ao fato e ao texto. Nada escapa ao olhar atento e à crítica perspicaz. É dele o comentário: “Constato que, gradativamente, há aumento considerável no número de erros grosseiros de português em reportagens, crônicas e até em editoriais. Os deslizes são tantos que não me animo a apontá-los a cada dia. Hoje, porém, há um imperdoável na capa. Ei-lo: `O diretor admitiu que devem haver mais confrontos com bandidos´. Baita trombada, não?”

O verbo singular

Lá longe, no curso primário, nossos professores ensinavam: “O verbo haver, no sentido de existir e ocorrer, é impessoal”. O que isso quer dizer? A maioria dos verbos — comuns, rotineiros, sem charme – é pessoal. Conjuga-se em todas as pessoas (eu, tu, ele, nós, vós, eles). Veja, por exemplo, o laborioso trabalhar: eu trabalho, tu trabalhas, ele trabalha, nós trabalhamos, vós trabalhais, eles trabalham.

haver detesta fazer parte de rebanho. Quer ser especial. E consegue. No sentido de ocorrer e existir, é impessoal. Sem sujeito, só se conjuga 3a pessoa do singular. Por isso recebe o apelido de verbo singular. Exemplos não faltam: Há (existem) 10 pessoas na sala. No leilão, havia (existiam) antiguidades pra dar e vender. Acompanhamos as tentativas que houve (existiram) até aqui. Houve (ocorreram) distúrbios nas manifestações. A demanda é por habitações que não há (existem) no mercado.

A razão

Vamos combinar? Não é nada do outro mundo. Por que, então, se faz tanta confusão com a criatura? É possível que muitos não tenham prestado atenção às palavras do professor. Ou não tenham entendido a lição. Ou, ainda, tenham deixado a explicação entrar por um ouvido e sair por outro.

Resultado: até hoje, barbudos e carecas pensam que o sofisticado haver é igual aos demais membros da tribo. Esquecem que ele não tem sujeito.Com medo de errar, imaginam que o objeto direto é o sujeito. Bobeiam. Quando se diz “houve poucos distúrbios”, distúrbios não é sujeito como pensam os desavisados. É objeto direto. Não tem nada a ver com a concordância.

Contágio

A impessoalidade é contagiosa. Os auxiliares do haver também se tornam impessoais. Foi aí que o jornal tropeçou: Haverá mais confrontos com bandidos. Deve haver mais confrontos com bandidos. Vai haver mais confrontos com bandidos. Pode haver mais confrontos com bandidos. Talvez vá haver mais confrontos com bandidos.

Mais exemplos

Olho no contágio: Houve distúrbios nas manifestações. Talvez tenha havido distúrbios nas manifestações. Vai haver distúrbios nas manifestações em Caracas? Pode haver distúrbios nas manifestações. Torço para que não haja distúrbios durante as manifestações. E você?

Conselho

Dizem que, se conselho fosse tão bom, a gente não dava. Vendia. Vá lá. Mas eis um de graça: sempre que pintar a tentação de flexionar o haver, pare e pense. No sentido de ocorrer e de existir, ele é invariável, irremediavelmente fiel à 3a pessoa. Por via das dúvidas, risque o houveram do seu vocabulário. Você nunca o usará.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 10 de março de 2019

CRASE: QUANDO É PROIBIDO

 

Crase: quando é proibido

Publicado em português

O assunto já figurou no blogue. Ontem voltou às manchetes. Tuíte do presidente desrespeitou a regra 4. Daí o repeteco. Não ocorre crase:

  1. antes de nome masculino. Crase é o casamento de dois aa. Um deles é a preposição. O outro, o artigo. Ora, o pequenino a só tem vez antes de nome feminino. O machinho pede o: Bebê a bordo. Saiu a todo vapor.
  2. com palavras repetidas: cara a cara, uma a uma, gota a gota, face a face, semana a semana, frente a frente.
  3. antes dos pronomes pessoal, indefinido e os demonstrativos esta, essa: Dirigiu-se a esta funcionária. Confessou a ela as trapaças que havia feito. Saiu a toda. É honesto a toda prova. Aplaudia o funcionário a cada etapa vencida. Assistiu a algumas cenas do filme. O assessor fala com o presidente a qualquer hora.
  4. com o a no singular seguido de nome plural: Assistiu a reuniões durante o dia. Falou a professoras presentes ao evento. Vai a cidades sugeridas no roteiro. Conseguiu o emprego a duras penas.
  5. com o casalzinho de…a: Trabalho de quarta sexta. Viajo de segunda segunda. De quarta sexta, faço plantão.
  6. antes de nome de cidade: Chegou a Brasília. Bem-vindo a São Paulo. Vou a Lisboa, a Paris e a Roma.
  7. antes da locução a distância (sem especificação): Siga-a discretamente, a distância. A universidade oferece cursos a distância. A distância todos os gatos são pardos. (Se a distância for determinada, o acento tem vez: Segui Maria à distância de mais ou menos 100m. Os sem-terra marchavam à distância de um quilômetro.)

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 09 de março de 2019

DECORO: ETIMOLOGIA

 

Decoro: etimologia

Publicado em português

Uma das palavras mais faladas no carnaval e no pós-carnaval? É decoro. Ela veio do latim decoru. Na língua dos Césares e na de Camões tem o mesmo significado — decência. Muitos políticos são punidos por falta de decoro.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 08 de março de 2019

EU E MIM: EMPREGO

 

Eu e mim: emprego

Publicado em português

Eu ou mim? Hum…a dificuldade não é só sua. Advogados, jornalistas, professores, todos têm dúvida. Até os charmosos galãs de novelas trocam os pronomes. E daí? O jeito é lembrar-se das velhas aulas de gramática. O professor, sério e altivo, explicava cheio de saber: 

— O pronome mim detesta ficar só. Anda sempre de mãos dadas com a preposição.

O professor (graças a Deus!) obrigava os alunos a decorar as preposições. São poucas: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, tras.

Veja exemplos do mim acompanhado: Gosta de mim. Telefona para mim. Falou sobre mim. Dirigiu-se a mim. Luta contra mim. Chegou até mim. Confirmou tudo perante mim. Faz tudo por mim.

A vez do eu

eu é autossuficiente. Todo-poderoso, escolheu para si a função de sujeito. Nunca abre mão dessa tarefa. Desavisados tentam enganá-lo. Aí a tragédia é total. Perdem o emprego, a namorada, pontos no concurso. Ficam sós, tristes e humilhados.

Como evitar o dramalhão? Muito fácil. Lembre-se de que só o eu – só o eu mesmo – pode funcionar como sujeito. Veja: Este livro é para eu ler (quem lê? Eu, sujeito). Pediu para eu responder à carta (quem responde? Eu, sujeito). Deixou os filhos para eu cuidar (quem cuida? Eu, sujeito).

Dica infalível

Se o pronome estiver seguido de verbo, não tenha dúvida. Use eu. Se não, é vez domim. Compare: Mandou uma carta para mim. Mandou uma carta para eu responder. Sugeriu um trabalho para mim. Sugeriu um trabalho para eu fazer. Mandou a conta para mim. Mandou a conta para eu pagar. Nada existia entre mim e você. O caso de amor era entre mim e o Adalberto.

Coisa de índio

Viu? Mim nunca funciona como sujeito. Nunca? Só na língua dos índios: mim trabalha, mim caça, mim pesca.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 07 de março de 2019

A QUARESMA DAS LETRAS: DÍGRAFO

 

A quaresma das letras: dígrafo

Publicado em português

As letras têm a própria quaresma. Como os religiosos, submetem-se a sacrifícios. As ortodoxas chegam ao extremo. Emudecem. Escrevem-se, mas não se pronunciam. Chamam-se dígrafos. O nome diz tudo. São duas letras, mas um som. Dia, por exemplo, tem três letras. As três se pronunciam. Cada uma forma um fonema. Velha tem cinco letras. Mas quatro fonemas. O lh tem companheiros: ch (chefe), nh (tamanho), sc(consciente),  (nasça), xc (exceto), rr (acarretar), ss (processo), qu (fraqueza), gu(alguém).

Dissidência

Na língua como na vida, há os dissidentes. “Xô, fundamentalismo”, dizem eles. “Nós queremos falar.” Resultado: nem sempre qu, gu, sc, xc formam dígrafos. O grupo, então, se dissolve. Antes da reforma ortográfica, as rebeldes qu e gu eram indicadas pelo trema. Os dois pontinhos davam um recado: ali estava uma heterodoxa. Por isso o udeve ser pronunciado. O sinal se foi. Mas a insubordinação se mantém. Em frequente, tranquilo, lingueta e linguiça, o número de letras corresponde ao de fonemas.

O mesmo ocorre com pescar, excluir & cia. insubmissa. Para elas, impera a lei do jogo do bicho. Vale o que está escrito. Os grupos sc e xc deixam de ser dígrafos. Entram na regra — um fonema, uma letra. Em suma: ortodoxas e heterodoxas não constituem problema só da língua. A opção delas interfere na pronúncia e na separação silábica. Sobra pra nós.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 06 de março de 2019

VOGAIS: PORTUGUÊS E ESPANHOL

 

Vogais: português e espanhol

Publicado em português

No carnaval, máscaras fazem a festa. Invadem as ruas e exibem caras famosas ou sonhadas. Mulheres viram homens. Homens, mulheres. Meninos ganham os poderes do Super-Homem, a destreza do Homem Aranha ou a graça do Mickey. Meninas, a força da Pucca, a capacidade das Superpoderosas ou os malabarismos da Hannah Montana. Gente comum se transforma em celebridade. Anônimos invisíveis se tornam foco de mil olhares.

Travestir-se não constitui privilégio humano. Máscaras fazem parte do mundo das letras. As 26 criaturas do alfabeto não são 26. Graças aos disfarces, viram multidão. Ora aparecem manuscritas. Ora impressas. Ora cursivas. Ora por extenso. Ora maiúsculas. Ora minúsculas. Ora com acento. Ora livres e soltas. Ora representam um som. Ora outro ou outros. Em suma: as letras têm o dom da multiplicação.

O português tem cinco vogais (a, e, i, o u). Mas, com os recursos da camuflagem, a meia dezena vira uma dúzia. O a, por exemplo, soa oral (casa), soa nasal (irmã), soa aberto (sofá), soa reduzido (folha). O e não fica atrás. Ora se escuta oral (belo), ora nasal (bem), ora aberto (café), ora fechado (você), ora reduzido (bate).

A versatilidade do quinteto enriquece a língua. O português é foneticamente muito mais rico que o espanhol. O idioma de Cervantes tem cinco vogais. Avessas a disfarces, as duronas soam cinco. Resultado: nós entendemos melhor o espanhol do que eles o português. Hispanofalantes não conseguem distinguir vovó de vovô. Sem ter sons abertos, eles só escutam os fechados. Pra nossos vizinhos, vovô e vovó são vovô. Entenda quem quiser. Ou puder.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 05 de março de 2019

CONSOANTES USAM MÁSCARAS

 

Consoantes usam máscara

Publicado em português

As consoantes são loucas por disfarces. Com elas, retornam os tempos das saturnais romanas. Eram festas que celebravam a volta da primavera. A estação simboliza o renascer da natureza depois do rigor do inverno. Era período alegre. Os servidores públicos entravam em recesso. Os tribunais fechavam as portas. Nenhum criminoso podia ser punido. Libertavam-se os escravos pra assistir aos festejos. As famílias ofereciam banquetes.

Durante as celebrações, invertiam-se posições sociais. Os escravos davam ordens aos senhores. Os senhores lhes serviam iguarias à mesa. Todos se mascaravam pra se sentirem mais à vontade. Há quem diga que as máscaras nasceram aí. Verdade ou fantasia, uma coisa é certa. As consoantes adoraram a indumentária. Usam-na às claras. Elas obedecem a várias leis. Uma delas: quanto mais confusão melhor. Pra obedecer à determinação, nada mais adequado que usar e abusar das máscaras. Com elas, uma letra multiplica os sons. E, claro, dá nó nos miolos dos pobres mortais.

X

Vale o exemplo do x. A danadinha adora trocar os disfarces. Em certas palavras, pronuncia-se ch (enxoval). Em outras, z (exame). Em outras, ainda, s (excelência). Chega? Não. Há os casos em que a gloriosa soa ks (táxi). Ufa!

C

Uma ilustre senhora tem fascínio por fantasias, máscaras e badulaques. Quem é? É a letra c. Seguida de ao e u, soa k (casa, coisa, cuia). Seguida de e e i, pronuncia-se cê (cedo, cidade). Partidário do s, o c teima em soar cê quando seguido de aou. Recorre, então, à marca que faz o Brasil Brasil. Dá um jeito. Calça um sapatinho e ganha a parada (calçado, aço, açude).

S

O s, então, abusa. No começo da palavra, soa cê (sala). Entre duas vogais, z (pesquisa). É aí que a porca torce o rabo. Caprichoso, o versátil quer manter a originalidade entre duas vogais. Impossível? Ele dá um jeito. Apresenta-se em dose dupla (massa). Mantém a originalidade também quando aparece entre vogal e consoante (cansar). Ops! Em trânsito, ele se exibe entre n e i. Mas soa z. Quem entende?


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 04 de março de 2019

SAMBA-ENREDO & CIA: PLURAL

 

Samba-enredo & cia.: plural

Publicado em português

Samba-enredo joga no time de samba-canção, samba-choro, samba-exaltação & cia. Os membros da equipe têm um denominador comum — aceitam dois plurais: sambas-enredos, sambas-enredo, sambas-canções, sambas-canção, sambas-choros, sambas-choro, sambas-exaltações, sambas-exaltação.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 03 de março de 2019

CARNAVAL: ETIMOLOGIA E HISTÓRIA

 

Carnaval: etimologia e história

Publicado em português

Carnaval é coisa séria. Tão séria que a Igreja o controla. É a Santa Sé que manda na festa. Começa pelo calendário e chega ao nome. Ela diz: “O momo só pode reinar 40 dias antes da quaresma. Vai do Dia de Reis (6 de janeiro) à quarta-feira de cinzas. Depois disso, o mundo se veste de roxo”.

Cadê autonomia?

A quarta-feira de cinzas depende da Páscoa. A ressurreição de Cristo se comemora no primeiro domingo depois do primeiro domingo de Lua cheia de março. Em que dia cai? Varia. Depende dos caprichos do satélite da Terra.

O batismo

A Igreja foi além do calendário. Interferiu no nome. Carnaval vem de carne. Significa dias em que a carne é liberada. Opõe-se à quaresma, período de abstinência. Como festa pagã, escreve-se com inicial minúscula.

Antes de chegar a esta alegre Pindorama, a palavrinha bateu pernas. Desembarcou aqui por via do italiano carnevale. Mas seu berço é o latim. Na língua dos Césares, significava “adeus à carne”.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 02 de março de 2019

MARÇO: ETIMOLOGIA

 

Março: etimologia

Publicado em português

Adeus, fevereiro. Bem-vindo, março. O nome do mês tem origem pra lá de especial. O pai dele é nada mais, nada menos que Marte. O deus da guerra é forte, valente e mau. Está sempre preparado pra luta. Dia e noite usa armadura e capacete. Na mão esquerda, carrega um escudo. Na direita, uma espada. Onde há confrontos, lá está ele.

Aparece de surpresa, num carro puxado por quatro cavalos. No campo de batalha, fica no meio dos soldados e luta com vontade. Todos morrem de medo dele. Em homenagem ao temido senhor, o planeta Marte se chama Marte. O homem verdinho que nasce lá é marciano. O terceiro mês se denomina março. Judô, caratê e aiquidô são lutas marciais. Márcio e Márcia pertencem à família. São guerreiros.

Luta marcial

Por que judô, caratê e aiquidô são lutas marciais? Eis a razão: há muiiiiiiiiitos anos, os guerreiros japoneses e chineses não tinham armas. Para o ataque ou a defesa, usavam o próprio corpo. Aprendiam, então, as lutas de guerra. Elas mesmas — as marciais.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 01 de março de 2019

JABUTICABA: GRAFIA E CURIOSIDADE

 

Jabuticaba: grafia e curiosidade

Publicado em português

Sem confusão, gente fina. Jabuticaba se escreve-se com u.

Curiosidade

 A jabuticaba é considerada a fruta mais brasileira que existe. Raramente consegue ser cultivada em outros países. Uma curiosidade: ao que se saiba, é a única árvore no mundo que se aluga. Isso mesmo: em algumas cidades, como Sabará, em Minas Gerais, os proprietários alugam o pé de jabuticaba por hora. O inquilino paga e come a gostosura até onde aguentar. Especialistas de Europa, França e Bahia se renderam à pretinha, como o chef Paul Bocuse: “La jabuticaba nes’t pas pour le bec de tout le monde. Extraordinaire!” (Jabuticaba não é para o bico de todo mundo. Extraordinária!). Em Reinações de Narizinho”, Monteiro Lobato dedica um capítulo inteiro à frutinha.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 28 de fevereiro de 2019

PREFERIR: REGÊNCIA

 

Preferir: regência

 

Publicado em 1 Comentárioportuguês

“Tem coisa aí”, pensou a leitora ao bater o olho nesta frase: “A mulher preferiu o cachorro do que o marido”. Ela tem razão. A frase desrespeitou a regência do verbo preferir: Quem prefere prefere alguma coisa a outra: Prefiro vinho a cerveja. Prefiro sair a ficar em casa. A mulher prefere o cachorro ao marido.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 27 de fevereiro de 2019

MAIÚSCULAS: IMPOSTOS E TAXAS

 

Maiúsculas: impostos e taxas

Publicado em português

Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Que dor! Prepare o bolso e a bolsa. A Receita liberou o programa para entrega da declaração do Imposto de Renda.  Olho vivo. Morra no rico dinheirinho. Mas poupe a língua. Impostos e taxas são nomes próprios. Escrevem-se com a inicial grandona: Imposto de Renda, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, Taxa do Lixo.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 26 de fevereiro de 2019

MAIÚSCULA: HINO NACIONAL

 

Maiúscula: Hino Nacional

Publicado em português

O ministro da Educação deu uma ordem: a meninada tem de cantar o Hino Nacionalperfilada diante da bandeira. Alguém deve filmar o ato patriótico e encaminhar a prova para o ministério. Ops! Divulgar a imagem de menores é proibido. Críticas ecoaram de norte a sul, de leste a oeste. Sua Excelência voltou atrás. Ficou o dito pelo não dito. Da grita tiramos uma lição — Hino Nacional é nome próprio. Escreve-se com a inicial maiúscula.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 25 de fevereiro de 2019

PARAIBA: MULHER MACHO OU MACHA?

 

Paraíba: mulher macho ou macha?

Publicado em português

1. Para distinguir o gênero do animal, acrescenta-se macho ou fêmea: cobra macho, cobra fêmea, jacarés machos, jacarés fêmeas.

2. Ao se referir a pessoas ou coisas, macho se flexiona em gênero e número: mulher macha, mulheres machas; homem macho, homens machos.

Licença poética

Embora a forma correta seja mulher macha, a expressão que se consagrou no uso popular foi mulher macho ou muié macho. O bicho pegou em consequência do sucesso da música de Luiz Gonzaga “Paraíba”, que diz: “Quando a lama virou pedra / e Mandacaru secou / Quando a Ribaçã de sede / Bateu asa e voou / Foi aí que eu vim me embora / Carregando a minha dor / Hoje eu mando um abraço / Pra ti, pequenina / Paraíba masculina, / Muié macho, sim sinhô”.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 24 de fevereiro de 2019

PLEONASMO: AINDA PERMANECE

 

Pleonasmo: ainda permanece

Publicado em português

“A fronteira com a Venezuela ainda permanece fechada”, disse repórter da GloboNews. Abusou. O advérbio ainda indica duração. O verbo permanece também. Em tempos de vacas magras, melhor fazer economia — usar um ou outro: A fronteira com a Venezuela permanece fechada. A fronteira com a Venezuela ainda está fechada.

A mesma observação vale para “ainda continua”. Ambas as palavras indicam duração. Manda o bom senso contentar-se com apenas uma. Assim: A fronteira com a Venezuela continua fechada. A fronteira com a Venezuela ainda está fechada.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 23 de fevereiro de 2019

ÁLCOOL: PLURAL

 

Álcool: plural

Publicado em português

A questão pintou no Correio Braziliense. Álcool tem plural? Repórteres se dividiram em dois grupos. De um lado, os que apostavam no sim. De outro, os que diziam não. A saída foi consultar o dicionário. O pai de todos nós deu razão à turma do sim. O plural de álcool é álcoois.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 22 de fevereiro de 2019

VÍRGULA: OU SEJA

 

Vírgula: ou seja

Publicado em português

Com vírgula ou sem vírgula? A expressão “ou seja” é invariável. Escreve-se sempre, sempre mesmo, separada por vírgula: O governo apresentou a proposta de reforma da Previdência, ou seja, o jogo começou. O deputado falou 120 minutos, ou seja, duas horas. Trabalho 12 horas por dia, ou seja, dedico metade da vida ao esforço de sobrevivência.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 21 de fevereiro de 2019

ONDE E AONDE: QUANDO USAR

 

Onde e aonde: quando usar

Publicado em português

Onde ou aonde? Em geral, onde. Aonde só se usa com verbo de movimento que exige a preposição aAonde ele foi? Não sei aonde ele foi.Você sabe aonde esta estrada vai levar? Talvez ele saiba aonde conduziremos os hóspedes.

Superdicana hora de escrever aonde pintou a dúvida? Parta pro troca-troca. Substitua a por para. Se couber, vá em frente. Dê a vez ao aonde: Para onde ele foi? Não sei para onde ele foi. Você sabe para onde esta estrada leva? Talvez ele saiba para onde conduziremos os hóspedes.

Troca-troca

Dizem que o diabo é perigoso não por ser diabo. É perigoso, sobretudo, por ser esperto. Na hora do sufoco, lembra-se do professor. O mestre frisava que a língua é um conjunto de possibilidades. Na dúvida, troca-se seis por meia dúzia. E contava esta história:

O chefe ordena à secretária:

— Faça um cheque de R$ 600.

Ela pergunta:

— Como se escreve seiscentos?

— Faça dois cheques de R$ 300.

— Trezentos se escreve com s ou z?

— Não sabe escrever 300? Faça quatro cheques de R$ 150.

— Chefe, o trema foi abolido?

Vencido, ele apela pra última saída:

— Pelo amor de Deus, mande pagar em dinheiro.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 20 de fevereiro de 2019

CANDIDATOS LARANJAS? CANDIDATOS LARANJA?

 

Candidatos laranjas? Candidatos laranja?

Publicado em português

No caso, o substantivo laranja vem depois de substantivo. Funciona como adjetivo e, por isso, concorda com o nome a que se refere: candidato laranja, candidatos laranjas, candidata laranja, candidatas laranjas.

Equipe

Laranja joga no time de fantasma e pirata. Como adjetivos, concordam com o substantivo a que se referem: funcionário fantasma, funcionários fantasmas, firma fantasma, firmas fantasmas, filme pirata, filmes piratas, edição pirata, edições piratas.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 19 de fevereiro de 2019

PROPRIEDADE VOCABULAR: DEMITIR E EXONERAR

 

Propriedade vocabular: demitir e exonerar

Publicado em português

Ufa! A novela Bebianno não chega ao fim. Jornais, rádios, tevês, sites e blogues apostam todos os dias. Uns dizem “a demissão será publicada hoje”. Outros falam em “exoneração”. E daí? O ministro é demissível ad nutum. Tradução: ele ocupa cargo de confiança. Sem estabilidade, pode perder o cargo segundo o humor do patrão — a qualquer momento. E daí? Ele é demitido ou exonerado? Se não é acusado de nada, é exonerado: Quando se formalizará a exoneração do ministro?


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 18 de fevereiro de 2019

IMPLICAR: REGÊNCIA

 

Implicar: regência

Publicado em português

O verbo implicar tem três empregos. Em dois, ninguém tem dúvida. É no terceiro que a porca torce o rabo. Veja:

  1. Na acepção de ter implicância, pede a preposição comO diretor implicou com a secretária.
  2. No sentido de comprometerenvolver, dá a vez a emA secretária implicou o chefe em escândalos.
  3. No significado de acarretar consequências, implicar implica e complica. Ele é transitivo direto. Não suporta preposiçãoAutonomia implica responsabilidade. Aumento da taxa de juros implica crescimento do deficit público. Negligência implica acidente.

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 17 de fevereiro de 2019

ATRASO, ATRASAR: O PORQUÊ DO S

 

 

Atraso, atrasar: o porquê do s

Publicado em português

Viva! Adeus, horário de verão. É hora de atrasar o relógio. E lembrar por que atrasar & família se grafam com s. A história tem a ver com regra pra lá de produtiva. Trata-se da todo-poderosa família. “Tal pai, tal filho”, prega ela. Em bom português: as palavras derivadas seguem a primitiva, ou seja, mantêm a grafia original sem tossir nem mugir. O clã atrasado obedece à norma. Trás se grafa com s. Os filhotes também — atrás, traseiro, atraso, atrasar, atrasado.

Mais exemplos:

casa — casinha, casebre, casarão, caseiro, casamento, acasalar

cru— cruzar, cruzinha, cruzada, cruzeiro

exame — examinho, examinador, examinar, examinado

s — gasolina, gasoduto, gasoso, gaseificado


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 16 de fevereiro de 2019

PLEONASMOS: CRIAR NOVO & CIA.

 

Pleonasmos: criar novo & cia.

Publicado em português

Os leitores estão à beira de um ataque de nervos. O responsável? Ninguém menos que o pleonasmo. A redundância não dá folga. Ora o governo “cria novos empregos” (só se cria novo). Ora há a “estreia de novo filme (estreia é sempre nova)”. Não falta o cantor que “lança novo disco” (não há jeito de lançar o velho).

A redundância não dá folga. O jornal escreveu com todas as letras: “Além do vice-presidente, também Rodrigo Maia falou sobre a crise que envolve o filho do presidente Bolsonaro”. Reparou? O “além de” indica adição. O “também” idem. É melhor decidir-se por um ou outro: Além do vice-presidente, Rodrigo Maia falou sobre a crise que envolve o filho do presidente da República”. O vice-presidente e também Rodrigo Maia se manifestaram sobre a crise que envolve o filho do presidente Bolsonaro.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 15 de fevereiro de 2019

O BERÇO DO MATA-BORRÃO

 

O berço do mata-borrão


 
 
        Antes da esferográfica, no tempo da escrita com tinta líquida era preciso que ela secasse antes de se dobrar a folha de papel, a fim de evitar os borrões. Superando os métodos mais antigos, de se jogar areia em cima do papel, por exemplo, foi desenvolvido um papel espesso e absorvente, o mata-borrão, que era calcado sobre o texto escrito, para sugar a tinta ainda úmida. Para facilitar essa operação, tiras desse papel eram presas num dispositivo de madeira – o berço – que agia como se alguém estivesse balançando a caminha do bebê para ele dormir.        Hoje em dia, quem saberia dizer o que é um berço para mata-borrão?

 

(Colaboração Roldão Simas Filho)


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 14 de fevereiro de 2019

ESTRANGEIRINHAS: COMO LIDAR COM ELAS

 

Estrangeirinhas: como lidar com elas

Publicado em português

As línguas adoram bater papo. Umas influenciam as outras. Quanto maior o contato, maior a influência. No século 19, o português sofreu grande influência do francês. Assimilou várias palavras do idioma de Victor Hugo. Abajur, garagem, bufê, balé servem de exemplo.

No 20, o inglês chegou com força total. Falado pela potência planetária, que vende como ninguém sua música, seu cinema e sua tecnologia, impôs-se como língua internacional. O português incorporou muitos vocábulos. Como lidar com os penetras?

  1. Dê preferência à palavra vernácula: pré-estreia, não avant-première; primeiro-ministro (premiê), não premier.
  2. Prefira a forma aportuguesada à estrangeira: gangue, chique, xampu, recorde, cachê, butique, buquê, uísque, conhaque, panteão, gim.
  3. Se a importada estiver incorporada ao português em sua grafia original, escreva-a sem grifo ou qualquer destaque: rock, marketing, shopping, show, know-how, software, hardware, smoking, habeas corpus, marine, punk, lobby.
  4. Derivados de línguas estrangeiras se tornam híbridos: mantêm a estrutura original do vocábulo e acrescentam os sufixos ou prefixos da língua portuguesa: Byron (byroniano), Kant (kantiano), Marx (marxista), kart (kartódromo), Weber (weberiano), Thatcher (thatcherismo).

 Curiosidade

As grandes navegações escancararam as portas do mundo. Oba! Os homens começaram a viajar mar afora. Conheceram outros povos, que falavam outras línguas, que se misturavam às dos forasteiros. Ao voltar, os viajantes carregavam novas palavras na bagagem. Tinham, também, deixado vocábulos por onde passaram. Assim, os estrangeirismos foram ganhando nacionalidades locais.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 13 de fevereiro de 2019

VENDEM-SE CARROS? VENDE-SE CARROS?

 

Vendem-se carros? Vende-se carros?

Publicado em português

Não é Antarctica. Mas virou unanimidade nacional. Aparece de norte a sul desta alegre Pindorama. Faixas, cartazes, classificados anunciam sem cerimônia. É “vende-se apartamentos” pra cá, “conserta-se roupas” pra lá, “aluga-se carros” pracolá, “prega-se botões” pra todos os lados. De tanto ver as pérolas, o olhar se acostuma. A crítica relaxa. Todos têm a impressão de que a forma merece nota 10. Mas é pura ilusão.

Na frase como na vida, manda quem pode, obedece quem tem juízo. O verbo faz as vezes de vassalo. Concorda em pessoa e número com o sujeito. Por isso, flexiona-se segundo o mandachuva: eu trabalho, ele trabalha, nós trabalhamos, eles trabalham.

Há sujeitos e sujeitos. Uns, trabalhadores, praticam a ação expressa pelo verbo. Assumem. São agentes da ação:

Paulo escreveu a carta.

Quem escreveu? Paulo. O sujeito pratica a ação. O verbo está na voz ativa.

Há sujeitos preguiçosos. Não querem nada com nada. Só moleza. Passivos, sofrem a ação:

A carta foi escrita por Paulo.

Que é que foi escrita? A carta. O sujeito não pratica a ação. Mas mantém a majestade. Continua sujeito. O verbo está na voz passiva.

Existem dois jeitos de formar a voz passiva:

1. Com o verbo ser:

Os bebês foram trocados.

Quem é que foi trocado? Os bebês, sujeito. Essa concordância ninguém erra.

2. Com o pronome se. Aí, Deus nos acuda. E nos livre. Os bebês foram trocados é o mesmo que trocaram-se os bebês. Numa e noutra, o sujeito é bebês. O verbo tem de concordar com ele.

Mais exemplos:

Vendem-se apartamentos. (Que é que é vendido? Apartamentos, sujeito.)

Compram-se joias. (Que é que é comprado? Joias, sujeito.)

Alugam-se carros. (Que é que é alugado? Carros, sujeito.)

Troca-se esta casa. (Que é que é trocado? Esta casa, sujeito.)

Superdica

Os descuidados tropeçam a toda hora na concordância da passiva com se. Sabe por quê? Acham que o sujeito tem que ser ativo. Esquecem-se de que as aparências enganam. Na dúvida, construa a frase com o verbo ser:

Vende-se ou vendem-se apartamentos? Apartamentos são vendidos.

Em ambas, apartamentos é o sujeito. A regra não muda. Sujeito no plural, verbo no plural. Logo, vendem-se apartamentos.

Alugam-se carros. Carros são alugados.

Forram-se botões. Botões são forrados.

Cometem-se erros. Erros são cometidos.

Lê-se o jornal. O jornal é lido.

Desafio

Topa fazer um teste? O desafio: assinalar a frase nota 10. A recompensa: se acertar, presenteie-se com um bombom. Se não, releia a lição. Depois, saboreie dois bombons:

a. Na feira, vendem-se frutas baratas.

b. Na feira, vende-se frutas baratas.

Recorreu à superdica? No troca-troca, você ficou com “Na feira, frutas baratas são vendidas”. Então, marcou a letra a. Bom proveito.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 12 de fevereiro de 2019

BATER CABEÇA OU BATER CABEÇAS?

 

Bater cabeça ou bater cabeças?

Publicado em português

“Sem comando, falta rumo ao Executivo, enquanto ministros vão batendo cabeças”, escreveu o Estadão de domingo. Esquisito, não? Parece que ministros têm mais de uma cabeça. O mesmo estranhamento se observa quando o noticiário diz que “10 garotos perderam as vidas no incêndio do alojamento do Flamengo”. Nós só temos uma cabeça. Só temos uma vida. Por isso, o singular pede passagem: Sem comando, falta rumo ao Executivo, enquanto ministros vão batendo cabeça. Dez garotos perderam a vida no incêndio do alojamento do Flamengo.

A história muda de enredo quando nos referimos a partes do corpo que aparecem em dose dupla: O menino levantou a mão. O menino levantou as mãos. Os meninos levantaram a mão (cada um levantou apenas uma). Os meninos levantaram as mãos. O jogador mexeu o pé. O jogador mexeu os pés. Os jogadores mexeram o pé (cada um mexeu um pé). Os jogadores mexeram os pés.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 11 de fevereiro de 2019

POR QUE, POR QUÊ, PORQUE, PORQUÊ: QUANDO USAR

 

Por que, por quê, porque, porquê: quando usar

Publicado em português

Acredita? Ontem o porquê provocou polêmica no Twitter. O pomo da discórdia foi esta frase: “Nota-se porque o Brasil está no nível de educação em que está”. Um seguidor questionou a grafia. Muitos palpitaram. Uns disseram que era junto. Outros, separado. Alguns, com acento. Uns poucos, sem o chapeuzinho. E daí? Melhor saber o porquê dos porquês. Use:

Por que

  1. nas perguntas diretas: Por que os professores estimulam a leitura? Por que a evasão escolar é alta no Brasil?
  2. nos enunciados em que é substituível por “a razão pela qual“: É bom saber por que (a razão pela qual) os professores estimulam a leitura. Explique por que (a razão pela qual) a evasão escolar é alta no Brasil. Nota-se por que (a razão pela qual) o Brasil está no nível de educação em que está.

Por quê

A dupla com chapéu só tem vez quando o quezinho for a última – a última mesmo – palavra da frase. Por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: Os professores estimulam a leitura por quê? A evasão escolar continua alta, mas poucos sabem por quê. Que tal descobrir por quê?

 Porque

Com essa cara, juntinho, sem lenço nem documento, porque é conjunção causal ou explicativa: Os professores estimulam a leitura porque bons textos enriquecem o vocabulário. A evasão escolar é alta porque muitas crianças trabalham em vez de ir à aula.

Porquê

Assim, coladinho e com chapéu, o porquê torna-se substantivo. Para mudar de classe, precisa da companhia do artigo ou de pronome: Explicou o porquê da evasão escolar. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Esse porquê se inspira em outro porquê.

Resumo da ópera: não há por que temer os porquês. Quem entendeu a lição sabe por quê.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 10 de fevereiro de 2019

LAVA-TOGA: PLURAL

 

Lava-toga: plural

Publicado em português

A Lava-jato ganhou companhia. É a Lava-toga. A primeira investiga a corrupção na Petrobras. A segunda, a corrupção no Judiciário. Ambas jogam no mesmo time: são palavras compostas por um verbo (lava) mais um substantivo (jato e toga). Como formar o plural da duplinha? Só o segundo membro do casal se flexiona: Lava-jatos e lava-togas.

Grave isto

Só o último elemento vai para o plural se:

1. apenas o primeiro for invariável: arranha-céus, guarda-roupas, beija-flores, vice-governadores, sempre-vivas, vira-latas, abaixo-assinados, caça-níqueis, ave-marias, salve-rainhas, alto-falantes, mal-humorados, recém-nascidos, Lava-jatos, Lava-togas;

2. o substantivo for formado por elementos onomatopaicos ou palavra repetida: bem-te-vis, tico-ticos, reco-recos, quero-queros, quebra-quebras, tique-taques;

3. o primeiro elemento for redução de um adjetivo (bel, de belo), grã ou grão, de grande): bel-prazer (bel-prazeres), bel-jardinense (bel-jardinenses), grã-duquesa (grã-duquesas), grão-ducado (grão-ducados), grão-mestre (grão-mestres), grã-fino (grã-finos).


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 09 de fevereiro de 2019

RIO IMERGE NO CAOS? EMERGE?

 

Rio imerge no caos? Emerge?

Publicado em português

A dúvida pintou na redação do jornal. A matéria falava da forte chuva que despencou sobre a cidade, dos ventos de 110 quilômetros por hora, do tombo de mais de 200 árvores, dos deslizamentos e alagamentos generalizados. O cenário era caótico. A questão: a cidade emergiu ou imergiu?

Emergir = vir à tona.

Imergir = mergulhar.

Ora, a cidade imergiu no caos. Depois, emergiu.

Curiosidade

A pessoa que mergulha imerge. Daí banho de imersão. Quando põe a cabecinha fora d´água, emerge.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 08 de fevereiro de 2019

PLURAL: NÚMEROS

 

Plural: números

Publicado em português

Em português, qualquer classe de palavra pode se bandear para o time dos substantivos. Basta antecedê-la de artigo, pronome ou numeral. Vestir serve de exemplo.  Assim, solto, o dissílabo é verbo (eu visto, ele veste, nós vestimos, eles vestem). Mas, nestas frases, ele entra na equipe dos nomes: O vestir da Maria é pra lá de charmoso. Esse vestir me agrada muito. A estilista apresentou sete vestires.

Os numerais não fogem à regra. Substantivados, entram na vala comum: Os uns que ele escreve se confundem com os setes. Aqueles noves chamaram a atenção.

Olho vivo. Se o numeral terminar em s ou z, não se flexiona: os dois, os seis, os dez.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 07 de fevereiro de 2019

ODEBRECHT PAGOU X ODEBRECHT TERIA PAGO

 

Odebrech pagou x Odebrech teria pago

Publicado em português

Estadão escreveu: “Odebrech teria pago R$ 630 milhões a políticos da Venezuela”. Leitores ficaram no ar. Sem constrangimento, perguntaram:

— Afinal, a empreiteira pagou ou não pagou?

Ninguém sabe. Ao usar o “teria pago”, o jornal não se compromete. A resposta pode ser sim ou não. Se quisesse assumir a responsabilidade da denúncia, teria escrito:  Odebrech pagou R$ 630 milhões a políticos da Venezuela.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 06 de fevereiro de 2019

TIME PLURAL: NÚPCIAS & CIA.

 

Time plural: núpcias & cia.

Publicado em português

Núpcias pertence ao time plural. Exige artigos e adjetivos no mesmo número (as núpcias, núpcias badaladas). Outros membros da equipe: os óculos, as férias, os parabéns, as fezes, as calendas, os pêsames. Etc. e tal.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 05 de fevereiro de 2019

VERBOS PRONOMINAIS: APOSENTAR-SE & CIA.

 

Verbos pronominais: aposentar-se & cia.

Publicado em português

O Congresso retomou as atividades. Com ele, voltou ao cartaz a reforma da Previdência e, claro, o verbo aposentar. O governo vai propor idade mínima para homens e mulheres se aposentarem.

Aposentar pertence a um grupo especial de verbos. Transitivos diretos, em algumas construções o sujeito e o objeto são a mesma pessoa. Aí, o pronome se impõe porque é o objeto exigido pela ação:

O INSS aposenta o trabalhador.

INSS é o sujeito. Trabalhador, o objeto direto.

O trabalhador se aposenta.

Trabalhador é o sujeito. Ele pratica e sofre a ação. O pronome se é o objeto direto.

Com as outras pessoas ocorre o mesmo:

Eu me aposento.

Ele se aposenta.

Nós nos aposentamos.

Eles se aposentam.

Outros verbos jogam no mesmo time. Eis exemplos: acender (alguém acende a luz, mas a luz se acende); apagar (alguém apaga a luz, mas a luz se apaga);  complicar (alguém complica a vida de outro, mas ele se complica); derreter (o calor derrete o sorvete, mas o sorvete se derrete); distrair (o palhaço distrai o público, mas o público se distrai); encerrar-se (o apresentador encerra o programa, mas o programa se encerra); esgotar (o repórter esgota a matéria, mas ele se esgota); estragar (o sol estragou a fruta, mas a fruta estragou-se); esvaziar (o líder esvaziou a sessão, mas a sessão se esvaziou); formar (o diretor forma a equipe, mas a equipe se forma; a universidade forma o aluno, mas o aluno se forma); iniciar (o presidente iniciou a sessão, mas a sessão se iniciou); casar (o padre casa os noivos, mas os noivos se casam).


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 04 de fevereiro de 2019

ELEIÇÃO DO SENADO: DAVI, GOLIAS E CURIOSIDADES

 

Eleição do Senado: Davi, Golias e curiosidades

Publicado em português

A eleição da presidência do Senado foi uma guerra. Vários postulantes se candidataram. Mas dois sobressaíram. De um lado, o quatro vezes presidente Renan Calheiros. De outro, Davi Alcolumbre. No discurso, Renan lembrou a história bíblica de Davi contra Golias. Conhece?

O gigante Golias era gigante mesmo. Tinha 3 metros de altura. Fortão, usava armadura e capacete de ferro. Carregava um escudo pra proteção, uma espada e uma lança que pesava seis quilos. Todos tremiam de medo dele. Com razão. O brutamontes vencia as lutas sem esforço. Depois, humilhava os derrotados.

Um dia, os filisteus, povo de Golias, declararam guerra a Israel. Golias desafiou Israel em voz alta a apresentar um homem que lutasse sozinho contra ele. Cadê coragem? Durante 40 dias ele repetiu a provocação. Até que um pastor reagiu. Era Davi. O gigante morreu de rir do jovem. E avançou contra ele.

Bobeou. O rapazinho meteu a mão na sacola a tiracolo, pegou uma pedra e a pôs na funda. Girou e lá … aaaaaaaaa foi ela. A pedra se cravou entre os olhos do valentão. Ele caiu e morreu. Davi virou herói. Mais tarde, tornou-se rei de Israel. Durante o reinado, construiu uma cidade magnífica. É Jerusalém.  

 

CURIOSIDADES

Regionalismos

Os gaúchos chamam estilingue de funda. Os paraibanos, de baladeira. Em outros lugares, atiradeira.  

A Bíblia

A história de Davi e Golias está na Bíblia. Em grego, bíblia quer dizer livro. Por isso, o lugar onde se guardam os livros se chama biblioteca.  

Arte

Davi inspirou muitos artistas. Um deles foi o italiano Michelangelo, que viveu no século 16. Ele esculpiu obras-primas do Renascimento. Davi é uma delas.  

Herói

Herói termina em ói. Por isso ganha acento. Outras palavras jogam no time da duplinha ói: constrói, corrói, dodói, dói.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 03 de fevereiro de 2019

CONCORDÂNCIA: TAL

 

Concordância: tal

Publicado em português

As aparências enganam. E como! Vale o exemplo de tal. As três letrinhas parecem inofensivas. Mas não são. Roubam pontos em concursos, adiam promoções, destroem amores. A razão: muitos ignoram que as danadinhas se flexionam. Concordam em número com o substantivo a que se referem: Que tal o filme? Que tais os filmes? Que tais as férias? Foi difícil escolher os novos óculos tais as ofertas de modelos e preços. Não vemos as coisas tais como as vimos da primeira vez.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 02 de fevereiro de 2019

HOSPITALIDADE: LIÇÃO ÁRABE

 

Hospitalidade: lição árabe

Publicado em português

Os árabes, notáveis pela hospitalidade, ensinam este provérbio aos filhos: “Se você tem um pão, coma a metade. Guarde a outra metade na geladeira para dá-la a quem bater à sua porta”.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 01 de fevereiro de 2019

ÁGUA-DE-COLÔNIA: O PORQUÊ DO NOME

 

Água-de-colônia: o porquê do nome

Publicado em português

Por que água-de-colônia se chama água-de-colônia? Água-de-colônia se chama água-de-colônia porque nasceu em Colônia, na Alemanha. Giovanni Maria Farina vivia em Piemonte, na fronteira da Itália com a Suíça. Mudou-se para Colônia no início do século 18. Inventor de perfumes, criou uma fragrância desconhecida, bem diferente dos aromas fortes e açucarados que enchiam os salões da nobreza europeia.  A fórmula: óleos essenciais de frutas cítricas, como limão, laranja, tangerina ou grapefruit. Para homenagear a cidade que tão bem o acolhera, chamou a nova mistura aromática de água-de-colônia. Viva!


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 31 de janeiro de 2019

DEMAIS E DE MAIS: QUANDO USAR

 

Demais e de mais: quando usar

Publicado em português

Demais se usa:

a) no sentido de muito, excessivamente: Comeu demais.

b) na acepção de ademaisalém dissoNa viagem, esteve em museus, foi ao teatro, visitou amigos, fez compras. Demais, proferiu duas conferências.

c) como pronome indefinido, com o valor de os restantesCinco dos presentes levantaram-se. Os demais permaneceram sentados.

De mais se opõe a de menosRecebi troco de mais, não de menos. Até aí, nada de mais.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 30 de janeiro de 2019

ACERCA DE, CERCA DE, A CERCA DE, HÁ CERCA DE: QUANDO USAR

 

Acerca de, cerca de, a cerca de, há cerca de: quando usar

Publicado em português

Acerca de = sobre, a respeito dePronunciou-se acerca da oscilação do dólar.

Cerca de = aproximadamente: Recebeu cerca de R$ 500.

Há cerca de indica contagem de tempo passado (faz aproximadamente): Viajou há cerca de dois meses.

A cerca de exprime tempo futuro: Viajará daqui a cerca de dois mesesA cerca de dois meses das eleições, regras do pleito podem ser mudadas.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 29 de janeiro de 2019

ABAIXO X A BAIXO

 

Abaixo x a baixo

Publicado em português

Milhares de toneladas de dejetos líquidos correram morro… abaixo ou a baixo?” A questão bateu às portas da redação do Correio Braziliense. Palpites pintaram aqui e ali. Mas ninguém batia o martelo. O jeito? Foi dar um jeito — consultar o dicionário:

A baixo = movimento da posição superior à inferior ou da inferior à superior: Olhou-a de alto a baixo. A cortina rasgou-se de alto a baixo. O policial a examinou de cima a baixo.

Abaixo = em lugar menos elevado. É o contrário de acima: A casa veio abaixo. A correnteza levava o barro rio abaixo. A temperatura está abaixo de 30 graus. Milhares de toneladas de dejetos líquidos correram morro abaixo.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 28 de janeiro de 2019

VÍRGULA ANTES DO E? HÁ CONDIÇÕES

 

Vírgula antes do e? Há condições

Publicado em português

“Ibama multa Vale, e Justiça bloqueia R$ 6 bilhões”, escreveu O Globo. A vírgula antes do E chamou a atenção. Está correta? Está. Usa-se o sinalzinho antes da conjunção e se forem preenchidas três condições:

1. O e deve ligar duas orações com sujeitos diferentes. É o caso. O período tem duas orações:

Uma: Ibama multa Vale (sujeito: Ibama)

A outra: Justiça bloqueia R$ 6 bilhões (sujeito: Justiça)

2. A última palavra da primeira oração tem de ser da mesma classe gramatical da primeira palavra da segunda oração. É o caso: Vale é substantivo. Justiça também.

3. Sem a vírgula, o leitor apressado pode emendar a última palavra da primeira oração com a primeira da segunda (Ibama multa Vale e Justiça). A vírgula manda fazer a pausa. Aí, adeus, confusão: Ibama multa Vale, e Justiça bloqueia R$ 6 bilhões.

Mais exemplos

Os Estados Unidos Invadiram o Iraque, e a Rússia reagiu.

Trabalho com Maria, e Paulo quer se juntar a nós.

A Venezuela tem dois presidentes, e líderes do mundo reagem.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 27 de janeiro de 2019

QUEM NASCE EM SÃO LUÍS É...

 

Quem nasce em São Luís é…

Publicado em português

A capital do Maranhão é São Luís. Quem nasce em São Luís goza de privilégio. Tem dois adjetivos gentílicos. Um: são-luisense. O outro: ludovicense. A estranha palavra veio de Ludovico (do germânico Holdoviko, que tem duas partes: hold (ilustre, afamado) + wig (batalha ou santuário, que originou em francês o antropônimo Louis, Luís em português).


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 26 de janeiro de 2019

ENXURRADA: O PORQUÊ DO X

 

Enxurrada: o porquê do x

Publicado em português

Barragem de rejeitos minerais se rompe em Brumadinho (MG). Enxurrada de lama destruiu casas, plantações e objetos que encontrou no caminho. Pessoas morreram? Talvez sim. O fato virou notícia. A palavra enxurrada sobressaiu. Com ela, a razão da presença do x. A letra aparece depois do en-: enxaqueca, enxerto, enxergar, enxoval, enxofre, enxugar, enxame.

Exceção? Só derivados de palavras escritas com ch. É o caso de enchente (cheio, encher, enchente).

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 25 de janeiro de 2019

MULHERES SÃO DESTAQUE NO ENEM? SÃO DESTAQUES?

 

Mulheres são destaque no Enem? São destaques?

Publicado em português

“Mulheres são destaque no Enem. Tiraram as melhores notas na redação”, anunciou o Jornal da Cultura. Telespectadores estranharam. Não seria “mulheres são destaques”? Não. Deixa-se no singular o substantivo abstrato que, depois de verbo de ligação (ser, estar, tornar-se, virar, constituir), caracterize genericamente o sujeito plural:Bons empregos são o alvo dos concurseiros. Os voluntários da Cruz Vermelha tornaram-se exemplo de eficiência. O sujeito e o predicado são parte da oração. Animais em extinção viraram objeto de desejo de colecionadores. Substantivos e verbos são o essencial na oração. E, claro, mulheres são destaque no Enem.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 24 de janeiro de 2019

QUE E QUÊ: QUANDO USAR

 

Que e quê: quando usar

Publicado em português

Acento tem tudo a ver com pronúncia. Agudo e circunflexo só caem sobre a sílaba tônica. Em dissílabos, trissílabos e polissílabos, descobrir a fortona é fácil como arrancar promessa de político. A porca torce o rabo com os monossílabos. Os pequeninos obedecem à mesma regra das oxítonas. Acentuam-se os terminados em aeo seguidos ou não de s. Compare: sofá (já), estás (dás), você (dê), vocês (dês), cipó (dó), vovós (cós).

Alguns dão nó em fumaça. É o caso do quê. As três letrinhas mudam de time como modelo troca de roupa. Ora são conjunção. Ora pronome. Ora substantivo. A primeira equipe não oferece problema. O trio se apresenta sempre com a mesma cara. Veja: Disse que sairia mais cedo. Entre, que vem chuva braba.

As outras provocam dor de cabeça. Por duas razões. De um lado, a criatura tem o poder da mobilidade. Troca de lugar como nós trocamos de camisa. De outro, muda de classe gramatical. Passa de pronome a substantivo com a facilidade. Ela faz as artes. Nós pagamos o pato. O preço é o acento. Quando usá-lo? Em duas oportunidades:

1.Quando o quê for substantivo. Aí será antecedido de pronome, artigo ou numeral. Como todo nome, tem plural: Giselle tem um quê de sedutor. Qual o mistério dos quês? Este quê não me confunde mais. Corte os quês da redação. Belo quê você introduziu no discurso. Quem mandou?

2.Quando o quê for a última palavra da frase —- a última mesmo, coladinha no ponto: Trabalhar pra quê? Riu, mas não disse por quê. Você se atrasou por quê? Ele se ofendeu com quê? Quero saber a razão do emprego desse quê.

 É isso. Desvendados os dois empregos, o quê recolhe-se à sua insignificância. Redatores que arrancam os cabelos por causa do acentinho chegam à conclusão óbvia: o diabo não é tão feio quanto o pintam. O quê diz por quê.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 23 de janeiro de 2019

HÍFEN: MEIA, MEIO

 

Hífen: meia, meio

Publicado em português

Na formação de palavras compostas, meia e meio se usam sempre com hífen: meia-água, meia-entrada, meia-direita, meia-noite, meia-luz, meio-dia, meio-campo, meio-irmão, meio-tom.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 22 de janeiro de 2019

AO NÍVEL DE E EM NÍVEL DE: QUANDO USAR

 

Ao nível de e em nível de: quando usar

Publicado em português

Ao nível de significa à altura de:
Recife fica ao nível do mar. O cargo de Maria está ao nível do de Luís.

Em nível de quer dizer no âmbito de:
Faço um curso em nível de pós-graduação.
A decisão foi tomada em nível de diretoria.

Cá entre nós. Em nível de é dispensável. Como tudo que é dispensável, sobra. Livre-se dele. A frase ganha em concisão e elegância:

Faço um curso de pós-graduação.

A decisão foi tomada pela diretoria.
O projeto ainda está no papel.

É isso. A língua é um sistema de possibilidades. Democrática, dá liberdade de escolha. Podemos dizer a mesma coisa de diferentes maneiras. A mais curta e enxuta ganha disparado. Fique com ela.

ATENÇÃO

Existem palavras e expressões que viram praga. Espalham-se como água morro abaixo e fogo morro acima. Como quem não quer nada, caem na boca do povo. Todos as repetem como se fossem de carne e osso.

Uma delas é a nível de. No rádio, na tevê, nos discursos em plenário, na conversa dos amigos, pululam frases como estas:

Faço um curso a nível de pós-graduação.
A decisão foi tomada a nível de diretoria.
O projeto ainda está a nível de papel.

Acredite: a nível de não existe. Xô!

O que há é ao nível de e em nível de. As duas expressões se parecem. Mas não se confundem.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 21 de janeiro de 2019

PROLIFERAR: REGÊNCIA

 

Proliferar: regência

Publicado em português

“O mosquito da dengue se prolifera no verão por causa da chuva”, disse o repórter. Certo? Não. Proliferar é intransitivo. Dispensa o pronome: O mosquito da dengue prolifera no verão por causa da chuvaOs ratos proliferam (não: se proliferam) nos terrenos baldiosNegociações proliferam na campanha pela Presidência do Senado.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 20 de janeiro de 2019

SUPERDICA: MARCHA A RÉ

 

Superdica: marcha a ré

Publicado em português

Olho vivíssimo, gente apressada. Quando der aquela vontade de usar o hífen e o acento da crase, pare, respire e puxe o freio. Marcha a ré se escreve assim — sem tirar nem pôr.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 19 de janeiro de 2019

PLEONASMOS: PLANOS PAR AO FUTURO & CIA.

 

Pleonasmos: planos para o futuro & cia. redundante

Publicado em português

O bem mais precioso em tempos de avalanche de mensagens eletrônicas? É o tempo. Minutos são luxos dos quais ninguém quer abrir mão. Que tal dar uma ajudinha? Mande redundâncias passear bem longe. Não é tarefa fácil. Elas estão na moda e passam despercebidas. Quer ver?

 Sociedade como um todo? É sociedade.

Desfecho final? Todo desfecho é final. Basta desfecho.

Empréstimo provisório? Só pode ser. Se fosse definitivo, não seria empréstimo. Seria doação (ou presente).

Sintomas indicativos? Todos são. Sintomas dá o recado.

Ter futuro pela frente? Só pode ser. Ninguém tem futuro por trás.

Fazer planos para o futuro? Claro. O passado já era.

Milagre improvável? Céuuuuuuus! É milagre. O adjetivo sobra.

Sorriso nos lábios? Onde mais? Se for nos olhos, é figura de linguagem. Aí, sim, tem de informar. Mas a regra é nos lábios.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 18 de janeiro de 2019

CONSTITUIR: REGÊNCIA

 

Constituir: regência

Publicado em português

Regência é calo no pé. Dúvidas pintam a cada momento. A de agora se refere ao verbo constituir. Ele é direto ou pede a preposição em? Constituir é transitivo direto. Constituir-se também. Ambos têm horror à preposição: Acordar cedo constitui (constitui-se) problema para mim. O Enem constitui (ou constitui-se) preocupação constante de quem quer entrar na universidade. Maria constituiu uma firma comercial. Preciso constituir advogado de defesa.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 17 de janeiro de 2019

ARGENTINA: ETIMOLOGIA E CURIOSIDADE

 

Argentina: etimologia e curiosidade

Publicado em português

O presidente argentino visita o Brasil. Não deu outra. O país que Mauricio Macri governa ganhou espaço em rádios, jornais, tevês e internet. Muitas notícias e uma curiosidade — a etimologia de Argentina. A história vem de longe, da mitologia romana. Argentarius era o deus que guardava as moedas de prata. Com o tempo, se tornou o deus do dinheiro.

Na terra dos Césares, argentum significa prata. Argentina, do latim argentinus, que quer dizer de prata, que parece com prata. O navegador italiano Sebastião Caboto, ao chegar ao rio que parecia mar, denominou-o Rio da Prata. A razão: por ali havia indígenas enfeitados com muita prata.

O deus endinheirado enriqueceu o léxico português. Eis três exemplos:

Argentar (ou argentear) = pratear, tornar da cor da prata.

Argentaria = guarnição, talheres ou baixelas de prata.

Argentário = guarda-pratas, ou pessoa muito rica (milionária).


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 16 de janeiro de 2019

BOLSONARO E O EUFEMISMO

 

Bolsonaro e o eufemismo

Publicado em português

O presidente Bolsonaro acaba de baixar o decreto que libera a posse de arma. No pronunciamento, cumprimentou deputados da Bancada da Bala. São parlamentares que defendem o direito de o cidadão ter em casa revólver & cia. Mas Sua Excelência apelou para o eufemismo. Em vez de Bancada da Bala, chamou-a de Bancada da Legítima Defesa.

Eufemismo é isto: adocicamento do termo. Em vez de usar palavra que choca, causa dor ou provoca imagens desagradáveis, apela-se para outra, mais branda.

Muitos não gostam de pronunciar a palavra morte. Sentem medo. O que fazem? Recorrem a eufemismos. Manuel Bandeira chamou-a de “a indesejada das gentes”. Outros dizem passamento, falecimento, viagem, ida para a companhia do Senhor, passagem desta pra melhor, espichar a canela, vestir paletó de madeira, bater as botas. E por aí vai.

Diabo não fica atrás. A língua oferece mil artimanhas para fugir do coitadinho: demo, bicho, anjo rebelde, anhangá, beiçudo, canhoto, cão, coxo, coisa ruim.

Vade retro, satanás!


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 15 de janeiro de 2019

CRASE: NOME DE CIDADE

 

Crase: nome de cidade

Publicado em português

“O avião seguiu rumo à Roma.” Ops! A crase sobra. Como saber? Basta descobrir se o nome da capital italiana pede ou não pede artigo. É fácil. Siga estes passos:

1. Construa uma frase com o verbo voltar: Voltei de Roma na semana passada.

2. Oriente-se por esta quadra:

Se, ao voltar, volto da,

Craseio o a.

Se, ao voltar, volto de,

Crasear pra quê?

Percebeu a manha? Da é combinação de preposição de com  artigo a. Quando ocorre o casamento, significa que o nome da cidade se usa com o artigo. Encontrando-se com a preposição a, ocorre o casamento — à. De é preposição pura. Sem artigo, inviabiliza-se a crase: O avião seguiu rumo a Roma.

Outros exemplos:

1. Chegou a Brasília.

Com crase ou sem crase?

Voltou de Brasília.

Se, ao voltar, volta de, crase pra quê? Chegou a Brasília.

2. Vou a Paris, a Roma e a Londres.

Com crase ou sem crase?

Volto de Paris, de Roma e de Londres.

Volto de, crasear pra quê?

3. Vou à Paris da alta costura, à Londres do fogo e à Roma do Coliseu.

Volto da Paris da alta costura, da Londres do fog e da Roma do Coliseu. Então crase no á.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 14 de janeiro de 2019

FALA: PROVÉRBIOS

 

Fala: provérbios

Publicado em português

A fala não é o único meio de comunicação. Mas é o mais fácil, o mais acessível. Daí por que pululam provérbios sobre o tema. “Fala pouco e bem, e ter-te-ão por alguém” recomenda discrição. Bem, no caso, não tem a ver com erudição. Refere-se a oportunidade, propriedade e sensatez. Outros ditos dão o mesmo recado. Um deles: “Quem muito fala, pouco acerta”. Outro: “Em boca calada, não entra mosca”. Mais um? Pois não: “Quem fala demais, dá bom-dia a cavalo”. Outro? Ei-lo: “É bom falar. Mas é melhor calar”. Pra concluir: “Não é por acaso que nascemos com dois olhos, dois ouvidos, duas narinas e uma boca”.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 13 de janeiro de 2019

FALIR: CONJUGAÇÃO

 

Falir: conjugação

Publicado em português

Defectivo, falir só se conjuga nas formas em que não se confunde com falar. São aquelas em que aparece o i depois do l. No presente do indicativo, só o nós e o vós têm vez (falimos, falis). O presente do subjuntivo não existe. Os demais tempos conjugam-se normalmente: fali, faliu, falimos, faliram; falia, falia, falíamos, faliam; falirei, falirá, faliremos, falirão; faliria, faliria, faliríamos, faliriam; falindo; falido.

Substitutos

As formas inexistentes podem ser supridas. O verbo quebrar é uma saída. A expressão abrir falência, outra.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 12 de janeiro de 2019

ISAR OU IZAR?

 

Isar ou izar?

Publicado em português

Os professores repetem e repetem. O sufixo -isar não existe. Mal eles falam, a meninada se lembra de paralisar, analisar, pesquisar. As quatro letrinhas lá estão, firmes e fortes. Também se lembram de civilizar, organizar, catequizar & cia. Como explicar a aparente contradição? É simples. A chave da resposta se encontra no nome que dá origem ao verbo.

Vale o exemplo de analisar. Ele é derivado de análise. Ora, se análise tem s no radical, nada mais justo que ele se mantenha no verbo. É o caso de bis (bisar), catálise (catalisar), pesquisa (pesquisar), liso (alisar), improviso (improvisar). Reparou? O is faz parte da palavra primitiva. O verbo se formou com o acréscimo do ar. Palmas pro professor. Isar não existe.

A família das ilustres criaturas rezam pela mesma cartilha: análise, analisar, analisado, analisador; paralisia, paralisar, paralisante, paralisado, paralisação; pesquisa, pesquisar, pesquisador, pesquisado; catálise, catalisador, catalisante, catalisado; impriviso, improvisar, improvisação, improvisado, improvisador. E por aí vai.

Como explicar a presença do -izar em  amenizar, capitalizar, humanizar e simbolizar etc. e tal? Os coitados não têm o s onde o –ar possa se agarrar. Precisam de uma ponte. Construíram o -iz, que se mantém nos derivados: ameno (amenizar, amenização), capital (capitalizar, capitalização, capitalizado), humano (humanizar, humanização, desumanizado), canal (canalizar, canalizado, canalizante).

Alguns são privilegiados. Têm o z no radical. Nada mais justo que respeitar a família. É o caso de cicatriz (cicatrizar, cicatrização), deslize (deslizar), juízo (ajuizar, ajuizado), cicatriz (cicatrizar, cicatrização), raiz (enraizar, enraizado).

Moral da história: o emprego de -isar e -izar é questão de família.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 11 de janeiro de 2019

A FALA: PALAVRA E CORPO

 

A fala: palavra e corpo

Publicado em português

A fala não se vale só de uma bela voz. Ritmo, harmonia, ênfase, modulação, pronúncia contribuem – e muito — para a comunicação eficaz. Sem esses requisitos, a palavra permanece em situação dicionária: estática e estéril, incapaz de conquistar o ouvinte.

Nós falamos com as palavras e o corpo. O gesto, o olhar, o movimento transmitem mensagens. Pesquisas revelam o peso de cada componente:

Palavra: 7%

Inflexão da voz, pronúncia, emoção: 38%

Gesto, movimento, dinâmica, traje, expressão fisionômica: 55%

A colocação de pés, mãos, ombros está para o corpo assim como a afinação para as pregas vocais. Regra: sentado ou de pé, sinta os pés plantados no chão. Assim, você não perde a base. Mantenha-os voltados pra frente. Use roupa folgada pra conservar livre o caminho do ir e vir do ar pelo diafragma.

Deixe o plexo solar à mostra. Exiba-o vaidosamente. Como? Encaixe a cintura pélvica e jogue os ombros para trás. Respire. Deixe o ar chegar lá em baixo. Lembre-se: texto e respiração têm de se acertar. Sem ritmo, o samba atravessa.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 10 de janeiro de 2019

SOMOS POLIGLOTAS NA NOSSA LÍNGUA

 

Somos poliglotas na nossa língua

Publicado em português

É um susto atrás do outro. Mães e pais estão com o cabelo em pé. Por quê? Os filhos não desgrudam do computador. Passam horas diante da tela. Usam língua própria: abreviaturas estranhas, palavras inventadas — tudo aos pedaços, sem começo nem fim, sem pé nem cabeça. Bicho vira bx. Você, vc. Beijo, bj. O que fazer?

Ler e escrever são habilidades. Nadar, correr e datilografar também. Para desenvolver-se, exigem treino. Michael Phelps não ganhou sete medalhas de ouro. Conquistou-as. Foram milhares de horas de braçadas, outras tantas de musculação e não menos de renúncias. Hoje, ele se exibe de frente, de costas, de lado. Faz malabarismos dentro d’água. Pode tudo.

A aquisição da leitura e da escrita passa por processo semelhante. Quando se alfabetiza, a criança entra no universo da língua escrita. No começo, lê com dificuldade e escreve com (muitos) tropeços. À medida que se familiariza com esses, zês, jotas e agás, os enganos diminuem. A tendência é sumirem.

Parece milagre. Pirralhinhos de 8-9 anos grafam hospital com h. Desenho, com s. Cachorro, com ch e dois erres. Como chegaram lá? Não foi com o estudo da etimologia. Nem com regras ou palmatórias. A chave do êxito se chama familiaridade. A criança vê a palavra. Fixa-a. E a reproduz. Daí a íntima relação entre a leitura e a escrita. Quanto mais se lê, melhor se escreve.

A língua é um conjunto de possibilidades. Com o tempo nos tornamos poliglotas no nosso idioma. Se estamos com a turma, usamos a gíria do grupo. Se na entrevista da seleção de emprego, outra. Se nos bate-papos da internet, mais uma. Todas têm hora e vez. Trocar as bolas? Dá o samba da língua doida.

Os bate-papos na internet têm código próprio. A velocidade é a lei. Na tela mágica, o analfabeto cibernético não tem vez. Quem domina as várias línguas da língua entra e sai sem problema. Mas quem engatinha na aprendizagem do básico perde o rumo. E daí? Proibir a meninada de teclar? É difícil. Melhor fazer um trato: a cada minuto diante da tela deve corresponder uma hora de leitura. A troca vale a pena.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 09 de janeiro de 2019

GAY: ETIMOLOGIA

 

Gay: etimologia e curiosidade

Publicado em português

Sabia? Gaiato pertence à família de gay. O clã começou com a francesa gai, que gerou a inglesa gay e a portuguesa gaio. De gaio nasceu gaiato. Em todas as línguas, o significado se mantém. É alegre, jovial, brincalhão.

Gay tem plural. É gays. Os dicionários registram a forma portuguesa guei. Como as leis, há naturalizações que não pegam. Guei é uma delas.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 08 de janeiro de 2019

POR QUE ESCREVER CERTO? PORQUE PEGA BEM!

 

Por que escrever certo? Porque pega bem!

Publicado em português

Sabia? A ortografia é dispensável para a comunicação eficiente. Se alguém escreve casa com z, cachorro com x e coração sem til, o leitor entende o recado. Prova é a língua usada nos chats da internet. Lá, porque vira pq; você, vc; beijo, bj; obrigado, obg. Muitos não gostam do que leem, mas entendem o recado. A razão?

De aorcdo com peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

Por que, então, preocupar-se com acentos, esses e zês? Porque é o combinado. Para viver em sociedade, firmamos pactos. Combinamos andar vestidos em público. Combinamos não arrotar à mesa. Combinamos não cuspir no chão. Combinamos, também, escrever como manda o dicionário. Ele, baseado em critérios etimológicos ou fonéticos, diz que hospital se grafa com h; pesquisa, com s; exceção, com ç. A razão: como todas as línguas de cultura, o português tem a grafia oficial.

A ortografia é convenção. Escrever certo pega bem. Como chegar lá? Os mistérios se desvendam aos poucos. À medida que temos contato com a escrita, cresce a intimidade com vogais, consoantes, hifens, cedilhas & cia. letrada. A criança em fase de alfabetização tropeça em letras e acentos. É natural. Com o tempo, domina o assunto. Por isso, quanto maior a escolaridade, menor a tolerância social ao erro.

Quem anda pelado na rua vai pra cadeia. Quem arrota à mesa acaba a refeição sozinho. Quem cospe no chão é tachado de mal-educado. Quem escreve errado se apresenta como pessoa sem familiaridade com a escrita. Perde vaga na universidade. Perde promoção no trabalho. Perde pontos no concurso. Valha-nos, Deus!


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 07 de janeiro de 2019

GRAVIDEZ, MUDEZ, SURDEZ: O PORQUÊ DO Z

 

Gravidez, mudez, surdez: o porquê do z

Publicado em português

Novidade na praça. Lei criou a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência. Será em fevereiro. A notícia provocou estragos. A vítima? Foi a língua. Muitos escreveram gravidez com s. Bobearam. Gravidez joga no time de maciez, surdez e mudez. É substantivo abstrato derivado de adjetivo: lúcido (lucidez), honrado (honradez), sensato (sensatez), altivo (altivez), maduro (madurez). E, claro, grávida (gravidez).

Superdica

Não confunda o final z com o final s. Ao vacilar, lembre-se. O z figura sempre em sílaba tônica. O s, em sílaba átona qualquer que seja sua posição na palavra. Compare: as-te-ca, cú-tis, bônus X surdez, mudez, maciez.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 06 de janeiro de 2019

HÍFEN: AUTO

 

Hífen: auto-

Publicado em português

No discurso de posse, a ministra Damares Alves apresentou dado preocupante: 20% dos jovens estão se automutilando. O número causou espanto. Será? Enquanto a resposta não vem, vale uma dica de grafia. O prefixo auto– pede hífen quando seguido de h e o. No mais, é tudo colado: auto-hipnose, auto-observação, autoajuda, autoescola, autorregulação, autossuficiência.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 05 de janeiro de 2019

REFORMA ORTOGRÁFICA: 10 ANOS

 

Reforma ortográfica: 10 anos

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As novas regras ortográficas da língua portuguesa entraram em vigor em 1º de janeiro de 2009. Valem duas observações:

  1. A reforma é ortográfica. Refere-se só à grafia das palavras. Pronúncia, concordância, regência, crase continuam do mesmo jeitinho, sem alteração.

2. A mudança nos acentos atingiu apenas as paroxítonas. Proparoxítonas, oxítonas e monossílabos tônicos não foram nem arranhados. Mantêm-se como sempre foram.

O que mudou?

1. Alfabeto — O abecedário ganhou três letras. k, w e y tornaram-se gente de casa. O que era fato agora é direito. Nada mais. O emprego do trio continua como antes. Abreviaturas e nomes que se escreviam com as ex-intrusas mantêm a grafia. É o caso de km, Wilson, Yara. Atenção, não se precipite. Grafar wísque e kilo? Nem pensar. Fique com uísque e quilo.

2. Trema — O trema se foi, mas a pronúncia ficou. Frequente, tranquilo, lingueta, linguiça & cia. agora se grafam assim, leves e soltos.

Olho vivo

Trema não é acento. Por isso não discrimina oxítonas, paroxítonas ou proparoxítonas. Para ele, tudo o que cai na rede é peixe.

3. O/o — O chapéu do hiato oo se despediu: voo, abençoo, perdoo, coroo & demais oos.

4. E/em — O circunflexo do hiato eem disse adeus. Veem, creem, deem, leem ganharam forma mais leve e descontraída.

Não vacile

Caiu o acento da duplinha eem. O solitário êm não tem nada com a história. Está firme como sempre esteve na 3ª pessoa do plural de vir, ter e derivados: eles vêm, têm, convêm, detêm, contêm.

5. O agudo do u tônico dos verbos apaziguar, averiguar, arguir & cia. someapazigue, averigue e argue.

6O i e u antecedidos de ditongo perdem o grampofeiura, baiuca, Sauipe.

Atenção

Não confunda Germano com gênero humano. Caiu o acento do i e u antecedidos de ditongo. Pouquíssimas palavras – talvez meia dúzia – se enquadram na regra.  A norma que acentua o i e o u antecedidos de vogal continua firme e forte. É o caso de saída, saúde, caí, baú.

7. O acento dos ditongos abertos éi e ói se despediram nas paroxítonas: ideia, joia, jiboia, heroico.

Lembrete

A reforma só atingiu as paroxítonas. O grampinho permanece inalterável nas oxítonas e monossílabos tônicos: papéis, herói, dói.

8. Acentos diferenciais — Foram-se os das paroxítonas. Pêlo, pélo, pára, pólo, pêra ficaram mais leves. Assim: pelo, para, polo, pera.

Exceção? Só duas:

a. Mantém-se o chapéu de pôde, passado do verbo poder.

b. O verbo pôr fica com o chapéu à mostra. (Ele é monossílabo tônico. Escapou da facada, que só cortou o acessório das paroxítonas.)

É isso.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 04 de janeiro de 2019

SIGLAS: LIBRA & CIA.

 

Siglas: Libras & cia.

Publicado em português

Michelle Bolsonaro fez discurso em Libras. A imagem da primeira-dama no parlatório bombou. Jornais, tevês e internet a exibiram com caras e bocas. De carona, pintou a questão: por que Libras se escreve com a inicial maiúscula? A resposta é simples como andar pra frente. Porque se trata da sigla de língua brasileira de sinais.

A redução de termos longos fazem parte da linguagem moderna. Algumas são pra lá de conhecidas. Às vezes, mais familiares que o nome por extenso. É o caso de ONU, UTI, Detran, Petrobras, Embratur. Por isso, é importante lhes conhecer as manhas da grafia. São estas:

  1. Todas as letras maiúsculas em duas ocasiões:

1.1. Se a sigla tiver até três letras: PM, ONU, UTI, OEA, PAC

1.2. Se as letras forem pronunciadas uma a uma: INSS, BNDES

  1. Só a inicial maiúscula nos demais casos: Detran, Otan, Anvisa, Libras

Sigla tem plural? Tem. Basta acrescentar um essezinho no fim da reduzida. Nada de apóstrofo, por favor: PMs, DVDs, CDs, UTIs, Detrans.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 03 de janeiro de 2019

BOLSONARO E O POLITICAMENTE CORRETO: 7 DICAS

 

Bolsonaro e o politicamente correto: 7 dicas

Publicado em português

Bolsonaro critica o politicamente correto. Que bicho é esse? É o contrário do politicamente incorreto — palavras e expressões que reforçam preconceitos. Negros, homossexuais, gordos, idosos, nordestinos figuram entre os alvos preferidos dos amantes das “brincadeirinhas”. Recomenda-se cuidado para não ofender nem agredir o outro. Mas muitos exageram. E como! Talvez o presidente tenha em mente os excessos que se praticam em nome da causa ao se opor a ela. Com razão. Cabeleireiro virou hair stylist. Costureira, estilista de moda (outra especialidade). Manicure, esteticista de unhas. Empregada doméstica, secretária do lar. Dona de casa, do lar ou especialista em prendas domésticas. Cego, mudo, surdo-mudo se tornaram pessoas com deficiência. Imprecisas, as novidades podem comprometer a precisão. Xô!

Dica 1

O radialista Airton Medeiros estava entrevistando ao vivo a presidente de uma associação de cegos em programada da Rádio Nacional. Tratava-a de cega o tempo inteiro até receber um papelzinho com a recomendação de que a tratasse como “pessoa com deficiência visual”. Antes de obedecer à ordem, perguntou se deveria continuar tratando-a de cega ou de pessoa com deficiência. Ela aproximou as mãos do rosto dele até tocar os óculos. Então afirmou: “Pessoa com deficiência visual é você, que usa óculos. Eu sou cega”.

Dica 2

Alto, baixo, gordo, magro, grande, pequeno são relativos. Alguém pode ser alto pra uns e baixo pra outros. Diga a altura, o peso, o tamanho: 1,95m, 50kg, 300km.

Dica 3

Negro é raça. Nessa acepção, use-o sem pensar duas vezes. Pelé é negro. Não é escurinho, crioulo, negrinho, moreno, negrão ou de cor.

Dica 4

Evite o adjetivo em expressões de conotação negativa. Em vez de nuvens negras, prefira nuvens pretas ou escuras. Em lugar de lista negra, fique com lista dos maus pagadores.

Dica 5

Apague denegrir (derivado de negro) de seu dicionário. Prefira comprometer. Elimine também judiar, da família de judeu. Substitua-o por maltratar.

Dica 6

Quer indicar cor? O preto está às ordens. Gordão? Nem pensar. Diga o peso. Paraíba e cabeça-chata? É preconceito. Identifique o estado de origem com precisão (paraibano, pernambucano, cearense). Bicha, veado, sapatão? Xô! Fique com homossexual, gay, lésbica.

Dica 7

Diga chinês, coreano, japonês (não: japa, china, amarelo); idoso (não: velho, decrépito, gagá, pé na cova); lésbica (não: sapatão, pé 44); pobre, pessoa de baixa renda (não: pobretão, pé de chinelo, ralé, mulambento, raia miúda, povão); pessoa com deficiência (não: portador de deficiência, deficiente físico, deficiente mental); religioso (não: papa-hóstia, igrejeiro, carola);  travesti (não: traveco, boneca, bicha).


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 02 de janeiro de 2019

MICHEL TEMER: TRUQUE DO TRÊS

 

Michel Temer: truque do três

Publicado em português

Michel Temer passou a faixa presidencial. Momentos depois, tuitou: “Encerrei meu mandato como presidente do Brasil. Agradeço a todos. Valeu cada obstáculo vencido, cada momento vivido, cada conquista alcançada. Não poupei esforços, nem energia e sei que entrego um Brasil muito melhor para todos os brasileiros”. O ex-presidente sabe das coisas. Recorreu a uma regra do estilo para dar charme ao texto. Trata-se do truque do três.

Ninguém sabe por quê. Mas trios bajulam os ouvidos. Pai, Filho e Espírito Santo formam a Santíssima Trindade. “Liberdade, igualdade e fraternidade” é o lema da Revolução Francesa. “Governo do povo, para o povo, pelo povo”, proclamou Abraham Lincoln. “Vim, vi e venci”, orgulhou-se Júlio César. “Valeu cada obstáculo vencido, cada momento vivido, cada conquista alcançada”, escreveu Temer. Palmas pra ele.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 01 de janeiro de 2019

PORTE E POSSE: DIFERENÇA

 

Posse e porte: diferença

Publicado em português

Antes de assumir, Bolsonaro anunciou: vai liberar, por decreto, a posse de arma a cidadãos sem antecedentes criminais. Muitos ficaram preocupados. De agora em diante, qualquer um pode circular com pistola na cintura? Especialistas entraram em cena. Lembraram que posse é uma coisa. Significa ter um revólver, uma pistola, um rifle. Porte é outra. Quer dizer circular com a perigosa. Tirá-la de casa e levá-la pra lá e pra cá. Bolsonaro deu carta branca à posse. Não ao porte.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 31 de dezembro de 2018

PONTO: NÚMEROS

 

Ponto: números

Publicado em português

Ops! Ao escrever os números, usamos ponto a cada três algarismos – 1.426, 12.122, 3.342.600. Mas, ao indicar o ano, a história muda de enredo. Vem tudo coladinho. Assim: Ele nasceu em 1946. Trabalha em São Paulo desde 2000. Em 2014, o Brasil foi sede da Copa do Mundo. Em 2019, o Palácio do Planalto terá novo inquilino.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 30 de dezembro de 2018

ELA É TODO PODEROSA OU TODA PODEROSA?

 

Ela é todo-poderosa ou toda-poderosa?

Publicado em português

todo, no caso, funciona como advérbio (= totalmente). Mantém-se invariável: o todo-poderoso, os todo-poderosos, a todo-poderosa, as todo-poderosas.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 29 de dezembro de 2018

TODO, TODO O, TODOS, TODOS OS: ADEUS ÀS DÚVIDAS

 

Todo, todo o, todos, todos os: adeus, dúvidas

Publicado em português

Todo = qualquer, inteiro: Todo (qualquer) país tem uma capital. Todo (qualquer) homem é mortal. Li o livro todo (inteiro).

Todo o = a inteiro: Li todo o livro. Assisti a todo o filme. Conheço todo o mundo.

Todos os = todas as pessoas ou representantes de determinada categoria, grupo ou espécie: Todos os governadores compareceram à reunião. Todos os que quiseram participar do sorteio retiraram a senha. Dirigiu-se a todos os presentes.

Dica 1

Todo mundo é forma coloquial. Significa todos: Todo mundo aplaudiu o convidado.

Dica 2

Todos é inimigo do numeral dois (todos os dois). Não os junte. Diga os dois ou ambos.

Dica 3

É pleonasmo escrever unânime e todos em frase do tipo todos foram unânimes. Unânime é relativo a todos.

Dica 4

Atenção à manha de todos os. Em muitas construções, o pronome sobra. O artigo sozinho dá o recado. Veja: Na reunião com todos os grevistas, o governador apresentou a proposta. Reparou? O todos sobra. A presença do artigo informa que são todos: Na reunião com os grevistas, o governador apresentou a proposta. (Não são todos? Xô, artigo: Na reunião com grevistas, o governador apresentou a proposta.)

Dica 5

Todo mundo = todos. Todo o mundo = todos os países, o mundo inteiro: Todo mundo aplaudiu o cantor. Conheço todo o mundo.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 28 de dezembro de 2018

VULCÃO: ETIMOLOGIA

 

Vulcão: etimologia

Publicado em português

Ops! O vulcão Etna, que fica na Sicília, entrou em erupção. Terremoto de magnitude 5,1 lhe fez companhia. A imprensa, ao noticiar o fato, lembrou que o Etna é o mais mais ativo da Europa do alto da montanha. Sabe por quê? Porque Vulcano, o deus metalúrgico da mitologia grega, mora lá.

Vulcano era o mais feio menino do Olimpo. Tão feio que a mãe sentiu vergonha de tê-lo por filho. Para se livrar do monstrinho, jogou-o do alto da montanha. Foi como saltar de um avião sem paraquedas. Ele caiu durante um dia inteiro. Ao aterrissar, machucou a perna. Ficou manco.

O garoto adorava trabalhar com ferro. Tornou-se, por isso, um grande metalúrgico. Vingativo, queria castigar a mãe, que o jogou lá de cima. Fabricou um trono de ouro esplêndido e o deu de presente à ilustre senhora. Quando ela se sentou na maravilha, ficou com o bumbum preso. Ninguém conseguia soltá-lo.

Os deuses procuraram Vulcano. Pediram que libertasse a mãe. Ele topou. Mas impôs uma condição. Só soltaria a prisioneira se Vênus, a deusa do amor, se casasse com ele. Foi assim que a mulher mais linda do Olimpo se casou com o homem mais feio do Olimpo. E o buraco com a barriga cheinha de fogo recebeu o nome de vulcão.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 27 de dezembro de 2018

ANIVERSÁRIO: USO INCORRETO DO TERMO

 

Aniversário de 1, 2, 3, 5, 8 meses? Xô!

Publicado em português

Os pais andam apressados. É um tal de comemorar o aniversário de um mês, de festejar o aniversário de dois meses, de fazer festinha pra cantar parabéns pro filhão de cinco meses. Esquecem-se de pormenor pra lá de importante. Aniversário vem de ano. Precisa-se de 365 dias pra completar o primeiro, o dobro pra chegar ao segundo, o triplo pra atingir o terceiro. E daí? Pra satisfazer os loucos por festas, procura-se um neologismo – mistura de mês com aniversário. Quem cria?


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 26 de dezembro de 2018

MIRRA: SIGNIFICADO E ETIMOLOGIA

 

Mirra: significado e etimologia

Publicado em português

Os reis magos souberam do nascimento de Cristo. Presentearam-no com ouro, incenso e mirra. Os dois primeiros são velhos conhecidos. O último nem tanto. Vale a curiosidade. Mirra é uma planta medicinal meio vira-lata. Encontra-se aqui e ali sem dificuldade. Era usada para embalsamar cadáveres. Daí, por extensão, ganhou o significado de secar, ressequir, diminuir, reduzir-se, minguar-se: O salário mirra, o mês cresce.

Curiosidade

Mirra tinha outro nome. Era Esmirna. A moça desprezava o culto de Vênus. Vingativa, a deusa do amor a puniu fazendo-a apaixonar-se loucamente pelo próprio pai, o rei Cíniras. Desesperada com o sentimento incontrolável, Mirra tentou se enforcar. Hipólita, sua ama, a dissuadiu da doida ideia. Em troca, prometeu ajudá-la a seduzir Sua Majestade. Dito e feito. Aproveitando a ausência da rainha, que participava das festas da deusa Ceres, Hipólita introduziu a jovem no quarto real. O rei, quando descobriu que, sem querer, havia praticado incesto, quis matar a filha. A jovem fugiu. Estava grávida. Na hora de dar à luz, abriu os braços para o céu e pediu a proteção dos deuses. Ops! Os imortais a transformaram numa árvore. É a mirra. 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 25 de dezembro de 2018

MISSA DO GALO: ORIGEM

 

Missa do galo: origem

Publicado em português

 

A invenção foi de São Chiquinho de Assis. A missa começava à meia-noite de 24 de dezembro. Durava um tempão. Só terminava na madrugada do dia seguinte. Quando os fiéis saíam da igreja, os galos estavam cantando. Daí o nome missa do galo.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 24 de dezembro de 2018

CEAR E PRESENTEAR: CONJUGAÇÃO

 

Cear e presentear: conjugação

Publicado em português

Presentear e cear pertencem ao vocabulário natalino. Ambos jogam no mesmo time. Cuidado com eles. Como passear, armam ciladas no presente do indicativo e do subjuntivo. O nós, orgulhosamente, esnoba o i. As outras pessoas carregam a vogal com resignação cristã: eu passeio (presenteio, ceio), ele passeia (presenteia, ceia), nós passeamos (presenteamos, ceamos), eles passeiam (presenteiam, ceiam); que eu passeie (presenteie, ceie), ele passeie (presenteie, ceie), nós passeemos (presenteemos, ceemos), eles presenteiem (presenteiem, ceiem).


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 23 de dezembro de 2018

CHAVÃO: CAIR COMO UMA BOMBA & CIA.

 

Chavão: cair como uma bomba & cia.

Publicado em português

A semana foi cheia de surpresas. O ministro Marco Aurélio mandou soltar os condenados em segunda instância. O colega Lewandowski derrubou a medida provisória que adiava o aumento de salário dos servidores. Tudo sem aviso. Na calada do recesso. Repórteres, ao dar a notícia, foram unânimes. “Caiu como uma bomba”, disseram eles. Baita chavão.

Surpresa é importante ingrediente do estilo. Chama a atenção e desperta a curiosidade. É o gosto pelo inusitado. O chavão vai de encontro à novidade. A palavra ou expressão, tantas vezes repetida, torna-se arroz de festa. Pontapé inicial, abrir com chave de ouro, cair como uma bomba & cia. tiveram frescor algum dia. Hoje soam como coisa velha. Transmitem a impressão de repórter preguiçoso, incapaz de surpreender. Xô! Eis exemplos de lugares-comuns por ordem alfabética:

A

a cada dia que passa, a duras penas, a olho nu, a olhos vistos, a ordem é se divertir, à saciedade, a todo vapor, a toque de caixa, abertura da contagem, abrir com chave de ouro, acertar os ponteiros, agarrar-se à certeza de,  alimentar a esperança, antes de mais nada, ao apagar das luzes, aparar as arestas, apertar os cintos, arregaçar as mangas, ataque fulminante, atingir em cheio, atirar farpas

B

baixar a guarda, barril de pólvora, bater em retirada

C

cair como uma bomba, cair como uma luva, caixinha de surpresas, caloroso abraço, campanha orquestrada, cantar vitória, cardápio da reunião, carta branca, chegar a um denominador comum, chover no molhado, chumbo grosso, colocar um ponto final, com direito a, comédia de erros, como manda a tradição, como se sabe, como já é conhecido, como todos sabem, comprar briga, conjugar esforços, corações e mentes, coroar-se de êxito, correr por for a, cortina de fuma

D

dar o último adeus, de mão beijada, deitar raízes, deixar a desejar, debelar as chamas, depois de longo e tenebroso inverno, desbaratar a quadrilha, detonar um processo, de quebra, dispensa apresentação, divisor de águas, do Oiapoque ao Chuí, erro gritante

E

em compasso de espera, em pé de igualdade, em polvorosa, em ponto de bala, em sã consciência, em última análise, eminência parda, empanar o brilho, encostar contra a parede, esgoto a céu aberto, estar no páreo

F

faca de dois gumes, familiares inconsoláveis, fazer as pazes com a vitória, fazer das tripas coração, fazer uma colocação, fazer vistas grossas, fez o que pôde, fez por merecer, fonte inesgotável, fugir da raia

G

gerar polêmica

hora da verdade

I

importância vital, inflação galopante, inserido no contexto

J

jogo de vida ou morte

L

lavar a alma, lavrar um tento

L

leque de opções, levar à barra dos tribunais, líder carismático, literalmente tomado, lugar ao sol, luz no fim do túnel

M

maltraçadas linhas, menina dos olhos, morto prematuramente

N

na ordem do dia, na vida real, no fundo do poço

O

óbvio ululante, ovelha negra

P

página virada, parece que foi ontem, passar em brancas nuvens, pelo andar da carruagem, perder o bonde da história, perder um ponto precioso, perdidamente apaixonado, perfeita sintonia; petição de miséria, poder de fogo, pôr a casa em ordem, prendas domésticas, preencher uma lacuna, procurar chifre em cabeça de cavalo, propriamente dito

Q

quebrar o protocolo

R

requinte de crueldade, respirar aliviado, reta final, rota de colisão, ruído ensurdecedor

S

sair de mãos abanando, sagrar-se campeão, saraivada de golpes, sentir na pele, separar o joio do trigo, sério candidato, ser o azarão, sorriso amarelo

T

tecer comentários, ter boas razões para, tirar do bolso do colete, tirar o cavalo da chuva, tirar uma conclusão, tiro de misericórdia, trair-se pela emoção, trazer à tona, trocar farpas, via de regra, via de fato, voltar à estaca zero.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 22 de dezembro de 2018

PROTESTAR E PROTESTO: REGÊNCIA

 

Protestar e protesto: regência

Publicado em português

Os moradores de Barcelona estão em pé de guerra. Não querem, nem a pedido de Deus, a visita do primeiro-ministro. Mas, teimoso, o homem foi lá. Resultado: enfrenta multidões nas ruas. E traz às manchetes o verbo protestar e o substantivo protesto. Cuidado, muito cuidado com a preposição. Poderosa, ela muda o sentido da palavra:

Protestar contra = insurgir-se: Os moradores de Barcelona protestam contra a visita do primeiro-ministro. Os contribuintes protestaram contra o aumento da alíquota do imposto.

Protestar por = clamar, bradar: Os estudantes protestaram por justiça. Os prisioneiros protestam por melhores condições de vida.

Protesto contra = oposição: Protestos contra a carga tributária ouviam-se aqui e ali no plenário.

Protesto por = clamor: O protesto por melhor qualidade do ensino ocupou as ruas da cidade.

Protesto de = Reafirmamos nossos protestos de estima e apreço.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 21 de dezembro de 2018

RIR: CONJUGAÇÃO

 

Rir: conjugação

Publicado em português

Deu a louca no Supremo? Parece. Primeiro foi a canetada do ministro Marco Aurélio. Depois, do ministro Lewandowski. Ambos tomaram decisão solitária. O primeiro mexeu com a bandidagem. O segundo, com o reajuste dos servidores, que aumenta a dívida do Estado. E daí? Melhor rir pra não chorar. E, pra não tropeçar na língua, vale dar uma olhadinha no verbo que espanta tristezas. A alegre criatura se conjuga em todas as pessoas, tempos e modos: rio, ris, ri, rimos, rides, riem; ri, riu, rimos, riram; ria, ria, ríamos, riam; rirei, rirá, riremos, rirão; riria, riria, riríamos, ririam; que eu ria, ria, ríamos, riam; se eu rir, rir, rirmos, rirem; risse, risse, ríssemos, rissem; rindo; rido.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 20 de dezembro de 2018

MUITO POUCOS? MUITOS POUCOS?

 

Muito poucos? Muitos poucos?

Publicado em português

Havia muito poucos recursos? Havia muitos poucos recursos? Na locução muito poucos, o muito morre de preguiça. Não quer saber de feminino ou plural. Permanece invariável: Havia muito poucos recursos. Eram muito poucas as chances de conseguir bom emprego. Comprar poucos presentes? Põe poucos nisso. Vou comprar muito poucos presentes.


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