Letra é uma coisa. Fonema, outra. As letras compõem o alfabeto. No português, são 26. Todos as sabem de cor e salteado — a, b, c, d, e, f, g, h…z. Os fonemas são os sons, o jeitinho como são pronunciadas. E é aí que mora o perigo. Há sons pra lá de disputados. Um deles é o z. Várias letras soam como a lanterninha do abecedário. O s e o x figuram no rol das competidoras. Atraso e exame servem de exemplo.
A disputa tem consequências. A mais grave: causa senhora confusão na cabeça dos pobres mortais. Os verbos querer, pôr, fazer e dizer são os campeões da babel. Em certas formas, aparece o fonema z. Mas se escreve a letra s. É o caso de quis, quiser e puser. Em outras, o z pede passagem. Diz, fiz e fizer não nos deixam mentir.
O muda-muda tem explicação? Tem. E, coisa rara no português nosso de todos os dias, a regra não tem exceção. Vale para qualquer verbo. O segredo está no infinitivo. No nome do verbo aparece o z? Então não duvide. Sempre que o fonema z soar, dê a vez à lanterninha do alfabeto:
fazer– fazes, faz, fazemos, fazem, fiz, fizeste, fizemos, fizeram, fizesse, fizer; dizer– diz, dizes, dizemos, dizem.
Em querer e pôr, o z não aparece. Logo, quando soar o z, escreva s. Você acertará sempre:
querer– quis, quiseste, quisemos, quiseram, quiser, quisera, quiseras, quiséramos, quisesse, quiséssemos
pôr– pus, puseste, pôs, pusemos, puseram, puser, pusermos, pusesse, puséssemos.
Atenção! Muita atenção! O derivado é maria vai com as outras. Segue o primitivo: refiz, desfizemos, desdizemos, compuser, depuséssemos. Etc. e tal.
Viu? Desvendados os mistérios dos verbos querer, pôr, fazer, dizer & cia., fica uma certeza. O diabo não é tão feio quanto o pintam.