Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 19 de dezembro de 2018

CONTRIBUIR: REGÊNCIA

 

Contribuir: regência

Publicado em português

Ninguém escapa. Fim de ano é época de presentes. A lembrancinha vai acompanhada de cartão. Na hora de escrever a mensagem, a dúvida bate. Aconteceu com a Maria Cláudia. Ela comprou um romance e começou a redigir a dedicatória: “Espero que o livro possa contribuir…” Ops! Para ou com?

Contribuir para significa concorrer para chegar a determinado fim: Espero que o livro possa contribuir para o seu sucesso. O luxo contribuiu para a ruína da empresa.

Contribuir com quer dizer pagar contribuição, tomar parte em uma despesa comum: Contribui com dinheiro. Contribuiu com R$ 100 para pagar a conta.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 18 de dezembro de 2018

DIÁLOGO: ETIMOLOGIA

 

Diálogo: etimologia

Publicado em português

Muitos pensam que diálogo é conversa entre duas pessoas. Pode até ser. Mas não necessariamente. A greguinha tem duas partes. Uma: diá, que quer dizer através de. A outra: logos, que significa palavra, estudo, tratado. Em bom português: trata-se de entendimento por meio da palavra. O número de participantes não conta. Podem ser dois, cinco, cinquenta.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 17 de dezembro de 2018

CONCISÃO: 8 DICAS

 

Concisão: 8 dicas

Publicado em português

Ser conciso é dizer o que tem de ser dito com o mínimo de palavras. Não significa privar o leitor de informação. Mas dar a informação no tamanho certo. Sem mais nem menos. Como?

1. Corte palavras desnecessárias

Artigo indefinidoO diretor deu (uma) entrevista ao jornal.

Pronome possessivoNo (seu) discurso, o acadêmico disse verdades.

Vocábulos e expressões: Decisão tomada no âmbito da diretoria? É decisão da diretoria. Trabalho de natureza temporária? É trabalho temporário. Lei de alcance federal? É lei federal. Casos de ocorrência? É ocorrência. Curso em nível de pós-graduação? É pós-graduação. Ou pós.

2. Troque seis por meia dúzia

  1. Dispense, nas datas, os substantivos dia, mês e anoem 16 de dezembro (não: no dia 16 de dezembro), em maio (não: no mês de maio), em 2018 (não: no ano de 2018).
  2. Substitua a oração adjetiva pelo adjetivomaterial de guerra (material bélico), pessoa sem discrição (pessoa indiscreta), criança sem educação (criança mal-educada).
  3. Troque a oração adjetiva pelo nomehomem que planta café (cafeicultor), criança que não sabe ler nem escrever (criança analfabeta), pessoa que não come carne (vegetariana).
  4. Reduza o tamanho das frasesVai qualificar-se melhor fazendo um curso de pós-graduação. (Vai qualificar-se melhor. Fará pós.)
  5. Use verbo em vez de expressãoFazer uma viagem (viajar). Pôr as ideias em ordem (ordenar as ideias). Pôr moedas em circulação (emitir moedas).

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 16 de dezembro de 2018

QUEÍSMO: FALAR QUE & CIA.

 

Queísmo: falar que & cia.

Publicado em português

Certos verbos sofrem de alergia. Ficam vermelhos, empolados e com coceira quando seguidos do quê. Transitivos diretos, exigem objeto direto nominal, mas não aceitam a oração objetiva direta. Veja alguns: alertar (alerta-se alguém, mas não se alerta que); antecipar (antecipa-se alguma coisa, mas não se antecipa que), definir (define-se alguma coisa, mas não se define que), denunciar (denuncia-se alguma coisa ou alguém, mas não se denuncia que), descrever (descreve-se alguma coisa, mas não se descreve que), expor (expõe-se alguma coisa, mas não se expõe que), falar (fala-se de alguém ou de alguma coisa, mas não se fala que), indicar (indica-se alguma coisa ou alguém, mas não se indica que), lamentar (lamenta-se alguma coisa, mas não se lamenta que).


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 15 de dezembro de 2018

MARINA SILVA: TROPEÇO NA CONTAGEM DO TEMPO

 

Marina Silva: tropeço na contagem de tempo

Publicado em português

“Hoje, fazem 50 anos da edição do AI-5, o início dos anos mais violentos da ditadura”, postou Marina Silva no Twitter. Seguidores da ex-senadora estranharam a flexão do verbo fazer. Com razão. Ao exprimir fenômeno da natureza ou contagem de tempo,fazer não tem sujeito. É impessoal. Só se conjuga na 3ª pessoa do singular: Faz frio no inverno. Neste verão, faz mais calor que habitualmente. Faz cinco anos que moro aqui. Faz duas horas que cheguei. Hoje, faz 50 anos da edição do AI-5, o início dos anos mais violentos da ditadura.

Outros verbos impessoais

  1. os que indicam fenômenos da natureza (chover, gear, nevar, alvorecer, anoitecer, ventar, trovejar): Choveu a noite toda. Em Santa Catarina, neva no inverno. Em Brasília, amanhece às 5h. A que horas anoitece no deserto do Saara? Troveja quando ocorrem tempestades tropicais.
  2. haver no sentido de existir, ocorrer ou de contagem de tempo: Cheguei há duas horas. A aula começou há pouco. Não houve distúrbios nas últimas eleições. Havia duas pessoas ali sentadas.
  3. ser e estar com referência a tempo: Está frio. É cedo.

Contágio

A impessoalidade é contagiosa. Os auxiliares dos sem-sujeito são também impessoais: Faz duas horas que cheguei aqui. (Deve fazer duas horas que cheguei aqui. Vai fazer duas horas que cheguei aqui.) Houve distúrbios nas manifestações. (Talvez tenha havido distúrbios nas manifestações. Vai haver distúrbios nas manifestações. Pode haver distúrbios nas manifestações. Deve haver distúrbios nas manifestações.)

Olho vivo! Vivíssimo!

O verbo impessoal detesta a solidão. De vez em quando, busca companhia. Arranja um sujeito e se torna pessoal. Resultado: flexiona-se como os demais: Amanheci pra lá de bem-humorada. E vocês, amanheceram bem? Na discussão, choveram impropérios. Nossa alma anoitece com a notícia.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 14 de dezembro de 2018

PEDIR QUE? PEDIR PARA? DEPENDE

 

Pedir que? Pedir para? Depende

Publicado em português

“Uma funcionária recebeu Ana Keyla e pediu à imprensa para não procurar a esposa do médium”, escreveu o Correio Braziliense. Os leitores estranharam a notícia. A razão: o repórter tropeçou na regência do verbo pedir. Queria dizer uma coisa, disse outra. A chave está no pedir que e pedir para. As duas construções parecem irmãzinhas. Mas não são. Quilômetros de distância as separam.

Pedir para esconde a palavra licença: O filho pediu ao pai (licença) para pegar o carro. O aluno pediu (licença) para sair mais cedo.

Não é pedir licença? Fique com pedir que: O chefe pede aos empregados que aguentem o arrocho salarial. O empregado pediu ao chefe que não lhe desse só aumento de trabalho. Mas um aumentinho de salário. Uma funcionária recebeu Ana Keyla e pediu à imprensa que não procurasse a esposa do médium.

Atenção à regência

Pedir se constrói com objeto direto de coisa pedida e indireto de pessoa: Pediu o livro (obj. direto) ao professor (obj. indireto). O diretor pediu-lhe (obj.indireto) que saísse (obj. direto).

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 13 de dezembro de 2018

O DOLAR VALORIZOU? O DÓLAR SE VALORIZOU?

 

 

O dólar valorizou? O dólar se valorizou?

Publicado em português

Olho vivo! Valoriza-se alguém ou alguma coisa, mas alguém ou alguma coisa se valoriza: As medidas valorizaram o dólar. O dólar se valorizou. O chefe valorizou o servidor. O servidor se valorizou.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 12 de dezembro de 2018

PONTO E VÍRGULA: QUANDO USAR

 

Ponto e vírgula: quando usar

Publicado em português

“A Maria Eugênia é uma moça muito inteligente. Ela sabe usar ponto e vírgula.” Mário Quintana não escreveu a frase por acaso. Ele sabia que ponto e vírgula é o sinal mais sofisticado da língua. Pode-se viver sem ele, mas, com ele, vive-se com mais requinte. Use a duplinha em duas ocasiões:

1.para separar termos de uma enumeração. Vale o exemplo dos 10 mandamentos:

  1.  Amar a Deus sobre todas as coisas;
  2.  Não tomar seu santo nome em vão;
  3. Honrar pai e mãe;
  4. Não matar;
  5. Não roubar.

   

2. para separar orações coordenadas quando, no mesmo período, ocorrem outros empregos da vírgula. Compare:

João trabalha no Banco do Brasil, Paulo trabalha no comércio, Carlos trabalha no Senado, Lucas trabalha no tribunal.

Monótono, não? O português tem alergia à repetição. Pra manter o período saudável, oferece saídas. Uma delas: conservar o verbo na primeira oração. Nas demais, substituí-lo por vírgula:

João trabalha no Banco do Brasil, Paulo, no comércio, Carlos, no Senado, Lucas, no tribunal.

Ops! Quem bate o olho no enunciado pela primeira vez fica pra lá de confuso. Por respeito ao leitor, impõem-se mudanças. Quais? A vírgula indica a omissão do verbo. O ponto e vírgula, separa a oração. Simples assim:

João trabalha no Banco do Brasil; Paulo, no comércio; Carlos, no Senado; Lucas, no tribunal.

Maria e Paula estudam na UnB. Esta cursa direito; aquela, economia.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 11 de dezembro de 2018

VERBO CONVIDAR: REGÊNCIA

 

Diplomação de Bolsonaro: regência do verbo convidar

Publicado em português

Setecentas pessoas esperam a chegada de Jair Bolsonaro. Vão assistir à diplomação do presidente eleito e do vice. Vale acertar a regência do verbo. Convidar rege a preposição paraO presidente do TSE convidou autoridades para a cerimônia de diplomação.

Atenção

Antes de infinitivo, convidar exige a preposição a: Convidei-os a entrar.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 10 de dezembro de 2018

AVISO NO ELEVADOR: 5 ERROS

 

Aviso no elevador: 5 erros

Publicado em português

Os olhos funcionam como câmeras. Fotografam tudo que veem. Nada escapa. Nem as palavras. Os ouvidos têm outros interesses. Não estão nem aí pras imagens. Só querem saber de sons. Como esponjas, absorvem o que ouvem.

Resultado: a gente vê ou ouve mensagens de certas placas, certos avisos, certas propagandas pela primeira vez. Acha-as esquisitas. Mas depois, tantas vezes repetidas, parecem naturais. Mas não são. É o caso da placa que vem afixada ao lado dos elevadores.

 

Valha-nos, Deus, Maria e Divino Espírito Santo! O texto é a receita do cruz-credo. Sem cerimônia, exibe cinco erros – propriedade vocabular, colocação do pronome átono, pontuação, emprego do demonstrativo mesmo e estrutura da frase.

Palavra adequada

Vamos combinar? Ônibus, avião, trem, bonde, navio, táxi & cia. transportam passageiros. O elevador sobe e desce com usuários.

Fortões e fracotes

O pronome átono se chama átono porque é fraquiiiiiiinho. Há palavras fortonas que o atraem e o obrigam a ficar antes do verbo. Uma delas é a conjunção subordinativa (que, se, porque). No aviso, aparece “verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”.

Viu? A conjunção se (verifique se) lá está. Chama o fracote. Ele tem de obedecer: … verifique se o mesmo se encontra parado neste andar.

Pra lá e pra cá

As orações adverbiais são passeadeiras. Parece que têm asas nos pés. Ora aparecem no começo do período, ora no meio, ora no final. Mas elas têm lugar fixo. É no fim. Quando se deslocam, a vírgula denuncia a escapadinha.

Compare:

Não dirija se beber.

Se beber, não dirija.

*

Vou ao Rio quando o carnaval chegar.

Quando o carnaval chegar, vou ao Rio.

Voltemos ao aviso. O texto exibido de norte a sul do país tem uma oração deslocada. Cadê a vírgula? O gato comeu. Que tal devolvê-la? Assim: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado neste andar.

Etiqueta pega bem

O pronome mesmo exerce vários papéis. E o faz com dignidade e espírito de colaboração. Ele ajuda o autor a reforçar a declaração ou a dar mais precisão a termos que precisam de destaque. Com funções tão importantes, é natural que tenha exigências. Não são muitas, mas convém conhecê-las para tirar as vantagens que o dissílabo oferece.

  1. Às vezes, o pronome aparece antes do substantivo. No caso, tem o sentido de “igual”, sem tirar nem pôr. Concorda, então, com o substantivo a que se refere: O prefeito fez o mesmo discurso nas duas cidades. O prefeito fez os mesmos discursos nas duas cidades. A mesma campanha teve resultado diferente. As mesmas campanhas tiveram resultados diferentes.

 

  1. Outras vezes, o danadinho vem depois do nome ou do pronome para reforçá-los. Aí concorda com o termo a que se refere. Compare:

Eu vendi a casa. Eu mesma vendi a casa. Eu mesmo vendi a casa. Ele vendeu a casa. Ele mesmo vendeu a casa.

Ela vendeu a casa. Ela mesma vendeu a casa.

Nós vendemos a casa. Nós mesmos vendemos a casa. Nós mesmas vendemos a casa.

Eles mesmos venderam a casa.

Elas mesmas venderam a casa.

  1. Eta pronome polivalente! Ele também pode significar “realmente”. Aí, mantém-se invariável – sem feminino e sem plural: O depoente disse mesmo a verdade. Eles saíram mesmo às 18h. Foi bobeira mesmo do vestibulando.

Nada mais

Viu? O pronome dá destaque e reforço. Mas não ocupa o lugar do substantivo ou do pronome. É proibido usá-lo em frases como estas: Falei com o médico. O mesmo disse que estava de férias. Xô, coisa feia! Vem, belezura: Falei com o médico. Ele disse que estava de férias.

Eureca

Agora está moleza encontrar o erro no aviso do elevador. O dissílabo está usurpando o lugar do pronome ele: Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado neste andar.

Retoque

Que tal dar uns retoques na frase? A forma nota 10 pode ser esta:

Antes de entrar, verifique se o elevador se encontra neste andar.

Melhor ainda:

Antes de entrar, verifique se o elevador está neste andar.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 09 de dezembro de 2018

HÍFEN: MEGA

 

Hífen: mega-

Publicado em português

Em época de excessos, um dissílabo pede passagem. Trata-se de mega-. É megaministério pra lá, megaoperação pra cá, mega-atividade pracolá. Viu? Ora o hífen pede passagem. Ora não tem vez. Por quê?

Mega pede hífen quando seguido de h ou a. No mais, é tudo colado: mega-aglomeração, mega-hertz, megaoperação, megarregião, megassena, megassistema.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 08 de dezembro de 2018

FACE AO EXPOSTO? EM FACE DO EXPOSTO?

 

Face ao exposto? Em face do exposto?

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Em face de é a locução correta. Face a não pertence ao idioma de Camões: Em face Do exposto, encaminhamos as soluções sugeridas.

Curiosidade

Viva! Vinicius conhecia não só as manhas e artimanhas do amor. Conhecia também os mistérios da língua. O “Soneto da Fidelidade” serve de prova. Eis a primeira estrofe:

‘De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.”


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 07 de dezembro de 2018

PREFERIR: REGÊNCIA

 

Preferir: regência

Publicado em português

A gente prefere uma coisa a outra? Do que outra? gente prefere alguma coisa ou alguém a outra coisa ou a alguém: Prefiro cinema a teatro. Prefiro Machado de Assis a José de Alencar. Prefiro morar em Brasília a morar em Goiânia. 

Atenção

Preferir mais? Nãoooooooooo. Preferir já inclui mais. Basta preferir.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 06 de dezembro de 2018

PLEONASMO:COMEÇAR + A PARTIR DE

 

Pleonasmo: começar + a partir de

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A partir de é expressão de tempo. Quer dizer a começar em. Por isso, a partir de não combina com o verbo começar. É pleonasmo escrever “Os novos ônibus vão começar a circular a partir de 1º de janeiro”. Diga assim: Os novos ônibus vão começar a circular em 1º de dezembro. Ou assim: Os novos ônibus vão circular a partir de 1º de dezembro.

Desde indica tempo passado. Pode aparecer sozinha ou combinada com atéEstá no Brasil desde dezembro de 1993. Trabalhou desde o amanhecer até a meia-noite.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 05 de dezembro de 2018

FISCALIZAR: POR QUE Z E NÃO S? PORQUE ISAR NÃO EXISTE

 

Fiscalizar: por que z, não s? Porque  isar não existe

Publicado em português

“Quem vai ser responsável pela fiscalização do trabalho infantil com a extinção do Ministério do Trabalho?”, foi a pergunta do dia.  Ao noticiá-la, pintou a dúvida. Por que fiscalização se escreve com z, não com s? Pela mesma razão que civilizar, organizar, catequizar & cia. É que o sufixo isar não existe. Se não existe, como explicar paralisar, analisar, pesquisar? A chave da resposta se encontra no nome que dá origem ao verbo.

Vale o exemplo de analisar. Ele é derivado de análise. Ora, se análise tem s no radical, nada mais justo que ele se mantenha no verbo. É o caso de bis (bisar), catálise (catalisar), pesquisa (pesquisar), liso (alisar), improviso (improvisar). Reparou? O is faz parte da palavra primitiva. O verbo se formou com o acréscimo do sufixo -ar.

A família das ilustres criaturas rezam pela mesma cartilha: análise, analisar, analisado, analisador; paralisia, paralisar, paralisante, paralisado, paralisação; pesquisa, pesquisar, pesquisador, pesquisado; catálise, catalisador, catalisante, catalisado; improviso, improvisar, improvisação, improvisado, improvisador. E por aí vai.

Como explicar a presença do -izar em  amenizar, capitalizar, humanizar e simbolizar etc. e tal? Os coitados não têm o s onde o sufixo -ar possa se agarrar. Precisam de uma ponte. Construíram o iz, que se mantém nos derivados: ameno (amenizar, amenização), capital (capitalizar, capitalização, capitalizado), humano (humanizar, humanização, desumanizado), canal (canalizar, canalizado).

Alguns são privilegiados. Têm o z no radical. Nada mais justo que respeitar a família. É o caso de cicatriz (cicatrizar, cicatrização), deslize (deslizar), juízo (ajuizar, ajuizado), cicatriz (cicatrizar, cicatrização), raiz (enraizar, enraizado).

Moral da história:  a grafia -isar e -izar é questão de família.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 04 de dezembro de 2018

PEZÃO E A REGÊNCIA DO VERBO PEDIR

 

Pezão e a regência do verbo pedir

Publicado em português

Às seis horas, a polícia chegou ao Palácio Laranjeiras. Exibiu o mandado de prisão. O governador não resistiu, mas fez um pedido. Queria tomar banho e fazer a barba. Conjugou, então, o verbo pedir. Com ele, uma questão de regência. Ele pediu para o deixarem tomar banho e fazer a barba? Ou pediu que o deixassem tomar banho e fazer a barba?

Pedir para é duplinha manhosa que só. Ela esconde o substantivo licença. Pedir que, ao contrário, joga limpo. Sem esconder nada, significa solicitar. Ora, o governador pediu licença. Logo, pediu para o deixarem tomar banho e fazer a barba. Pediu para tomar banho e fazer a barba.

Não é pedido de licença? Então estendam o tapete vermelho para pedir queO empregado pediu ao chefe que não lhe desse só aumento de trabalho. Mas um aumentinho de salário. A procuradora pediu que os repórteres saíssem da sala.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 03 de dezembro de 2018

FOI DEUS QUE FEZ O LIVRO (JAIME PINSKY)

 

Foi Deus que fez o livro (Jaime Pinsky)

Publicado em português
 

Qual é a principal diferença entre os homens e os demais animais que habitam o nosso planeta? Vantagens apregoadas durante muito tempo, como a capacidade de amar, a memória, a organização social, os laços familiares duradouros, não podem mais ser considerados. Vídeos mostrando cenas “humanas” entre elefantes, golfinhos, leões, para não falar de cães e gatos estão à disposição de todos e a distância entre os chamados irracionais e nós parece-nos muito mais próxima do que parecia há algum tempo. Fica, contudo, a questão: o que fez com que o ser humano, desprovido de garras para caçar (como o leão), talento inato para construir (como o castor), agilidade para perseguir ou fugir (como o leopardo ou o veado), casaco natural para se aquecer (como o urso), se tornasse o verdadeiro rei dos animais?

A resposta é simples: o homem é o único habitante deste planeta capaz de produzir, guardar e consumir cultura. Cada achado, cada descoberta, cada poema, cada música, cada teorema descoberto, deduzido ou criado por qualquer homem em qualquer canto da Terra é devidamente anotado em linguagem acessível aos demais habitantes do planeta (ou boa parte deles) de modo a formar um conjunto fantástico de informações, de dados. A conexão que há entre os seres humanos de diferentes partes do mundo não existe entre nenhum outro tipo de animal, mesmo considerando que baleias e muitas espécies de aves atravessam continentes mais rapidamente e com mais autonomia do que qualquer um de nós.

Aí está a diferença: enquanto os outros animais são mais dotados, naturalmente (ou seja, pela natureza), nós somos muito mais capazes, socialmente (ou seja, por causa de nossa organização social). Em outras palavras, a superioridade do ser humano não é definida pela natureza, ou por qualquer deus, mas pela história. Não nascemos assim, mas assim nos tornamos. Não somos o que somos por decisão divina, mas por causa do nosso esforço. Para ser preciso, porque sabemos criar cultura, armazenar cultura e utilizar cultura se e quando achamos conveniente.

Armazenar cultura pressupõe, preferencialmente, o domínio da escrita. Mais precisamente, das letras e dos números. Há poucas dúvidas de que tanto a escrita quanto os números surgiram em função da necessidade que antigos impérios do Médio Oriente tinham para controlar a produção (principalmente de grãos) e o pagamento de impostos. É possível que a escrita tenha surgido em mais de uma região de modo simultâneo, mas ainda não se pode afirmar se isso aconteceu ou se, por ser muito prática, a invenção se espalhou por difusão cultural. O fato é que, aos poucos, a escrita vai se aperfeiçoando até chegar à alfabética, bem próxima da que utilizamos até hoje.

Aos poucos, também, o local em que se escreve vai mudando. É em blocos de pedras, depois em pedaços de barro, em plantas (como o papiro), em pele de animais (como o pergaminho), no papel. Neste, escrevia-se com penas naturais, depois com simulacros de penas (os mais velhos talvez se lembrem das canetas e penas escolares, dos tinteiros portáteis e fixos). As canetas esferográficas foram substituídas pelas máquinas de escrever, estas pelo computador, pelo smartphone.

Nesse processo todo, o homem criou o livro. O livro passou, com justiça, a ser o símbolo mais acabado da cultura humana. É no livro que o cientista apresenta suas descobertas, que o historiador narra e explica o que aconteceu, que o escritor cria as narrativas que nos permitem viver aventuras sem correr risco, que o poeta expressa a dor que não sente, mas que nós sentimos. É no livro que o urbanista apresenta a cidade que não existe, mas que deveria existir, que lembramos a saga de nossa família, de nossa cidade, de nosso povo. É nos livros que discordamos de forma civilizada, que opomos ideia a ideia, sem guerrear, sem derramar sangue.

É nos livros que viajamos sem sair do lugar, que nos igualamos, jovens e velhos. Quando lemos, não temos perna quebrada, não estamos presos no leito, não estamos impedidos de viajar, pois, com o livro, podemos viajar para qualquer lugar. Somos o bicho mais hábil e inteligente porque só nós conseguimos ler livros.

Agora, mais do que nunca, é importante ler livros. Com eles, e só com eles, atravessaremos as piores tempestades. Se a capacidade intelectual do homem foi, como querem alguns, um dom de Deus, sem dúvida foi Deus que criou o livro.

(JAIME PINSKY é historiador, professor titular da Unicamp — Email: jaimepinsky@gmail.com)

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 02 de dezembro de 2018

ASPAS: ADEUS, DÚVIDAS!

 

Aspas: adeus, dúvidas

Publicado em português

As aspas, urubus do texto, devem ser usadas com parcimônia. Empregue-as obrigatoriamente em:

1. Citação: “A democracia seria o regime ideal se a liberdade solucionasse o problema econômico.” (Júlio Furtado)

2. Declaração literal: O presidente criticou, indignado, o que o deputado chamou de “oportunismo eleitoreiro”.

3. Palavras empregadas em sentido diferente do habitual (em geral com ironia): Os participantes dos arrastões querem “administrar” os bens dos banhistas. O presidente do partido cedeu “cordialmente” alguns de seus segundos para o concorrente.

4. Nome de artigo de jornal, título de matéria, capítulo de livro, poema, crônica, conto e similares: Na matéria “Falta comunicação”, publicada … O conto “Dia da caça”, de Rubem Fonseca, faz parte do livro O cobrador. Conhece o poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel BandeiraLi o artigo “A defesa geral do consumidor”, de Marilena Lazzarini.

5. Apelidos, codinomes, alcunhas quando não vulgarizados (use aspas só na primeira referência): Valter Machado, o “Machadão”.

6. Apelido intercalado ao nome próprio: Adílson “Maguila” Rodrigues, Maria das Graças “Xuxa” Menegel.

   6.1. Se o apelido é incorporado oficialmente ao nome, as aspas não têm vez: Luiz Inácio Lula da Silva.

Pontuação

1. Quando a citação não inicia o período, mas o encerra, o ponto fica depois das aspas: Segundo Liberato Póvoa, “vai haver fraude nas eleições”.

2. Se a citação inicia e encerra o parágrafo, o ponto fica dentro das aspas: “Se houver possibilidade de ficarmos juntos no governo, melhor.” Essas palavras…

3. Na hipótese de suspensão de uma frase escrita entre aspas, fecham-se as aspas e abrem-se depois: “A democracia? Vocês sabem o que é?” – perguntou Clemenceau.”O poder dos piolhos de comerem os leões.”  “A democracia”, escreveu Alceu Amoroso Lima, “é regime de convivência, não de exclusão.”

4. Na transcrição de discursos, documentos e similares, abrem-se aspas no começo do texto e fecham-se só no final, não a cada início de parágrafo.

4.1. Se, porém, for acrescentado algum título auxiliar ou intertítulo, fecham-se as aspas antes dele e abrem-se depois.

5. Usam-se aspas simples em citação dentro da citação ou em títulos se necessário.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 01 de dezembro de 2018

INDEPENDENTE E INDEPENDENTEMENTE: EMPREGO

 

Independente e independentemente: emprego

Publicado em português

Independente é adjetivo. Quer dizer livre: O Brasil ficou independente em 1822.

Independentemente, advérbio, significa sem levar em conta Ganha o mesmo salário independentemente do número de horas trabalhadas.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 30 de novembro de 2018

INFINITIVO IMPESSOAL: ADEUS DÚVIDAS

 

Infinitivo pessoal: adeus, dúvidas

Publicado em português

O português é uma língua única. Tem dois infinitivos: o impessoal e o pessoal. O impessoal é o nome do verbo (cantar, vender, partir, pôr). Não tem sujeito e, por isso, não se flexiona. Com o pessoal, a história muda de enredo. Ele tem sujeito. E não foge à regra: concorda com o mandachuva (para eu viajar, tu viajares, ele viajar, nós viajarmos, vós viajardes, eles viajarem). Quando flexioná-lo? Em um caso. No mais, a clareza ditará a regra.

Flexão obrigatória

Rigorosamente, só é obrigatória a flexão quando o infinitivo tem sujeito próprio, diferente do sujeito da oração principal:

Esta é a última chance de o futebol e o basquete devolverem a alegria à torcida. (O sujeito da 1a oração é esta; da 2a, o futebol e o basquete.)

Saí  mais cedo para irmos ao circo.

Se o infinitivo não estivesse flexionado (saí mais cedo para ir ao circo), a frase estaria correta, mas trairia a verdade. Quem vai ao circo não sou eu, mas nós.

Flexão facultativa

  1. Se o sujeito da oração principal e o da subordinada forem os mesmos:

Saímos mais cedo para ir ao circo. Quem saiu mais cedo? Nós. Quem vai ao circo? Nós (quando o sujeito da segunda oração não está expresso, significa que é o mesmo da primeira). Fechamos (nós) a janela para não sentir (nós) frio. (Se você faz questão de reforçar o sujeito, dê passagem à flexão: Saímos mais cedo para irmos ao circo. Fechamos a janela para não sentirmos frio.)

Exceção: Nem todos são iguais perante as regras. Alguns são mais iguais. No infinitivo, os mais iguais são os verbos mandarfazerdeixarver e ouvir. Com eles, a flexão é facultativa mesmo com sujeitos diferentes. Você pode dizer: Vi os dois sair (ou saírem) da sala. Ouvi os cães latir (ou latirem). Deixai vir (ou virem) a mim as criancinhas. Fiz os alunos estudar (ou estudarem) mais. Governo manda os funcionários devolver (ou devolverem) o dinheiro.

Cuidado. Se o sujeito for um pronome átono, acabou a farra. O infinitivo só pode ficar no singular: Vi-os deixar a sala mais cedo. Ouvi-as chegar. Deixei-os sair. Pressão sindical fê-los recuar. Governo manda-os devolver dinheiro.

  1. Se o infinitivo for precedido de preposiçãoEsses são os temas a ser tratados. Há formas a ser desenvolvidas pelos expositores. Muitas de suas afirmações são abrangentes demais para ser aceitas ao pé da letra. Os presentes foram forçados a sair. Os clientes eram obrigados a esperar duas horas na fila. As forças policiais impediram os jornalistas de trabalhar. Estudamos para aprender. Os trabalhadores pararam parareivindicar melhores salários.

Flexão proibida

Se o princípio básico que rege o emprego do infinitivo é a clareza, não se deve flexioná-lo quando a presença de outros índices é capaz de marcar o sujeito do verbo, como:

  1. nas locuções verbais, em que a desinência do auxiliar já indica o sujeito: Conseguimos sair cedo porque adiantamos o trabalho do fim de semana.
  2. quando não há referência a nenhum sujeito: “Navegar é preciso, viver não é preciso´´.
  3. quando, precedido da preposição de, tem sentido passivo e completa adjetivos como fácil, difícil, bomLivros bons de ser lidos (serem lidos). Trabalhos difíceis de fazer (serem feitos). Ações passíveis de contestar (serem contestadas). Joias raras de encontrar (serem encontradas).

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 29 de novembro de 2018

BIÓPSIA OU BIOPSIA?

 

Biópsia ou biopsia?

Publicado em português

A retirada de fragmentos de tecidos para exames microscópicos tem as duas formas – com acento e sem acento. Biópsia é mais usual.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 28 de novembro de 2018

BIMENSAL E BIMESTRAL: DIFERENÇA

 

Bimensal e bimestral: diferença

Publicado em português

Guarde isto: bimensal é duas vezes por mês, quinzenal (revista bimensal).  Não confunda com bimestral, que significa uma vez a cada dois meses: prestações intermediárias bimestrais.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 27 de novembro de 2018

MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS: QUANDO USAR

 

Maiúsculas e minúsculas: quando usar

Publicado em português

Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) manda grafar com inicial grandona:

  1. nomes próprios: Rafael, Renascimento, Avenida Atlântida, Presidência da República, Poder Judiciário, Região Sul, o Sul do Brasil, Região Centro-Oeste, o Centro-Oeste, o Nordeste, Oriente, Ocidente, Antiguidade, Idade Moderna, Renascimento, Belle Époque, Seleção Brasileira, Seleção Chinesa de Vôlei Feminino, Campeonato Nacional, Copa do Mundo, Olimpíadas, Medalha do Pacificador.

       2. nome de disciplinasMarcos levou pau em Português e Matemática. Mas safou-se em Inglês.

3. nomes de impostos e taxasImposto de Renda, Imposto Predial Urbano, Taxa do Lixo.   

  1. atos de autoridades quando especificado o número ou o nomeLei 2.346; Medida Provisória 242; Decreto 945; Lei Antitruste. 4.1. O ato perde a majestade em 4.1. O ato perde a majestade em dois casos. Um: depois da 1ª referência. O outro: na ausência do número: A medida provisória trata do Plano Real. O presidente vetou a lei.

5. os pontos cardeais (Norte, Sul, Leste, Oeste). Se o ponto cardeal define direção ou limite geográfico, usa-se a inicial minúscula: O carro avançava na direção sul. Cruzou o Brasil de norte a sul, de leste a oeste.  

     6. as palavras Estado (país), União e Federação (associação de estados)A sociedade controla o Estado. A Constituição enumera as competências da União. Impõe-se preservar a Federação.

7. datas comemorativas e nome de festas religiosas: Sete de Setembro, Proclamação da República, Natal, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia da Árvore.

Atenção, gente fina. As festas pagãs se escrevem com a inicial pequenina (carnaval, ano-novo). Também: quaresma, semana santa, quarta-feira de cinzas, sábado de aleluia.

     8. Nomes científicos de famílias animais e vegetais (o segundo elemento com minúscula): Coffea arabica (em grifo).

  1. Oração incluída dentro de parênteses quando constitui oração à parte, completa, precedida de ponto. No caso, começa com letra maiúscula e termina por ponto: Na praça, o sentimento geral era de grande frustração. (Nenhum candidato se dignara comparecer ao comício.)

10. Citação: quando vem depois de dois pontos, a citação começa com letra maiúscula. Caso contrário, com minúscula: Fernando Pessoa escreveu: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Segundo Fernando Pessoa, “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

 Curiosidade

Na língua dos Césares, majusculus quer dizer um tanto maior. Maioral, maioria, maioridade, major, majoritário, majorar pertencem à mesma família. Todos são aparentados com maior. Por isso, têm complexo de Deus. Se deixar, ocupam um senhor espaço. Manda o bom senso pôr-lhes o pé no freio. Para dar-lhes um chega pra lá, dois princípios se impõem. Um deles: só as use nos casos obrigatórios. O outro: não as empregue para valorizar ou destacar ideias. Maiúsculas devem ser as ideias, não as letras.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 26 de novembro de 2018

BASTAR: SINGULAR OU PLURAL?

 

Bastar: singular ou plural?

Publicado em português

Cuidado com a concordância quando o sujeito vem depois do verbo: Bastam algumas horas (algumas horas bastam), Bastam-me duas horas para concluir o trabalho (duas horas me bastam para concluir o trabalho).

Seguido da preposição de, bastar é impessoal. Mantém-se na 3ª pessoa do singular: Basta de brigas. Basta de lamúrias. Basta de promessas.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 25 de novembro de 2018

BENVINDO E BEM-VINDO: DIFERENÇA

 

Benvindo e bem-vindo: diferença

Publicado em português

Bem-vindo escreve-se assim, com hífen: Bem-vindo a Brasília. Bem-vindo à festa dos campeões. Vocês são sempre bem-vindos.

Benvindo é nome de pessoa: Benvindo, seja bem-vindo à cidade.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 24 de novembro de 2018

DE...O, DE...ELE, DE... ESTE: O PORQUÊ DO DIVÓRCIO

 

De…o, de…ele, de…este: o porquê do divórcio

Publicado em português

O sujeito é pra lá de elitista. Não se mistura nunca com a preposição. Por isso, antes dele, a combinação da preposição com o artigo ou pronomes não tem vez. Fica um lá e outro pra cá: Os trabalhadores  descartam a hipótese de o governo (sujeito) suspender o reajuste de salários. Apesar de o ministro (sujeito) negar, é certa a edição de nova medida provisória. A fim de o povo (sujeito) se familiarizar com a economia de água, ampla campanha será veiculada pelos meios de comunicação de massa.  Apesar de essa informação (sujeito) ter sido confirmada… A fim de ele (sujeito) continuar no páreo..

Curiosidade

 

 

A língua se parece com os falantes. Cheia de caprichos, tem preferências e caprichos. Tem, também, amigos e inimigos. O sujeito serve de exemplo. Mandão, forçou o verbo a concordar com ele. Não satisfeito, cortou relações com a preposição. A maior inimiga — de. Diante da monossilábica criatura, fica uma lá e outro cá. É a tal história conhecida em Europa, França e Bahia: dois bicudos não se beijam.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 23 de novembro de 2018

DAR + HORAS: CONCORDÂNCIA

 

Dar + horas: concordância

Publicado em português

O verbo concorda com o número que indica as horas: Deram cinco horas. Deu meio-dia e meia.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 22 de novembro de 2018

MONOSSILÁBICOS TÔNICOS ACENTUADOS: ÁS E QUÊ

 

Monossílabos tônicos acentuados: ás e quê

Publicado em português

O substantivo ás é tônico. O artigo e a preposição são átonos: Senna foi ás no volante. A cidade onde moro tem 2 milhões de habitantes. Chego a Brasília.

quê quando substantivo ou em fim de frase é tônico. A conjunção e o pronome quesão átonos: Maria tem um quê sedutor. O livro que li está esgotado. Você se atrasou por quê?


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 21 de novembro de 2018

X: QUANDO USAR

 

X: quando usar

Publicado em português

1.Use x depois de ditongo (caixa, baixa, ameixa, baixela, faixa, frouxo, peixe, trouxa, rouxinol).

Exceção? Só uma: caucho (árvore que dá certo tipo de látex do qual se produz borracha). Daí recauchutar e recauchutagem.

2. O x pede passagem depois de en (enxada, enxoval, enxofre, enxaguar, enxergar, enxame, enxaqueca, enxurrada).

Exceção: derivadas de palavras escritas com ch: cheio (encher, enchimento, enchente), charco (encharcar, encharcado), chumaço (enchumaçar, enchumaçado), chocalho (enchocalhar).

3. Dê a vez ao x depois da sílaba inicial me (mexer, mexida, mexerico, mexerica, mexilhão, México).

Exceção: mecha & familiares (mechar, mechado).

4. Depois de br, o x toma assento: bruxa, bruxaria, bruxear, bruxulear, bruxuleante, bruxuleio, Bruxelas.

5. Palavras de origem africana e indígena abrem alas para o x: xavante, abacaxi, orixá, xangô, caxambu.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 20 de novembro de 2018

RUIR: CONJUGAÇÃO

 

Ruir: conjugação

Publicado em português

As chuvas de verão são certas como o suceder dos dias e das noites ou da mudança das fases da Lua. Regulares, transmitem a impressão de que figuram no calendário como o Natal, a Páscoa e o carnaval. Mas, apesar de previsíveis, pegam os governantes de calças curtas. Ruas viram lagos, rios transbordam, morros deslizam, carros se afogam, casas desmoronam, famílias se desalojam, pessoas perdem a vida.

Este ano o enredo se repete. As tragédias se sucedem. O primeiro ato foi em Niterói. A seguir, Belo Horizonte. Dias depois, Brasília. Outras cidades põem a barba de molho. Sabem que a água despencará do céu. Só não sabem quando. Enquanto esperam, dão uma olhadinha na gramática. Aprendem a conjugar o verbo ruir.

Ruir é defectivo. Pra lá de preguiçoso, só se flexiona nas formas em que o e ou o seguem o u. A primeira pessoa do presente do indicativo seria eu ruo. Nem pensar. Sem ela, nada de presente do subjuntivo. Assim, temos:

presente do indicativo: tu ruir, ele rui, nós ruímos, vós ruís, eles ruem

pretérito perfeito: eu ruí, tu ruíste, ele ruiu, nós ruímos, vós ruístes, eles ruíram

pretérito imperfeito: eu ruía, tu ruías, ele ruía, nós ruíamos, ruíeis , eles ruíam

futuro do presente: eu ruirei, tu ruirás, ele ruirá, nós ruiremos, vós ruireis, eles ruirão

futuro do pretérito: eu ruiria, tu ruirir ele ruiria, nós ruiríamos, vós ruirieis, eles ruiriam

imperfeito do subjuntivo: se eu ruísse, tu ruísses, ele ruísse, nós ruíssemos, vós ruísseis, eles ruíssem

futuro do subjuntivo: quando eu ruir, tu ruires, ele ruir, nós ruirmos, vós ruirdes, eles ruírem

É isso. O verbo que ninguém ama nem quer não tem todas as pessoas, tempos e modos. Ainda bem. Já imaginou se fosse completo? Os estragos seriam multiplicados. Valha-nos, Deus! Xô!


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 19 de novembro de 2018

S OU Z: FORMAÇÃO DE PALAVRAS

 

S ou z: formação de palavras

Publicado em português

Embriaguez se escreve com z. Português, com s. No caso, z e s soam do mesmo jeitinho. Por que a grafia diferente? A resposta está na origem:

1. Se a palavra primitiva for adjetivo, o z pede passagem: macio (maciez), líquido (liquidez), sólido (solidez), frígido (frigidez), embriagado (embriaguez).

2. Se a palavra primitiva for substantivo, é a hora e a vez do sPortugal (português), corte (cortês), economia (economês), campo (camponês).


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 18 de novembro de 2018

PLURAL: RAÇA DE CÃES

 

Plural: raça de cães

Publicado em português

Há cães e cães. Há os nobres e os vira-latas. Há os grandes, os médios e os pequenos. Há os pretos, os brancos, os castanhos. Há os de pelo longo e os de pelo curto. Há os que fazem companhia e os que guardam a casa. Em suma: há variedades pra dar e vender. Uns e outros obedecem à mesma regra linguística. No plural, flexionam-se como qualquer substantivo: os labradores, os filas, os pequineses, os pastores alemães.

Por falar em cachorro…

Dizem que cachorro adora osso. Mentira. Na verdade, ele não tem saída. É que não lhe dão carne.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 17 de novembro de 2018

CONCORDÂNCIA: NENHUM + PLURAL

 

Concordância: nenhum + nome plural

Publicado em português

Nenhum, seguido de nome ou pronome no plural, exige o verbo no singular: Nenhum dos candidatos alcançou a nota mínima. Nenhum de nós viajou neste fim de semana. Nenhuma das cantoras compareceu ao espetáculo.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 16 de novembro de 2018

PLEONASMO: SURPRESA INESPERADA

 

Pleonasmo: surpresa inesperada

Publicado em português

“Ver Bolsonaro jogar carvão na churrasqueira foi uma surpresa inesperada”, disse o repórter excitado. Ops! Baita pleonasmo. Joga no time do subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, elo de ligação, países do mundo. Toda surpresa é inesperada. Se o fato é esperado, surpresa não é.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 15 de novembro de 2018

PRONÚNCIA: 4 CALOS

 

Pronúncia: 4 calos

Publicado em português

Quem fala, quer ser ouvido, entendido e apreciado. Tem, por isso, de pronunciar as palavras como manda o dicionário:

Dizer récord? Nem pensar. Recorde rima com concorde.

Referir-se ao Prêmio Nóbel? Valha-nos, Deus. Nobel soa como anel, painel e papel.

Rubrica é paroxítona como fabrica, lubrifica e sacrifica.

Subsídio pertence à equipe de subsolo. Com a duplinha, o z não tem vez. Xô!


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 14 de novembro de 2018

A MEU VER? AO MEU VER?

 

A meu ver? Ao meu ver?

Publicado em português

Não bobeie. Expressões construídas com pronome possessivo se usam sem artigo: a meu ver, a meu lado, a seu pedido, a nosso bel-prazer (não: ao meu ver, ao meu lado, ao meu pedido).

Olho vivíssimo, moçada. A ponto de, no sentido de prestes a, segue o mesmo princípio: Esteve a ponto de disputar a eleição. Chegou a ponto de morrer. Mas escapou.

Mas… Você quer aquela carninha medianamente assada, que dá água na boca? Peça sem medo de errar um bife… ao ponto.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 13 de novembro de 2018

QUÊ: QUANDO ACENTUAR

 

Quê: quando acentuar

Publicado em português

Acentua-se o quê em duas oportunidades:

  1. quando for substantivo. Aí será antecedido de pronome, artigo ou numeral. Tem plural: Trump tem um quê de desvairado. Qual o mistério dos quês? Hoje tratamos do quê com acento e sem acento. Este quê não me confunde mais. Belo quê você introduziu na redação.
  2. Quando for a última palavra da frase: Trabalhar pra quê? Pediu licença, mas não disse para quê. Riu, mas não descobri por quê. Você se atrasou por quê? (Compare: Por que você se atrasou?)

No mais, o quê escreve-se sem acento: Disse que votou em Meirelles. Entre, que está chovendo. O livro que comprei custou R$ 60.

É isso. O diabo não é tão feio quanto o pintam. O quê diz por quê.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 12 de novembro de 2018

RUÇO E RUSSO: DIFERENÇA

 

Ruço e russo: diferença

Publicado em português

Ruço = pardacento ou complicado: A coisa está ruça. O conflito ficou ruço. A situação do morro de Niterói está ruça.

Russo = natural ou originário da Rússia: Os russos adoram vodca. Putin,  líder russo, está em Paris. Gosto muito de Moscou, a capital russa.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 11 de novembro de 2018

HÍFEN: PREFIXO RE

 

Hífen: re-

Publicado em português

O prefixo re- sofre de alergia. Por isso nunca aceita hífen: reaver, reeleger, reler.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 10 de novembro de 2018

REFORMA ORTOGRÁFICA: ADEUS ÀS DÚVIDAS

 

Reforma ortográfica: adeus às dúvidas

Publicado em português

As novas regras ortográficas da língua portuguesa entraram em vigor em 1º de janeiro de 2009. Foram poucas mudanças. Antes de chegar a elas, valem duas observações:

  1. A reforma é ortográfica. Refere-se só à grafia das palavras. Pronúncia, concordância, regência, crase continuam do mesmo jeitinho, sem alteração.

2. A mudança nos acentos atingiu apenas as paroxítonas. Proparoxítonas, oxítonas e monossílabos tônicos não foram nem arranhados. Mantêm-se como sempre foram.

O que mudou?

1.Alfabeto — O abecedário ganhou três letras. k, w e y tornaram-se gente de casa. O que era fato agora é direito. Nada mais. O emprego do trio continua como antes. Abreviaturas e nomes que se escreviam com as ex-intrusas mantêm a grafia. É o caso de km, Wilson, Yara. Atenção, não se precipite. Grafar wísque e kilo? Nem pensar. Fique com uísque e quilo.

2.Trema — O trema se foi, mas a pronúncia ficou. Frequente, , tranquilo, lingueta, linguiça & cia. agora se grafam assim, livres e soltos.

Olho vivo

Trema não é acento. Por isso não discrimina oxítonas, paroxítonas ou proparoxítonas. Para ele, tudo o que cai na rede é peixe

3.Hiato o/o — O chapéu da duplinha oo se despediu: voo, abençoo, perdoo, coroo & demais oos.

4.Hiato e/em — O circunflexo do casal eem disse adeus. Veem, creem, deem, leem ganharam forma mais leve e descontraída.

Atenção

Não vacile. Caiu o acento da duplinha eem. O solitário êm não tem nada com a história. Está firme como sempre esteve na 3ª pessoa do plural de vir, ter e derivados: eles vêm, têm, convêm, detêm, contêm.

5.O agudo do u tônico dos verbos apaziguar, averiguar, arguir & cia. some: apazigue, averigue e argue.

6.i e u antecedidos de ditongo perdem o grampo: feiura, baiuca, Sauipe.

Sem bobeira

Atenção: não confunda Germano com gênero humano. Caiu o acento do i e uantecedidos de ditongo. Pouquíssimas palavras — talvez meia dúzia — se enquadram na regra.  A norma que acentua o i e o u antecedidos de vogal continua firme e forte. É o caso de saída, saúde, caí, baú.

7.O acento dos ditongos abertos éi e ói se despediram nas paroxítonas: ideia, joia, jiboia, heroico.

Lembre-se

A reforma só atingiu as paroxítonas. O grampinho permanece inalterável nas oxítonas e monossílabos tônicos: papéis, herói, dói.

8.Acentos diferenciais — Foram-se os das paroxítonas. Pêlo, pélo, pára, pólo, pêra ficaram mais leves. Assim: pelo, para, polo, pera. Exceção? Só duas. Mantém-se o chapéu de pôde, passado do verbo poder. E o verbo pôr fica com o chapéu à mostra. (Ele é monossílabo tônico. Escapou da facada, que só cortou o acessório das paroxítonas.)

É isso.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 09 de novembro de 2018

CONCORDÂNCIA: CADA UM

 

Concordância: cada um

Publicado em português

Cada um deles tomou? Tomaram?  O verbo vai para a 3ª pessoa do singular: Cada um deles tomou um rumo. Cada uma das camisas custou acima de R$ 50. Cada um de nós sairá em horários diferentes.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 08 de novembro de 2018

CRASE: PÃO À BOLSONARO

 

Crase: pão à Bolsonaro

Publicado em português

O Globo diz que virou moda hábito inusitado de Jair Bolsonaro. O presidente eleito adora pão com leite condensado. Padarias do Rio passaram a oferecer a iguaria. Sucesso. Ao anunciar o fato, o jornal escreveu “O pão à Bolsonaro ganha adeptos”. Leitores estranharam a crase antes de nome masculino. Correto? Na frase, esconde-se uma expressão feminina: O pão à (moda de) Bolsonaro. Nota 10.

Outros exemplos: Canta à (moda de) Roberto Carlos. Descora a casa à Luís XV. Corta o cabelo à Caetano Veloso.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 07 de novembro de 2018

DEMAIS E DE MAIS: EMPREGO

 

Demais e de mais: emprego

Publicado em português

Demais se usa:

a) no sentido de muito, excessivamente: Comeu demais.

b) na acepção de ademaisalém dissoNa viagem, esteve em museus, foi ao teatro, visitou amigos, fez compras. Demais, proferiu duas conferências.

c) como pronome indefinido, com o valor de os restantesCinco dos presentes levantaram-se. Os demais permaneceram sentados.

De mais se opõe a de menosRecebi troco de mais, não de menos. Até aí, nada de mais.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 06 de novembro de 2018

OBRIGAR & CIA.: REGÊNCIA

 

Obrigar & cia.: regência

Publicado em português

Atenção à regência. Obriga-se alguém a fazer alguma coisa: Obrigou o filho a estudar. O professor obriga os alunos a se manterem calados. Eu o obriguei a fazer horas extras.

Outros verbos exigem a preposição antes do infinitivo. É o caso de começar, convidar, ensinar e forçar: Começou a escrever a peça em 1989. Convidamos os amigos a participar da festa. Forcei o passageiro a descer. Ensinei-o a seguir as instruções tim-tim por tim-tim.

Mas nem todos se curvam à imposição. Volta e meia aparece um tal de “começou decorar os verbos” & cia. desastrada. Nada feito. O verbo se vinga. Adia promoções. Rouba pontos em concursos. Mata amores. Valha-nos, Deus!


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 05 de novembro de 2018

PLEONASMO: CRIAR NOVO

 

Pleonasmo: criar novo

Publicado em português

Marcos Pontes comemorava a indicação para o Ministério de Ciência e Tecnologia. No entusiasmo, prometeu “criar novos empregos”. Ops! Baita pleonasmo. O primeiro brasileiro a voar para o espaço não se deu conta de pormenor pra lá de importante. Só se cria o novo, assim como só se sobe pra cima e só se desce pra baixo. Que tal poupar? Basta criar empregos.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 04 de novembro de 2018

OS BOLSONAROS? OS BOLSONARO?

 

Os Bolsonaros? Os Bolsonaro?

Publicado em português

A família Bolsonaro é campeã das urnas. Além do Jair Messias, eleito presidente, a filharada fez a festa. Flávio foi o senador mais voltado do Rio. Carlos, o vereador mais guloso da Cidade Maravilhosa (2016). Eduardo, deputado federal ungido pelos paulistas, obteve o melhor desempenho de um candidato na história.

O fato, claro, mereceu manchetes. Parte delas falava em os Bolsonaros. Outra parte, os Bolsonaro. E daí? Substantivo próprio tem plural como o comum. Sempre que se fala no assunto, Os Maias, de Eça de Queiroz, vem à tona. Assim como a ilustre família portuguesa, as demais se flexionam conforme manda a gramática: os Castros, os Cavalcantis, os Souzas. E, claro, os Bolsonaros.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 03 de novembro de 2018

TÂNATOS: O DEUS DA MORTE

 

Tânatos: o deus da morte

Publicado em português

Tânatos tem uma família muito especial. É filho da Noite. E irmão gêmeo de Hipnos, o deus do sono. Tem asas enormes. Com elas, vai pra lá e vem pra cá rapidinho. Quando o tempo de vida de uma pessoa acaba, ele chega na hora. Ninguém escapa.

Um dia, Sísifo resolveu acabar com a morte. Todo mundo viveria para sempre. O que ele fez? Prendeu Tânatos. Durante muito tempo, ninguém mais morreu. As crianças ficavam adultas. Os adultos viravam velhos. E os velhos ficavam cada vez mais velhinhos.

A Terra se superpovoou. Havia gente demais. Começou a faltar casa, roupa e comida. O jeito foi soltar Tânatos. Livre, ele voltou a voar. E a levar quem devia ser levado. Por isso, até hoje, os médicos estudam tanatologia. É parte do curso que se ocupa da morte.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 02 de novembro de 2018

CRASE: NOME MASCULINO

 

Crase: nome masculino

Publicado em português

Crase antes de nome masculino? Nem pensar. A crase é feminista. Só aparece antes de mocinhas. Não é o caso da palavra júri. Desde que o mundo é mundo, a dissílaba é macha. Hoje, pusemos em dúvida o sexo da coitada. Escrevemos: “O homicida vai à júri”. Xô, acento! Ele vai a júri.

Exceção: àquele.

 

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 01 de novembro de 2018

AO NÍVEL X EM NÍVEL DE: EMPREGO

 

Ao nível de x em nível de: emprego

Publicado em português
 

Ao nível de?  Em nível de? As locuções são parecidas, mas não se conhecem nem de elevador:

Ao nível de significa à mesma alturaSantos está ao nível do mar. Meu cargo está ao nível do cargo de diretor.

Em nível de tem os sentidos de em instânciano âmbitoparidadeA decisão foi tomada em nível de diretoria. O consenso só será possível em nível político. Faço um curso em nível de pós-graduação.

Olho vivo:

O português contemporâneo gosta do texto enxuto. Excessos não têm vez com ele. Em muitos casos, o em nível de sobra. Quer ver? A decisão foi tomada pela diretoria. Faço um curso de pós-graduação.

A nível de? Cruz-credo! A dupla não existe. É praga. Xô!

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 31 de outubro de 2018

DICA PARA O ENEM: COESÃO

 

Dica para o Enem: coesão

Publicado em português

“Socooooooooooooooooooooooooorro!”, gritam os 6 milhões de inscritos no Enem. Vestibulandos e concurseiros de Europa, França e Bahia vão atrás. O motivo: perdem pontos a rodo num tal item chamado coesão. Eles procuram o assunto nas gramáticas. Não encontram. Celsos Cunhas, Becharas, Cegallas não dedicam nenhum capítulo ao tema. Por quê?

A razão é simples. Coesão está presente na morfologia, na sintaxe, nas figuras de linguagem. Ao estudar substantivos, verbos, pronomes, conjunções, preposições, coordenação, subordinação, etc. e tal, indiretamente estudamos coesão. Eles oferecem recursos pra ligar palavras, ligar períodos, ligar parágrafos. Em suma: juntar partes soltas em unidades coerentes.

Preposições e conjunções

Anel e ouro são duas palavras que não se conhecem nem de elevador. Mas formam unidade com a ajuda da preposição deanel de ouro.

Cozinho, estamos sem empregada.

 Que relação existe entre enunciados assim independentes? A conjunção se encarrega de pôr os pontos nos ii. Ela pode indicar causa (cozinho porque estamos sem empregada). Pode indicar tempo (cozinho quando estamos sem empregada). Pode indicar duração (cozinho enquanto estamos sem empregada). Pode indicar condição(cozinho se estamos sem empregada).

 Pronomes

Pronomes exercem duplo papel. Além de auxiliar a coesão, contribuem para a elegância. Como? Evitam repetições. Veja:

Rafael e João Marcelo são irmãos. Este estuda medicina; aquele, direito. (Este substitui João Marcelo; aquele, Rafael.)

Oscar Niemeyer se casou aos 99 anos. Ele e a noiva se conheceram anos antes. (Ele substitui Niemeyer)

 Por falar em repetição…

Nem toda repetição é má. A estilística, que dá liga e charme ao texto, longe está de indicar pobreza vocabular. É o caso do “é preciso” reiterado neste parágrafo:

Como acabar com a cultura do desperdício? Ela tem de ser desmontada por dentro. É preciso que os brasileiros não joguem fora restos de comida aproveitáveis nem deixem as lâmpadas acesas quando saem de um aposento. É preciso que os livros escolares sejam aproveitados pelos irmãos menores. É preciso não destruir os bens públicos. É preciso, enfim, martelar insistentemente na necessidade de poupar.

 

É o caso, também, deste trecho de Barack Obama:

Sim, nós podemos. Nós podemos recuperar a economia do país. Nós podemos legar uma pátria melhor pra nossos filhos e netos. Nós podemos respeitar os direitos humanos. Nós podemos zelar pelo meio ambiente. Nós podemos construir um mundo mais justo e democrático. Sim, nós podemos.

 Mais

Viu? O entrelaçamento das ideias se dá por meio de vários mecanismos. Examinamos alguns. Há mais. A manutenção do tema figura entre os mais importantes. Trata-se da perseguição do tema sem desvios. É a tal história: quem se ajoelha tem de rezar. Examine este parágrafo do livro Sonhos de Einstein, de Alan Lightma:

 Minúsculos sons da cidade flutuam pela sala. Uma garrafa de leite tilinta contra uma pedra. Um toldo é esticado em uma loja. Uma carroça de verduras transita lentamente por uma rua. Um homem e uma mulher sussurram em um apartamento próximo.

Que responsabilidade! O tópico frasal (1º período) amarrou as ideias. Sem ele, os exemplos de sons da cidade ficariam sem elo. O leitor não saberia aonde as frases querem chegar. Em suma: um amontoado de ideias e nenhum recado. (Duvida? Banque o São Tomé. Leia o parágrafo sem o tópico frasal. E daí?)

Moral da história

Em bom português, coesão é dizer coisa com coisa. Opõe-se ao samba do texto doido.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 30 de outubro de 2018

URNA: ETIMOLOGIA

 

Urna: etimologia

Publicado em português

É urna pra cá, urna pra lá, urna pracolá. A palavra é tão familiar que, quando usada, dispensa explicações. Sabemos que é o recipiente onde se depositam (ou a máquina onde se digitam) os votos de uma eleição: O brasileiro vai às urnas hoje. Os governantes têm de ouvir a voz das urnas. Esperamos com ansiedade o resultado das urnas.

Nem sempre o vocábulo teve esse significado. Quando nasceu, no latim, urna dava nome a um grande jarro de cerâmica usado para transportar água ou para guardar as cinzas dos mortos cremados. No séc. 16, o termo passa a designar, no português, o recipiente onde se colocam as pedras para os sorteios ou os votos de uma eleição. O sentido inicial bateu asas e voou. Ficou nos dicionários.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 29 de outubro de 2018

MITOLOGIA: DEUSA DA SORTE E DA VITÓRIA

 

Mitologia: deusa da sorte e deusa da vitória

Publicado em português

É hoje. Os brasileiros vão às urnas escolher o presidente. Nada menos de 147 milhões de pessoas digitarão um número. Quem terá a preferência popular? Há eleitores com a cabeça feita. Há também os hesitantes. Em quem votarão? É aí que a deusa Fortuna entra em ação.

Ela é cega. Mas faz escolhas. Se acordar de bom humor, cobrirá de sorte o candidato que encontrar. Se, ao contrário, despertar de mal com a vida, dará a vez ao azar. Quem aparecer à sua frente sentirá o gosto da derrota. O que fazer? Nada de especial. Só torcer.

O abençoado pelo destino terá novo encontro em 1º de janeiro. Nesse dia, ele receberá a faixa presidencial. Quem a carregará é a deusa Nique. (Ela dá nome à marca Nike). A divindade, também conhecida por Vitória, não responde pelo sucesso ou fracasso do competidor. Ela tem uma única missão — coroar o vencedor. Viva!

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 28 de outubro de 2018

ENXURRADA: POR QUE X

 

Enxurrada: por que x

Publicado em português

Por que enxurrada se escreve com x? Enxurrada se escreve com x pela mesma razão que enxada, enxofre, enxoval, enxaqueca, enxame, enxergar, enxaguar se grafam com a mesma letra. Ops! É isto: depois do en-, o x pede passagem.

Atenção, muita atenção. Em português, existe uma regra contra a qual é inútil lutar: a família acima de tudo. Se a palavra primitiva se grafa com ch, cessa tudo o que a musa antiga canta. É o caso de enchente. Primeiro foi cheio; depois, encher; por fim, enchente.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 27 de outubro de 2018

PRONÚNCIA: CABELEIREIRO

 

Pronúncia: cabeleireiro

Publicado em português

Cabeleireiro é senhora vítima dos engolidores de letras. É que as pessoas tropeçam em um ditongo. Imagine em dois. Que tal treinar? Basta pronunciar a palavra em voz alta. Uma, duas, três, muitas vezes.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 26 de outubro de 2018

MÁ-FORMAÇÃO OU MALFORMAÇÃO?

 

Má-formação ou malformação?

Publicado em português

Tanto faz. O dicionário registra as duas grafias. Você escolhe. O plural? É más-formações e malformações.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 25 de outubro de 2018

PENALIZAR E PUNIR: DIFERENÇA

 

Penalizar e punir: diferença

Publicado em português

A propriedade vocabular pega bem como usar o cinto de segurança, pedir licença ao interromper uma conversa, dar boa-tarde ao entrar no elevador, distinguir penalizar e punir.

Penalizar significa causar pena, solidariedade, pesar. Punir é castigar: A situação dos imigrantes venezuelanos nos penaliza. É preciso punir quem desrespeita os limites de velocidade.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 24 de outubro de 2018

À ZERO HORA? A ZERO HORA?

 

À zero hora? A zero hora?

Publicado em português

Ocorre crase ou não? Ocorre. Trata-se de locução adverbial formada por palavra feminina. Joga no time de às claras, às escuras, às apalpadelas, às 2h, à meia-noite.

Na dúvida, substitua hora por meio-dia. Se no troca-troca der ao, ponha o grampinho. Caso contrário, nada de crase: O avião decola à zero hora (ao meio dia). A aula começa às 13 horas (ao meio-dia). Estou aqui desde as 7 (o meio dia).:


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 23 de outubro de 2018

MODA: SIGNIFICADO

 

Moda: significado

Publicado em português

Moda pra que te quero? Pra usar e deixar pra lá. A própria palavra diz isso. A danadinha significa uso passageiro. Pode se referir à forma de vestir, calçar, pentear ou enfeitar-se.

Numa estação, a moda é saia curta. Na outra, longa. Depois, nem curta nem longa. E as cores? Ora o vermelho ocupa todas as vitrines. Meses depois, dá vez ao amarelo. Em seguida, ao branco. Agora é o verde. E o pretinho? É eterno. O cabelo não fica atrás. Muda de cor, de comprimento, de corte.

A moda vai além da roupa, do cabelo ou das cores. Sugere decoração. Mete a colher nos restaurantes. Dá palpite nos carros. Interfere nos relacionamentos. Dá virada na política. Ufa! Nem os brinquedos escapam.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 22 de outubro de 2018

COSER E COZER: DIFERENÇA

 

Coser e cozer: diferença

Publicado em português

Qual é o melhor lugar da casa? Uns preferem o quarto. Lá, conectam a internet, deitam na cama e navegam sem ver o tempo voar. Outros gostam da sala. Sentam-se no sofá, ouvem música, pegam um livro e ficam horas lendo. Esquecem-se da vida.

Todos adoram a cozinha. Ali a família se reúne. Conversa. Come pratos gostosos. Sobremesa nunca falta. Quando a fome bate fora da hora das refeições, é lá que a gente encontra frutas, um pãozinho com manteiga ou um suco jeitoso.

Muitos frequentadores da cozinha gostam de preparar comidinhas. Às vezes é um bolo. Outras, brigadeiro. Quase sempre, vitamina. Eles conhecem os verbos cozer e coser. Os dois se pronunciam do mesmo jeitinho. Mas um não tem nada a ver com o outro.

Cozer significa cozinhar. É parente de cozinhacozinheirocozido. Todos escritos com z.Coser quer dizer costurar. Pertence à família de cosido e descosido. Todos grafados coms.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 21 de outubro de 2018

FATAL: EMPREGO

 

Fatal: emprego

Publicado em português

Fatal quer dizer que mata. O acidente mata. É fatal. Veneno mata. É fatal. Queda pode matar. Pode ser fatal.

Muitos dizem “vítima fatal”. Bobeiam. A vítima, coitada, morre. Não mata. Se a pessoa perdeu a vida, diga que ela morreu: O acidente provocou duas mortesNo acidente, duas pessoas morreram.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 20 de outubro de 2018

BEM-FEITO OU BEM FEITO?

 

Bem-feito ou bem feito?

Publicado em português

As duas formas existem. Mas dão recados diferentes:

Bem-feito = contrário de malfeito: costura bem-feita, roteiros bem-feitos, pedido bem-feito, trabalho bem-feito.

Bem feito = interjeição de aplauso usada ironicamente: Caiu? Bem feito! Foi reprovada. Bem feito!

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 19 de outubro de 2018

CONCORDÂNCIA: TAL QUAL

 

Concordância: tal qual

Publicado em português

A concordância da duplinha tal qual dá nó nos miolos. Como acertar sempre? Há duas respostas:

1. Os ortodoxos dão esta orientação — cada par concorda com o termo a que se refere. Veja exemplos: Queria que o filho fosse tal quais os tios. As meninas querem ser tais qual a amiga. amigas. Ele é tal qual o filho. Os cães, tais quais os donos, podem participar de várias atividades.

2. Os liberais mantêm a duplinha invariável porque entendem que ela equivale a como:Queria que o filho fosse tal qual os tios. As meninas querem ser tal qual as amigas. Ele é tal qual o filho. Os cães, tal qual os donos, podem participar de várias atividades.

Moral da história: É acertar ou acertar.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 18 de outubro de 2018

TÃO POUCO E TAMPOUCO: DIFERENÇA

 

Tão pouco e tampouco: diferença

Publicado em português

Qual a diferença de tampouco e tão pouco?  É esta:

Tampouco = também não, muito menos: Maria não fez a prova e tampouco deu explicações.

Tão pouco = muito pouco: O candidato falou tão pouco que surpreendeu. Peço tão pouco!


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 17 de outubro de 2018

CONCORDÂNCIA: PARTITIVO

 

Concordância: partitivo

Publicado em português

A maioria dos estudantes saiu? Saíram? Ops! Trata-se de caso de concordância pra lá de sofisticado. É o partitivo. Existem as expressões partitivas: parte de, uma porção de, o resto de, a metade de, a maioria de. Quando elas são seguidas de substantivo ou pronome no plural – e só assim – o verbo se esbalda. Pode ir para o singular. Ou plural:

A maioria dos estudantes saiu (o verbo concorda com maioria).

A maioria dos estudantes saíram (concorda com estudantes).

Metade das laranjas apodreceu (concorda com metade).

Metade das laranjas apodreceram (concorda com laranjas).

Pouco mais da metade das obras está pronta.

Pouco mais da metade das obras estão prontas.

Mais de 66% do trabalho foi cancelado.

Mais de 66% do trabalho foram cancelados.

Boa parte dos alunos fizeram a redação do Enem.

Boa parte dos alunos do Enem fez a redação.

Olho vivo

A maioria da população votou nas eleições. (Ops! Sujeito e complemento têm o mesmo número. Resultado: É singular ou singular.)

A maioria votou. (O partitivo não tem complemento. O verbo só pode concordar com maioria.)


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 16 de outubro de 2018

ENSINAR E APRENDER: REGÊNCIA

 

Ensinar e aprender: regência

Publicado em português

O professor ensina. O aluno aprende. Certo? Em parte. Hoje, volta e meia, os papéis se invertem. Com a moçada pra lá de informada, mestres se atualizam com garotos e garotas que adoram dividir conhecimentos. Basta ter humildade e curtir. De quebra, lembrar a regência do verbo que enriquece uns e outros.

No sentido de dar instrução, a gente ensina alguma coisa a alguém: O professor ensinou a conjugação verbal ao aluno. João ensina os truques da informática ao irmãozinho Rafael. A leitura ensina as belas lições a adultos e crianças.

O ou lhe?

Quer substituir os complementos pelo pronome átono? Fique esperto. O alguma coisa coisa é objeto direto. Pede o pronome o ou a. O alguém é objeto indireto. Exige o lhe. Assim: O professor ensinou-a ao aluno. O professor ensinou-lhe a conjugação verbal. João ensina-os ao irmãozinho Rafael. João ensina-lhe os truques da informática. A leitura ensina-as a adultos e crianças. A leitura ensina-lhes as belas lições.  

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 15 de outubro de 2018

HOJE É 14? SÃO 14?

 

Hoje é 14? São 14?

Publicado em português

A maior parte dos gramáticos sugere que a concordância seja feita com o numeral: Hoje é 1° de outubro. Hoje são 10 de outubro.

Há quem diga que se pode subentender a palavra dia. Daí admitirem o singular: Hoje é (dia) 14 de outubro. Mas a esmagadora preferência é a concordância com o número.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 14 de outubro de 2018

ADREDEMENTE E REPERCUTIR

 

Duas dúvidas

Publicado em Geral

    Uma dúvida me perturba há 15 dias. Trata-se da palavra adredemente. O que ela significa? (Carlos Vila) 
  O dicionário responde: Adrede quer dizer de propósito, de caso pensado. Adredemente significa intencionalmente. Sem inocência: A mentira, adredemente montada, não resistiu às provas. 
  * 
  “Agora, de Brasília, o repórter repercute as últimas notícias da campanha”, dizem os locutores de rádio a toda hora. Minha pergunta: pessoas podem repercutir? 
(Eduardo Viegas) 

  Repercutir, na acepção de registrar a repercussão de determinada notícia, é jargão da imprensa. O jornal ou a TV divulgam um fato. Qual a reação do público? O repórter apura. Telefona, pergunta às pessoas nas ruas, ouve especialistas. Em outras palavras: repercute a notícia.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 13 de outubro de 2018

VEM, TAÇA

 

Vem, taça

Publicado em Geral

 O Inter ganhou a Libertadores da América? Não. O time gaúcho conquistou a Libertadores. Não é questão de certo ou errado, mas de propriedade vocabular. Ganhar dá a impressão de que a taça caiu do céu. Conquistar sugere luta, disputa, superação. É o caso, não?     Olho na grafia      O Colorado conquistou pelo segundo ano consecutivo a taça Libertadores da América. É bicampeão. A vitória ensina uma lição pra lá de espinhosa. Trata-se do emprego do hífen. O tracinho, vale lembrar, é castigo de Deus. Dá nó nos miolos até do Senhor. A reforma ortográfica pôs alguma ordem no caos. Mas manteve muitas exceções. O jeito? É dar um jeito. Como diz o esquartejador, vamos por partes.     O bi-se enquadra nas duas regras de ouro. (Elas têm exceções, mas são abrangentes). Pede o tracinho em duas ocasiões. Uma: se for seguido de h. A outra: se duas letras iguais se encontrarem (bi-histórico, bi-humano, bi-harmônico, bi-ilíaco, bi-iodeto). No mais, é tudo colado como político se gruda ao Lula pra conquistar uns votinhos: bicentenário, birregional, bissexual.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 12 de outubro de 2018

ERRAMOS

 

Erramos

“Quem olha para o céu de Brasília estranha a fumaça cinza que paira no ar da capital federal”, escrevemos na pág. 21. Da capital federal sobra, não? Xô!
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 11 de outubro de 2018

PADRE ANTÔNIO VIEIRA ACERTOU NA MOSCA

 

Padre Antônio Vieira acertou na mosca

    “Quando não se entendem as línguas estranhas, os que falam são mudos e os que ouvem são surdos.” 
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 10 de outubro de 2018

ERRAMOS: VÍRGULA

 

Erramos: vírgula

Publicado em português

“Avaliação psiquiátrica, realizada por um profissional particular, a pedido da defesa de Adelio Bispo de Oliveira, agressor de Jair Bolsonaro, concluiu que ele está acometido por problemas”, escrevemos na pág. 2. Ops! As duas primeiras vírgulas sobram. O termo “realizada por um profissional particular” é restritivo. Diz que nem todas as avaliações chegaram a essa conclusão. Mas a realizada por profissional particular. Melhor livrar-se delas: Avaliação psiquiátrica realizada por um profissional particular a pedido da defesa de Adelio Bispo de Oliveira…


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 09 de outubro de 2018

RELEITURA DO TEXTO: FUNÇÃO

 

Releitura do texto: função

Publicado em português

A releitura do texto tem quatro funções. Uma: checar as informações. Duas: corrigir os erros gramaticais. Três: eliminar as repetições. A última, mas não menos importante: cortar o desnecessário. Aí, aconselham os manuais, seja impiedoso. Ante a menor dúvida de redundância, pare, leia, corte.

Nem sempre damos bola pro conselho. Veja exemplo: “O novo presidente do partido disse que vai pleitear mais um ministério para a sigla junto ao governo”.

Xô, gordura! Feita a dieta, temos: O novo presidente do partido disse que vai pleitear mais um ministério para a sigla.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 08 de outubro de 2018

MILLÔR FERNANDES BRINCOU: NOSSO IDIOMA

 

Millôr Fernandes brincou

Publicado em português

“Devemos ser gratos aos portugueses. Se não fossem eles, estaríamos até hoje falando tupi-guarani, língua que não entendemos.”

 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 07 de outubro de 2018

MORFINA: ETIMOLOGIA

 

Morfina: etimologia

Publicado em português

A história nasceu na mitologia grega. Tem tudo a ver com Morfeu. Ele é deus do sono e dos sonhos. Daí a expressão “estar nos braços de Morfeu”, que significa estar dormindo. O nome do mito vem do grego morfo-. Quer dizer “a forma”. Não por acaso. Chama-se assim porque Morfeu tem uma missão: tomar a forma humana e aparecer aos homens durante os sonhos.

O deus cumpre a obrigação numa boa. Dono de grandes asas, transporta-se com facilidade às extremidades da Terra. Sem ruídos. Com uma papoula, faz os mortais adormecerem.

De Morfeu originou-se a palavra morfina. Por duas razões. A primeira: o poder sedativo é feito de ópio, narcótico subtraído da papoula. A outra: além de aliviar as dores, a morfina faz dormir.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 06 de outubro de 2018

PRONÚNCIA: NOBEL & CIA.

 

Pronúncia: Nobel & cia.

Publicado em português

Todos os anos a história se repete. Escolhe-se quem fez mais bonito nas diferentes áreas do saber. É o Prêmio Nobel. Valioso, ele é pra lá de cobiçado. Merece, por isso, ser pronunciado com todo o respeito. Oxítona, Nobel rima com papel e Mabel. A sílaba tônica é a última (bel).

Atenção, muita atenção

Acompanhado de prêmio, Nobel mantém-se invariável. Sozinho, tem plural: Ganhou dois Nobéis. Poucos ganham dois Prêmios Nobéis. 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 05 de outubro de 2018

JOVEM NÃO TEM ACENTO. ARMAZÉM TEM. POR QUÊ?

 

Jovem não tem acento. Armazém tem. Por quê?

Publicado em português

As palavras terminadas em em são cheias de manhas. As paroxítonas não levam acento. É o caso de jovem, homem, nuvem. As oxítonas levam. Valem os exemplos de porém, também, armazém.

Volta e meia, esquecemos a idiossincrasia. Veja passagem do jornal: “Aos 81 anos, a artista mantem-se em plena atividade”. Cadê o grampinho? Mantém joga no time deconvém e detém. Pede o agudo.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 04 de outubro de 2018

15 DIQUINHAS ÚTEIS

 

15 diquinhas úteis

Publicado em português

1.O filho puxou o pai? Puxou ao pai? Puxar alguém é atrair para si, mover: Puxou o filho antes da passagem do trem. Puxou-o com delicadeza.

Puxar a alguém é parecer-se, ter semelhança: O filho puxou ao pai; a filha, à mãe.

*

2. Esporte e desporto convivem em harmonia: Rafa e João são esportistas. Rafa e João são desportistas.

*

3. Quem tem mania de grandeza é megalômano. Ou megalomaníaco. O dicionário abona as duas palavras. A segunda é mais usada. Melhor.

*

4. Bênção ou benção? Tanto faz. Mas o plural muda. De bênção é bênçãos. De benção, benções.

*
5. Atender o telefone? Atender ao telefone? As duas regências cumprem a função de dizer alô: Atendi o telefone. Atendi ao telefone.

*
6. O dicionário registra Olimpíada e Olimpíadas com o mesmo significado. Com qual delas você fica?

*
7. Caixa dois ou caixa 2 – a língua dá nota 10 para as duas. Não está nem aí pra Justiça.

*
8. Apagão e blecaute fazem estragos. Apagam a luz, descongelam o freezer e deixam os noveleiros a ver navios. Valha-nos, Deus!

*
9. Aterrissar e aterrizar dão alegria aos que tremem só de pensar em avião. Os dois verbos significam pousar em terra.

*
10. Que dia é hoje? Há duas respostas. Uma: Hoje são 21 de junho. A outra: Hoje é (dia) 21 de junho.

A maioria dos gramáticos prefere tratar os dias como as horas: São 14h. São 3 de outubro.

Olho vivo, moçada. Preferir não é impor.

*

11. Ter de estudar? Ter que estudar? Modernamente as duas formas são sinônimas: Tenho de sair às 2h. Tenho que sair às 2h.

*
12. Saudade ou saudades. Ciúme ou ciúmes. Sentimento dispensa o plural. Mas, se usar o s, tudo bem. A língua não liga. O incomodado que reclame.

*
13. Cota na universidade? Ou quota? Errar é impossível.

cota, quota,*

14. Alcoólatra e alcoolista são sinônimos. Alcoólico é preferível por ser politicamente correto.

Existem as duas palavras: alcoólatra e alcoolista.

*
15. O personagem ou a personagem? Não faz diferença: o personagem Emília, a personagem Emília; o personagem Pedrinho, a personagem Pedrinho.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 03 de outubro de 2018

O GÊNERO MUDA SIGNIFICADOS

 

O gênero muda significados

Publicado em português

Quem de palavras tem experiência sabe que delas se deve esperar tudo”, repete José Saramago. Tradução: as palavras são enganadoras. Ao menor descuido, entramos na delas. Um dos perigos é o gênero do vocábulo. O masculino tem um significado; o feminino, outro. É o caso de cabeçaO cabeça quer dizer o chefeA cabeça, parte do corpo. É o caso também de capital. O capital significa granaA capital, cidade mais importante do país ou estado.Mais: a moral é o conjunto de regras de conduta ou conclusão que se tira de uma obra (a moral protestante, a moral da história). O moral joga em outro time. É astral, brio: O presidente encontrará o país com o moral alto.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 02 de outubro de 2018

HOUVERAM? NÃOOOOOOOOOO!

 

Houveram? Nãoooooooooo!

Publicado em português

“Acompanhamos todas as tentativas que houveram até aqui”, disse o candidato no debate da tevê. Não satisfeito, completou: “Nós temos consciência da demanda por moradias que não haviam no mercado”. Ops! Baita trombada. Há muito, aliás, o verbo haver causa estragos na fala e na escrita. Lá  longe, no curso primário, nossos professores já diziam: “O verbo haver, no sentido de existir e ocorrer, é impessoal”. O que isso quer dizer?

A maioria dos verbos – comuns, rotineiros, sem charme – é pessoal. Conjuga-se em todas as pessoas (eu, tu, ele, nós, vós, eles). Veja, por exemplo, trabalhar: eu trabalho, tu trabalhas, ele trabalha, nós trabalhamos, vós trabalhais, eles trabalham.

O verbo haver é diferente. Detesta fazer parte de rebanho. Quer ser especial. No sentido de ocorrer e existir, é impessoal. Sem sujeito,  só se conjuga 3a pessoa do singular. Por isso se chama verbo singular.  É o caso dos nossos exemplos: Acompanhamos todas as tentativas que houve (existiram) até aqui. Nós temos consciência da demanda por moradias que não havia (existiam) no mercado.

Por que se faz tanta confusão com essa criatura? Muitos,  com medo de errar, imaginam que o objeto direto é o sujeito, sobretudo se o verbo estiver no passado. Quando se diz “houve poucos distúrbios”, distúrbios não é sujeito, mas objeto direto, ao contrário do que pensam os desavisados. O verbo haver é impessoal, lembre-se.

Contágio

A impessoalidade é contagiosa. Os auxiliares do haver também se tornam impessoais: Deve haver muitos distúrbiosIa haver habitações no mercado. Pode haver briga nas eleições. 

Sempre que se vir tentado a flexionar o verbo haver, pense. No sentido de ocorrer e de existir, ele é invariável, irremediavelmente fiel à  3a pessoa. Por via das dúvidas, risque o houveram do seu vocabulário.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 01 de outubro de 2018

ASCENDÊNCIA E DESCENDÊNCIA: EMPREGO

 

Ascendência e descendência: emprego

Publicado em português

Ascendência é o vínculo da pessoa com as gerações anteriores (pais, avós, bisavós). Descendência é o vínculo da pessoa com as gerações posteriores (filhos, netos, bisnetos): Tenho ascendência italiana. A Justiça declarou infames os descendentes do alferes José da Silva Xavier, o Tiradentes.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 30 de setembro de 2018

COR-DE-ROSA COM HÍFEN. COR DE LARANJA SEM HÍFEN. POR QUÊ?

 

Cor-de-rosa com hífen. Cor de laranja sem hífen. Por quê?

Publicado em português

Segunda começa o Outubro Rosa. A campanha para o combate ao câncer de mama adotou a cor que tradicionalmente simboliza o feminino. Ao divulgá-la, pintou a pergunta. Por que cor-de-rosa se escreve com hífen? E cor de laranja, cor de gelo, cor de marfim dispensam o tracinho?

A reforma ortográfica cassou o hífen de palavras compostas. Entre elas, as composições de dois ou mais vocábulos ligados por preposição, conjunção, pronome. Pé-de-moleque, mão-de-obra, tomara-quecaia se escreviam com hífen. Agora estão livres e soltas — pé de moleque, mão de obra, tomara que caia.

As cores entraram na faxina. Antes, cor-de-laranja, cor-de-carne, cor-de-vinho, cor-de-abóbora, cor-de-creme se grafavam desse jeitinho. Agora, mandaram o tracinho plantar batata no asfalto. Ficaram assim: cor de laranja, cor de carne, cor de vinho, cor de abóbora, cor de creme.

E cor-de-rosa? A reforma citou o trio como exceção. É a exceção que confirma a regra.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 29 de setembro de 2018

EXTREMA DIREITA OU EXTREMA-DIREITA? DEPENDE

 

Extrema direita ou extrema-direita? Extrema esquerda ou extrema-esquerda? Depende

Publicado em português

Olho vivo! A tendência política é livre e solta. Sem hífen: É político de extrema direita, mas já militou na extrema esquerda.

O tracinho tem vez na linguagem futebolística: Uns têm talento pra jogar na extrema-direita; outros, na extrema-esquerda.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 28 de setembro de 2018

TV EM CORES? TV A ACORES?

Tevê em cores? A cores?

Publicado em português

Você  diz transmissão em coresRevista em coresPôster em coresFilme em tecnicolor? Por que discriminar a tevê? Ela joga no mesmo time. A TV é em cores.

E a outra coitada, aquela da qual ninguém quer saber? É isso mesmo: tevê em preto e branco.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 27 de setembro de 2018

POR QUE QUISER SE ESCREVE COM S?

 

Por que quiser se escreve com s?

Publicado em português


Você confunde esses e zês? Todo mundo confunde, não é? Rafael também. Outro dia, ele estava escrevendo um bilhete. Na hora de escrever “se Deus quiser”, pintou a dúvida. Quiser se grafa com s ou z? Perguntou ao irmão. João Marcelo deu a dica. O xis da questão é o nome do verbo. No caso é querer. Em querer não aparece o zê. Então o zê não tem vez em nenhuma forma: eu quis, ele quis, nós quisemos, eles quiseram. Com s. Se eu quiser, se Deus quiser, se nós quisermos, se eles quiserem. Com s. Se eu quisesse, se ele quisesse, se nós quiséssemos. Com s. Que dica, hein? Hoje, Rafael acerta todas.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 26 de setembro de 2018

COLOCAÇÃO DE PRONOMES ÁTONOS: SÓ 2 REGRAS

 

Colocação dos pronome átonos: só 2 regras

Publicado em português

Antes do verbo? Depois do verbo? Xô, decoreba! Xô regras sem fim. Os bons gramáticos concordam que a colocação dos pronomes átonos no Brasil tomou rumos próprios. Reduzem-se a duas regras:

1. Não inicie o período com os pequeninos me, tese, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as.

2. Ponha o pronome sempre na frente do verboDize-me com quem andas e te direi quem és. O visitante se tinha retirado antes da sobremesa. Continuamos a nos exercitar em línguas estrangeiras.

 

A primeira ordem — não iniciar o período com pronome átono — abrange duas situações:

1. A primeira palavra da frase não pode ser o pronome átono: Comunicou-se comigo ontem. (Não: Se comunicou comigo ontem.) Dei-lhe o recado cedo. (Não: Lhe dei o recado cedo.) Revelaram-me o segredo. (Não: Me revelaram o segredo.)

Eis a razão: o pronome átono se chama átono porque é fraquinho. Sem força pra manter-se de pé sozinho, precisa de apoio pra sustentar a oração. Outras palavras lhe servem de encosto — substantivo, pronome, numeral, advérbio. Com elas, podemos fugir da próclise. Basta usá-las como sujeito: Paulo se comunicou comigo ontem. Eu lhe dei o recado cedo. Ambos me revelaram o segredo.

2. Quando ocorre pausa que desampara o pronome, ele vai para trás do verbo. Que pausa? Vírgula ou ponto e vírgula. Compare: Aqui se fala português. (Aqui, fala-se português.) O servidor brigou com o chefe? Não; deu-lhe sugestões.

Olho vivo! Às vezes, a vírgula separa termo intercalado. Viva! Cessa tudo o que a musa antiga canta. O apoio permanece. Está longe, mas sustenta o pequenino como se estivesse juntinho: Maria me telefonou. (Maria, antes de sair de casa, metelefonou.) pai lhe disse que viajaria no fim do ano. (O pai, sem mais nem menos,lhe disse que viajaria no fim do ano.) Talvez se disponha a escrever o artigo. (Talvez, motivada, se disponha a escrever o artigo.) Ele nos comunicou o fato por e-mail logo que recebeu a informação. (Ele, logo que recebeu a informação, noscomunicou o fato por e-mail.)

Atenção

Falamos da norma culta — a exigida em concursos, na escola e no exercício profissional. Na língua descontraída, que veste camiseta e bermuda, vale a norma cantada por Oswald de Andrade no poema “Pronominais”:

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E o mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

da nação brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso, camarada,

Me dá um cigarro.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 25 de setembro de 2018

CONCORDÂNCIA: PARTITIVO

 

Concordância: partitivo

Publicado em português

A maioria dos estudantes participou? Participaram? Ops! Trata-se de um calo da concordância. Olho vivo nas expressões partitivas: parte de, uma porção de, o resto de, a metade de, a maioria de. Quando elas são seguidas de substantivo ou pronome no plural – e só assim – o verbo se esbalda. Pode ir para o singular ou plural:

A maioria das faltas não existiu (o verbo concorda com maioria).

A maioria das faltas não existiram (concorda com faltas).

Metade das frutas apodreceu (concorda com metade).

Metade das frutas apodreceram (concorda com frutas).

Parte dos presentes se manifestou (concorda com parte).

Parte dos presentes se manifestaram (concorda com presentes).

Uma porção deles chegou atrasada. (concorda com porção).

Uma porção deles chegaram atrasados. (concorda com eles).

Armadilhas

Nem sempre os dois números estão presentes. Aí, cessa tudo o que a musa antiga canta. Só há uma resposta:

A maioria da população vai às urnas. (Viu? Maioria é singular. População também.)

A maioria não existiu. (O verbo só pode concordar com maioria.)


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 24 de setembro de 2018

POR QUE CÂNCER SE CHAMA CÂNCER

 

Por que câncer se chama câncer?

Publicado em português

Quem diria! Câncer, há pouco, figurava no rol das palavras mágicas. A simples referência à enfermidade seria capaz de atrair o mal. Daí por que as pessoas recorriam a subterfúgios. Falavam em C.A., doença ruim, aquela doença, etc. e tal. Agora a história muda de enredo.

Graças à informação, o vocábulo circula com a desenvoltura de quem anda pra frente. O Correio Braziliense vai promover debate sobre o assunto na terça-feira. Deu-lhe manchete: “Holofotes sobre o câncer”. Pintou, então, uma curiosidade na cabeça dos leitores: qual a origem da dissílaba que é a segunda causa de mortes no Brasil?

Origem

Por que câncer se chama câncer? Câncer chegou ao português via latim (cancer). Mas a palavra tem outra origem. O vocábulo nasceu grego. Na língua de Aristóteles e Platão, era karkinos. A trissílaba quer dizer caranguejo. O que a doença tem a ver com o crustáceo? A aparência: o desenho das veias da região afetada pela doença lembra … caranguejo.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 23 de setembro de 2018

REPÚBLICA: MAIÚSCULA, MINÚSCULA, ETIMOLOGIA

 

epública: maiúscula, minúscula, etimologia

Publicado em português

República – Inicial maiúscula no sentido de Brasil ou na data comemorativa: o presidente da República, Dia da República, Proclamação da República.

Curiosidade

A palavra república vem do latim res publica (coisa pública). É sistema de governo cujo poder emana do povo, em vez de outra origem como a hereditariedade, os golpes de Estado ou o direito divino, próprios da monarquia, da ditadura e das teocracias.

Modernamente, segundo Roque Antônio Carrazza, entende-se república como “o tipo de governo, fundamentado na igualdade formal das pessoas, em que os detentores do poder político o exercem em caráter eletivo, representativo, transitório, com responsabilidade”.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 22 de setembro de 2018

RÉQUIEM: SIGNIFICADO E CURIOSIDADE

 

Réquiem: significado e curiosidade

Publicado em português

Em campanha eleitoral, pesquisas aparecem a torto e a direito. Candidatos sobrem, candidatos caem. Alguns despencam. Os inimigos não deixam por menos. Ironizam: “Vamos encomendar o réquiem”. Que bicho é esse? É prece para os mortos. Substantivo masculino, escreve-se desse jeitinho.

Curiosidade

Réquiem vem do latim requiem, descanso. É também o nome de uma missa de Mozart. A história é curiosa. Um dia, um desconhecido, que não quis se identificar, lhe encomendou um réquiem para a esposa moribunda. Deu-lhe adiantamento, avisou que voltaria em um mês, recomendou-lhe discrição porque queria fazer crer que fora ele o compositor da peça e… sumiu. Meses depois, apareceu para cobrar a encomenda e sumiu novamente. Mozart, obsessivo com ideias de morte, acreditou que o desconhecido fosse mensageiro do destino. A obra se destinaria ao próprio enterro. Escreveu grande parte do “Réquiem em ré menor”, mas nunca o concluiu. Morreu em 1791. Completado por outros compositores, estreou em Viena dois anos depois. Passou a ser considerado, desde então, uma das maiores peças da música clássica universal. (Até hoje, não se descobriu a identidade do estranho personagem que o encomendou.)

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 21 de setembro de 2018

ESTE, ESSE OU AQUELE?

 

Este, esse ou aquele?

Publicado em português

Os pronomes demonstrativos são versáteis. Têm três empregos:

 

1. indicam situação no espaço:

Este: diz que o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós): esta sala (a sala em que a pessoa que fala ou escreve está); este livro (o livro que temos em mão)

Esse: diz que o objeto está perto da pessoa com quem se fala (você, tu): essa sala (a sala onde está a pessoa com quem falamos ou a quem escrevemos)

Aquele: diz que o objeto está longe da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala: aquele quadro (o quadro está longe das duas pessoas)

 

2. indicam situação no tempo:

Este: tempo presente: esta semana (a semana em curso), este mês (mês em curso), este ano (ano em curso)

Esse / aquele: tempo passado (esse: passado próximo; aquele: passado remoto): Estive em Granada em 1992Nesse (naquele) ano, visitei toda a Andaluzia.

Eis um nó. Como saber se o passado é próximo ou remoto? Depende de cada um. O tempo é psicológico. Uma hora com dor de dente é uma eternidade. Se for à noite, nem se fala. São duas eternidades.

 

3. indicam situação no texto (é o caso que oferece maior dificuldade):

Este: exprime referência posterior (anuncia-se o fato que será referido depois): O presidente  disse esta frase: “’Nossa política não é fazer de conta que podemos crescer”.

Reparou? A frase é anunciada: “disse esta frase”. Depois, expressa: “Nossa política não é fazer de conta que podemos crescer”.

Veja outro exemplo: O comentarista fez esta pergunta: “Lula, mito ou blefe?” (a pergunta é anunciada: “fez esta pergunta”, depois, formulada).

Esse: referência posterior (o fato é referido antes; depois, retomado):

“Nossa política não é fazer de conta que podemos crescer.” Essa frase foi dita pelo presidente da República.

“Bolsonaro, mito ou blefe?” O artigo que responde a essa pergunta está transcrito na edição de hoje do jornal.

Ao indicar situação no texto, siga este conselho. Na dúvida, use esse. Você tem 90% de chance de acertar.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 20 de setembro de 2018

PLEONASMOS: EM ORDEM ALFABÉTICA

 

Pleonasmos: relação em ordem alfabética

Publicado em português

A novela é antiga como o rascunho da Bíblia. A prova está na etimologia da palavra. Pleonasmo vem do grego. Lá e cá mantém o significado. É a redundância de termos, a superabundância. Como sobremesa em excesso, enjoa. É o caso de de subir pra cima, descer para baixo, entrar pra dentro, sair pra fora. Só se entra pra dentro, só se sai pra fora, só se sobe pra cima, só se desce pra baixo. Entrar, sair, subir e descer são suficientes. Dão o recado. Exemplos de abusos não faltam. São tantos que os apresentamos em ordem alfabética. Como livrar-se do desperdício?É fácil. Basta tirar a palavra que está entre parênteses.

A

Abertura (inaugural)

Abusar (demais)

Acabamento (final)

(Ainda) continua, se mantém

Além…(também)

Almirante (da Marinha)

Alvo (certo)

Amanhecer (o dia)

Assessor direto (não existe indireto)

A seu critério (pessoal)

Avançar (pra frente)

A razão é (porque)

B

Brigadeiro (da Aeronáutica)

C

Cale (a boca). Diga “cale-se”.

Certeza (absoluta)

Colaborar (com uma ajuda)

Comparecer (pessoalmente)

Com (absoluta) correção

Como (por exemplo)

Compartilhar (conosco)

(Completamente) vazio

Comprovadamente (certo)

Consenso (geral)

Continua a (permanecer)

Continua (ainda)

Conviver (junto) com

Criar (novo)

D

(Demasiadamente) excessivo

Descer (pra baixo)

Destaque (excepcional)

De sua (livre) escolha

Detalhes (minuciosos)

E

Elo (de ligação)

Em duas metades (iguais)

Empréstimo (temporário)

Encarar (de frente)

Entrar (pra dentro)

Epílogo (final)

Erário (público)

Escolha (opcional)

Estrear (novo)

Estrelas (do céu)

Eu (particularmente)

Exceder (em muito)

Experiência (anterior)

Exultar (de alegria)

F

Fato (real)

Frequentar (constantemente)

G

Ganhar (grátis, de graça)

Goteira (do teto)

Gritar (alto)

H

Há … atrás

Habitat (natural)

I

Individualidade (inigualável)

J

Já… mais (já não faz (mais) isso; não faz mais isso)

Jantar de noite

(Juntamente) com

L

Labaredas (de fogo)

Lançar (novo)

Luzes (acesas) — as lâmpadas é que estão acesas ou apagadas

M

Manter (a mesma)

Medidas extremas (de último caso)

Minha opinião (pessoal)

Monopólio (exclusivo)

Multidão (de pessoas)

N

Número (exato)

O

Obra-prima (principal)

(Outra) alternativa

P

País (do mundo)

Panorama (geral, amplo)

Particularmente (do meu ponto de vista)

Passatempo (passageiro)

(Pequenos) detalhes

Planejar (antecipadamente)

Planos (para o futuro)

Pode (possivelmente ocorrer)

Pôr algo em seu (próprio) lugar

Pôr algo em seu (respectivo) lugar

Preconceito (intolerante)

Prevenir (antes que aconteça)

Propriedade (característica)

R

Relações bilaterais (entre dois países)

Repetir (de novo): se for mais de uma vez

Retroceder (pra trás)

Retornar (de novo)

S

Sair (pra fora)

Sentido (significativo)

Seu (próprio)

Sintomas (indicativos)

Sorriso (nos lábios)

Subir (pra cima)

Sugiro (conjecturalmente)

Superavit (positivo)

Surpresa (inesperada)

T

(Terminantemente) proibido

Todos foram unânimes (Todos indica unanimidade. É melhor: todos concordaram. A decisão foi unânime)

(Totalmente) lotado

U

Última versão (definitiva)

V

Vandalismo (criminoso)

Vereador (da cidade)


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 19 de setembro de 2018

CRASE: NÃO USE O ACENTO

 

Crase: não use o acento

Publicado em português

1. antes de nome masculino. Crase é o casamento de dois aa. Um deles é a preposição. O outro, o artigo. Ora, o pequenino a só tem vez antes de nome feminino. O machinho pede o: Bebê a bordo. Saiu a todo vapor.

2. com palavras repetidas: cara a cara, uma a uma, gota a gota, face a face, semana a semana, frente a frente.

3. antes dos pronomes pessoal, indefinido e os demonstrativos esta, essa: Dirigiu-se a esta funcionária. Confessou a ela as trapaças que havia feito. Saiu a toda. É honesto a toda prova. Aplaudia o funcionário a cada etapa vencida. Assistiu a algumas cenas do filme. O assessor fala com o presidente a qualquer hora.

4. com o a no singular seguido de nome plural: Assistiu a reuniões durante o dia. Falou a professoras presentes ao evento. Vai a cidades sugeridas no roteiro. Conseguiu o emprego a duras penas.

5. com o casalzinho de…a: Trabalho de quarta sexta. Viajo de segunda segunda. De quarta sexta, faço plantão.

6. antes de nome de cidade: Chegou a Brasília. Bem-vindo a São Paulo. Vou a Lisboa, a Paris e a Roma.

7. antes da locução a distância (sem especificação): Siga-a discretamente, a distância. A universidade oferece cursos a distância. A distância todos os gatos são pardos. (Se a distância for determinada, o acento tem vez: Segui Maria à distância de mais ou menos 100m. Os sem-terra marchavam à distância de um quilômetro.)

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 18 de setembro de 2018

RATIFICAR E RETIFICAR: DIFERENÇA

 

Ratificar e retificar: diferença

Publicado em português

Ratificar = confirmar. Retificar = modificar: O governo ratifica o acordo. A locadora retificou o contrato.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 17 de setembro de 2018

HÍFEN: PREFIXO RE (JAMAIS)

 

Hífen: re-

Publicado em português

Olho vivo, moçada. O prefixo re- nunca aceita hífen: reaver, reeleger, reler.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 16 de setembro de 2018

IR: REGÊNCIA

 

Ir: regência

Publicado em português

Ir a indica deslocamento breve. Quem vai a algum lugar está passeando ou trabalhando. Volta em pouco tempo: Vou ao clube. Paulo vai ao cinema. Nós vamos à praia. Vou ao shopping fazer compras.

 Ir para anuncia deslocamento longo. Em geral implica mudança. Ir para não mais voltar. Ou não voltar logo. É o caso da nossa famosa frase “Vá para o inferno”. Em outras palavras: vá e fique por lá. Não volte.

Lembra-se do poema de Manuel Bandeira? Vou-me embora pra Pasárgada. / Lá sou amigo do rei. Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei.

Maria foi para Miami (está morando lá). Carlos resolveu mudar de vida: vai para o interior. Valéria  foi para Nova York há anos. Paulo não conseguiu pagar o aluguel. Foi para a casa dos pais.

No sentido de recolher-se, também se usa paraVou para casa às 7 horas. Criança deve ir para a cama antes dos pais.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 15 de setembro de 2018

PODEM-SE CITAR EXEMPLOS? PODE-SE CITAR EXEMPLOS?

 

Podem-se citar exemplos? Pode-se citar exemplos?

Publicado em português

Eta construção que incomoda! Parece um calo no pé. É a passiva com se. Nas orações em que aparece o pronome apassivador se, facilmente se cometem erros. Para não entrar em fria, há um macete: construa a frase com o verbo ser. Se ele for para o plural, o verbo da frase com se também irá. Caso contrário, nada feito.

Veja exemplos do troca-troca:

Não se combatem verdades com inverdades. (Verdades não são combatidas com inverdades.)

Procuram-se datilógrafos. (Datilógrafos são procurados.)

Vende-se esta casa. (Esta casa é vendida.)

Podem-se citar  exemplos. (Exemplos podem ser citados.)

Pode-se citar um caso. (Um caso pode ser citado.)

Devem-se mencionar três episódios. (Três episódios devem ser mencionados.)

Deve-se mencionar o episódio principal. (O episódio principal deve ser mencionado.)

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 14 de setembro de 2018

TODOS OS DOIS? NÃOOOOOOOOO!

 

Todos os dois? Nãooooooooo!

Publicado em português

todo tem alergia ao numeral dois. Todos os dois? Nem pensar. É espirro pra todos os lados. Você tem saídas. Uma: diga os dois. Outra: fique com ambosOs dois saíram felizes. Ambos saíram felizes.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 13 de setembro de 2018

RIR: CONJUGAÇÃO

 

Rir: conjugação

Publicado em português

Rir é gozador. Ri de nós. Em razão do “eu rio”, as pessoas pensam que ele é defectivo. Que teria falta de pessoas, tempos ou modos. Nada disso. O boa-vida é completinho da silva. Mas é irregular. Foge ao modelo da 3ª conjugaçã. Eis o senhor rir. Ria com ele: eu rio, tu ris, ele ri, nós rimos, vós rides, eles riem; eu ri, ele riu, nós rimos, eles riram; que eu ria, você ria, nós ríamos, eles riam; se eu rir, nós rirmos, eles rirem. E por aí vai.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 12 de setembro de 2018

COM VISTA A? COM VISTAS A?

 

Com vista a? Com vistas a?

Publicado em português

Tanto faz. O dicionário registra as duas formas. Uma e outra significam a fim de, com o objetivo de. A escolha fica por sua conta: Remeteu o processo ao Ministério Público com vistas (ou com vista) à elaboração de parecer.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 11 de setembro de 2018

AO NÍVEL DE - EM NÍVEL DE: SIGNIFICADO E EMPREGO

 

Ao nível de / em nível de: significado e emprego

Publicado em português

As locuções ao nível de em nível de são parecidas, mas não se conhecem nem de elevador:

Ao nível de significa à mesma alturaSantos está ao nível do mar. Meu cargo está ao nível do cargo de diretor.

Em nível de tem os sentidos de em instânciano âmbitoparidadeA decisão foi tomada em nível de diretoria. O consenso só será possível em nível político. Faço um curso em nível de pós-graduação.

Olho vivo:

O português contemporâneo gosta do texto enxuto. Excessos não têm vez com ele. Em muitos casos, o em nível de sobra. Quer ver? A decisão foi tomada pela diretoria. Faço um curso de pós-graduação.

A nível de? Cruz-credo! A dupla não existe. É praga. Xô!


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