Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 01 de julho de 2022

VINÍCIUS ESCREVEU (SOBRE FILHOS)
 

Vinicius escreveu

“Filhos… Filhos?

Melhor não tê-los.

Mas se não os temos

Como sabê-lo?”

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 30 de junho de 2022

FIAT LUX – PARIR
 

Fiat lux - Parir

 

 
“Parirás com dor”, disse o Todo-Poderoso. Antes de falar, pensou duas vezes. Tinha ouvido falar nas manhas do verbo parir. Queria respeitá-las. Puxou da memória. Fiat lux! Tudo ficou claro. Parir, embora não pareça, tem todas as pessoas. Mas algumas são bem esquisitas.
 

O xis da questão é o presente do indicativo. A primeira pessoa é “eu pairo”. Já imaginou? Confunde-se com o verbo pairar. Uma grávida voando pode dar confusão. Saída: só se usam as formas em que o r é seguido de i: parimos, paris, pari, pariram, paria, paríamos, parirei, pariria, parisse, parirmos.
 
E por aí vai.

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 29 de junho de 2022

VÍRGULA ANTES DO E
 

vírgula antes do e

“Os artistas não cobram pela mão de obra, e a paciente arca apenas com os custos do material utilizado”, escrevemos na pág. 24. Viva! Justifica-se a vírgula antes do e. A conjunção liga orações com sujeitos diferentes. Se o período for lido rapidamente, pode dar a impressão de que os artistas não cobram pela mão de obra e a paciente. O sinalzinho de pontuação evita a confusão. É bem-vindo.

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 28 de junho de 2022

VÍRGULA, POR JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO
 

José Cândido de Carvalho ensinou

“A vírgula não foi feita pra humilhar ninguém.”

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 27 de junho de 2022

INDICAÇÕES-CHAVE OU INDICAÇÕES-CHAVES?
Indicações-chave ou indicações-chaves?
Ambos os plurais estão corretos. Em indicações-chave, há uma expressão oculta: indicações (que servem de) chave. Com um ou outro, a alternativa é acertar, ou acertar.

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 26 de junho de 2022

LATINO – HÍFEN E CURIOSIDADES
 

Latino — hífen e curiosidades

Latino é quem ou o que provém da América Latina, reunião dos países americanos cujos habitantes falam espanhol ou português. Mas a ideia de América Latina costuma ser associada ao conjunto de países americanos situados ao sul dos Estados Unidos. Por isso, fala-se de América Latina e das Caraíbas como unidade. Aí entram no grupo nações como a Guiana, o Suriname e o Belize. Já a palavra ladino, da mesma raiz, significa esperto, finório, ardiloso, astuto.

Latino pede hífen na formação de adjetivos compostos (latino-americano, latino-eclesiástico, latino-eslavo, latino-helênico) e quando seguido de h e o. Nos demais casos, fica colado: latinofobia, latinofilia, latinomania.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 25 de junho de 2022

REMÉDIO PARA OU CONTRA? DEPENDE.
 

Remédio para ou contra? Depende.

Atenção à regência. Remédio para ajuda o funcionamento de um órgão (remédio para o fígado, o coração, os pulmões). Remédio contra combate uma doença: remédio contra a gripe, contra a bronquite, contra a dor de cabeça.

Olho vivo! Trocar as preposições pode custar caro. Dizer “preciso tomar um remédio pra gripe”? Valha-nos, Senhor. A gripe ganha forças.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 24 de junho de 2022

JUNTAMENTE COM – BASTA COM

 

Juntamente com — basta com

O desnecessário sobra. Basta comO diretor, com (não: juntamente com) os professores e coordenadores, participou da solenidade de entrega dos prêmios.

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 23 de junho de 2022

ARTIGO – TODOS OU ALGUNS

 

Artigo — todos ou alguns

 

Ser claro é obrigação de quem escreve. O artigo definido se presta a confusão de significados. Dobre a atenção ao usá-lo. Ao dizer “os estudantes da UnB aderiram à greve”, englobam-se todos os estudantes. Se não são todos, dispensa-se o artigo: Estudantes aderiram à greve. 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 22 de junho de 2022

NÃO À FORMA NEGATIVA - SIM À POSITIVA.
 

Não à forma negativa. Sim à positiva

não provoca arrepios. Talvez por lembrar repressões da infância. Não faça isso, não faça aquilo. Não pode isso, não pode aquilo. Os nãos acompanham a pessoa vida afora. Mas ninguém os ama, ninguém os quer. Muitos preferem mantê-los no esquecimento. Por isso a forma positiva ganha banda de música e tapete vermelho. A regra é dizer o que é, não o que não é. Não ser pontual é ser impontual. Não lembrar é esquecer. Não assistir à aula é faltar à aula. Não mentir é falar a verdade. Não duvidar é ter certeza. Não fazer mudanças na equipe é manter a equipe. Não votar o projeto hoje é adiar a votação.

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 21 de junho de 2022

CONDOLÊNCIAS & CIA. – NÚMERO E CONCORDÂNCIA
 

Condolências & cia. — número e concordância

O substantivo condolências se usa sempre no plural: Assinou o livro de condolências. Vai apresentar condolências à família.

Outras palavras jogam no time de condolências.  É o caso de anais, antolhos, cãs,  exéquias, férias, fezes, núpcias, óculos, olheiras, pêsames, víveres. Os naipes do baralho também entraram na onda (dama de copas, rei de espadas, dois de ouros, nove de paus). Artigos, adjetivos, pronomes e verbos a elas relacionados vão atrás. Concordam com elas: As férias escolares estão mais curtas ano após ano. Felizes férias, moçada! Apresentou os pêsames à família. Você viu meus óculos escuros? Só encontro os de grau.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 20 de junho de 2022

VÍRGULA – CONJUNÇÃO E (1)
 

Vírgula — conjunção e (1)

 

Na separação dos termos compostos, o e brinca de esconde-esconde. Ora aparece. Ora some. É capricho? Não. Ele manda um recadinho aos leitores. Examine as duas frases:

Na feira, comprei laranja, pera, maçã, abacate e figo.

Na feira, comprei laranja, pera, maçã, abacate, figo.

Reparou? A presença do e diz: comprei só as frutas enumeradas. Nenhuma mais. A ausência do ezinho significa que comprei outras frutas além das citadas. Funciona como o etc.

Dica: o etc. é recurso de preguiçoso. Sem ele, a frase fica mais elegante. Mande-o pras cucuias.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 19 de junho de 2022

IMPLICAR – REGÊNCIA
 

Implicar: regência

O verbo implicar tem três empregos. Em dois, ninguém tem dúvida:

1. Na acepção de ter implicância, pede a preposição com: O diretor implicou com ele.

2. Na de comprometerenvolver, é a vez do em: A secretária implicou o chefe no escândalo.

   A dúvida surge no significado de produzir como consequência. Aí, implicar implica e complica. O verbo parece, mas não é. No sentido de acarretar consequências, o malandro é transitivo direto. Não suporta a preposição emAutonomia também implica responsabilidade. Deflação implica recessão. Aumento da taxa de juros implica crescimento do deficit público.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 18 de junho de 2022

GRIPE – ETIMOLOGIA E HUMOR
 

Gripe — etimologia e humor

Que medão! A gripe veio furiosa. Está levando adultos e crianças para o outro mundo. O que fazer? Melhor prevenir que remediar. Ou morrer. Hoje, começa a vacinação contra a gripe. Vamos lá?

Por falar em gripe…

O nome da doença que dá moleza, dor no corpo, febre e rouba o apetite vem do francês. Gripper, na língua de Cervantes, quer dizer agarrar. O verbo sugere o jeito de o vírus agir nas pessoas acometidas pela enfermidade infecciosa.

Humor à solta

Dois baianos se encontram. Um estava fora do estado. Ao voltar, perguntou pro amigo:

— Como está a gripe na Bahia?

— Empatada: H1N1.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 17 de junho de 2022

ANIVERSÁRIO DE 58 ANOS - PLEONASMO
 

Aniversário de 58 anos — pleonasmo

Brasília completou 58 anos. Bandas de música e tapetes vermelhos não faltaram. Abusos tampouco. No calor dos festejos, lá estava: “A capital comemora o aniversário de 58 anos”. Valha-nos, Deus! Xô, redundância! Aniversário contém a palavra ano. Significa dia em que se somam 12 meses que se deu certo acontecimento. Aniversário dispensa ano. Ano dispensa aniversário. Em bom português: Brasília comemorou 58 anos. Brasília comemorou o 58º aniversário.

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 16 de junho de 2022

21 DE ABRIL - LETRA MAIÚSCULA
 

21 de Abril — letra maiúscula

Atenção, gente fina. O nome do mês é substantivo comum. Escreve-se com a inicial pequenina: janeiro, fevereiro, março, abril.

Mas, quando se refere a data comemorativa, o mês entra em outra equipe. Torna-se substantivo próprio: 21 de Abril, 1º de Maio, 7 de Setembro.

Olho vivo! O nome dos meses se escreve com inicial minúscula. O dos dias da semana também: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo.

O plural dos meses e dos dias da semana? É fácil como andar pra frente ou tirar chupeta de bebê. Basta acrescentar um s: janeiros, fevereiros, marços, abris; segundas-feiras, quintas-feiras, sábados, domingos.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 15 de junho de 2022

APESAR DE - APESAR DO – EMPREGO E PONTUAÇÃO
 

Apesar de / apesar do — emprego e pontuação

A locução apesar de dá ideia de concessão. Abre uma brecha na declaração principal, mas não adianta nada. As coisas ficam na mesma. Quer ver?

Apesar de estudar muito, não passou no concurso.

Viu? Ele estudou (é a concessão). Não conseguiu passar (declaração principal).

*

Na vida do apesar de há um problema. É a fraqueza da carne. A preposição de não resiste aos encantos do artigo. Basta haver um por perto e pronto. Ela se amiga com ele: Apesar do feriado, o comércio abriu. Estamos todos salvos apesar dos pesares. Meu time ganhou partida apesar da bravura do adversário.

Só num caso eles não se juntam. É quando o artigo faz parte do sujeito. Aí vai um pra lá, outro pra cá. Os dois nem se olham. Por quê? O sujeito tem alergia à preposição: Apesar de o governo (sujeito) negar, corremos risco de enfrentar uma senhora recessão. Apesar de a TV anunciar, o programa não foi ao ar.

*

Reparou na vírgula? Se a oração concessiva (iniciada pelo apesar de) estiver na frente da outra (a principal), vem separada por vírgula. Caso contrário, não: Apesar de vir de ônibus, chegou cedo ao encontro. Chegou cedo ao encontro apesar de vir de ônibus.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 14 de junho de 2022

MADRE SUPERIORA - ESCOLA SUPERIOR: O PORQUÊ DO FEMININO E DO MASCULINO
 

Madre superiora / escola superior: o porquê do feminino e masculino

Por que se diz madre superiora, mas escola superior? Madre e escola são nomes femininos. Mas o segundo adjetivo é masculino.Vamos combinar? Osuperiora joga claro. Refere-se a madre. O superior brinca de esconde-esconde. Entre o nome e o adjetivo, está a locução “de nível”: escola (de nível) superior, instituição (de nível) superior, mercadoria (de nível) superior.

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 13 de junho de 2022

DEVENDO SEREM - CORRETO?
 

Devendo serem — correto?

Está correta a frase “… devendo os bens comuns serem partilhados exclusivamente entre os descendentes”? Não. O xis da questão é devendo… serem… Trata-se de locução verbal. Ser é o verbo principal. Dever, o auxiliar. No caso, a língua apela para a lei do menor esforço. Só o auxiliar se flexiona. O companheiro fica no infinitivo: … devendo os bens comuns ser partilhados exclusivamente entre os descendentes.

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 12 de junho de 2022

ÍDOLA? NÃOOOOOOOOOO!
 

dola? Nãoooooooooo!

Ídolo só tem um gênero: Ele é meu ídolo. Ela é meu ídolo. Eles são meus ídolos. Elas são meus ídolos.

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 11 de junho de 2022

MAS OU MAIS – EIS A QUESTÃO
 

Mas ou mais — eis a questão

Parecido não é igual. Mais e mas têm alguma semelhança. Mas não se conhecem nem de elevador:

Mais é o contrário de menosTrabalho mais (menos) que ele. Se pudesse, comeria mais (menos). Carla é mais (menos) bonita que Beatriz.

Mas quer dizer porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto: Trabalho muito, mas o salário é sempre mais curto que o mês. Estudei pouco, mas tirei a melhor nota do concurso. Comemos doces à beça, mas não engordamos.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 10 de junho de 2022

TODO MUNDO - TODO O MUNDO: DIFERENÇA
 

Todo mundo / todo o mundo: diferença

O artigo é pequeno. Mas faz senhora diferença. Veja, por exemplo, todo mundo e todo o mundo:

Todo mundo é forma coloquial. Significa todosTodo mundo aplaudiu o convidadoTodo mundo considerou o discurso realista. Nem Cristo agradou a todo mundo.

*

Todo o mundo quer dizer o mundo inteiroPassou a vida viajando. Conhece todo o mundo. O sonho da Vera é conhecer todo o mundo. Será possível? Talvez precise morar em aviões e aeroportos.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 09 de junho de 2022

FREI OU FRADE: QUANDO USAR
 

Frei e frade: quando usar

Frei é forma reduzida de frade. Usa-se só antes do nome singular (nunca do sobrenome): frei Carlos, frei Daniel.

Frade se usa com sobrenome, mais de um nome ou na segunda referência: Falei com o frade Castro. Referiu-se aos frades Carlos e Daniel. O frade saiu.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 08 de junho de 2022

REPÚBLICA, MAIÚSCULA, MINÚSCULA, ETIMOLOGIA E SIGNIFICADO
 

República: maiúscula, minúscula, etimologia e significado

Publicado em português

Inicial maiúscula no sentido de Brasil ou na data comemorativa: o presidente da República, Dia da República, Proclamação da República. Mas: a república dos estudantes.

Curiosidade

A palavra república vem do latim res publica (coisa pública). É sistema de governo cujo poder emana do povo, em vez de outra origem como a hereditariedade, os golpes de Estado ou o direito divino, próprios da monarquia, da ditadura e das teocracias. Modernamente, segundo Roque Antônio Carrazza, entende-se república como “o tipo de governo, fundamentado na igualdade formal das pessoas, em que os detentores do poder político o exercem em caráter eletivo, representativo, transitório, com responsabilidade”.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 07 de junho de 2022

TODA PODEROSA? NÃOOOOOOOOOOO!
 

Toda-poderosa? Nãooooooooooo!

Sabia? Todo costuma mudar de classe. Deixa de ser pronome e se bandeia pro time dos advérbios. Aí, não dá outra. Com o sentido de totalmente, torna-se invariável — sem feminino, masculino, singular ou plural: o todo-poderoso, os todo-poderosos, a todo-poderosa, as todo-poderosas.

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 06 de junho de 2022

TEMPESTIVO E INTEMPESTIVO: QUESTÃO DE TEMPO
 

Tempestivo e intempestivo: questão de tempo

Tempestivo e intempestivo não têm relação com temperamento. Pertencem à família do substantivo tempo:

Tempestivo = que vem ou sucede no tempo devido, oportuno: O advogado apresentou o recurso tempestivamente (no prazo).

Intempestivo = fora do tempo próprio, inoportuno; súbito, imprevisto:  Manifestou-se intempestivamente.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 05 de junho de 2022

EU O CUMPRIMENTO? EU LHE CUMPRIMENTO?
 

Eu o cumprimento? Eu lhe cumprimento?

 

Cumprimentar é verbo queridinho da  correspondência. Cartas, ofícios, memorandos? Lá está ele. Pega bem, pois, tratá-lo bem.

Cumprimentar rejeita intermediários. É transitivo direto – a gente cumprimenta alguém (não: a alguém): Eu cumprimento João. João cumprimenta Rafael. O diretor cumprimenta você.

Na substituição do nome pelo pronome, é a vez do o ou a. (Nada de lhe): Eu o cumprimento. Tenho a honra de cumprimentá-lo. Você as cumprimentou? Quero cumprimentá-las pela nota.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 04 de junho de 2022

CONCORDÂNCIA: PERCENTAGEM
 

Concordância: percentagem

A concordância com percentagem dá nó nos miolos. Mas é fácil como andar pra frente:
  1. Com o número anteposto ao verbo, prefere-se a concordância com o termo posposto: Quinze por cento da população absteve-se de votar. Cerca de 1% dos votantes tumultuaram o processo eleitoral.

2. Com o número percentual determinado por artigo, pronome ou adjetivo, não há alternativa. A concordância se fará só com o numeral: Os 10% restantes deixaram para votar nas primeiras horas da tarde. Uns 8% da população economicamente ativa ganham acima de 10 mil dólares. Este 1% de indecisos decidirá o resultado. Bons 30% dos candidatos faltaram à convocação.

3. Com o número percentual posposto ao verbo, a concordância se faz obrigatoriamente com o numeral: Abstiveram-se de votar 30% da população. Tumultuou o processo 1% dos candidatos inconformados com a flagrante discriminação.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 03 de junho de 2022

AO NÍVEL DE E EM NÍVEL DE: QUANDO USAR
 

Ao nível de e em nível de: quando usar

 

Ao nível de significa à mesma alturaSantos está ao nível do mar.

Em nível de tem os sentidos de em instância, no âmbito, paridade, igualdade: A decisão foi tomada em nível de diretoria. O consenso só será possível em nível político. As duas chefias estão em nível presidencial.

A nível de não existe. É praga.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 02 de junho de 2022

AO ENCONTRO? DE ENCONTRO?
 

Ao encontro? De encontro?

 

Ao encontro de quer dizer em favor de ou na direção deO projeto veio ao encontro de seus interesses. O resultado das eleições pareceu-lhe vir ao encontro das ambições do prefeito. Caminhou ao encontro do filhoDe encontro a significa contra, em sentido contrário aO carro foi de encontro à árvore. O projeto vai de encontro às pretensões do governador.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 01 de junho de 2022

CRASE: MACETE DOS CASAIS
 

Crase: macete dos casais de…a, da…à

A língua copia a vida. Lá e cá existem os casais. O que acontece com um acontece com o outro. Se um par tem preposição, o outro vai atrás.

De segunda a sexta.

De é preposição pura. A só pode ser preposição pura. Em ambas o artigo não tem vez:

Trabalho de quarta a sexta.

A farmácia faz entregas de segunda a sábado.

Vejo tevê de domingo a domingo.

*

Da rodoviária à quadra comercial.

Da é combinação da preposição de com o artigo a. O à vai atrás. O acento serve de  prova da fusão.

Mais exemplos

Li da página 8 à página 12.

O expediente é de segunda a sexta, das 8h às 18h30.

Trabalho das 14h às 18h.

Atenção, gente fina. Às vezes, a preposição de vem casadinha com o artigo o. O sexo não muda a regra. O segundo par mantém a fidelidade:

Viajei do Paraguai à França.

Fui de carro do Rio à Paraíba.

Corri do aeroporto à rodoviária.

 Olho na traição

Misturar o par de um com o de outro gera deformações. São os cruzamentos. É como casar girafa com elefante. Já imaginou o pobre filhote? Eis um monstrinho:

Horário do expediente: de segunda a sábado, de 7h30 às 20h.

 Reparou? O primeiro casalzinho (de…a) merece nota mil. O segundo juntou o parceiro de um par com o parceiro de outro. Xô! A forma bem-amada é: das 7h30 às 20h.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 31 de maio de 2022

CRASE: 3 PASSOS PARA ACERTAR SEMPRE
 

Crase: 3 passos para acertar sempre

Ferreira Gullar disse que a crase não foi feita pra humilhar ninguém. Pode ser. Mas que dá nó nos miolos, isso dá. Como desatá-lo? É fácil como andar pra frente.

Primeiro passo: desvendar o segredo do acentinho

Crase é como aliança no dedo esquerdo. Avisa que estamos diante de ilustre senhora casada. A preposição a se encontra com outro a. Pode ser artigo ou pronome demonstrativo. Os dois se olham. O coração estremece. Aí, não dá outra. Juntam os trapinhos e viram um único ser.

Segundo passo: descobrir se existem dois aa

Para que a duplinha tenha vez, impõem-se duas condições. Uma: estar diante de uma palavra feminina. A outra: estar diante de um verbo, adjetivo ou advérbio que peçam a preposição a:

Vou à escola das crianças.

O verbo ir pede a preposição a (a gente vai a algum lugar).

O substantivo escola adora o artigo (a escola das crianças).

Resultado: a + a = à

 

João é fiel à namorada.

O adjetivo fiel reclama a preposição a (a gente é fiel a alguém).

Namorada se usa com artigo (a namorada de João).

Resultado: a + a = à

 

Relativamente à questão proposta, nada posso informar.

O advérbio relativamente exige a preposição a (relativamente a alguém ou a alguma coisa).

Questão pede o artigo a (a questão ainda não tem resposta)

Resultado: a + a = à

 

Terceiro passo: recorrer ao macete

Na dúvida, peça ajuda ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. (Não precisa ser sinônima.) Se no troca-troca der ao, é crase na certa:

Vou à escola. Vou ao clube.

João é fiel à namorada. Carla é fiel ao namorado.

Relativamente à questão, nada posso fazer. Relativamente ao problema, nada posso fazer.

Vou a duas reuniões programadas. Vou a dois encontros programados.

Vou às duas reuniões programadas. Vou aos dois encontros programados.

 

Vale a pergunta. Se é tão simples, por que tantos tombam tanto? Acredite. A resposta está no artigo. Nossa dificuldade não reside na preposição, mas no saber se aparece artigo ou não. É o caso de nome de cidades, estados, países ou pessoas, dos pronomes possessivos, de palavras repetidas. E por aí vai.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 30 de maio de 2022

SIGLAS: COMO ESCREVÊ-LAS
 

Siglas: como escrevê-las

As siglas não dão folga. Você abre o jornal, lá estão elas. Liga a tevê, não dá outra. Conversa com os amigos, as danadinhas aparecem. É ONU pra cá, PT pra lá, PM, UTI, Embratur pracolá. O Programa de Aceleração do Crescimento perdeu o tamanhão original. Virou PAC.

Até as pessoas se transformam em siglas. É o caso de FHC. Fernando Henrique Cardoso governou o Brasil de 1994 a 2002. Em oito anos, fez e aconteceu. ACM também virou sigla. Antônio Carlos Magalhães, o rei da Bahia, era temido no estado e fora dele.

Se as siglas fazem parte da vida, não adianta bancar o cego. O jeito é aprender a lidar com elas. Como escrevê-las? Todas as letras maiúsculas? Com ponto ou sem ponto entre as letras? Com o s de plural ou não? Gramáticas não se preocupam com o assunto. O problema caiu no colo de jornais e revistas. Eles ditam normas.

Use todas as letras maiúsculas:

1. se a sigla tiver até três letras: Organização das Nações Unidas (ONU), Caixa Econômica Federal (CEF), Ministério da Educação (MEC), unidade de terapia intensiva (UTI), Polícia Militar (PM), Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).

2. se todas as letras forem pronunciadas: Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS),  Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Nos demais casos, só a inicial é grandona: Departamento de Trânsito (Detran), Organização dos Produtores Exportadores de Petróleo (Opep), Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Departamento Nacional do Trânsito (Denatran).

Atenção, gente fina. Escreva os serezinhos sem ponto. Se estiverem no plural, o s  minúsculo pede passagem: PMs, Detrans, UTIs.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 29 de maio de 2022

SEU E SUA: QUANDO É PROIBIDO USAR
 

Seu e sua: quando é proibido usar

 

Certas palavras rejeitam o possessivo. Aproximá-los é briga certa. Evite confusões. Não o use com:

  1. as partes do corpo: Na batida, quebrou a perna (nunca sua perna). Arranhou o rosto. Fraturou os dedos.
  2. os objetos de uso pessoal: Calçou os sapatos (não seus sapatos). Pôs os óculos. Vestiu a saia.
  3. as qualidades do espírito: Perdeu a consciência (não sua consciência). Mudou a mentalidade. Alterou o comportamento.

Dica: em 90% dos casos, o possessivo é desnecessário. Se é desnecessário, sobra: Paulo fez a (sua) redação. Pegou o (seu) jornal. Perdeu as (suas) chaves.

É isso. Escrever é cortar. Ou trocar.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 28 de maio de 2022

CRIANÇA MEIO DOENTE? MEIA DOENTE?
 

Criança meio doente? Meia doente?

Meio-dia e meia? Meio-dia e meio? Criança meio adoentada? Criança meia adoentada? A dúvida tem diagnóstico. É a confusão entre adjetivo e advérbio. Adjetivo é variável. Advérbio, invariável. Como identificar um e outro? A tarefa é fácil como andar pra frente.

O adjetivo é mutável. Tem feminino, masculino, singular e plural. Subordinado ao substantivo, concorda com o chefão em gênero e número: menino alto, meninos altos; menina alta, meninas altas; meio quilo, meios quilos; meia verdade, meias verdades; meio melão, meios melões.

O advérbio joga em outro time. Para ele não existe gênero nem número. No caso, meio acompanha o adjetivo. Quando aparece, quer dizer um tanto, mais ou menos: Maria anda meio (um tanto) chateada. O ministro anda meio (um tanto) desaparecido da mídia. Deixe as portas meio (mais ou menos) abertas.

Macete

Pintou a dúvida? Pare e pense. Na frase, meio joga em que time — quer dizermetade ou um tanto? Se metade, é adjetivo. Dança conforme a música do substantivo. Se um tanto, é advérbio. Mantém-se imutável, indiferente ao feminino, masculino, singular ou plural: A senadora saiu ao meio-dia e meia (hora) meio (um tanto) aborrecida.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 27 de maio de 2022

ASCENSÃO E ASSUNÇÃO: EMPREGO
Ascensão e assunção: emprego
Quarenta dias depois da Páscoa, Jesus voltou pra casa. Sozinho, sem ajuda. O ato milagroso se chama ascensão. O verbo, ascender. Maria seguiu o filho. Mas precisou ser levada. A subida dela às alturas se denomina assunção.

Páscoa: significado e história

A língua adora bater papo. E, no vai e vem de histórias, incorpora palavras de outros idiomas. Vale o exemplo de Páscoa. Hebraica, a dissílaba quer dizer passagem e é tão antiga quanto Adão e Eva. Bem antes de Moisés vir ao mundo, os pastores nômades comemoravam a Páscoa. Cantavam e dançavam pela despedida do inverno e a chegada da primavera, quando a neve se ia, os campos se cobriam de pastagens e os alimentos abundavam.

Mais tarde, os judeus começaram a festejar a Páscoa. Lembravam, com sacrifícios, a saída do povo de Israel do Egito. Era a passagem da escravidão para a liberdade. Em 325, os cristãos instituíram a Páscoa. Com ela, exaltam a ressurreição de Cristo – a passagem da morte para a vida.

O círio e o coelho: símbolos da Páscoa

A Páscoa tem símbolos. Um deles: o círio pascal. Trata-se de uma vela onde estão inscritas a primeira e a última letra do alfabeto grego – alfa e ômega. A mensagem: Cristo é o princípio e o fim. Ao mesmo tempo, luz.

O coelho

O outro é o coelho com o ovo. “Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim – um ovo, dois ovos, três ovos, assim”, canta a meninada lambuzada de chocolate. Cá entre nós: o que o ovo tem a ver com a Páscoa, e a Páscoa com o coelho? No duro, no duro, nada. A relação é simbólica. O ovo representa o nascimento e a ressurreição. O coelho, a fertilidade. Gera coelhinhos pra dar, vender e emprestar.

Será?

Dizem que Simão, que ajudou Jesus a carregar a cruz até o Calvário, era vendedor de ovos. Depois da crucificação, ops! Milagre! Os ovos se cobriram de cores. São os mesmos que as crianças buscam nos mais diferentes esconderijos.

Pascal, pascoal: significado do sufixo -al

O substantivo Páscoa sentiu-se solitário. Que tal uma família jeitosa? Oba! Pediu socorro ao sufixo -al. Com ele, formou os adjetivos pascal e pascoal. As duas letrinhas aparecem em montões de adjetivos. Em todos, têm o mesmo significado. Querem dizer relacionado com, pertinente a.

Pascal e pascoal são relacionados com a Páscoa (festa pascal, Monte Pascoal). Campal, com campo (batalha campal). Matrimonial, com matrimônio (festa matrimonial). E por aí vai.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 26 de maio de 2022

APÓS E DEPOIS - PRESENTEAR, CEAR E FREAR: CONJUGAÇÃO
 

Após e depois: questão de naturalidade

“Seja natural”, aconselham os manuais de estilo. Escreva do jeito que você fala. Frases curtas, perguntas diretas, palavras simples conquistam o leitor. Dão a impressão de um bate-papo de amigos que se encontram para tomar um cafezinho ou comer um sanduíche.

Mas nem todos estão atentos às manhas da língua. Um dos tropeços mais comuns é o uso do após. Por alguma razão que até Deus desconhece, falamos uma palavra, mas escrevemos outra. Que coisa!

Guarde isto: após é artificial. Use-o em expressões consagradas (ano após ano, dia após dia). No mais, dê preferência ao depois: Depois do sinal, deixe o recado. Depois de consultar o ministro, o presidente soltou a nota. Arrependeu-se depois de falar mal do chefe. Mas o mal estava feito.

Presentear, frear e cear: conjugação

Amanhã é Páscoa. A meninada espera ansiosa a visita do coelhinho. Ele vai conjugar o verbo presentear. Conjugá-lo como manda a gramática pega bem como dar bom-dia no elevador, usar cinto de segurança, pedir licença e dizer obrigado. Como frear e cearpresentear perde o no nós e vós dos dois presentes — do indicativo e do subjuntivo.

Veja: eu presenteio (freio,ceio), ele presenteia (freia, ceia), nós presenteamos (freamos, ceamos), vós presenteais (freais, ceais), eles presenteiam (freiam, ceiam); que eu presenteie (freie, ceie), ele presenteie (freie, ceie), nós presenteemos (freemos, ceemos), vós presenteeis (freeis, ceeis), eles presenteiem (freiem, ceiem).


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 25 de maio de 2022

AMIGO PESSOAL? NÃOOOOOOO! - DEPOR: REGÊNCIA
 

Amigo pessoal? Nãooooooo!

A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Skala. Jornais, rádios, tevês, sites e blogues só falam no assunto. Ressaltam que a maior parte dos mandados de prisão temporária atinge amigos “pessoais” do presidente. Ops! Ganha um ovão de Páscoa quem tiver um amigo que não seja pessoal. Vale chutar? Talvez eles queiram dizer amigos íntimos do presidente. Ou amigos próximos.

Depor: regência

O verbo mais usado nos últimos anos? É depor. De ontem pra hoje, com a prisão dos amigos do presidente, a coisa explodiu. É depor pra lá, depor pra cá, depor pracolá.  Pinta, então, a dúvida. Qual a regência do dissílabo? Eis a resposta: ele exige a preposição em: Amigos íntimos de Michel Temer depõem na Polícia Federal. Alguns já depuseram em CPIs. Ontem Maria depôs na delegacia.

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 24 de maio de 2022

À: PRONÚNCIA - E OUTRAS DICAS
 

À: pronúncia

Roberto Neves vive com dor de ouvido. Compra que compra remédio pra otite. Mas os medicamentos estão pela hora da morte. E o dinheiro encurtou. “O problema”, diz ele, “não é da alçada do otorrino. Pertence ao universo da prosódia. Muita gente pronuncia o à como se fossem dois aa (vou a a praia). Pode estar certo. Mas maltrata os tímpanos”.

São manhas da escola antiga. No ditado, os professores pronunciavam dois aa para os alunos se darem conta da crase. Era um truque. Virou vício. Corra dele.

Letra maiúscula: acentua-se?

A Laura é secretária de uma escola. Ela se preocupa com a grafia do nome das crianças. Observa acentos, esses e zês. “As certidões, diz ela, trazem o nome em letra maiúscula. Nem sempre devidamente acentuados. O que devo fazer?”

Em português, as maiúsculas não gozam de privilégios. Têm o mesmo tratamento das minúsculas. Devem ser acentuadas quando necessário (Ásia, Índia). Pressupõe-se que os cartórios saibam disso. Mas, se na certidão não aparecer o acento, respeite o registro. É lei.

Ele sobressai ou se sobressai?

Sobressair não é pronominal. Altivo, dispensa objeto. Reina sozinho, absoluto: O Ceará sobressai na educação. Bolssonaro sobressai nas pesquisas. Os povos da Mesopotâmia sobressaíram na escultura. O relator sobressaiu na discussão ao defender  prisão dos suspeitos.

Extorquir alguém? Nãoooooooooo!

Que susto! Deu na TV: “Fiscais extorquiram delegada”. É difícil. Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direto tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro de delegada. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista. 

Metade das laranjas apodreceu? Apodreceram?

Existem as expressões partitivas: parte de, uma porção de, o resto de, a metade de, a maioria de. Quando elas são seguidas de substantivo ou pronome no plural – e só assim – o verbo se esbalda. Pode ir para o singular. Ou plural:

• A maioria das faltas não existiu (o verbo concorda com maioria).

• A maioria das faltas não existiram (concorda com faltas).

. Metade das laranjas apodreceu (concorda com metade).

. Metade das laranjas apodreceram (concorda com laranjas).

. A maior parte da população reagiu bem. (Parte é singular. População é singular. Só o singular tem vez.)

Pode-se citar exemplos? Podem-se citar exemplos?

Eta construção que incomoda! Parece um calo no pé. É a passiva com se. Outro dia, o Correio Braziliense publicou esta frase: “Não se combate verdades com inverdades”. Combate ou combatem? A dúvida paira no ar.

Nas orações em que aparece o pronome apassivador se, facilmente se cometem erros. Para não entrar em fria, há um macete: construa a frase com o verbo ser. Se ele for para o plural, o verbo da frase com se também irá. Caso contrário, nada feito. A regra vale para as locuções verbais. No caso, o auxiliar é que se flexiona ou não:

Não se combatem verdades com inverdades. (Verdades não são combatidas com inverdades.)

Procuram-se datilógrafos. (Datilógrafos são procurados.)

Vende-se esta casa. (Esta casa é vendida.)

Podem-se citar  exemplos. (Exemplos podem ser citados.)

Pode-se citar um caso. (Um caso pode ser citado.)

Devem-se mencionar três episódios. (Três episódios devem ser mencionados.)

Deve-se mencionar o episódio principal. (O episódio principal deve ser mencionado.)

Rir: conjugação

Rir é gozador. Ri de nós. Em razão do ‘eu rio’, as pessoas pensam que ele é aleijão. Que teria falta de pessoas, tempos ou modos. Nada disso. O boa-vida é completinho da silva. Mas é irregular. Foge ao modelo da conjugação dele: eu rio, tu ris, ele ri, nós rimos, vós rides, eles riem; eu ri, ele riu, nós rimos, eles riram; que eu ria, você ria, nós riamos, eles riam; se eu rir, nós rirmos, eles rirem. E por aí vai. 

Maluf reouve a liberdade? Reaviu a liberdade?

Quem vê cara não vê formação. Reaver que o diga. À primeira vista, o verbinho tem pinta de derivado de ver. Mas é só à primeira vista. Porque os dois nunca se viram nem de longe.

Reaver é filhote de haver. Significa haver de novo, recobrar, recuperar: Maluf foi preso. Passados alguns meses, reouve a liberdade. A casa de Gilberto foi assaltada. Os ladrões levaram joias e dinheiro. A polícia os prendeu. Mas não conseguiu reaver os bens.

O verbo, de origem tão nobre, padece de grave enfermidade. É preguiçoso pra chuchu. Não se conjuga em todos os tempos e modos. Só dá as caras nas formas em que aparece o v de haver. No presente do indicativo, por exemplo, apenas o nós e o vós têm vez: reavemos, reaveis.

O indolente não tem presente do subjuntivo. Em compensação, exibe todas as formas do passado e futuro: reouve, reouvemos, reouveram; reavia, reavias, reavíamos; reaverei, reaverás; reaveria, reaveriam; reouver, reouveres, reouvermos; reouvesse, reouvéssemos. E por aí vai.

Não caia na tentação. Reavê, reaviu, reaveja não existem (seriam derivados de ver). Nem fazem falta. Recuperar ou recobrar estão aí pra quebrar o galho. Lembre-se: o inferno está pululando de insubstituíveis.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 23 de maio de 2022

NÓS OU ELE REDIGIRÁ O TEXTO? OU REDIGIREMOS? – É PROIBIDO ENTRADA? É PROIBIDA ENTRADA?
 

Nós ou ele redigirá o texto? Ou redigiremos?

A conjunção ou adora pregar peças em falantes desatentos. A pegadinha: o verbo vai para o singular ou o plural? A resposta: depende da ideia:

1. Se for de exclusão, o verbo fica no singularOu João ou Rafael será presidente do clube (só há uma vaga de presidente). Carla ou Maria se casará com Marcelo. Há apenas uma vaga na empresa. Tereza ou Marlene a preencherá.

2. Se for de inclusão (=e), o verbo vai para o pluralUm ou outro convidado saíram mais cedo da festa. Casamento ou divórcio são regulamentados por lei. Quem sairá mais tarde? O professor ou o secretário sairão depois do horário.

3. Se for retificação, o verbo concorda com o núcleo mais próximoOs autores ou o autor da melhor reportagem receberá o prêmio. O autor ou os autores da melhor reportagem receberão o prêmio. Ele ou nós redigiremos o requerimento. Nós ou ele redigirá o requerimento.

 

É proibido entrada? É proibida entrada?

“Há mais mistérios entre o céu e a Terra do que imagina nossa vã filosofia”, disse Shakespeare. Ele devia estar pensando na concordância do é bom, é proibido, é feio, énecessário, é preciso & cia. A danada tem manhas. O adjetivo pode ficar invariável ou flexionar-se. Depende do recado.

O imutável tem vez quando se deseja fazer referência de modo vago e geral. No caso, o sujeito não vem acompanhado de artigo: É necessário paciência. É proibido entrada. É perigoso mudanças. Água é bom. Não é necessário inspetoras na escola.

Quando o sujeito recebe determinação, cessa tudo que a musa antiga canta. A concordância entra na vala comum. Esta cerveja não é boa para a saúde. Aquelas pimentas são boas para a circulação. É necessária a paciência de Jó. É proibida a entrada.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 22 de maio de 2022

CILADAS DA PRONÚNCIA: SUBSÍDIO E GRATUITO
 

Ciladas da pronúncia: subsídio e gratuito

 

Carla é linda. Morena, olhos azuis, peso de manequim, pernas longas e andar ondulante como as ondas do mar. Ela tem um sonho. Fazer televisão. Qualidades não lhe faltam. Submeteu-se a teste. Fotogênica, ultrapassou o primeiro obstáculo. Depois, veio a prova de locução. O texto era simples. Mas cheio de ciladas. Em duas ela caiu como sereia: A entrada é gratuita. O governo vai cortar o subsídio.

A bela pôs um baita acento no i de gratuito. E disse “subzídio”. Esqueceu-se de duas dicas pra lá de preciosas. Uma: gratuito pronuncia-se como circuito e fortuito. A outra: o s de subsídio soa igualzinho ao de subsolo.

Moral da opereta: Beleza nem sempre põe mesa.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 21 de maio de 2022

A VÍRGULA MUDA SIGNIFICADOS – DE ONDE VEM O NOME DOS MESES?
 

A vírgula muda significados

 

“Neymar, fora.” “Neymar fora.” Duas frases. Uma vírgula. O sinalzinho muda a mensagem? A dúvida: estão mandando Neymar pra casa? Ou ele foi mandado pra casa?

A resposta está na pontuação. Compare:

Neymar, fora.

Com a vírgula, Neymar vira vocativo — o ser a quem nos dirigimos. No caso, dá-se uma ordem pra ele. Ele obedece. Ou não. A única certeza é o sinal de pontuação. Esteja onde estiver, o nome vem isolado. Veja exemplos: Neymar, fora. Fora, Neymar. Pra frente, Brasil. Brasil, pra frente. Maria, volte logo. Volte logo, Maria. Aprende com eles, Brasil. Brasil, aprende com eles. Te adoro, garoto. Garoto, te adoro.

Neymar fora.

Sem a vírgula, subentende-se o verbo estar: Neymar (está) fora. Que diferença, hem?

De onde vem o nome dos meses?

 

Janeiro

O primeiro mês do ano homenageia Jano. O deus grego tem duas caras. Uma olha pra frente. A outra, pra trás. A primeira abre as portas dos 365 dias que se iniciam. A segunda as fecha para o ano que se despede. Janela, que também abre e fecha, pertence à família do entra e sai.

Fevereiro

O segundinho, que tem menos dias que os irmãos, se inspira em Februa, deus da purificação dos mortos.

Março

Epa! Marte, o deus da guerra, originou vários nomes na nossa língua de todos os dias. Um deles é março. Outros, Márcio e Márcia. Marciano também. E marcial? Idem.

Abril

Todos a amam e todos a querem. Trata-se de Vênus, a deusa do amor e da entrega. Em homenagem a ela, criou-se aprilis. Trata-se da comemoração sagrada dedicada à musa olímpica. Daí nasceu abril.

Maio

A primavera no Hemisfério Norte corresponde ao nosso outono. Com inverno rigoroso, os campos se cobrem de neve, e a agricultura sofre. As comemorações que se faziam depois do frio reverenciavam Maia e Flora – deusas do crescimento de plantas e flores.

Junho

Hera em grego. Juno em latim. Ela era a primeira-dama do Olimpo. Defensora incondicional do casamento, ao descobrir as traições do marido, Zeus, não punha em risco o próprio lar. Punia a outra. Passou a ser considerada a protetora da maternidade. Para render-lhe loas, junho se chama junho.

Julho

Julho era o quinto mês do ano antes de janeiro e fevereiro mudarem de lugar. Chamava-se quintilis. Mas, em 44 a.C., mudou de nome por causa de Júlio César. O grande líder romano foi assassinado por gente de casa, Brutus, o próprio filho. Mas não caiu no esquecimento. Ganhou lugar cativo na história e no calendário.

Agosto

Agosto, que rima com desgosto, serve de prova da ciumeira. Por ser o sexto mês do ano, chamava-se sextilis. Mas, como julho balançou o calendário, o primeiro imperador de Roma, sucessor de Júlio César, não ficou atrás. “Eu também quero”, disse ele. Levou. Agosto se chama agosto em homenagem a Augustus.

Setembro, outubro, novembro e dezembro

O quarteto não estava nem aí para a mudança  de janeiro e fevereiro. Eles mantiveram o nome. Setembro, do latim septe, era o sétimo mês do ano. Outubro, de octo, o oitavo. Novembro, de nove, o nono. Dezembro, de decem, o décimo.

Gregoriano

Ufa! Até chegar à forma de hoje, o contar dos meses sofreu muitas alterações. Com elas, falhas foram corrigidas. A última mexida, do papa Gregório XIII, ocorreu em 1582. Por isso, nosso calendário se chama gregoriano.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 20 de maio de 2022

CRASE: QUANDO É PROIBIDA
 

Crase: quando é proibida

Antes de nome masculino. Crase é o casamento de dois aa. Um deles é a preposição. O outro, o artigo. Ora, o pequenino a só tem vez antes de nome feminino. O machinho pede o Bebê a bordo. Saiu a todo vapor. Com palavras repetidas: cara a cara, uma a uma, gota a gota, face a face, semana a semana, frente a frente. 
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 19 de maio de 2022

OU SEJA: EMPREGO
 
 

Ou seja: emprego

Ou seja joga no time dos invariáveis. Escreve-se sempre entre vírgulas: Falou 120 minutos, ou seja, duas horas.  
 

Oculto ou ocultado?

Use ocultado com os auxiliares ter e haver; oculto, com ser e estar: O garoto tinha ocultado o dinheiro debaixo do tapete. O governo venezuelano tem ocultado o índice da inflação. A resposta está oculta. A trapaça foi oculta durante os debates. 
 

Obter: emprego

Não troque as bolas. Obter quer dizer ganhar, granjear, conquistar o que se deseja, o que se busca. Por isso só o use em sentido positivo: O time obteve vitórias (nunca obteve derrotas). Paulo obteve 90 pontos no concurso. Maria obteve o cargo pelo qual lutou durante dois anos.  
 

Que ou o qual: quando usar

Use o qual se o pronome for antecedido de preposição com mais de uma sílaba. Se não for, prefira que: O livro de que lhe falei está esgotado. O livro sobre o qual lhe falei está esgotado. O público perante o qual se pronunciou manteve-se indiferente.  

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 18 de maio de 2022

MAIS ANTIGA QUE? MAIS ANTIGA DO QUE?
 

Mais antiga que? Mais antiga do que?

Planaltina é mais antiga que Brasília? Ou mais antiga do que Brasília? Faça a sua aposta. Ficou na dúvida? A razão é simples. As duas formas merecem nota mil. Planaltina é mais antiga que Brasília. Ou mais antiga do que Brasília. Brasília é mais nova que Planaltina. Ou é mais nova do que Planaltina. Qual a melhor? A mais econômica. Mais antiga que Brasília. 
 

Erramos

“Nos bastidores, integrantes do partido falam que o ex-presidente será impedido de disputar as eleições “, escrevemos na pág. 3. Ops! Esquecemos pormenor pra lá de importante. Falar não é dizer. Falar é pronunciar palavras (falou cedo, fala inglês). Dizer é afirmar. Melhor: Nos bastidores, integrantes do partido dizem que o ex-presidente será impedido de disputar as eleições.  
 

Enxurrada com x. Enchente com ch. Por quê?

Puxa! Que chuvarada. Rio e São Paulo ficaram alagados. As tempestades trouxeram duas palavras ao cartaz. Uma: enxurrada. A outra: enchente. Pintou, então, uma pergunta. Por que enxurrada se escreve com x e enchente com ch? A regra diz que, depois de en, vem x (enxoval, enxofre, enxugar, enxame, enxurrada). Enchente joga em outro time. De cheio, nasceu encher. De encher, enchente. Tudo com ch.
 

A ou há: questão de tempo

A Lei Maria da Penha nasceu em 2006. Portanto, há 12 anos. Por que a presença do h? Guarde isto: tempo passado é com h. Tempo futuro, sem h. Bater em mulher virou crime há 12 anos. Passado. Com h. Daqui a três anos, a lei completa uma década e meia. Futuro. Sem h. Mais exemplos? Cheguei há pouco. Passado, com h. Estamos a dois dias da posse.
 

Candidato melhor avaliado? Mais bem avaliado?

Eleição rima com confusão? Não. Rima com discussão e solução. Candidatos prometem. Os eleitores avaliam promessas. Se convencem? As pesquisas respondem. O resultado levanta uma questão de português. A gente diz candidato melhor avaliado ou mais bem avaliado? Avaliado é particípio. Como dançado, cantado, votado. Guarde isto: antes de particípio, só mais bem tem vez. Diga sem medo de errar: candidato mais bem avaliado, música;
 
 

Vossa Excelência & cia.: letra maiúscula

Hoje o Supremo Tribunal Federal se reúne para decidir o habeas corpus do Lula. Qual será a sentença? Todos chutam, mas ninguém tem a resposta. A única certeza é que os ouvidos se cansarão de ouvir a duplinha Vossa Excelência. Vale a lembrança. Pronomes de tratamento começados por “vossa” se escrevem com a inicial grandona: Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Senhoria.

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 17 de maio de 2022

VOSSA EXCELÊNCIA & CIA.: LETRA MAIÚSCULA
 

Vossa Excelência & cia.: letra maiúscula

Hoje o Supremo Tribunal Federal se reúne para decidir o habeas corpus do Lula. Qual será a sentença? Todos chutam, mas ninguém tem a resposta. A única certeza é que os ouvidos se cansarão de ouvir a duplinha Vossa Excelência. Vale a lembrança. Pronomes de tratamento começados por “vossa” se escrevem com a inicial grandona: Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Senhoria.
 

Erramos

“Três travestis são acusadas de matar cliente”, escrevemos na pág. 23. Bobeamos. Travesti joga no time de estudante. É substantivo de dois gêneros. Artigo, pronome e adjetivo concordam com o sexo da pessoa. No caso, são homens travestidos de mulher. São, pois, os travestis. Melhor: Três travestis são acusados de matar cliente.
 

Cela ou sela? Depende

Cela ou sela? Quando usar uma e outra? Cela é aposento, quarto de dormir pequeno, quarto de penitenciária. Sela joga em outro time. Pode ser arreio de cavalo ou forma do verbo selar: selo, sela, selamos, selam.
  
 

Tropeço no Fórum Mundial da Água

O leitor Sebastião Machado Aragão escreveu: “Como é que o GDF manda fazer um banner e não observa um erro de grafia: `Bem vindos à Vila Cidadã´, diz o texto. Cadê o hífen da palavra bem-vindos?” O gato comeu.

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 16 de maio de 2022

SEM-NOÇÃO JOGA NO TIME DO SEM-TERRA
 

Sem-noção joga no time de sem-terra

Motoristas irresponsáveis? Existem pra dar, vender e emprestar. Além de desrespeitar o limite de velocidade, estacionam como lhes dá na cabeça. Diante das escolas, veem-se carros em filas duplas e triplas. A meninada chama os condutores de “sem noção”. Ao escrever a duplinha, pintou a dúvida. Com hífen? Sem hífen? Sem-noção joga no time de sem-terra, sem-teto, sem-emprego. 
 
 

Meio-dia e… meio ou meia?

A questão pintou na aula da 6ª série. Meio-dia e meio ou meio-dia e meia? A turma se dividiu. Uns ficaram com o masculino. Outros, com o feminino. E daí? A professora entrou na discussão. Fez esta pergunta: — Meio-dia e … metade de hora ou metade do dia? Caiu a ficha. A moçada aprendeu sem risco de esquecer. Meio-dia e meia são 12h30. 
 
 

Metade das escolas atingiu? Atingiram?

“Com esses dados, podemos ver que, na verdade, aproximadamente metade das escolas privadas atingiram a pontuação que a maioria das escolas públicas não conseguem”. A frase está correta? Metade das escolas atingiram? A maioria das escolas não conseguem? Trata-se do partitivo. No caso, o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito (metade, maioria) ou com o complemento (escolas privadas, escolas públicas). 
 

 

Ir a e ir para

O verbo ir admite duas preposições. Cada uma dá recado diferente. Ir a significa que vamos voltar rapidinho (vou ao clube, vou ao cinema, vou ao teatro, vou a São Paulo). Ir para avisa que vamos de mala e cuia — pra ficar ou pra demorar um tempão: Vai para Nova York fazer pós-graduação. Vai para Porto Alegre morar com os pais. 
 

Concluir: regência

É correto afirmar que o Ministério Público concluiu “pela” ou “por” alguma coisa? Regência é calo nos dois pés. Na dúvida, é melhor recorrer ao paizão. O dicionário de verbos e regimes, de Francisco Fernandes (o melhor que temos), dá nota 10 para concluir por (pelo, pela), que significa convencer-se de: Gonçalo concluiu pela necessidade de acabar a novela. 

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 15 de maio de 2022

ÓPTICO OU ÓTICO?
 

Óptico ou ótico?

Óptico é relativo à visão (músculo óptico, fibra óptica). Ótico, relativo ou pertencente ao ouvido (músculo ótico). Para definir ponto de vista ou o estudo da luz, é preferível a forma ótica: ilusão de ótica, estudo da ótica. Olho vivo Óptico admite a variante ótico. Mas pode armar confusão com ótico, referente a ouvido. 
 

Onomatopeia enriquece a língua

Imitamos as vozes dos bichos ou o ruído das coisas. Com elas, formamos novas palavras. São as onomatopeias. As danadinhas aumentam o vocabulário e, com isso, enriquecem a língua. Miau-miau, mia o gato. Au-au, late o cão. Muuuuu-muuuuuu, muge a vaca. Cocoricó, canta o galo. Cri-cri-cri, cricrila o grilo. Zum-zum-zum, zune a mosca. Tique-taque, bate o relógio. Pingue-pongue, salta a bola. 
 

Onde ou em que? Depende

Onde indica lugar físico: a cidade onde moro, o lugar onde nasci, a gaveta onde guardei, as palmeiras onde canta o sabiá. Em que indica lugar não físico: Na palestra em que falou sobre a crise americana, o presidente recebeu entusiasmados aplausos.    
 

Obrigar & cia.: regência

Atenção à regência do verbo obrigar. Obriga-se alguém a fazer alguma coisa: Obrigou o filho a estudar. O professor obriga os alunos a se manterem calados. Eu o obriguei a fazer horas extras. Outros verbos exigem a preposição a antes do infinitivo. É o caso de começar, convidar, ensinar e forçar: Começou a escrever a peça em 1989. Convidamos os amigos a participar da festa.
 

Artigo indefinido? Xô! Xô! Xô!

A escrita agradável tem muitos segredos. Um deles: fugir do artigo indefinido. Um, uma, uns, umas fazem estragos. Tornam o substantivo impreciso e molengão. Mais ou menos como Sansão sem cabelo. Quer ver? Paulistanos foram surpreendidos por (um) temporal  que alagou a cidade. Deus é (um) poder supremo. (Um) outro bate-boca ocorreu ontem entre o marido e a mulher. 
 

 

 

Pleonasmos: quando têm vez?

A palavra pleonasmo vem do grego. Na língua de Platão e Aristóteles, quer dizer superabundância. Em bom português: repetição de uma ideia com palavras diferentes. Há pleonasmos e pleonasmos. Alguns não dão nenhuma expressividade à frase. Aí, deixam de ser figuras de linguagem e passam a ser vício. É o caso de comer com a boca, subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro.
 

Era por volta das 10h30? Eram por volta das 10h30?

Ops! Saiu na primeira página do jornal: “A tragédia parou São Sebastião. Era por volta das 10h30 quando o motorista de um caminhão de bebidas perdeu a direção na íngreme descida da pista principal da cidade”. Observou o cochilo? Na indicação de horas, o verbo concorda com o número: Era 1h. Eram 13h. É 1h. São 4h. É meio-dia. São 12h. 
 

Sir Richard Burton ensinou

“Há quatro espécies de homens. O que não sabe e não sabe que não sabe. É tolo — evita-o. O que não sabe e sabe que não sabe. É simples — ensina-o. O que sabe e não sabe que sabe. Ele dorme — acorda-o. O que sabe e sabe que sabe. É sábio — segue-o.”  
 

Pôr, depor & cia.: conjugação

Depor é filho de pôr e irmãozinho dos verbos terminados em -or. Compor, repor, transpor & cia. fazem parte da família pra lá de unida. Toda a filharada se conjuga tal qual o paizão. Assim: ponho (deponho, componho, reponho, transponho), põe (depõe, compõe, repõe, transpõe), pomos (depomos, compomos, repomos, transpomos), põem (depõem, compõem, repõem, transpõem). Moleza? Sim. 

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 14 de maio de 2022

X: LETRA COM MAIOR NÚMERO DE PRONÚNCIAS
 

X: letra com maior número de pronúncias

O xis é a letra com o maior número de pronúncias em português. Em certas palavras, pronuncia-se ch (enxoval). Em outras, z (exame). Em outras, ainda, s (excelência). Chega? Não. Há os casos em que a gloriosa soa ks (táxi). Ufa!    

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 13 de maio de 2022

ADMISSÃO, DEMISSÃO & CIA.: POR QUE SS?

 

Reúso: o porquê do acento

Reaproveitar a água é a ordem. Reúso, a palavra. Ela deriva de uso. O prefixo re- quer dizer de novo (reler, rever). O acento se impõe. Ele quebra o ditongo. O u, pra ganhar o grampinho, exige o cumprimento de quatro condições. Uma: ser tônico. Outra: ser antecedido de vogal. Mais uma: formar sílaba sozinho ou com s. A última: não ser seguido de nhuma vogal.
 

Sobre a água: citações

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“Água detida é má bebida.” (povo sabido) “Água silenciosa é sempre perigosa.” (provérbio) “Água salgada, alma lavada.” (voz do povo) “A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba.” “A água vai faltar mesmo sabendo usar.” (Alex Periscinoto) “As falhas dos homens eternizam-se no bronze. As virtudes se escrevem na água.” (William Shakespeare).


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 12 de maio de 2022

MÃO DE TINTA? DEMÃO DE TINTA?
 

Mão de tinta? Demão de tinta?

O pintor deu duas mãos de tinta na parede. Correto? Não. A turma apela para o menor esforço. Uma sílaba é mais fácil que duas. Mas nem sempre dá certo. Deixe a preguiça pra lá. O pintor deu duas demãos de tinta. A dissílaba quer dizer camada de cal, tinta ou verniz que se estende em uma superfície.  
 

Aguar: conjugação

Plantas precisam de água. Daí nasceu o verbo aguar. Como conjugá-lo? Olho no acento. Presente do indicativo e presente do subjuntivo pregam peças. Bobear é proibido: águo, águas, água, aguamos, aguam; aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram; aguava, aguavas, aguava, aguávamos, aguavam; que eu águe, águes, águe, aguemos, águem. E por aí vai.  
 
 

Erramos

“O Brasil, há um bom tempo, está mergulhado nos abismos de seu próprio inferno”, escrevemos na pág. 12. Reparou na redundância? Seu e próprio exercem a mesma função. Melhor economizar: O Brasil, há um bom tempo, está mergulhado nos abismos do próprio inferno.

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 11 de maio de 2022

A VEZ DO MAIS BEM E MAIS MAL
 

A vez do mais bem e mais mal

“O Rio não é o estado pior classificado no tocante à violência”, disse o repórter.  Telespectadores ouviram. Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Sentiram forte pancada nos ouvidos. A razão: antes de particípio, melhor e pior não têm vez. Mais bem e mais mal pedem passagem: O Rio não é o estado mais mal classificado. João apresentou a redação mais bem redigida. Nós somos os mais bem vestidos do Brasil.
 

Fofoca: dois recursos linguísticos

Você conhece algum fofoqueiro? Preste atenção à fala dele. Pra não ir pro xilindró, o amante da vida alheia se defende. Apela pra dois recursos da língua. Um: o futuro do pretérito. O outro: o dizem que. Com essas armas, ele solta o veneno. E safa-se de processo. A grande vítima é a verdade.
 

Chavão: ironia de Machado de Assis

“As frases feitas são a companhia cooperativa do espírito. Dão o trabalho único de as meter na cabeça, guardá-las e aplicá-las oportunamente, sem dispensa de convicção, é claro, nem daquele fino sentimento de originalidade que faz um molambo seda.”  
 

É que: invariável

“É nas páginas de um livro que podemos viajar sem sair de casa e conhecer a alma humana.” O emprego do “é que” está correto? Está. A língua deu a vez a penetra pra lá de ousado. Trata-se da partícula é que. Expletiva, ela pode ser jogada fora. Exemplo não falta: Onde (é que) você mora? 

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 10 de maio de 2022

MORTA A TIROS. SEM CRASE. POR QUÊ?
 

Vereadora foi morta a tiros: sem crase por quê?

A crase é feminista. Excluindo-se o caso dos pronomes demonstrativos (aquele, aquilo), o sinalzinho grave só tem vez antes de palavra feminina, clara ou subentendida: Obedecemos à lei. Assisti à novela O outro lado do paraíso. O cão é fiel à dona. Fui à Editora Geração, não à (editora) José Olympio. Canta à (moda de) Caetano Veloso. 
 

 

 

Ganha-pão & cia.: plural

O plural de ganha-pão? É ganha-pães. A dupla joga no time de guarda-roupas, beija-flores e lustra-móveis. Na composição de verbo mais substantivo, só o nome se flexiona. O companheiro fica no bem-bom.  
 

Quantia de dinheiro? Nãooooooooo

O povo sabido diz que um é pouco, dois é bom, três é demais. Com a língua, a história muda de enredo. Um é suficiente. Por isso, não diga quantia de dinheiro. É redundância. Basta quantia.  
 

Xô, ambiguidade

As palavras gozam de plena liberdade. Passeiam na frase com desenvoltura. Às vezes, o sujeito aparece no início da oração. Outras, no meio. Aqui e ali, no fim. As voltinhas não se restringem ao sujeito. Boa parte dos termos lança mão do privilégio sem cerimônia. Mas o vai e vem tem limite. 
 

Azul-marinho & cia.: invariável

Sabia? Há uma gangue especializada em roubar pontos e reputações. São três criaturas com uma característica — escrevem-se com azul. Diante delas, abra os olhos, limpe os ouvidos e vá em frente. Azul-marinho (ou marinho), azul-celeste e azul-ferrete são invariáveis: blusa azul-celeste, blusas azul-celeste, vestido azul-ferrete, vestidos azul-ferrete; calça azul-marinho, calças azul-marinho, sapato azul-marinho, sapatos azul-marinho; carro marinho, carros marinho, bicicleta marinho, bicicletas marinho.  
 

Bastante ou bastantes? Depende

Bastante é palavra encapetada. Pode ser adjetivo ou advérbio: Quando adjetivo, modifica o substantivo e se flexiona em número: motivos bastantes, bastantes vezes, bastantes recursos. Quando advérbio, é invariável: comer bastante, bastante caros, bastante tarde. Superdica: na dúvida, substitua bastante por muito. Se for adjetivo, o dissílabo se flexiona (motivos muitos, muitas vezes, muitos motivos). Se advérbio, mantém-se invariável (comer muito, muito caro, muito tarde).

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 09 de maio de 2022

BIÓPSIA OU BIOPSIA – 7 DICAS PARA ESCREVER UM TEXTO
 

Biópsia ou biopsia?

Ora, se ouve biópsia. Ora, biopsia. E daí? As duas formas existem. Prefira biópsia, mais usual. A razão: a língua é como a mulher de César. A primeira-dama imperial não só tem de ser honesta. Tem de parecer honesta. A linguinha nossa de todos os dias não só tem de ser correta. Tem de parecer correta.  
 

Bimensal e bimestral: diferença

Bimensal é duas vezes por mês, quinzenal (revista bimensal). Bimestral significa uma vez a cada dois meses: prestações intermediárias bimestrais.  
 

Troca-troca partidário: plural

Abriu-se a janela partidária. Parlamentares podem mudar de sigla. É uma festa. Na farra, pintou a dúvida: qual o plural de troca-troca? A duplinha não goza de privilégios. Segue a regra do casal formado por palavras repetidas. Só a última ganha s. É o caso de pula-pulas, quebra-quebras, quero-queros, tico-ticos. E, sem dúvida, troca-trocas.
 

A vírgula na guerra dos sexos

Desde que nasceu, a vírgula provoca discussões. Alguns dizem que empregá-la é questão de gosto. A gente põe o sinalzinho onde tem vontade. Outros afirmam que basta ler a frase. Parou pra respirar? Pronto. Taca-lhe a marca da pausa. Aí surge um problema. Como os gagos e os asmáticos se virarão? Há, também, os exagerados. Esbanjadores, usam todas as vírgulas a que têm direito.
 

7 dicas para escrever um texto

1.Seja natural: converse no papel. Imagine que o leitor esteja à sua frente, comendo um sanduíche e tomando um suco. 2. Mantenha a objetividade: sem encher linguiça, vá direto ao assunto. Dê o recado. 3.Respeite a concisão: diga o que deve ser dito com o número de palavras suficiente. Nem mais. Nem menos. 4. Use frases curtas: Uma frase longa, ensinou Vinicius, não é nada.
 

Palavra falada: perigo

Conhece o teste do telefone? Ele funciona mais ou menos assim. Um grupo de pessoas se senta ao lado uma da outra. A primeira lê uma história cheia de pormenores. A segunda, sem ler, cochicha a narrativa no ouvido do vizinho. A terceira faz o mesmo. E, assim, sucessivamente. O resultado é espantoso. O último texto não tem nem parentesco com o primeiro. Quer um […]
 

Erramos

“Não há porque deixar de votar questões constitucionais”, escrevemos na pág. 7. Ops! Tropeçamos de novo no emprego do porquê. Quando for substituível por “a razão pela qual”, o dissílabo escreve-se por que. Assim: Não há por que deixar de votar questões constitucionais.
 

 

 

Hífen: pré

Na era de lançamento de candidaturas, entra em cartaz o sufixo pré-. Acertar o emprego do pequenino muitas vezes depende da sorte. A razão: ora, ele aparece separado por hífen (pré-candidato, pré-estreia, pré-vestibular). Ora, sem o tracinho (preanunciação, preaquecer, precondição, predefinido, predeterminado, predisposto). Como lidar com ele? Só há um jeito: na dúvida, consultar o dicionário. O pai de todos nós está sempre às ordens.

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 08 de maio de 2022

MARCHA A RÉ É SEM CRASE E SEM HÍFEN
 

Marcha a ré é sem-sem: sem crase e sem hífen

Dá uma vontade danada de pôr o acentinho indicador de crase na expressão marcha a ré. Resista. Se duvidar, consulte o dicionário. Marcha a ré se escreve assim, livre e solta — sem hífen e sem crase.
 

1% dos brasileiros aprova ou aprovam?

“Segundo várias pesquisas de opinião, 85% dos brasileiros, em média, aprova a decisão.” A concordância verbal está correta? Não. Na indicação de percentagem, o verbo tem duas saídas. Uma: concordar com o número (85). A outra: concordar com o complemento (brasileiros). No caso, ambos estão no plural. A alternativa é plural. Ou plural. 
 

Erramos

“Ao Correio, o político goiano ainda não crava se irá concorrer”, escrevemos na pág. 4. Ops! Pisamos o futuro. A indicação do porvir tem duas formas. Uma: futuro simples (concorrerei). A outra: futuro composto, formado pelo presente do verbo ir + o infinitivo do verbo (vou concorrer). Melhor corrigir: Ao Correio, o político goiano ainda não crava se vai concorrer.

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 07 de maio de 2022

O DIMINUTIVO DE PAI É PAIZINHO. E DE PAÍS?
 

O diminutivo de pai é paizinho. E de país?

O diminutivo de pai é paizinho. O plural de paizinho, paizinhos.O diminutivo de país é paisinho (com s). Viu? Paisinho se escreve com s porque a letra figura no radical. Pai não tem s. Pede, por isso, ajuda à consoante de ligação (z) pra colar o sufixo -inho.  
 

Pequena maioria e grande maioria: correto?

Maioria é metade mais um. Se 100 eleitores votarem e um candidato obtiver 51 votos, oba! Ele ganhou. Por pequena maioria, é verdade, mas ganhou. Se obtiver 98, viva! Venceu por grande maioria. Só faltaram dois pra alcançar a unanimidade. Nelson Rodrigues costumava repetir que a unanimidade é burra. Se é verdade…
 

Multidão de pessoas: pleonasmo?

No substantivo multidão, estão incluídas as pessoas. Daí as definições dos dicionários. O Dicionário etimológico Nova Fronteira diz que multidão é “grande aglomeração de pessoas, o povo”. O Aurélio, “grande quantidade de pessoas ou coisas”. O Houaiss, “grande quantidade de seres (pessoas, animais ou coisas)”. Viu? As pessoas estão contidas na definição. Ao dizer “uma multidão aguardava o presidente”, ninguém perguntará multidão de quê. 
 

Vírgula antes do e? Às vezes

O e detesta excessos. Por isso, dispensa a vírgula: Trabalho e estudo. Vou a Pernambuco e depois à Paraíba. Só num caso vai de dose dupla. Aí, impõe duas condições. Uma: as orações têm que ter sujeitos diferentes. A outra: a possibilidade de provocarem confusão. Veja: O Estado Islâmico atacou Palmira, e a Síria reagiu. Percebeu? O período tem orações com sujeitos diferentes. 
 

Prefiro uma coisa a outra? Do que outra?

Prefiro ser assim do que não fazer nada. Prefiro ser assim a não fazer nada. Qual a frase nota 10? A regência é um dos assuntos mais espinhosos da língua. Por isso existem dicionários de verbos e regimes. Ali está: a gente prefere alguma coisa a outra: Preferimos cinema a teatro. Ele prefere andar a correr. Prefiro ser assim a não fazer nada.
 

Devia ou deveria?

Ele devia comprar uma casa. Ele deveria comprar uma casa. Qual a forma correta? A língua de terno e gravata usa deveria. A simples, que anda de camiseta e chinelo, devia. Você escolhe — de olho no contexto.  
 

Eu banhei em água fria? Eu me banhei em água fria?

Alguns dizem “eu banhei com água gelada”. Outros, “eu me banhei com água gelada”. E daí? Ao entrar debaixo do chuveiro, a gente banha ou se banha? Os verbos são seres pra lá de ardilosos. Inconstantes, viram a casaca como nós trocamos de camiseta. É o caso de banhar. Ora ele pede pronome. Ora o dispensa. Como saber? Analise o período: Maria banha o filho.

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 06 de maio de 2022

AMBOS OS FILHOS, OU AMBOS FILHOS?
 

Ambos os filhos ou ambos filhos?

Sem economia, moçada. Depois de ambos, o substantivo deve ser antecedido de artigo: ambos os alunos, ambos os países, ambas as provas.
 

Alto e bom som? Em alto e bom som?

 A expressão “alto e bom som” não tem a preposição em (em alto e bom som): O presidente anunciou a medida alto e bom som. Proclamou os vencedores alto e bom som. O delegado disse alto e bom som o que pensava do episódio.    
 

Estrato ou extrato?

Temer prometeu divulgar os … estratos bancários ou extratos bancários? A pronúncia é a mesma. Mas os significados não se conhecem nem de elevador: Estrato, com s, quer dizer camada: estrato social. Extrato, com x, tem a acepção de extraído: extrato de tomate, extrato da conta bancária. 
 

Tratam-se de? Nãooooooooooo

Ouvi nos telejornais muitas notícias sobre a quebra do sigilo bancário do presidente Temer. Uma me chamou a atenção. Todos leram esta passagem que estaria na explicação dos advogados sobre o acesso a dados que não deveriam ser divulgados. Ei-la: “Isso fez que os advogados deduzissem que se tratavam de processos”. Ops! Pisada de bola. 

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 05 de maio de 2022

INTERNET: MAIÚSCULA OU MINÚSCULA?
 

Internet: maiúscula ou minúscula?

Publicado em português

Na origem, internet era nome próprio. Escrevia-se com a inicial maiúscula. Agora, dá nome a uma mídia, como rádio, jornal, televisão. Tornou-se substantivo comum. Sem pedigree, é senhora vira-lata. Grafa-se com letras pequeninas.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 04 de maio de 2022

TEMERÁRIO OU TEMEROSO? DEPENDE
 

Temerário ou temeroso? Depende

Uiiiiiiiiiiii, medão! O temor bate à porta. A palavra é antiga, dos tempos em que Adão e Eva usavam fraldas. Nasceu do latim timor. Lá e cá quer dizer medo, susto. Ao longo da vida, formou senhora família. Atemorizar, destemido, destemor, temente, temeridade são alguns de seus membros. Dois deles geram enorme confusão. Um: temeroso. O outro: temerário. Temerário = arriscado, imprudente. Temeroso = tem medo.
 

Tem ou têm

O verbo TER tem companhia. Como nas formas do verbo VIR, acentua-se na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo:  ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm.  
 

Tanto faz é invariável

A duplinha tanto faz não tem plural. Com ela e tudo igual: Tanto faz um ou dois filhos. Tanto faz duas ou três anotações.      
 

Tampouco ou tão pouco? Depende

Tampouco = também não, muito menos. Tão pouco = muito pouco: Maria não fez a prova e tampouco deu explicações. O candidato falou tão pouco que surpreendeu. Comeu tão pouco que deixou a mãe preocupada. Peço tão pouco!    
 

Tal & cia.

Tal concorda com o substantivo ou pronome a que se refere: Que tal um cineminha? Que tais os filmes em cartaz? A duplinha tal qual concorda com o substantivo ou pronome a que se refere: Queria que o filho fosse tal quais os tios. As meninas querem ser tais quais as amigas. (Escritores modernos mantêm a duplinha invariável porque entendem que equivale a como. 

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 03 de maio de 2022

TABUADA E CALCULAR: HISTÓRIA CURIOSA
 

Tabuada e calcular: história curiosa

A palavra tabuada vem de tábua. Daí o u. Na Grécia antiga, usavam-se tábuas de argila ou pedra para fazer cálculos. Elas funcionavam como gabaritos para tornar mais rápidas as transações comerciais. Pitágoras, filósofo e matemático grego do século VI a.C., criou uma tabela que permite efetuar as operações de multiplicação da tabuada tradicional. O Museu do Cairo guarda um exemplar da invenção, escrita numa tábua.
 

Figura de linguagem: hipérbole

Hipérbole? Trata-se de figura de linguagem que se caracteriza pelo exagero. É o caso de chorar rios de lágrimas, tomar baldes de florais, mover céus e terras.  
 

Hífen: hidro

A greguinha hidro deita e rola na nossa língua de todos os dias. Sempre que aparece – e como aparece – quer dizer água. É o caso de hidroavião (avião que pousa na água), hidrofobia (aversão à água), hidroginástica (ginástica na água), hidromassagem (massagem na água). E por aí vai. Hidro pede hífen quando seguido de h ou o. No mais, é tudo junto: hidro-herderita.
 

Haver e a ver: emprego

Haver e a ver soam do mesmo jeitinho. Mas não se conhecem nem de elevador. Como não confundi-los? Faça o jogo do troca-troca. Se for substituível por que, a ver pede passagem. Caso contrário, é a vez de haver: Este caso não tem nada a ver (que ver) com aquele. Minha história tem tudo a ver (que ver) com a de Paulo. Vai haver expediente.
 

Caixa dois ou caixa 2?

O dinheirinho escondido que ninguém declara? Ele tem um nome e duas grafias: caixa dois ou caixa 2.
 

Caixa postal: indicação

Vai indicar a caixa postal? Abra os olhos para dois itens. Um: o número dispensa a vírgula. O outro: quando acompanhado de número, vira nome próprio. Escreve-se com as iniciais grandonas: Não encontrei a caixa postal. Caixa Postal 95.  
 

Hora: abreviatura

Atenção, marinheiros de muitas viagens. Nesta alegre Pindorama, fala-se português. Por isso, a abreviatura não suporta dois pontos (2:15), coisa de gringo. Aqui a redução segue regras próprias. É sem-sem-sem — sem plural, sem espaço e sem ponto: 5h, 5h10, 5h10min40.  
 

Milhar, milhão & cia. são masculinos sim, senhores

Milhão é substantivo. Masculino convicto, não muda de sexo nem com reza braba. Como qualquer substantivo, obriga o numeral a concordar com ele: dois alunos, duas alunas; um milhão de pessoas, dois milhões de pessoas. Foram processados mais de dois milhões de declarações do Imposto de Renda. Milhar, bilhão, trilhão e outros ões são irmãos gêmeos de milhão. Invejosos, funcionam do mesmo jeitinho.
 

Numerais: 2  dicas

No mundo do corre-corre, queremos textos curtos, precisos e prazerosos. Rapidez de leitura fisga. Facilidade também. É impossível gravar fileirinhas de algarismos. Que tal amaciar a vida do leitor?1.  Separe por ponto as classes: 4.316, 1.324.728.       Exceção? Só uma. As datas dispensam o ponto. Xô! Melhor: 1500, 1994, 2005, 2018.       2. Só faça aproximação com números redondos: cerca de 300 pessoas.

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 02 de maio de 2022

PLURAL DE DIMINUTIVOS: SOFISTIFICAÇÃO

 

Plural de diminutivos: sofisticação

Palavras que fazem o diminutivo com o sufixo -zinho têm plural pra lá de sofisticado. São três etapas:  Uma: pôr a palavra primitiva no plural. Outra: retirar o s. A última: acrescentar o sufixo –zinhos ou -zinhas: mulher — mulhere(s) — mulherezinhas flor — flore(s) — florezinhas animal — animai(s) — animaizinhos botão — botõe(s) — botõezinhos cão — cãe(s) —  cãezinhos homem — homen(s).
 

Hífen: pré

O pré tem manhas no emprego. Ora se usa com hífen, ora sem: pré-escola, pré-vestibular, pré-estreia, mas preanunciação, preaquecer, precondição, predefinido, predelineado, predeterminado, predisposto, preestabelecido, preexistente, prefigurado, prefixado. As causas do emprego de um e outro não são claras. Por isso, na dúvida, consulte o dicionário.
 

Numerais: três manhas

Não caia no simplismo. O primeiro dia do mês tem privilégios. Só ele é ordinal. Os demais embarcam na canoa do cardinal: Primeiro de janeiro abre as portas do ano-novo. Os gregos não tinham o 1º dia do mês. Viajou no dia 2.      2. Há numerais que sofrem de alergia. Um deles é dois. Ele não tolera o pronome todos. Todos os dois? Saia!
 

Mil não tem plural

Os numerais são mágicos. Número determinado vira indeterminado. É o caso do cardinal mil. Desde os começos da língua, ele se presta pra expressar indeterminação exagerada. Olho vivo. O pequenino não tem plural: Em abril, chuvas mil. Fez promessas mil durante a campanha. Apresentou propostas mil pra vender o produto.  
 

Zero à esquerda? Xô!

Menor é melhor. Menos é mais. Eis as regras de ouro do estilo. Zero à esquerda não combina com elas. É nulidade. Poupe tempo e espaço. Em datas, em vez de 07.03.2018, escreva 7.3.18 ou 7.3.2018. Viu? A informação não perde nada. A mesma economia vale para escrita de numerais em geral: Em vez de havia 02 pessoas na sala, fique com havia 2 pessoas.
 

Erramos

“Antes do jogo, ele nos diz como ganhar e, depois, porque perdemos”, escrevemos na pág. 4 de Diversão&Arte. Viu? Tropeçamos no porquê. Quando o dissílabo é substituível por “a razão pela qual”, fica um pedaço lá e outro cá: Antes do jogo, ele nos diz como ganhar e, depois, por que (a razão pela qual) perdemos.
 

Cheque e xeque: diferença e curiosidades

Xeque e cheque se pronunciam do mesmo jeitinho. Mas têm significados pra lá de diferentes: Xeque = lance no jogo de xadrez (xeque-mate), chefe de tribo ou soberano árabe, risco, perigo, contratempo. Cheque = documento bancário. Pôr em xeque – pôr em dúvida o valor, o mérito, a importância: As investigações põem em xeque o depoimento do ministro. Empregos: Cheque vem do inglês to check (conferir, verificar). Xeque-mate.
 

Shampoo ou xampu?

A inglesinha shampoo ganhou nacionalidade verde-amarela. É xampu. 

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 01 de maio de 2022

X: QUANDO USAR
 

X: quando usar?

Use x depois de ditongo (caixa, baixa, ameixa, baixela, faixa, frouxo, peixe, trouxa, rouxinol). Exceção? Só uma: caucho (árvore que dá certo tipo de látex do qual se produz borracha). Daí recauchutar e recauchutagem.
 

X: letra com maior número de pronúncias

O xis é a letra com o maior número de pronúncias em português. Em certas palavras, pronuncia-se ch (enxoval). Em outras, z (exame). Em outras, ainda, s (excelência). Chega? Não. Há os casos em que a gloriosa soa ks (táxi). Ufa!    
 

“Em vez de” pode ser “ao invés de”

  Em vez de? Ao invés de? Embora parecidas, elas são ilustres estranhas. A semelhança funciona como armadilha que pega os desavisados pelo pé. Pra não cair na cilada, guarde isto: Ao invés de significa ao contrário de. É contrário mesmo, oposição: Saiu ao invés de ficar em casa. Comeu ao invés de jejuar. Há religiões que pregam a morte ao invés de pregar a vida.
 

Erramos

“Excelentíssimo Senhor Cristovam Buarque”, escrevemos na pág. 13. Bobeamos. O pronome de tratamento senhor não tem pedigree. Vira-lata, grafa-se com a inicial pequenina. Melhor: Excelentíssimo senhor Cristovam Buarque.
 

Prejuízo: acento por quê?

Casamento é bom? Muita gente gosta. Junta os trapinhos e compartilha alegrias, tristezas, sucessos, fracassos. Mas, como repetia Nelson Rodrigues, a unanimidade é burra. Há os que rejeitam a união desde sempre. E há os que se arrependem no caminho. O jeito? Um vai pra lá; o outro, pra cá. É o caso de prejuízo. A duplinha ui forma ditongo. Inseparáveis, as duas letras.
 

Georreferência se grafa com rr. Por quê?

Por que georreferência se escreve com rr? A duplinha homenageia a pronúncia. Referência, ao se colar a geo- não pede hífen. Pra manter o som rr, só há uma saída — dobrar a letra. O mesmo ocorre com s. Pra que não soe z, a dose dupla entra em cartaz: minissaia, microssistema, antissemita.
 

Temer sucedeu Dilma ou sucedeu a Dilma?

A regência do verbo suceder dá nó nos miolos de falantes e escritores. Temer sucedeu Dilma? Sucedeu a Dilma? As duas formas aparecem a torto e a direito. Mas a norma culta tem preferência. Morre de amores pela preposição a. Na acepção de substituir, vir depois, o objeto indireto é pra lá de bem-vindo. Assim: Temer sucedeu a Dilma. A noite sucede ao dia. 
 

Doar & cia.: conjugação

Falta sangue nos hemocentros. Campanhas para incentivar a doação invadem as redes sociais. A moçada quer fazer o bem sem olhar a quem. Pra fazer bonito, deu uma espiadinha na conjugação do verbo doar. Descobriu que o dissílabo joga no time de voar, perdoar, abençoar & cia. No presente do indicativo, a equipe dá nó nos miolos. A razão: a reforma ortográfica cassou o acento
 

Maria Clara Machado: dica para escrever

Numas férias arrumei um namorado em Vitória, o mais lindo e cobiçado da turma. Durante todo o ano foi uma troca de cartas esperadíssimas — e minha palavra tinha que ser suficientemente sedutora para fazer com que aquele garoto me esquecesse e suspirasse pela minha volta. Alguém quer melhor motivação para a escrita? No ano seguinte, outros gatos, em outros cenários, faziam parte do grêmio.
 

José Lins do Rego ensina

“A gramática, como os andaimes, tem grande utilidade enquanto se está construindo a casa ou adestrando o estilo. Depois, a sua grande serventia é a ausência."

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 30 de abril de 2022

AUTOESCOLA SE GRAFA SEM HÍFEN. POR QUÊ?
 

Autoescola se grafa sem hífen. Por quê?

Auto- figura na vala comum. Pede hífen em duas oportunidades: 1. quando seguido de h (auto-história). 2. quando seguido de o. É a tal história dos iguais que se rejeitam. Duas letras iguais? Uma fica lá, a outra cá (auto-observação, micro-ondas, super-resistente, mini-inquérito, contra-argumento). 3. No mais, é tudo colado: autoescola, autodidata, autoconhecimento.
 

Hífen: prefixo co-

Com a reforma ortográfica, lidar com o prefixo co- ficou fácil como tirar chupeta de criança. Ele não aceita hífen nem a pedido dos deuses do Olimpo. Fica sempre coladinho à palavra que vem depois dele: coordenação, coerdeiro, coautor, coeleitor.  
 

Hífen: geral

A reforma ortográfica enquadrou o adjetivo geral. O danadinho sempre se usa com hífen: direção-geral, diretor-geral, secretaria-geral, secretário-geral, procuradoria-geral, procurador-geral. E por aí vai.  
 

Hífen: auxílo-moradia & cia.

Auxílio-moradia, auxílio-maternidade e outros auxílios se escrevem com hífen? Sim. Com auxílio, não basta ficar um lá e outro cá. É necessária uma separação maior. No caso, o hífen. Veja: auxílio-doença, auxílio-enfermidade, auxílio-funeral, auxílio-reclusão, auxílio-gás, auxílio-combustível, auxílio-moradia. E por aí vai.  
 

Hífen: prefixo trans-

Qual a regra para usar o prefixo trans? Trans é pra lá de fácil. Alérgico, o pequeno se enche de brotoejas diante do tracinho. Com ele é tudo colado: transnacional, trasamazônica, transumano, transregional, transubjetivismo.    
 

Formação de palavras: s, ç, z

  O infinitivo na formação de palavras: 1. verbos terminados em -dir formam substantivos escritos com s: dividir (divisão), confundir (confusão), aludir (alusão), iludir (ilusão). 2. verbos terminados em -uzir formam substantivos terminados em -ção: seduzir (sedução), conduzir (condução), traduzir (tradução). 3. verbos terminados em -ar ora se grafam com s, ora com z. Por quê? A desinência formadora de verbos é -ar: martelo (martelar), […]
 

Grafia: g e j, s e z

  1. Se o infinitivo tem j no nome, sempre que o gê soar, o j pede passagem: viajar (viajo, viaja, viajamos, viajam; que eu viaje, ele viaje, viajemos, viajem). 2. Se o infinitivo tem g no nome, sempre que o gê soar, o g ganha banda de música e tapete vermelho. Pra manter a pronúncia, se necessário, o g vira j: agir (ajo, age, […]
 

Hífen: sem

Quando formam substantivos ou adjetivos, as três letrinhas (sem) gozam da inseparável companhia do hífen: sem-teto, sem-terra, sem-justiça, sem-Deus, sem-limite, sem-celular, sem-banco. Fora isso, grafam-se como as demais preposições do universo de Camões, Pessoa ou Machado: Saiu sem pedir licença. Sem dinheiro, nada de compras. O crime se classifica em culposo ou doloso. O doloso é o cometido sem intenção de matar. Olho vivo. Sem […]
 

Hífen: não

O acordo ortográfico cassou o hífen diante do não. Adeus, indesejado das gentes e das palavras. Doravante, sem elo, é um lá e outro cá. Assim: não agressão, não alinhamento, não conformismo, não fumante, não intervenção, não participação, não alinhado, não beligerante, não combatente, não conformista, não engajado, não intervencionista, não ferroso, não verbal, não viciado.  

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 29 de abril de 2022

O OSCAR E A LÍNGUA

  

O Oscar e a língua: Nique e Tique

Viva! Hoje é a festa do cinema. Atores, atrizes, diretores, figurinistas, compositores & cia. talentosa disputam a estatueta que todos amam e todos desejam. O Oscar abre portas, turbina carreiras e engorda a conta bancária.  A entrega Para chegar lá, os artistas firmam um pacto com os deuses da mitologia grega. E aguardam. Os vencedores recebem o troféu das mãos de Nike. A deusa da […]
 

Assistir o filme? Assistir ao filme?

Que tal um cineminha? Pra lá de legal, não? A fim de tornar o programa perfeito, uma condição se impõe: tratar o verbo assistir com engenho e arte. O trissílabo tem manhas. Pode ou não ser acompanhado de preposição: Assistir, soltinho, sem preposição, significa prestar assistência, ajudar, socorrer: O médico assiste os doentes. O governo assistiu os desabrigados pela chuva. A ONG assistirá crianças vulneráveis. 
 

Palavras que encolheram

Muitas palavras começaram compridas e encolheram. No começo da vida, extra era extraordinário. Pronunciar palavra tão comprida? Ah, que preguiça. Entrou em campo a lei do menor esforço. A polissílaba se tornou dissílaba. Cinema, que virou cine, já foi cinematográfico. Cruz-credo! Imagine convidar o amado para ir ao cinematográfico. O amor, que é cego, mas não é surdo, bate asas e voa. 
 

cinéfilo: etimologia

Você é louco por cinema? Então é cinéfilo. A palavra tem duas partes, ambas greguinhas. Uma é cinema (cine), que quer dizer movimento. A outra, philos, que significa amigo.  
 

Sétima arte: origem

A história começou em 1911. O italiano Ricciotto Canudo, teórico e crítico de cinema, divulgou o Manifesto das Sete Artes. O documento tinha um objetivo claro: desconstruir a ideia de que o cinema era espetáculo para o povão. Impunha-se integrá-lo ao status das Belas Artes — música, pintura, escultura, arquitetura, poesia e dança. O cinema, para ele, era uma arte síntese das demais.

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Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 28 de abril de 2022

PRONÚNCIAS TRAIÇOEIRAS
 

Pronúncias traiçoeiras

Eta calos doloridos! Quatro pronúncias fazem a gente perder prestígio e enterrar amores. Ei-las: Recorde se pronuncia como concorde. A sílaba tônica é cor. Rubrica é paroxítona como fabrica. A sílaba fortona: bri. Ruim é dissílaba – ru-im. A sílaba tônica: im. O S de subsídio se pronuncia como o de subsolo.
 

Obrigado, obrigada

Obrigado joga no time de agradecido. Ele diz agradecido. Diz, também, obrigado. Ela diz agradecida. Pode preferir obrigada. Ambos respondem por nada.
 

Acendido e aceso: quando usar?

Acendido = usa-se com os auxiliares ter e haver. Aceso = usa-se com os auxiliares ser e estar: Antes de entrar, tinha (havia) acendido a luz. A luz foi (está) acesa com antecedência. Olho no verbo pronominal: Alguém acende a luz, mas a luz se acende: Maria acendeu a luz. Sem que ninguém percebesse, a luz se acendeu. Terminado o ato, as cortinas se fecharam […]
 

Aceitado e aceito: emprego

Use aceitado com os auxiliares ter e haver (havia aceitado, tinha aceitado) e aceito com os verbos ser e estar (foi aceito, estava aceito).  Por quê? A língua tem verbos generosos. Abundantes, eles oferecem dois particípios. Um, terminado em –ado ou –ido, é regular (amado, vendido, partido). O outro, mais curtinho, irregular. Como usá-los? Depende da companhia. Com os auxiliares ser e estar, é a […]
 

Acaso ou caso?

Caso e acaso indicam condição. Mas têm empregos diferentes. Acaso pede a conjunção se; caso dispensa-a: Se acaso você chegasse a tempo, poderia ir à festa. Se acaso você antecipar o trabalho, resolverá o problema. Caso você chegasse a tempo, poderia ir à festa. Caso você antecipe o trabalho, resolverá o problema.  
 

Acabamento final? É pleonasmo

Acabamento final joga no time de subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, elo de ligação, habitat natural. É senhor pleonasmo. Basta acabamento. 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 27 de abril de 2022

AZUL-MARINHO JOGA NO TIME DE ULTRAVIOLETA
 

Azul-marinho joga no time  de ultravioleta

Azul-marinho, como ultravioleta, é invariável — sem feminino, masculino, singular ou plural: blusa azul-marinho, blusas azul-marinho, sapato azul-marinho, sapatos azul-marinho.
 

Ultravioleta é invariável

O adjetivo ultravioleta não tem plural. Com ele é tudo igual: raio ultravioleta, raios ultravioletas.
 

Uniforme verde-oliva. Uniformes…

Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis quando o segundo elemento da composição é substantivo: uniformes verde-oliva, blusas azul-turquesa, canários amarelo-ouro, sapatos verde-garrafa, vestidos vermelho-sangue, toalha azul-pavão.  
 

Adjetivo anteposto e posposto a mais de um substantivo: concordância

Adjetivo anteposto a mais de um substantivo concorda com o mais próximo, ou seja, o primeiro deles: má hora e lugar, sérios encargos e obrigações. Exceção: Quando os substantivos são nomes próprios ou nomes de parentesco, o adjetivo vai sempre para o plural: O Brasil admira os denodados Caxias e Tamandaré. O professor elogiou as aplicadas tia, prima e sobrinha. 2. Adjetivo posposto a dois […]
 

Adiar para depois? É pleonasmo

Adiar é deixar a realização de algo para depois. Por isso, abra os dois olhos. “Adiar para depois” é pleonasmo: O presidente adiou a reunião. O diretor adiou a viagem para a próxima quarta-feira. Que tal adiar o casamento?  
 

Adentro: grafia

Adentro escreve-se assim, coladinha: Fugiu mato adentro. A discussão prosseguia noite adentro.
 

Adentrar: regência

Adentrar? Não use. Você pode substituí-lo por entrar. Se usar, prefira a regência transitiva direta: O time adentrou o campo.  
 

Ademais: significado

Ademais significa além disso, de mais a mais: O dia estava frio; ademais, ele estava sem agasalho.  
 

Ad nutum: significado e história

A duplinha latina ad nutum significa a qualquer momento. Funcionário demissível ad nutum pode perder o emprego sem aviso prévio. É o caso de ministros e secretários de estado. Curiosidade Em 1808, a família real chegou ao Brasil. Com ela, veio a corte portuguesa. Onde abrigar tanta gente? O jeito foi desalojar os moradores das casas mais ajeitadas. A forma era simples. Colava-se na porta […]
 

Acontecer: emprego e abusos

As palavras, como as pessoas, têm manias. Combinam. Brigam. Fazem exigências. Armam ciladas. Um verbo cheio de caprichos é o acontecer. Elitista, ele tem poucos empregos. E quase nenhum amigo. Mas, por arte do destino, os colunistas sociais o adotaram. A moda se espalhou como notícia ruim. O pobre virou praga. Tudo acontece. Até pessoas: Neymar está acontecendo no noticiário. O casamento acontece na catedral.

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 26 de abril de 2022

ACIDENTE E INCIDENTE: DIFERENÇA
Acidente = fato imprevisto, em geral desastroso (acidente de trânsito, acidente aéreo, acidente que matou 10 pessoas). Incidente = episódio, atrito, fato de importância menor (incidente diplomático, incidente entre os irmãos
 
Acerca de = sobre, a respeito de: Pronunciou-se acerca da oscilação do dólar. Cerca de = aproximadamente: Recebeu cerca de R$ 500. Há cerca de indica contagem de tempo passado (faz aproximadamente): Viajou há cerca de dois meses. A cerca de exprime tempo futuro: Viajará daqui a cerca de dois meses. A cerca de sete meses das eleições, regras do pleito podem ser mudadas.  
 

Órfão tem dois acentos? Nãooooooo

Órgão e órfã têm dois acentos? Não. Na nossa linguinha, as palavras com mais de uma sílaba têm acento tônico. Todas. É a sílaba que soa mais forte. Nas oxítonas, ele cai na última sílaba (urubu). Nas paroxítonas, na penúltima (casa). Nas proparoxítonas, na antepenúltima (tâmara). O acento tônico pode ter acento gráfico. (Aí entram aquelas regras que a gente aprende na escola.) Em português só há dois: […]
 

Acento ou assento? Depende

Acento: sinal gráfico (agudo, grave, circunflexo). Assento: lugar onde se senta (assento preferencial, assento na ABL, assento dianteiro).  
 

Desde e a partir de: quando usar

A partir de é expressão de tempo. Quer dizer a começar em. Por isso, a partir de não combina com o verbo começar. É pleonasmo escrever “Os novos ônibus vão começar a circular a partir de 1º de dezembro”. Diga assim: Os novos ônibus vão começar a circular em 1º de dezembro. Ou assim: Os novos ônibus vão circular a partir de 1º de dezembro. […]
 

Os deuses e a língua: Marte e março

Adeus, fevereiro. Bem-vindo, março. O nome do mês tem origem pra lá de especial. O pai dele é nada mais, nada menos que Marte. O deus da guerra é forte, valente e mau. Está sempre preparado pra luta. Dia e noite usa armadura e capacete. Na mão esquerda, carrega um escudo. Na direita, uma espada. Onde há confrontos, lá está ele. Aparece de surpresa, num […]
 

Nome de mês e dia da semana: grafia

Mês e dia da semana não têm pedigree. Vira-latas, escrevem-se com a inicial minúscula: Ontem fevereiro se despediu de 2018. Estamos na quinta-feira 1º de março.
 

Palavras de Gabriela Mistral

“Todo país escravizado por outro ou outros países tem na mão, enquanto souber ou puder conservar a própria língua, a chave da prisão onde jaz.”  
 

Data venia e sic: significado e emprego

Expulsaram o latim da escola. Não adiantou. Ele vive assombrando a língua. É o caso de data venia e sic. A expressão data venia significa com o devido consentimento. Sic, por sua vez, quer dizer assim, desse jeitinho. Vem, entre parênteses, depois de uma palavra com grafia incorreta, desatualizada ou com sentido inadequado ao contexto. Com ela, damos este recado ao leitor: o texto original […]
 

Dois-pontos: maiúsculas e minúsculas

Depois de dois-pontos, ora se usa letra maiúscula, ora minúscula. Depende do que vem depois: 1. se for enumeração ou explicação, é a vez da pequenina: A questão era esta: perdera a eleição. Na livraria, comprou as seguintes obras: o dicionário do Houaiss, a gramática do Celso Cunha e o livro Raízes do Brasil. 2. Se for citação ou a frase de alguém, a grandona […]

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 25 de abril de 2022

TAREFAS MONSTRO OU TAREFAS MONSTROS?
Como adjetivo, monstro é invariável: tarefa monstro, tarefas monstro, esforço monstro, esforços monstro, congestionamento monstro, congestionamentos monstro. 

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 24 de abril de 2022

RAINHA NÃO TEM ACENTO. POR QUÊ?

 

Rainha não tem acento. Por quê?

Publicado em português

Eta parto difícil. Cadê a indicação do procurador-geral da República? Bolsonaro faz mistério. Outro dia, disse “O procurador-geral da República terá o valor de uma rainha no tabuleiro de xadrez”. Repórteres, loucos por novidade, escreveram sem pensar “raínha”. Assim, com o baita acentão no i. Confundiram Germanos com gêneros humanos. O i ganha grampinho quando quebra ditongo. É o caso de saída e egoísta.

Para tanto, preenche quatro condições:

1. ser antecedido de vogal: sa-í-da, e-go-ís-ta

2. formar sílaba sozinho ou com s: sa-í-da, e-goís-ta.

3. ser a sílaba tônica: sa-í-da, e-go-ís-ta.

4. não ser seguido de nh.

Ops! O i de rainha é seguido de nh. Daí ficar livre e solto como bainha, campainha, ladainha.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 23 de abril de 2022

FURACÃO: ETIMOLOGIA

 

Furacão: etimologia

Publicado em português

Furacões fazem estragos. Este ano é a vez do Dorian. Ele destruiu casas, derrubou árvores, inutilizou carros. Ao ver o noticiário, pinta a curiosidade: qual a origem do vocábulo furacão? A palavra veio do espanhol huracan. A língua de Cervantes se inspirou em Huracan, deus da mitologia maia. A divindade dos ventos, das tempestades e do fogo tratava da construção e da destruição na natureza. Tinha o nome associado às tormentas e às tempestades. Daí o fato de muitos descobridores designarem grandes tempestades de furacões.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 22 de abril de 2022

NDEPENDENTE E INDEPENDENTEMENTE: EMPREGO
 

Independente e independentemente: emprego

Publicado em português

Independente é adjetivo. Quer dizer livre: O Brasil ficou independente em 1822.

Independentemente é advérbio. Significa sem levar em conta Ganha o mesmo salário independentemente do número de horas trabalhadas.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 21 de abril de 2022

CHARLES CHAPLIN ENSINOU
 

Charles Chaplin ensinou

Publicado em português

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplauso.”


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 20 de abril de 2022

CONCORDÂNCIA: ASSIM COMO, BEM COMO
 

Concordância: assim como, bem como

Publicado em português

Com as expressões assim como  e bem como, o verbo pode ir para o singular ou plural. Observe a vírgula:

Paulo, assim como Maria, estuda medicina.

Paulo assim como Maria estudam medicina.

Paulo, bem como Maria, estuda medicina.

Paulo bem como Maria estudam medicina.

Viu? Com vírgula, o termo vira adjunto adverbial. Sem a vírgula, compõe o sujeito. A oração passa a ter sujeito composto. Daí o plural.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 19 de abril de 2022

RIMA NA PROSA! XÔ!
 

Rima na prosa? Xô!

Publicado em português

A língua encanta. Harmonias e ritmos seduzem ouvidos e arrebatam corações. Como chegar lá? Não há necessidade de mágicas. Basta usar os recursos do código — organizar as palavras de tal forma que a frase ganhe fluência e ritmo. A melhor pista: ler o texto em voz alta. O que escapa aos olhos grita aos ouvidos.

É o caso do eco. A rima é qualidade da poesia, mas defeito na prosa. A  repetição de sons iguais ou semelhantes pede providências:

  1. Houve confusão na reunião da diretoria. Feito o estrago, não houve como impedir a divulgação do fato. Agora se teme que os sócios exijam a elucidação dos pormenores.   

 Tantos ãos retumbam como trovão. Mesmo em silêncio, saltam aos olhos e ecoam no ouvido interno. Melhor reduzir a presença da dupla barulhenta: Houve tumulto no encontro da diretoria. Feito o estrago, foi impossível evitar a divulgação do fato. Agora se teme que os sócios exijam que se elucidem os pormenores.

    2. O Plano Real acabou com a inflação considerada mortal para o trabalhador.

Nada feito. O ouvido reclama. Vamos ao troca-troca: O Plano Real acabou com a inflação que mata a economia do trabalhador.

   3. O rigor do calor causava mal-estar crescente até nos moradores de Salvador.

Sem eco: O forte calor causava mal-estar crescente até nos moradores da capital baiana.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 18 de abril de 2022

CACÓFATO: Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
 

Cacófato: uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Publicado em português

A mocinha de família foi ao ensaio de uma escola de samba. Chegando lá, um folião suado, banguela, vestido com a camisa de time popular pediu pra dançar com ela. Pra não ser preconceituosa, a jovem aceitou. Mas o cara transpirava tanto que a coitada chegou ao limite. Afastou-se e disse:

— Você sua, hem?

Ele a puxou, lascou-lhe um beijo e respondeu:

— Beleza, gata…. excrusive vô sê seu tamém! É nóis!

É isso. De vez em quando, ocorrem encontros indesejados. Na língua também. O fim de uma palavra se junta com o começo de outra. Cria-se, então, uma penetra:

Pagou R$ 10 por cada peça.

Lá tinha muitos amigos.

Deu uma mãozinha à vizinha.

Maria diz que nunca ganha nada na loteria.

Os fatos calaram a boca dela.

Acredite. Os cacófatos, indelicados e espaçosos, não passam despercebidos. Como pô-los fora da frase? A leitura em voz alta os denuncia. As possibilidades da língua os expulsam:

Pagou R$ 10 por peça.

Tinha muitos amigos lá.

Deu ajuda à vizinha.

Maria diz que jamais ganha nada na loteria.

Os fatos lhe calaram a boca.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 17 de abril de 2022

OPORTUNIDADE DE O BRASIL MOSTRAR? DO BRASIL MOSTRAR?
 

Oportunidade de o Brasil mostrar? Oportunidade do Brasil mostrar?

Publicado em português

Olhos se arregalaram. Ouvidos se afinaram. Bocas se calaram. Ninguém acreditava. Mas é fato. A prova está lá, nos anais da Assembleia Geral da ONU. A razão do espanto: construção pra lá de sofisticada exibida pelo presidente. “Esta é a oportunidade de o Brasil se apresentar ao mundo”, disse Bolsonaro diante do plenário lotado.

Por que de o Brasil?, perguntavam presentes e ausentes. Há explicação para a preposição ficar de um lado e o artigo de outro? Há. Na gramática, nem todos são iguais perante a lei. Alguns são mais iguais. É o caso do sujeito. Dono e senhor da oração, ele manda e desmanda. Com ele ninguém pode.

Sem intimidade

Um dos caprichos do mandachuva: nunca vir preposicionado. Por isso, nem em delírio junte o artigo ou o pronome que acompanha o todo-poderoso com a preposição. Dizer “É hora do show começar”? Valha-nos, Deus! Peça perdão de joelhos. E redima-se: É hora de o show começar.

Veja exemplos: Chegou o momento de a viagem (sujeito) começarSobre a possibilidade de o presidente Trump (sujeito) perder o mandato, muita água vai rolar. É tempo de os programas de tevê (sujeito) diminuírem a violência. Treme só de pensar na hipótese de a mulher (sujeito) pedir o divórcio.

 Tratamento igual

A mesma distância aristocrática vale para o pronome. Diante do sujeito, não duvide. É um pra lá e outro pra cá: Chegou o momento de ela (sujeito) agir. Está na hora de eu (sujeito) entrarO fato de este servidor (sujeito) chegar atrasado tem a ver com a greve do metrô.

Olho vivo

Não seja mais real que o rei. Só o sujeito rejeita a preposição. Os outros termos pertencem ao time dos iguais: É hora do descanso. Falamos sobre a possibilidade de reconciliação dos dois irmãos. Gosto dela.

Superdica

Pra entrar no time do mais igual, o sujeito vem seguido de verbo no infinitivo: Antes de o galo cantar, tu me negarás três vezes.

Dito e feito. Amém.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 17 de abril de 2022

PÁSCOA: HISTÓRIA
 

Páscoa: história

Publicado em português

Páscoa é palavra hebraica. Quer dizer passagem. É tão antiga quanto o rascunho da Bíblia. Bem antes de Moisés vir ao mundo, os pastores nômades comemoravam a Páscoa. Cantavam e dançavam pela chegada da primavera. Na nova estação, a neve se ia. Os campos de cobriam de pastagens. Os alimentos abundavam.

Mais tarde, os judeus começaram a festejar a Páscoa. Lembravam, com sacrifícios, a saída do povo de Israel do Egito. Era a passagem da escravidão para a liberdade. No livro Êxodo, a Bíblia conta toda a história.

Em 325, os cristãos instituíram a Páscoa. Com ela, exaltam a ressurreição de Cristo. Em outras palavras: a passagem da morte para a vida. Para católicos e protestantes, a Páscoa simboliza a morte vicária. Jesus morreu no lugar dos homens. Para salvá-los.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 16 de abril de 2022

IMPEACHMENT E IMPICHAR
 

Impeachment e impichar

Publicado em português

E Trump, hem? O presidente americano quis vasculhar a vida do adversário democrata. Pediu ao colega da Ucrânia que passasse um pente-fino na vida do filho do mal-amado. Foi além — fez pressão. Resultado: a Câmara abriu inquérito de impeachment para tirá-lo da Casa Branca. Conseguirá? O tempo vai dizer. Enquanto o martelo não bate, guarde isto — impeachment se escreve-se desse jeitinho.

Curiosidade

O verbo impichar começou a ser usado no início dos anos 1990, quando ocorreu o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. (To) impeachment, verbo inglês, significa impedir, evitar, prevenir. Não tem correspondente em português no sentido de impedimento legal de ocupar cargo ou exercer o poder. Mas impichar é neologismo sem pedigree (ainda) pra ganhar espaço no dicionário. Usa-se na língua de camiseta, bermuda e sandália. Mas não tem vez com a que veste terno e gravata.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 15 de abril de 2022

DESCARRILAR OU DESCARRILHAR?
 

Descarrilar ou descarrilhar?

Publicado em português

Ser jornalista é perigoso. Muito perigoso. Ele tem de escrever rápido. Quase nunca pode revisar o texto. Resultado: corre o risco diário de escrever cachorro com x. Outro dia, quase aconteceu no jornal. Na matéria “Perigo sobre trilhos”, o repórter digitou “descarrilhar”. Não satisfeito, dobrou a dose. Grafou mais adiante “descarrilhamento”.

Leitores estranharam a grafia. Telefonaram. Escreveram cartas. Mandaram e-mails. “A forma correta”, explicaram eles, “é descarrilar e descarrilamento. Por uma razão simples: a palavra vem de carril (trilho). O h não faz parte da família. É penetra”.

E daí? A língua é cheia de surpresas. Essa é uma delas. Existem as duas grafias. A escrita com h é criação nossa. Ambas aparecem firmes e fortes no dicionário.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 14 de abril de 2022

PLEONASMO: SAFRA AGRÍCOLA
 

Pleonasmo: safra agrícola

Publicado em português

O Brasil é potência agrícola. Por isso a palavra safra faz parte do vocabulário de autoridades e gente como a gente. Volta e meia, ouve-se “safra agrícola”. Ops! Baita pleonasmo. Toda safra é agrícola. O adjetivo sobra. Xô! Se quiser especificar, diga o produto: safra de arroz, safra de feijão, safra de grãos.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 13 de abril de 2022

O RAPTO DE PERSÉFONE E AS ESTAÇÕES DO ANO
 

O rapto de Perséfone e as estações do ano

Publicado em português


Viva! Hoje o inverno se despediu e deu passagem à primavera. A natureza se
renova. Ganha colorido. Flores explodem e transformam em jardim até o
matinho sem graça. As pessoas escolhem roupas leves e claras. É a festa
cuja origem a mitologia grega relaciona ao rapto de Perséfone.

Foi assim

Perséfone encantava a todos por sua alegria e beleza. Era filha de Zeus, o
deus dos deuses, e de Deméter, a deusa da agricultura. Um dia, ela veio à
Terra dar uma voltinha. Hades, o senhor do mundo subterrâneo, a viu.
Apaixonou-se na hora. Então, sem mais nem menos, o chão se abriu e engoliu
a garota. Antes de desaparecer, ela soltou um grito desesperado. A mãe
ouviu.

Deméter procurou a filha durante nove dias e nove noites. Não a encontrou.
Inconformada, consultou Hélio, o sol, que tudo vê e nada esconde. Ele
sentiu muita pena da mãe. Falou-lhe do rapto. Ela se indignou. Disse que
não voltaria ao Olimpo sem a filha.

Acordo

A deusa da agricultura deixou de cumprir os deveres. Não alimentava a
Terra. Faltou comida. Os homens passaram fome. Hermes, mensageiro de Zeus,
prometeu trazer Perséfone de volta. Com uma condição: que ela não tivesse
provado o alimento dos mortos. A moça retornou. Mas ficou pouco tempo. Ela
havia comido três sementes de romã. Hades a levou de volta.

Zeus, então, arranjou uma saída. Todos os anos, Perséfone fica com a mãe
durante nove meses. A Terra festeja com a primavera, o verão e o outono.
Nos outros três, fica com o marido. Nesse período, a Terra se cobre de
gelo. Os grãos não crescem. É o inverno.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 12 de abril de 2022

PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO: ETIMOLOGIA
 

Primavera, verão, outono, inverno: etimologia

Publicado em português

Em tempos idos e vividos, só havia duas estações. Uma: veris, que,
em latim, quer dizer bom tempo. Dela se originou a palavra verão. A
outra: hiems, que significa mau tempo. Era tempus hibermus, tempo de
hibernar. Daí inverno.

Divisão

Vamos combinar? Nove meses são 270 dias. A natureza, inquieta, muda ao
longo de tão longo período. No começo do bom tempo, que vem logo depois
do inverno, temos a primavera. Eis a razão por que primavera se chama
primavera. O nome vem de primo vere — o primeiro verão.

Depois? A paisagem muda. A claridade se prolonga. O calor aumenta. É o
veranum tempus — nosso verão. Por fim, vem autumus, referência aos meses
de colheita, que lembra crescimento e produção. Com o passar dos anos, a
estação foi associada ao ocaso. É por isso que se fala em outono da vida.

Ocaso quer dizer pôr do sol. Na origem, significa queda, declínio, ruína,
fim. No outono, o frio se anuncia, as folhas caem, o sol do verão se
esconde. Adeus, tempo bom.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 11 de abril de 2022

TIM-TIM POR TIM-TIM: PLURAL

Tim-tim por tim-tim: plural

Publicado em português

Tim-tim por tim-tim é palavra que imita o som do bater de taças. Por isso joga no time das onomatopeias. O plural? É tim-tins por tim-tins.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 10 de abril de 2022

PLURAL: TIRA-DÚVIDA, TIRA-GOSTO, TIRA-TEIMA
 

Plural: tira-dúvida, tira-gosto, tira-teima

 

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O nome é composto por verbo + substantivo? Só o substantivo vai para o plural: guarda-chuva (guarda-chuvas), porta-mala (porta-malas), tira-dúvida (tira-dúvidas), tira-gosto (tira-gostos) tira-teima (tira-teimas).   


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 09 de abril de 2022

HÍFEN OU TRAVESSÃO?
 

Hífen ou travessão?

Publicado em português

Ponte Rio-Niterói ou Ponte Rio—Niterói? Tracinho ou tração? Antes do acordo, os papéis do hífen e do travessão eram bem claros. O tracinho ligava vocábulos diferentes e formava outro, sem parentesco com os originais. Vale o exemplo de beija-flor. Beija é forma do verbo beijar. Flor, o presente colorido que as plantas nos dão. Ligadas pelo hífen, a dupla dá nome ao pássaro que voa de galho em galho e seduz pela leveza e encanto.

O travessão, por seu lado, ligava vocábulos sem formar palavras novas. É o caso de Ponte Rio—Niterói. Mas as coisas mudaram. Agora, só o hífen tem vez: Ponte Rio-Niterói, Rodovia Rio-Santos, voo Nova York-Tóquio, circuito Paris-Roma-Londres, Liberdade-Igualdade-Fraternidade. Etc. Etc. Etc.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 08 de abril de 2022

BLOQUEAR & CIA.: CONJUGAÇÃO
 

Bloquear & cia.: conjugação

Publicado em português

Olho vivo, moçada. Bloquear pertence à gangue do -ear. É o caso de passear, cear e frear. A turma arma ciladas no presente do indicativo e no presente do subjuntivo. É esta: em todas as pessoas, aparece o i. Só o nós e o vós dispensam a letrinha.

Veja: eu bloqueio (passeio, ceio, freio), tu bloqueias (passeias, ceias, freias), ele bloqueia (passeia, ceia, freia), nós bloqueamos (passeamos, ceamos, freamos), vós bloqueais (passeais, ceais, freais), eles bloqueiam (passeiam, ceiam, freiam); que eu bloqueie (passeie, ceie, freie), ele bloqueie (passeie, ceie, freie), nós bloqueamos (passeemos, ceemos, freemos), vós bloqueeis (passeeis, ceeis, freeis), eles bloqueiem (passeiem, ceiem freiem).


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 07 de abril de 2022

TRÂNSITO E TRANSIBERIANO: POR QUE A PRONÚNCIA DIFERENTE DO S?
 

Trânsito e transiberiano: por que a pronúncia diferente do s?

Publicado em português

s que aparece na palavra trânsito soa z. O que aparece na palavra transubstanciação soa ss. Por quê? Ambos os vocábulos são formados pelo prefixo trans-. A resposta está no que vem depois.

Trânsito, como transigir, transatlântico, transar e transístor, é seguido por letra diferente de s: trâns(ito), trans(igir), trans(atlântico), trans(ar), trans(ístor).

Transubstanciação, como transiberiana, transumir e transugar, é seguida de palavra começada por s. Viu? S de um lado e s de outro são dose dupla. Na escrita, um deles bate asas e voa. Mas na pronúncia soa como se estivesse presente: trans(substanciação), trans(siberiana), trans(sumir), trans(sugar).


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 06 de abril de 2022

HOJE FAZ 30 GRAUS? FAZEM 30 GRAUS?
 

Hoje faz 30 graus? Fazem 30 graus?

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A frase que mais se ouve em Brasília? Ah, que calor! É que a temperatura enlouqueceu. Passou de 30 graus. A quentura levantou uma questão. A gente diz faz 30 graus? Ou fazem 30 graus? Olho vivo! Ao falar de tempo, o verbo fazer é inflexível. Só aceita o singular. Ontem fez 34 graus em Brasília. Hoje faz 33 graus. E amanhã? É esperar pra ver. O verbo não está nem aí. Baixe ou se eleve a temperatura, ele se mantém firme e forte. Só no singular.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 05 de abril de 2022

BICHO-PREGUIÇA: PLURAL
 

Plural: bicho-preguiça

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Era quarta-feira. Na movimentada Rodovia Rio-Santos, ops! Dois animaizinhos paralisaram a via. Primeiro um bicho-preguiça. Depois, outro. Eles tentavam atravessar o asfalto quando receberam o apoio de motoristas, que bloquearam o trânsito e aguardaram pacientemente a travessia dos bichos. Viva! O fato virou notícia. E levantou uma dúvida. Qual o plural de bicho-preguiça? A equipe do jornal A Tribuna de Santos foi atrás. O Dicionário Houaiss informa: é bichos-preguiça.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 04 de abril de 2022

ADEQUAR: CONJUGAÇÃO
 

Adequar: conjugação

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A censura na Bienal do Rio fez vítimas. Entre elas, a língua. O presidente do Tribunal de Justiça do Rio foi um dos algozes. Na sentença que proferiu, escreveu: “… é mister que os pais sejam devidamente alertados, com a finalidade de acessarem previamente informações a respeito do teor das publicações disponíveis no livre comércio, antes de decidirem se aquele texto se adequa ou não à sua visão de como educar seus filhos”. Viu? O desembargador bateu no verbo adequar.

Adequar só se conjuga nas formas em que a sílaba tônica cai fora do radical (adeq). O presente do indicativo tem apenas duas pessoas (adequamos, adequais). Por não ter a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, não se flexiona no presente do subjuntivo e no imperativo negativo. Do imperativo afirmativo só tem a 2ª pessoa do plural (adequai). Os demais tempos e modos são regulares (adequei, adequaste, adequou, adequamos, adequastes, adequaram; adequava, adequavas, adequava, adequávamos, adequáveis, adequavam; adequarei; adequaria; adequasse; adequando; adequado).

É isso. Sua Excelência escreveu “adequa”. Nessa forma, a sílaba tônica cai no radical (de). Bobeou. Que tal substituir o verbo? Sugestão: adaptar.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 03 de abril de 2022

ANEURISMA: MASCULINO OU FEMININO?
 

Aneurisma: masculino ou feminino?

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Aneurisma joga no time de telegrama e telefonema. Os três são substantivos masculinos: o aneurisma, o telegrama, o telefonema.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 02 de abril de 2022

TESÃO: MASCULINA OU FEMININA?
 

Tesão: masculina ou feminina?

Publicado em português

A palavra tesão nasceu latina. Tinha o sentido de força, intensidade, manifestação de violência. Com o tempo, ganhou acepções novas. Entre elas, impuseram-se excitação, desejo sexual, pessoa que desperta desejos sexuais. Resultado: o vocábulo deu adeus à linguagem culta e entrou de cabeça na popular. Mas, desde sempre, é masculino (o tesão).


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 01 de abril de 2022

ELE É A TESTEMUNHA OU O TESTEMUNHA?

 

Ele é a testemunha ou o testemunha?

Publicado em português

Testemunha é sempre femininoEle é a testemunha de acusação. Ela é a testemunha de defesa.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 31 de março de 2022

DIA DOS PAIS: HISTÓRIA
 

Dia dos Pais: história

Publicado em português

Viva! Hoje, 11 de agosto, é o Dia dos Pais. Todos os dias deveriam ser dedicados a ele. Talvez sejam. Mas o calendário escolheu o segundo domingo de agosto. Por quê? A história vem de longe. Dizem que a homenagem nasceu na Babilônia. Mas, modernamente, veio à luz nos Estados Unidos em 1909.

Sonora Louise Dodd criou a data para provar que se orgulhava do pai. John Bruce Dodd perdeu a mulher em 1898. Cuidou, sozinho, dos seis filhos. A menina escolheu o dia do aniversário dele, 19 de junho, para a comemoração. A iniciativa ganhou apoio. Em 1966, o então presidente Lyndon Johnson bateu o martelo. Oficializou o terceiro domingo de junho como Dia dos Pais nos States.

 No Brasil

Aqui, paizinhos e paizões ganharam seu dia em 1953. A primeira festa foi em 14 de agosto. A escolha não se deve ao acaso. Coincide com o aniversário de São Joaquim, pai de Maria e avô de Jesus. Depois a data foi transferida para o segundo domingo de agosto. Por quê? Por três razões. Uma: fica mais fácil de lembrar. Outra: a maioria das pessoas não trabalha. A última: o comércio, claro, fatura mais.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 30 de março de 2022

ACONTECER: EMPREGO
 

Acontecer: emprego

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As palavras têm manias. Combinam. Brigam. Fazem exigências. Armam ciladas. Um verbo cheio de caprichos é o acontecer. Elitista, ele tem poucos empregos. E quase nenhum amigo. Mas, por arte do destino, os colunistas sociais o adotaram. A moda se espalhou como notícia ruim. O pobre virou praga. Tudo acontece. Até pessoas: Anita está acontecendo no universo musical. O casamento acontece na catedral. show acontece às 22h. E por aí vai. Violentado, o verbo vira a cara. Esperneia. E se vinga. Deixa mal quem abusa dele. Diz que o atrevido sofre de pobreza de vocabulário. Para não cair na boca do povo, só há uma saída: empregá-lo na acepção de suceder de repente.

1. Acontecer tem a acepção de ocorrer de repente: Caso acontecesse o ataque, haveria muitos mortos.

2. O verbo é bem-vindo na companhia dos pronomes indefinidos (tudo, nada, todos), demonstrativos (este, isto, aquilo) e o interrogativo (que): Tudo pode acontecer durante o conflito. Aquilo não aconteceu de uma hora para outra. O que aconteceu?

Atenção

Não use acontecer no sentido de ser, haver, realizar-se, ocorrer, suceder, existir, verificar-se, dar-se, estar marcado para: O show acontece (está marcado para) às 22hO festival aconteceu (ocorreu) no ano passado. Acontecem (ocorrem) injustiças no concurso. As provas estão previstas para acontecer em setembro (previstas para setembro).


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 29 de março de 2022

ADERIR: CONJUGAÇÃO E REGÊNCIA
 

Aderir: conjugação e regência

Publicado em português

Aderir é um dos verbos mais usados em dias de negociação de reformas que mexem com a vida das pessoas. Sobram, por isso, tropeços na conjugação e na regência. Pra evitar balbúrdia na comunicação, manda o bom senso aprender as manhas do verbo:

 Regência

Pede a preposição aO partido aderiu ao programa proposto pelo líderNão se pode aderir a todos os modismos.

Conjugação

Apresenta irregularidade na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e, por extensão, em todo o presente do subjuntivo. Presente do indicativo (eu adiro, tu aderes, ele adere, etc.), presente do subjuntivo (que eu adira, tu adiras, ele adira, etc.). No mais, segue o modelo de partir.

Historinha

Diana ganhou o cobiçado prêmio de jornalismo. Oba! Os colegas, felizes, organizaram feliz comitiva pra comemorar. Iriam a Maceió. Seria viagem de adesão. Cada um arcaria com a própria despesa. A felizarda vibrou com a novidade. Estava no carro. Ao lado, o namorado, de carona. Ela lhe falou da festança. Entusiasmado, ele disse alto e bom som: “Eu adero”. Diana freou. Mandou-o descer. Ele, perplexo, bateu asas e voou. Entendeu tarde que o amor é cego, mas não é surdo.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 28 de março de 2022

INFANTOJUVENIL OU INFANTO-JUVENIL?
 

Infantojuvenil ou infanto-juvenil?

Publicado em português

A decisão do prefeito do Rio de proibir a venda de livro na Bienal movimentou o Judiciário. Um juiz mandou liberar a negociação da obra. Houve recurso. O presidente do Tribunal de Justiça mandou recolher a história em quadrinhos Os vingadores. Justificou assim: “… em se tratando de obra de super-heróis, atrativa ao público infanto-juvenil, que aborda o tema da homossexualidade, é mister que os pais sejam devidamente alertados”. Ops! Sua Excelência tropeçou no hífen. Infantojuvenil se escreve assim — coladinha.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 27 de março de 2022

HINO NACIONAL EXPLICADO
 

Hino Nacional explicado

Publicado em português

O Brasil se veste de verde e amarelo. Bandeiras hasteadas, prédios decorados, camisetas exibem as cores do país. A música mais tocada? É o Hino Nacional, claro. A gente o canta com entusiasmo. Mas a letra… Palavras complicadas, ordem inversa, abuso de adjetivos. Ufa! Nem professores conseguem ensiná-lo aos alunos. Que tal uma ajudinha? O blogue revela os mistérios do símbolo desta Pindorama tropical. Em negrito, aparecem os versos como nós os cantamos. Em seguida, vêm em ordem direta. Nos parênteses, o sinônimo dos vocábulos mais difíceis. Vamos lá?

Hino Nacional

Letra: Osório Duque Estrada

Música: Francisco Manoel da Silva

 

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heroico o brado retumbante,

E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,

Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

*

As margens plácidas (tranquilas, serenas) do Ipiranga ouviram

o brado (grito) retumbante (estrondoso) de um povo heroico.

E o sol da liberdade, em raios fúlgidos (cintilantes),

brilhou no céu da Pátria nesse instante.

***

Se o penhor dessa igualdade

Conseguimos conquistar com braço forte,

Em teu seio, ó Liberdade,

Desafia o nosso peito a própria morte!

*

Se conseguimos conquistar o penhor (garantia)

dessa igualdade com braço forte, o nosso peito

desafia até a morte em teu seio, ó Liberdade.

***

Ó Pátria amada,

Idolatrada

Salve! Salve!

*

Ó Pátria amada,

Idolatrada (adorada, venerada)

Salve! Salve!

***

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido

De amor e de esperança à terra desce,

Se em teu formoso céu, risonho e límpido,

A imagem do Cruzeiro resplandece.

*

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido (intenso, vivo) de amor

e de esperança desce à terra se em teu formoso (belo) céu,

risonho e límpido (transparente), a imagem do Cruzeiro

(constelação do Cruzeiro do Sul) resplandece (brilha).

***

Gigante pela própria natureza,

És belo, és forte, impávido colosso,

E o teu futuro espelha essa grandeza,

Terra adorada,

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,

Pátria amada,

Brasil!

*

Gigante pela própria natureza, és belo, és forte,

impávido (destemido, corajoso) colosso (gigante).

E o teu futuro espelha (reflete) essa grandeza,

Terra adorada

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

Ó Pátria amada!

És mãe gentil (amável) dos filhos deste solo.

***

Deitado eternamente em berço esplêndido

Ao som do mar e à luz do céu profundo,

Fulguras, ó Brasil, florão da América,

Iluminado ao sol do Novo Mundo!

*

Ó Brasil, florão (abóbada, cúpula, joia da coroa) da América, (tu) fulguras

(brilhas)

iluminado ao sol do Novo Mundo deitado eternamente

em berço (território) esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo.

***

Do que a terra mais garrida

teus risonhos, lindos campos têm mais flores;

Nossos bosques têm mais vida”,

Nossa vida” no teu seio “mais amores”.

*

Teus campos risonhos e lindos têm mais flores,

nossos bosques têm mais vida,

nossa vida no teu seio (âmago, interior) mais amores

do que a terra mais garrida (enfeitada, graciosa).

***

Ó Pátria amada,

Idolatrada,

Salve! Salve!

Brasil de amor eterno seja símbolo

O lábaro que ostentas estrelado,

E diga o verde-louro desta flâmula:

Paz no futuro e glória no passado.

*

O lábaro (bandeira) que ostentas (exibes) estrelado

seja símbolo de amor eterno. E o verde-louro (verde-amarelo) desta

flâmula (bandeira) diga: paz no futuro e glória no passado.

***

Mas, se ergues da justiça a clava forte,

verás que um filho teu não foge à luta,

nem teme quem te adora

a própria morte.

*

Mas, se a clava (bastão usado como arma)

Forte da justiça (tu) ergues,

verás que um filho teu não foge à luta, nem teme a

própria morte quem te adora.

*

Terra adorada,

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,

Pátria amada,

Brasil!


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 26 de março de 2022

CADÊ A CRASE?
 

Cadê a crase?

Publicado em português

“Guedes pede desculpas por ofensa a mulher de Macron”, escreveu o site do jornal. Leitores fizeram o que têm de fazer. Leram. Ops! Estranharam a falta do sinalzinho indicador de crase. No caso, estão presentes dois aa: a preposição exigida pelo verbo (a gente pede desculpas a alguém) e o artigo definido que acompanha o substantivo mulher de Macron: Guedes pede desculpas por ofensa à mulher de Macron.

Pintou a dúvida?  Apele para o tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. Não precisa ser sinônima, mas é importante que respeite o número (singular ou plural). Se no troca-troca der ao, sinal de crase. Caso contrário, o acento não tem vez: Guedes pede desculpas por ofensas ao pai de Macron.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 25 de março de 2022

RAINHA NÃO TEM ACENTO. POR QUÊ?
 

Rainha não tem acento. Por quê?

Publicado em português

Eta parto difícil. Cadê a indicação do procurador-geral da República? Bolsonaro faz mistério. Outro dia, disse “O procurador-geral da República terá o valor de uma rainha no tabuleiro de xadrez”. Repórteres, loucos por novidade, escreveram sem pensar “raínha”. Assim, com o baita acentão no i. Confundiram Germanos com gêneros humanos. O i ganha grampinho quando quebra ditongo. É o caso de saída e egoísta.

Para tanto, preenche quatro condições:

1. ser antecedido de vogal: sa-í-da, e-go-ís-ta

2. formar sílaba sozinho ou com s: sa-í-da, e-goís-ta.

3. ser a sílaba tônica: sa-í-da, e-go-ís-ta.

4. não ser seguido de nh.

Ops! O i de rainha é seguido de nh. Daí ficar livre e solto como bainha, campainha, ladainha.


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