ÓPTICO OU ÓTICO?
Óptico é relativo à visão (músculo óptico, fibra óptica). Ótico, relativo ou pertencente ao ouvido (músculo ótico). Para definir ponto de vista ou o estudo da luz, é preferível a forma ótica: ilusão de ótica, estudo da ótica. Olho vivo Óptico admite a variante ótico. Mas pode armar confusão com ótico, referente a ouvido.
Imitamos as vozes dos bichos ou o ruído das coisas. Com elas, formamos novas palavras. São as onomatopeias. As danadinhas aumentam o vocabulário e, com isso, enriquecem a língua. Miau-miau, mia o gato. Au-au, late o cão. Muuuuu-muuuuuu, muge a vaca. Cocoricó, canta o galo. Cri-cri-cri, cricrila o grilo. Zum-zum-zum, zune a mosca. Tique-taque, bate o relógio. Pingue-pongue, salta a bola.
Onde indica lugar físico: a cidade onde moro, o lugar onde nasci, a gaveta onde guardei, as palmeiras onde canta o sabiá. Em que indica lugar não físico: Na palestra em que falou sobre a crise americana, o presidente recebeu entusiasmados aplausos.
Atenção à regência do verbo obrigar. Obriga-se alguém a fazer alguma coisa: Obrigou o filho a estudar. O professor obriga os alunos a se manterem calados. Eu o obriguei a fazer horas extras. Outros verbos exigem a preposição a antes do infinitivo. É o caso de começar, convidar, ensinar e forçar: Começou a escrever a peça em 1989. Convidamos os amigos a participar da festa.
A escrita agradável tem muitos segredos. Um deles: fugir do artigo indefinido. Um, uma, uns, umas fazem estragos. Tornam o substantivo impreciso e molengão. Mais ou menos como Sansão sem cabelo. Quer ver? Paulistanos foram surpreendidos por (um) temporal que alagou a cidade. Deus é (um) poder supremo. (Um) outro bate-boca ocorreu ontem entre o marido e a mulher.
A palavra pleonasmo vem do grego. Na língua de Platão e Aristóteles, quer dizer superabundância. Em bom português: repetição de uma ideia com palavras diferentes. Há pleonasmos e pleonasmos. Alguns não dão nenhuma expressividade à frase. Aí, deixam de ser figuras de linguagem e passam a ser vício. É o caso de comer com a boca, subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro.
Ops! Saiu na primeira página do jornal: “A tragédia parou São Sebastião. Era por volta das 10h30 quando o motorista de um caminhão de bebidas perdeu a direção na íngreme descida da pista principal da cidade”. Observou o cochilo? Na indicação de horas, o verbo concorda com o número: Era 1h. Eram 13h. É 1h. São 4h. É meio-dia. São 12h.
“Há quatro espécies de homens. O que não sabe e não sabe que não sabe. É tolo — evita-o. O que não sabe e sabe que não sabe. É simples — ensina-o. O que sabe e não sabe que sabe. Ele dorme — acorda-o. O que sabe e sabe que sabe. É sábio — segue-o.”
Depor é filho de pôr e irmãozinho dos verbos terminados em -or. Compor, repor, transpor & cia. fazem parte da família pra lá de unida. Toda a filharada se conjuga tal qual o paizão. Assim: ponho (deponho, componho, reponho, transponho), põe (depõe, compõe, repõe, transpõe), pomos (depomos, compomos, repomos, transpomos), põem (depõem, compõem, repõem, transpõem). Moleza? Sim.