Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 25 de abril de 2020

MARIA PREÁ VERSEJADA

 

MARIA PREÁ VERSEJADA

Eu conheci um vigário
Comedor de periquito
Desrespeitava a batina
Ninguém achava bonito.

E pelo seu sacristão
Um dia ele foi flagrado
Quase perdeu a razão
Ficou desorientado.

O sacristão sem escrúpulos
Danou-se a chantagear
O vigário aventureiro
Que vivia a fornicar.

Porém nada como um dia
E a noite pra atrapalhar
O padre dando umas voltas
Viu o sacristão pecar.

O chantagista de quatro
Perto da cabana tosca
Numa vereda afastada
Gemia e queimava a rosca.

Foi quando ouviu um ruído
E o “Santo” padre a gritar:
Morreu Maria Preá!
E ele teve que calar

O povo diz que essa história
Se deu lá no Ceará
Eu garanto que conheço
Muitas “Maria Preá.”


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 21 de abril de 2020

AUGUSTA PLANTAÇÃO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

AUGUSTA PLANTAÇÃO

Dalinha Catunda

A imagem pode conter: texto

 


Foi do tronco d’um Carvalho,
Que o poeta do “EU” brotou
No Engenho do Pau d’Arco,
A sua vida abrolhou
E o velho tamarindeiro
Esta história registrou.
*
Naquele tamarindeiro,
Estudava sua lição,
As tarefas escolares,
E chegando a exaustão,
Ele ali também chorava
A dor da desilusão.
*
Distante da sua terra
Longe do tamarindeiro,
Foi para outra dimensão
Deixando seu companheiro
Que nem chegou a ouvir
O seu canto derradeiro.
*
No pé de minhas estrofes
Plantei admiração.
“Debaixo do Tamarindo”
Colhi minha produção.
E na voz de cada poeta
Verei multiplicação.
*
Versos de Dalinha Catunda
Estrofes com as quais participei de um cordel em homenagem a Augusto dos Anjos.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 20 de abril de 2020

NO PUNHO DA MINHA REDE, DEIXEI UM NÓ DE LEMBRANÇA

 

A imagem pode conter: Dalinha Catunda

NO PUNHO DA MINHA REDE
DEIXEI UM NÓ DE LEMBRANÇA.
*
Mote: Marcos Passos
Numa rede eu me deitava
No meu rancho de noitinha
Na certeza que ele vinha
E se vinha chamegava
Bem cheirosa então ficava
Pra viver minha bonança
Sei que o laço da esperança
Alimenta a nossa sede:
"NO PUNHO DA MINHA REDE
DEIXEI UM NÓ DE LEMBRANÇA”
Glosa de Dalinha Catunda
Mote Marcos Passos
*
- Eu cansei de dar um nó
Na rede que eu brincava
Ali mesmo eu me emborcava
Chamando atenção de vó
- Deixa de teu pro có có
Tu despenca nessa dança
Brinca com outra criança
Olha a cara na parede
"NO PUNHO DA MINHA REDE
DEIXEI UM NÓ DE LEMBRANÇA.
Glosa Ésio Rafael
Mote Marcos Passos
*
No alpendre lá de casa
Eu achei o meu brinquedo
Pra ninguém era segredo
Que nela criava asa
Como o tempo não atrasa
Eu deixei de ser criança
Parti para minha andança
Ficando numa parede
"NO PUNHO DA MINHA REDE
DEIXEI UM NÓ DE LEMBRANÇA"
Glosa Nelson Nunes Farias
Mote: Marcos Passos

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 19 de abril de 2020

DUAS GLOSAS - 19.04.20

 

DUAS GLOSAS

Mote de Xico Bizerra:

Cheirei o tabaco dela
Bastou pra “meaviciar”

Relutei, terminei indo
Conhecer o tal tabaco
Foi aí que me vi fraco
Garanto, num tô mentindo
Nunca vi nada mais lindo.
Cheirei, voltei a cheirar
Não conseguia parar
Sabor de cravo e canela
Cheirei o tabaco dela
Bastou pra “meaviciar”

Xico Bizerra

O tabaco era cheiroso
Cheiroso como ele só
Do nariz não teve dó
Esse caboco fogoso
Achando delicioso
O bicho vive a cheirar
Ouvi o cabra gritar
Debruçado na janela:
Cheirei o tabaco dela
Bastou pra “meaviciar”

Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 15 de abril de 2020

GLOSAS DE MORAES MOREIRA

 

GLOSAS DE MORAIS MOREIRA

Morais Moreira, Itauçu-BA, (1947-2020)

Mote desta colunista e glosas de Morais Moreira, publicadas originalmente no Blog Cordel de Saia.

Se tem mulher no cordel
Você tem que respeitar.

Vai fundo na caminhada
Que o homem parece raso
Vivendo quase um ocaso
Já se perdendo na estrada,
É hora da mulherada
Tomar o tempo e o lugar
Não adianta chorar
Achar que a vida é cruel,
Se tem mulher no cordel
Você tem que respeitar.

No tempo da plenitude
O homem cai no vazio
Fugindo do desafio
Covarde e sem atitude
Coitado ainda se ilude
Não sabe como se dar
O que é que vai lhe restar
Senão tirar o chapéu?
Se tem mulher no cordel
Você tem que respeitar.

De uma costela de Adão
Dizem que a mulher foi feita
E sendo assim tão perfeita
Imaginemos então
Se fosse do coração
Que Deus pudesse a criar
O mundo ia proclamar:
Oh criatura do céu!
Se tem mulher no cordel
Você tem que respeitar.

Naturalmente é sem músculo
No seu jeitinho de moça
Duvida da sua força
O macho já no crepúsculo
Sendo somente um opúsculo
Da obra que vai ficar
O que é que vai lhe sobrar
Senão caminhar ao léu?
Se tem mulher no cordel
Você tem que respeitar.

Não falto com a verdade
E peço que me acompanhe
Já que a mulher é a mãe
De toda a humanidade
Pra não ficar na saudade
O homem vai conquistar
Ao seu ladinho um lugar
Fazendo bem seu papel,
Se tem mulher no cordel
Você tem que respeitar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 13 de abril de 2020

O TABACO DE MARIA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

Xilogravura de Erivaldo Ferreira

O TABACO DE MARIA

Dalinha Catunda

 

 

1
Na estrada do Pai Mané
Na cidade de Ipueiras
Bem pertinho das Barreiras
De imburana tem um pé
Ele dá um bom rapé
Pra quem sabe preparar
Maria sabe torrar
E tem grande freguesia
O tabaco de Maria.
Todo mundo quer cheirar.

2
E naquela arrumação
Meu pai era viciado
No dedo era colocado
Do rapé uma porção
Com o tabaco na mão
Pra no nariz esfregar
E logo após aspirar
Ele fungava e dizia:
O tabaco de Maria.
Todo mundo quer cheirar.

3
Valdenira me indicou
Disse mulher acredite
Ele é bom pra sinusite
Aqui mamãe sempre usou
Depois que ela receitou
Comecei a melhorar
Nunca parei mais de usar
Acabou minha agonia:
O tabaco de Maria.
Todo mundo quer cheirar.

4
Garapa ficou sabendo
Dessa história do rapé
Foi direto ao Pai Mané
Também estava querendo
Com Maria se entendendo
Resolveu logo pagar
E não saiu sem provar
do cheiroso nesse dia
O tabaco de Maria.
Todo mundo quer cheirar.

5
Edgar acabrunhado
Com o nariz entupido
Sentindo-se já perdido
Com febre e com resfriado
Foi atrás desse torrado
Para tentar melhorar
Porém mesmo sem gostar
Do produto repetia:
O tabaco de Maria.
Todo mundo quer cheirar.

6
Dão de Jaime que gostou
Do tabaco da fulana
Cheirou mais duma semana
E também se viciou
Da mulher ele apanhou
E não cansou de apanhar
Pois disse não vou largar
E gritando se exibia:
O tabaco de Maria.
Todo mundo quer cheirar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 11 de abril de 2020

MINHA FILOSOFIA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

MINHA FILOSOFIA

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 05 de abril de 2020

PURO-SANGUE, CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO

A imagem pode conter: céu, árvore, atividades ao ar livre e natureza

PURO-SANGUE

Dalinha Catunda

 

Ele era um puro-sangue.
Ímpar em sua beleza.
Porte altivo e elegante,
Trazia um ar de nobreza.
*
Paixão a primeira vista.
Não tive como escapar.
Garboso me farejava,
Fui seduzida a montar.
*
Montei com a maestria,
De quem domina o oficio.
Montar aquele alazão,
Não foi nenhum sacrifício.
*
Tinha narinas acessas.
Cadência no trote tinha
Agarrei-me ao seu pescoço,
No galope que ele vinha.
*
Galopamos loucamente,
Quase perdemos o chão,
Campear no paraíso,
Era sorver emoção.
*
Estrelas intermitentes,
E sinos a badalar.
O prazer feito cascata,
Coroava o cavalgar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 03 de abril de 2020

AMIZADE ACIMA DE TUDO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, chapéu

AMIZADE ACIMA DE TUDO

Dalinha Catunda

 

A minha amizade é
De fato incondicional
Tenho minhas preferências
O que acho natural
Cada um tem o seu jeito
Mas ninguém tem o direito
De querer que eu pense igual.
*
Quando adiciono alguém
Eu não quero nem saber
Se macumbeiro ou católico
Ou se crente pode ser
Não desabono a postura
De nenhuma criatura
Que escolhe em quem quer crer.
*
Repito que não importa
Seu time e religião
Orientação sexual
Pois isso não conta, não,
Seu partido sua cor
Aceito seja quem for
Respeito é a condição.
*
Sabemos que na política
No passado e no presente
A corja de desonesto
Nasceu e deixou semente
E não venham defender
Estupido é querer dizer
Que aqui existe inocente.
*
O pior de tudo isso
Digo com sinceridade
É o ranço da política
A desfazer amizade
Enquanto cada ladrão
Conforme a situação
Juntam-se em cumplicidade.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 02 de abril de 2020

O CALANGO ALBINO (CORDEL DE LINDICÁSSIA NASCIMENTO E DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: 2 pessoas, incluindo Dalinha Catunda, close-up

Dalinha Catunda e Lindicássia Nascimento

O CALANGO ALBINO

Lindicássia Nascimento e Dalinha Catunda

 

LN
Dalinha você me diga
O que é que tu faria
Com um calango amarelo
Triste feito agonia
Numa rede social
Que tá se achando o tal
Me assedia noite e dia!
L N
O cabra não se enxerga
É um cururu de macumba
Parece uma tripa seca
Tem uma cara imunda
Os olhos abuticado
Parece que é tarado
Me diz Dalinha Catunda!
LN
Eu tou que não me aguento
Não posso ficar calada
Esse safado aperreia
Me deixa aguniada
Não sei quem é esse traste
Peço que de mim se afaste
Coisa feia e safada.

*
DC
Entrou no meu facebook
Também esse camarada
Querendo se apresentar
Com a cara mais lavada
O bicho é uma marmota
Vamos é fazer chacota
Pra ele virar piada.
DC
Parece um calango albino
Essa pobre criatura
E que até se diz poeta
Porém não tem compostura
Se ele cumprir o trato
De mandar o seu retrato
Vou exibir em moldura.
DC
O cabra vestido é feio
Tu imaginas pelado
Por isso eu vou dizer
Estou mandando recado
Se foto pelada chegar
Eu vou é compartilhar
Pois o aviso já foi dado.

*
LN
Parece que ele gosta
De cutucar poetisa
Se mete de ser poeta
Mas de nós leva é Piza
Esse Calango Albino
Cara seca, não tem tino
Comigo não realiza.
LN
Quis mandar pra mim também
O retrato dele nú
Calango sem competência
Mexeu mal esse angú
Mande a foto desgramado
Que eu te faço um agrado
Carniça de urubú.
LN
O meu Facebook é arte
É cultura popular
Não é pra cabra safado
Feito tu se amostrar
Agora tu se fodeu
Porque Dalinha e eu
Vamos juntas te lascar.

*
DC
Esse cabra é abestado
Não sabe onde se meteu
Cutucou com vara curta
Onças e nem percebeu
Agora está se cagando
Quem sabe até rezando
Pra não ler o nome seu.
DC
Mexer com Lindicássia
Mulher que não se atrapalha
Que já capou mais de três
Lá pras bandas de Barbalha
Com a peixeira na mão
Capa e faz circuncisão
É doutora que não falha.
DC
Enquanto foi só comigo
Eu tratei de me calar
Agora a coisa esquentou
E nós vamos é jogar
Merda no ventilador
Se você não tem pudor
Nós vamos é lhe arroxar.

*
LN
O bicho acha que é "homi"
Botando as coisas pra fora
Achando que eu queria
Me perguntou sem demora
Essa chibata é "xinfrim"
Pedaço de coisa ruim
Lhe respondi bem na hora
LN.
Ainda bem que Dalinha
Astuta como ninguém
Me alertou do perigo
Que eu já sabia também
Mas esse tarado aí
Agora vai desistir
É o melhor que lhe convém.
LN
Se for pra o Rio de Janeiro
Mexer com nossa Dalinha
Já sabe o que vai levar
Ela lhe bota na linha
Se vier pra o Ceará
Uma surra vou lhe dar
Eu juro aqui nessa rinha.

*
DC
Pela a cara do sem sal
Logo imaginei o pinto
Dormindo em cima do saco
Bem acanhado e sucinto
Apenas uma merreca
Encolhido na cueca
É o que penso não minto.
DC
Em conversa com Lindinha
Um dia ela me falou
Deste cabra enxerido
E logo me perguntou
Até um pouco sem jeito
Se eu conhecia o sujeito
Que a ela desrespeitou.
DC
Eu disse que conhecia
E avisei pra ter cuidado
Um poeta que se preza
Não pode sertão safado
E fazer o que bem quer
Desrespeitando a mulher
E sem ser denunciado.

*
LN
Pois o cabra se lascou
A denuncia é virtual
Nem pode se defender
Pois sabe que é fatal
Se a cara aparecer
Todo mundo vai saber
Nessa rede social
LN
Preste muita atenção
Com quem você for mexer
Eu tenho educação
Mas confesso a você
Sou muito mal educada
Quando sou desapontada
Nem queira me conhecer.
LN
Não sou mulher pra Calango
Dentuço, desenformado
Um fanisco de projeto
De homem sujo safado
A sua categoria
Deve está em euforia
Por ter nos desrespeitado.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 02 de abril de 2020

QUARENTENA NA ROÇA, VIVENDO COMO ÍNDIO

A imagem pode conter: céu, árvore, nuvem, natureza e atividades ao ar livreA imagem pode conter: céu, cão, nuvem, grama, árvore, montanha, planta, atividades ao ar livre e natureza

 

QUARENTENA NA ROÇA,
VIVENDO COMO ÍNDIO

Dalinha Catunda


*
Aqui estou feito índio
Acoitada em uma oca
Só comendo caça e pesca
E entrando na mandioca
No café como beiju
No almoço tem tatu
Já na ceia é tapioca.
*
Na cidade eu fazia
Musculação e ioga
Aqui vivo a natureza
Despida de lei e toga
O que me dá mais prazer
É rio abaixo descer
Trepada numa piroga.
*
Quando meu nativo chega
Alisando o jacumã
Fogosa ligeiro abro
Meu sorriso de cunhã
Eu dou para ele comer
Um caldo que sei fazer
Na base de Carimã.
*
Numa rede de tucum
De noite vou me deitar
E no balanço da rede
Eu vejo Jaci brilhar
E meu amor diz pra mim
Vamos fazer curumim
Antes do mundo acabar?
*

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 31 de março de 2020

O O PEÃO GABOLA

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, sentado, árvore, sapatos e atividades ao ar livre

O PEÃO GABOLA

Dalinha Catunda

 

*
Corda grossa não me prende
Porque dela eu faço embira
Já tentaram me laçar
Pras bandas da Macambira
Deixei meu rastro no chão
E marcas no coração
Dum dançador de catira.
*
Um projeto de peão
Jurou que ia me ganhar
Fez aposta com amigos
E dizia a gargalhar
Ela será minha prenda
Depois de presa a merenda
Meu laço não vai falhar.
*
Chegou o dia da festa
O peão ficou na mão
Não ganhou a sua prenda
Nem jogou o boi no chão
Além de perder a aposta
Ainda pisou na bosta
E serviu de mangação.
*
Era peão de segunda
Todo metido a gabola
Queria ser Almir Sater
Sem saber tocar viola
Na cantada e na laçada
Ele não era de nada
Pisava sempre na bola.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 30 de março de 2020

A VOLTA DA ROLA SOLTA

 

A VOLTA DA ROLA SOLTA

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, chapéuA imagem pode conter: 1 pessoa, close-up e atividades ao ar livre

Dalinha Catunda e Lindicássia Nascimento

 


*
DALINHA CATUNDA
Rola que vai e que volta
É ave de ribaçã
Desse tipo de rolinha
Não vou dizer que sou fã
Gosto da rola que fica
Que meu xerém ela bica
Pois rola assim tem elã.
*
LINDICÁSSIA NASCIMENTO
É a lei da natureza
É um vai e vem danado
O certo é que ela gosta
De um canto bem cuidado
O carinho recebido
Por certo não esquecido
Volta para mais agrado!
*
DALINHA CATUNDA
Tem pomba que é bandoleira
Tem pomba que é retirante
E dessas conheço um bando
As que chamam de avoante
Delas tive em cativeiro
E muitas em meu terreiro
E um periquito falante.
*
LINDICÁSSIA NASCIMENTO
Rola, pomba, periquito
Qual desses você domou?
É um negócio esquisito
Vejo que algum voou
Cadê teu afinamento?
Não precisa fingimento
Diga que a rola voltou.
*
DALINHA CATUNDA
Das rolas que eu já prendi
Sempre tratei muito bem
E aquelas que eu já soltei
Para me ver inda vem
E vou aqui lhe avisar
A que se foi sem voltar
Não provou do meu xerém.
*
LINDICÁSSIA NASCIMENTO
Eu aposto que esse ai
Mesmo sem xerém provar
Deve ter se arrependido
Da bicada que quis dar
Não deve ter esquecido
Que pássaro desfalecido
Jamais poderá voltar.
*
DALINHA CATUNDA
Tem passarinho bonito
Voando em todo lugar
Tem deles que nessa vida
Só aprendeu a cantar
Se for roedor de pequi
Das bandas do Cariri
Puxo o pescoço pra assar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 29 de março de 2020

MOTE E GLOSA NA QUARESMA

 

Vamos glosar?

EU NÃO VOU ME CONTENTAR
EM PASSAR ÁLCOOL NA MÃO
*
Estou tomando cuidado
Com esse vírus fatal
Que pode até ser mortal
Por isso vai meu recado
Não basta ficar trancado,
Dispense a visitação
Não esqueça água e sabão
Quando for as mãos lavar
EU NÃO VOU ME CONTENTAR
EM PASSAR ÁLCOOL NA MÃO
*
Mote e glosa de Dalinha Catunda

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, sorrindo, área interna e close-up

 

Lindicassia Nascimento escreveu:

No caos da epidemia
Que assola o mundo inteiro
Sigo a risca um roteiro
Confinada noite e dia
Porém a minha poesia
Qual me dá inspiração
Tem sido minha oração
Para o vírus se afastar
EU NÃO VOU ME CONTENTAR
EM PASSAR ÁLCOOL NA MÃO.

José Walter Pires escreveu:

Estou ficando cansado
Desse vírus infernal
Do qual não vejo sinal
De ser logo eliminado
E me deixar descansado.
Essa higienização
Não sei se é solução
Mas até vou aumentar
POIS NÃO VOU ME CONTENTAR
SÓ PASSAR ÁLCOOL NA MÃO!

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 27 de março de 2020

BABADOS NO CORDEL

A imagem pode conter: Dalinha Catunda

BABADOS NO CORDEL

Dalinha Catunda

 

1
O cordel vestindo calça,
No Nordeste apareceu.
A mulher apaixonou-se
Tal paixão não escondeu.
E pegou logo o cinzel
Esculpindo seu cordel,
Belos versos escreveu.
2
Foi assim que floresceu,
Cordel de saia também.
A mulher faz seu cordel
Com a manha que já tem.
Incansável na labuta,
E naturalmente astuta,
Do homem não fica aquém.
3
E por querer competir,
E pensando em ser parceira
A mulher pega a estrada,
Sem ter medo da poeira.
Faz de igual para igual
A peleja virtual
Na arte é aventureira.
4
O cordel já não é mais
O tal clube do Bolinha
Encarando as cuecas
Vejo um monte de calcinha
Tudo no mesmo varal
Sem balanço desleal
Enfrentando a mesma linha.
5
Enquanto faz o café
E cozinha seu feijão
A mulher vai matutando
E criando a oração
E assim faz seu cordel
Passando para o papel
Pedaços de criação.
6
Às vezes deita na rede
E olhando a Luz do luar.
Cria versos tão bonitos,
Que chega a se admirar
Diante da inspiração,
Se entrega de coração,
Ao labor de versejar.
7
E de fuxico em fuxico,
A trama ganha teor.
No alinhavo dos versos,
Põe arremate de amor
Fazer versos virou vício
E sem muito sacrifício,
Tem como ofício compor.
8
Entre um afazer e outro
Explode sua criação,
Tem sempre um novo babado
Em sua combinação
Entre a seda e a chita
Sem nunca ficar aflita
Eleva sua construção.
9
A internet foi chegando
Causando revolução,
Abrindo para a mulher,
Um novo campo de ação
Morada da liberdade
E com versatilidade.
Mostra sua evolução.
10
Aprendeu bem a glosar
E para isso usa a mão,
E com os dedos faz arte
Chamada digitação.
Neste mundo virtual
Navegar é natural
Nas marolas da emoção.
11
Tira rima da cabeça
Para fazer o seu mote
Faz com a simplicidade
De quem tira água do pote
Nordestina e internauta
Caprichosa e não incauta
Versos tem é um magote.
12
É bem certo que a mulher
Em ato de concepção
Fica prenhe de palavras
Só vê uma solução,
A de parir poesia
Buscando com alegria,
Ter nova penetração.
13
Eu sei que entre um batom,
Uma escova e um trato
Em folhetos de cordel
A mulher põe seu retrato
E sabe fazer bonito
Pois tem graça o seu escrito
E nunca deixa barato.
14
Sempre se diz aprendiz,
Mas fingindo ser modesta,
E tem delas que encaram
Qualquer marmanjo de testa,
Vão impondo assim respeito
E conquistando o direito
De fazer a sua festa.
15
Às vezes faz uma fita,
Para chamar atenção.
Sempre tem carta na manga
Mas descarta a mangação.
Por gostar de parceria
Demonstra sua alegria
E brilha na atuação.
16
O cordel sem a mulher
É Adão sem sua Eva,
É o planeta sem o sol
Onde tudo é breu e treva.
É comida sem ter sal
Amigo não leve a mal,
É serra onde nunca neva.
17
A mulher rasgou o véu,
E acabou com ditadura
E não foi só no cordel
Mas em toda conjuntura
Totalmente liberada
Enfrenta qualquer parada
Pois tem jogo de cintura.
18
E quando é alfinetada,
Nunca dá muita atenção.
Sendo olhada de soslaio
Empina o nariz então.
Mágoa não vive guardando
Sua anágua vai rodando,
Sempre em movimentação.
19
A mulher pede passagem
Pois soube tecer caminhos
A conquista da igualdade
Teve flores e espinhos.
Na base do não me calo!
Hoje ela canta de galo,
Não fica chocando ninhos.
20
A mulher para o cordel
É ótima aquisição.
Seria triste e cruel
Manter apenas varão
Vejo o cordel lá no alto,
E a mulher com o seu salto
Fazendo revolução!
21
Este cordel é mais um
Entre muitos que virão
Nele botei meu tempero
Não sei se eu errei na mão
Meu codinome é Dalinha
Vou seguindo minha linha
Sem temer opinião.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 25 de março de 2020

SÓ OS OVOS

A imagem pode conter: planta, atividades ao ar livre e natureza

SÓ OS OVOS

Dalinha Catunda

 


Eu fiquei muito animada
Cheia de empolgação
Quando avistei uma rola
Daquelas lá do sertão
Qual não foi minha alegria
Por pouco eu colocaria
A rola em minha mão.
*
Porém a rola era arisca
Não ficou perto de mim
Procurou logo seu rumo
Mas com rola é mesmo assim
Chega parecendo mansa
Depois que enche a pança
Seu sumiço não tem fim.
*
Mesmo assim eu amansei
A tal rola com prazer
Ela construiu um ninho
Mas se você quer saber
Agora tem planos novos
Aqui só deixou os ovos
Pra dela eu não me esquecer.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 24 de março de 2020

UMA GLOSA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA) 24.03.20

 

UMA GLOSA

Quem quiser cante a desgraça
Porque meu canto é de amor.

Eu vou ler o seu recado
Depois reler com carinho
Vou pensar em nosso ninho
Profano também sagrado
Onde reside o pecado
Onde perco meu pudor
Pois a vida eu dou valor
E não vou perder a graça
Quem quiser cante a desgraça
Porque meu canto é de amor.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 23 de março de 2020

SÓ UM BOLERO (POEMA DE DALINHA CATUNDA)

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, sentado, em pé e área interna

SÓ UM BOLERO

Dalinha Catunda

 

O acaso a dança o instinto
Colocou-nos lado a lado
O frio e o vinho tinto
Meu corpo no teu colado
Li no teu olhar faminto
A resenha do meu fado.
*
A paixão desenfreada
Chegou feito furacão
Cegamente apaixonada
Dei asas à emoção
Levitei inebriada
Nos ardis do coração.
*
Mas meu coração cigano
De tanto amor se cansou
O seu também leviano
Um novo rumo tomou
Sem choro, mágoas ou dano,
O bolero ao fim chegou.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 20 de março de 2020

NA INVERNADA (POEMA DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: árvore, céu, planta, atividades ao ar livre e natureza

A imagem pode conter: céu, árvore, planta, atividades ao ar livre, natureza e água

A imagem pode conter: flor, planta, céu, atividades ao ar livre e natureza

A imagem pode conter: flor, planta, natureza e atividades ao ar livre

 

 

NA INVERNADA

Dalinha Catunda

 


Quando finda a estiagem

Quando chove no sertão

Tudo fica diferente

Brota logo a plantação

A chuva cai todo dia

Biqueira faz melodia

Quando o pingo cai no chão.


*


Relâmpago risca o céu

Vejo o corisco brilhar

O barulho do trovão

Não chega a me apavorar

Por detrás do nevoeiro

A serra some ligeiro

Parecendo se encantar


*


A brisa que sopra mansa

Logo vira vento forte

Nos braços da ventania

Cai a chuva muda a sorte

Cheiro de terra molhada

Anuncia a invernada

Novo rumo, novo norte.


*


A caatinga se refaz

Faz mágica a natureza

Quando a grota enche o açude

Na força da correnteza

E se o rio bota enchente

Meu olhar segue a corrente

Perde-se na boniteza.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 18 de março de 2020

CUIDADOS, SIM! PARANOIA, NÃO!

 

 

CUIDADOS, SIM! PARANOIA, NÃO!

 

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 06 de março de 2020

MULHER DE RAÇA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

MULHER DE RAÇA

*

Neguinha sou para amigas

Minha nega pro amado

Sou morena citadina

Meu cabelo é ondulado

Sou dona das minhas ventas

Sou das mulheres atentas

Tenho nariz empinado.

*

Sou cabocla sertaneja

E trago no matulão

A astúcia da matuta

Que desbravou o sertão

E que não poupou canela

Quando abriu sua cancela

Buscando libertação.

*

Da fralda da Ibiapaba

Sou das alas das guerreiras

Agarrada ao jacumã

Enfrentei as corredeiras

Em cima duma piroga

Sou guerreira que se joga

Nas águas das Ipueiras

*

Sou a mistura das raças

Sou a miscigenação

Sou Catunda, sou do Prado

Tenho sangue de Aragão

Sou cunhã, sou companheira,

Sou concubina parceira

Eu só não sou é padrão.

*

Versos  de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 05 de março de 2020

O CORNO FOFOQUEIRO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

O CORNO FOFOQUEIRO

Quem vive de propagar
Que o seu fulano é corno
As vezes causa transtorno
Nem chega a desconfiar
Que chifres vive a levar
Sem que venha perceber
Faz chacota com prazer
Mas devia ficar mudo
Pois continua o chifrudo
Sendo o último a saber.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 03 de março de 2020

QUEM NÃO TEM O QUE CONTAR, QUE SENTIDO TEM A VIDA?

 

QUEM NÃO TEM O QUE CONTAR

QUE SENTIDO TEM A VIDA?

 

*

Eu só conto minha história

Porque tenho o que dizer

E se você quer saber

Tenho tudo na memória

Agitada trajetória

Foi a minha e bem vivida

Sempre fui muito atrevida

Não deixei nada escapar

QUEM NÃO TEM O QUE CONTAR

QUE SENTIDO TEM A VIDA?

.

Glosa de Dalinha Catunda

Mote de Gevanildo Almeida


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 19 de fevereiro de 2020

ABRAM ALAS PRO MEU QUIÇÁ (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

ABRAM ALAS PRO MEU QUIÇÁ

Dalinha Catunda

*

Hoje lembro com saudade

O tempo bom que passou

Quando o não era um talvez

E assim você me ganhou

Você puxava meu braço

Eu evitava o abraço

Porém você me laçou.

*

No cordão que se formava

Circulando no salão

Você com sua insistência

Segurou a minha mão

E me beijou bem na hora,

A do: " vou beijar-te agora"

E ganhou meu coração.

*

Você foi o meu pirata

Eu a sua colombina

Lembro nós dois enroscados

Nos laços da serpentina

Quando meu não virou sim

Não desgrudou mais de mim

A paixão foi repentina.

*

E não acabou em cinzas

Esse amor de carnaval

Aos encantos da conquista

Botei fé e dei aval

Apostei na fantasia

Colhi amor e alegria

E fui feliz no final.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 14 de fevereiro de 2020

EU! PSIU...

 

EI! PSIU…

 

Ei! Você pode, sim, me olhar,
Olhar não tira pedaço,
E não vai me incomodar.
Me olhe sem embaraço,
E quem sabe se eu quiser
Pode pintar um affair
Não sou de estardalhaço.

Ei! não deixe de ser chistoso,
Não adira ao desencanto,
Não desista da conquista,
E aposte no acalanto.
Pra quem fomenta emoção,
E quer sim, em vez de não,
Sabe bem guiar seu canto.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 05 de fevereiro de 2020

BONECA DE PANO

 

 

BONECA DE PANO

Fotos da colunista

Dias felizes da infância
Inda guardo na memória
A dona simplicidade
Fez parte  da trajetória
A bonequinha de pano
Foi rainha nessa história.

Eram compradas nas feiras
Arrematas em leilão
Brinquedo mais precioso
Que tive no meu sertão
Os vestidos eu fazia
Sempre costurando a mão.

Guardei essa tradição
E hoje volto a brincar
De fazer as bonequinhas
Somente pra exercitar
Esse meu prazer antigo
Que me encanta recordar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 06 de janeiro de 2020

BONECAS DE PANO

Bonecas confeccionadas por Dalinha Catunda

 

BONECAS DE PANO

É de boneca em boneca
Que volto pro meu sertão
Caprichando em cada cria
Tentando acertar a mão
Fazendo minhas Delfinas
As bonecas nordestinas
Graciosa tradição.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 25 de dezembro de 2019

NATAL AGRESTE (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

Nenhuma descrição de foto disponível.

 
 

NATAL AGRESTE
*
O natal que vejo agora
É um natal diferente
É só troca de presente
Jesus, o povo ignora.
Saudades tenho d’outrora
Do natal que antes tinha
O presépio era lapinha,
Montado lá na matriz,
Na igreja o povo feliz
Rezava sua ladainha.
*
Era simples o presente
Porém sem reclamação,
Era só animação
Da criançada contente
Animando o ambiente
Que hoje não vejo igual.
A árvore de natal
De garrancho era feita
E eu ficava satisfeita
De ajudar no ritual.
*
Era mesmo devoção
Ir para missa do galo,
A ceia era um regalo,
Nos natais do meu sertão
Tinha comemoração
Mas tinha o Deus menino
Lá no templo nordestino
Nos meus natais do agreste
Onde a estrela celeste
Guiava nosso destino.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 11 de dezembro de 2019

BORDANDO VERSOS (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

BORDANDO VERSOS

Dalinha Catunda

 

BORDANDO VERSOS
*
Como quem faz um bordado
Vou fiando meu cordel
Procurando ser fiel
Tramo com todo cuidado
Cada ponto do traçado
Faço com dedicação
Trago a metrificação
Pra cada verso compor
FAÇO RIMA COM AMOR
FAÇO CORDEL COM PAIXÃO
  

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 04 de dezembro de 2019

O QUE FAZ A CARESTIA DA CARNE? (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

O QUE FAZ A CARESTIA DA CARNE?

 


*
Fui com marido ao açougue
Lá cheguei a me zangar
Pois vendo o preço da carne
Começou a resmungar
Desse preço compro não
Como é bife do “oião”
E danou-se a reclamar.
*
Ele cheio de argumento
Falava e dizia assim:
A gente come feijão,
E farofa de “toicim,”
Deixe logo de ora pois
Também tem baião de dois
E isso tá bom pra mim.
*
Eu saí batendo pé
Sem querer me conformar
Zangada que nem o cão
Esse cabra vai pagar
Eu fiz como ele queria
Contudo a minha alegria
Ele conseguiu quebrar.
*
Quanto chegou a noitinha
Que a gente foi se deitar
Virei de costas pra ele
E ele a me cutucar
Querendo carne comer
Eu disse: Tu vais morrer
Mas carne não vou te dar.
*
Durante o dia eu sonhei
Com costela e costeleta
Ele querendo poupar
Já deu uma de ranheta
Quando apertou a vontade
Deixei ele na saudade
Dispensei sua baioneta.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 29 de novembro de 2019

SEM PODA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

SEM PODA
*
Não tente apagar o brilho,
Que carrego em meu olhar.
Não queira conter o riso,
Que insisto em ostentar.
Sou mulher independente,
É boa minha semente,
Escolhi onde brotar.
No solo que eu germino,
O meu canto feminino,
Não deixo ninguém podar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 06 de novembro de 2019

A REVOADA DAS POMBAS

 

 

A REVOADA DAS POMBAS

Vi a pomba bater asas
Esvaziando o terreiro
Era só um passarinho
Buscando novo roteiro
Pomba-de-arribação
Bem comum lá no sertão
No ir e vir corriqueiro.

Quando pousou na vivenda
Já era tempo de estio
Entretanto fez seu ninho
Acabei com seu fastio
Cuidada com bom xerém
Ela sentia-se bem
Arrulhava a cada cio.

Vi a rola satisfeita
Sempre renovando o ninho
E dava graças a Deus
Por tê-la em meu caminho
Mas tudo acabou em nada
Pois a rola desalmada
Sumiu em um torvelinho.

E foi-se a pomba vadia
Foi-se a Burguesa também
Por rolas eu não lamento
Umas vão e outras vem
E foi-se a pomba terceira
Não será a derradeira
Que meu alçapão detém.

Outro dia eu avistei
A vadia em meu quintal.
A Burguesa toda prosa
Vi pousando em meu varal
Mas quem hoje me fascina
É uma pomba-divina
Conhecida por trocal.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 15 de outubro de 2019

O ANJO BOM DA BAHIA HOJE É SANTA NO ALTAR

Santa Dulce dos Pobres

 

O ANJO BOM DA BAHIA
HOJE É SANTA NO ALTAR
*
Foi fazendo caridade
Acolhendo cada irmão
Que seu nome correu chão
Irmã Dulce era bondade
Sua força de vontade
Era firme ao abraçar
Viveu para amenizar
Do pobre sua agonia
O ANJO BOM DA BAHIA
HOJE É SANTA NO ALTAR
  

Mote e glossa de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 14 de outubro de 2019

XODÓ NORDESTINO

 

 

XODÓ NORDESTINO

Você gritou: Ô de casa!
Eu saí e dei bom dia
Me pediu um copo d’água
A desculpa eu conhecia
Saí quase no pinote
Fui pegar água no pote
Lhe servi com alegria.

Você me olhava com gosto
E eu olhava pra você
Ali nascia um chamego
E nós dois dele a mercê
Eu no começo corava
Quando você me chamava
Minha flor de muçambê.

Quando o fole da sanfona
Gemia nalgum lugar
Você trocava de roupa
Corria pra me pegar
E naquela brincadeira
No forró a noite inteira
Eu via o suor pingar.

Teu copo grudado no meu
Meu corpo no teu grudado
O povo todo olhando
O nosso rodopiado
Não tinha naquele chão
Pras bandas do meu sertão
Um casal mais animado.

Eu me arrumava todinha
Com meu vestido de chita
Aquela flor encarnada
Me deixava mais bonita
Você na sua paixão
Roubou pra recordação
Meu laço feito de fita.

Era um xodó animado
Era um chamego ladino
Tinha cheiro no cangote
Coisa só de nordestino
Ao som de xote e baião
Embalamos a paixão
Era um chamego bem-vindo.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 11 de outubro de 2019

XODÓ NORDESTINO

 

 

XODÓ NORDESTINO

*

Você gritou: Ô de casa!

Eu saí e dei bom dia

Me pediu um copo d'água

A desculpa eu conhecia

Saí quase no pinote

Fui pegar água no pote

Lhe servi com alegria.

*

Você me olhava com gosto

E eu olhava pra você

Ali nascia um chamego

E nós dois dele a mercê

Eu no começo corava

Quando você me chamava

Minha flor de muçambê.

*

Quando o fole da sanfona

Gemia nalgum lugar

Você trocava de roupa

Corria pra me pegar

E naquela brincadeira

No forró a noite inteira

Eu via o suor pingar.

*

Teu copo grudado no meu

Meu corpo no teu grudado

O povo todo olhando

O nosso rodopiado

Não tinha naquele chão

Pras bandas do meu sertão

Um casal mais animado.

*

Eu me arrumava todinha

Com meu vestido de chita

Aquela flor encarnada

Me deixava mais bonita

Você na sua paixão

Roubou pra recordação

Meu laço feito de fita.

*

Era um xodó animado

Era um chamego ladino

Tinha cheiro no cangote

Coisa só de nordestino

Ao som de xote e baião

Embalamos a paixão

Era um chamego bem-vindo.

*

Versos de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 09 de outubro de 2019

UMA GLOSA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA) 09.10.19

 

 

UMA GLOSA

Mote desta colunista:

Pra sua faca afiada
Tem couro minha bainha.

Você se diz cabra macho
Valentão e coisa e tal
Que me leva no bornal
Só para apagar meu facho
Eu querendo lhe despacho
Porém não fujo da rinha
Se souber levar Dalinha
O duelo acaba em nada
Pra sua faca afiada
Tem couro minha bainha.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 05 de outubro de 2019

UM MOTE E UMA GLOSA - 05.10.19

 

PONHA GOTAS DE PRAZER

NESSA SUA TRAJETÓRIA.

*

Felicidade é visita

Que chega mas vai embora.

Quando some a gente chora,

Porque dela necessita.

É passageira, é restrita,

É um pingo em cada história,

E por ser tão transitória.

Desnude-se pra viver:

PONHA GOTAS DE PRAZER

NESSA SUA TRAJETÓRIA.

*

Glosa e mote de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 02 de outubro de 2019

CUIDE DO SEU IDOSO – 1º DE OUTUBRO, DIA INTERNACIONAL DO IDOSO

 

 

CUIDE DO SEU IDOSO – 1º OUTUBRO, DIA INTERNACIONAL DO IDOSO

Quem tem o seu idoso
Consciência deve ter.
Cuidar dele com carinho,
É obrigação, é dever.
Ter zelo, ter paciência,
E também tomar ciência:
Todos vão envelhecer.

Não maltrate um ancião
Que já não sabe o que faz
Mas que foi seu alicerce
E já foi muito capaz
Já lhe deu casa e comida
Mas antes lhe deu a vida
E merece enfim ter paz.

Cada vez que a paciência,
Fugir do seu coração
Reze, reflita e pense,
Não faça judiação
Pois quem não morre envelhece
E quase sempre padece
Sofrendo de mão em mão.

Não se esqueça de lembrar
De quem de você lembrou.
Nos verdes anos da vida
De você sempre cuidou.
Mesmo hoje sem memória
Faz parte da sua história,
Que o tempo não apagou.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 22 de setembro de 2019

HÁ JUDAS

 

HÁ JUDAS

Quem quer ser bem recebido
Aprende a receber bem
Jamais inventa porém
E não se mete a sabido
Quem só quer ser merecido
Não tem vaga do meu lado
Termina sendo enxotado
Eu não ofereço ajudas
Pois quem enche cu de judas
É molambo bem socado.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 19 de setembro de 2019

UM MOTE E UMA GLOSA - 18.09.19
 

UM MOTE E UMA GLOSA

Mote desta colunista:

Pra sua faca afiada
Tem couro minha bainha.

Você se diz cabra macho
Valentão e coisa e tal
Que me leva no bornal
Só para apagar meu facho
Eu querendo lhe despacho
Porém não fujo da rinha
Se souber levar Dalinha
O duelo acaba em nada
Pra sua faca afiada
Tem couro minha bainha.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 12 de setembro de 2019

DAUDETH BANDEIRA E DALINHA CATUNDA – MOTE E GLOSA

 

 

DAUDETH BANDEIRA E DALINHA CATUNDA

Daudeth Bandeira

Eu não conheço Dalinha
Mas desejo conhecê-la
Todo poeta precisa
Conhecer uma estrela
Não pra ser o dono dela
Mas para aplaudi-la e vê-la.

Dalinha Catunda

Eu já conheço Daudeth
E muito, de ouvir falar,
Fama de cada Bandeira
Faz o mastro tremular
Seu clã é constelação
Constantemente a brilhar.

Daudeth Bandeira

Dalinha pega mais fogo
Do que capim no verão,
É do tipo das caboclas
Que pingam brasa no chão,
São responsabilizadas
Por quase todas queimadas
Que existem no sertão.

Dalinha Catunda

Sou fogueira de paixão
Lambendo o chão da campina
Incendiando o agreste
Tal ventania ladina
Apesar de ser matreira
Não sou de queimar Bandeira
Meu fogo não desatina.

***

PRA SUA FACA AFIADA
TEM COURO MINHA BAINHA.
*
Você se diz cabra macho
Valentão e coisa e tal
Que me leva no bornal
Só para apagar meu facho
Eu querendo lhe despacho
Porém não fujo da rinha
Se souber levar Dalinha
O duelo acaba em nada
PRA SUA FACA AFIADA
TEM COURO MINHA BAINHA.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 10 de setembro de 2019

A MOÇA TRISTE

 

 

A MOÇA TRISTE

Alta, branca tão bonita,
Mas quanta dor nela existe
No dourado dos cabelos
Sua nobreza persiste
Caminha com elegância
Deixando sua fragrância
No caminho a moça triste.

Nos lábios um ar de riso
No olhar tanta tristeza
Compondo sempre o semblante
Sem ofuscar a beleza
Da rapariga tristonha
Que não vive, apenas sonha,
No seu mundo de incerteza.

Pobre princesa sofrida
Que conseguiu ser rainha
Porém vive acorrentada
Mesmo se solta caminha
Em cada canto do rosto
É visível seu desgosto
Ao transportá-lo definha.

E na sua ingenuidade.
Príncipe era encantado!
Palácio sem atração,
Castelo desmoronado,
É a causa do desgosto
Tracejado no seu rosto
No fracassado reinado.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 24 de julho de 2019

NO RIO SOU PARAÍBA E EM SÃO PAULO SOU BAIANA

 

 

NO RIO SOU PARAÍBA E EM SÃO PAULO BAIANA

Sou cearense da gema
Onde o sol nasce encarnado
A minha cabeça chata
Faz parte desse legado
Nunca me vi coitadinha
Faca, tirei da bainha
Pra riscar o meu traçado.

No Rio sou Paraíba,
Em São Paulo sou baiana
Minha nordestinidade
Não me deixa ser fulana
Na Feira dos Paraíbas
Revejo em minhas idas
Que nossa gente se irmana.

Não nasci pra ser piolho
Tenho meu discernimento
Jamais segui a manada
Pra isso tenho argumento
Prefiro ter meu poder
Sem empoderada ser
Só sigo meu pensamento.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 05 de julho de 2019

ALVOROÇO NO CANIL

 

 

ALVOROÇO NO CANIL

Eu vi cão feroz babando
Eu vi cadela latindo
E o mundo inteiro assistindo
A nossa degradação
No canil tanto ladrão
Com medo duma coleira
Estavam sem focinheira
E aumentou o meu temor
Quase morde o domador
A matilha brasileira.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 02 de julho de 2019

SOU MULHER E SOU BENDITA

 

Eu bem sei que tudo passa
Na vida que a gente tem
Por isso é que vivo a vida
Decidida e sem porém,
Pois triste de quem nasceu
Viveu e nem percebeu
O prazer de ir além.

Montei no lombo da vida
E na sela eu me aprumei
As rédeas em minhas mãos
Com firmeza segurei
Aticei meu alazão
Tirei poeira do chão
A porteira escancarei.

Assim eu ganhei o mundo
Na estrada não me perdi
Provei dos sabores da vida
Chorei pouco e mais sorri
Dei aval ao coração
Pra cada contravenção
Das emoções que senti.

Em noite de lua cheia
O luar foi companheiro
Banhou-me com sua prata
Seduzi meu companheiro
Que vendo o brilho da lua
Rajando a pele nua
Operou como posseiro.

Criei asas e voei
Até devorei zangão
Provei geleia real
Escapei por ter ferrão
A vida não foi só mel
Se por vezes fui cruel
Faltou-me submissão.

Eu apeei em açude
Em ribeirão e riacho
Nos lugares mais bonitos
Arrefeci o meu facho
Pois a vida me sorria
E a dona hipocrisia
Deixei com cara de tacho.

Quem arriscou me laçar
Ficou com corda na mão
Eu derrubei muita estaca
E até cerca de mourão
Campeei como eu queria
Hoje faço é poesia
Dessa saga no sertão.

Dei corda ao meu instinto
Feito Maria Bonita
Meu fado eu canto em verso
Pois não caí em desdita
Entre o profano e o sagrado
Meu norte foi consagrado
Sou mulher e sou bendita.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 18 de junho de 2019

A SAGA DO SABUGO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A SAGA DO SABUGO

Dalinha Catunda

 

.
Meu caro amigo quem acha,
Que o sabugo é o vilão.
Nunca correu paro o mato,
Bem cheio de precisão.
Depois do serviço feito
É que da fé o sujeito
Que faltou papel a mão.
.
Um sabuguinho perdido,
No meio do milharal,
É a salvação da lavoura
E até que não pega mal.
Quem é que vai recusar,
De com ele se limpar
Sem outra escolha afinal?
.
Não fiquem de boca aberta.
Nem pensem que é novidade.
Pois ele era apreciado,
Nos campos e na cidade.
Passou na bunda de gente
Que posava de decente,
Da alta sociedade.
.
O sabugo, meu amigo
Já foi de grande valia.
Bunda de ricos e pobres,
Muitas vezes acudia.
Mas o povo é bem cruel
Agora que tem papel,
O sabugo repudia.
.
Nos velhos tempos foi tido
Como a melhor solução.
E limpa, coça e penteia,
Dizia a população.
Que nos tempos das refregas
Já andou limpando as pregas,
Sabugo era a salvação
*
Versos de Dalinha Catunda
Foto da página Enquanto Isso em Goiás


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 09 de junho de 2019

ROLA X PERIQUITO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA)

 

 

ROLA X PERIQUITO

 

Qualquer semelhança com a vida dos racionais é mera coincidência

Nesses tempos atuais
Amigo vou lhe contar
Tem coisa que não entendo
Também não posso explicar
Pois até a natureza
Exibe sua aspereza
Quando resolve brigar.

Um periquito vadio
Que gostava de dinheiro
Resolveu grana ganhar
Não aqui, no estrangeiro,
Começou a atuar
E viu seu plano vingar
Foi esperto e foi ligeiro.

Para uma pomba lesa
O periquito ligou
Mas a rola vaidosa
Burra nem desconfiou
Que o tal do periquito
Todo sarado e bonito
Um bom golpe planejou.

O periquito esperto
Enviou fotografia
Mostrou que era capaz
De encarar uma porfia
E a pomba encantada
Logo caiu na cantada
Sem saber o que fazia.

Periquito decidido
Resolve a situação
Levou a pomba abestada
Direto para o colchão
Foi pena pra todo lado
Fizeram amor adoidado
Até rolaram no chão.

O periquito contente
Deu conta do seu recado
A rola baixou a cabeça
Quando viu o resultado
É hoje ave acuada
Porque vai ser depenada
O golpe foi confirmado.

Após contar essa saga
Pasmada eu aqui medito:
Pois tem coisa que me assombra
Eu vejo e não acredito
Só sendo coisa do diabo
É pomba tomar no rabo
Por comer um periquito.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 05 de junho de 2019

EU LEVO MINHA VIDINHA, DO JEITO QUE GOSTO E QUERO (MOTE E GLOSA DE DALINHA CATUNDA)

EU LEVO MINHA VIDINHA

DO JEITO QUE GOSTO E QUERO

Dalinha Catunda

EU LEVO MINHA VIDINHA

DO JEITO QUE GOSTO E QUERO.

Mote e glosas de Dalinha Catunda

*

Não nasci pra ser padrão,

Tenho manha e sou teimosa,

Não sou fraca ou desditosa,

Piso com força no chão.

Eu sou mulher do sertão!

Sem queixa, sem lero-lero,

Ti ti ti eu não tolero,

Quem diz isso é Dalinha:

EU LEVO MINHA VIDINHA

DO JEITO QUE GOSTO E QUERO.

*

Resolvi ser diferente

Somente pra não ser santa

Eu sei que meu jeito espanta

Porém fico indiferente

Pra viver eu boto é quente

Tempo bom eu não espero

Levo na valsa ou bolero

A saga que é só minha

EU LEVO MINHA VIDINHA

DO JEITO QUE GOSTO E QUERO.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 15 de maio de 2019

QUANDO PAPAI ME FEZ (CORDEL COM DALINHA CATUNDA)

 

 

QUANDO PAPAI ME FEZ…

 

Quando meu papai me fez
Diz ele que caprichou
Começou no escurecer
E a noite inteira levou
Não faltou material
A gala era especial
Mamãe também cooperou.

Capricharam nos olhinhos
Na boca, queixo e nariz
Minha mãe abriu as pernas
E o velho passou o giz
Assim foram desenhando
E formato fui ganhando
Naquele dia feliz.

Quando painho chegou
Largou logo a lazarina
E disse para mainha
Hoje eu faço uma menina
Os documentos lavou 
E com mamãe se deitou
E apagou a lamparina.

Numa cama de pau duro
Começou o rebolado
Meu velho ia e voltava
E mamãe fazendo agrado
Para eu não nascer feia
Fizeram na lua cheia 
E foi bom o resultado.

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 05 de maio de 2019

AFLORA A LIBERDADE

AFLORA A LIBERDADE

Dalinha Catunda

 

Já fui árvore nativa

Crescendo bem natural

Mas o machado da vida

Em mim fez corte brutal

Com sua poda inclemente

Quis me fazer diferente

Mas teimei em ser igual.

*

Por ter raízes profundas

Presa a terra continuei

E nos troncos decepados

Ramagem nova espalhei

De cada poda aplicada

Saía revigorada

Por isso me propaguei.

*

Florida reflorescida

Dei fruto também semente

A parte que foi podada

Cresceu abundantemente

E na estação das flores

Dos sonhos ouço rumores

Perfumando meu presente.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 01 de maio de 2019

VENTO NA CARNAUBEIRA (POEMA DE DALINHA CATUNDA)

VENTO NA CARNAUBEIRA

Dalinha Catunda

 

*

Quem nunca escutou o vento

A farfalhar nas palmeiras

Não sabe o quanto é bonito

O som nas carnaubeiras

Precisa ver a beleza

Invenção da natureza

Que vejo nas Ipueiras.

*

Foto e versos de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 21 de abril de 2019

NO REINO DA GATUNAGEM TUDO RIMA COM LADRÃO

 

NO REINO DA GATUNAGEM/ TUDO RIMA COM LADRÃO

 

NO REINO DA GATUNAGEM

TUDO RIMA COM LADRÃO

*

Nessa grande maratona

Onde só se vê ladrão

Cada um quer defender

Seu partido ou facção

Mas vejo o povo perdido

No meio da discussão.

O que realmente sei

É que houve o mensalão

Não demorou muito tempo

Estourou o petrolão

Desde os tempos mais remotos

Rouba-se nessa nação.

Os políticos discutem

De cada ator a ação

Quem desfalcou mais ou menos

Quem primeiro pôs a mão

Institucionalizando

Essa esculhambação.

Na câmara tem corrupto

Não venha dizer que não

E no senado se vê

A mesma situação.

E o povo besta brigando

Por político ladrão.

*

Versos de Dalinha Catunda

Charge de LILA


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 18 de abril de 2019

QUANDO PAPAI ME FEZ

QUANDO PAPAI ME FEZ

Dalinha Catunda

 

 

Quando meu papai me fez

Diz ele que caprichou

Começou no escurecer

E a noite inteira levou

Não faltou material

A gala era especial

Mamãe também cooperou.

*

Capricharam nos olhinhos

Na boca, queixo e nariz

Minha mãe abriu as pernas

E o velho passou o giz

Assim foram desenhando

E formato fui ganhando

Naquele dia feliz.

*

Quando painho chegou

Largou logo a lazarina

E disse para mainha

Hoje eu faço uma menina

Os documentos lavou

E com mamãe se deitou

E apagou a lamparina.

*

Numa cama de pau duro

Começou o rebolado

Meu velho ia e voltava

E mamãe fazendo agrado

Para eu não nascer feia

Fizeram na lua cheia

E foi bom o resultado.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 14 de abril de 2019

CHEGOU B-R-O-BRÓ

CHEGOU B-R-O-BRÓ

Dalinha Catunda

 

 

 

 

*

Já chegou B-R-O- BRÓ

Com eles a sequidão

O nordeste pega fogo

Fica mais quente o sertão

Pras bandas do meu lugar

Açudes chegam a rachar

A água some do chão.

*

Até que corre um ventinho

Mas quando bate é quente

Porém na boca da noite

Ele bate diferente

O Aracati afamado

Deixa mais refrigerado

O nosso sertão ardente.

*

Tange a boiada outra vez

O vaqueiro calejado

Que repete sua saga

No remanejar do gado

Recomeça o sofrimento

O aboio é um lamento

Parece um canto chorado.

*

Voa baixo o urubu

Tentando se refrescar

Passarinhos sapateiam

No açude a secar

No cantinho do terreiro

Vejo seco o cajueiro

Que chegou a me encantar.

*

Mesmo assim faço meu verso

Meu fado deu-me traquejo

Sou ave de arribação

Em voo de remanejo

Do meu sertão não desisto

Na minha sina persisto

Com meu canto sertanejo.

*

Fotos e versos de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 11 de abril de 2019

AS FACES DA CHUVA

 

 

Quando a chuva esperada
Chega molhando o nordeste
Uma alegria inconteste
Não demora é espalhada
O povo cai na risada
Vendo a água em profusão
Aflora na multidão
Clima de felicidade
Chuva na grande cidade
Não é igual ao sertão.

Quando a chuva chega forte
Inunda a cidade grande
O aguaceiro se expande
Causa dano, causa morte,
O povo fica sem norte
Com tanta destruição
A chuva sem compaixão
Exibe sua crueldade
Chuva na grande cidade
Não é igual ao sertão.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 03 de abril de 2019

O DELEITE DA ROSA

 

 

O DELEITE DA ROSA

*

Encantei-me com conversa

De bico de beija-flor

Minha ode hoje versa

Sobre esse sublime amor.

*

Sobre esse sublime amor

Pelo qual fui seduzida

Exalando meu olor

Era por ele sorvida

*

Era por ele sorvida

Ao despertar orvalhada

Libertina e atrevida

Incontida era sugada.

*

Incontida era sugada

E quase a desfalecer

Feliz mas despetalada

Desmanchei-me em prazer.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 31 de março de 2019

CIÚME DEMASIADO DESMANTELA UM CASAMENTO

CIÚME DEMASIADODESMANTELA UM CASAMENTO

Dalinha Catunda

*

Até tempera o amor

O ciúme sendo pouco,

Mas vira coisa de louco

Quando traz angustia e dor.

Transforma-se em temor,

Acarreta sofrimento,

A vida vira um tormento

Quando é exagerado:

CIÚME DEMASIADO

DESMANTELA UM CASAMENTO.

*

Mote, glosa e fotografia de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 27 de março de 2019

O CIRCO CHEGOU!

O CIRCO CHEGOU

Dalinha Catunda

 

A cidade se alegrava,
Era grande a agitação.
Molecada se assanhava,
Cheia de satisfação.
E fazia estardalhaço
Correndo atrás do palhaço
Começava a animação.
*
Era o circo que chegava,
Mudando toda rotina,
Do meu pequeno lugar
Minha terra nordestina
Trazendo felicidade
Pra minha amada cidade
Nos meus tempos de menina.
*
No finalzinho da tarde,
O Palhaço as ruas ia,
Subia em pernas de pau,
Nem sei como não caía.
Atrás dele a criançada
Ia toda alvoroçada
Ao palhaço respondia:
*
“-Hoje tem espetáculo?
-Tem, sim senhor!
- Às sete horas da noite?
-Tem, sim senhor!
-Hoje tem marmelada?
-Tem, sim senhor
-As sete horas da noite?
-”Tem, sim senhor”
*
Era assim de rua em rua
Girarando pela cidade.
Trazendo ao interior,
Alegria de verdade.
Chamando a população,
Carente de animação
Carente de novidade.

O coro da meninada,
Ouvia-se ecoar
E o palhaço caprichava,
No seu jeito de cantar.
“-Eu vou ali e volto já,
- “Vou comer maracujá”
Como é gostoso lembrar!
*
Entre uma cantiga e outra
A turma escuta o que quer
“-E o palhaço o que é?
-É o ladrão de mulher!”
Mas era tanta alegria
Que o povo feliz sorria.
Duma bobagem qualquer.
*
“-Olha a moça na Janela”
Todos – “Olha a cara dela!”
Se repetia o palhaço
Em sua moda singela
Pra buscar a simpatia
Do povo que assistia,
Seu canto na passarela
*
-E quem responder mais alto
Ingresso pro circo tem!
“-O que é que a velha tem?”
“-Carrapato no sedém!”
Vamos: “ arrocha negrada!”
E gritava a molecada
Fazendo graça também.
*
Não sei se minha saudade,
Também bate com a sua.
Não posso ver um palhaço
No circo ou mesmo na rua.
Que cantarolo baixinho
Com saudade e com carinho
Canto que se perpetua:
*
“Ô raio, o sol, suspende a lua.
Olha o palhaço no meio da rua...”
*
Versos e fotos de Dalinha Catunda

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 27 de março de 2019

A HORA DA AVE MARIA

A HORA DA AVE MARIA

*

Na hora da Ave Maria

Bate o sino na capela

Uma oração bem singela

Perpetro no fim do dia

E peço a Virgem da iria

Rogando com devoção:

Protegei o meu sertão

Ó Virgem mãe tão clemente

Resguardai a nossa gente

Eis a minha invocação.

*

Versos e fotos de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 25 de março de 2019

DALINHA CATUNDA E REGIOPIDIO GONÇALVES - CANTORIA

Regiopidio e Dalinha

Dalinha Catunda e Regiopidio Gonçalves

REGIOPIDIO GONÇALVES

Desejo de coração 

Pra senhora e para os seus

Que a luz do filho de Deus 

Atravesse seu portão 

Que a bondade e o perdão 

Do Deus pai celestial 

Traga uma paz sem igual

Cobrindo o lar de alegria 

De amor e de harmonia 

Nessa noite de Natal.

 

*

DALINHA CATUNDA

Querido amigo poeta

Amante da poesia

Recebo com alegria

Essa mensagem seleta

Com minha alma repleta

De natalina emoção

Anseio de coração

Que o filho de Deus Jesus

Seja seu guia sua luz

Sua eterna inspiração.

*

Foto do acervo de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 17 de março de 2019

O PRESENTE PREFERIDO

 

O PRESENTE PREFERIDO

*

Sempre que chega o Natal

Recordo o tempo passado

E a minha lembrança vem

O que mais ficou marcado

Meu presente preferido

Com certeza o mais querido

Que sempre será lembrado.

*

Não era um presente caro

Porém achava perfeito

O meu olhar de criança

Não encontrava defeito

E replena de alegria

Brincava e me divertia,

Ele era o meu eleito.

*

Uma caixinha pequena

Pertinho do meu sapato

Uma agradável surpresa

Sem fita sem aparato

Mas num papel de presente

Eu abri toda contente

Inda me lembro do ato.

*

Qual não foi minha surpresa

Quando abri a tal caixinha

Pois nela tinham três ovos

E por cima uma galinha

Que de cara eu achei bela

Era de cor amarela

Com crista bem vermelhinha.

*

Ela tinha entre as asas

Uma pequena entrada

Para colocar os ovos

Com engenho arquitetada

Depois de uma apertadinha

Agachava-se a galinha

E cada ovinho botava.

*

Brinquei tanto com a galinha

Pois era uma novidade

Sentia-me das meninas

A mais feliz da cidade

E brinquei até quebrar

As molinhas de agachar

Em uma fatalidade.

*

Essa lembrança bonita

Guardei em minha memória

São nacos da minha infância

Pedaços da trajetória

Etapas da minha vida

Intensamente vivida

Mais um ponto na história.

*

Versos de Dalinha Catunda

 

Foto www.pinterest.com


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 13 de março de 2019

UM MOTE E UMA GLOSA - 13.03.19

 

QUEM UM DIA JÁ FOI CANA

AGORA É SÓ BAGAÇO.

*

Hoje você me procura

Mas não lhe dou atenção

Morreu a velha paixão

Virou pó na sepultura

Olhando sua figura

Mal reconheço seu traço

Escapo do seu abraço

Pois meu olhar não se engana

QUEM UM DIA JÁ FOI CANA

AGORA É SÓ BAGAÇO.

*

Mote e glosa de

Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 09 de março de 2019

MEU AMIGO IRINEU, POEMA DE DALINHA CATUNDA

 

 

MEU AMIGO IRINEU

 
 

Irineu da Silva Neto,
Está noutra dimensão
Mas deixou sua amizade
Que guardo no coração
Gentil e bem educado
Assim será registrado
Na minha recordação.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 07 de março de 2019

AMIZADE ACIMA DE TUDO

 

 

AMIZADE ACIMA DE TUDO

 

A minha amizade é
De fato incondicional
Tenho minhas preferências
O que acho natural
Cada um tem o seu jeito
Mas ninguém tem o direito
De querer que eu pense igual.

Quando adiciono alguém
Eu não quero nem saber
Se macumbeiro ou católico
Ou se crente pode ser
Não desabono a postura
De nenhuma criatura
Que escolhe em quem quer crer.

Digo e repito não importa
Seu time e religião
Orientação sexual
Pois isso não conta, não,
Seu partido sua cor
Aceito seja quem for
Respeito é a condição.

Sabemos que na política
No passado e no presente
A corja de desonesto
Nasceu e deixou semente
E não venham defender
Estupido é querer dizer
Que aqui tem inocente.

O pior de tudo isso
Digo com sinceridade
É o ranço da política
Desfazendo amizade
Enquanto cada ladrão
Conforme a situação
Juntam-se em cumplicidade.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 03 de março de 2019

ANO NOVO, VELHO BRASIL

 

ANO NOVO,VELHO BRASIL


ANO NOVO, VELHO BRASIL

*

Êita minha pátria amada

Ó saqueada nação

Entra ano e sai ano

Sem rumo sem solução

Lei aqui não se assevera

Por isso é que prolifera

 No país tanto ladrão.

*

Somente louco acredita

Que tudo vai muito bem

A lama que corre agora

Correrá ano que vem

E o Brasil desgovernado

Podre e contaminado

Virou terra de ninguém.

*

Eu nem sei se Deus daria

Jeito na situação

Roubar é coisa antiga

Já é velha a profissão

E nem Jesus foi poupado

Pois na cruz foi colocado

Ladeado por ladrão.

*

O Brasil hoje é Jesus

Sendo crucificado

É um país promissor

Porém mal acompanhado

E caso não abra mão

De acoitar tanto ladrão

Acabará sepultado.

*

Versos de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 01 de março de 2019

A DESEMPODERADA

 

 

A DESEMPODERADA

 

Eu só quero meus direitos
Não queira me adestrar
Eu não sou empoderada
Nem quero me igualar
Minha vida eu comando
Não tenho bandeira e bando
E gosto de me guiar.

Os mesmos direitos do homem
Confesso não quero ter
Não quero ter falo e saco
E nem ter que endurecer
Meu brinquedo é de montar
O do homem é de armar
Quando enguiça é um sofrer.

A mãe tem sempre certeza
Que o filho que gera é dela
Porém o pai muitas vezes
Acaba numa esparrela
Cria o filho sem ser seu
Isso já aconteceu
Vi na vida e na novela.

Não quero ficar mais tempo
No mercado a trabalhar
Pra me comparar ao homem
Na hora de aposentar
Não estou de sacanagem
Quero ter essa vantagem
Enquanto ela vigorar.

Gosto de mijar sentada
Não quero mijar em pé
Gosto de usar calcinha
Não me vejo de boné
Não quero ficar careca
Nem também usar cueca
No meu tino tenho fé.

Mas uma coisa eu digo
Expondo minha postura
Eu gosto de ser mulher
E sem previsão de cura
Nisso não vejo entrave
O HOMEM É MINHA CHAVE
EU SOU SUA FECHADURA.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 26 de fevereiro de 2019

UM FADO DE ALÉM-MAR

 

UM FADO DE ALÉM-MAR

Dalinha Catunda

Foto da colunista

A lua apontou no céu
A brisa soprou-me a tez
Do rosto tirei o véu
Senti sem desfaçatez.

Senti sem desfaçatez
O bafo da madrugada
Lambendo minha nudez
Na janela eu debruçada.

Na janela eu debruçada
Tendo o vento como açoite
Lasciva desvirtuada
Beijei a boca da noite.

Beijei a boca da noite
E no sublime beijar
Eu alonguei o pernoite
E me envolvi ao luar.

E me envolvi ao luar
Na minha lascividade
Foi um fado de além-mar
Autor da ludicidade.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 23 de fevereiro de 2019

UMA GLOSA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA)

 

UMA GLOSA

Dalinha Catunda

Sou trocista e faço graça
Dos versos sou alquimista.

Mote desta colunista

Eu sei que o mundo não é
Só graça, só alegria,
Mas por nada eu perderia
No bom Deus a minha fé
E por isso estou de pé
Não sou mulher pessimista
Sou poeta cordelista
Não dou aval a desgraça
Sou trocista e faço graça
Dos versos sou alquimista.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 20 de fevereiro de 2019

UMA GLOSA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA)

 

UMA GLOSA

Dalinha Catunda

Tanta mulher dando sopa
E eu sem colher pra tomar.

Mote de Abel Fraga

Quando tinha pouca idade
Me achava um garanhão
Não me faltava tesão
Digo com sinceridade
Provei da felicidade
E mais queria provar
Mais vi o pinto arriar
Não vai mais de vento em popa
Tanta mulher dando sopa
E eu sem colher pra tomar.

Este mote está no livro A Prisão de São Benedito, de autoria de Luiz Berto.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 18 de fevereiro de 2019

EU SOU O SERTÃO! (POEMA DE DALINHA CATUNDA)

 




EU SOU O SERTÃO!

*

Nas terras alencarinas

Eu nasci e me criei

Não foi por causa da seca

Que de lá eu desertei

Parti pra me libertar

E aprender a voar

Migrante assim me tornei.

*

Mesmo desertificado

Eu não largo meu sertão

Viajo pra todo lado

Mas não esqueço meu chão

O mato pode secar

O meu açude rachar

Não mudo de opinião!

*

Sou ave de ribaçã

Não esqueci o roteiro

Vivo entre o Ceará

E o Rio de Janeiro

Tatuei no coração

O retrato do sertão

O meu reino verdadeiro.

*

E quem nunca tibungou

No rio de sua aldeia

Quem nunca namorou

Ao clarão da lua cheia

Quem ao som dum sanfoneiro

Não se enroscou num terreiro

Num chamego que enleia.

*

Só sabe o que é sertão

Quem bebeu água de pote

Já tomou banho de cuia

E sabe o que é um xote

E antes de ser beijada

Já ficou arrepiada

Com o cheiro no cangote.

*

O nordeste é terra quente

Por isso gosto de lá

Sou filha das Ipueiras

Que fica no Ceará

Pertinho do Piauí

Vou ficando por aqui

E jamais ao Deus dará.

*

 

 Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 17 de fevereiro de 2019

A TERRA ESPERA CHORANDO AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU (CORDEL DE DALINHA CATUNDA)

 

- A TERRA ESPERA CHORANDO
AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU.

*

PEDRO ERNESTO

O olho d’água não vê,
a correnteza não corre,
o morro geme e não morre
e a previsão não prevê;
o vento não diz porque
o trovão se tornou réu,
o silêncio do xexéu
todo mundo está notando
- A TERRA ESPERA CHORANDO
AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU.

*

DALINHA CATUNDA

O sertanejo faz prece

Reza para São José

Porém logo perde a fé

Na estiagem padece

De chuva ele carece

E sem fazer escarcéu

Tira e bota seu chapéu

Taciturno observando

- A TERRA ESPERA CHORANDO
AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU.

*

RAUL POETA

O sertanejo padece
com a secura do açude,
animal perde a saúde,
o solo só endurece,
a esperança falece,
o tempo torna-se incréu,
tudo vira um fogaréu
furioso e calcinando
- A TERRA ESPERA CHORANDO
AS LÁGRIMAS QUE VÊM DO CÉU.

*

Mote de Pedro Ernesto


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 15 de fevereiro de 2019

LENHA NA LOCOMOTIVA

 

ENHA NA LOCOMOTIVA

Dalinha Catunda

Foto da colunista

Eu comprei sua passagem
E guardei o seu lugar
No trem da felicidade
Imaginei viajar
Arquitetei cada rito
O sonho era bonito
Mas não vi você chegar

Pra não perder a viagem
Programei nova ilusão
Sempre tem alguém querendo
Um espaço num vagão
E depois pensando bem
Nunca fui de perder trem
Dei-me bem na condução.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 10 de fevereiro de 2019

NA INVERNADA (POEMA DE DALINHA CATUNDA)

 

NA INVERNADA

*

Quando finda a estiagem

Quando chove no sertão

Tudo fica diferente

Brota logo a plantação

A chuva cai todo dia

Biqueira faz melodia

Quando o pingo cai no chão.

*

Relâmpago risca o céu

Vejo o corisco brilhar

O barulho do trovão

Não chega a me assustar

Por detrás do nevoeiro

A serra some ligeiro

Parecendo se encantar

*

A brisa que sopra mansa

Logo vira vento forte

Nos braços da ventania

Cai a chuva muda a sorte

Cheiro de terra molhada

Anuncia a invernada

Novo rumo, novo norte.

*

A caatinga se refaz

Faz mágica a natureza

A grota enche o açude

Na força da correnteza

O rio bota enchente

Meu olhar segue a corrente

Perde-se na boniteza.

*

 

Versos e foto de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 30 de janeiro de 2019

UM MOTE E UMA GLOSA - 30.01.19

 

PORÉM PRÍNCIPE ENCANTADO

É COISA DE ANTIGAMENTE.

*

Peguei meu lápis de cor

Colori nosso universo

Ao lado de cada verso

Eu desenhei uma flor

No caderninho do amor

Eu brinquei de adolescente

Até cupido inocente

Inventei para recado

PORÉM PRÍNCIPE ENCANTADO

É COISA DE ANTIGAMENTE.

*

Botei um batom carmim

E beijei o bilhetinho

Dobrei com todo carinho

Mas não guardei só pra mim

Mandei pra você, enfim,

Toda feliz e contente

Pois não tirava da mente

Meu pretenso namorado

PORÉM PRÍNCIPE ENCANTADO

É COISA DE ANTIGAMENTE.

*

Mas enquanto eu desenhava

O mais bonito castelo

Meu sonho que era belo

Aos poucos desmoronava

Feito criança eu chorava

A dor no peito presente

E o travesseiro ciente

Solidário me alertava:

PORÉM PRÍNCIPE ENCANTADO

É COISA DE ANTIGAMENTE.

*

Versos de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 29 de janeiro de 2019

UM MOTE E UMA GLOSA - 29.01.19

 

EU SINTO O CHEIRO DO GADO

ATÉ QUANDO ESTOU DORMINDO.

*

Quando recordo o sertão

A nostalgia me ataca

Lembro o mugido da vaca

Nas manhãs daquele chão

Os passos do meu peão

Parece que estou ouvindo

Suado mas se exibindo

Estava sempre ao meu lado

EU SINTO O CHEIRO DO GADO

ATÉ QUANDO ESTOU DORMINDO.

*

Glosa de Dalinha Catunda

Mote: Francisco Evangelista


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 27 de janeiro de 2019

GENTE BESTA

 

GENTE BESTA

 
 

GENTE BESTA
*
DALINHA CATUNDA
Tem muita gente no mundo
Que não tem nem um tostão
Porém só quer ser as pregas
Quase não pisa no chão
Com o nariz empinado
Não perde o rebolado
Mas morre de precisão.
*
RAINILTON DE SIVOCA
Eu detesto o pobre besta
Que é metido a ricão
Que não paga o que deve
Pra viver de ostentação
Usando perfume caro
E andando só em carrão.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 10 de janeiro de 2019

VOU DE VAGA-LUME

 

Vou de vaga-lume

 

Vou de vaga-lume

*

Pra brincar o carnaval

Consultei o meu guru

Sem dinheiro pro cocar

Botei pena de urubu

A roupa a gente resume

Vou tal qual o vaga-lume

Só com luz no mucumbu.

*

 

Versos e foto de Dalinha


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 06 de janeiro de 2019

EVITE A PICADURA

 

 

 

EVITE A PICADURA

*

Amigo isto é verdade

Eu falo porque convém

Fuja da picadura

Suprima os ovos também

E tenha todo cuidado

O mosquito é abusado

 

E não respeita ninguém.

*

Versos - Dalinha Catunda

Charge - Alex Ponciano


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 04 de janeiro de 2019

DESPIDA DE PRECONCEITO

 

DESPIDA DE PRECONCEITO

Rezo pra Nossa Senhora
Com fé diante do altar
Ladainhas e benditos
Sempre gostei de cantar
E cheia de devoção
Acompanho procissão
Nas novenas do lugar.

Ouvindo pontos de umbanda
Junto começo a cantar
Cheia de requebrados
Faceira chego a dançar
E você nem acredita
Igual a moça bonita
Eu faço a gira girar.

Cantarolo um canto gospel
Apesar de não ser crente
A beleza d’um louvor
Não me deixa indiferente
Despida de preconceito
Respeito e também aceito
Quem de mim é diferente.

Se seu time não é o meu
Isso não me contrafaz.
Se seu partido é outro
Isso pra mim tanto faz
Só cultiva a amizade
Quando há diversidade
Quem realmente é capaz.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 30 de dezembro de 2018

MINHA CANTIGA DE CEGO

 

MINHA CANTIGA DE CEGO

Nessa cantiga de cego
Eu quero te desejar
Saúde e felicidade
No ano que vai chegar
Desejo também fartura
Para abastecer seu lar.
Da praga do mau vizinho
Rogo a Deus pra te livrar
A santa Luzia eu peço
Pra teus olhos conservar
Para que a luz do dia
Nunca venha te faltar.
Que Deus pai te dê vergonha
Pra não roubar nem matar
Que te dê muito juízo
Para não desatinar
Que te cubra de fortuna
Que é para o pobre ajudar
Que Deus lhe dê gratidão
Pra de pai e mãe cuidar
Dobre sua paciência
Pra deles não judiar
Que Deus te compreensão
Para apender perdoar
Que a vida fique mais leve
E menor o teu pesar.
Da sina do mau amigo
Que Deus possa te livrar
Que o punhal da traição
Não chegue a te alcançar
Deus te cuide, Deus te guie,
Deus te ajude a caminhar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 29 de dezembro de 2018

TRÊS GLOSAS

 

TRÊS GLOSAS

Saudade é dor que martela
Dói no peito e faz chorar.

Mote da colunista

É quando chega o Natal
E aponta o Ano Novo
Que a saudade do meu povo
Bate forte sem igual
A tristeza é vendaval
Que sopra e não quer parar
Difícil não soluçar
Pois o pranto não protela:
Saudade é dor que martela
Dói no peito e faz chorar.

A mesa que se fazia
Celebrando nossa ceia
Agora não é mais cheia
Aos poucos se esvazia
Falta papai e titia
Tony foi sem avisar
Cesar não posso abraçar
E a verdade me revela:
Saudade é dor que martela
Dói no peito e faz chorar.

Se eu pudesse me meter
Num buraco bem profundo
Esquecer a dor do mundo
Que chega e me faz sofrer
Se eu pudesse me esconder
Pra minha dor sufocar
Jamais iria cantar
Um canto que se rebela:
Saudade é dor que martela
Dói no peito e faz chorar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 23 de dezembro de 2018

SERTÃO, BENDITA LEMBRANÇA

 

SERTÃO, BENDITA LEMBRANÇA

 

 

Relembro o tempo passado

Que na memória guardei

A casa onde eu morava

A vida que eu levei

Nem tinha televisão

Mas ali, naquele chão

O melhor tempo passei.

*

No velho fogão a lenha

A minha mãe cozinhava

O abano atiçava o fogo

A caça na brasa assava

Com preá e avoante

Naquele tempo distante

A família se fartava.

*

De chafariz ou cacimba,

Meu caro amigo anote

Era a água de beber

Que se botava no pote

Ou mesmo numa quartinha

Água ficava fresquinha

Caneco tinha um magote.

*

No caneco de alumínio

Tinha meu nome gravado

E cada irmão tinha o seu

Mamãe tinha este cuidado

E pra não entrar caçote

Uma boina tinha o pote

Com laço bem amarrado.

*

Naquele velho sertão

Que vivi quando menina

Por lá se dormia cedo

Luz era só lamparina

E ainda pro meu regalo

Lá se acordava com o galo

Linda aurora nordestina.

*

A lembrança quando bate

Desperta minha saudade

Recordo a vida singela

E a minha felicidade

Os costumes do sertão

Que jamais se apagarão

Da minha realidade

*

Rio de Janeiro, 09/02/2016

 

Versos e fotos Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 20 de dezembro de 2018

MARCAS INDELÉVEIS

 

 
MARCAS INDELÉVEIS

Relíquia preciosíssima!
Eu tive tanto cuidado…
Era meu vaso chinês
Um presente inusitado.
Lá se foi minha ilusão
Quando vi cair ao chão,
E ficar fragmentado.

Primeiro fiquei atônita,
Sem poder acreditar.
Depois do atordoamento
Cheguei a me ajoelhar,
Caco por caco peguei,
Nem sei bem como juntei!
Mas resolvi restaurar.

De posse dos fragmentos
Em total concentração,
Eu colei cada pedaço,
Cheguei a ferir a mão,
Mas nada me consolava
Pois do vaso só restava
A minha desilusão.

Me esmerei pra consertar
Aquele meu mimo antigo.
Botei no mesmo lugar,
Mas quando olho maldigo.
Profundamente marcado,
Vejo o brinde do passado,
Indo quase pro jazigo.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 13 de dezembro de 2018

DUAS GLOSAS

 

 
DUAS GLOSAS

Bastinha Job e Dalinha Catunda; foto do acervo da colunista

Mote de Heliodoro Morais:

Fechou a porta do peito
E jogou a chave fora.

* * *

Há tempos estou vagando
No meu caminho a esmo
Já não encontro a mim mesmo 
Sou vontade, sem comando 
No mar da vida remando 
Meu navio não ancora
É preciso sem demora 
Recuperar meu conceito:
Fechou a porta do peito
E jogou a chave fora.

Bastinha Job

Eu estava me trocando
Quando meu amor chegou
E de soslaio me olhou
Aos poucos foi se engraçando
Já estava se animando…
Foi quando pedi na hora:
Me ajude a fechar agora
Meu soutien com respeito!
Fechou a porta do peito
E jogou a chave fora.

Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 06 de dezembro de 2018

VAI UMA MACAXEIRA AÍ?

 

 
VAI UMA MACAXEIRA AÍ?

Foto da colunista

No meu sítio tem fartura
Eu não posso me queixar
Contudo tem certas coisas
Que chego a me admirar
Olhando essa macaxeira 
Até peguei na peixeira
Mas tive dó de cortar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 03 de dezembro de 2018

O CORRUPIÃO

 

O CORRUPIÃO 

Foto da colunista

No finalzinho do tarde
Ou no amanhecer do dia
Ouço um lindo passarinho
Com sua bela melodia
Cantando lá na palmeira
A bela carnaubeira
E me trazendo alegria.

Seu cantar é envolvente
De fato chama atenção
Tem a beleza na cor
É pássaro do sertão
Ele é mais uma riqueza
Habitando a natureza
Chamado corrupião.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 27 de novembro de 2018

NO DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS - SERTANEJANDO

 

NO DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS


Mote de Bastinha Job:

No dia de ação de graças
Muita paz, muita união!

É dia de agradecer
Por tudo que nós colhemos
A colheita que tivemos
Ao Próximo oferecer,
Compartilhar é dever
Do homem, do cidadão
Abraçar a cada irmão
Brindar em todas as taças
No dia de ação de graças
Muita paz, muita união!

Bastinha Job

Ao bom Deus eu agradeço
Por sua misericórdia.
Por me livrar da discórdia
Nem sei se tanto mereço,
Porém trago com apreço
Jesus em meu coração.
Anseio com devoção
Em casas, ruas e praças,
No dia de ação de graças
Muita paz, muita união!

Dalinha Catunda

 
 
 
 
SERTANEJANDO


Fotos da colunista

Quando escancaro a porteira
Para entrar em meu rincão
A dona felicidade
Faz festa em meu coração
Uma brisa benfazeja
Invade essa sertaneja
Que não esquece o sertão.

Cada tarde é deslumbrante
Ver o ocaso acontecer
Por detrás da serra grande
Assisto o sol se esconder
Deixando um resto de luz
Crepúsculo que seduz
No dourado entardecer.

Tibungando em minhas águas
Eu vejo o sol desmaiar
Entre um mergulho e outro
Consigo me refrescar
E na boquinha da noite
O Aracati é açoite
Que chega com o luar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 25 de novembro de 2018

CHICO PEDROSA E A BUCHADA DA PÉU

Chico Pedrosa

CHICO PEDROSA E A PÉU

*

Você esta vendo este Homem

Rezando compenetrado

Roga a Deus em oração

Perdão pra cada pecado

Nem sei se entrará no céu

Sujou o nome de Péu

Nome hoje emporcalhado.

*

Este homem minha gente

Não é um cabra qualquer

Mas difamou para o povo

A cozinha da mulher

Que fazia uma buchada

Bem limpinha, bem lavada

Como a limpeza requer.

*

A Péu caiu em desgraça

Ao contrariar Pedrosa

Que fez da sua buchada

A coisa mais horrorosa

Falou tanta porcaria

Que o povo não mais queria

A tal buchada sebosa.

*

Tudo isso aconteceu

Porque ela recusou

De mandar uma marmita

Que Chico solicitou

Porém no dito momento

Não falou em pagamento

E a quentinha não levou.

*

Pra Péu ficou feia a coisa

Foi a partir desse dia

Chico disse a todo mundo

Que sua comida fedia

Dona Péu desesperada

Não fez mais sua buchada

Pois perdeu a freguesia.

*

Meu caro Chico Pedrosa

Amigo do Coração

Além de rezar na igreja

A Péu peça seu perdão

Da buchada fale bem

Sei que poder você tem

Conserte a situação!

*

Versos e foto de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 18 de novembro de 2018

FACES DO CORDEL

 

FACES DO CORDEL

Foto desta colunista

Dona de si bem segura
A mulher segue o cordel,
E faz bonito papel,
Respeita a literatura.
Preconceito não atura,
Entra na roda com gosto
Assume de vez seu posto!
Demonstra capacidade
E com criatividade
Ao cordel dá novo rosto.

Eu hoje sem embaraço,
Com muita dedicação,
Trago minha tradição,
E vou mostrando meu traço.
Aqui no Ciberespaço,
Digitando cada linha,
Meu verso não desalinha!
Pois sou mulher de vanguarda,
Que a nova mídia resguarda,
E ao progresso DA LINHA.

Cordel é reconhecido
É bem imaterial
Com certeza cultural
No Brasil é bem regido
Na escola faz sentido
Agora ser adotado
Em sala de aula aplicado
Vai firmar a nossa arte
Eu já faço a minha parte
E tenho me dedicado.

Já é hora de aprender
Que o cordel não é simplório
Impõe-se em cada auditório
Na peleja do saber
Para melhor entender
A literatura em verso
Desvende esse universo
Aprenda o regulamento
Pois só o conhecimento
Protege-nos do adverso.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 11 de novembro de 2018

JOAMES X DALINHA

 

“Somos animais políticos”,
Disse um grande pensador;
Mas a política do ódio
Gera conflito e terror;
A verdadeira política
Prega a justiça e o amor!

Joaquim Mendes – Joames

E tudo que eu não queria
Hoje vejo acontecer
A confusão entre amigos
Amizade perecer
Diante dessa disputa
Muitos mudam de conduta
Nem chego a reconhecer.

Dalinha Catunda

Pois está acontecendo
Minha querida Dalinha,
Há conflito em toda parte,
Confusão onde não tinha,
E não é só em Brasília,
Atinge a toda família,
Inclusive até a minha!

Joaquim Mendes – Joames

Amigo, vou lhe dizer:
Não adianta brigar,
Pelo sujo e o mal lavado
Discutir e se intrigar.
O que acontece de fato,
É que o povo paga o pato,
Inda quer mico pagar.

Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 10 de novembro de 2018

VERSOS DE VAQUEJADA

 

VERSOS DE VAQUEJADA

Conheço cabra valente
Conheço frouxo também
O frouxo eu logo dispenso
O valente me convém
Se souber cuidar de gado
E se for do meu agrado
Lugar na fazenda tem.

Peão que pega no laço
E o boi não sabe laçar
É peão feito nas coxas
Não serve pra campear
Pras bandas do meu sertão
Vaqueiro tem precisão
O alvo não pode errar.

Quando o vaqueiro desponta
Bem cedo naquela estrada
Seu aboio puxa o gado
E me deixa arrebatada
Para ver cena tão bela
Me debruço na janela
Até sumir a boiada.

Peão quando é corajoso
Digo sem medo de errar
Nunca desiste do boi
Com ele sabe lidar
Valente enfrenta a caatinga
Se benze depois da pinga
E começa a aboiar.

Quando escuto um aboio
Só me lembro do sertão
Dos tempos das vaquejadas
Das festas de apartação
Distante do meu lugar
Vivo sempre a recordar
Costumes do meu torrão.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 04 de novembro de 2018

A LÁGRIMA DO SERTANEJO ENSOPA O CHÃO RESSECADO

 

 

 

A LÁGRIMA DO SERTANEJO 

ENSOPA O CHÃO RESSECADO.

Mote: Pedro Ernesto

*

DALINHA CATUNDA

O sertanejo faz prece

Reza pra chuva cair,

Se cai, começa a sorrir,

Pois sabe que o chão carece.

Ele que nunca esmorece,

Vê o nascente tomado,

Olha o céu emocionado,

 E chora perdendo o pejo.

-A LÁGRIMA DO SERTANEJO 

ENSOPA O CHÃO RESSECADO.

*

REGIOPIDIO GONÇALVES

Se renova a esperança 

de cair chuva no chão, 

quando o canto do carão 

Ecoa pela ribança. 

Até onde a vista alcança 

se enxerga o céu nublado, 

Com o campônio emocionado 

com trovão e relampejo. 

-A LÁGRIMA DO SERTANEJO 

ENSOPA O CHÃO RESSECADO.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 28 de outubro de 2018

CURADA DE COBRA

CURADA DE COBRA

Dalinha Catunda

 

Você foi fogo de palha
Que a labareda lambeu
Foi nuvem que virou chuva
Caiu no chão e correu
Foi o canto da cigarra
Só pra cantar teve garra
Depois do esforço morreu
*
Você foi folha ao vento
Que a tempestade levou
Você foi caldo de cana
Que na cabaça azedou
Você foi cobra criada
Seu bote não valeu nada.
Curada de cobra sou.
 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 18 de outubro de 2018

O POVO É O PATRÃO

 

 
O POVO É O PATRÃO!

Quem pensa que o povo é bobo
Está perdendo dinheiro
Já não cai mais na falácia
De politico embusteiro
Nosso povo hoje é sabido
Sabe bem quem é bandido
Sabe quem é quadrilheiro.

Gostei no primeiro turno
Da limpeza efetuada
Quem se meteu em lambança
Teve a sua derrocada
O povo se dinamiza
Engana até a pesquisa
Passa a perna na cambada.

O povo tem a certeza
Que está na sua mão
O dedo que tecla a urna
Que decide uma eleição
Entra e sai pelo ouvido
A companha sem sentido
Vale é sua opinião.

Políticos descarados
Assaltaram a nação
Saquearam o país
E o povo na precisão
O que eu digo é garantido:
É o nosso povo unido
Dos políticos, patrão.

A votar em A ou B,
Não aconselho ninguém.
Na ficha dos candidatos
A vida pregressa vem
Veja o passado e o presente
Dê seu voto consciente
Tecle no que mais convém.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 16 de outubro de 2018

MESTRES, MEUS SENTIMENTOS

 

 
MESTRES, MEUS SENTIMENTOS!

Faço minha louvação
Nesse dia ao professor,
Que na mão de agressor
Padece a dor da agressão.
É chutado é atacado,
E seu único pecado,
É repassar instrução.

Educação vem de casa
E não cabe ao professor.
Com licença e obrigado,
E a palavra, por favor,
Não vejo em circulação
Porque falta educação
O aluno só faz terror.

Os direitos das crianças,
Falta de pulso dos pais,
Degradação da família
São sintomas, são sinais,
Que levam os professores
A lidar com infratores
Muitos deles marginais.

Eu até tentei louvar,
Mas não saiu louvação.
Aos mestres, meus sentimentos!
A todos peço perdão!
Desculpem pelos descasos
Destes governantes rasos
Que não honram a nação.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 14 de outubro de 2018

MAS SE LHE DEIXAR CONTENTE, PROFANE MINHA ORAÇÃO

 

Mas se lhe deixa contente/ Profane minha oração.

 

“Mas se lhe deixa contente

Profane minha oração”

 

Mote: Dalinha Catunda

*

Meu verso é metrificado

Sempre capricho na rima

Porém você subestima

Acha que é só leriado

Não sou mulher de recado

Mesmo assim preste atenção

O que lhe falta é tesão

E um olhar diferente

“Mas se lhe deixa contente

Profane minha oração.”

Dalinha Catunda

*

Deus me livre do invejoso

Essa cobra peçonhenta

Que rasteja e sempre tenta

De modo audacioso,

Covarde, pernicioso

Ataca sempre á traição

O despeito é a razão

De tanta inveja que sente:

“Mas se lhe deixa contente

Profane minha oração.”

 

Bastinha Job


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 08 de outubro de 2018

POR UMA LUTA MAIOR, POEMA DE DALINHA CATUNDA

 

Por uma luta maior

Dalinha Catunda

*

Uma coisa vou dizer,

Prestem muita atenção,

Aqui em vez de partido

Nós temos é facção

O Brasil está fodido

Pois quase todo partido

Tem no antro seu ladrão.

*

O povo briga entre si

Só defendendo canalha

Nossa pátria enlameada,

O mundo inteiro avacalha

Nesse momento infeliz

Ninguém defende o país

Defende quem achincalha.

*

Eu não sou A nem sou B

O Brasil é meu partido

Eu queria ver o povo

De verdade bem unido

Honrando nossa bandeira

Numa luta verdadeira

Um povo mais aguerrido.

*

 

Versos: Dalinha Catunda

Charge Newton Silva


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 04 de outubro de 2018

O COISO SABE COISAR

 

 
 
O CABRA SABE COISAR…

Dalinha Catunda:

“Vai ver que o sujeito entende
Da tal arte de agregar
Se tratando de mulher
Sabe até como tratar
Não vou nem fazer perguntas
Pois se as duas estão juntas
O cabra sabe coisar.”


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 25 de setembro de 2018

SÃO TANTOS COISOS...

 

 
SÃO TANTOS “COISOS”…

Não vou sair pra coisar
No dia dessa eleição
Pois é tanto “coiso” ruim
Que cheguei à conclusão
Que na hora de “coisar”
Para errado não votar
Vou mesmo de anulação.

Se tem um “coiso” com arma,
Tem um “coiso” cangaceiro,
Temos o “coiso” laranja,
No lugar do prisioneiro.
Temos a coisa também,
Sem tino pra ir além
É só “coiso” o tempo inteiro!


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 22 de setembro de 2018

SEM AS TRAMELAS DA MENTE - DEIXA O MEU VERSO PASSAR

SEM AS TRAMELAS NA MENTE, DEIXEI O MEU VERSO PASSAR

*

Larguei de lado o temor,

E do jeito que eu queria

Entreguei-me a poesia

Sem receio e sem pudor.

Lasciva falei de amor

Para os versos temperar,

Meu humor não vou largar,

Sou poeta independente.

SEM AS TRAMELAS NA MENTE

DEIXEI MEU VERSO PASSAR.

 Dalinha Catunda

*

Toda estância bem cuidada

Tem uma "bela porteira"

Pra quem chega na ribeira

Se alegrar já na entrada

Assim foi minha chegada

Neste bonito lugar

Liberto para rimar

Senti-me um vate contente

SEM AS TRAMELAS NA MENTE

DEIXEI MEU VERSO PASSAR.

 

Gregório Filomeno

*

A Musa não me censura

E nem me põe nenhum freio

Porque não tenho receio

Já enfrentei ditadura

Minha lira é armadura

Não deixa o mal me atacar

Me dá força pra lutar

Livre, leve, inteligente:

SEM AS TRAMELAS NA MENTE 

DEIXEI MEU VERSO PASSAR

 

Bastinha Job

*

Eu fiz longa caminhada

Em uma estrada sem fim

E nela encontrei Caim

No sofrer d'alma penada

Passou numa disparada

Mas ouvi sua voz soar:

Rezem para eu alcançar

O perdão do Onipotente

SEM AS TRAMELAS NA MENTE

DEIXEI MEU VERSO PASSAR.

 

Guaipuan Vieira

*

Eu estou ressabiado

Pelos percalços da vida

E pra sarar a ferida

Muito tenho confessado

Porém, Deus tem me ajudado

Dando forças pra lutar

Em versos vou expressar

Tudo que o coração sente

SEM AS TRAMELAS NA MENTE

DEIXEI MEU VERSO PASSAR...

 Luiz F. Liminha

 

Ninguém conseguiu prender,

nem sequer pôde impedir  

meu verso solto sair  

com o que teve de dizer.

Tal versejar foi querer

o prazer de revelar,  

no mais simples poetar,  

tudo que meu ser mais sente,

SEM AS TRAMELAS NA MENTE,

DEIXEI MEU VERSO PASSAR.

Marcos Medeiros

*

 

Mote e foto de Dalinha Catunda


Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros