Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 14 de dezembro de 2021

PARÊNTESES: EMPREGO E PONTUAÇÃO
 

Parênteses: emprego e pontuação

Publicado em português

Os parênteses são as grandes vítimas da escola. “Errou e não pode apagar? Ponha entre parênteses”, ensinam os professores. Os alunos aprendem a lição. Repetem-na ao longo da vida. Resultado: dão informações falsas, perdem pontos em concursos, são reprovados no vestibular. Vamos combinar? O prejuízo não vale a pena. Escapar dele é fácil como andar pra frente.

Ao usar os parênteses, você dá um recado: o que está dentro deles não faz falta. É secundário, acessório. Entrou ali de carona. Em geral, trata-se de uma explicação, uma circunstância incidental, uma reflexão, um comentário ou uma observação. Veja:

Recife (ou o Recife) prepara-se para o carnaval.

A maioria dos aeroportos brasileiros não tem (quem diria!) sistema de controle de bagagem.

Dom Casmurro (de Machado de Assis) é obra-prima da literatura brasileira.

A capital da França (Paris) virou algo constante de ataques terroristas.

Pontuação

Leia as frases pulando os parênteses. Viu? O que está lá dentro acrescenta algo à declaração, porém não faz falta. Embora dispensável, o autor achou legal brindar o leitor com a informação. OK. O texto é dele. Mas pinta uma pergunta. Como fica a pontuação?

  1. O ponto vai fora quando a palavra ou expressão encerradas nos parênteses for um pedaço da oração: Estão com a corda no pescoço três estados brasileiros (Rio, Minas e Rio Grande do Sul). Ameaçam o abastecimento de água de Brasília os lotes próximo à Barragem do Descoberto (muitos deles irregulares). Brasília (a capital do Brasil) tem 3 milhões de habitantes.
  2. O ponto vai dentro quando os parênteses englobam toda a oração: Meninas de hoje perseguem os meninos até concretizarem o romance. (Vão em cima com tudo sem se importar se eles querem ou não.) As pessoas determinadas investem tudo para obter o que desejam. (Elas não querem perder.) Donald Trump brinca de presidente dos Estados Unidos. (Não está nem aí para a importância do cargo.)

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 13 de dezembro de 2021

ENTREGADOR E MOTORISTA DE APLICATIVO? POR APLICATIVO?
 

Entregador e motorista de aplicativo? Por aplicativo?

Publicado em português

Centenas de motoqueiros que fazem entrega de comida cruzaram os braços por um dia. Querem mais segurança e proteção da legislação trabalhista. Ao escrever sobre o assunto, pintou uma dúvida. Eles são entregadores de aplicativos ou entregadores por aplicativos? São entregadores por aplicativo.

A mesma questão vale para motorista. Profissional que trabalha para a Uber e similares é motorista por aplicativo.

Tira-teima

Na dúvida, basta apelar para a analogia. Ele é motorista por necessidade, por prazer, por dinheiro.

A preposição de dá outro sentido à frase:

Entregadores de aplicativos = eles entregam aplicativos. É falso, não? Eles entregam encomendas, comida, pacotes.

Motorista de aplicativo = ele dirige aplicativo. Nem pensar! Ele dirige táxi, dirige ônibus, dirige caminhão, dirige carro particular.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 12 de dezembro de 2021

ARTIGOS DE LEI: NUMERAL ORDINAL OU CARDINAL?
 

Artigos de lei: numeral ordinal ou cardinal?

Publicado em português

Na numeração de artigos de leis, decretos, medidas provisórias & gangue, use o ordinal até nove. De 10 em diante, o cardinal: artigo 1º, artigo 9º, artigo 10, artigo 17.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 11 de dezembro de 2021

MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS: PROJETO DE LEI
 

Erramos: maiúsculas e minúsculas

Publicado em português

“O Congresso Nacional aprovou a legislação via Projeto de Lei”, escrevemos na pág. 7. Projeto de lei & cia são substantivos comuns. Escrevem-se com inicial minúscula. Só ganham pedigree quando têm número ou nome (Projeto de Lei 44.510, Lei das Licitações). Melhor: O Congresso Nacional aprovou a legislação via projeto de lei.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 10 de dezembro de 2021

HEXA: HÍFEN
 

Erramos 2: hexa (hífen)

Publicado em português

“À medida que vai convencendo o país de que tem qualidade técnica para disputar o título de hexa campeão do mundo, a Seleção Brasileira nos une na vitória”, escrevemos na pág. 2. Ops! Bobeamos na grafia de hexacampeão. Hexa pede o tracinho quando seguido de h ou a.No mais, é tudo colado: hexa-homenagem, hexa-advertência, hexacampeão, hexadecimal, hexarreator, hexassubstituto.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 09 de dezembro de 2021

HÍFEN: ONOMATOPEIA
 

Hífen: onomatopeia

Publicado em português

Au-au. É o cão que late. Miau-miau. É o gato que mia. Glu-glu. É o peru que gluglujeia. Có-có. É a galinha que cacareja. Chuá-chuá. É a água que cai. Tique-taque. É o relógio que marca as horas.

As palavras que reproduzem o som de vozes ou ruídos recebem nome pra lá de pomposo. É onomatopeia. O adjetivo dela derivado tem duas formas – onomatopeico, onomatopaico. Ambas têm o mesmo significado. Escolha a que lhe soar melhor.

Antes da reforma ortográfica, as onomatopeias eram cheias de caprichos. Ora se grafavam com hífen, ora sem. Agora todas pedem o tracinho: bangue-bangue, blá-blá-blá, có-có, pisca-pisca, tique-taque, toque-toque, glu-glu, quem-quem, tim-tim.

Atenção: os derivados dispensam o hífen: gluglujear, cocorocó.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 08 de dezembro de 2021

PARECE, MAS NÃO É
 

Parece, mas não é

Publicado em Geral

 

Maria é cuidadosa leitora de jornais. Presta atenção às notícias. Mas não se descuida da língua. Grafia, concordância, regência, nada escapa da moça pra lá de exigente. Outro dia, ela leu esta frase: “Deputado reavê velho estilo”. Arrepiou-se. Mais um descuidado tropeça no reaver. É que o verbo arma baita cilada. Nela, tropeçam as melhores famílias. Jornalistas também.

Você consegue identificar a falha que enfureceu Maria?

a. Ao escrever “reavê”, o repórter desconheceu a origem do verbo. Pensou que reaver fosse derivado de ver (eu vejo, ele vê). b. O significado de reaver não é adequado à frase. Recuperar cai melhor.

E daí?

Escolheu a letra a? Acertou. Reaver parece derivado de ver. Mas não é. O pai dele é haver. O danadinho significa haver de novo. Em outras palavras, recobrar, recuperar. Por isso se fala em reaver o tempo perdido, reaver os bens, reaver a amizade.

Conjugação

Filho de peixe sabe nadar. Reaver só se conjuga nas formas em que o v, de haver, aparece. Nas demais, ele não tem vez. O presente do indicativo tem duas pessoas. Uma: reavemos. A outra: reaveis.

Sem a primeira pessoa do singular do presente do indicativo, o presente do subjuntivo inexiste. Não caia na esparrela do “reaveja”. “Reaveja” não existe. Em vez desse horror, diga recupere, recobre.

Olho vivo

O perigo mora no pretérito perfeito. Os distraídos o flexionam como se o pobrezinho descendesse de ver. Não falta quem escreva “reaviu”. Cruz-credo! O pretérito perfeito de haver é houve. De reaver, é reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram.

Moleza

Os demais tempos e modos são moleza: reavia, reavíamos, reaviam; reouvera, reouveras, reouveram; reaverei, reaverás, reaverá; reaveria, reaveríamos, reaveriam. E por aí vai.   Teste

Está pra lá de certa a frase: a. Talvez ele tenha reavisto as jóias roubadas. b. Talvez ele tenha reavido as jóias perdidas.   Acertou?

Moleza, não? O particípio de haver é havido. De reaver, reavido.  


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 07 de dezembro de 2021

MACHADO DE ASSIS ESCREVEU
 

Machado de Assis escreveu

Publicado em português

“Não há nada pior do que dar longas pernas para pequenas ideias.”


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 06 de dezembro de 2021

IR E VIR
 

Ir e vir

Publicado em Geral

 

Povos se deslocam pra lá e pra cá. Tangidos por guerras, fome ou desejo de melhorar de vida, eles se aventuram por mares nunca dantes navegados. O latim migratione deu a denominação ao ato. É migração. A trissílaba significa movimento: Nordestinos migraram pra São Paulo em época de seca severa. Gaúchos migraram pra Mato Grosso e Rondônia atrás de terras pra cultivar. Mineiros migraram pra Brasília a fim de ajudar na construção da nova capital. 
 

De lá pra cá

Imigração ou emigração? Depende do ponto de vista. O prefixo im- exprime movimento pra dentro. Ex, pra fora. Vistos de lá, os que deixaram o Japão são emigrantes. Vistos de cá, imigrantes. 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 05 de dezembro de 2021

O PODER DA VÍRGULA
 

O poder da vírgula

Publicado em português

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) completou 100 anos em 2009. Na ocasião, publicou texto em que demonstra o poder do dono da palavra. Não precisou de muito esforço. Um simples deslocar de vírgulas deu o recado. Quer ver?

A vírgula

 

A vírgula pode ser uma pausa. Ou não:

Não, espere.

Não espere.

 

A vírgula pode criar heróis:

Isso só, ele resolve.

Isso, só ele resolve.

 

Ela pode reforçar o que você não quer:

Aceito, obrigado.

Aceito obrigado.

 

Pode acusar a pessoa errada:

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.

 

A vírgula pode mudar uma opinião:

Não quero ler.

Não, quero ler.

 

Uma vírgula muda tudo.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 04 de dezembro de 2021

O BEBÊ? A BEBÊ?
 

O bebê? A bebê?

Publicado em português

A menininha nada de braçadas. Ela é o bebê. É, também, a bebê. Elas são os bebês. Ou as bebês.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 03 de dezembro de 2021

CUJO: EMPREGO
 

Cujo: emprego

Publicado em português

Vamos combinar? O cujo é pra lá de sofisticado. Pronome relativo, pertence à família de queo qualonde. Requintado, impõe três regras pra ser empregado. Pra atendê-las, basta manter as antenas ligadas e a preguiça adormecida em berço esplêndido.

Primeira exigência

Tenha cuidado com a separação das sílabas: ele morre de vergonha de ficar com um pedaço lá e outro cá. É justo. A primeira sílaba, no fim da linha, vira palavrão (cu-jo). Feito o estrago, o constrangido só encontra uma saída. Consola-se com federal (fede-ral). Os dois se abraçam e choram. Depois se vingam. Cobrem o autor de vexames.

Segunda exigência

Deixe o artigo pra lá. Cujo tem aversão a oa, os, as. Nunca escreva cujo o, cuja a. O casamento pega mal como bater em mulher, cuspir no chão ou passar a criança pra trás na fila.

Terceira exigência

Dê atenção à posse. O cujo, como todo pronome relativo, tem uma função: junta frases. No caso, uma delas tem de indicar posse. A presença do dissílabo evita a repetição de palavras. O enunciado fica chique como pérolas negras. Veja:

O governo sancionou a Lei Anticorrupção. O objetivo da Lei Anticorrupção é aumentar o controle de atos ilícitos.

Feio, não? A repetição torna o enunciado monótono. O jeito? Recorrer à bondade do relativo. Pra dar ideia de posse, o glorioso cujo pede passagem:

O governo sancionou a Lei Anticorrupção, cujo objetivo é aumentar o controle de atos ilícitos.

Outros exemplos:

A mãe pediu indenização ao Estado. O filho da mãe (=dela) morreu em confronto com a polícia.

A mãe cujo filho morreu em confronto com a política pediu indenização ao Estado.

O escritor conversou com os estudantes. O livro do escritor (=dele) foi adotado.

O escritor cujo livro foi adotado conversou com os estudantes.

Tropeços comuns

.O brasileiro morre de medo do cujo. Mas, orgulhoso, esconde a verdade. Alega feiura do coitadinho. Mentira tem perna curta. Volta e meia, aparecem mostrengos como estes:

A mulher que o filho morreu vai deixar a cidade.

Paulo Coelho, que os livros fazem sucesso no mundo, é imortal da ABL.

Vamos à correção: Assim: A mulher cujo filho morreu vai deixar a cidade. Paulo Coelho, cujos livros fazem sucesso no mundo, é imortal da ABL.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 02 de dezembro de 2021

INDEPENDENTE E INDEPENDENTEMENTE: EMPREGO
 

Acertamos: independente e independentemente

Publicado em português

“O advogado João Paulo Boaventura não acredita em prisão imediata independentemente do resultado”, escrevemos na pág. 2. Nota 10. Costumamos confundir independente (livre) com independentemente (sem levar em conta): O Brasil ficou independente de Portugal em 1822. Fará a viagem independentemente do valor do dólar.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 01 de dezembro de 2021

ÚLTIMA VOLTA DOS PONTEIROS

 

 

Do tempo da vovó

Publicado em português

Leitor comenta: “Nesta Copa, os locutores mantêm os relógios com ponteiros, para que possam dizer: `Vamos para a última volta dos ponteiros do relógio. Uma volta desnecessária ao passado e um erro: só um dos ponteiros dá a última volta: o dos minutos´”.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 30 de novembro de 2021

GANHAR, PERDER, EMPATAR: REGÊNCIA
 

Ganhar, perder, empatar: regência

Publicado em português

Importante não é ganhar. É competir. Será? Talvez seja isso mesmo. Mas é bom saber lidar com os três resultados possíveis na prática esportiva. Um é ganhar. Outro, empatar. O indesejado: perder. Ganhe, empate ou perca, seja elegante. Use a preposição correta:

1. O time ganha de outro por ou deO Brasil ganhará da Suíça por 3 a 0 (ou de 3 a 0).

2. O time perde para outro por ou de: Suíça perderá para o Brasil por 3 a 0 (ou de 3 a 0).

3. O time empata com outro por ou de: A Suíça empatará com o Brasil por 3 a 3 (ou de 3 1 3).


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 29 de novembro de 2021

VOU À RÚSSIA OU A RÚSSIA?

 

 

Crase: vou à Rússia ou a Rússia?

Publicado em português

Você vai à Rússia assistir aos jogos da Copa? Oba! Mas seja esperto. Não dê chance ao azar. Para prevenir contratempos, lembre-se de pormenor pra lá de importante. Trata-se da crase. Com o verbo ir, acerte sempre. Na dúvida, apele para o macete infalível. Troque o ir pelo voltar e siga o conselho destes versos:

Se, ao voltar, volto da,

Craseio o à.

Se, ao voltar, volto de,

Crase pra quê?

Vou à Rússia. (Volto da Rússia.)

Ele foi primeiro à Rússia e, depois, aos países nórdicos. (Ele voltou da Rússia e, depois, dos países nórdicos.)

Nas próximas férias, quero ir à Rússia. Lá, visitar a Praça Vermelha. (Nas próximas férias, quero voltar da Rússia. Lá, visitar a Praça Vermelha.)


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 28 de novembro de 2021

O MASCOTE OU A MASCOTE?
 

O mascote ou a mascote?

Publicado em português

O lobo siberiano é a mascote da Copa de 2018 ou o mascote? Faça a sua aposta. Escolheu o feminino? Gol de placa. A criaturinha a quem se atribui o dom de dar sorte ou trazer felicidade usa batom e salto alto: Zavivaka é a mascote dos russos. O tatu-bola Fuleco foi a mascote brasileira. Você tem alguma mascote?


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 27 de novembro de 2021

DESPERDÍCIO DE VÍRGULAS
 

Erramos: vírgula

Publicado em português

“É um nome da dramaturgia, que veio, para ficar”, escrevemos na capa de Diversão&Arte. Reparou no desperdício? Gastamos vírgulas sem necessidade. Melhor poupá-las: É um nome da dramaturgia que veio para ficar.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 26 de novembro de 2021

ESTE NA INDICAÇÃO DE TEMPO
 

Acertamos: este na indicação de tempo

Publicado em português

“A floração, típica desta época do ano, também é propícia para a produção de mel”, escrevemos na pág. 21. Viu? Nota 10 para o emprego do demonstrativo. Ao indicar tempo presente, o este pede passagem: esta semana (semana em curso), este mês (junho), este ano (2018).


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 25 de novembro de 2021

CONCORDÂNCIA VERBAL
 

 

Erramos: concordância verbal

Publicado em português

“São tempos de transição, que nos impõe cautela redobrada”, escrevemos na pág. 4. Viu? Tropeçamos na concordância. O sujeito de impor é o pronome relativo que. O antecedente a que se refere é tempos de transição. Que tal fazer as pazes com o plural? Assim: São tempos de transição, que nos impõem cautela redobrada.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 24 de novembro de 2021

PRESENTEAR & CIA: CONJUGAÇÃO
 

Presentear & cia.: conjugação

Publicado em português

Vem aí o Dia dos Namorados. Um verbo entra em cartaz. É presentear. Conjugá-lo como manda a gramática pega bem como dar bom-dia no elevador, usar cinto de segurança, pedir licença e dizer obrigado. Como frear e cearpresentear perde o no nós e vós dos dois presentes — do indicativo e do subjuntivo.

Veja: eu presenteio (freio,ceio), ele presenteia (freia, ceia), nós presenteamos (freamos, ceamos), vós presenteais (freais, ceais), eles presenteiam (freiam, ceiam); que eu presenteie (freie, ceie), ele presenteie (freie, ceie), nós presenteemos (freemos, ceemos), vós presenteeis (freeis, ceeis), eles presenteiem (freiem, ceiem).


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 23 de novembro de 2021

QUEM PODE ESCREVER NA INTERNET?
 

Quem pode escrever na internet?

Publicado em português

Não sei por que reclamam que brasileiro não lê, não escreve. As pessoas se esbaldaram de ler e escrever. Afinal, as redes sociais encontraram clientes ideais no Brasil. E elas aceitam tudo. Não há quem não consiga juntar os primos e tios em um grupo para o WhatsApp, ou agregar ex-colegas para formar um conjunto de amigos no Facebook. Quem não consegue está virtualmente morto. Virtualmente, fique claro. Afinal, como já se disse, hoje não se escreve para deixar um legado, para partilhar descobertas, inventos ou simples achados, mas para participar da rede. A unidade básica da sociedade não é mais o indivíduo, mas o grupo, a comunidade virtual, a rede.

O importante não é mais ter ideias, o significativo não é ter vivências, mas compartilhar o que quer que seja: uma paisagem, o namorado novo, a blusinha que se experimentou na loja do shopping, o som incrementado do show em que se conseguiu entrar, viagens para Disney (e suas filas quilométricas de brasileiros dispostos a curtir qualquer atração e dizer que estão no Primeiro Mundo) ou Mendoza (e seus vinhos pesados, para tomar com churrasco quase cru). O importante não é viver, é postar. Outro dia, na Sala São Paulo, duas senhoras embebidas em perfume doce moviam-se, inquietas, enquanto a orquestra atacava, com competência, um concerto de Bach. Enquanto o público aplaudia Alsop e Baldini pelo desempenho feliz, as doces senhoras fotografaram a orquestra, enviaram as fotos pelo celular, felizes por colaborar com a rede, mesmo que em sua ansiedade não tenham apreciado devidamente a música do gênio de Leipzig.

Até pouco tempo atrás, ouvir música era uma vivência, uma experiência na área da sensibilidade que enriquecia, de uma forma ou de outra, a personalidade. Hoje ninguém pensa nisso, mas em fotografar os artistas, gravar seu som e enviá-lo aos membros da rede. Eu mesmo vivi uma experiência desse tipo em uma cidade do interior em que fiz uma palestra: os jovens chegavam com livros de minha autoria e não se preocupavam com autógrafo, queriam mesmo era um selfie que, imediatamente, postavam “provando” terem assistido à palestra. O importante não era viver uma experiência intelectual, mas fazer com que os amigos soubessem que ele tinha ouvido aquela palestra, e a foto existia para documentar o ocorrido.

Enquanto o conhecimento supostamente adquirido em uma palestra poderia passar a fazer parte do patrimônio cultural do estudante, o post que ele colocou não é destinado a durar. Não só ele é entrevisto rapidamente, como logo será superado por outros posts de outros participantes do grupo que falarão sobre algo que experimentaram — uma música, um namorado novo, uma paisagem, uma comida e, em raríssimos casos, um livro.

Assim a rede se transforma em unidade da qual os indivíduos fazem parte. Na verdade o indivíduo passa a ser a rede, pois ela não é um conjunto de unidades, mas a própria unidade. Aquela rede, aquele grupo são indivisíveis, são os próprios indivíduos e eles não passam de componentes da nova unidade. É por isso que as pessoas ficam ansiosas para enviar tudo para a sua rede, pois é fundamental não deixar o indivíduo morrer de inanição.

A facilidade de postar fotos e textos, frases e conceitos, faz que as pessoas cometam, com frequência, um equívoco importante. Sim, todas as pessoas têm o direito de expressar suas ideias. Mas não, não temos a obrigação de respeitar ideias idiotas, mal fundamentadas, raciocínios equivocados ou, simplesmente, notícias falsas. Não se deve confundir o direito democrático de todos se expressarem do jeito que quiserem com o respeito que as pessoas precisam ter com relação à competência e à legitimidade da manifestação expressa.

Sim, você pode dizer o que quiser, redes sociais aceitam tudo, você está no seu direito, mas se você afirma as coisas sem refletir, reproduz notícias falsas, tenta legitimar reflexões imbecis atribuindo-as a nomes famosos, é raso e xucro quando emite as próprias opiniões…não temos nenhuma obrigação de levá-lo a sério. Na verdade, você deveria tomar mais cuidado ao postar suas coisas. No final das contas, embora você se perceba como parte de uma rede fechada e protegida, isso não existe na internet. Sua imbecilidade não ficará mais restrita a âmbito limitado, mas alcançará o mundo. Para o bem e para o mal. Então se poupe. E, principalmente, nos poupe.

JAIME PINSKY

Historiador, professor titular da Unicamp e diretor da Editora Contexto

jaimepinsky@gmail.com


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 22 de novembro de 2021

VULCÃO VEM DA MITOLOGIA GREGA
 

Vulcão vem da mitologia grega

Publicado em português

Ops! A montanha se mexeu. Da boca enorme, saíram lavas ferventes. É o Vulcão de Fogo, lá da Guatemala. Furioso, ele sepultou vilarejos, matou mais de 60 pessoas, feriu 46, forçou a remoção de 3.265 e afetou a vida de 1,7 milhão de moradores. Valha-nos, Zeus! É o deus Vulcano em ação. Ele trabalha no fundão da Terra. Quando põe mão à obra, solta fogo pra todos os lados.

Origem

Você sabe por que vulcão se chama vulcão? O buraco com a barriga cheinha de fogo e lava quente se chama vulcão em homenagem ao deus do fogo e da metalurgia. Em latim, o nome dele é Vulcano. Em grego, Hefesto.

O metalúrgico

Vulcano era o menino mais feio do Olimpo. Tão feio que a mãe, Juno, sentiu vergonha de tê-lo como filho. Pra se livrar da criatura, jogou-o do alto da montanha. Ele caiu durante um dia inteiro. Ao aterrissar, machucou a perna. Ficou manco.

O garoto adorava trabalhar com ferro. Tornou-se, por isso, grande metalúrgico. Ele fez o trono e o cetro de ouro de Zeus, o deus dos deuses. Forjou a armadura de Aquiles, o tridente de Poseidon, as flechas de Apolo e de Cupido. E muito mais.

Mas o que ele queria mesmo era se vingar da mãe. Teve, então, uma ideia. Fabricou um trono de ouro esplêndido e o deu de presente a Juno. Quando ela se sentou na maravilha, ficou com o bumbum preso. Ninguém conseguiu soltá-lo.

Os deuses procuraram Vulcano. Pediram que libertasse a mãe. Ele topou. Mas impôs uma condição: só soltaria a prisioneira se Vênus, a deusa do amor, se casasse com ele. Foi assim que a mulher mais linda do Olimpo se casou com o homem mais feio do Olimpo.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 21 de novembro de 2021

BUQUÊ DE... PAR DE...: SINGULAR OU PLURAL?
 

Buquê de… par de…: singular ou plural?

Publicado em português

Você gosta de colecionar coisas? Alguns colecionam figurinhas. Outros, selos. Há os que colecionam carrinhos, tampinhas, latas de cerveja ou miniaturas de avião. Vale tudo. Vale, também, chamar a atenção para o português. Coleção de… singular ou plural? O nome do objeto vai para o plural:coleção de selo(não de selo), coleção livros, coleção de cartões postais, coleção de fotografias, coleção de copos. Lógico, não? Ninguém coleciona um objeto. Coleção é sempre plural. 

Buquê de flores

Par de sapato ou par de sapatos? Grupo de criança ou grupo de crianças? Buquê de rosa ou buquê de rosas? Antes de responder, pare e pense. O par, seja do que for, tem mais de um, o grupo tem mais de um, o buquê tem mais de um. Logo, o complemento é sempre plural: par de sapatos, grupo de crianças, buquê de rosas. É isso. Você tem um dinheirinho sobrando? Compre um par de sapatos pra você, balas prum grupo de crianças, e um buquê de belas flores pra pessoa amada. Faça a festa.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 20 de novembro de 2021

PARALELISMO
 

Erramos: paralelismo

Publicado em português

“EUA sobretaxam europeus, Canadá e México”, escrevemos na pág. 7. Viu? Tropeçamos no paralelismo. Misturamos adjetivo (europeus) com substantivos (Canadá e México) no complemento composto. Melhor respeitar o paralelismo: EUA sobretaxam Europa, Canadá e México. EUA sobretaxam europeus, canadenses e mexicanos.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 19 de novembro de 2021

ESTÓRIA E HISTORIA: USO E CURIOSIDADE
 

Estória e história: uso e curiosidade

Publicado em português

Estória é narrativa de ficção. História, narração dos fatos ocorridos na vida dos povos ou da humanidade. Modernamente, usa-se história tanto para designar fatos quanto ficção: a história da Branca de Neve, a história da construção de Brasília, a história da ditadura no Brasil.

Você sabia?

O Pai da História? É Heródoto. O homem, que veio ao mundo cinco séculos antes de Cristo, escreveu a história das guerras greco-persas do ano 500 ao ano 579 a.C. Seus escritos são os mais antigos que chegaram aos tempos modernos.

Historiador e poeta

Aristóteles escreveu há 2.400 anos: “O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si porque um escreve o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido”.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 18 de novembro de 2021

CAMISETA: GIORGIO ARMANI ESCREVEU
 

Giorgio Armani escreveu

Publicado em português

 

“Sempre considerei a camiseta o alfa e o ômega do alfabeto fashion.”


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 17 de novembro de 2021

MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS: PROJETO DE LEI
 

Erramos: maiúsculas e minúsculas

Publicado em português

“O Congresso Nacional aprovou a legislação via Projeto de Lei”, escrevemos na pág. 7. Projeto de lei & cia são substantivos comuns. Escrevem-se com inicial minúscula. Só ganham pedigree quando têm número ou nome (Projeto de Lei 44.510, Lei das Licitações). Melhor: O Congresso Nacional aprovou a legislação via projeto de lei.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 16 de novembro de 2021

HEXA: HÍFEN
 

Erramos 2: hexa (hífen)

Publicado em português

“À medida que vai convencendo o país de que tem qualidade técnica para disputar o título de hexa campeão do mundo, a Seleção Brasileira nos une na vitória”, escrevemos na pág. 2. Ops! Bobeamos na grafia de hexacampeão. Hexa pede o tracinho quando seguido de h ou a.No mais, é tudo colado: hexa-homenagem, hexa-advertência, hexacampeão, hexadecimal, hexarreator, hexassubstituto.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 15 de novembro de 2021

HÍFEN: ONOMATOPEIA

 

Hífen: onomatopeia

Publicado em português

Au-au. É o cão que late. Miau-miau. É o gato que mia. Glu-glu. É o peru que gluglujeia. Có-có. É a galinha que cacareja. Chuá-chuá. É a água que cai. Tique-taque. É o relógio que marca as horas.

As palavras que reproduzem o som de vozes ou ruídos recebem nome pra lá de pomposo. É onomatopeia. O adjetivo dela derivado tem duas formas – onomatopeico, onomatopaico. Ambas têm o mesmo significado. Escolha a que lhe soar melhor.

Antes da reforma ortográfica, as onomatopeias eram cheias de caprichos. Ora se grafavam com hífen, ora sem. Agora todas pedem o tracinho: bangue-bangue, blá-blá-blá, có-có, pisca-pisca, tique-taque, toque-toque, glu-glu, quem-quem, tim-tim.

Atenção: os derivados dispensam o hífen: gluglujear, cocorocó.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 14 de novembro de 2021

ESTADOS UNIDOS: CONCORDÂNCIA
 

Estados Unidos: concordância

Publicado em português

O vice-presidente dos Estados Unidos fez as malas e veio dar uma voltinha neste país tropical. Pintou, então, uma questão. Em frases em que a potência do norte figura como sujeito, o verbo vai para o singular ou plural? Os Estados Unidos perseguem os imigrantes? Persegue os imigrantes?

Nomes próprios no plural constituem verdadeira armadilha. Acompanhados de artigo, concordam com o artigo. Sem o pequenino, ficam no singular: Os Estados Unidos perseguem os imigrantes. O Palmeiras vencerá o campeonato? Minas Gerais fica na Região Sudeste.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 13 de novembro de 2021

PARECE, MAS NÃO É
 

Parece, mas não é

Publicado em Geral

 

Maria é cuidadosa leitora de jornais. Presta atenção às notícias. Mas não se descuida da língua. Grafia, concordância, regência, nada escapa da moça pra lá de exigente. Outro dia, ela leu esta frase: “Deputado reavê velho estilo”. Arrepiou-se. Mais um descuidado tropeça no reaver. É que o verbo arma baita cilada. Nela, tropeçam as melhores famílias. Jornalistas também.

Você consegue identificar a falha que enfureceu Maria?

a. Ao escrever “reavê”, o repórter desconheceu a origem do verbo. Pensou que reaver fosse derivado de ver (eu vejo, ele vê). b. O significado de reaver não é adequado à frase. Recuperar cai melhor.

E daí?

Escolheu a letra a? Acertou. Reaver parece derivado de ver. Mas não é. O pai dele é haver. O danadinho significa haver de novo. Em outras palavras, recobrar, recuperar. Por isso se fala em reaver o tempo perdido, reaver os bens, reaver a amizade.

Conjugação

Filho de peixe sabe nadar. Reaver só se conjuga nas formas em que o v, de haver, aparece. Nas demais, ele não tem vez. O presente do indicativo tem duas pessoas. Uma: reavemos. A outra: reaveis.

Sem a primeira pessoa do singular do presente do indicativo, o presente do subjuntivo inexiste. Não caia na esparrela do “reaveja”. “Reaveja” não existe. Em vez desse horror, diga recupere, recobre.

Olho vivo

O perigo mora no pretérito perfeito. Os distraídos o flexionam como se o pobrezinho descendesse de ver. Não falta quem escreva “reaviu”. Cruz-credo! O pretérito perfeito de haver é houve. De reaver, é reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram.

Moleza

Os demais tempos e modos são moleza: reavia, reavíamos, reaviam; reouvera, reouveras, reouveram; reaverei, reaverás, reaverá; reaveria, reaveríamos, reaveriam. E por aí vai.   Teste

Está pra lá de certa a frase: a. Talvez ele tenha reavisto as jóias roubadas. b. Talvez ele tenha reavido as jóias perdidas.   Acertou?

Moleza, não? O particípio de haver é havido. De reaver, reavido.  


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 12 de novembro de 2021

MACHADO DE ASSIS ESCREVEU
 

Machado de Assis escreveu

Publicado em português

“Não há nada pior do que dar longas pernas para pequenas ideias.”


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 11 de novembro de 2021

IR E VIR
 

Ir e vir

Publicado em Geral

 

Povos se deslocam pra lá e pra cá. Tangidos por guerras, fome ou desejo de melhorar de vida, eles se aventuram por mares nunca dantes navegados. O latim migratione deu a denominação ao ato. É migração. A trissílaba significa movimento: Nordestinos migraram pra São Paulo em época de seca severa. Gaúchos migraram pra Mato Grosso e Rondônia atrás de terras pra cultivar. Mineiros migraram pra Brasília a fim de ajudar na construção da nova capital. 
 

De lá pra cá

Imigração ou emigração? Depende do ponto de vista. O prefixo im- exprime movimento pra dentro. Ex, pra fora. Vistos de lá, os que deixaram o Japão são emigrantes. Vistos de cá, imigrantes. 


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 10 de novembro de 2021

O PODER DA VÍRGULA
 

O poder da vírgula

Publicado em português

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) completou 100 anos em 2009. Na ocasião, publicou texto em que demonstra o poder do dono da palavra. Não precisou de muito esforço. Um simples deslocar de vírgulas deu o recado. Quer ver?

A vírgula

 

A vírgula pode ser uma pausa. Ou não:

Não, espere.

Não espere.

 

A vírgula pode criar heróis:

Isso só, ele resolve.

Isso, só ele resolve.

 

Ela pode reforçar o que você não quer:

Aceito, obrigado.

Aceito obrigado.

 

Pode acusar a pessoa errada:

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.

 

A vírgula pode mudar uma opinião:

Não quero ler.

Não, quero ler.

 

Uma vírgula muda tudo.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 09 de novembro de 2021

O BEBÊ? A BEBÊ?
 

O bebê? A bebê?

Publicado em português

A menininha nada de braçadas. Ela é o bebê. É, também, a bebê. Elas são os bebês. Ou as bebês.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 08 de novembro de 2021

CUJO: EMPREGO
 

Cujo: emprego

Publicado em português

Vamos combinar? O cujo é pra lá de sofisticado. Pronome relativo, pertence à família de queo qualonde. Requintado, impõe três regras pra ser empregado. Pra atendê-las, basta manter as antenas ligadas e a preguiça adormecida em berço esplêndido.

Primeira exigência

Tenha cuidado com a separação das sílabas: ele morre de vergonha de ficar com um pedaço lá e outro cá. É justo. A primeira sílaba, no fim da linha, vira palavrão (cu-jo). Feito o estrago, o constrangido só encontra uma saída. Consola-se com federal (fede-ral). Os dois se abraçam e choram. Depois se vingam. Cobrem o autor de vexames.

Segunda exigência

Deixe o artigo pra lá. Cujo tem aversão a oa, os, as. Nunca escreva cujo o, cuja a. O casamento pega mal como bater em mulher, cuspir no chão ou passar a criança pra trás na fila.

Terceira exigência

Dê atenção à posse. O cujo, como todo pronome relativo, tem uma função: junta frases. No caso, uma delas tem de indicar posse. A presença do dissílabo evita a repetição de palavras. O enunciado fica chique como pérolas negras. Veja:

O governo sancionou a Lei Anticorrupção. O objetivo da Lei Anticorrupção é aumentar o controle de atos ilícitos.

Feio, não? A repetição torna o enunciado monótono. O jeito? Recorrer à bondade do relativo. Pra dar ideia de posse, o glorioso cujo pede passagem:

O governo sancionou a Lei Anticorrupção, cujo objetivo é aumentar o controle de atos ilícitos.

Outros exemplos:

A mãe pediu indenização ao Estado. O filho da mãe (=dela) morreu em confronto com a polícia.

A mãe cujo filho morreu em confronto com a política pediu indenização ao Estado.

O escritor conversou com os estudantes. O livro do escritor (=dele) foi adotado.

O escritor cujo livro foi adotado conversou com os estudantes.

Tropeços comuns

.O brasileiro morre de medo do cujo. Mas, orgulhoso, esconde a verdade. Alega feiura do coitadinho. Mentira tem perna curta. Volta e meia, aparecem mostrengos como estes:

A mulher que o filho morreu vai deixar a cidade.

Paulo Coelho, que os livros fazem sucesso no mundo, é imortal da ABL.

Vamos à correção: Assim: A mulher cujo filho morreu vai deixar a cidade. Paulo Coelho, cujos livros fazem sucesso no mundo, é imortal da ABL.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 07 de novembro de 2021

INDEPENDENTE E INDEPENDENTEMENTE: EMPREGO
 

Acertamos: independente e independentemente

Publicado em português

“O advogado João Paulo Boaventura não acredita em prisão imediata independentemente do resultado”, escrevemos na pág. 2. Nota 10. Costumamos confundir independente (livre) com independentemente (sem levar em conta): O Brasil ficou independente de Portugal em 1822. Fará a viagem independentemente do valor do dólar.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 06 de novembro de 2021

ÚLTIMA VOLTA DOS PONTEIROS
 

Do tempo da vovó

Publicado em português

Leitor comenta: “Nesta Copa, os locutores mantêm os relógios com ponteiros, para que possam dizer: `Vamos para a última volta dos ponteiros do relógio. Uma volta desnecessária ao passado e um erro: só um dos ponteiros dá a última volta: o dos minutos´”.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 05 de novembro de 2021

OSCAR WILDE ENSINOU
 

Oscar Wilde ensinou

Publicado em português

“Nenhuma pergunta é indiscreta. Certas respostas é que são.”


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 04 de novembro de 2021

DESCRIMINAR E DISCRIMINAR: DIFERENÇA
 

Descriminar e discriminar: diferença

Publicado em português

Descriminar pertence à família de crime. Significa inocentar, absolver de crime. O prefixo des– dá ideia de negação. Assim como desobedecer quer dizer não obedecer.

Discriminar quer dizer tratar de forma diferente: A sociedade brasileira discrimina o pobre; a americana, o negro.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 03 de novembro de 2021

GANHAR, PERDER, EMPATAR: REGÊNCIA
 

 

Ganhar, perder, empatar: regência

Publicado em português

Importante não é ganhar. É competir. Será? Talvez seja isso mesmo. Mas é bom saber lidar com os três resultados possíveis na prática esportiva. Um é ganhar. Outro, empatar. O indesejado: perder. Ganhe, empate ou perca, seja elegante. Use a preposição correta:

1. O time ganha de outro por ou deO Brasil ganhará da Suíça por 3 a 0 (ou de 3 x 0).

2. O time perde para outro por ou de: Suíça perderá para o Brasil por 3 a 0 (ou de 3 x 0).

3. O time empata com outro por ou de: A Suíça empatará com o Brasil por 3 a 3 (ou de 3 x  3).

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 02 de novembro de 2021

DESPERDÍCIO DE VÍRGULAS
 

Erramos: vírgula

Publicado em português

“É um nome da dramaturgia, que veio, para ficar”, escrevemos na capa de Diversão&Arte. Reparou no desperdício? Gastamos vírgulas sem necessidade. Melhor poupá-las: É um nome da dramaturgia que veio para ficar.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 01 de novembro de 2021

ESTE NA INDICAÇÃO DE TEMPO
ESTE NA INDICAÇÃO DE TEMPO


Acertamos: este na indicação de tempo

Publicado em português

“A floração, típica desta época do ano, também é propícia para a produção de mel”, escrevemos na pág. 21. Viu? Nota 10 para o emprego do demonstrativo. Ao indicar tempo presente, o este pede passagem: esta semana (semana em curso), este mês (junho), este ano (2018).


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 31 de outubro de 2021

CONCORDÂNCIA VERBAL
 

Erramos: concordância verbal

Publicado em português

“São tempos de transição, que nos impõe cautela redobrada”, escrevemos na pág. 4. Viu? Tropeçamos na concordância. O sujeito de impor é o pronome relativo que. O antecedente a que se refere é tempos de transição. Que tal fazer as pazes com o plural? Assim: São tempos de transição, que nos impõem cautela redobrada.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 30 de outubro de 2021

PRESENTEAR & CA.: CONJUGAÇÃO
 

Presentear & cia.: conjugação

Publicado em português

Vem aí o Dia dos Namorados. Um verbo entra em cartaz. É presentear. Conjugá-lo como manda a gramática pega bem como dar bom-dia no elevador, usar cinto de segurança, pedir licença e dizer obrigado. Como frear e cearpresentear perde o no nós e vós dos dois presentes — do indicativo e do subjuntivo.

Veja: eu presenteio (freio,ceio), ele presenteia (freia, ceia), nós presenteamos (freamos, ceamos), vós presenteais (freais, ceais), eles presenteiam (freiam, ceiam); que eu presenteie (freie, ceie), ele presenteie (freie, ceie), nós presenteemos (freemos, ceemos), vós presenteeis (freeis, ceeis), eles presenteiem (freiem, ceiem).


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 29 de outubro de 2021

QUEM PODE ESCREVER NA INTERNET?

 

Quem pode escrever na internet?

Publicado em português

Não sei por que reclamam que brasileiro não lê, não escreve. As pessoas se esbaldaram de ler e escrever. Afinal, as redes sociais encontraram clientes ideais no Brasil. E elas aceitam tudo. Não há quem não consiga juntar os primos e tios em um grupo para o WhatsApp, ou agregar ex-colegas para formar um conjunto de amigos no Facebook. Quem não consegue está virtualmente morto. Virtualmente, fique claro. Afinal, como já se disse, hoje não se escreve para deixar um legado, para partilhar descobertas, inventos ou simples achados, mas para participar da rede. A unidade básica da sociedade não é mais o indivíduo, mas o grupo, a comunidade virtual, a rede.

O importante não é mais ter ideias, o significativo não é ter vivências, mas compartilhar o que quer que seja: uma paisagem, o namorado novo, a blusinha que se experimentou na loja do shopping, o som incrementado do show em que se conseguiu entrar, viagens para Disney (e suas filas quilométricas de brasileiros dispostos a curtir qualquer atração e dizer que estão no Primeiro Mundo) ou Mendoza (e seus vinhos pesados, para tomar com churrasco quase cru). O importante não é viver, é postar. Outro dia, na Sala São Paulo, duas senhoras embebidas em perfume doce moviam-se, inquietas, enquanto a orquestra atacava, com competência, um concerto de Bach. Enquanto o público aplaudia Alsop e Baldini pelo desempenho feliz, as doces senhoras fotografaram a orquestra, enviaram as fotos pelo celular, felizes por colaborar com a rede, mesmo que em sua ansiedade não tenham apreciado devidamente a música do gênio de Leipzig.

Até pouco tempo atrás, ouvir música era uma vivência, uma experiência na área da sensibilidade que enriquecia, de uma forma ou de outra, a personalidade. Hoje ninguém pensa nisso, mas em fotografar os artistas, gravar seu som e enviá-lo aos membros da rede. Eu mesmo vivi uma experiência desse tipo em uma cidade do interior em que fiz uma palestra: os jovens chegavam com livros de minha autoria e não se preocupavam com autógrafo, queriam mesmo era um selfie que, imediatamente, postavam “provando” terem assistido à palestra. O importante não era viver uma experiência intelectual, mas fazer com que os amigos soubessem que ele tinha ouvido aquela palestra, e a foto existia para documentar o ocorrido.

Enquanto o conhecimento supostamente adquirido em uma palestra poderia passar a fazer parte do patrimônio cultural do estudante, o post que ele colocou não é destinado a durar. Não só ele é entrevisto rapidamente, como logo será superado por outros posts de outros participantes do grupo que falarão sobre algo que experimentaram — uma música, um namorado novo, uma paisagem, uma comida e, em raríssimos casos, um livro.

Assim a rede se transforma em unidade da qual os indivíduos fazem parte. Na verdade o indivíduo passa a ser a rede, pois ela não é um conjunto de unidades, mas a própria unidade. Aquela rede, aquele grupo são indivisíveis, são os próprios indivíduos e eles não passam de componentes da nova unidade. É por isso que as pessoas ficam ansiosas para enviar tudo para a sua rede, pois é fundamental não deixar o indivíduo morrer de inanição.

A facilidade de postar fotos e textos, frases e conceitos, faz que as pessoas cometam, com frequência, um equívoco importante. Sim, todas as pessoas têm o direito de expressar suas ideias. Mas não, não temos a obrigação de respeitar ideias idiotas, mal fundamentadas, raciocínios equivocados ou, simplesmente, notícias falsas. Não se deve confundir o direito democrático de todos se expressarem do jeito que quiserem com o respeito que as pessoas precisam ter com relação à competência e à legitimidade da manifestação expressa.

Sim, você pode dizer o que quiser, redes sociais aceitam tudo, você está no seu direito, mas se você afirma as coisas sem refletir, reproduz notícias falsas, tenta legitimar reflexões imbecis atribuindo-as a nomes famosos, é raso e xucro quando emite as próprias opiniões…não temos nenhuma obrigação de levá-lo a sério. Na verdade, você deveria tomar mais cuidado ao postar suas coisas. No final das contas, embora você se perceba como parte de uma rede fechada e protegida, isso não existe na internet. Sua imbecilidade não ficará mais restrita a âmbito limitado, mas alcançará o mundo. Para o bem e para o mal. Então se poupe. E, principalmente, nos poupe.

JAIME PINSKY

Historiador, professor titular da Unicamp e diretor da Editora Contexto

jaimepinsky@gmail.com


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 28 de outubro de 2021

VULCÃO VEM DA MITOLOGIA GREGA
 

Vulcão vem da mitologia grega

Publicado em português

Ops! A montanha se mexeu. Da boca enorme, saíram lavas ferventes. É o Vulcão de Fogo, lá da Guatemala. Furioso, ele sepultou vilarejos, matou mais de 60 pessoas, feriu 46, forçou a remoção de 3.265 e afetou a vida de 1,7 milhão de moradores. Valha-nos, Zeus! É o deus Vulcano em ação. Ele trabalha no fundão da Terra. Quando põe mão à obra, solta fogo pra todos os lados.

Origem

Você sabe por que vulcão se chama vulcão? O buraco com a barriga cheinha de fogo e lava quente se chama vulcão em homenagem ao deus do fogo e da metalurgia. Em latim, o nome dele é Vulcano. Em grego, Hefesto.

O metalúrgico

Vulcano era o menino mais feio do Olimpo. Tão feio que a mãe, Juno, sentiu vergonha de tê-lo como filho. Pra se livrar da criatura, jogou-o do alto da montanha. Ele caiu durante um dia inteiro. Ao aterrissar, machucou a perna. Ficou manco.

O garoto adorava trabalhar com ferro. Tornou-se, por isso, grande metalúrgico. Ele fez o trono e o cetro de ouro de Zeus, o deus dos deuses. Forjou a armadura de Aquiles, o tridente de Poseidon, as flechas de Apolo e de Cupido. E muito mais.

Mas o que ele queria mesmo era se vingar da mãe. Teve, então, uma ideia. Fabricou um trono de ouro esplêndido e o deu de presente a Juno. Quando ela se sentou na maravilha, ficou com o bumbum preso. Ninguém conseguiu soltá-lo.

Os deuses procuraram Vulcano. Pediram que libertasse a mãe. Ele topou. Mas impôs uma condição: só soltaria a prisioneira se Vênus, a deusa do amor, se casasse com ele. Foi assim que a mulher mais linda do Olimpo se casou com o homem mais feio do Olimpo.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 27 de outubro de 2021

BUQUE DE... PAR DE...: SINGULAR OU PLURAL?

 

Buquê de… par de…: singular ou plural?

Publicado em português

Você gosta de colecionar coisas? Alguns colecionam figurinhas. Outros, selos. Há os que colecionam carrinhos, tampinhas, latas de cerveja ou miniaturas de avião. Vale tudo. Vale, também, chamar a atenção para o português. Coleção de… singular ou plural? O nome do objeto vai para o plural:coleção de selo(não de selo), coleção livros, coleção de cartões postais, coleção de fotografias, coleção de copos. Lógico, não? Ninguém coleciona um objeto. Coleção é sempre plural. 

Buquê de flores

Par de sapato ou par de sapatos? Grupo de criança ou grupo de crianças? Buquê de rosa ou buquê de rosas? Antes de responder, pare e pense. O par, seja do que for, tem mais de um, o grupo tem mais de um, o buquê tem mais de um. Logo, o complemento é sempre plural: par de sapatos, grupo de crianças, buquê de rosas. É isso. Você tem um dinheirinho sobrando? Compre um par de sapatos pra você, balas prum grupo de crianças, e um buquê de belas flores pra pessoa amada. Faça a festa.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 26 de outubro de 2021

PARALELISMO
 

Erramos: paralelismo

Publicado em português

“EUA sobretaxam europeus, Canadá e México”, escrevemos na pág. 7. Viu? Tropeçamos no paralelismo. Misturamos adjetivo (europeus) com substantivos (Canadá e México) no complemento composto. Melhor respeitar o paralelismo: EUA sobretaxam Europa, Canadá e México. EUA sobretaxam europeus, canadenses e mexicanos.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 25 de outubro de 2021

ESTÓRIA E HISTORIA: USO E CURIOSIDADE
 

Estória e história: uso e curiosidade

Publicado em português

Estória é narrativa de ficção. História, narração dos fatos ocorridos na vida dos povos ou da humanidade. Modernamente, usa-se história tanto para designar fatos quanto ficção: a história da Branca de Neve, a história da construção de Brasília, a história da ditadura no Brasil.

Você sabia?

O Pai da História? É Heródoto. O homem, que veio ao mundo cinco séculos antes de Cristo, escreveu a história das guerras greco-persas do ano 500 ao ano 579 a.C. Seus escritos são os mais antigos que chegaram aos tempos modernos.

Historiador e poeta

Aristóteles escreveu há 2.400 anos: “O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si porque um escreve o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido”.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 24 de outubro de 2021

SE + INFINITIVO
 

Erramos: se + infinitivo

Publicado em português

“Em tempos de batidas policiais nas residências, há de se arranjar um meio de entendimento”, escrevemos na pág. 12. Viu? Tropeçamos no pronome átono se. Ele só acompanha o infinitivo nos verbos pronominais (aposentar-se, formar-se). No mais, não tem vez. Melhor mandá-lo plantar batata no asfalto: Em tempos de batidas policiais nas residências, há de arranjar um meio de entendimento.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 23 de outubro de 2021

HÍFEN: ANTI
 

Hífen: anti

Publicado em português

Hífen é castigo de Deus. Quer prova? Está lá, na pág. 14 do Correio Braziliense: “Candidato anti-russo à eleição presidencial de 2004, Viktor adoeceu repentinamente em plena campanha”. Bobeamos. Anti-pede o tracinho quando seguido de h ou de i. No mais, é tudo colado. Mais: dobra o r e o s para manter a pronúncia: anti-herói, anti-histórico, anti-imperialismo, anti-imperial, antipresidencialismo, antididático, antirrato, antirradiação, antissistema, antirrusso.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 22 de outubro de 2021

CONJUNÇÃO ENTRE VÍRGULAS - ACERTAMOS
 

Acertamos: conjunção entre vírgulas

Publicado em português

“Ele explica que algumas situações esdrúxulas no preço dos combustíveis estão ocorrendo, mas, no geral, o preço tem-se normalizado”, escrevemos na pág. 7. Viva! A conjunção mas ficou entre vírgulas porque obedece a duas normas. A primeira separa orações coordenadas. A segunda isola o adjunto adverbial deslocado.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 21 de outubro de 2021

ADJETIVOS CLASSE A
 

Adjetivos classe A

Publicado em Geral


 
 
Na língua há adjetivos e adjetivos. Alguns, iguais a todo mundo, se flexionam normalmente. Outros têm sangue azul. Quando dizemos civilização grega, referimo-nos à civilização própria do povo grego. Se quisermos, porém, indicar a civilização comum aos povos grego e romano, falamos em civilização greco-romana. Ao se juntar ao romano, o adjetivo grego apresentou a certidão de nobreza e se tornou greco.
 

Luso entra no time dos adjetivos classe A. Alatinados, os nobilíssimos seres assumem forma reduzida. Sem feminino, masculino, singular ou plural, aparecem em adjetivos compostos. Andam, pois, acompanhados de plebeus, que não gozam de nenhum privilégio: sino-japonês, teuto-jamaicano, ibero-americano, luso-brasileiros.
 

Exemplos não faltam. Eis alguns: anglo (inglês), austro (austríaco), euro (europeu), franco (francês), galaico (galego), hispano (hispânico), ibero (ibérico), indo (indu), ítalo (italiano), nipo (japonês), sino (chinês), líbano (libanês), israelo (israelense), teuto (teutônico, alemão).

 
Dica 1

A forma reduzida do adjetivo é invariável. O que fazer para indicar-lhe o gênero e o número? A tarefa fica a cargo do segundo adjetivo, que concorda com o substantivo a que se refere:

mulher anglo-americana — mulheres anglo-americanas
império austro-húngaro — impérios austro-húngaros
relação euro-americana — relações euro-americanas
literatura franco-brasileira — literaturas franco-brasileiras
falar galaico-português — falares galaico-portugueses
país hispano-americano — países hispano-americanos
olimpíada sino-euro-americana — olimpíadas sino-euro-americanas
acordo teuto-japonês — acordos teuto-japoneses
guerra franco-anglo-espanhola — guerras franco-anglo-espanholas
encontro israelo-palestino — encontros israelo-palestinos
 

Dica 2

A nobreza, você sabe, é muito zelosa da correta pronúncia das palavras. Para não incorrer em barbarismo fonético, grave isto: o adjetivo sangue azul obedece à regra do vira-lata. Por essa razão, a sílaba tônica de ibero é be; de israelo, e; de líbano, lí. 
 

Dica 3

Os adjetivos adoram passear. Volta e meia, trocam de lugar e de classe social. Aí, não dá outra. O plebeu vira nobre. O nobre, plebeu. Compare:

Filme teuto-libanês — filme líbano-alemão
Literatura luso-brasileira — literatura brasileiro-portuguesa
Cultura judaico-francesa — cultura franco-judaica


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 20 de outubro de 2021

BOICOTE: ORIGEM
 

Boicote: origem

Publicado em português

Postos elevam o preço de combustíveis. O motorista, sem alternativa, paga. Mas põe a boca na rede. Denuncia quem abusa do direito de abusar. As consequências, como repete o conselheiro Acácio, vêm depois. Os clientes sumirão. Que doooooooooooor! Atingirão a parte mais sensível do comércio. Vale, pois, conhecer a origem da poderosa criatura.

Boicote vem do nome de Charles Cunningham Boycott. Ele administrava propriedades de Charles Parmell. Em 1890, o latifundiário irlandês decidiu meter a mão no bolso dos inquilinos. Elevou o aluguel às alturas e encarregou Boycott de executar a ordem.

As vítimas reagiram: a população deixou de falar com o pau-mandado, os comerciantes pararam de vender pra ele, os carteiros se negavam a lhe entregar a correspondência, o padre lhe barrou o acesso à igreja. Resultado: Boycott bateu asas e sumiu. A única notícia que se tem dele é a herança — a palavra boicote.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 19 de outubro de 2021

POSSÍVEL E PROVÁVEL: DIFERENÇA
 

Possível e provável: diferença

Publicado em português

O noticiário da semana? Foi a greve dos caminhoneiros. À medida que a paralisação ganhava força, jornalistas procuravam explicações e novidades. Convocados, analistas faziam previsões. Ao responder à pergunta se era possível haver queda no preço dos combustíveis, um deles respondeu: “É possível, mas não provável”. Telespectadores ficaram confusos. Afinal, o preço vai cair ou não?

Jogar luz sobre a questão exige entender a diferença entre possível provávelPossívelé o que pode ocorrer ou ser feito. Há possibilidade? Então é possível. Provável, o que deve ocorrer, que apresenta probabilidade de ocorrer: Sem estudar, é possível passar no vestibular de medicina, mas não provável. É possível, mas não provável, que eu ganhe a MegaSena. Se ele se nega a apostar, não é possível ganhar na loteria.

É isso. Parecido não é igual. Mas dá nó nos miolos.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 18 de outubro de 2021

PLURAL SOFISTICADO: ESCRIVÃO
 

Como é?

Publicado em Geral

 
 
Viva! Fábio Pina conseguiu furar o bloqueio dos comentários. Ao ler a nota “Plural sofisticado”, levantou questão que lhe dá nó nos miolos há anos. Como saber o plural do diminutivo de escrivão se a gente nem sabe o plural correto?
 
O Dicionário Houaiss dá a resposta. O plural de escrivão é escrivães. O diminutivo singular, escrivãozinho. O diminutivo plural, escrivãezinhos. É isso, Fábio. Quem procura, acha.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 17 de outubro de 2021

SOBRE: HÍFEN
 

Sobre: hífen

Publicado em português

Com hífen? Sem hífen? Sobre joga no time da maior parte dos prefixos. Pede o tracinho quando seguido de h ou de e (para evitar letras iguais). No mais, é tudo colado como unha e carne: sobre-humano, sobre-escada, sobressair, sobreimpresso, sobrealimentado.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 16 de outubro de 2021

MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL DISPENSAM O ARTIGO

 

Acertamos: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

Publicado em português

“Em Mato Grosso, a paralisação afetou principalmente os produtores de soja”, escrevemos na pág. 7. Viva! Mato Grosso, como Mato Grosso do Sul, dispensa o artigo: Vem de Mato Grosso. Vem de Mato Grosso do Sul.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 15 de outubro de 2021

ARSENAL DE ARMAS: PLEONASMO
 

Arsenal de armas: pleonasmo

Publicado em português

A violência faz estragos. Um deles: traz de volta o debate sobre o armamento da população. Outro: causa estragos na língua. Muitos dizem sem corar “arsenal de armas”. Baita pleonasmo. Todo arsenal é de armas. Basta arsenal.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 14 de outubro de 2021

IR A, IR PARA
 

Erramos: ir a, ir para

Publicado em português

“Genu se entrega à PF e irá à Papuda”, escrevemos na pág. 6. Bobeamos. O responsável pelo tropeço é o verbo ir. Ele tem duas regências. Uma: ir a — é ir e voltar, rapidinho (foi ao clube, ao cinema, à aula). A outra: ir para, ida por longo tempo. É o caso de Genu. Ele vai cumprir pena de 9 anos e 4 meses. Melhor: Genu se entrega à PF e irá para a Papuda.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 13 de outubro de 2021

CHAMAR A ATENÇÃO
 

Acertamos: chamar a atenção

Publicado em português

“Salário, que pode chegar a R$ 15 mil no fim da carreira, foi um dos elementos que mais chamaram a atenção dos concurseiros”, escrevemos na pág. 7. Viva! A expressão chamar a atenção exige sempre o artigo. Dizer chamar atenção? Nãooooooooo! O trio fica desequilibrado.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 12 de outubro de 2021

DESCRIÇÃO OU DISCRIÇÃO: DIFERENÇA
 

Discrição e descrição: diferença

Publicado em português

Descrição é o ato de descrever (descreve-se uma pessoa, uma roupa, um ambiente). Discrição opõe-se a saliência. Significa reserva, modéstia: O professor pediu aos alunos que apresentassem uma descrição do vestido da noivaA mãe da noiva vestiu-se com discrição. Apresentou o projeto com discrição, sem o esperado oba-oba.

Superdica

O substantivo que dá origem à qualidade de discreto se grafa com dois ii — discrição. Muitos misturam alhos com bugalhos. Mantêm o primeiro i e trocam o segundo pelo ede discreto. Criam um mostrengo, filho de jacaré com elefante. Cruz-credo!

Discrição sofre outra concorrência. Dessa vez, com o substantivo descrição. A trissílaba, grafada assim, com o e na primeira sílaba, refere-se à forma de redação, como narração e dissertação.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 11 de outubro de 2021

OLHA O HUMOR: MAU, BOM, MAL, BEM
 

Olha o humor

Publicado em Geral

  
Mal humor? Mau humor? Na dúvida, não arranque os cabelos. Seja sabido. Recorra ao macete. Substitua mal e mau pelos antônimos. O de mau é bom. O de malbem. O troca-troca dá 100% de certeza: mau humor (bom humor), lobo mau (lobo bom), mau funcionário (bom funcionário), mal-humorado (bem humorado), mal e porcamente (bem e caprichosamente), comeu mal (comeu bem). O bem vence o mal. 


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 10 de outubro de 2021

DERIVADOS DE PALAVRAS ESTRANGEIRAS: COMO ESCREVER?

 

Derivados de palavras estrangeiras: como escrever?

Publicado em português

Filho de peixe peixinho é? É. A hereditariedade não pesa só nos reinos animal e vegetal. Pesa também no linguístico. Por isso as palavras derivadas seguem as primitivas. Sem vacilar, ficam no encalço de pai e mãe.

Se a primitiva se escreve com s, a derivada não hesita. Vai atrás. Se com z, x, ch ou qualquer outra letra, também. Pode ser adjetivo, verbo, substantivo. A regra vale pra todos. Exemplos pululam a torto e a direito.

Eis alguns: atrás, atraso, atrasar, atrasado; exame, examinar, examinador, examinado; fazer, fazedor, fiz, fez; cheio, encher, enchente; charco, encharcar, encharcado; paralisia, paralisar, paralisante, paralisação.

A origem é levada tão a sério que nem os nomes estrangeiros escapam. Mas lidar com eles exige algo mais que o respeito à família. Os importados ficam no meio do caminho. Eles têm um olho na nacionalidade. O outro, na língua portuguesa. Em outras palavras: respeitam a grafia original. Depois, acrescentam os sufixos ou prefixos como se a palavra fosse 100% nacional.

O resultado é híbrido – meio estrangeiro, meio português. Mas tem seu charme. Veja: Freud (freudiano), Marx (marxismo, marxista), Hollywood (hollywoodiano), Spielberg (sipelberguismo, spelberguiano), Kant (kantiano, pós-kantismo), Byron (byronismo, byroniano), Shakespeare (shakespeariano), Bach (bachianas), Hobbes (hobbesiano), Sarney (sarneysismo), Taylor (taylorismo), Thatcher (thatcherismo), Weber (weberniano, pré-werberiano), windsurf (windsurfista), kart (kartismo, kartódromo).

Percebeu? A estrutura original do vocábulo permanece. Ela transmite o significado da palavra. É como o sobrenome. Com ele se identifica a família.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 09 de outubro de 2021

PROPRIEDADE VOCABULAR: OPÇÃO X ALTERNATIVA

 

Propriedade vocabular: opção x alternativa

Publicado em português

 

Atenção, gente fina. Muitos caem no modismo. Usam opção e alternativa como sinônimos. Mas sinônimos não são. A precisão vocabular impõe a diferença. Veja:

Opção = saída, possibilidade, recurso: Antes de decidir, avaliou as opções que lhe ofereciam. Na prova com cinco possibilidades de respostas, duas opções eram muito parecidas. Fiquei em dúvida.

Alternativa = escolha entre duas opções. Por isso, fuja de outra alternativa ou única alternativa. Por quê? A alternativa é sempre outra. Se não há outra, só pode ser única: Perdi o voo. A alternativa foi esperar o próximo. Não havia alternativa para o problemaE agora? Qual a alternativa?

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 08 de outubro de 2021

GRAFIAS COM S, Z, J & CIA.
 

Grafia: a família impõe s, z, j & cia.

Publicado em português

A palavra mais ouvida nos últimos dias? É pesquisa. Ibope e Datafolha fazem mais sucesso que a novela das 9h. Pode? Pode. Tanta popularidade cobra preço alto. Ao escrever a trissílaba e respectiva filharada, muitos tropeçam na grafia. Dão a vez ao z em vez de s. Esquecem-se de pormenor pra lá de importante.

Na língua, impera uma regra: a família acima de tudo. Se o pai se grafa com s, os descendentes não têm saída. Conservam a letrinha. É o caso de pesquisa, pesquisar, pesquisador, pesquisado, pesquisinha, pesquisona. É o caso também de camisa, camisaria, camiseiro, camisinha, camisola. É o caso ainda de país, paisinho, paisão, paiseco.

Sem exceção

A regra não é privilégio do s. Vale para as demais letras. Viajar, por exemplo, se escreve com j. Todas as formas do verbo serão fiéis a ele: viajo, viaja, viajamos, viajam; viaje, viajes, viajemos, viajem.

Nariz, rapaz, capuz, raizjuiz e vez exibem z. A lanterninha do alfabeto permanece firme e forte nos derivados: narizinho, rapazinho, rapazote, capuzinho, encapuzar, raizinha, enraizar, enraizado, juízo, ajuizar, vezinha, vezeiro.

Ciladas

Olho vivo! As palavras adoram pegar o bobo na casca do ovo. Basta um descuido e… adeus, nota 10. Atenção plena se impõe. O sufixo -ar tem de se colar ao s ou ao z do radical. Se não for possível, ele precisará de ponte. Aí, cessa tudo o que a musa antiga canta. Compare:

pesquisa — pesquisar

camisa — encamisar

juiz — ajuizar

raiz — enraizar

Viu? O sufixo -ar se cola ao s do radical.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 07 de outubro de 2021

CONFLITO ISRAEL E PALESTINA: O PORQUÊ DOS PORQUÊS
 

Conflito Israel e Palestina: o porquê dos porquês

Publicado em português

Não deu outra. Nas matérias sobre a transferência da embaixada americana para Jerusalém, o porquê fez a festa. Ora apareceu junto. Ora separado. Ora com acento. Ora sem o chapeuzinho. Algumas escolhas mereceram nota 10. Outras ficaram devendo. Na verdade, não há quem não hesite na hora de escrever uma forma ou outra. Muitos chutam. Mas, como a língua não é loteria, a Lei de Murphy entra em vigor. O que pode dar errado dá. Melhor não correr riscos. O caminho é dar uma estudadinha no assunto. Aprendidas as manhas da caprichosa criatura, empregar uma ou outra torna-se fácil como andar pra frente. Quer ver? Use:

Por que

1. nas perguntas: Por que a mudança da embaixada gerou confrontos? Por quejudeus e palestinos não chegam a acordo?

2. nos enunciados em que é substituível por “a razão pela qual”: É bom saber por que (a razão pela qual) judeus e palestinos disputam a cidade sagrada.Explique por que (a razão pela qual) Israel e Palestina não se entendem.

Por quê

A dupla com chapéu só tem vez quando o quezinho for a última – a última mesmo – palavra da frase. Por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: A mudança da capital gerou confrontos porquê? Judeus e palestinos não chegam a acordo por quê?

Porque

Com essa cara, juntinho, sem lenço nem documento, porque é conjunção causal ou explicativa: A mudança da embaixada gerou conflito porque Jerusalém é disputada pelos dois povos. Judeus e palestinos não se entendem porque disputam o mesmo território.

Porquê

Assim, coladinho e com chapéu, o porquê torna-se substantivo. Para mudar de classe, precisa da companhia do artigo ou de pronome: Explicou o porquê do confronto. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Esse porquê se inspira em outro porquê.

Resumo da ópera: não há por que temer os porquês. Quem entendeu a lição sabe por quê.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 06 de outubro de 2021

OUTRA ALTERNATIVA?
 

Xô, desperdício! – Outra altrnativa? Não!!!

Publicado em Geral

 
Ora, ora! O STF concedeu habeas corpus a José Aparecido. Agora, o vazador do dossiê pode se recusar a responder a pergunas na CPI dos Cartões Corporativos. A decisão indignou brasileiros de norte a sul deste país tropical. Lúcia Hypólito, da GloboNews, comentou: “O ministro não teve outra alternativa senão conceder o habeas corpus”.
 
Ops! Ela jogou no time dos esbanjadores. Desperdiçou palavras. Ao falar em alternativa, uma coisa é certa. Alternativa é sempre outra. Logo, o outra sobra. Melhor: O ministro não teve alternativa senão conceder o habeas corpus.  


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 05 de outubro de 2021

A FALTA EM CARTAZ – SUBSTANTIVO ABSTRATO DERIVADO DE ADJETIVO
 

A falta em cartaz - Subbstantivo abstrato derivado de adjetivo 

Publicado em Geral

 

 
O assunto do momento? É a falta de alimentos. Mais pessoas passaram a comer. Sem aumento da produção, entrou em cartaz a velha lei da oferta e da procura. E, de carona, a lanterninha do alfabeto. Por que escassez se escreve com z? Porque é substantivo abstrato derivado de adjetivo:
 
Quer exemplos? Ei-los: escasso (escassez), límpido (limpidez), grávido (gravidez), embriagado (embriaguez), sensato (sensatez), polido (polidez), malvado (malvadez), pálido (palidez). 

E por aí vai.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 04 de outubro de 2021

CADÊ MEUS ÓCULOS?
 

Cadê meus óculos?

Publicado em Geral

 
 
Oba! Alguém conseguiu furar o bloqueio do blog. É Vinicius. Ao comentar a notinha sobre as manhas das horas, ele sugeriu: “Outra coisa boa de esclarecer é o uso da palavra óculos. Tem gente que não enxerga. `Meu óculos caiu´, dizem. Aiiiiiiiiiiiiii! É plural, gente. É com você, Dad. Explique aí”.
 
Pedido de leitor é ordem. Óculos joga no time de pêsames e exéquias. Usa-se sempre, sempre mesmo, no plural: Meus óculos caíram. Você viu meus óculos? Comprei óculos escuros pra enfrentar a claridade de Brasília. Cadê os óculos do João Marcelo? O gato comeu.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 03 de outubro de 2021

VÁ PRO BANHO
 

Vá pro banho

Publicado em Geral


 

“Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Que dor!”, reclama João Marcelo. Ele ouve, com indesejável frequência, as pessoas dizerem “vou banhar” no sentido de “vou tomar banho”. A dúvida: banhar, no caso, não tem acepção de banhar uma peça de ouro?
 
Trata-se da velha cilada dos verbos versáteis. Banhar é transitivo direto. Alguém pratica a ação. É o sujeito. Outro a sofre. É o objeto. A mãe (sujeito) banha o filho (objeto). Às vezes, a porca torce o rabo. O sujeito e o objeto são as mesma pessoa. Repetir o nome? Pode ser, mas fica muito esquisito (A mãe banha a mãe).
 
Comprometida com a clareza e a elegância, a língua oferece saída. Põe à disposição do falante os pronomes. Eles dão o recado com galhardia. A mãe banha o filho. O filho se banha. Eu me banho. Ele se banha. Nós nos banhamos. Eles se banham. Os médicos recomendam: banhe-se à noite com água morna.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 02 de outubro de 2021

OLHA A LATINA
 

Olha a latina

Publicado em Geral

 
Expulsaram o latim da escola. Não adiantou. Ele vive assombrando a língua. Agora é a vez de habeas corpus. Advogados de Alexandre Nardoni e Ana Carolinna Jatobá impetraram habeas corpus pra tirar os dois do xilindró. José Aparecido, o do dossiê, ajuizou habeas corpus no STF pra ter o direito de se manter calado na CPI. Os juízes disseram não aos dois.
 
Vale, de qualquer forma, conhecer a intimidade da latina mágica. Expressão jurídica, habeas corpus quer dizer “que tenhas o corpo para apresentá-lo ao tribunal”. Na prática, tem duas funções. Uma: pôr em liberdade quem esteja ilegalmente preso. A outra: garantir a liberdade de quem esteja ameaçado de perdê-la. Não é pouco.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 01 de outubro de 2021

QUESTÃO DE TEMPO - FAZ DOIS ANOS, OU FAZEM DOIS ANOS?
 

Questão de tempo - Faz dois anos? Fazem dois anos?

 

 
Faz dois anos? Fazem dois anos? Cuidado com o verbo fazer. Ele faz e acontece. Na contagem de tempo, o caprichoso torna-se impessoal. Só se conjuga na terceira pessoa do singular: Faz dois meses que cheguei à cidade. Faz  anos que trabalho aqui. Ontem fez cinco anos que conheci Maria.
 
Olho vivo! A impessoalidade é contagiosa. Atinge os auxiliares sem dó nem piedade: Vai fazer dois meses que cheguei à cidade. Deve fazer anos que trabalho aqui. Esta semana ia fazer cinco anos que conheci Maria.

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 30 de setembro de 2021

ANEXO E EM ANEXO: EMPREGO
 

Anexo e em anexo: emprego

Eis o drama de quem escreve ofícios, memorandos e requerimentos. Volta e meia, precisa empregar em anexo ou anexo. Cheias de manhas, as palavrinhas têm mistérios. Ora aparecem flexionadas, ora não. Ora vêm no início da oração, ora perdidas no meio ou no fim. Ora com vírgula, ora sem vírgula. Como lidar com elas?

Em anexo é locução adverbial. Equivale a anexamente. Apresenta-se sempre com a mesma cara: Em anexo, encaminho os documentos. Em anexo, encaminho a correspondência.

Sempre com vírgula? Não. A vírgula depende da colocação do termo na frase. Em anexo tem o lugar dele. É no fim da oração. Se estiver lá, nada de vírgula: Encaminho os documentos em anexo.

Mas, como criança arteira, vive mudando de lugar. Ora aparece no começo da oração, ora no meio. Deslocado, vírgula nele: Em anexo, encaminho os documentos solicitados. Encaminho, em anexo, os documentos solicitados.

Anexo pertence a outra gangue. Adjetivo, flexiona-se segundo o substantivo: Anexa, encaminho a carta. Anexas, encaminho as cartas. Anexo, encaminho o ofício. Anexos, encaminho os ofícios.

A pontuação? Se anexo vem antes do objeto, não duvide. É vez da vírgula: Anexa, encaminho a carta. Encaminho, anexa, a carta.

Na ordem direta, fica assim: Encaminho a carta anexa. Reparou? É  ambígua. Parece que anexa é qualidade permanente da carta. Na verdade, o recado é este — encaminho a carta que está anexa. A carta não é anexa. Está anexa. A clareza é a maior qualidade do estilo. Anexa, na ordem direta, compromete-a. Dá duplo sentido à frase. Xô!


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 29 de setembro de 2021

PÕE COLORIDO NISSO - AFRO, AFRA
 

Põe colorido nisso

Publicado em Geral

 
Dia 13 de maio traz à tona palavra pra lá de colorida. Trata-se de afro. A dissílaba joga em dois times. Ora é substantivo ou adjetivo. Ora, prefixo.
 
No primeiro caso, flexiona-se como qualquer nome. Tem gênero e número: o afro, a afra, os afros, as afras, povo afro, povos afros, cultura afra, culturas afras.
 
No segundo, pede hífen na formação dos adjetivos pátrios (afro-americano, afro-brasileiro, afro-latino). Nos demais casos é tudo colado: afrodescendente, afrolatria.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 28 de setembro de 2021

VINÍCIUS ESCREVEU (SOBRE FILHOS)
VINÍCIUS ESCREVEU (SOBRE FILHOS)

 

Vinicius escreveu

“Filhos… Filhos?

Melhor não tê-los.

Mas se não os temos

Como sabê-lo?”


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 27 de setembro de 2021

A CERVEJA QUE DESCE REDONDO
 

A cerveja que desce redondo

 

 

Futebol sem cerveja? Nem pensar! O script dos jogos está pronto. Primeiro passo: chamar os amigos. Segundo: comprar a lourinha. Terceiro: pipoquinha ao lado, cerveja na mão, torcer pelo time do coração. 

 

As fábricas exploram a mania nacional. Investem pesado na publicidade. Aí, não dá outra. A Skol ocupa a telinha. Com ela, o slogan: ‘‘Skol, a cerveja que desce redondo’’. A frase intriga:

 

 — Não deveria ser redonda?, pergunta a moçada.  

 

Depende. Trata-se da velha história da bivalência do adjetivo. Às vezes ele funciona como adjetivo. Aí, refere-se ao substantivo. E, subalterno, concorda com ele: Eles estão indo lentos demais. Skol, a cerveja que desce redonda. Maria subiu a escada rápida.

 
Reparou? Nas frases, subentende-se o verbo estar. O danado está escondidinho. Mas conta como gente grande: Eles estão indo e (estão) lentos demais. Skol, a cerveja que desce (e está) redonda. Maria subiu a escada (e estava) rápida.

 
Outras vezes, o adjetivo se disfarça de advérbio. Olha pro verbo. E, piscando o olho com malícia, modifica o novo companheiro. No caso, deixa o sufixo — mente pra lá. Fica neutro, no masculino singular: 

 
Eles estão indo muito lentamente. Eles estão indo muito lento.
 
Skol, a cerveja que desce redondamente. Skol, a cerveja que desce redondo.
 
Maria subiu a escada rapidamente. Maria subiu a escada rápido.

— Deus é pai, vibraram os cervejeiros.

Satisfeitos, os amigos beberam sem culpa. Esperaram a geladinha descer, descer e descer. Frustraram-se. A lourinha não desceu. Subiu. A cabeça girou.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 26 de setembro de 2021

ERRAMOS – VÍRGULA ANTES DO E
 

Erramos — vírgula antes do e

“Atualmente, ele é prefeito de Cabo Frio, e chegou a sair e voltar ao cargo entre 2016 e 2017”, escrevemos na pág. 2. Viu? Desperdiçamos vírgula. O sinalzinho antes do esobra. A conjunção liga orações com o mesmo sujeito e não apresenta nenhuma possibilidade de confusão na leitura. Melhor poupar. Assim: Atualmente, ele é prefeito de Cabo Frio e chegou a sair e voltar ao cargo entre 2016 e 2017.

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 25 de setembro de 2021

VÍRGULA, POR JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO
 
 

José Cândido de Carvalho ensinou

“A vírgula não foi feita pra humilhar ninguém.”

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 24 de setembro de 2021

INDICAÇÕES-CHAVE OU INDICAÇÕES-CHAVES?
 

Indicações-chave ou indicações-chaves?

Ambos os plurais estão corretos. Em indicações-chave, há uma expressão oculta: indicações (que servem de) chave. Com um ou outro, a alternativa é acertar, ou acertar.

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 23 de setembro de 2021

LAISSEZ FAIRE & CIA. – SIGNIFICADO
 

Laissez faire & cia. — significado

A duplinha francesa laissez faire é pra lá de usada no economês nosso de todos os dias. Significa não ingerência no que fazem os outros. Também empregado para indicar a não interferência do Estado em determinadas atividades econômicas dos cidadãos.

Curiosidade

Laissez-faire é a expressão-símbolo do liberalismo econômico. Prega: o mercado deve funcionar e se autorregular livremente, com legislação suficiente para proteger os direitos de propriedade. É parte da expressão

Outras francesas: laissez aller e laissez passer. A dupla significa, respectivamente, deixai ir, deixai passar.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 22 de setembro de 2021

DIA DO TRABALHO: GRAFIA E HISTÓRIA
 

Dia do Trabalho: grafia e história

As datas comemorativas grafam-se com a letra inicial maiúscula: Primeiro de Maio, Dia do Trabalho, 21 de Abril, Sete de Setembro, Proclamação da República, Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia da Árvore, Natal, Guerra dos Farrapos.

História

Lá pelo século 18, os operários trabalhavam até 20 horas por dia. Não se falava em repouso aos domingos. Muito menos em semana inglesa. Com o tempo, houve melhoras aqui e ali. Mas a carga continuava pesada. Como não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe, veio a reação. Em 1º de maio de 1886, 110 mil operários de Chicago cruzaram os braços. Em três dias, a greve cresceu. A polícia reprimiu o movimento com violência. Não adiantou. Ele só crescia. A PM de lá atirou contra a multidão. Em resposta, os grevistas explodiram bombas. Depois de xilindrós e enforcamentos, as conquistas vieram em 1º de maio de 1890. Entre elas, a jornada de oito horas. A Segunda Internacional Socialista, da França, decidiu: o 1º de maio seria dedicado aos trabalhadores e às suas lutas.

Curiosidade

Os Estados Unidos não comemoram o Dia do Trabalho em 1º de maio. Fazem a festona na primeira segunda-feira de novembro.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 21 de setembro de 2021

À: PRONÚNCIA - E OUTRAS DICAS
 

À: pronúncia

Roberto Neves vive com dor de ouvido. Compra que compra remédio pra otite. Mas os medicamentos estão pela hora da morte. E o dinheiro encurtou. “O problema”, diz ele, “não é da alçada do otorrino. Pertence ao universo da prosódia. Muita gente pronuncia o à como se fossem dois aa (vou a a praia). Pode estar certo. Mas maltrata os tímpanos”.

São manhas da escola antiga. No ditado, os professores pronunciavam dois aa para os alunos se darem conta da crase. Era um truque. Virou vício. Corra dele.

Letra maiúscula: acentua-se?

A Laura é secretária de uma escola. Ela se preocupa com a grafia do nome das crianças. Observa acentos, esses e zês. “As certidões, diz ela, trazem o nome em letra maiúscula. Nem sempre devidamente acentuados. O que devo fazer?”

Em português, as maiúsculas não gozam de privilégios. Têm o mesmo tratamento das minúsculas. Devem ser acentuadas quando necessário (Ásia, Índia). Pressupõe-se que os cartórios saibam disso. Mas, se na certidão não aparecer o acento, respeite o registro. É lei.

Ele sobressai ou se sobressai?

Sobressair não é pronominal. Altivo, dispensa objeto. Reina sozinho, absoluto: O Ceará sobressai na educação. Bolssonaro sobressai nas pesquisas. Os povos da Mesopotâmia sobressaíram na escultura. O relator sobressaiu na discussão ao defender  prisão dos suspeitos.

Extorquir alguém? Nãoooooooooo!

Que susto! Deu na TV: “Fiscais extorquiram delegada”. É difícil. Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direto tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro de delegada. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista. 

Metade das laranjas apodreceu? Apodreceram?

Existem as expressões partitivas: parte de, uma porção de, o resto de, a metade de, a maioria de. Quando elas são seguidas de substantivo ou pronome no plural – e só assim – o verbo se esbalda. Pode ir para o singular. Ou plural:

• A maioria das faltas não existiu (o verbo concorda com maioria).

• A maioria das faltas não existiram (concorda com faltas).

. Metade das laranjas apodreceu (concorda com metade).

. Metade das laranjas apodreceram (concorda com laranjas).

. A maior parte da população reagiu bem. (Parte é singular. População é singular. Só o singular tem vez.)

Pode-se citar exemplos? Podem-se citar exemplos?

Eta construção que incomoda! Parece um calo no pé. É a passiva com se. Outro dia, o Correio Braziliense publicou esta frase: “Não se combate verdades com inverdades”. Combate ou combatem? A dúvida paira no ar.

Nas orações em que aparece o pronome apassivador se, facilmente se cometem erros. Para não entrar em fria, há um macete: construa a frase com o verbo ser. Se ele for para o plural, o verbo da frase com se também irá. Caso contrário, nada feito. A regra vale para as locuções verbais. No caso, o auxiliar é que se flexiona ou não:

Não se combatem verdades com inverdades. (Verdades não são combatidas com inverdades.)

Procuram-se datilógrafos. (Datilógrafos são procurados.)

Vende-se esta casa. (Esta casa é vendida.)

Podem-se citar  exemplos. (Exemplos podem ser citados.)

Pode-se citar um caso. (Um caso pode ser citado.)

Devem-se mencionar três episódios. (Três episódios devem ser mencionados.)

Deve-se mencionar o episódio principal. (O episódio principal deve ser mencionado.)

Rir: conjugação

Rir é gozador. Ri de nós. Em razão do ‘eu rio’, as pessoas pensam que ele é aleijão. Que teria falta de pessoas, tempos ou modos. Nada disso. O boa-vida é completinho da silva. Mas é irregular. Foge ao modelo da conjugação dele: eu rio, tu ris, ele ri, nós rimos, vós rides, eles riem; eu ri, ele riu, nós rimos, eles riram; que eu ria, você ria, nós riamos, eles riam; se eu rir, nós rirmos, eles rirem. E por aí vai. 

Maluf reouve a liberdade? Reaviu a liberdade?

Quem vê cara não vê formação. Reaver que o diga. À primeira vista, o verbinho tem pinta de derivado de ver. Mas é só à primeira vista. Porque os dois nunca se viram nem de longe.

Reaver é filhote de haver. Significa haver de novo, recobrar, recuperar: Maluf foi preso. Passados alguns meses, reouve a liberdade. A casa de Gilberto foi assaltada. Os ladrões levaram joias e dinheiro. A polícia os prendeu. Mas não conseguiu reaver os bens.

O verbo, de origem tão nobre, padece de grave enfermidade. É preguiçoso pra chuchu. Não se conjuga em todos os tempos e modos. Só dá as caras nas formas em que aparece o v de haver. No presente do indicativo, por exemplo, apenas o nós e o vós têm vez: reavemos, reaveis.

O indolente não tem presente do subjuntivo. Em compensação, exibe todas as formas do passado e futuro: reouve, reouvemos, reouveram; reavia, reavias, reavíamos; reaverei, reaverás; reaveria, reaveriam; reouver, reouveres, reouvermos; reouvesse, reouvéssemos. E por aí vai.

Não caia na tentação. Reavê, reaviu, reaveja não existem (seriam derivados de ver). Nem fazem falta. Recuperar ou recobrar estão aí pra quebrar o galho. Lembre-se: o inferno está pululando de insubstituíveis.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 20 de setembro de 2021

ARTIGO –TODOS OU ALGUNS
 

Artigo — todos ou alguns

 

Ser claro é obrigação de quem escreve. O artigo definido se presta a confusão de significados. Dobre a atenção ao usá-lo. Ao dizer “os estudantes da UnB aderiram à greve”, englobam-se todos os estudantes. Se não são todos, dispensa-se o artigo: Estudantes aderiram à greve.  

Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 19 de setembro de 2021

NÃO À FORMA NEGATIVA - SIM À POSITIVA.
 

Não à forma negativa. Sim à positiva

não provoca arrepios. Talvez por lembrar repressões da infância. Não faça isso, não faça aquilo. Não pode isso, não pode aquilo. Os nãos acompanham a pessoa vida afora. Mas ninguém os ama, ninguém os quer. Muitos preferem mantê-los no esquecimento. Por isso a forma positiva ganha banda de música e tapete vermelho. A regra é dizer o que é, não o que não é. Não ser pontual é ser impontual. Não lembrar é esquecer. Não assistir à aula é faltar à aula. Não mentir é falar a verdade. Não duvidar é ter certeza. Não fazer mudanças na equipe é manter a equipe. Não votar o projeto hoje é adiar a votação.

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 18 de setembro de 2021

CONDOLÊNCIAS & CIA. – NÚMERO E CONCORDÂNCIA
 

Condolências & cia. — número e concordância

O substantivo condolências se usa sempre no plural: Assinou o livro de condolências. Vai apresentar condolências à família.

Outras palavras jogam no time de condolências.  É o caso de anais, antolhos, cãs,  exéquias, férias, fezes, núpcias, óculos, olheiras, pêsames, víveres. Os naipes do baralho também entraram na onda (dama de copas, rei de espadas, dois de ouros, nove de paus). Artigos, adjetivos, pronomes e verbos a elas relacionados vão atrás. Concordam com elas: As férias escolares estão mais curtas ano após ano. Felizes férias, moçada! Apresentou os pêsames à família. Você viu meus óculos escuros? Só encontro os de grau.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 17 de setembro de 2021

HAMBÚRGUER – PLURAL E ORIGEM
 

Hambúrguer — plural e origem

De onde vem o nome do sanduíche adorado pelos americanos? Vem da Alemanha. Marinheiros de Hamburgo aproveitaram velha receita de povos nômades da Ásia e Europa oriental. Eles comiam carne crua cortada bemmmmmmmmm fininha. Os hamburgueses avançaram um passo — cozinharam a iguaria. Imigrantes que partiam do porto de Hamburgo levaram a delícia para a Terra do Tio Sam. Os americanos gostaram da novidade. Mas, ao ver o bolinho desamparado no prato, deram outro passo. Casaram-no com o pão. Viva! O plural do estrangeirinho? É hambúrgueres.

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 16 de setembro de 2021

PLEONASMO: HÁ... ATRÁS
 

Pleonasmo: há…atrás

Publicado em português

Na entrevista coletiva sobre o coronavírus, o ministro-chefe da Advocacia-geral da União desperdiçou palavras. “O recurso foi feito há 10 dias atrás”, disse André Mendonça. Abusou.

1.  indica tempo passado.

2. Atrás também indica tempo passado.

Melhor ficar com um ou outro:

O recurso foi feito há 10 dias.

O recurso foi feito 10 dias atrás.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 15 de setembro de 2021

GRIPE – ETIMOLOGIA E HUMOR
 

Gripe — etimologia e humor

Que medão! A gripe veio furiosa. Está levando adultos e crianças para o outro mundo. O que fazer? Melhor prevenir que remediar. Ou morrer. Hoje, começa a vacinação contra a gripe. Vamos lá?

Por falar em gripe…

O nome da doença que dá moleza, dor no corpo, febre e rouba o apetite vem do francês. Gripper, na língua de Cervantes, quer dizer agarrar. O verbo sugere o jeito de o vírus agir nas pessoas acometidas pela enfermidade infecciosa.

Humor à solta

Dois baianos se encontram. Um estava fora do estado. Ao voltar, perguntou pro amigo:

— Como está a gripe na Bahia?

— Empatada: H1N1.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 14 de setembro de 2021

ANIVERSÁRIO DE 58 ANOS - PLEONASMO
 

Aniversário de 58 anos — pleonasmo

Brasília completou 58 anos. Bandas de música e tapetes vermelhos não faltaram. Abusos tampouco. No calor dos festejos, lá estava: “A capital comemora o aniversário de 58 anos”. Valha-nos, Deus! Xô, redundância! Aniversário contém a palavra ano. Significa dia em que se somam 12 meses que se deu certo acontecimento. Aniversário dispensa ano. Ano dispensa aniversário. Em bom português: Brasília comemorou 58 anos. Brasília comemorou o 58º aniversário.

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 13 de setembro de 2021

21 DE ABRIL - LETRA MAIÚSCULA
 

21 de Abril — letra maiúscula

Atenção, gente fina. O nome do mês é substantivo comum. Escreve-se com a inicial pequenina: janeiro, fevereiro, março, abril.

Mas, quando se refere a data comemorativa, o mês entra em outra equipe. Torna-se substantivo próprio: 21 de Abril, 1º de Maio, 7 de Setembro.

Olho vivo! O nome dos meses se escreve com inicial minúscula. O dos dias da semana também: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo.

O plural dos meses e dos dias da semana? É fácil como andar pra frente ou tirar chupeta de bebê. Basta acrescentar um s: janeiros, fevereiros, marços, abris; segundas-feiras, quintas-feiras, sábados, domingos.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 12 de setembro de 2021

PENSAMENTOS: MILLÔR FERNANDES E LÍGIA FAGUNDES TELLES
 

Lygia Fagundes Telles ensinou:

"Sabendo interpretar o que lê, o estudante organiza as ideias e produz bom texto. O resto é conversa, falsa teoria.”

Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 11 de setembro de 2021

MADRE SUPERIORA - ESCOLA SUPERIOR: O PORQUÊ DO FEMININO E DO MASCULINO
 

Madre superiora / escola superior: o porquê do feminino e masculino

Por que se diz madre superiora, mas escola superior? Madre e escola são nomes femininos. Mas o segundo adjetivo é masculino.Vamos combinar? Osuperiora joga claro. Refere-se a madre. O superior brinca de esconde-esconde. Entre o nome e o adjetivo, está a locução “de nível”: escola (de nível) superior, instituição (de nível) superior, mercadoria (de nível) superior.

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 10 de setembro de 2021

GRANDE MAIORIA - CORRETO?

 

Grande maioria — correto?

É correta a expressão “grande maioria”? existe pequena maioria? Os nossos jornalistas usam e abusam da duplinha. Estão certos? Sim. Maioria é metade mais um. Às vezes, a diferença é bemmmmmmmm maior. Trata-se de grande maioria. Quer um exemplo? Paulo e Pedro disputavam 100 votos. Paulo obteve 51. Ganhou por pequena maioria. Se tivesse conseguido 98, ops! Teria obtido quase a unanimidade. É grande maioria. Ou não?

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 09 de setembro de 2021

ÍDOLA? NÃOOOOOOOOOO!
 

Idola? Nãoooooooooo!

Ídolo só tem um gênero: Ele é meu ídolo. Ela é meu ídolo. Eles são meus ídolos. Elas são meus ídolos.

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 08 de setembro de 2021

PONTO E VÍRGULA: QUANDO USAR
 

Ponto e vírgula: quando usar

A vírgula é uma parada pequena. O ponto, uma pausa prolongada. As reticências são sonhos, suspiros apaixonados. A exclamação e a interrogação traduzem dúvida ou encantamento. E o ponto e vírgula? É o sinal mais sofisticado da língua. Pode-se viver sem ele, mas, com ele, vive-se com mais requinte.

Passeie os olhos por jornais e revistas. Raramente você verá o casalzinho. Por quê? Poucos sabem empregá-lo. “Nunca o usei e nunca me fez falta”, escreveu Luis Fernando Verissimo. “A Maria Eugênia é uma moça muito inteligente. Ela sabe usar ponto e vírgula”, concluiu Mário Quintana. A duplinha, o sinal mais sofisticado da língua, tem dois empregos.

O primeiro

Separa termos de uma enumeração. No caso, é arroz de festa de leis, decretos, portarias. Até Deus o usou.

São mandamentos do Senhor:

1. Amar a Deus sobre todas as coisas;

2. Não tomar Seu santo nome em vão;

3. Guardar os dias santos;

4. Honrar pai e mãe;

5. Não matar;

6. Não pecar contra a castidade;

7. Não furtar;

8. Não levantar falso testemunho;

9. Não desejar a mulher do próximo; e

10. Não cobiçar as coisas alheias.

Superdica 1

O casadinho fica no meio do caminho. No lugar dele poderia estar a vírgula. Ou o ponto. Por isso, muitos nem se preocupam em lhe dar oportunidade. No aperto, partem pra outra. E se dão bem.

Superdica 2

Olho vivo. Observe o e no 9º mandamento. Ele vem depois do ponto e vírgula.

O segundo

A duplinha torna o texto mais claro. Com isso, facilita a vida do leitor. Quer ver? Examine esta frase:

João trabalha no Senado, Pedro trabalha na Câmara, Carlos trabalha no banco, Beatriz trabalha na universidade, Alberto trabalha no shopping.

O período está correto e compreensível. As vírgulas separam as orações coordenadas. Mas há um senão. A repetição do verbo torna-o cansativo. O que fazer? Há uma saída. A gente mantém o trabalha na primeira oração. E mete a faca nos demais. No lugar deles, põe a vírgula:

João trabalha no Senado, Pedro, na Câmara, Carlos, no banco, Beatriz, na universidade, Alberto no shopping.

Ops! Na primeira leitura, o enunciado parece o samba do texto doido. Quem bate o olho no período não entende nada. O jeito é recorrer ao ponto e vírgula. Ele tem lugar – separa as orações coordenadas:

João trabalha no Senado; Pedro, na Câmara; Carlos, no banco; Beatriz, na universidade; Alberto no shopping.

Chique, não? Veja mais dois exemplos:

Eu estudo na USP; Maria, na UnB.

Alencar escreveu romances; Drummond, poesias.

Carlos e Paulo são jornalistas. Este trabalha no Correio; aquele, no Estado de Minas.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 07 de setembro de 2021

TODO, TODO O, TODOS, TODOS OS: EMPREGO
 

Todo, todo o, todos, todos os: emprego

“Todos setores temem o futuro”, escreveu o Correio Braziliense. Leitores ficaram com a pulga atrás da orelha. Leram e releram a frase. Tornaram a fazê-lo. Deram-se conta de que algo estava destoando. O pronome? Não. O substantivo? Não. Eureca! O texto sonegou o artigo. Sem ele, fica o dito pelo não dito. A construção é ilustre desconhecida na língua de Camões, Machado e Clarice.

Dois times

O pronome todo é cheio de manhas. Ora aparece no singular. Ora no plural. Ora acompanhado de artigo. Ora solitário — livre e solto, sem lenço e sem documento.

Todo

O dissílabo, no singular e sem companhia, significa qualquer, inteiroTodo (qualquer) país tem uma capital. Todo (qualquer) homem é mortal. Li o livro todo (inteiro). Todo brasileiro tem direito à educação de qualidade. Percorreu a casa toda sem encontrar o que procurava.

Todo o

No singular, de mãos dadas com o artigo, o pronome quer dizer inteiroLi todo o livro. Assisti a todo o filme. Conheço todo o mundoPercorri todo o trecho, mas não localizei o endereço indicado.

Todos os

A dupla plural é pra lá de poderosa. Engloba todas as pessoas ou representantes de determinada categoria, grupo ou espécie: Todos os governadores compareceram à reunião. Todos os que quiseram retiraram a senha e participaram do sorteio. Dirigiu-se a todos os presentes. A sociedade quer todas as crianças em escolas de qualidade.

O desnecessário sobra

Atenção à manha de todos os. Em muitas construções, o pronome é desnecessário. O artigo sozinho dá o recado. Veja: Na reunião com todos os grevistas, o governador apresentou a proposta. Reparou? O todos sobra. A presença do artigo informa que são todos: Na reunião com os grevistas, o governador apresentou a proposta. (Não são todos? Xô, artigo: Na reunião com grevistas, o governador apresentou a proposta.)


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 06 de setembro de 2021

FOBIA: DE ONDE VEM A PALAVRA

 

 

Fobia: de onde vem a palavra

Fobia vem do grego. Quer dizer medo exagerado, pavor, aversão: hidrofobia (aversão à água), claustrofobia (pavor de lugar fechado), fotofobia (aversão à luz), xenofobia (aversão a estrangeiro).

Origem

Fobos é filha de Marte, o deus da guerra. Ela se veste de jeito muito estranho. Não usa sutiã nem calcinha. Em cima do corpo nu, joga uma pele de leão. A moça acompanha o pai aos campos de batalha. Quando os combatentes a veem, pensam estar diante de um fantasma. Fogem apavorados. E Marte coleciona vitórias. Hoje Fobos não assusta nem passarinho. Mas deixou senhora herança. É a palavra fobia. O vocábulo quer dizer medo. Mas um medo grannnnnnnnnnnnnnnde, incontrolável.


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