Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 05 de maio de 2021

BANHAR: VERBO VERSÁTIL

 

Verbo versátil - Banhar

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  Ulysses Barros anda encucado. A razão: ouve, com indesejável freqüência, as pessoas dizerem “vou banhar” no sentido de “vou tomar banho”. A dúvida: banhar, no caso, não tem acepção de banhar uma peça de ouro?

Trata-se da velha cilada dos verbos versáteis. Banhar é transitivo direto. Alguém pratica a ação. É o sujeito. Outro a sofre. É o objeto. A mãe (sujeito) banha o filho (objeto). Às vezes, a porca torce o rabo. O sujeito e o objeto são as mesma pessoa. Repetir o nome? Pode ser, mas fica muito esquisito (A mãe banha a mãe).

Comprometida com a clareza e a elegância, a língua oferece saída. Põe à disposição do falante os pronomes. Eles dão o recado com galhardia. A mãe banha o filho. O filho se banha. Eu me banho. Ele se banha. Nós nos banhamos. Eles se banham. Os médicos recomendam: banhe-se à noite com água morna.  


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 05 de maio de 2021

PALAVRA TRAIÇOEIRAS

 

Plalavras traiçoeiras

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Na língua há palavras traiçoeiras. Uma delas é atraso. Muitos a escrevem com z. Esquecem-se de que a trissílaba nasceu da preposição trás e formou baita família. Todos os membros têm uma marca. Conservam o satrás, detrás, traseiro, atrasar, atrasado.  


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 04 de maio de 2021

MARCHA A RÉ: AGORA É ASSIM

 

É assim

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Marcha a ré se escreve assim — sem crase e sem hífen.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 04 de maio de 2021

HÁLITO ETÍLICO

 

Hálito etílico

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O deputado paranaense Fernando Ribas Carli Filho dirigia a 190 km por hora. Na corrida, matou dois jovens. “O deputado tinha o hálito etílico”, diz o Boletim do Corpo de Bombeiros. Em bom português: o homem estava de porre.  

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 03 de maio de 2021

BEM-VINDO É ASSIM

É assim: Bem-vndo

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Bem-vindo se escreve assim, com hífen.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 03 de maio de 2021

O SUJEITO: AS MARGENS DO IPIRANGA

 

O sujeito

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“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / de um povo heroico o brado retumbante.” O sujeito do período? É as margens do Ipiranga. Elas é que ouviram o brado retumbante do povo heroico.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 02 de maio de 2021

A IMPORTÂNCIA DA PONTUAÇÃO

 

A importância da pontuação

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Um professor de Direito Civil dizia: Toda história tem quatro verdades.

1 – A verdade do seu cliente, que você irá defender.

2 – A verdade da outra parte, que o outro advogado irá defender.

3 – A verdade do juiz, que a terá com base no que os advogados conseguiram convencê-lo, e perpetuará (sentença).

4 – A verdade verdadeira, o que realmente aconteceu de fato !

Dedução: A verdade está em acreditar naquilo que julgamos ser verdade, e cada indivíduo compôe a sua com base no seu caráter, educação e meio no qual vive.

HISTÓRIA

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim:

“Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.”

Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava ele a fortuna?

Eram quatro candidatos à sua fortuna.

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não!

A meu sobrinho.

Jamais será paga a conta do padeiro.

Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:

Deixo meus bens à minha irmã.

Não a meu sobrinho.

Jamais será paga a conta do padeiro.

Nada dou aos pobres.

3) O padeiro pediu cópia do original.

Puxou a brasa pra sardinha dele:

Deixo meus bens à minha irmã? Não!

A meu sobrinho? Jamais!

Será paga a conta do padeiro.

Nada dou aos pobres.

4) Aí, chegaram os descamisados da cidade.

Um deles, sabido, fez esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não!

A meu sobrinho? Jamais!

Será paga a conta do padeiro? Nada!

Dou aos pobres.

Assim é a vida. Pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que colocamos os pontos e isso faz toda a diferença.

(Colaboração de Roberto Freire.)


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 01 de maio de 2021

HÍFEN CASSADO

 

Hífen cassado

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Depois da reforma ortográfica, mão de obra e pé de moleque se escrevem assim — sem hífen.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 01 de maio de 2021

ESPINHA OU ESPINHO?

 

Espinha ou espinho?

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Mensagem

Comemos traíra sem espinho? Ou traíra sem espinha? Comemos a traíra sem espinha. Bom proveito.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 30 de abril de 2021

LIBERDADE E LIBERTINAGEM

 

Liberdade e libertinagem

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    As palavras são passeadeiras. Adoram dar voltinhas na frase. Mas a liberdade de ir e vir tem limites. Acaba onde começam as exigências da clareza e da coerência. Sem observar a baliza, aparecem pérolas como estas: Comprei uma meia de mulher de náilon. Haverá um seminário sobre Aids na Câmara dos Deputados.

   

     A boa norma manda “amarrar” cada termo determinante ao respectivo termo determinado. Mas abusamos das possibilidades da língua. Eis uma: “Se o país crescer os 3% previstos pela maioria dos economistas em 2004…”

  

    Xô, ambigüidade! A previsão não foi feita em 2004. 2004 se refere a crescer. Determinante e determinado devem ficar perto: … se em 2004 o país crescer os 3% previstos pela maioria dos economistas…


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 30 de abril de 2021

PECADOS E PECADORES

 

Pecados e pecadores

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Pecar é humano? É. Na lei de Deus, há pecados e pecados. Existem os leves. São os veniais. Enfraquecem a graça. Mas não a destroem. Existem os mortais. Deus nos proteja! Levam à danação da alma. Na língua, a coisa é parecida. Há os deslizes bobos. Só se notam na escrita.Na fala, passam despercebidos. São os erros de nível 1. Há os mais sérios.Comprometem o pecador na fala e na escrita. São os de nível 2. E há os gravíssimos. Esses, de nível 3, não têm perdão. Levam o transgressor às fogueirinhas do inferno. O pobre vai direto. Nem passa pelo purgatório.

Nível 1

Os tropeços bobos atacam as palavras. São os erros de dicionário. Têm a ver com a grafia dos vocábulos. É o caso da falta de letras (orta), troca de letras (carnavau), excesso de letras (mendingo), uso do hífen (sócio-econômico em vez de socioeconômico), acentuação gráfica (aquí). Veja exemplo:   Os mininos foram aô ospital.

Pronunciadas, as palavras parecem perfeitas. Lidas, a coisa muda de figura. Salta aos olhos o nível primário do autor. Ele deu três pontapés na língua. Um: trocou a letra de meninos. Dois: acentuou o coitado do ao. O último: engoliu o h de hospital.

***

Quem freqüenta esse inferninho? A turma que tem pouca familiaridade com a língua escrita. É o caso dos recém-alfabetizados. Ou dos que leem pouco. Redenção? Há dois caminhos. O primeiro é penitência de curto prazo. Peça socorro ao dicionário. O paizão ajuda.

O outro aplica velha sabedoria popular: prevenir é o melhor remédio. Como? Leia. Livros, jornais, revistas ajudam a fixar a grafia das palavras. Você não precisa fazer força. As danadas colam na memória. De lá ninguém as tira.

Duvida? Então responda: por que você escreve ‘homem’ com h? Com certeza você não estudou a história da palavra. Você a viu muitas vezes. Fixou a cara dela. Aprendeu.

Nível 2

O segundo nível é mais sofisticado. Não tem a ver com a grafia das palavras. Mas com a combinação delas na frase. Trata-se da velha sintaxe. Entram nesse caldeirão os escorregões de concordância, regência, emprego dos pronomes. E por aí vai.

Veja:   Os menino foram o hospital.

Examine a frase segundo o nível um. As palavras estão certinhas. O problema reside na combinação delas. O autor do período cometeu dois pecados. Um, de concordância. Deixou pra lá o s de meninos. O outro, de regência. Privou o verbo ir da preposição. Quem vai vai a algum lugar. Aonde? Ao hospital.

Aí não adianta ir ao dicionário. Ele vai lhe dizer que está tudo certo. A salvação é outra. Estudar sintaxe. Em outras palavras: fazer as pazes com a gramática.

Nível 3

Arrepie-se:

Os meninos foram ao hospital. O supermercado estava lotado.

 E daí? No nível 1, tudo como manda o figurino. No 2, também. O pecado está mais embaixo. É questão de lógica. O texto não diz coisa com coisa. Parece o samba do crioulo doido. As frases não conversam entre si. O que o hospital tem a ver com o supermercado?

Vale um palpite. O autor engoliu um pedaço da informação:

Os meninos foram ao hospital. No caminho, passaram no supermercado para comprar frutas. Não compraram. O supermercado estava lotado.

Deslizes como esse não param por aí. Vão além. Às vezes um parágrafo ignora o outro. Outras, a introdução do texto não tem a ver com o desenvolvimento. Ou a conclusão fecha os olhos ao desenvolvimento. Você já participou de trabalhos em grupo? A turma, esperta, divide a tarefa. Um membro fica com a introdução. Outro, com o desenvolvimento. O último, com a conclusão. No dia marcado, cada um entrega a sua parte. Alguém junta tudo. Entrega ao professor a colcha de retalhos. Resultado: vão todos dar bom-dia ao capeta.

Você joga nesse time de pecadores? Aí, companheiro, a coisa é braba. Recorra a rezas e banhos de descarrego. Faça promessas. Examine textos bem-escritos. Dê uma lidinha em dois capítulos do livro Comunicação em prosa Moderna, de Othon Garcia: o primeiro e o terceiro. Sem preguiça.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 29 de abril de 2021

OLHA O PLURAL!

 

Olha o plural!

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  Ele é mau-caráter. E eles? Eles também são maus-caracteres.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 28 de abril de 2021

PLURAL SOFISTICADO

 

Plural sofisticado

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O plural de botãozinho? É botõezinhos. De cartãozinho? É cartõezinhos. De portãozinho? É portõezinhos.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 27 de abril de 2021

BOM PROVEITO

 

Bom proveito

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Você gosta de uma sopinha? Que tal uma canja? Bom, né? O caldo quentinho cai bem, dá conforto ao estômago, aquece a alma.Mas, ao falar em canja, lembre-se. Toda canja é de galinha. Se não for, pode ser tudo. Menos canja. Se algum teimoso insistir na canja de galinha, coitado dele. Pode ter indigestão. Não corra riscos. Tome canja. O estômago agradece. A língua também. Bom apetite.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 27 de abril de 2021

NAMORO, DE ONDE VOCÊ VEM?

 

Namoro, de onde você vem?

Publicado em Geral

Namorar, namoro, namorado têm a mesma origem. É amor. Daí nasceu enamorar. O verbo quer dizer estar em amor. O prefixo e dá ideia de transformação. É o mesmo em que aparece em embelezar. Quem não era belo se tornou belo. Quem não amava passou a amar. 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 26 de abril de 2021

TIRAR A PRESSÃO

 

Tirar a pressão

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  Ouça a história da Maria. Ela acordou mal. A cabeça pesava. A nuca doía. Preocupada, foi ao centro de saúde. Lá, pediu pra tirar a pressão. A enfermeira brincou: “Não posso tirar a sua pressão. Se tirar, você fica sem pressão. Sem pressão, você morre. Maria, vou medir sua pressão. Se estiver alta ou baixa, você toma um remedinho. E conserva sua pressão”. Desde aquele dia, Maria só mede a pressão. E está viva até hoje.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 16 de março de 2021

MAU-CARÁTER - PLURAL

 

Mau-caráter

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O plural de mau-caráter? Acredite. É maus-caracteres.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 15 de março de 2021

HÍFEN CASSADO

 

Hífen cassado

Publicado em Geral

Depois da reforma ortográfica, mão de obra e pé de moleque se escrevem assim — sem hífen.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 14 de março de 2021

ESPINHA OU ESPINHO?

 

Espinha ou espinho?

Publicado em Geral

Mensagem

Comemos traíra sem espinho? Ou traíra sem espinha? Comemos a traíra sem espinha. Bom proveito.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 13 de março de 2021

LIBERDADE E LIBERTINAGEM

 

Liberdade e libertinagem

Publicado em Geral

 

    As palavras são passeadeiras. Adoram dar voltinhas na frase. Mas a liberdade de ir e vir tem limites. Acaba onde começam as exigências da clareza e da coerência. Sem observar a baliza, aparecem pérolas como estas: Comprei uma meia de mulher de náilon. Haverá um seminário sobre Aids na Câmara dos Deputados.

   

     A boa norma manda “amarrar” cada termo determinante ao respectivo termo determinado. Mas abusamos das possibilidades da língua. Eis uma: “Se o país crescer os 3% previstos pela maioria dos economistas em 2004…”

  

    Xô, ambigüidade! A previsão não foi feita em 2004. 2004 se refere a crescer. Determinante e determinado devem ficar perto: … se em 2004 o país crescer os 3% previstos pela maioria dos economistas…

 


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 12 de março de 2021

PLURAL SOFISTICADO

 

Plural sofisticado

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O plural de botãozinho? É botõezinhos. De cartãozinho? É cartõezinhos. De portãozinho? É portõezinhos.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 11 de março de 2021

NAMORO, DE ONDE VOCÊ VEM?

 

Namoro, de onde você vem?

Publicado em Geral

Namorar, namoro, namorado têm a mesma origem. É amor. Daí nasceu enamorar. O verbo quer dizer estar em amor. O prefixo e dá ideia de transformação. É o mesmo em que aparece em embelezar. Quem não era belo se tornou belo. Quem não amava passou a amar.  


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 10 de março de 2021

TIRAR A PRESSÃO

 

Tirar a pressão

Publicado em Geral


Ouça a história da Maria. Ela acordou mal. A cabeça pesava. A nuca doía. Preocupada, foi ao centro de saúde. Lá, pediu pra tirar a pressão. A enfermeira brincou: “Não posso tirar a sua pressão. Se tirar, você fica sem pressão. Sem pressão, você morre. Maria, vou medir sua pressão. Se estiver alta ou baixa, você toma um remedinho. E conserva sua pressão”. Desde aquele dia, Maria só mede a pressão. E está viva até hoje.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 09 de março de 2021

DIQUINHAS ÚTEIS

 

Diquinhas úteis

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1. Você gosta de uma sopinha? Que tal uma canja? Bom, né? O caldo quentinho cai bem, dá conforto ao estômago, aquece a alma. Mas, ao falar em canja, lembre-se. Toda canja é de galinha. Se não for, pode ser tudo. Menos canja. Se algum teimoso insistir na canja de galinha, coitado dele. Pode ter indigestão. Não corra riscos. Tome canja. O estômago agradece. A língua também. Bom apetite.

2. Maria acordou mal. A cabeça pesava. A nuca doía. Preocupada, foi ao centro de saúde. Lá, pediu que lhe tirassem a pressão. A enfermeira brincou: “Não posso tirar a pressão. Se tirar, você fica sem pressão. Sem pressão, você morre. Vou medir sua pressão. Se estiver alta ou baixa, você toma um remedinho. E conserva a pressão”. Desde aquele dia, Maria só mede a pressão. Está viva até hoje.

3. Paulo terminou o curso e, claro, partiu pra busca de emprego. Antes de tudo, preparou o currículo. Nele incluiu os dados pessoais — nome, idade, endereço, telefone. E incluiu o histórico profissional: onde trabalhou, que trabalhos fez . E por aí vai. Para esse item, deu o título de “experiência anterior”. Bobeou. Experiência é a história da vida. Toda experiência é anterior. No currículo, basta escrever experiência. A palavra, solitária, lhe abrirá as portas. Boa sorte.

4. Políticos adotam o slogan “A gente promete. A gente faz”. Eleitores ficam encucados. “A gente está certo?”, perguntam. Está. A gente é outro jeito de dizer nós. Você pode escolher um ou outro. Mas tenha cuidado com a concordância. Nós exige o verbo na 1ª pessoa do plural (nós prometemos, nós fazemos). A gente, na 3ª pessoa do singular (a gente promete, a gente faz). Misturar os dois? Só dá prejuízo. A gente perde o emprego. Perde a promoção. Perde o amor. Valha-nos, Deus!

5. Paulo é gaúcho. Na terra dele se diz “carro zero quilômetros”. Ele se mudou pra Brasília. Na capital dos brasileiros, sempre que diz “zero quilômetros”, os colegas morrem de rir. “Onde eu erro?”, perguntou ele à coluna. Eis a resposta: zero é menos que um. De um pra baixo, o plural não tem vez. É sempre singular: Comprei um carro zero quilômetro. Meu carro tem um quilômetro e meio rodado. O melhor carro do mundo é o zero quilômetro. Não dá trabalho. Nem oficina.

6. Se a gente diz “botar o sapato”, todo mundo entende. Se diz “calçar o sapato”, também. Mas qual a melhor forma — calçar ou botar? Calçar é a palavra mais adequada pro ato de pôr o sapato no pé. Botar pode dar confusão. Imagine dizer “Paulo bota a bota”. Feio não? É melhor: Paulo calça a bota, calça o sapato, calça a sandália, calça o chinelo. No frio, calça as luvas. Hum, que quentinho!

7. Você tem menas roupas que Paula ou menos roupa que ela? Abra o olho. Ter menas roupa é não ter nenhuma pecinha de roupa. Sabe por quê? Menas não existe. Nem aqui nem na China. Só existe menos. Menos é curinga. Vale para o feminino, masculino, singular ou plural (menos roupas, menos sapatos, menos comida, menos diversão). Viu? Menos é como mais. Só tem uma forma: Mais roupas, mais amigos, mais diversão. Tomara que você tenha sempre mais dinheiro.

8. Você pede maiores informações? Ou mais informações? Pense um pouco. A gente fala em maior para indicar tamanho. Minha casa é maior que a sua. Comprei um sapato maior que o pé. Por quê? Casa e pé se medem por metros ou centímetros. Não é o caso de informação. Ninguém quer dois metros ou cinco centímetros de informação. A gente quer informações adicionais, mais informações. Na hora do aperto, peça mais informações. Elas são sempre bem-vindas.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 08 de março de 2021

CRASE E POSSESSIVO

 

Crase e possessivo

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— Crase antes de pronome possessivo?

Os precipitados têm a resposta na ponta da língua:

— É facultativa.

Os atentos pensam duas vezes:

— Depende da frase.

E daí?

O pronome possessivo goza de privilégios. Ora vem acompanhado de artigo. Ora não. Por isso, a gente pode dizer:

Minha cidade tem duas faculdades.

A minha cidade tem duas faculdades.

 

A crase é a fusão da preposição a com o artigo a. Quando o artigo é facultativo, a crase também é. Logo, está certinho da silva escrever:

Vou a minha cidade.

Vou à minha cidade.

 

Na incerteza, banque o São Tomé. Recorra ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. Se no troca-troca aparecer ao, sinal de crase. Caso contrário, xô, grampinho:

Vou a (ao) meu país.

 

Olho vivo! Nem tudo o que reluz é ouro. Há uma construção enganadora. O a que antecede o possessivo tem cara de artigo. Mas artigo não é. Trata-se do ardiloso pronome demonstrativo:

Não fui a (à) minha cidade, mas à sua.

 

Desmembrada a segunda oração, temos:

Não fui a (à) minha cidade, mas à que (àquela que) é sua.

O raciocínio é um só: o artigo é facultativo. O pronome não. Exige o sinal de crase. Aplique o tira-teima:

Não fui a (ao) meu país, mas ao seu.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 07 de março de 2021

AUTÓPSIA OU NECRÓPSIA?

 

Autópsia ou necrópsia?

 

O que causou o acidente da Air France? Ninguém sabe ao certo. Por isso o exame dos corpos é importante. O IML está a postos. A imprensa acompanha o desenrolar da tragédia passo a passo. É aí que mora a dúvida. Repórteres falam em autópsia. Outros, em necrópsia. E daí? No duro, autópsia (ou autopsia) é o exame de si mesmo. Mas muitos empregam o termo no lugar de necrópsia (ou necropsia). A confusão está no dicionário. O pai de todos nós diz que autópsia se usa impropriamente no lugar de necrópsia. Resultado: ao se referir ao exame do cadáver, necrópsia ou necropsia pedem passagem. São pra lá de bem-vindas.  


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 06 de março de 2021

CRASE ANTES DE PALAVRAS REPETIDAS?

 

Crase antes de palavras repetidas?

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 A crase não foi feita pra humilhar. Mas pra tentar. Certas construções dão coceira na mão. Diante delas, o desejo parece irresistível. Ao menor descuido, lá está o acentinho comprometedor. Seguuuuuuuuuuuuuuuuuura!

Tentação satânica são as palavras repetidas. Ao vê-las, dobre os cuidados. Pare, pense e controle-se. Lembre-se de que as duplinhas têm alergia à crase. Não aceitam o sinalzinho nem a pedido dos deuses do Olimpo:

 

 

face a face

cara a cara

semana a semana

frente a frente

uma a uma

gota a gota

 

No caso, o artigo não tem vez. Se tivesse, o primeiro par viria devidamente acompanhado. Não vem. Sem artigo, nada de crase. Deixe a tentação para apelos mais fortes.   


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 05 de março de 2021

S O Z? OLHO NO INFINITIVO

 

S ou z? Olho no infinitivo

 

Letra é uma coisa. Fonema, outra. As letras compõem o alfabeto. No português, são 26. Todos as sabem de cor e salteado — a, b, c, d, e, f, g, h…z. Os fonemas são os sons, o jeitinho como são pronunciadas. E é aí que mora o perigo. Há sons pra lá de disputados. Um deles é o z. Várias letras soam como a lanterninha do abecedário. O s e o x figuram no rol das competidoras. Atraso e exame servem de exemplo. 

A disputa tem consequências. A mais grave: causa senhora confusão na cabeça dos pobres mortais. Os verbos querer, pôr, fazer e dizer são os campeões da babel. Em certas formas, aparece o fonema z. Mas se escreve a letra s. É o caso de quis, quiser e puser. Em outras, o z pede passagem. Dizfiz e fizer não nos deixam mentir.  

O muda-muda tem explicação? Tem. E, coisa rara no português nosso de todos os dias, a regra não tem exceção. Vale para qualquer verbo. O segredo está no infinitivo. No nome do verbo aparece o z? Então não duvide. Sempre que o fonema z soar, dê a vez à lanterninha do alfabeto:  

fazer– fazes, faz, fazemos, fazem, fiz, fizeste, fizemos, fizeram, fizesse, fizer; dizer– diz, dizes, dizemos, dizem.  

 

Em querer e pôr, o z não aparece. Logo, quando soar o z, escreva s. Você acertará sempre:  

querer– quis, quiseste, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiseras, quiséramos, quisesse, quiséssemos

pôr– pus, puseste, pôs, pusemos, puseram, puser, pusermos, pusesse, puséssemos. 

Atenção! Muita atenção! O derivado é maria vai com as outras. Segue o primitivo: refiz, desfizemos, desdizemos, compuser, depuséssemos. Etc. e tal.  

Viu? Desvendados os mistérios dos verbos querer, pôr, fazer, dizer & cia., fica uma certeza. O diabo não é tão feio quanto o pintam.  


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 04 de março de 2021

FORRÓ

 

Forró

Forró ganhou fama, mas não dormiu na cama. Avançou mundo afora. Em festa alegre, o ritmo não pode faltar. Rebolados e coreografias são pura sensualidade. Especulações a respeito da origem da palavra pintaram a torto e a direito. Uma delas dizia que a dissílaba seria deturpação de “for all”. Os americanos que moravam na base aérea de Parnamirim, em Natal (Rio Grande do Norte), ofereceriam festas. Umas, pra lá de elitistas, só abrim as portas pra gente com pedigree. Outras, populares, eram para todos, “for all” em inglês. Os brasileiros, em vez de for all, diziam forró. A explicação é charmosa, mas falsa. Forró é redução de forrobodó — arrasta-pé pra lá de animado.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 03 de março de 2021

SINGULAR OU PLURAL?

 

Singular ou plural?

 

 

Filho de peixe sabe nadar. A língua é filhote dos homens. Uma e outros são enganadores. Parece que são, mas não são. A expressão um dos que serve de prova. Morre de rir dos que caem em suas malhas. Disfarçada, fica à espreita dos desavisados. É o caso do deputado que tinha complexo de Deus — de Deus com complexo de grandeza.

Um dia, o deputado pede a palavra no plenário. Elegante, gravata borboleta, sobe à tribuna. Pigarreia. Limpa a garganta. Discursa: “Senhor presidente, não sou um daqueles que…” Pára aflito. Não com medo dos apartes, mas da concordância. Singular ou plural?

Faz rodeios. Intercala uma oração aqui, outra ali. Mas acaba voltando à frase original. “Não sou um daqueles que…” Trai ou traem? Transpira. A gravatinha murcha. O presidente anuncia que o tempo acabou. O pobre deputado deixa a tribuna. Humilhado, não conseguiu passar da primeira frase.

Você sabe a resposta? Antes de responder, faça o teste. Leia os períodos com atenção. Depois, assinale com V, de verdadeiros, os que estiverem certinhos da silva. E com F, de falso, os que não estiverem com nada. Por fim, assinale a seqüência nota mil:

( ) Não sou um daqueles que trai. ( ) Não sou um daqueles que traem. ( ) O Tietê é um dos rios da capital paulista que deságua no Paraná. ( ) O Tietê é um dos rios da capital paulista que deságuam no Paraná.

a. V, F, V, F b. F, V, F, V c. V, V, V, F V, V, V, V

Marcou a letra c? Pra lá de certo. Você conhece os mistérios da concordância do um dos que. Preferiu outra letra? Abra os dois olhos. Dê uma lidinha na explicação e responda ao teste do Mãos à obra. Depois de todo o percurso, você terá uma certeza. O diabo não é tão feio quanto o pintam.

Vale (quase) tudo

A expressão um dos que é flexível como o arbusto. Topa o singular e o plural. “Não sou um dos que traem”, poderia ter dito o deputado. “Não sou um dos que trai” seria a outra forma. Ambas estão gramaticalmente certas. Mas o sentido muda um pouco. Ao usar o singular, o autor diz que a ação se refere a um só indivíduo. O plural, ao contrário, a todos.

Vai outro exemplo. Lula é um dos presidentes que sorri muito. No caso, dá-se realce a um. Daí o singular. Lula é um dos presidentes que sorriem muito. Tradução: Lula é um dos tantos presidentes hienas. Por isso o emprego do plural.

Cuidado! Muito cuidado! A generalização é burra. Às vezes, o verbo se refere a um só indivíduo. No caso, precisa ficar no singular. Quer ver?

O Tietê é um dos rios da capital paulista que deságua no Paraná. (Ora,

só o rio Tietê deságua no Paraná. Aí, não há saída. O singular é obrigatório.)

Macbeth é uma das peças de Shakespeare em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil. (Está claro? Só uma das tantas peças de shakespeare está em exibição no Centro Cultural Banco do Brasil.)

É isso. Afora casos singulares como o do rio Tietê e da peça Macbeth, um dos que é expressão-gilete. Corta dos dois lados.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 09 de fevereiro de 2021

JULIEN GREEN: O DRAMA DO ESCRITOR

 

Julien Green: o drama do escritor

Publicado em português

 

“O pensamento voa. As palavras vão a pé. Aí está o drama do escritor.”


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 08 de fevereiro de 2021

ESTE, ESSE OU AQUELE?

 

Este, esse ou aquele?

Publicado em português

Paulo, funcionário do Banco Central, quis mudar de ares. Foi requisitado para o Ministério da Economia. No ofício de encaminhamento, o BC frisava que “os ônus correrão por conta dessa instituição”. Chegou o fim do mês. Cadê salário?

O banco dizia que o ministério deveria pagar. O ministério dizia que era o banco. E daí? O xis da resposta estava no pronome ”dessa”. Impõe-se conhecer o emprego do este, esta, esse, essa, aquele, aquela.

Eles são dedos-duros. Indicam situação no espaço, no tempo e no texto. Desvendado o mistério, oba! A resposta brilha.

Discurso

Para entender o assunto, lembre-se das pessoas do discurso. Discurso, no caso, significa conversa. As pessoas do discurso são as que tomam parte em um bate-papo. São três. Uma fala (1ª pessoa). Outra escuta (2ª pessoa). A última é o assunto, sobre o que se fala (3ª pessoa).

Imagine que Rafael telefone para João e lhe pergunte se foi ao cinema. No caso, Rafael fala. É a 1ª pessoa. João escuta. É a 2ª. Do que eles falam? Da ida ao cinema. É a 3ª.

  1. Situação no espaço

Este indica que o objeto está perto da pessoa que fala (pode ser reforçado com o advérbio aqui): esta bolsa (aqui); este jornal (referindo-se ao jornal que está perto); esta sala (a sala onde a pessoa que fala ou escreve está).

Esse informa que o objeto está perto da pessoa com quem se fala (pode ser reforçado com o advérbio ): esse livro aí (o livro está perto da pessoa com quem se fala); essa sala (a sala onde a pessoa com quem se fala ou a quem se escreve está).

Aquele diz que o objeto está longe tanto da pessoa que fala quanto da pessoa com quem se fala (pode ser reforçado pelos advérbios  ou ali): Aquele quadro lá; aquele livro ali.

A solução do drama do Paulo está nesse emprego. O essa se refere ao ser com quem se fala. No caso, o Ministério da Economia. Se fosse o Banco Central, o texto diria que os ônus correriam por conta “desta instituição”.

  1. Situação no tempo  

Este indica tempo presente: este ano, este mês, esta semana (o ano, o mês e a semana em que estamos); este fim de semana (o fim de semana próximo, que o falante considera presente).

Esse ou aquele exprimem tempo passado (esse, passado próximo; aquele, distante): Visitei Santos pela primeira vez em 1970. Nesse (ou naquele) tempo, eu morava em Porto Alegre.

Eis um nó

Como saber se o passado é próximo ou remoto? Guarde isto: presente se escreve com t. Este e esta também. Passado se grafa com ss. Esse e essa idem.

  1. Situação no texto

 Este indica referência anterior: Paul Valèry deu esta sugestão aos escritores: “Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta” (a sugestão é anunciada antes e expressa depois).

Esse anuncia referência posterior: “Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta.” Essa sugestão, escrita por Paul Valèry, é um dos mandamentos do texto contemporâneo.

Resumo da ópera

Situação no espeço: perto da pessoa que fala (esta, este, isto), perto da pessoa com quem se fala (essa, esse, isso), perto da pessoa de quem se fala (aquela, aquele, aquilo).

Situação no tempo: presente, passado e futuro próximos (esta, este), passado distante (aquela, aquele).

Situação no texto: referência anterior (esta, este), referência posterior (essa, esse).

 
 

Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 03 de fevereiro de 2021

PLURAL DOS COMPOSTOS: 5 DICAS

 

Plural dos compostos: 5 dicas

Publicado em português

A língua é diversificada como os falantes. Pra satisfazer a gregos, troianos e baianos, criou formas de nomes compostos. O plural depende da formação de cada uma delas. Desvendado o mistério, adeus, dúvida.

Um

Não varia o substantivo formado por palavras invariáveis ou o que tiver o último elemento já no plural: os leva e traz, os diz que diz, os faz de conta, os bota-fora, os topa-tudo, os ganha-perde, os pisa-mansinho, os saca-rolhas, os salva-vidas.

Dois

Só o primeiro elemento vai para o plural se preposição ligar as palavras: pés de moleque, pernas de pau, joões-de-barro, mulas sem cabeça, câmaras de ar, pães de ló, fogões a gás, estrelas-do-mar.

Quando o segundo elemento estiver no plural, mantém-se o plural dele e flexiona-se o primeiro se for flexionável: mestres de obras.

Três

Ambos os elementos vão para o plural se os dois forem variáveis: cirurgiões-dentistas, tenentes-coronéis, águas-fortes, barrigas-verdes, cartões-postais, altos-relevos, más-línguas, baixos-relevos, redatores-chefes, segundas-feiras, primeiros-ministros, pesos-penas, meios-termos, os surdos-mudos.

Quatro

Se, havendo dois substantivos, o segundo der ideia de finalidade, semelhança ou limitar o primeiro, impera a dose dupla – flexiona-se o primeiro ou os dois. É acertar ou acertar: vale-transporte (vales-transporte, vales-transportes), vale-refeição (vales-refeição, vales-refeições), pombos-correio (pombos-correio, pombos-correios), salário-família (salários-família, salários-famílias), caneta-tinteiro (canetas-tinteiro, canetas-tinteiros), café-concerto (cafés-concerto, cafés-concertos), papel-moeda (papéis-moeda, papéis-moedas), peixe-espada (peixes-espada, peixes-espadas), carro-bomba (carros-bomba, carros-bombas), postos-chave (postos-chave, postos-chaves), elemento-surpresa (elementos-surpresa, elementos-surpresas), país-símbolo (países-símbolo, países-símbolos)decreto-lei (decretos-lei, decretos-leis), homem-rã (homens-rã, homens-rãs.

Olho vivo

 Na nossa linguinha de todos os dias, qualquer palavra pode virar substantivo. Vestir, por exemplo, é verbo (eu visto, ele veste). Mas, se antecedido de artigo, pronome ou numeral, vira substantivo (o vestir, aquele vestir, dois vestires).

Na substantivação do adjetivo composto, observa-se a regra do adjetivo composto – só o segundo se flexiona: os ibero-americanos, os nipo-brasileiros, os social-democratas, os liberal-socialistas, os maníaco-depressivos.

Cinco

Só o último elemento vai para o plural em três casos:

  1. se apenas o primeiro for invariável:arranha-céus, guarda-roupas, beija-flores, vice-governadores, sempre-vivas, vira-latas, abaixo-assinados, caça-níqueis, ave-marias, salve-rainhas, alto-falantes, mal-humorados, recém-nascidos;
  2. se o substantivo for formado por elementos onomatopaicos ou palavra repetida:bem-te-vis, tico-ticos, reco-recos, quero-queros, quebra-quebras, tique-taques;
  3. se primeiro elemento for redução de um adjetivo (bel, de belo, grã ou grão, de grande): bel-prazer (bel-prazeres), bel-jardinense (bel-jardinenses), grã-duquesa (grã-duquesas), grão-ducado (grão-ducados), grão-mestre (grão-mestres), grã-fino (grã-finos).

Os elitistas

Cuidados com os rebeldes. Os arco-íris, os bem-te-vis, os mapas-múndi não se enquadram em nenhuma regra.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 02 de fevereiro de 2021

FALAR: PROVÉRBIO POPULAR

 

Falar: provérbio popular

Publicado em português

“Fala pouco e bem, e ter-te-ão por alguém.”


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 01 de fevereiro de 2021

FÁCIL DE FAZER? FÁCIL DE SE FAZER?

 

Fácil de fazer? Fácil de se fazer?

Publicado em português

Com o infinitivo, o pronome se sobra. Xô! Assim: fácil de fazer, fácil de copiar, fácil de ligar, fácil de conquistar, fácil de dirigir, fácil de ler, fácil de memorizar.

A rejeição ao monossílabo não constitui exclusividade do adjetivo fácil. Veja: difícil de escrever, bom de morar, chato de acompanhar, feio de doer.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 30 de janeiro de 2021

MACHADO DE ASSIS: PROLIXIDADE

 

Machado de Assis: prolixidade

Publicado em português

“Não há nada pior do que dar longas pernas para pequenas ideias.”


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 29 de janeiro de 2021

FLEXÃO: FURA-FILA & CIA.

 

Flexão: fura-fila & cia.

Publicado em português

E os fura-filas, hem? Além de roubar o lugar de outros, desperdiçam vacinas. Sem receber a segunda dose, a primeira de pouco valerá. A esperteza não trouxe só problema legal. Trouxe problema linguístico. Trata-se do plural dos substantivos compostos. Confusos, leitores pediram ao blogue.

A língua é diversificada como os falantes. Pra satisfazer a gregos, troianos e baianos, criou formas de nomes compostos. O plural depende da formação de cada uma delas. Desvendado o mistério, adeus, dúvida. É o caso de fura-fila & cia.

Só o último elemento vai para o plural em três casos:

  1. se apenas o primeiro for invariável: fura-filas, arranha-céus, guarda-roupas, beija-flores, vice-governadores, sempre-vivas, vira-latas, abaixo-assinados, caça-níqueis, ave-marias, salve-rainhas, alto-falantes, mal-humorados, recém-nascidos;
  2. se o substantivo for formado por elementos onomatopaicos ou palavra repetida:bem-te-vis, tico-ticos, reco-recos, quero-queros, quebra-quebras, tique-taques;
  3. se primeiro elemento for redução de um adjetivo (bel, de belo, grã ou grão, de grande): bel-prazer (bel-prazeres), bel-jardinense (bel-jardinenses), grã-duquesa (grã-duquesas), grão-ducado (grão-ducados), grão-mestre (grão-mestres), grã-fino (grã-finos).

Os elitistas

Cuidados com os rebeldes. Os arco-íris, os bem-te-vis, os mapas-múndi não se enquadram em nenhuma regra.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 28 de janeiro de 2021

O &: HISTÓRIA E CURIOSIDADE

 

O &: história e curiosidade

Publicado em português

O símbolo & tem nome. É e comercial. O criador: Marcus Tulius Tiro, encarregado de transcrever os discursos feitos no Senado de Roma. A criatura, que veio ao mundo 63 anos antes de Cristo, tinha uma função – tornar a escrita mais rápida. O & substituía o et (e em português). Com o tempo, o sinalzinho se especializou. Deixou os políticos pra lá e entrou, triunfal, no universo das empresas.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 27 de janeiro de 2021

PLEONASMO DIVERTIDO

 

Pleonasmo divertido

Publicado em português

Benedito Valadares chegou ao Palácio do Catete com óculos escuros. “O que é isso, Benedito?”, perguntou Gustavo Capanema, ministro da Educação de Getúlio Vargas. “Conjuntivite nos olhos”, respondeu o governador de Minas. Despediram-se. Ao vê-lo, Getúlio lhe fez a mesma pergunta. E Valadares: “Presidente, o médico lá em Minas disse que era conjuntivite nos olhos. Mas o Capanema, que quer ser mais sabido do que os médicos, acaba de me dizer que é pleonasmo”.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 26 de janeiro de 2021

CURIOSIDADE: EMBAIXADINHAS

 

Curiosidade: embaixadinhas

Publicado em português

No futebol, há jogadores pra lá de hábeis. São capazes de dar sucessivos toques na bola – com os pés, as coxas, os ombros ou a cabeça – sem que ela tenha contato com o chão.  O espetáculo se chama embaixada. Mas o nome não tem nada a ver com representação diplomática, Itamaraty & cia. Tem a ver com a forma como se toca na pelota – por baixo. Malandro, o pé começa a manobra embaixo da redonda.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 25 de janeiro de 2021

HAMBÚRGUER: CURIOSIDADE

 

Hambúrguer: curiosidade

Publicado em português

De onde vem o nome do sanduíche adorado pelos americanos? Vem da Alemanha. Marinheiros de Hamburgo aproveitaram velha receita de povos nômades da Ásia e Europa oriental. Eles comiam carne crua cortada bemmmmmmmmm fininha. Os hamburgueses avançaram um passo — cozinharam a iguaria. Imigrantes que partiam do porto de Hamburgo levaram a delícia para a Terra do Tio Sam. Os americanos gostaram da novidade. Mas, ao ver o bolinho desamparado no prato, deram outro passo. Casaram-no com o pão. Viva!


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 24 de janeiro de 2021

POLITICAMENTE CORRETO: CEGO

 

Politicamente correto: cego

Publicado em português

O radialista Airton Medeiros entrevistava ao vivo na Rádio Nacional a presidente de uma associação de cegos. Dizia que ela era cega. Lá pelo meio do programa, recebeu um papelzinho com a recomendação de que a tratasse como “deficiente visual”. Antes de obedecer à ordem, perguntou se devia tratá-la de cega ou deficiente visual. Ela aproximou as mãos do rosto dele até tocar os óculos. Então disse: “Deficiente visual é você, que usa óculos. Eu sou cega”.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 23 de janeiro de 2021

CURIOSIDADE: PONTO NOS ii

 

Curiosidade: pontos nos ii

Publicado em português

Vamos pôr os pontos nos ii? A expressão não deixa dúvida. Refere-se ao esclarecimento rigoroso de determinada situação. Ela nasceu há muito tempo — na época em que só se escrevia à mão. Pra evitar que dois ii fossem confundidos com u, passou-se a acentuar o i. No século 16, pontos substituíram os grampinhos. Daí os pontos nos ii.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 22 de janeiro de 2021

ETIMOLOGIA: PSICÓLOGO & CIA.

 

Etimologia: psicólogo & cia.

Publicado em português

Cupido e Psiquê se casaram. Antes, combinaram que ela nunca veria o rosto do deus do amor. Uma noite, a mulher não resistiu. Enquanto ele dormia, ela acendeu uma vela. Ficou tão encantada com a linda figura que deixou cair cera quente no corpo do amado. Ele acordou. E se foi. Até hoje Psiquê chora. Sofre de tristeza, arrependimento e saudade. O jeito é procurar profissional que cura as dores da alma. É o psicólogo, cujo nome nasceu de Psiquê.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 17 de janeiro de 2021

ENEM: DICAS DE PORTUGUÊS

Enem: dicas de português

Publicado em português

Avós, pais, irmãos, filhos só têm um assunto – o vestibular e o Enem. A coluna entrou na roda. Semana passada, tratou da redação. Esta semana, de erros pra lá de comuns. Perder pontos por causa deles é bobeira. Vale lembrar que o desafio não é apenas sair-se bem. É sair-se melhor que os outros. Vamos lá? São seis diquinhas.

Onde e em que

O erro mais cometido pela meninada? É o emprego do onde. O dissílabo só tem vez na indicação de lugar físico: A cidade onde nasci fica no Rio. Na praia onde pesca, mora pouca gente. Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá.

Não é lugar físico? Dê passagem ao em queNa discussão em que se destacou, havia muitos repórteres. Muitos desistiram do debate em que se falou da vacinação. No concurso em que Maria sobressaiu, a maioria dos inscritos eram homens.

Hora e ora

Olho vivo! Uma letra faz a diferença. Hora quer dizer 60 minutos. Ora significa agora, neste momento. Veja: Ganha R$ 10 por hora de trabalho. Por ora, estou desempregado.

Na dúvida, seja esperto. Troque seis por meia dúzia: Ganha R$ 10 por 60 minutos de trabalho. Por agora, estou desempregado.

 Mas e mais

Mais tem quatro letras. Mas tem três. Pois a grandona é o contrário de      de menos. Na dúvida, substitua a palavra por menos. Se a declaração ganhar sentido contrário, não tenha dúvida. Dê passagem ao maisComi mais (menos) do que Maria. Paulo é mais (menos) educado que Luís. Acordei mais (menos) disposto.

Mas introduz ideia contrária. É conjunção adversativa. Joga no time de porém, todavia, contudo, entretanto: Estudei muito, mas não passei. (Substituí-la por mais? O contrário não cabe. Fica sem sentido. Xô!)

Demais e de mais

Ambas têm uma semelhança. São formadas pelas mesmas palavras (de + mais). Mas exprimem ideias diferentes.

Demais significa demasiadamenteComeu demais. Trabalha demais. Estava nervoso demais.

De mais, assim, separadinho, quer dizer a mais, o contrário de de menosNa confusão, recebi troco de mais (de menos). No pacote, veio um livro de mais (de menos). Não vejo nada de mais (de menos) no comportamento dele.

Mau e mal

Com um ou com l? Depende. Mau é contrário de bom. Na dúvida, faça a substituição. Você acertará sempre: mau humor (bom humor), mau datilógrafo (bom datilógrafo), mau tempo (bom tempo), homem mau (homem bom).

Na dúvida, lembre-se da rima: “Eu sou o lobo mau (bom), lobo mau, lobo mau / Eu pego as criancinhas pra fazer mingau”. Uau! Mau e mingau jogam no mesmo time. Rimam.

Mal é o oposto de bem. Com ele também vale a regra do troca-troca: mal-humorado (bem-humorado), mal-estar (bem-estar), mal-agradecido (bem-agradecido). A tuberculose foi o mal (bem) do século passado. Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.

É isso. Com o macete, a alternativa é uma só – acertar ou acertar. Adeus, razões para estar de mal com a língua.

Entre e dentre

Entre ou dentre? Na dúvida, use entre. Em 99% dos casos você acerta.

Dentre só tem vez quando significa de entre. É substituível por no meio de:

Cristo ressurgiu dentre os mortos. (Cristo ressurgiu do meio dos mortos.)

Tirou uma dentre as cinco frutas. (Tirou uma do meio de cinco frutas.)

Maria sobressaiu dentre os 200 candidatos (ela sobressaiu do meio de 200 candidatos).

Olho vivo! Na tentação de usar dentre, pare, pense e faça o troca-troca. O resultado é um só. Dentre é raro como viúvo na praça.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 16 de janeiro de 2021

MARQUES REBELO: ESCREVER

 

Marques Rebelo: escrever

Publicado em português

“Escrever é cortar.”


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 15 de janeiro de 2021

HÍFEN E FLEXÃO: SEM-TERRA & CIA.

 

Hífen e flexão: sem-terra & cia.

Publicado em português

Volta e meia, eles mudam de nome. Foram remediados. Viraram pobres. Passaram a miseráveis. Aí apareceram os carentes. Seguiram-se os despossuídos. Depois, os descamisados.

Hoje, os pobres estão em outra. É vez do sem. O desabrigado é sem-teto; o desamparado, sem-justiça; o agricultor que não tem onde plantar, sem-terra. Etc. e tal.

sem deu filhotes. Ocorreu a manifestação dos sem-terrinha, sem-celular, sem-micro-ondas e sem-carro importado. Enfim, a criatividade anda solta. Mas há um limite.

Os sem – todos eles – são sem mesmo. Sem feminino, sem masculino e sem plural. Como não se confundir? Basta prestar atenção à companhia. O artigo, o adjetivo e o verbo não guardam segredo. Abrem o jogo:

Viviane Pasmanter viveu a sem-teto da novela Anjo de Mim (o a diz que nos estamos referindo a nome feminino singular).

Sem-justiça vão lutar contra a mineradora (o vão não deixa dúvida: o sujeito é plural).

Sem-teto busca resposta para o problema de moradia (o verbo informa que sem-teto é substantivo singular).

Moral da opereta: os sem são os sem-flexão. Nem masculino, nem feminino, nem plural. É tudo igual.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 14 de janeiro de 2021

ENTRE OU DENTRE?

 

Entre ou dentre?

Publicado em português

Quase sempre entre. Dentre tem uso muito limitado. Significa do meio de. É resultado do casamento da preposição de com a preposição entre. Para que ocorra o matrimônio, um verbo precisa pedir a preposição de. Como sair, saltar, ressurgir.

macaco saiu dentre duas árvores.

Quem sai sai de algum lugar. De onde? De entre duas árvores (do meio de duas árvores).

O pássaro começava a saltar dentre o arvoredo (quem salta salta de algum lugar. De onde? De entre o arvoredo).

Dentre os candidatos eleitos, um sobressaiu (quem sobressai sobressai de algum lugar. De onde? De entre os eleitos).

Nos outros, a vez é do entre: Nada existe entre mim e ele. A distância entre Brasília e Goiânia é de 200km. A disputa entre os candidatos será acirrada.

 É isso: use dentre só no caso do encontro de de + entre. No mais, estenda banda de música e tapete vermelho para o entre. Bobear é proibido.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 13 de janeiro de 2021

REDAÇÃO NOTA 1.000

 

Redação nota 1.000

Publicado em português

Estudantes preparam-se para entrar na universidade. O assunto entre eles é o Enem. E, claro, a redação. A moçada sabe que escrever é mandar recado. A receita de uma sobremesa é um recado. O convite para a festa de aniversário é um recado. O horóscopo publicado no jornal é um recado. A prova que você faz na escola é um recado.

A gente manda e recebe recados todos os dias. A empregada anota a mensagem para a patroa ausente. O médico prescreve o remédio para o enfermo. O professor dá o tema da redação. Você escreve uma carta para seu amado. Seu coleguinha manda um bilhete para você. É tudo recado.

Medo

E a dissertação do vestibular ou do Enem? É recado. Então por que aquele frio na espinha? Só de pensar nela as mãos ficam geladas. O coração dispara. O suor jorra. Os sintomas têm um nome – medo. Do quê? O que apavora é não ter nada para dizer.

Remédio

Qual a saída? Ser esperto. Você já leu muitos livros, revistas e jornais. Viu centenas de filmes. Conversou sobre variados assuntos. Assistiu a incontáveis telejornais. Está pra lá de preparado. Tem assunto pra dar e vender. Na hora de dar o recado, fique calmo. E siga as dicas.

Dicas

  1. Respire fundo. Três vezes. Devagarinho. Deixe o ar chegar lá em baixo, no fundão da barriga. Visualize o umbigo. Sorria para ele. Por dentro e por fora.
  2. Leia o tema da redação. Entenda-o. Faça as outras provas. Enquanto você resolve questões de português, física, história, a cabeça vai pensando. Vai se organizando. Quietinha. Na hora de redigir, as ideias fluem como num passe de mágica. É só pôr no papel.
  3. Planeje o texto: delimite o tema, defina o objetivo, selecione as ideias capazes de sustentar sua tese. Depois, faça um plano como o proposto no esqueminha:

Tema: o assunto geral do texto.

Delimitação do tema: aspecto do tema que vai ser tratado.

Objetivo: aonde você quer chegar com seu texto?

Ideias do desenvolvimento: argumentos, exemplos, comparações, confrontos e tudo que ajudar na sustentação do ponto de vista que você quer defender.

  1. Vai um exemplo de plano:

Tema: Brasília

Delimitação: turismo em Brasília

Objetivo: informar as opções de turismo em Brasília

Ideias de desenvolvimento: Brasília monumental (palácios, catedral, torre, superquadras), Brasília ecológica (parques, cachoeiras), Brasília mística (Vale do Amanhecer, Cidade da Paz).

Com o plano feito, é hora de redigir. Mãos à obra.

  1. Comece pelo começo. Escolha uma frase bem atraente. Pode ser uma declaração, uma citação, uma pergunta, um verso, a letra de uma música. Depois, desenvolva a tese. Cada ideia num parágrafo. Por fim, conclua. Com um fecho elegante.
  2. Seja natural. Imagine que o leitor esteja à sua frente ou ao telefone conversando com você. Fique à vontade. Espaceje suas frases com pausas. Sempre que couber, introduza uma pergunta direta. Confira a seu texto um toque humano. Você está escrevendo para pessoas. Gente igual a você.
  3. Use frases curtas. Com elas, você tropeça menos nas vírgulas, nos pontos ou nas reticências. “Uma frase longa”, ensinou Vinicius de Moraes, “não é nada mais que duas curtas.”
  4. Ponha as sentenças na forma positiva. Diga o que é, nunca o que não é. Em vez de escrever “ele não assiste regularmente às aulas”, escreva “ele falta com frequência às aulas”.
  5. Prefira palavras curtas e simples. Os vocábulos longos e pomposos criam uma barreira entre leitor e autor. Fuja deles. Seja simples. Entre duas palavras, prefira a mais curta. Entre duas curtas, a mais expressiva. Só ou somente? Só. Casa, residência ou domicílio? Casa.
  6. Opte pela voz ativa. Ela deixa o texto esperto, vigoroso e conciso. A passiva, ao contrário, deixa-o desmaiado, sem graça. Compare:
  • Voz ativa: Os alunos da 4a série fizeram a redação.
  • Voz passiva: A redação foi feita pelos alunos da 4a série.
  1. Abuse de substantivos e verbos. Seja sovina com adjetivos e advérbios. Eles são os inimigos do estilo enxuto.
  2. Seja conciso. Respeite a paciência do leitor. A frase não deve ter palavras desnecessárias. Por quê? Pela mesma razão que o desenho não deve ter linhas desnecessárias ou a máquina peças desnecessárias.
  3. Revise. Sua redação tem começo, meio e fim? Você defendeu seu ponto de vista? Escreveu parágrafos com tópico frasal e desenvolvimento? Respeitou a correção gramatical? (Redobre os cuidados com a pontuação, a regência, a crase, a concordância. Triplique a atenção com a passiva sintética – do tipo “vendem-se carros” – com o sujeito posposto ao verbo.)
  4. Avalie. As frases soam bem? Sem cacófatos (por cada, por tão, uma mão, boca dela)? Sem rimas (rigor do calor)? Você começou bem? Terminou melhor? Tenha a certeza: uma vaga é sua.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 12 de janeiro de 2021

FUTURO DO SUBJUNTIVO: COMO ACERTAR SEMPRE

 

Futuro do subjuntivo: como acertar sempre

Publicado em português

Machado de Assis, Eça de Queirós, Graciliano Ramos e José Saramago (in memoriam), Marina Colassanti, Lígia Fagundes Telles, Milton Hatoun e todos os cultores da boa linguagem cumprem o doloroso dever de comunicar o falecimento do futuro do subjuntivo.

Vítima de abandono e maus-tratos, ele deixa a família verbal enlutada. Os jornais esnobam essa forma verbal. A TV provoca um arrepio depois do outro. Os charmosos apresentadores dizem com a maior sem-cerimônia “quando ele pôr, se ele ver, assim que ele reter”.

O futuro do subjuntivo está lá, confundido com o infinitivo. “Afinal, o que aconteceu?”, perguntam os amigos. “Uma grande confusão”, reconhecem. O futuro morreu da insidiosa moléstia chamada semelhança.

O azar desse tempo foi um só: ser parecido com o infinitivo (a forma que dá nome ao verbo: cantar, vender, partir). Os simplistas acham que ele é o filho do infinitivo (quando eu chegar, você chegar, nós chegarmos, eles chegarem).

Mas o pai dele é outro — o pretérito perfeito do indicativo. Mais precisamente: a 3a pessoa do plural. Sem o -am final.

Quando eu pôr ou puser? Se eu vir ou ver? Se eu vier ou vir? Assim que ele reter ou retiver? Dúvidas. Dúvidas. Dúvidas.

Qual a saída? Recorrer ao pai. Conjugar o verbo no pretérito perfeito, velho conhecido de todos. Depois, fixar-se só na 3a pessoa do plural. Sem o –am final, temos o filho legítimo.

Quando ele pôr ou puser? Pretérito perfeito: eu pus, ele pôs, nós pusemos, eles puser(am).

Futuro do subjuntivo: quando eu puser, você puser, nós pusermos, vocês puserem.

Se eu vir ou vier? O pai: eu vim, você veio, nós viemos, eles vier(am).

O filho: se eu vier, ele vier, nós viermos, eles vierem.

Assim que nós virmos ou vermos? O primitivo: eu vi, ele viu, nós vimos, eles vir(am).

O derivado: assim que eu vir, ele vir, nós virmos, eles virem.

Se eu reter ou retiver? Sem preguiça, conjuguemos o pretérito perfeito: eu retive, ele reteve, nós retivemos, eles retiver(am).

O futuro do subjuntivo: se eu retiver, ele retiver, nós retivermos, eles retiverem.

Simples assim, Sem exceção.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 11 de janeiro de 2021

XEROX: PRONÚNCIA

 

Xerox: pronúncia

Publicado em português

Xerox é palavra oxítona ou paroxítona? Em português, há um pacto entre as palavras. As terminadas em x são oxítonas. O acento tônico cai na última sílaba. É o caso de inox, pirex, xerox.

No reino das palavras como no dos homens, há os rebeldes. Alguns vocábulos desrespeitam o trato. Querem ser paroxítonos. Aí, precisam do acento. O sinalzinho gráfico avisa que eles mudaram de time: Félix, ônix, tórax, fênix.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 10 de janeiro de 2021

CONCISÃO: TODOS OS

 

Concisão: todos os

Publicado em português

Deus às vezes erra na medida. Dá muito pra uns, pouco pra outros. Mas, generoso, não deixa os filhotes na mão. Oferece soluções. Uma delas são os Pitanguys da vida. Eles fazem milagres. Passam ferro nas rugas. Tiram barriga. Aumentam seios. Incrementam bumbuns.

O furor é a lipoaspiração. O motorzinho aspira os excessos de Deus e da mesa. Pneuzinho nas costas? Estômago exibido? Coxas atrevidas? Nada de lamentações. Lipo neles. Quem não se enfeita, diz o outro, por si se enjeita.

A língua também tem vaidades. Adora ser enxutinha e ter tudo no lugar. Gosdurinhas aqui e ali? Nem pensar. Bisturi nelas. Vale visita ao cirurgião plástico. Ele manda as adiposidades bater em retirada. São muitas. Fiquemos com uma – o todos os e o feminino todas as.

Ser claro é obrigação de quem escreve. O artigo definido se presta a confusão de significados. Dobre a atenção ao usá-lo. Quando dizemos “os candidatos fazem campanha”, englobamos todos os candidatos. Se não são todos, o pequenino perde o chão: “candidatos fazem campanha”.

Para quem sabe ler, pingo é letra. Se o artigo engloba, o pronome sobra. Corte-o sem pena:

Vou ao teatro todas as terças-feiras.

Vou ao teatro às terças-feiras.

 Todas as mulheres que disputaram as eleições mereceram o voto do eleitor.

As mulheres que disputaram as eleições mereceram o voto do eleitor.

 Todos os alunos que saíram perderam a explicação.

Os alunos que saíram perderam a explicação.

É isso. O premiado com a lipo? É você, leitor.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 09 de janeiro de 2021

PREPOSIÇÃO E HERMES: O ELO

 

Preposição e Hermes: o elo

Publicado em português

 

Hermes nasceu sabido. No primeiro dia de vida, pregou uma peça no irmão Apolo. O pequeno ficou atento. Quando o outro se distraiu, ele roubou o rebanho que Apolo guardava. Ao descobrir o ladrãozinho, o deus da beleza levou um baita susto.

Foi lá. O recém-nascido lhe estendeu uma lira que tinha acabado de fabricar com casco de tartaruga e tripas de boi. Ele inventou muitas outras coisas: o alfabeto, a música, a astronomia.

Zeus, ao ver o talento do garoto, convidou-o para ser seu mensageiro. Com asas nos pés e na cabeça, ele virou elo. Levava os recados divinos para os homens e os dos homens para Zeus.

Com isso, conheceu muitos segredos. Guardava-os tão bem que ninguém os descobria. Por isso se diz que alguma coisa está hermeticamente fechada.

A preposição também serve de elo. Liga um termo a outro, ambos aparentemente independentes que foram um terceiro significado.  O primeiro se chama antecedente. O segundo, consequente.

É o caso de anel e ouro. Um não tem nada a ver com o outro. Mas, com a preposição, se conectam dando novo sentido à duplinha antes livre e solta – anel de outro.

Mais exemplos? Pois não:

ANTECEDENTE                PREPOSIÇÃO                  CONSEQUENTE

Vou                                      a                                             Brasília.

Chegamos                           a                                              tempo.

Saíram                              para                                         o recreio.

Esteve                               com                                             Maria.

Em bom português: preposição é a liga entre dois termos como Hermes é a liga entre deuses e homens.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 08 de janeiro de 2021

CHAMPANHE: CURIOSIDADE

 

Champanhe: curiosidade

Publicado em português

Brindemos, senhores. Tim-tim, tim-tim, tim-tim. O borbulhante preferido por 10 entre 10 brasileiros recebe o nome da região onde é produzido. Sofisticada, a bebida gosta de tratamento VIP. Uma das bajulações que mais aprecia é o tratamento masculino. Sabe por quê? Ela é vinho sim, senhores — o (vinho) champanhe: Vamos tomar um champanhe geladinho?

Exclusivo
Sabia? Só existe champanhe francês. Por isso, dizer “champanhe francês” é pleonasmo. Joga no time do subir pra cima, descer pra baixo, elo de ligação, habitat natural e países do mundo. Só se sobe pra cima, só se desce pra baixo, todo elo é de ligação, todo habitat é natural, todos os países são do mundo. E, claro, todo champanhe é francês. Basta subir e descer. Elo, habitat e países, sozinhos, dão o recado. Champanhe é champanhe. Dispensa a indicação de nacionalidade. Xô!


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 07 de janeiro de 2021

WALTER WINCHELL: O CHATO E A PROLIXIDADE

 

Walter Winchell: o chato e a prolixidade

Publicado em português

“Chato: sujeito que envolve uma ideia de dois minutos num palavreado de duas horas.”


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 06 de janeiro de 2021

MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS: MESES, DIAS DA SEMANA, DATAS COMEMORATIVAS

 

Maiúsculas e minúsculas: meses, dias da semana, datas comemorativas

Publicado em português

O nome dos meses se escreve com inicial minúscula. O dos dias da semana também: janeiro, fevereiro, março, abril, maio; segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, sábado e domingo.

Com pedigree

Quando se refere a data comemorativa, o mês entra em outra equipe. Torna-se substantivo próprio: 1º de Maio, 7 de Setembro.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 05 de janeiro de 2021

MESES: ORIGEM DO NOME

 

Meses: origem do nome

Publicado em português

Segundo a lenda, Rômulo, o primeiro rei de Roma, criou o primeiro calendário – com 10 meses. Começava em março e terminava em dezembro. Pompílio, o sucessor, acrescentou janeiro e fevereiro. Mas os pôs no fim da lista. Mais tarde, os caçulinhas mudaram de lugar. Viraram primeiros.

Os meses têm pai e mãe

Por que janeiro se chama janeiro? Pela mesma razão que fevereiro se chama fevereiro, março se chama março e os demais meses se chamam como se chamam. É que eles não são filhos de chocadeira. Têm origem conhecida e o nome registrado em cartório.

 Janeiro

O primeiro mês do ano homenageia Jano. O deus romano tem duas caras. Uma olha pra frente. A outra, pra trás. A primeira abre as portas dos 365 dias que se iniciam. A segunda as fecha para o ano que se despede. Janela, que também abre e fecha, pertence à família do entra e sai.

Fevereiro

O segundinho, que tem menos dias que os irmãos, se inspira em Februa, deus da purificação dos mortos.

Março

Epa! Marte, o deus da guerra, originou vários nomes na nossa língua de todos os dias. Um deles é março. Outros, Márcio e Márcia. Marciano também. E marcial? Idem.

Abril

Todos a amam e todos a querem. Trata-se de Vênus, a deusa do amor e da entrega. Em homenagem a ela, criou-se aprilis. Trata-se da comemoração sagrada dedicada à musa olímpica. Daí nasceu abril.

Maio

A primavera no Hemisfério Norte corresponde ao nosso outono. Com inverno rigoroso, os campos se cobrem de neve, e a agricultura sofre. As comemorações que se faziam depois do frio reverenciavam Maia e Flora – deusas do crescimento de plantas e flores.

 Junho

Hera em grego. Juno em latim. Ela era a primeira-dama do Olimpo. Defensora incondicional do casamento, ao descobrir as traições do marido, Zeus, não punha em risco o próprio lar. Punia a outra. Passou a ser considerada a protetora da maternidade. Para render-lhe loas, junho se chama junho.

Julho

Julho era o quinto mês do ano antes de janeiro e fevereiro mudarem de lugar. Chamava-se quintilis. Mas, em 44 a.C., mudou de nome por causa de Júlio César. O grande líder romano foi assassinado por gente de casa, Brutus, o próprio filho. Mas não caiu no esquecimento. Ganhou lugar cativo na história e no calendário.

 Agosto

Agosto, que rima com desgosto, serve de prova da ciumeira. Por ser o sexto mês do ano, chamava-se sextilis. Mas, como julho balançou o calendário, o primeiro imperador de Roma, sucessor de Júlio César, não ficou atrás. “Eu também quero”, disse ele. Levou. Agosto se chama agosto em homenagem a Augustus.

 Setembro, outubro, novembro e dezembro

O quarteto não estava nem aí para a mudança  de janeiro e fevereiro. Eles mantiveram o nome. Setembro, do latim septe, era o sétimo mês do ano. Outubro, de octo, o oitavo. Novembro, de nove, o nono. Dezembro, de decem, o décimo.

Gregoriano

Ufa! Até chegar à forma de hoje, o contar dos meses sofreu muitas alterações. Com elas, falhas foram corrigidas. A última mexida, do papa Gregório XIII, ocorreu em 1582. Por isso nosso calendário se chama gregoriano.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 04 de janeiro de 2021

FELIZES FÉRIAS OU FELIZ FÉRIAS?

 

Felizes férias ou feliz férias?

Publicado em português

Verão combina com sol. Sol pede sombra, água fresca e óculos escuros. Com eles enfrentamos a claridade da praia e da serra, destino de quem tira folga da cidade pra gozar merecidas férias.

Ao falar no assunto, lembre-se. Férias e óculos jogam no time que tem mania de grandeza. As duas palavras só se usam no plural. Não há meio-termo. É plural ou plural: Nas férias, uso óculos escuros. Onde estão meus óculos? Esqueci os óculos na gaveta. Felizes férias!


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 03 de janeiro de 2021

BEM-VINDO OU BEM VINDO?

 

Bem-vindo ou bem vindo?

Publicado em português

 

Bem-vindo se escreve assim mesmo – com hífen.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 02 de janeiro de 2021

TEXTOS LEGAIS: NUMERAL CARDINAL E ORDINAL

 

Textos legais: numeral cardinal e ordinal

Publicado em português

Na numeração de artigos de leis, decretos, medidas provisórias & gangue, use o ordinal até nove. De 10 em diante, o cardinal: artigo 1º, artigo 9º, artigo 10, artigo 17. O primeiro dia do mês é 1º, não um.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 01 de janeiro de 2021

NÚMEROS: ADEUS, DÚVIDA

 

Números: adeus, dúvida

Publicado em português

Ano-novo significa algo mais que outro dia no calendário. Trata-se de um rito de passagem. Deixa-se para trás não só o velho, mas o estagnado, que não dá a vez ao novo. Todos os povos o comemoram. Os chineses, em fevereiro, Os judeus, em setembro ou outubro. Os muçulmanos, em julho. Os cristãos, em 1º de janeiro. Entre eles, há um denominador comum. Consideram a data o momento de dar as costas ao passado e olhar para o futuro. Em bom português: enterrar os cadáveres.

números

  1. Grafe por extenso os números de um a nove. A partir do 10, extenso só para milhão, bilhão, trilhão e por aí vai: dois alunos, 100 pessoas, terceiro encontro, 13ª exposição.

Exceções: 1. data, dia, hora, década, século; 2. idade; 3. dinheiro; 4. endereço; 5. percentagens; 6. pesos, medidas, grandezas, proporções, temperatura; 7. resultados esportivos ou de votação; 8. títulos, subtítulos, legendas e chamadas de primeira página (quando houver necessidade de economizar espaço).

  1. Separe por ponto as classes (exceto em datas): 4.316, 1.324.728, mas 1994.
  2. Só faça aproximação com números redondos: cerca de 300 pessoas, nunca cerca de 92 pessoas.
  3. Use algarismos e palavras para números redondos: 40 mil, 24 milhões, 7 bilhões (Só recorra à forma reduzida em títulos ou tabelas: mi, bi ou tri para milhão, bilhão ou trilhão ).
    • Para escrever os números quebrados até centenas de milhar, só os algarismos têm vez: 436, 24.312, 345.126. A fração se emprega partir de um milhão: 42,6 milhões, 1,4 bilhão.
    • Na impossibilidade de arredondar, use só algarismos: 386.178.
  4. No início do período, dê passagem ao numeral por extenso: Vinte e cinco textos foram produzidos nas últimas horas. (Sempre que possível, dê novo torneio à frase para não iniciar o período com o numeral: Nas últimas horas, foram produzidos 25 textos.)
  5. Endereços e telefones devem ser escritos sem barra (309/310). A razão: o sistema lê o número como fração. Melhor recorrer a outro meio: 309 – 310, 222-2324 e 333-3231, 222-2222, 333-3333 e 4444-4444.

Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 31 de dezembro de 2020

NÚMERO: COM E SEM PONTO

 

Número: com e sem ponto

Publicado em português

Como escrever 2021 – com ponto ou sem ponto? Ao escrever os números, usamos ponto a cada três algarismos – 1.426, 12.122, 3.342.600. Mas, ao indicar o ano, a história muda de enredo. Vem tudo coladinho. Assim: Ele nasceu em 1946. Trabalha em São Paulo desde 2000. Em 2014, o Brasil foi sede da Copa do Mundo. Em 2021, teremos vacina contra o coronavírus.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 30 de dezembro de 2020

ZERO ANO? NÃO EXISTE!

 

Zero ano? Não existe!

Publicado em português

O bebê precisa viver 12 meses pra chegar ao primeiro aniversário. Comerciantes e órgãos públicos se esquecem do calendário. Num dia e noutro também, leem-se frases como estas: Roupas para crianças de 0 a 2 anos. Crianças de 0 a 6 anos devem ser vacinadas. Vivi com eles do 0 aos 12 anos.

Valha-nos, Deus! Querem obrigar a meninada a correr na frente do tempo. Não dá. Melhor respeitar a ordem: Roupas para crianças de até 2 anos. Crianças de até 6 anos devem ser vacinadas. Vivi com eles do nascimento até completar 12 anos.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 29 de dezembro de 2020

CONJUGAÇÃO: PRESENTEAR, CEAR & CIA. PRAZEROSA

 

Conjugação: presentear, cear & cia. prazerosa

Publicado em português

Dois verbos soam como carícias. Um é presentear. O outro, cear. Ambos jogam no time de passear (outra delícia). Eles têm um denominador comum. Armam cilada na conjugação. No presente, o nós e o vós dispensam o i que aparece nas demais pessoas. Compare: passeio, ceio, presenteio; passeias, ceias, presenteias; passeia, ceia, presenteia; passeamos, ceamos, presenteamos; passeais, ceais, presenteais; passeiam, ceiam, presenteiam.

O presente do subjuntivo segue a rota do indicativo. Veja: que eu passeie, ceie, presenteie; que tu passeies, ceies, presenteies; que ele passeie, ceie, presenteie; que nós passeemos, ceemos, presenteemos; que vós passeeis, ceeis, presenteeis; que eles passeiem, ceiem, presenteiem.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 28 de dezembro de 2020

PAPAI NOEL E PAPAI-NOEL: DIFERENÇA

 

Papai Noel e papai-noel: diferença

Publicado em português

Veja só. Papai Noel é o bom velhinho que dá presentes pra meninada. Ele é tão importante no imaginário infantil que deu filhote. É papai-noel. Com hífen e letras minúsculas, quer dizer lembrancinhas de Natal: Ainda não comprei seu papai-noel. É que quero escolher um pra lá de legal. Você merece.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 27 de dezembro de 2020

AFORA E A FORA: EMPREGO

 

Afora e a fora: emprego

Publicado em português

Afora quer dizer à exceção de, além de, ao longo deAfora o pai, veio toda a família. Exerceu alguns cargos, afora o de presidente da República. Viajou Brasil afora.

A fora se opõe a de dentroDe dentro a fora. (É substituível por para fora.)


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 26 de dezembro de 2020

ACIDENTE OU INCIDENTE?

 

Acidente ou incidente?

Publicado em português

Acidente é fato imprevisto, em geral desastroso: acidente de trânsito, acidente aéreo, acidente que matou 10 pessoas.

Incidente é episódio, atrito, fato de importância menor: incidente diplomático, incidente entre os irmãos, incidente desnecessário.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 25 de dezembro de 2020

ACERCA DE? HÁ CERCA DE? A CERCA DE?

 

Acerca de? Há cerca de? A cerca de?

Publicado em português

Ops! Pronúncias iguais, mas grafias e significados pra lá de diferentes. Safar-se incólume de tão delicadas questões exige intimidade com a língua — conhecer classes de palavras e empregos. Quer ver?

 Acerca de é locução prepositiva. Locução porque tem mais de uma palavra. Prepositiva porque funciona como preposição. O trio significa sobre, a respeito dePronunciou-se acerca da oscilação do dólarNo discurso, o presidente falou acerca do Plano de Vacinação.

Cerca de quer dizer aproximadamenteRecebeu cerca de R$ 500. Na manifestação havia cerca de mil pessoas. Vou esperar cerca de três meses para entrar com pedido de aposentadoria.

*

Há cerca de indica contagem de tempo passado (faz aproximadamente): Viajou há cerca de dois mesesA decisão do Senado ocorreu há menos de uma semana. Moro aqui há cerca de 10 anos.

*

A cerca de exprime tempo futuro: Viajará daqui a cerca de seis meses. A cerca de dois anos das eleições, candidatos estão em plena campanha.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 24 de dezembro de 2020

POSSIBILIDADES DA LÍNGUA: TROCAR 6 POR MEIA DÚZIA

 

Possibilidades da língua: trocar 6 por meia dúzia

Publicado em português

É dezembro. A meninada faz provas pra passar de ano. As empresas preparam relatórios. Candidatos a uma vaga na universidade se esforçam pra chegar lá. Eles têm um denominador comum. Precisam mostrar domínio da língua. Como?

 

“A gramática é um sistema de armadilhas cuidadosamente preparado”, escreveu Ambrose Bierce no início do século 20. Verdade? Talvez. Mas um fato ninguém discute: as regras estão ao alcance de todos. Ao conhecê-las, desarmamos as ciladas uma a uma. E, em vez de nos derrubar, as normas ampliam o espaço de liberdade. Na dúvida, podemos trocar seis por meia dúzia.

Mas, para fazê-lo, precisamos, antes, questionar e, depois, escolher. A propósito, vale lembrar história pra lá de conhecida. O presidente pediu à secretária que marcasse reunião para sexta-feira. Ela interrompeu a anotação e perguntou ao chefe:

— Sexta com x ou com s?

Ele se esquivou:

— Marque para sábado.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 23 de dezembro de 2020

AGRADECÊ-LO? NÃOOOOOOOOOO!

 

Agradecê-lo? Nãoooooooooo!

Publicado em português

Não seja ingrato. Agradeça. Mas agradeça com classe. Agradecer pede objeto direto de coisa e indireto de pessoa: Agradeceu o presente. Agradeceu ao pai. Agradeceu o presente ao pai. Agradeço ao diretor pela promoção.

Na substituição do alguém pelo pronome, é a vez do lhe: Agradeço-lhe pela colaboração. Agradeço-lhe a atenção. Agradeci-lhe os cuidados com as crianças.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 22 de dezembro de 2020

ALTO E BOM SOM? EM ALTO E BOM SOM?

 

Alto e bom som? Em alto e bom som?

Publicado em português

A expressão agradece, mas dispensa a preposição em. Xô! Assim: O Copom anunciou a manutenção dos juros alto e bom som. Proclamou os vencedores alto e bom som. O delegado disse alto e bom som o que pensava do episódio.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 21 de dezembro de 2020

AMBOS OS FILHOS? AMBOS FILHOS?

 

Ambos os filhos? Ambos filhos?

Publicado em português

Dupla ou trio? Com o numeral, dois é pouco, três é bom. Depois de ambos, o substantivo deve ser antecedido de artigo: ambos os alunos, ambos os países, ambas as provas.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 20 de dezembro de 2020

MARK TWAIN ENSINO: IMPROVISO E EXERCÍCIO.

 

Mark Twain ensinou: improviso é exercício

Publicado em português

“Comumente levo mais de três semanas para preparar um bom discurso de improviso.”


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 19 de dezembro de 2020

CADA UM DE NÓS SAIRÁ? SAIREMOS?

 

Cada um de nós sairá? Sairemos?

Publicado em português

O verbo vai para a 3ª pessoa do singular: Cada um deles tomou um rumo. Cada uma das camisas custou acima de R$ 50. Cada um de nós sairá em horários diferentes.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 18 de dezembro de 2020

CADA UM DEPUTADO? NÃOOOOOOO!

 

Cada um deputado? Nãooooooo

Publicado em português

Antes de substantivo singular, o um não tem vez. Por quê? Cada encerra ideia de unidade: Falou com cada deputado (não: cada um deputado). Deu uma bala a cada criançaDistribuiu comida a cada família. O programa ia ao ar a cada hora. A cada real gasto, pedia prestação de contas.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 17 de dezembro de 2020

CADA + CADA: SINGULAR OU PLURAL?

 

Cada + cada: singular ou plural?

Publicado em português

A concordância prega cada peça… Uma delas trata da concordância.  O verbo fica no singular se os núcleos do sujeito composto forem precedidos de cada. Assim: Na estante, cada livro, cada dicionário, cada enfeite deve ficar no lugar certo. Cada gesto, cada movimento, cada palavra implica alegria e saudade.


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 16 de dezembro de 2020

CADA VESTIDO, TODO VESTIDO? DEPENDE.

 

 

Cada vestido? Todo vestido? Depende.

Publicado em português

Quem diria! Usados a torto e a direito como sinônimosos dois pronomes dão recados diferentes. Cada indica diversidade de ação, particulariza: Usa cada dia um vestido (não repete o traje). Cada filho tem um comportamento. Cada macaco no seu galho. Dava brinquedos a cada criança. Todo generaliza. Significa qualquer: Todo dia é dia. Dava brinquedos a toda criança.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 15 de dezembro de 2020

R$ 2 CADA? NÃOOOOOOOO!

 

R$ 2 cada? Nãoooooooo!

Publicado em português

Sabia? O pronome cada não suporta a solidão. Deve estar sempre acompanhado de substantivo, de numeral ou do pronome qual. Dizer “Os picolés custam R$ 2 cada” é desamparar o pobre dissílabo. Ele sofre. Em resposta, rouba pontos e prestígio. Melhor dar-lhe a companheira que o consola: Os picolés custam R$ 2 cada umOs livros valem R$ 50 cada um. Cada qual fez o trabalho a seu modo. Cada servidor colaborou com R$ 20. Distribuímos 30 quilos de alimentos para cada família.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 14 de dezembro de 2020

LÍNGUA: CARTÃO DE VISITAS

 

Língua: cartão de visitas

Publicado em português

A língua é nosso cartão de visitas. Ela nos apresenta. Diz se temos ou não familiaridade com a leitura e a escrita. Um texto vacinado contra distrações e bobeiras pega bem como pedir favor, pedir licença e pedir desculpas. Tropeços de grafia, concordância, regência e colocação podem ser evitados com a facilidade de quem anda pra frente. Cuidado e atenção ajudam.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 13 de dezembro de 2020

PONTUAÇÃO: CAIXA POSTAL

 

Pontuação: caixa postal

Publicado em português

O número não é antecedido de vírgula. Quando acompanhado de número, letra maiúscula: Não encontrei a caixa postalCaixa Postal 45.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 12 de dezembro de 2020

O CAIXA OU A CAIXA?

 

O caixa ou a caixa?

Publicado em português

A palavra joga em dois times. É feminina na acepção de recipiente onde se guarda algo e de seção de banco, loja ou repartição pública onde se pagam contas ou se recebe dinheiro (a caixa de joias, a caixa do banco, a caixa do supermercado). A pessoa que trabalha como caixa? Se for mulher, será a caixa. Se homem, o caixa.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 11 de dezembro de 2020

CAFÉ ESPESSO? CAFÉ EXPRESSO?

 

Café espresso? Café expresso?

Publicado em português

Atenção, moçada. O pretinho gostoso não tem nada a ver com a rapidez do expresso. Ele tem a ver com exclusividade. Um café espresso — assim, com s — quer dizer feito na hora exclusivamente pra você. Vamos combinar? É um luxo só.


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 10 de dezembro de 2020

MUITO POUCOS CANDIDATOS? MUITOS POUCOS CANDIDATOS?

 

Muito poucos candidatos? Muitos poucos candidatos?

Publicado em português

Na locução muito poucos o muito morre de preguiça. Não quer saber de feminino ou de plural: Havia muito poucos candidatos. Eram muito poucas as chances de êxito.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 08 de dezembro de 2020

A PLACA DO ELEVADOR: 5 ERROS

 

A placa do elevador: 5 erros

Publicado em português

Sabia? Os olhos funcionam como câmeras. Fotografam tudo que veem. Nem as palavras escapam. Os ouvidos têm outros interesses. Só querem saber de sons. Como esponjas, absorvem o que ouvem.

Resultado: a gente vê ou ouve mensagens de certas placas, certos avisos, certas propagandas pela primeira vez. Acha-as esquisitas. Mas depois, tantas vezes repetidos, os textos parecem naturais. Mas não são. É o caso da placa que vem afixada ao lado dos elevadores.

Aviso aos passageiros

Antes de entrar no elevador verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar. 

Valha-nos, Deus, Maria e Divino Espírito Santo! O texto é a receita do cruz-credo. Sem cerimônia, exibe cinco erros – propriedade vocabular, colocação do pronome átono, pontuação, emprego do demonstrativo mesmo e estrutura da frase. Ufa!

Palavra adequada

Vamos combinar? Ônibus, avião, trem, bonde, navio, táxi & cia. transportam passageiros. O elevador sobe e desce com usuários.

Fortões e fracotes

O pronome átono se chama átono porque é fraquiiiiiiinho. Há palavras fortonas que o atraem e o obrigam a ficar antes do verbo. Uma delas é a conjunção subordinativa (que, se, porque). No aviso, aparece “verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”.

Viu? A conjunção se (verifique se) lá está. Chama o fracote. Ele tem de obedecer: … verifique se o mesmo se encontra parado neste andar.

Pra lá e pra cá

As orações adverbiais são passeadeiras. Não param quietas. Parece que têm asas nos pés. Ora aparecem no começo do período, ora no meio, ora no final. Mas elas têm lugar fixo. É no fim. Quando se deslocam, a vírgula denuncia a escapadinha.

Compare:

Não dirija se beber.

Se beber, não dirija.

O texto exibido de norte a sul do país tem uma oração deslocada. Cadê a vírgula? O gato comeu. Que tal devolvê-la? Assim: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado neste andar.

Etiqueta pega bem

O pronome mesmo exerce vários papéis. E o faz com dignidade e espírito de colaboração. Ele ajuda o autor a reforçar a declaração ou a dar mais precisão a termos que precisam de destaque. Com funções tão importantes, é natural que tenha exigências. Não são muitas, mas convém conhecê-las para tirar as vantagens que o dissílabo oferece.

1.Às vezes, o pronome aparece antes do substantivo. No caso, tem o sentido de “igual”, sem tirar nem pôr. Concorda, então, com o substantivo a que se refere: A mesma campanha teve resultado diferente. As mesmas campanhas tiveram resultados diferentes.

2.Outras vezes, o danadinho vem depois do nome ou do pronome para reforçá-los. Aí concorda com o termo a que se refere. Compare:

Eu vendi a casa. Eu mesma vendi a casa. Eu mesmo vendi a casa. Ele mesmo vendeu a casa. Ela mesma vendeu a casa. Nós mesmos vendemos a casa. Nós mesmas vendemos a casa. Eles mesmos venderam a casa. Elas mesmas venderam a casa.

 3.Eta pronome polivalente! Ele também pode significar “realmente”. Aí, mantém-se invariável – sem feminino e sem plural: O depoente disse mesmo a verdade. Eles saíram mesmo às 18h. Foi bobeira mesmo do Luís.

Nada mais

Viu? O pronome dá destaque e reforço. Mas não ocupa o lugar do substantivo ou do pronome. É proibido usá-lo em frases como estas: Falei com o médico. O mesmo disse que estava de férias. Xô, coisa feia! Vem, belezura: Falei com o médico. Ele disse que estava de férias.

Eureca

Agora está moleza encontrar o erro no aviso do elevador. O dissílabo está usurpando o lugar do pronome ele: Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado neste andar.

Retoque

Que tal dar uns retoques? A forma nota 10 pode ser esta:

Antes de entrar, verifique se o elevador se encontra neste andar.

Melhor ainda:

Antes de entrar, verifique se o elevador está neste andar.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 07 de dezembro de 2020

CHACRINHA: COMUNICAÇÃO

Chacrinha: comunicação

Publicado em português

“Quem não se comunica se trumbica.”


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 06 de dezembro de 2020

MESMO: EMPREGO

 

Mesmo: emprego

Publicado em português

O pronome mesmo exerce vários papéis. E o faz com dignidade e espírito de colaboração. Ele ajuda o autor a reforçar a declaração ou a dar mais precisão a termos que precisam de destaque. Com funções tão importantes, é natural que tenha exigências. Não são muitas, mas convém conhecê-las para tirar as vantagens que o dissílabo oferece.

1.Às vezes, o pronome aparece antes do substantivo. No caso, tem o sentido de “igual”, sem tirar nem pôr. Concorda, então, com o substantivo a que se refere: A mesma campanha teve resultado diferente. As mesmas campanhas tiveram resultados diferentes.

2.Outras vezes, o danadinho vem depois do nome ou do pronome para reforçá-los. Aí concorda com o termo a que se refere. Compare:

Eu vendi a casa. Eu mesma vendi a casa. Eu mesmo vendi a casa. Ele mesmo vendeu a casa. Ela mesma vendeu a casa. Nós mesmos vendemos a casa. Nós mesmas vendemos a casa. Eles mesmos venderam a casa. Elas mesmas venderam a casa.

3.Eta pronome polivalente! Ele também pode significar “realmente”. Aí, mantém-se invariável – sem feminino e sem plural: O depoente disse mesmo a verdade. Eles saíram mesmo às 18h. Foi bobeira mesmo do Luís.

Viu? O pronome dá destaque e reforço. Mas não ocupa o lugar do substantivo ou do pronome. É proibido usá-lo em frases como estas: Falei com o médico. O mesmo disse que estava de férias. Xô, coisa feia! Vem, belezura: Falei com o médico. Ele disse que estava de férias.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 05 de dezembro de 2020

MESMO: MONSTRO ATERRADOR

 

Mesmo: monstro aterrador

Publicado em português

Vamos rir? Leia a interpretação que Paulo José Cunha deu ao mesmo do elevador. Ele o tratou como nome próprio:

Morro de medo do Mesmo. Tenho certeza de que Mesmo é uma dessas assombrações que aparecem nas estradas desertas, noite alta, Lua cheia. Ou então Mesmo é um desses monstros que frequentam diariamente as páginas policiais, um serial killer, um Jack, o estripador (ou estuprador). Tipo: “Mesmo ataca outra vez em Copacabana. Polícia usa até helicóptero pra encontrar o monstro”. Porque, vamos convir: para todo elevador ter um aviso para que a gente verifique se o mesmo está lá dentro, é porque o mesmo não é flor que se cheire.


Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 04 de dezembro de 2020

ELE É ÍDOLO. E ELA? ELE É MONSTRO. E ELA!

 

Ele é ídolo. E ela? Ele é monstro. E ela?

Publicado em português

Com a camiseta da seleção argentina, Maradona chega ao céu. Fernando Vanucci lhe abre a porta. Diego entende logo. O jornalista esportivo foi na frente pra obter um furo. Faria a primeira entrevista do craque. A palavra que surgiu foi ídolo. Deus, que estava na plateia, teve uma dúvida. Disse baixinho a Nelson Rodrigues, sentado ao lado: “Estudei português há muito tempo, lá pelo século 12. Ando meio esquecido. Tenho escutado ídola. É esquisito, não?

Mesmo time

Nelson deu uma gargalhada gostosa e explicou: “Ídolo joga no time de vítimacriança, pessoa, criatura, indivíduo, gênio, anjo, testemunha, defunto & cia. Todos têm o mesmo gênero para o masculino e feminino. A pessoa, a criança, o defunto podem se referir a homem e a mulher. Como contornar a enrascada?

Saída

Impõe-se distinguir o gênero. É fácil. Basta fornecer indicações que esclareçam o ouvinte ou o leitor: A criança que sofreu o acidente é uma menina de 3 anos. A criança que ganhou a partida é um menino de 8 anos. A apresentadora Xuxa foi ídolo da meninada Mais: A testemunha João da Silva estava atenta. A testemunha Maria Souza chegou com atraso. Fernanda Montenegro é ídolo dos amantes do teatro. Pelé é ídolo dos esportistas. Meu neto é um anjo. Minha neta é um anjo. Bibi Ferreira foi monstro dos palcos. Paulo Autran foi outro monstro. 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 03 de dezembro de 2020

DANIEL PIZA: O PAPEL DO LEITOR

 

Daniel Piza: o papel do leitor

Publicado em português

“Escritores fazem bem ou fazem mal. Depende de quem os leia.”


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 02 de dezembro de 2020

PONTO E VÍRGULA: QUANDO USAR

 

Ponto e vírgula: quando usar (1)

Publicado em português

A vírgula é uma parada pequena. O ponto, uma pausa prolongada. As reticências são sonhos, suspiros apaixonados. A exclamação e a interrogação traduzem dúvida ou encantamento. E o ponto e vírgula? É o sinal mais sofisticado da língua. Pode-se viver sem ele, mas, com ele, vive-se com mais requinte.

Passeie os olhos por jornais e revistas. Raramente você verá o casalzinho. Por quê? Poucos sabem empregá-lo. “Nunca o usei e nunca me fez falta”, escreveu Luis Fernando Verissimo.“ “A Maria Eugênia é uma moça muito inteligente. Ela sabe usar ponto e vírgula”, concluiu Mário Quintana.

A duplinha, o sinal mais charmoso da língua, tem dois empregos – separar termos de uma enumeração e dar banho da clareza ao enunciado. Vamos ao primeiro deles, o mais burocrático.

Separar termos de uma enumeração é arroz de festa de leis, decretos, portarias, medidas provisórias. Até Deus o usou.

São mandamentos do Senhor:

  1. Amar a Deus sobre todas as coisas;
  2. Não tomar Seu santo nome em vão;
  3. Guardar os dias santos;
  4. Honrar pai e mãe;
  5. Não matar;
  6. Não pecar contra a castidade;
  7. Não furtar;
  8. Não levantar falso testemunho;
  9. Não desejar a mulher do próximo; e
  10. Não cobiçar as coisas alheias.

Superdica 1

Olho vivo. Observe o e no 9º mandamento. Ele vem depois do ponto e vírgula. A concluir a enumeração, o ponto pede passagem. Abram-lhe alas.

Superdica 2

O casadinho fica no meio do caminho. No lugar dele poderia estar a vírgula. Ou o ponto. Por isso, muitos nem se preocupam em lhe dar oportunidade. No aperto, partem pro velho conhecido. E se dão bem como o Verissimo e tantos outros.

Mas, se derem um passo pra frente, se darão muito melhor. Entrarão no time da Maria Eugênia. Que tal? A escolha é sua. Lembre-se antes de bater o martelo: a zona de conforto é boa, mas imobiliza. E água parada, você sabe, cheira mal.

Ponto e vírgula: quando usar (2)

Publicado em português

Montaigne, há 400 anos, ensinou que o estilo tem três virtudes – clareza, clareza e clareza. A razão é simples. Mário Quintana a expôs num texto divertido. Disse ele: “O autor pensa uma coisa, escreve outra, o leitor entende outra, e a coisa propriamente dita desconfia que não foi dita”.

O ponto e vírgula é fã da clareza. Daí a importância de saber empregá-lo e, com isso, facilitar a vida do leitor que se deixará conquistar pelo enunciado fácil e sem ambiguidade. Quer ver? Examine esta frase:

João trabalha no Senado, Pedro trabalha na Câmara, Carlos trabalha no banco, Beatriz trabalha na universidade, Alberto trabalha no shopping.

O período está correto e compreensível. As vírgulas separam as orações coordenadas. Mas há um senão. A repetição do verbo torna-o cansativo e denuncia o autor preguiçoso.

O que fazer? Há uma saída. Pôr em prática uma das regras de ouro do estilo – variar para agradar. A gente mantém o verbo na primeira oração. E mete a faca nos demais. No lugar deles, põe a vírgula:

João trabalha no Senado, Pedro, na Câmara, Carlos, no banco, Beatriz, na universidade, Alberto no shopping.

Ops! Na primeira leitura, o enunciado parece o samba do texto doido. Quem bate o olho no período não entende nada. O jeito é recorrer ao ponto e vírgula. Ele tem lugar – separa as orações coordenadas:

João trabalha no Senado; Pedro, na Câmara; Carlos, no banco; Beatriz, na universidade; Alberto no shopping.

Chique, não? Veja mais dois exemplos:

Eu estudo na USP; Maria, na UnB.

Alencar escreveu romances; Drummond, poesias.

Carlos e Paulo são jornalistas. Este trabalha no Correio; aquele, no Estado de Minas.

Moral da história: Se o casalzinho ponto e vírgula existe, tem razão para estar no mundo e no texto sofisticado. Ele desempenha dois papéis na frase melhor que vírgula, ponto e travessão. Um deles, estende tapete vermelho e recebe a clareza com banda de música e salva de palmas.


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 01 de dezembro de 2020

APAGÃO E BLECAUTE: ETIMOLOGIA

 

Apagão e blecaute: etimologia

Publicado em português

O Amapá sofreu apagão ou blecaute? São duas nacionalidades. Apagão é espanhola. Blecaute, inglesa. Ambas dizem a mesma coisa e fazem os mesmos estragos. Apagam a luz, descongelam o freezer, deixam os noveleiros a ver navios. Valha-nos, Deus!

Mega

O apagão foi tão sério que a imprensa o chama de mega-apagão.  Assim, com tracinho. Mega obedece à regra dos prefixos. Pede o hífen em duas ocasiões:

  1. Quando seguido de h: mega-história, mega-homenagem, mega-higiene.
  2. Quando duas letras iguais se encontram. No caso, mega termina com a. Caso se encontre com outro a, ocorre curto-circuito. O hífen evita a tragédia: mega-abraço, mega-apagão, mega-acontecimento.

No mais, é tudo colado: megaoperação, megaespetáculo, megassistema, megarretrato, megablecaute.


Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 30 de novembro de 2020

A ABREVIATURA DE QUILO É...

 

A abreviatura de quilo é…

Publicado em português

A abreviatura de quilograma kg. É sem-sem-sem —escreve-se sem espaço, sem ponto e sem plural: 200kg.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 29 de novembro de 2020

EMPATIA É ISTO

 

Empatia é isto

Publicado em português

Empatia

A comunicação pode romper ou fortalecer vínculos. O cooperativismo joga no segundo time. Por isso, nas entrelinhas, é preciso estar explícito o valor das relações. Ponha-se no lugar do outro sem julgamentos.

A escuta respeitosa tem requisitos: abertura e vontade real de compreender o que é indispensável para todos conviverem, produzirem e inovarem juntos no cotidiano e nos processos estabelecidos de trabalho. Trata-se de escolha. As palavras são flexíveis como arbustos. Prestam-se para o bem e para o mal.


Dad Squarisi - Dicas de Português sábado, 28 de novembro de 2020

OURO, DIAMANTES, LEILÃO & CIA

 

 

Ouro, diamantes, leilão & cia.
 
 
 
Barras de ouro e diamantes que pertenciam a Sérgio Cabral foram leiloados. Renderam mais de R$ 4 milhões. O assunto virou notícia e, claro, despertou curiosidade. Qual a origem de leilão? A palavra vem do povo que mais sabe negociar.
É ele, o árabe. Os primeiros leilões de que se tem notícia foram de escravos. Na Antiguidade, os exércitos vencedores exibiam como troféus os povos vencidos. Homens e mulheres derrotados seriam utilizados como mão de obra gratuita.
Herança árabe
Além de leilão e Corão, o árabe nos presenteou com montões de vocábulos. Muitos têm uma marca — começam com al. As duas letrinhas são o artigo da língua das Arábias. As senhoritas árabes frequentam nosso vocabulário com desenvoltura. Eis algumas: álcool, alface, alcachofra, alfafa, almeirão, almirante, almofada, alfaiate, alfinete, algarismo, álgebra, algazarra, almôndega, alfazema, alquimia, alcateia, alambique.
Ops! Não generalize. Nem todas as palavras árabes começam com al. Se assim fosse, seria muito chato, não? Muitas fogem à regra. É o caso arroz, azulejo, café, chafariz, salamaleque, mesquita, tâmara, zero. Oxalá também é herança do povo que ocupou a Península Ibérica durante 7 séculos. A trissílaba quer dizer tomara, Deus queira: Oxalá faça sol no fim de semana.

Dad Squarisi - Dicas de Português sexta, 27 de novembro de 2020

A TURMA DO PEGA BEM: CINCO DIQUINHAS ÚTEIS

 

A turma do pega bem: cinco diquinhas úteis

Publicado em português

Que tal entrar na turma do pega bem? Pega bem dar bom-dia ao entrar no elevador. Pega bem pedir desculpas ao perturbar alguém. Pega bem usar o cinto de segurança. Pega bem respeitar a faixa de pedestres. Pega bem, sobretudo, reverenciar a língua.

Dois mandamentos

A internet revolucionou a leitura e a escrita. É tal a avalanche de informação que ser lido tornou-se o luxo do luxo. Olho vivo! Mensagens que enchem a tela dão preguiça. São deletadas. Os esbanjadores verbais têm de se conter e abrir passagem para mensagens econômicas. Elas obedecem a dois mandamentos. Um: menor é melhor. O outro: menos é mais.

Acaricie os ouvidos

Quem fala quer ser ouvido, entendido e apreciado. Tem, por isso, de pronunciar as palavras como manda o dicionário. Dizer récord? Nem pensar. Recorde rima com concorde. Referir-se ao Prêmio Nóbel? Valha-nos, Deus. Nobel soa como anel, painel e papel. E ruim? Ruim joga no time de Serafim e Joaquim. A sílaba tônica é im (ru-ím). Rubrica é paroxítona como fabrica, lubrifica e sacrifica. Subsídio pertence à equipe de subsolo. Com a duplinha, o z não tem vez. Xô!

Ops!

Você é aficionado por mídias sociais? Se a resposta for positiva ou negativa, guarde isto: aficionado tem só um c.

Economize o artigo

Não bobeie. Expressões construídas com pronome possessivo se usam sem artigo: a meu ver, a meu lado, a seu pedido, a nosso bel-prazer (não: ao meu ver, ao meu lado, ao meu pedido).

Olho vivíssimo, moçada. A ponto de, no sentido de prestes a, segue o mesmo princípio: Esteve a ponto de disputar a eleição. Chegou a ponto de morrer. Mas escapou.

Bom apetite

Não se precipite. Você quer aquela carninha medianamente assada, que dá água na boca? Peça sem medo de errar um bife… ao ponto.

 


Dad Squarisi - Dicas de Português quinta, 26 de novembro de 2020

DRUMMOND ENSINA: LUTAR COM PALAVRAS

 

Drummond ensina: lutar com palavras

Publicado em português

“Lutar com palavras

é a luta mais vã.

Entanto lutamos

mal rompe a manhã.”


Dad Squarisi - Dicas de Português quarta, 25 de novembro de 2020

NÉLSON RODRIGUES: A CEGUEIRA NO FUTEBOL

 

Nélson Rodrigues: a cegueira no futebol

Publicado em português

“No futebol, o pior cego é o que só vê a bola.”


Dad Squarisi - Dicas de Português terça, 24 de novembro de 2020

TRUMP PODERIA SER REELEITO OU RE-ELEITO?

 

Trump poderia ser reeleito ou re-eleito?

Volta e meia aparece em jornais a palavra re-eleição. Assim, com hífen. Nada feito. O prefixo re-, que indica repetição, tem alergia ao hífen. Com ele é tudo colado: reeleiçãoreeditarrecriação, reler, reumanizar.
 

Dad Squarisi - Dicas de Português segunda, 23 de novembro de 2020

POR QUE, POR QUÊ, PORQUE E PORQUÊ? DEPENDE.

 

Por que, por quê, porque ou porquê? Depende.

Publicado em português

Lucas Matos é leitor atento do jornal. Presta atenção às notícias e à forma como são contadas. Outro dia, escreveu um desabafo: “O blogue falou mais de uma vez sobre o emprego dos porquês. Mas repórteres nem sempre leem as lições. Até o chargista se descuida”. Que tal um repeteco?” Leitor manda, não pede. Lá vai.

4 caras

Por que? Por quê? Porque? Porquê? É um deus nos acuda. Ora a dupla vem coladinha. Ora, separada. Às vezes com acento. Outras, sem lenço nem documento. Quem entende? É um nó nos miolos. Há dois empregos pra lá de conhecidos.

Gente de casa, quase todo mundo os domina. Na época em que a escola ensinava e o aluno aprendia, a meninada decorava: na pergunta, o parzinho é separado. Se o quê estiver no fim da frase, no fim mesmo, encostado no ponto, leva circunflexo. Caso contrário, vem soltinho da silva:

Por que e por quê

Paulo, por que você chegou atrasado?

Paulo, você chegou atrasado por quê?

Maria, você é sempre tão atenta, mas anda distraída. Por que será?

Maria, você sempre tão atenta, mas anda distraída. Por quê?

Porque

A resposta à questão é fácil como tirar pirulito de bebê. O parzinho vem colado. É a conjunção causal:

Paulo chegou atrasado porque acordou tarde.

Maria anda distraída porque está apaixonada.

Porquê

O porquê, assim – juntinho e enchapelado –, joga no time dos substantivos. É sinônimo de causa, razão, motivo. Ele apresenta duas marcas. Uma: tem plural. A outra: vem acompanhado de artigo, numeral ou pronome. Quer ver?

Agora entendo o porquê dos porquês.

Eis o porquê da distração de Maria.

Esse porquê poucos entendem.

O primeiro porquê é mais fácil que o segundo.

Por que e por quê (de novo)

Esse porquê parece repeteco do primeiro. Parece, mas não é. Ele ganhou destaque porque representa um senhor perigo. Gente muito boa tropeça nele e cai como patinho ingênuo que nada no lago. O que fazer? Dar um jeito. Entender-lhe as manhas. Desvendado o mistério, a verdade é uma só – o diabo não é tão feio quanto o pintam. É malandro. Contra ele, malandragem e meia.

Vamos aos fatos:

O porquê separado sem estar em pergunta é construção preguiçosa. Aparece pela metade. Sem muita disposição para o batente, deixa subentendidos os substantivos a razão, a causa, o motivo:

Gostaria de saber (a razão) por que Paulo chegou atrasado.

É possível me dizer (o motivo) por que Júlia odeia Bia?

Ainda não sabemos (as causas) por que o Brasil invadiu o Paraguai.

Viu? Antes do porquê está escondidinho um substantivo. Ele não aparece. Mas conta. É que a língua, engenhosa, o omite. Os distraídos caem na armadilha. Os sabidos têm um macete. Sempre que o porquê for substituível por a razão pela qual, não duvidam. É um lá e outro cá. Se estiver no fim da linha, colado no ponto, ganha chapéu:

Não entendi por que (a razão pela qual) Paulo chegou atrasado.

Paulo tentou, mas não conseguiu explicar por que (a razão pela qual) chegou atrasado.

Este é o melhor filme do ano. Vá ao cinema e descubra por quê (a razão pela qual).

No livro Intermitências da morte, de José Saramago, as pessoas deixaram de morrer. Foi difícil saber por quê (a razão pela qual elas deixaram de morrer).

Resumo da ópera

Descobrir o porquê dos porquês não é nenhum bicho de sete cabeças. Basta aprender por que uns se escrevem juntinhos; outros, separados. E abrir os olhos para as manhas dos acentos. Os chapeuzinhos têm seu porquê.


Dad Squarisi - Dicas de Português domingo, 22 de novembro de 2020

QUE OU QUÊ? TESTE

 

Que ou quê? Teste

Publicado em português

Acento e pronúncia formam par inseparável. Agudo e circunflexo só caem sobre a sílaba tônica. Em dissílabos, trissílabos e polissílabos, descobrir a fortona é fácil como passar criança pra trás na fila. Com os monossílabos, porém, a história muda de enredo. Os pequeninos obedecem às mesmas regras das oxítonas. Acentuam-se os terminados em ae e o seguidos ou não de s: está (dá), estás (dás), pajé (dê), pajés (dês), vovó (dó), vovós (dós).

A cilada

Nada de especial. Por que, então, o quê dá nó nos miolos? Porque o danado muda de time a torto e a direito. Ora é conjunção. Ora pronome. Ora substantivo. A primeira equipe não dá problemas. Apresenta-se sempre com a mesma cara. As duas outras dão enxaqueca. Às vezes pedem chapéu. Outras vezes dispensam o acessório. Você sabe lidar com as estripulias delas? Antes de responder, faça o teste. Ponha o acento onde ele couber:

 Teste

Leio e escrevo sem dificuldade. Mas um que sempre me deu nó nos miolos. Trata-se da grafia do que. Com acento? Sem acento? Insegura, chuto. Acerto? Qual o que! A Lei de Murphy fala alto. O que pode dar errado dá. Fazer o que? A resposta é uma só. Estudar o que dos ques. Desvendados os mistérios do monossílabo, fica uma certeza. O que não é tão feio quanto parece. Veja por que.

Passo a passo

Você merece nota 10 se conseguiu distinguir as equipes:

1º time 

A equipe da conjunção se apresenta com a mesma cara – sem acento: Disse que acabará o estágio em dezembro. Saia mais cedo, que o metrô não circula hoje.

2º time

As outras provocam dor de cabeça. Por duas razões. De um lado, a criatura tem o poder da mobilidade. Salta daqui para ali como macaco salta de galho. De outro, varia de classe gramatical. Passa de pronome a substantivo com a facilidade com que trocamos de camiseta. Nós pagamos o pato da estripulia. O preço é o acento. Quando usá-lo? Em duas oportunidades:

  1. Quando o quê for substantivo. Aí será antecedido de pronome, artigo ou numeral. Como todo nome, tem plural:

Modelos na passarela têm um quê de sedutor. Qual o mistério dos quês? Este quê não me confunde mais. Corte os quês da redação. Belo quê você introduziu no discurso. Quem mandou?

  1. Quando o quê for a última palavra da frase – a última mesmo, coladinha no ponto: Trabalhar pra quê? Riu, mas não disse por quê. Você se atrasou por quê? Ele se ofendeu com quê? Quero saber a razão do emprego desse quê.

Xô, mistério

É isso. Desvendados os dois empregos, o quê recolhe-se à própria insignificância. Redatores que arrancam os cabelos por causa do acentinho chegam à conclusão óbvia: não há por que temer o quê. Ele é mais manso que o gatinho lá de casa.

Resultado do teste

 Transito bem pela língua portuguesa. Leio e escrevo sem dificuldade. Mas um quê sempre me deu nó nos miolos. Trata-se da grafia do quê. Com acento? Sem acento? Insegura, chuto. Acerto? Qual o quê! A Lei de Murphy fala alto. O que pode dar errado dá. Fazer o quê? A resposta é uma só. Estudar o quê dos quês. Desvendados os mistérios do monossílabo, fica uma certeza. O quê, como o cão chupando manga, não é tão feio quanto parece. Veja por quê.


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