Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 29 de maio de 2018
BRASIL SEM FREIO E SEM DIREÇÃO
Saí do meu canto agreste
Deixei longe meu sertão
Quase não chego ao destino
Presa em paralisação
Cheguei ao Rio de Janeiro,
E salve o caminhoneiro!
Salve a civilização!
Tudo está se resolvendo
Nas rodas do caminhão
O governo abre as pernas
Pra greve que é de patrão
Vai surgir imposto novo
Quem vai pagar é o povo
Vem mais contribuição.
É nesse país sem rumo,
Sem freio, sem direção,
Que brevemente teremos
Que votar em eleição,
Porém não fico contente
Meu medo é que novamente
Se eleja mais um ladrão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 27 de maio de 2018
MEU BRASIL ESTÁ ROUBADO E DEUS PAI É TESTEMUNHA
MEU BRASIL ESTÁ ROUBADO
E DEUS PAI É TESTEMUNHA
(05.04.2016)
*
Governando os brasileiros
Eu só vejo “competente”
DILMA como presidente
E no senado CALHEIROS
Comandando os picadeiros
Onde não falta a mumunha
Na câmara Temos CUNHA
Com este bando formado
MEU BRASIL ESTÁ ROUBADO
E DEUS PAI É TESTEMUNHA.
*
Mote e glosa de Dalinha Catunda
Imagem: blogodomarioflavio.com.br
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 20 de maio de 2018
FELIZ QUEM SABE BEBER NA FONTE DA POESIA
FELIZ QUEM SABE BEBER
NA FONTE DA POESIA.
*
GREGÓRIO FILOMENO
Em qualquer ocasião
De chegada ou de partida
Podemos sentir na vida
Grande ou pequena emoção
Um choque no coração
Vem por mágoa ou alegria
Mas um sonho, uma utopia
Podem a alma enternecer
FELIZ QUEM SABE BEBER
NA FONTE DA POESIA.
*
DALINHA CATUNDA
Quando voa o pensamento
Quando se aconchega a musa
A vontade não recusa
Cede ao envolvimento
E se entrega ao movimento
Mergulha na fantasia
Do verso surge a magia
Da magia o prazer
FELIZ QUEM SABE BEBER
NA FONTE DA POESIA.
*
-MOTE DE ADEMAR RAFAEL—
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 19 de maio de 2018
UMA GLOSA - 19.05.18
Campeei pelo sertão
Na garupa dum vaqueiro
No seu galope ligeiro
Mais veloz que um avião
Quando vi que faltou chão
Do céu abri a porteira
Jesus saiu na carreira
E me agarrou pelo braço
“Eu, querendo, também faço
Igualzinho a Zé Limeira.”
Mote sugerido por Marco Haurélio
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 14 de maio de 2018
POLITICANDO
POLITICANDO
*
Por três coisas neste mundo
Eu não crio confusão
É futebol e política
E também religião.
Posso até não concordar
Mas sempre vou respeitar
Quem tem sua posição.
*
Cada qual com seus valores
Cada um com seu olhar
Pois cada pessoa enxerga
Só o que quer enxergar
Existe o certo, o errado,
Mas cada um tem seu lado
E não vale argumentar.
*
Eu boto num saco só
A Dilma, Cunha e Calheiros,
Comandantes da nação
Vergonha dos brasileiros
E no meio desse ardil
Eu só defendo o Brasil
Deixo fora os embusteiros.
*
Mas como disse e repito,
Essa é minha opinião
Defendo nossa bandeira
Defendo nosso brasão
Não vejo anjos na terra
Não vale o que a gata enterra
Quem comenda essa nação.
*
Versos de Dalinha Catunda
Charge Spon holz
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 07 de maio de 2018
ROGANDO A PADIM CIÇO
ROGANDO A “PADIM CIÇO”
*
DÃO DE JAIME
Fui visitar meu padim
Do Juazeiro do Norte
Do Nordeste é o santo forte
Que nos livra da que é ruim
Pedir saúde pra mim
Só pai nosso rezei três
Ave Maria umas seis
Nessa viagem que fiz
Me senti muito feliz
Rezei por todos vocês.
*
BASTINHA JOB
Dao deJaime, obrigada
Por ter rezado por mim
Pedindo pra meu Padim
A reza é gratificada
A graça é alcançada
Padim Ciço te proteja
Que a tua vida seja
Repleta de alegria
E que a Musa da Poesia
Contigo sempre esteja!
*
DALINHA CATUNDA
Também fui a Juazeiro
Fazer minha oração
Ajoelhei-me no chão
Lá tirei um terço inteiro
No cofre botei dinheiro
E voltei pra ladainha
Rezei a Salve Rainha
E pra completar o rito
Eu entoei um bendito
Completando a louvaminha.
*
Foto de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 17 de abril de 2018
A FORÇA DO POVO
Enquanto nesse país
Pregarem desunião
Não vai ter povo feliz
Com força nessa nação.
Botam pobres contra rico
Qualquer patrão nessa luta
Não vale nada é um tico
Tacham de filho da puta.
E a classe politiqueira
Que ao rico pede propina
Dá esmola para o pobre
E a ser contra o rico ensina.
Se o povo for pau mandado
De político ladrão
Seguirá desgovernado
Sem mostrar força a nação.
Sei que força o povo tem
Se ele resolver lutar
Unido ele vai além
Basta só saber somar.
Nesse Brasil dividido
Reino de tantos ladrões
Se o povo não for sabido
Se lasca nas eleições.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 14 de abril de 2018
SÓ LIMEIRANDO
O mundo está se acabando
E eu lambendo rapadura
Fazendo versos rimados
E sem perder a estrutura
Ficar calada é um tédio
Pra garganta um bom remédio
É bunda de tanajura.
Eu ando de bicicleta
Porém já montei jumento
Jesus Cristo está no céu
O cão vive seu tormento
A roupa tá no varal
Da chuva não vi sinal
Mas lá vem um pé de vento.
Fiz um prato de pirão
Para comer com pimenta
Já queimei a minha língua
Mas o cheiro tá na venta
Nas contas do meu rosário
Rezei sem ser missionário
A ladainha que invento.
Trepei no mandacaru
Pras bandas do Ceará
Tirei um fruto bonito
Tinha mais de mil por lá.
Mamãe se casou com Chico
Nunca vi tanto fuxico
Pensei do lado de cá.
Eu conheço chumbo grosso
Também munição trocada
Pra não entrar em peleja
Eu dei uma de abestada
Salve quem morreu na cruz
E atendia por Jesus
Salve, salve a pátria amada!
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 06 de abril de 2018
UMA GLOSA - 06.04.18
Estão matando o Brasil
Mas eu me finjo de morta.
Mote da colunista
Vejo o Brasil desgastado
Totalmente corrompido
Vejo o povo dividido
País desmoralizado
O supremo maculado
O caos ninguém mais suporta
Essa política torta
Cansou-me por ser tão vil
Estão matando o Brasil
Mas eu me finjo de morta.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 26 de março de 2018
OS ANJOS DO BRASIL
*
Vejam só que covardia
Vejam que situação
Premeditarem um golpe
Tirar a mãe da nação
Mulher de capacidade
Que com sua habilidade
Salvou o nosso torrão.
*
Nunca se viu um Brasil
Crescer como agora cresce
Vejam nossa economia,
De ajustes não carece
É um país respeitado
Próspero e bem governado
O nosso aplauso merece.
*
No comando desta pátria
Pra nossa satisfação
A honestidade é praxe
Qualifica o cidadão
Orgulho-me em dizer
Sem abuso de poder
Prospera nossa nação.
*
Vejam nossa presidente
Mulher de mente brilhante
Vítima dos seus algozes
Sem poder ir adiante
Hoje murcha ressentida
Sem prepotência cabida
Que o poder lhe garante.
*
Quantas infâmias, injúrias,
Bem maior do que eu supunha
Quantos falsos levantados
Contra Eduardo Cunha
Não reconheço o Brasil
Que desta forma tão vil
Mata qualquer um na unha.
*
Até Renan Calheiros
Presidente do Senado
Homem probo, virtuoso,
Também foi enlameado
Como pode um cidadão
Que defende essa nação
Ser também injustiçado.
*
O Brasil vai muito bem
Não existe corrução
Isso é só trama da mídia
Da Veja e oposição
Se você não entendeu
Quem lamenta aqui sou eu
Mas fiz a declaração.
*
Versos de Dalinha Catunda
Charge Spon Holz
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 25 de março de 2018
SOU TANTAS E SOU DO LAR
*
Eu sou de cama e de mesa
Mulher guerreira também
Só faço o que me convém
Essa é minha natureza
Cuido da minha beleza
E gosto de versejar,
Sei lavar e sei passar
Piloto bem um fogão
Sou vento, sou furacão,
Sou calmaria do lar
*
Às vezes sou recatada
Às vezes sou exibida
Sou mais do que atrevida
Sou fera em cada jornada
Eu sou mulher bem amada
Sou mãe e sou companheira
Não curto essa baboseira
De rotular a mulher
Cada um faz o que quer
O resto é só roedeira!
*
Foto e versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 24 de março de 2018
TRÊS GLOSAS
Vão pelando a natureza
Ceifando a vida da mata.
Mote de Vânia Freitas
O homem em seu desatino
Só danifica o seu chão
Faz queimadas no sertão
Destrói seu próprio destino
Sofre o solo nordestino
Que o ser humano maltrata
Não tem ouro não tem prata
Que nos tire da pobreza
Vão pelando a natureza
Ceifando a vida da mata.
Dalinha Catunda
No orvalho da madrugada
A terra acorda com frio
Levanta com calafrio
De tanto ser explorada
Sua riqueza é roubada
Na essência da sua pureza
Acabam com sua beleza
De forma tão insensata
Vão pelando a natureza
Ceifando a vida da mata.
Vânia Freitas
A terra seca que chora
Pouco a pouco se finando
O ser humano acabando
Toda a fauna, toda a flora;
Faz tempo, não é d’agora
O futuro se retrata
A sangria se desata
Num abismo de vileza
Vão pelando a Natureza
Ceifando a vida da mata!
Bastinha Job
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 23 de março de 2018
LADAINHA DO ALMOÇO
Foto autoria da colunista
Perdão eu não peço ao galo
Por seu pescoço puxar
Por lhe enfiar na água quente
Por cada pena tirar
Por cortar seu esporão
Tirar fígado e coração
Pra com gosto degustar.
Perdão eu não peço ao galo
Por lhe botar na panela
Por gostar imensamente
De comer sua moela
De seu sangue retirar
Para depois temperar
Pra fazer à cabidela.
Perdão eu não peço ao galo
Por lhe comer com cuscuz
Por lhe comer com quiabo
Do jeito que me seduz
Por lhe comer com pimenta
Pois minha língua aguenta
Nem faço o sinal da cruz.
Perdão não peço a ninguém
Porque não vejo razão
Porque tudo isso aprendi
No meu rústico sertão
Um galo bem temperado
Seja cozido ou assado
No agreste é tradição.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 19 de março de 2018
A VOZ DE MARIELLE
Mais uma mulher se foi
Mais uma voz se calou
E no Rio de Janeiro
Grande comoção ficou
Ficou também o legado
Que nunca será apagado
Marielle aqui deixou
Hoje é uma voz a menos
Lutando contra injustiça
É uma voz de mulher
Que em nada foi omissa
É voz que ficou no ar
Ninguém poderá calar
Que se faça então justiça!
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 15 de março de 2018
A GENTE LEVA A VIDA QUE A GENTE LEVA
A GENTE LEVA DA VIDA
A VIDA QUE A GENTE LEVA.”
*
VÂNIA FREITAS
Hoje lancei a semente
Na roça do coração
De paz amor e união
E digo sinceramente
O que se planta na mente
Bem ou mal cresce e se eleva
Para o céu ou para a treva
A semente é colhida
“A GENTE LEVA DA VIDA
A VIDA QUE A GENTE LEVA.”
*
DALINHA CATUNDA
Sou mulher bem humorada
Não arrumo confusão
Eu tenho meu pé no chão
Para seguir minha estrada
Por Deus sou bem comandada
Não tenho sina maleva
A poesia me enleva
E assim prossigo aguerrida
“A GENTE LEVA DA VIDA
A VIDA QUE A GENTE LEVA.”
*
BASTINHA JOB
Semente boas semeio
Rego com muito carinho
E deixo pelo caminho
Um saboroso recheio
Na força do bem eu creio
Igual ao Éden de Eva
Sem a serpente que entreva,
Na maçã não dou mordida
"A GENTE LEVA DA VIDA
A VIDA QUE A GENTE LEVA"
*
LIMINHA
A Vida é uma sucessão
De sucessos e insucessos
Que durante os retrocessos
Nos faz perder a razão
É composta de emoção
Vem desde Adão e Eva
O nosso espírito se eleva
Numa altura desmedida
“A GENTE LEVA DA VIDA
A VIDA QUE A GENTE LEVA.”
*
ZÉ SALVADOR
Não chutes cachorro morto,
Pois, ele não se defende,
A morte agora o prende,
Chutá-lo é um gesto torto
Pois, vai trazer desconforto;
Ação que sendo maleva
Bota em ti sobra e treva,
Te faz pequena abatida;
"A gente leva da vida
A vida que a gente leva."
*
FRANCISCO ALMEIDA
Todos falam a verdade,
Eu também aqui declino:
Tenha hábito genuíno,
Com verdadeira bondade,
Primando pela verdade,
Pois assim você se eleva
E nunca adentra na treva,
Tendo no mundo guarida,
"A gente leva da vida
A vida que a gente leva"
Mote de Vânia Freitas
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 11 de março de 2018
ACRÓSTICO
ACRÓSTICO
ACRÓSTICO
*
Da alma tiro meus versos
Adejo na poesia
Livre e sem embaraço
Imagino com alegria
Novo canto novo tema
Honrando cada poema
Amando o que a alma cria.
*
Cada verso que eu faço
Alinhavo a construção
Tento caprichar na rima
Uso a metrificação
Na estrofe construída
De maneira destemida
Assino minha invenção.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 08 de março de 2018
DONA JANAÍNA
DONA JANAÍNA!
*
Lá vem Janaína
Em sua canoa
Cantando uma loa
E não desafina
Saiu da rotina
Pra cumprir agenda
Em meio à contenda
Enfrentando a zona
Ela tira onda
E seu canto emenda.
*
Lá vem a Rainha
Lá vem ventania
O vento arrepia
Mas ela caminha
Não está sozinha
Nem há de ficar
Enfrentando o mar
Hoje revoltoso
De tão perigoso
Chega a espumar.
*
Faceira, falante
Com ar de sereia
Não morre na areia
Pois segue adiante
Às vezes brilhante
A Rainha do mar
Sabe navegar
Sabe a sua sorte
Tem rumo tem norte
Para trafegar.
*
Versos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 02 de março de 2018
MEU CANTO DE APRESENTAÇÃO
A todos peço licença
Eu quero me apresentar
Sou mulher sou nordestina
E já tenho um bom lugar
No mundo da poesia
Na cultura popular.
O meu nome é Dalinha
Sou Catunda e Aragão
Faço versos desde sempre
Porque tenho tradição
Minha mãe também faz versos
É poeta no Sertão
Eu nasci em Ipueiras
Terra boa é meu lugar
Sou cearense da Gema
Tenho orgulho de falar
Vivo semeando versos
Propagando meu cantar.
A todos eu agradeço
O carinho e atenção
Nessas singelas sextilhas
Fiz minha apresentação
Mostrei meus versos cantados
Como se faz no sertão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 28 de fevereiro de 2018
DUAS GLOSAS - 28.02.18
Que a gente saiba florir
Onde a vida nos plantar.
Mote de Dideus Sales
Sonhemos luz para a mente
Mais amor pro coração
Atitude em cada ação
Paz pro coração dolente
Conforto para o carente
Bondade para espalhar.
Lutemos pra ter pra dar
Pra não termos que pedir.
Que a gente saiba florir
Onde a vida nos plantar.
Dideu Sales
Quando parti do sertão
A dor partiu o meu peito
Na saudade não dei jeito
Maltratava o coração
Mas a resignação
Chegou para me acalmar
Distante do meu lugar
Eu tive que prosseguir:
Que a gente saiba florir
Onde a vida nos plantar.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 17 de fevereiro de 2018
DUAS GLOSAS - 17.02.18
Nesses dez ou quinze dias
Nós vamos comer baião.
Mote de Dão de Jaime
Pela manhã fui à roça
Pra fazer uma visita
Eita como ta bonita
Que deus abençoar possa
Observei que tem grossa
Muita vagem de feijão
Pra ninguém dizer que não
Tirei a fotografia
Nesses dez ou quinze dias
Nós vamos comer baião.
Estou no Rio de Janeiro
Mas já volto ao Ceará
Vai ter fartura por lá
Eu quero voltar ligeiro
Eu pago qualquer dinheiro
Pago com satisfação
Pra comer junto com Dão
As gostosas iguarias:
Nesses dez ou quinze dias
Nós vamos comer baião.
Dão Jaime e Dalinha – foto do acervo da colunista
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 12 de fevereiro de 2018
QUE TIRO FOI ESSE?
Que tiro foi esse?
Eu vou lhe dizer
Foi bala perdida
Mas sem se perder
Que atinge criança
Que faz a matança
Desgraça a se ver.
Que tiro foi esse?
Eu vou lhe contar
É tiro certeiro
A nos alvejar
Bandido armado
Poder fracassado
E o povo a penar.
Que tiro foi esse?
E na madrugada
Só mais um presunto
No meio da estrada
Eu não me aprofundo
É um vagabundo
Foi bala trocada.
Que tiro foi esse?
E multiplicado
Foi outra chacina
Foi tudo armado
Mas não leve a mal
Hoje é carnaval
Deixe isso de lado.
Que tiro foi esse?
Que não me aporrinha
Não foi nada grave
Mataram a vizinha
Tentaram levar
O bom celular
E ela detinha.
Que tiro foi esse?
Me diga afinal
Foi o de fuzil
Num policial
Com sinceridade
Nem é novidade
Aqui é normal.
Que tiro foi esse?
São Sebastião
Que abala a cidade
Fere o coração
Santo padroeiro
Pro Rio de Janeiro
Traga solução.
Que tiro foi esse?
Que atinge o país
Que mata e destrói
Nos deixa infeliz
Cadê os poderes
Com os seus deveres
Ninguém não me diz.
Que tiro foi esse?
Na população
Quem sabe ele acerte
E nessa eleição
Quem vai pra disputa
Contudo não luta
Em prol da nação!
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 02 de fevereiro de 2018
PASSARINHO NA GAIOLA
Conheci um passarinho
Ouvi bem o seu gorjeio
Lado a lado num caminho
Fizemos belo passeio
Porém hoje engaiolado
Não canta ficou calado
E definha na mudez
Perdeu toda sua graça
De longe vejo a desgraça
Que essa cadeia lhe fez.
Vendo o bicho definhando
Com dó às vezes eu fico
Quem sempre viveu cantando
Agora fechou o bico
Batia asas lampeiro
Mas só lhe resta um poleiro
Dentro de sua prisão
Comida tem a vontade
Mas perdeu a liberdade
Que triste situação.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 30 de janeiro de 2018
SÓ POR SER DE LÁ
Amigos, estou de volta,
Fui rever o meu lugar.
Exercitar a cultura,
Que não encontro por cá.
Reviver a tradição,
Que difunde meu sertão,
E gosto por ser de lá.
* * *
NUNCA VI PEQUI TÃO BOM
Quem come pequi doente
É perigoso morrer.
Mote de Francildo Silva
No arisco ou na Chapada
Nasce um fruto bem gostoso
Um cheiro maravilhoso
Se prepara a pesquisada
Anima a rapaziada
Querendo o bicho comer
Ele é quente pra valer
Se come exageradamente
Quem come pequi doente
É perigoso morrer.
Francildo Silva
Eita que pequi gostoso
Nunca vi pequi tão bom
Acho melhor que bombom
Que chupado é saboroso
Mas há quem ache horroroso
E não gosta de comer
E para ninguém querer
Mete a língua o impotente:
Quem come pequi doente
É perigoso morrer.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 23 de janeiro de 2018
SAUDADE TEIMOSA
Botei tramela no peito
Pra saudade não entrar
Ela encontrou uma brecha
E achou de se acomodar
Quero expulsar a posseira
Porém já vi que é besteira
Pois ela teima em ficar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 21 de janeiro de 2018
ERRADO É QUEM TÁ CERTO
Esse Brasil desregrado
Virou esculhambação
O errado é quem tá certo
O certo tem punição
Se falar mal do errado
Vira processo e prisão.
Existe gente que tem
Medo da tal ditadura
Porém na língua do povo
Já botaram atadura
Porque a livre expressão
Só serve para ladrão
Que inocência sempre jura.
Pois vamos seguir fazendo
O que sabemos fazer
Meter o rabo entre as pernas
E deixar acontecer
Assumir a covardia
Assistir a putaria
Vendo o Brasil se foder.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 18 de janeiro de 2018
MEU CANTO DE OXUM
Na Bica do Ipu (Foto da colunista)
Se um dia eu ficar triste
E a mágoa me aborrecer
Eu vou entoar meu canto
E não vou me maldizer
Eu vou cantar tão bonito
Se for preciso eu repito
Não aprendi a sofrer.
Não vou ficar resmungando
Não vou hospedar Tristeza
Junto com mamãe oxum
Vou curtir a natureza
Eu vou adentrar a mata
Tomar banho de cascata
Descarregar impureza.
Nunca fui de cultivar
A dor da desilusão
Amores são passageiros
Como ondas vêm e vão
Na rotina dos destinos
São apenas inquilinos
Mudando de coração.
Vou seguir colhendo lírio
Pra meu cabelo enfeitar
Botar a mão na cintura
A outra vou levantar
Vou virar moça faceira
Nas águas da cachoeira
Meu canto vai ecoar!
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 15 de janeiro de 2018
EU FIZ DO HOMEM MEU PAR
Sou do tempo que o olhar
Pedaço não arrancava
Sou do tempo que a cantada
A mulher não exasperava
Sou do tempo do coió
A gente amava que só
Aquele que paquerava.
Sou do tempo que dançar
Era bom agarradinho
Se eu quisesse ele quisesse
Dançava-se coladinho
Tinha o bolero brecado
A perna ia do outro lado
E o batom no colarinho.
Contudo para dançar
Mas sem gostar do sujeito
Para ele não encostar
Botava-se a mão no peito
Eles achavam um saco
A mulher botar macaco
Só para impor o respeito.
Sou do tempo que o homem
Podia um beijo roubar
E a mulher que era tímida
Acabava por gostar
Sou do tempo da bravata
De violão e serenata
De paixão e de luar.
Eu sou do tempo do flerte
Do bilhete e do recado
Do tal namoro escondido
Dos medos e do pecado
E da amiga alcoviteira
Que não era tão parceira
E roubava o namorado.
Sou do tempo que a mulher
Fugia para casar
Com um filho na barriga
Muitas foram ao altar
Sou prova da transgressão
Caminhei na contra mão
Mas fiz do homem meu par.
Sou do tempo que o amor
Fluía naturalmente
Se hoje a mulher tem medo
Do homem não é diferente
Foi-se a naturalidade
Em tudo se vê maldade
Eu quero um chá de nepente!
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 10 de janeiro de 2018
BRASIL, LATRINA DE LADRÃO
Esse penico é pequeno
Pra guardar tantos dejetos
E repleno de abjetos
O cheiro não é ameno
Quem tem seu juízo pleno
E preza pela nação
Nessa próxima eleição
Merda não deve eleger
O Brasil chega a feder
É latrina de ladrão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 09 de janeiro de 2018
UMA GLOSA - 09.01.18
Mote e fotos da colunista
Mote:
Cheiro de terra molhada
É cheiro que me acalanta.
Quando a chuva no nascente
Vem branqueando o serrote
Meu coração dá pinote
E meu faro logo sente
O cheiro da terra quente
Que a chuva do chão levanta
É aroma que me encanta
Anunciando a invernada
Cheiro de terra molhada
É cheiro que me acalanta.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 07 de janeiro de 2018
CORDEL OU BABEL?
Hoje tudo que se faz
Apelidam de cordel
Mas nem tudo que se escreve
Desempenha esse papel
Tem regras essa cultura
O cordel literatura
Não deve virar babel.
Pra fazer cordel bem feito
É bom prestar atenção
Ter cuidado com a rima
E com metrificação
Dar sentido sempre ao tema
Pra não virar um dilema
E servir de mangação
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 05 de janeiro de 2018
A PARTNER E O PALHAÇO
Eu jamais vou esquecer
Que atuei na sua lona
Onde você foi palhaço
Eu peguei uma carona
O circo foi bem montado
Por você arquitetado
Penei nessa maratona.
Eu jamais vou esquecer
As cenas no picadeiro
Em cada apresentação
Atrapalhava-se inteiro
Foi perdendo seu papel
A pauta não foi fiel
Nem no palco verdadeiro.
Tentou imitar Carlitos
Piorou a situação
Pois para atuar sem voz
Precisa ter expressão
Quem nasceu pra ser palhaço
Não liga para embaraço
Nem vive sem pastelão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 03 de janeiro de 2018
UMA GLOSA - 03.01.18
Não sei se faço bonito
Mas sei fazer diferente.
Mote de Pedro Ernesto
Tudo que eu quero fazer
Busco na minha cartilha,
E só sigo a minha trilha,
Por isso vou lhe dizer:
Faço o que me dá prazer,
E o que me deixa contente
Chego até ser prepotente
Porém a ninguém imito
Não sei se faço bonito
Mas sei fazer diferente.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 29 de dezembro de 2017
EU SOU
Sou a brisa na palmeira
Sou cheiro de alfazema
Sou a flor da catingueira
Sou espinho de jurema
Sou morena e sou faceira
Sou do cantador parceira
Sou os versos do poema.
Sou lamparina e pavio
Sou luz na escuridão
Sou Vagalume piscando
Sou o luar do sertão
Sou estrela matutina
Sou cabocla nordestina
Sou água de ribeirão
Sou a vela da jangada
Sou a cor verde do mar
Sou o canto da sereia
Sou cruviana a soprar
Sou a renda das rendeiras
Sou filha das Ipueiras
Sou das terras de Alencar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 28 de dezembro de 2017
FIM DE TARDE
Foto da colunista
Vendo a paisagem tão bela
Eu me perco no arrebol
Vejo um resquício de sol
Desenhando uma aquarela
Quando a natureza apela
E recorre ao criador
O céu muda a sua cor
Vai ficando mais bonito
Os entretons do infinito
Abrolham com esplendor.
Dalinha Catunda
Da janela, neste instante
Vejo o céu avermelhado,
Como num quadro pintado
De purpurina dançante.
Atrás da nuvem, brilhante,
Tal qual luz de um farol,
Espia o raio do sol
Que ao ver a noite chegar
Se apaga pra descansar
Envolto nesse lençol.
Creusa Meira
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 28 de dezembro de 2017
DEU BODE, MARANHÃO
(PUBLICADO EM 10 DE MAIO DE 2016)
*
Uma coisa vou dizer,
Meu povo preste atenção
Êta cabra destemido
É esse tal de Maranhão
Roubou a cena do dia
Fazendo o que não podia
Com a caneta na mão.
*
Para ficar bem na foto
Pintou cabelo e bigode
Com um sorriso no rosto
E como quem tudo pode
Com a cara mais lavada
Deu a sua canetada
Mas acabou dando bode.
*
O que ontem ele fez
Já chegou a desmanchar
Sua cadeira na Câmara
Nem sei se vai esquentar
Maranhão foi pau mandado
Mas não deu bom resultado
O que acabou por tramar.
*
Hoje serve de chacota
Seu nome virou piada
Pois em sua insanidade
Desabonou a bancada
E agora eu sei que lhe dói
Não ter virado herói
Na cena que foi tramada.
*
Versos de Dalinha Catunda
Charge Sinfronio.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 27 de dezembro de 2017
CARTAS NA MESA, SEMPRE
Quem joga com cartas na mesa
Não causa desilusão
Não golpeia uma amizade
Não fere um coração
Não mancha seu nome à toa
Não engana, não magoa
Pois marca sua posição.
Quem joga limpo na vida
Porta aberta sempre deixa
Demostra ter hombridade
Não deixa brecha pra queixa
Preza o nome que carrega
Não finge não escorrega
Do estilo não desleixa.
Amizade é coisa rara
Que se deve conservar
Mas quando fica arranhada
É difícil cultivar
É como um vaso quebrado
Que mesmo sendo colado
As marcas irão ficar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 26 de dezembro de 2017
NATAL COM JESUS
Eu não quis badalação
Recolhi-me no Natal
Pois precisava afinal
De muita meditação
Desarmei meu coração
E conversei com Jesus
A ele roguei por luz
E fiquei apaziguada
Com Jesus em minha estrada
O meu futuro reluz.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 25 de dezembro de 2017
NATAL SEM EMBUSTE
Nesse Natal eu só quero
Um pouco de sapiência,
Que Deus me dê paciência
Eu peço, rogo e reitero.
Daquilo que não tolero
Que ele posso me livrar,
Que não venham me abraçar
Nem me beijar como Judas!
Com palavras pontiagudas
Explicito o meu pensar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 18 de dezembro de 2017
ILUSÃO DE ÓTICA
Eu pensei por um momento
Que tudo era cor do céu
Mas a nuvem com seu véu
Cobriu o meu pensamento
Vi que azul do firmamento
De ótica era ilusão
A imagem virou borrão
Quando vislumbrei direito
Avaliei meu conceito
E mudei de opinião.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 14 de dezembro de 2017
AMANTE DO MAR
Fotos da colunista
Não sei se és mar de verdade
Não sei se és mar de ilusão
Pois pressinto em tuas águas,
Um jogo de sedução.
No vaivém de tuas ondas
Sinto o ritmo constante,
Atiro-me abrindo os braços
Sentindo-me flutuante.
Teu marulhar me atiça,
Teu cheiro faz delirar.
Despida, despudorada,
Por ti me deixo levar.
Sempre tão envolvente,
Em ondas ou calmarias,
Escorres pelo meu corpo
Até minh’alma arrepias.
Fluido, salgado, excitante,
És amante a transpirar.
Na brancura das espumas
Vejo o gozo flutuar.
Não sei se és mar de verdade,
Não sei se és mar de ilusão
Entrando em sinestesia
Voei em tua intenção.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 13 de dezembro de 2017
13 DE DEZEMBRO: ANIVERSÁRIO DE GONZAGÃO E DIA DE SANTA LUZIA
E nunca mais vai nascer
Outro igual a Gonzagão.
Mote de Antônio Cassiano
Luiz Gonzaga nasceu
Dia de Santa Luzia
Foi letra foi melodia
Foi canto foi apogeu
A sua fama cresceu
Foi ele o rei do baião
Cantou além do sertão
Foi rei só por merecer.
E nunca mais vai nascer
Outro igual a Gonzagão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 11 de dezembro de 2017
TROVANDO O SERTÃO
MARCOS MEDEIROS
O sol luzindo a poeira
e o vaqueiro na função
dão vida à cena primeira
do amanhecer no sertão.
*
DALINHA CATUNDA
Vaqueiro toca a boiada
Poeira sobe do chão
Rotina de cada estrada
Que retalha meu sertão.
*
Foto de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 08 de dezembro de 2017
ABELHA RAINHA
Ele era o tal zangão
Só aceirando rainha
E a abelha embevecida
Aceitava a louvaminha.
E assim voaram juntinhos
E juntos fizeram mel
Sem ver tragicidade
Que havia em cada papel.
Compartilharam com gosto
A tal geléia real
Se empenharam no labor
Do mais belo ritual.
Ao trono volta a rainha
Após o acasalamento
E ele virou estrela
Luzindo no firmamento.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 02 de dezembro de 2017
DUAS GLOSAS - 02.12.17
Vou viver só do meu jeito,
Longe da vida cativa.
Mote de Marcos Medeiros
Vou me embora pra distante
de onde a inveja mais permeia,
onde ver a vida alheia
é cada vez mais minguante.
Longe do gesto aviltante
da gritante inveja ativa,
tão danosa e tão nociva
pra todo e qualquer sujeito,
Vou viver só do meu jeito,
Longe da vida cativa.
Marcos Medeiros
Não vou fugir de querela
Porque ergo outra bandeira
Escancarei a porteira
Joguei no mato a tramela
A vida é mais do que bela
E me faz provocativa
Quem tem língua corrosiva
Desabono e desrespeito
Vou viver só do meu jeito,
Longe da vida cativa.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 30 de novembro de 2017
NO BRILHO DA LUZ
Foto da colunista
Rompendo a barra do dia
Vejo o sol aparecer
Levanto-me com prazer
Pois viver me contagia
O sol transmite energia
Eu aspiro a sua luz
Esse brilho me conduz
Em cada nova jornada
Sou mulher iluminada
Pois a vida me seduz.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 28 de novembro de 2017
MINHA CAIXA DE PANDORA
Foi querendo organizar
Minha vida atribulada
Que peguei uma caixinha
Para dar uma arrumada
Pois chega de desengano
E se não falhar meu plano
Vou ficar mais sossegada.
As coisas sem importância
Eu comecei a juntar
Para acomodar na caixa
E quando encher vou lacrar
Diferente de Pandora
A esperança fica fora
Pois nela vou apostar.
Peguei a farsa e a mentira
Dentro da caixa botei
Mensagem sem sentimento
Bem no fundo acomodei
Sem querer mais me enganar
Comecei a faxinar
Pois assim determinei.
A saudade quis ficar
Mas peguei pelo gogó
Arrastei a descarada
Fiz uma trouxa e dei um nó
Inda disse uma gracinha
Você vai para a caixinha
Eu prefiro ficar só.
Olhei bem para a paixão
Que almejou me encarar
Porém me viu decidida
Nem parou pra argumentar
Era de meia tigela
Pena eu não tive dela
Decidi empacotar.
Eu fiquei encasquetada
Quando a lembrança chegou
Quis me lembrar do abraço
Mas abraço não pintou
Quis me lembrar do beijo
Mas beijo não aconteceu
A lembrança mereceu
O cantinho que ganhou.
Quem sumiu pra vadiar
Tem espaço garantido
Quem achou outra guarida
Na caixa será mantido
Desapegar é legal
A faxina foi geral
Meu tempo não foi perdido.
Na caixa prendi os males
Pra começar nova andança
Apos lacrar enterrei
O que não era bonança
Mas na caixa de Pandora
Pensei bem deixei de fora
Minha guia: A ESPERANÇA!
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 27 de novembro de 2017
SERTÃO EM FLOR
SERTÃO EM FLOR
“Tudo em volta é só beleza”
Luiz Gonzaga cantou
A água que faz milagre
A caatinga ornamentou
Com meu olhar aturdido
Revejo o sertão florido
Pois a chuva o transformou.
*
A natureza contente
Exibe seu esplendor
As ramas sobem e descem
Carregadinhas de flor
E o encanto que emana
Da salsa e da jitirana
É de fato ostentador.
*
Assim é o meu sertão
Com seu vestido de festa
Quando a chuva molha o chão
O verde se manifesta
E com graça a natureza
Revela sua beleza
Enfeitando cada aresta.
*
Versos e fotos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 24 de novembro de 2017
ENQUANTO NÃO ROUBAM MEU VERSO
Nunca vi tanta quadrilha
Nunca vi tanto ladrão
Do jeito que coisa anda
Só vejo uma solução
Sei que não vai demorar
Político despachar
Lá de dentro da prisão.
Vejo a coisa ficar feia
E sem ser original
Repito nesses meus versos
Que a polícia Federal
Trabalhando sem engodo
Vai mesmo passando o rodo
Está pegando geral.
Desta vez não adiantou
Pirraça de Garotinho
Foi direto pra cadeia
Encangado com Rosinha
Que apesar de ser a Rosa
Não teve vida cheirosa
Foi política daninha.
Nesse Rio de Janeiro
Quem tá solto tá cassado
Na língua não bota freio
O Cabral engaiolado
Numa atitude infeliz
Já ameaçou juiz
E ficou mais complicado.
Temos Jorge Picciani
E Paulo Melo também
Vendo o sol nascer quadrado
E mais gente ainda vem
Denunciaram Crivella
O Pezão ainda apela
Não sei se vai se dar bem.
Hoje se chama quadrilha
O que um dia foi partido
A descrença é total
Chama-se membro bandido
O eleitor desta nação
Que vota e apoia ladrão
Tá cada vez mais fodido.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 22 de novembro de 2017
CORDELISTAS DE PLANTÃO
Cordelistas de plantão
De toda e qualquer paragem
Presto aqui minha homenagem
Nas linhas dessa oração
Rogo ao pai inspiração
Tento versejar com fé
Para não quebrar o pé
Ao tentar metrificar
E minha rima aprumar
Sem remar contramaré.
Louvo aqui cada poeta
Que sabe o que é cordel
Que cumpre bem seu papel
Prestando atenção na meta
E que de forma correta
Na hora de versejar
Tenta não desrespeitar
A nossa antiga cultura
O cordel literatura
Nossa arte popular
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 14 de novembro de 2017
SANTO ANTÔNIO VACILOU
*
Espalham que santo Antônio
É Santo casamenteiro
Já fiz promessa pro Santo
No cofre botei dinheiro
E para minha desgraça
Em mim ninguém acha graça
Tá difícil um companheiro.
*
Dos braços de Santo Antônio
Eu já roubei o menino
Achando que a simpatia
Mudaria meu destino
Porém prossigo solteira
Não gosto da brincadeira
Que me deixa em desatino.
*
Botei água numa jarra
E mais uma vez tentei
De cabeça para baixo
O santinho mergulhei
Nem mesmo fazendo assim
O santo lembrou de mim
Desesperada chorei.
*
Solteirona eu não fico
Alguém vai me socorrer
Ao candomblé ou umbanda
Inda posso recorrer
Ou então eu viro crente
E o santo fique ciente
Solteira não vou morrer!
*
Versos e foto de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 08 de novembro de 2017
QUEM MEXE COM ROSA, ÀS VEZES SAI PICADO
Peleja em quadras
Quem é rosa não se queixa
Pela falta de carinho
Pelo prazer sempre deixa
Sentir o pico do espinho.
José Walter
Sou rosa não me abespinho
Nem fujo da picadura
Se tem zangão no caminho
Lhe apresento a sepultura
Dalinha Catunda
“O cravo brigou co’a rosa”
Por um singelo desejo
De uma atitude amorosa
Traduzida por um beijo.
José Walter
Depois de um acoleijo
A rosa ficou zangada
O cravo roubou um beijo
Completando a presepada.
Dalinha Catunda
Vivendo em uma redoma
A rosa não é amada
Pois amor é o que soma
Na paixão compartilhada
José Walter
A rosa bem assanhada
Não vivia em desalento
Só vivia arrepiada
Pois se entregava ao vento.
Dalinha Catunda
Vou fazer uma pilhéria
Com Dalinha, provocada:
Não existe mulher seria
Porém , mulher mal cantada.
José Walter
Existe mulher malvada
Que bate em mau cantador
Que canta e não é de nada
E acha que é professor.
Dalinha Catunda
Quem se diz rosa sem cravo
Um motivo sempre há
Não existe mel sem favo
Pois só recebe quem dá.
José Walter
Sou rosa do Ceará
Bela flor de muçambê
O mel que em mim está
Não estará em você.
Dalinha Catunda
Sobre a mulher, o preceito
Lá na Bíblia está escrito
De obediência e respeito
Ao homem, como descrito.
José Walter
O respeito é restrito
Desde os tempos de Adão
Eva soltou o “priquito”
Pro homem entrar em ação
Dalinha Catunda
Ainda no paraíso,
Eva mandava em Adão
Com seu jeito sem juízo
Para Deus, sem solução.
José Walter
É a mulher no sertão
Foi Eva no Paraíso
Tomando sua direção
Para não ter prejuízo.
Dalinha Catunda
Impossível existir
Uma rosa sem perfume
Ou u’a mulher sem sentir
Pelo seu cravo ciúme.
José Walter
Meu amigo se acostume
E vá mudando de prosa
Não venha com seu estrume
Pra não chatear a rosa.
Dalinha Catunda
Às poetisas, parceiras
Mando aqui algumas trovas
Feitas como brincadeira
Que na peleja são novas.
José Walter
Não sei se passei nas provas
Dessa peleja em quadras
Também não sei se me aprovas
Ou como louca me enquadras.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 07 de novembro de 2017
UMA GLOSA
Água mole que não fura
Sempre encontra novo atalho
Mote da colunista
Insistir com teimosia,
E bater o pé no chão
Isso é obstinação,
Que vai quebrando a magia…
Amor é o que contagia!
Com ele não me atrapalho.
Às vezes comigo, ralho,
Logo mudo de postura!
Água mole que não fura
Sempre encontra novo atalho
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 06 de novembro de 2017
MACHADO TORTO E AFIADO
Enfiaram o pau no machado
E ele baixou a lenha
Já derrubou pau mandado
E não há quem o detenha
Lâmina do Ceará
Bota abaixo até Jucá
Desde que vantagem tenha.
*
Nunca vi Machado torto
O pau podre derrubar,
Nunca vi cara de pau
Pra cupim não atacar,
A política anda nojenta
Mas é essa ferramenta
Que a madeira vai baixar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 05 de novembro de 2017
AMIGA BRUXA
Amiga, muito obrigada
Por essa sua atenção
Trepar no pau da vassoura
Era a sua diversão
Aquele negro vestido
Já era bem conhecido
Voando pelo sertão.
Entre o cabo e a vassoura
De um tudo acontecia
Era tempo de fartura
Você nem se maldizia
E cansou de me dizer
Que alcançava seu prazer
No ato de bruxaria.
Quando findava outubro
Com cruel satisfação
Da dispensa retirava
O seu velho caldeirão
E em meio a gargalhada
No meio da madrugada
Caprichava na porção.
Você bem sabe que é bruxa
Vem e diz que sou também
Eu não vou dizer que não
Pois não sei se me convém
Um cabinho de vassoura
É coisa que não desdoura
Quem esfregou o sedém.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 04 de novembro de 2017
JÁ ME CASEI, COMPADRE LEMOS
*
COMPADRE LEMOS
Fiquei sensibilizado
Comadre, com sua queixa!
Sua criatividade
Supera a de uma gueixa.
Somente pra lhe ajudar,
Eu ia candidatar...
Mas minha velha não deixa!
*
DALINHA CATUNDA
Compadre muito obrigada
Não cabe preocupação
Já arrumei um marido
E olhe! Faz um tempão
Amarrei bem amarrado
E o Santo foi o culpado
Desta minha arrumação.
*
COMPADRE LEMOS
Mas, se quer mesmo casar,
Repare o conselho meu:
Ganhe só na Mega Sena
E, rica, feito um judeu,
Complete logo a falseta,
Passe a chamar "Julieta",
Que aparece um "Romeu".
*
DALINHA CATUNDA
Amigo sou fazendeira
Sou mulher remediada
E já tenho um cabra macho
Que me ajuda na empreitada
Mesmo não sendo Romeu
Eu posso chamar de meu
Depois da graça alcançada.
*
COMPADRE LEMOS
Se isto não funcionar,
Lhe digo: vou sentir tanto!
Deixarei de ser poeta,
E calarei o meu canto.
E, no final dessa festa,
Comadre, o que lhe resta
É AFOGAR ESSE SANTO !!!
*
DALINHA CATUNDA
Lemos não se desespera
Eu demorei, mas casei
Não foi de papel passado
Foi do jeitinho que sei
Depois que afoguei o Santo
O ganso afoguei, garanto!
E o cabra nunca larguei.
*
Foto de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 02 de novembro de 2017
UM DEDO ATRÁS PROTEGE A FRENTE
Nesse presente momento,
Quero chamar atenção
Da raça de cabra macho
Também dos que frouxos são
No Brasil de Norte a Sul
Chegou o novembro azul
É tempo de prevenção.
Quem já passou dos cinquenta
Viveu muito inda quer mais
Faça o exame de próstata
Pois o corpo dá sinais
Se não existe vacina
Adote o que medicina
Escreveu em seus anais.
Reza a lenda que o exame
É sim, inconveniente,
Mas é só ficar de quatro
E do ato ser ciente
Que o dedo que vai atrás
Nada tem do satanás
Protege você na frente.
Sei que você vai dizer:
No dos outros é refresco
Eu já vou me adiantando:
Homem deixe de ser fresco!
É só não se acostumar
Se por ventura gostar
Do que julga ser grotesco.
Eu já dei o meu recado
Tentando espantar o medo
Nessa minha apelação
Tentei caprichar no enredo
Faça o seu toque retal
Porque pode ser fatal
Morrer por causa d’um dedo.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 02 de novembro de 2017
UM CANTO PARA MACIÇO DE BATURITÉ
Maciço de Baturité – Foto de Tranquilino
À sombra d’uma mangueira
Ao calor do pensamento
Com o olhar fixo no nada
Reflete sobre o momento
Conjectura sobre vida
Abre e magoa a ferida
Em minutos de lamento.
Deixa a maleta de lado
Aberta largada ao chão
Enquanto bate no peito
As cordas do coração
Que pulsam pelo país
Sem conseguir ser feliz
Sem entender a nação.
A paz está no seu corpo
Entintando a vestimenta
Pois a guerra em cada esquina
É algo que lhe atormenta
Sentindo essa imprecisão
Sonha com a solução
E a realidade lamenta.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 31 de outubro de 2017
DESENHANDO SONHOS
Mesmo sendo tão alegre
Tenho cotas de tristeza
Não tenho a senha da mágica
Que me garanta a certeza
Que ares de felicidade
Possam vir sem tempestade
Soprando apenas nobreza.
Entre tristeza e alegria
Vou labutando na lida
Jamais ficarei amarga
Os versos me dão guarida
As estações que se alternam
Acordam sonhos que hibernam,
E dão luz a minha vida.
E se hoje o vento leste
Que chega desatinado
Resolver jogar por terra
O meu castelo encantado
Sem ligar pra insensatez
Desenho tudo outra vez
Refaço o sonho dourado
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 31 de outubro de 2017
AVE MARIA NO SERTÃO
Na hora da Ave Maria
Bate o sino na capela,
Uma oração bem singela
Perpetro no fim do dia,
E peço a Virgem da iria
Rogando com devoção:
Protegei o meu sertão
Ó Virgem mãe tão clemente.
Resguardai a nossa gente
Ó Virgem da Conceição.
*
Doce Mãe Imaculada
Guiai os nossos destinos,
Livrai-nos dos desatinos,
Nessa vida atribulada.
Mostrai-nos sempre a estrada,
Seja a nossa direção
Nos dê resignação,
Para seguirmos em frente.
Resguardai a nossa gente
Ó Virgem da Conceição.
*
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 28 de outubro de 2017
RESPEITEM O PAU DO SANTO
*
BASTINHA JOB
Ele quer se aposentar
Está muito fraco e mau
De tanta moça pegar
No seu tão surrado pau!
*
DALINHA CATUNDA
Coitado do pobre Santo
Isso é profanação
A moça que tem vergonha
Reza sem passar a mão.
*
THIAGO CARDOZO
Mas sei que ele até gosta
É fato até comprovado,
No dia que passam as mãos
O pau fica levantado.
*
BASTINHA JOB
peguei no pau desse santo
Que ele ficou roliço
Mas cajado milagroso
Foi de Padim padre Ciço!
*
DALINHA CATUNDA
Eu passei a mão no pau,
Passei a mão no cajado,
Sei que é só uma varinha...
Mas é pau santificado.
*
FOTO DE DALINHA CATUNDA
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 24 de outubro de 2017
NAS MANHÃS DO MEU SERTÃO
Quando o galo faz zoada
Bem cedinho em meu rincão
Eu me espreguiço na rede
E faço minha oração
Tiro a tranca da janela
Para ver o quanto é bela
A manhã do meu sertão.
A barra anuncia o dia
Enquanto não chega o sol
No horizonte os entretons
Vão tingindo o arrebol
Completamente encantada
Vejo do alpendre a chegada
Do flamejante farol.
O orvalho ganha brilho
No seio de cada flor
Na cerca a teia de aranha
Orvalhada é um primor
Quando o sol abre a cortina
A beleza nordestina
Exibe o seu esplendor.
No bico da passarada
Principia a cantoria
Nas estradas e veredas
O canto é sinfonia
A brisa chega faceira
Abana a carnaubeira
Que farfalha de alegria
O sol desprende seus raios
No céu que de azul se cobre
Para viver novo dia
Veste-se com manto nobre
O sol vem com seu clarão
No azul da imensidão
Nova paisagem descobre.
Tem brilho nosso sertão
Na manhã de cada dia
Quando abrolha a alvorada
Eu bebo dessa energia
Vendo o dia amanhecer
E o rei sol aparecer
Num rompante de magia.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 19 de outubro de 2017
É TUDO MERDA DO MESMO PENICO
P’ra entender essa nação
Eu fiquei no prejuízo
Pois quase perco o juízo
Sem chegar a conclusão
Dizem que Lula é ladrão
Que Temer é ladrão também
Que Aécio só se deu bem
Que Dilma também roubou
Sei que o Brasil se lascou
E dos ladrões é refém.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 18 de outubro de 2017
UMA GLOSA
Você pode até ter garra
Mas é só pr’agarrar pinto.
Mote da colunista
Você diz que é gavião
Fala que pega geral
Amigo não leve a mal
Eu não acredito não
Sua fama no sertão
Digo, repito e não minto
Não faz de você distinto
Acabe com tanta marra
Você pode até ter garra
Mas é só pr’agarrar pinto.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 17 de outubro de 2017
DUAS GLOSAS
Se não quer pegar mazela
Fique distante de mim
Mote de Dão de Jaime
Eu sou Eva decidida
Sou pior que Salomé
Sou bicho que dá no pé
Sou a Pandora enxerida
Eu sou o grito de vida
E gosto de ser assim
Dentro do meu camarim
Sou astuta e sem tramela
Se não quer pegar mazela
Fique distante de mim
Dalinha Catunda
Sou malvado sou ingrato
Sou pior do que a fome
Desgraça que não tem nome
Não valho o peido dum gato
Doença do carrapato
Sou do jeito de Caim
Sou tudo quanto é ruim
Eu sou a febre amarela
Se não quer pegar mazela
Fique distante de mim
Dão de Jaime
Dão de Jaime e a colunista
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 15 de outubro de 2017
UM CANTO MENOR
Partiu a paixão
Levando a magia
Minha poesia
Soluça em vão.
Um choro agorento
Pranteia meu peito
Carpindo sem jeito
A dor do momento.
Que triste destino,
Que sorte, que fado,
Que me tira o tino
Livrai-me Jesus
Do amor malfadado
Do peso da cruz.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 14 de outubro de 2017
EM LOUVOR À NATUREZA
Entre a estrada e o céu
Entre a folhagem e a flor
A vida segue adiante
Mostrando seu esplendor
Perante tanta beleza
Vou louvando a natureza
E a Deus pai o criador.
*
Versos de Dalinha Catunda
Foto de Cayman Moreira
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 12 de outubro de 2017
ARREMEDO DE ABOIO
A mestre Dina, licença,
Eu peço para aboiar
Fui criada no sertão
Vendo a boiada passar
Eu ficava no terreiro
A espera do vaqueiro
Querendo lhe arremedar.
O meu gado não é muito
Mas da pra enfeitar o pasto
Gosto de ver a boiada
Passando e deixando o rasto
Se o vaqueiro for bonito
Esqueço o que está escrito
No laço da corda arrasto.
Quem me deu o boi bordado
Foi Luiz Sebastião
O bordado ganhou fama
Pras bandas do meu sertão
Cada vaca que cobria
Tirava uma boa cria
Melhorei a produção.
Quem quiser me comprar gado
Fiado não vendo não
Meu gado só sai do pasto
Com dinheiro em minha mão
Pois aqui na minha lista
Tem um monte de artista
Cadastrei cada enrolão.
Resolvi laçar um boi
Achando que era manso
Só que o boi me deu trabalho
Mas eu não lhe dei descanso
Encrenca pequena e tico
Com laço na mão não fico
Não me enfezo, nem me canso.
Se a vaca prender meu boi
Eu tiro ele da cadeia
Depois de afrouxar o laço
Na vaca eu meto a peia
Não sou de usar chicote
Mas fique esperta e anote
Nunca mexa em coisa alheia.
Se seu touro pular cerca
Eu dou capim do meu lado
Se ele gostar do meu pasto
Vou viciar o danado
E só para me exibir
Eu vou montar sem cair
Nesse seu touro abusado
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 11 de outubro de 2017
DUAS GLOSAS
A água é fonte de vida
Não deixe a água morrer!
Mote de Bastinha Job
Bastinha Job:
Também nosso São Francisco
É um rio em agonia
Correndo o sério risco
De se extinguir qualquer dia,
Mataram muitas nascentes
Outros tantos afluentes
O homem fez perecer
Urge uma outra medida:
A água é fonte de vida
Não deixe a água morrer!
* * *
Dalinha Catunda:
Agoniza o São Francisco
Em sua degradação
O homem não tem um trisco
De conscientização
E cava a própria desgraça
Com o projeto que traça
Faz o rio fenecer
Disso nem Deus duvida:
A água é fonte de vida
Não deixe a água morrer!
* * *
Bastinha Job e Dalinha Catunda, foto do acervo da colunista
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 09 de outubro de 2017
NORDESTINA, SIM SENHOR!
Eu sou nordestina
Me orgulho de ser
Sou do Ceará
Com muito prazer
Não faço suspense
Sou ipueirense
Pra quem quer saber.
Se escuto a sanfona
Perfumo o cangote
Dançando faceira
Aguento o pinote
Pois sou dançadeira
Levanto a poeira
Capricho no xote.
Eu danço São João
Eu pulo fogueira
Faço simpatia
A da bananeira
Me visto de chita
Com laço de fita
Desfilo faceira.
Eu como cuscuz
Paçoca e baião
Como tapioca
E bife do oião
Eu como buchada
Também malassada
Sem indigestão.
Na rede me deito
Pra me balançar
E nesse balanço
Preciso contar
Cumprindo o destino
Eu já fiz menino
Sem punhos quebrar.
Eu sou ribaçã
Sou ave migrante
Sou rio que corre
Que segue adiante
Eu sou empolgada
Comigo só nada
É quem se garante.
Eu sou mesmo agreste
Meu nome é Dalinha
Não fujo de embate
Não fujo da rinha
Se você empaca
Não puxe sua faca
Deixe na bainha.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 06 de outubro de 2017
ATIÇANDO AS MULHERES
Mulher, tenha amor a vida
Faça sua prevenção.
Isso é obrigação,
E não seja “malovida”,
Pois a mulher precavida
Sete vidas vai viver!
Vai amar, vai conceber,
Vai parir felicidade,
Acredite isso é verdade!
Você tem esse poder.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 04 de outubro de 2017
SÓ NA MOITA
Quem não tem bala na agulha
Não carece se arriscar
Na deve mirar na presa
Sabendo que vai falhar
Pois onça com vara curta
Só doido vai cutucar.
Se tem coisa que não gosto
Amigo, vou lhe contar
E gente que diz que vai
Porém não sai do lugar
Nem desocupa a moita
Nem se agacha pra cagar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 02 de outubro de 2017
DUAS GLOSAS
“No mundo da poesia
Sou verso solto no ar”
Mote de Souza Filho
Eu sou Dalinha Catunda
Filha de Neuza e Espedito
O meu trabalho é bonito
É fonte que em mim abunda
Com dedicação profunda
Deixo a musa me emprenhar
Para meus versos gerar
E depois parir magia
“No mundo da poesia
Sou verso solto no ar”
Dalinha Catunda
Eu sou Rainilton Viana
Fí de Bastinha e Sivoca
E a poesia me toca
E me deixa tão bacana
Trabalho toda semana
Pra poder me sustentar
E também poder comprar
O meu pão de cada dia
“No mundo da poesia
Sou verso solto no ar.”
Rainilton de Sivoca
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 27 de setembro de 2017
DEMOREI MAS VOLTEI
Depois duma temporada
Bem longa posso dizer
Eu volto revigorada
Digo isso com prazer.
Pras bandas do Ceará
Cultura curti por lá
Sem me esquecer do lazer.
Passei por Fortaleza
De lá fui ao meu lugar
Onde passei alguns dias
E mais queria passar
Depois fui pro Cariri
Porém já estou aqui
Mas planejando voltar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 12 de setembro de 2017
NA CARESTIA DO FEIJÃO
NA CARESTIA DO FEIJÃO
*
O feijão anda tão caro
É bem triste a situação
Eu já não faço tutu
Desisti do meu baião
Não paro de escutar
O meu filho a reclamar
Que não fiz mais capitão.
*
Não sei quem é o culpado
Do feijão subir assim
Não como feijão tropeiro
No acarajé dei fim
Pra não ficar jururu
Vou fazendo com andu
Um baiãozinho pra mim.
*
Mas com essa carestia
Amigo, preste atenção,
Eu vou é fazer regime
Deixar de fora o feijão
Meus dentes irão mofar
Vou casa de aranha criar
No franzido do botão.
*
Versos e fotos de Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 25 de agosto de 2017
FORJANDO O VERSO
Com a musa em sintonia
A rima me acaricia
Para o verso eu conceber
Deixo a arte penetrar
Para que eu possa emprenhar
E ver o verso nascer.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 22 de agosto de 2017
SAÚDE É UM CASO SÉRIO
*
OLSILVA
Eu amanheci doente.
chega os olhos estão Marrom
A cabeça tá doendo.
nem consigo escutar som
fui direto pro doutor
que passou um anador.
Se eu num morrer fico bom.
*
DALINHA CATUNDA
Acordei adoentada
Olho roxo, boca azul,
Ligaram pro hospital
Me atendeu o SAMU!
Isso chamo purgatório,
Passam um supositório
Daqueles lá de Itu!
*
OLSILVA
Mais ele, passou pra tu.?
que pra, mim num vai passar.
se ele passar pra mim.
Mando a mãe dele tomar.
saí fora do respeito.
Mas sei que vai ser o jeito
mandar ele se danar.
*
DALINHA CATUNDA
E tu tá pensando o quê?
Foi isso mesmo que fiz!
Xinguei a mãe e o pai,
E também o infeliz.
Mandei ele se lascar,
Sua receita enfiar...
Não apanhei por um triz!
*
"
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 18 de agosto de 2017
PAIXÃO PELO VERSO
Esse meu verso rimado
Eu trouxe lá do sertão
Para ficar aprumado
Botei metrificação
Para não ficar sem sal
Cumpro sempre o ritual
Rogo a musa inspiração.
Cuidados eu tenho sempre
Para não escorregar
Porém se eu quebrar o pé.
O remédio é consertar
Se de versos eu entendo
Procuro lendo e relendo
Erros para restaurar.
Atenção e paciência
Quem verseja deve ter
Pois a pressa é inimiga
De quem bem quer escrever
Vale a pena matutar
Com cada verso flertar
P’ra magia acontecer.
Tudo que faço na vida
Eu só faço com paixão
Cada verso é um suspiro
Que brota do coração
Para a regra não quebrar
Eu consigo me entregar
Mas sem perder a razão.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 13 de agosto de 2017
OS OVOS DOS ABESTADOS
Dória fez foi omelete
Dos ovos dos abestados
Mote da colunista
Os pobres desta nação
Na boca da camarilha
É o tema que a quadrilha
Bota sempre em discussão
Porém consideração
Nunca teve c’ os coitados
Que sempre são enrolados
Com mentiras e confetes
Dória fez foi omelete
Dos ovos dos abestados
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 12 de agosto de 2017
LAMPIÃO - DUAS GLOSAS
Lampião morreu idoso
Num sítio em Minas Gerais.
Mote de Jorge Filó
Depois de chegar da Lua
E ter passado por Marte,
Ele foi viver de arte
Cantando músicas na rua.
Junto com uma irmã sua
Fez strip em bacanais
Foi Momo em dois carnavais
Pelo Guaiamum Treloso…
“Lampião morreu idoso
Num sítio em Minas Gerais.
Ismael Gaião.
Foi depois que Lampião
Com “Padim Ciço” brigou
Que novo rumo tomou
Trocou de religião
No culto espantava o cão
Gritando nos rituais
Vi escrito nos anais
Não é conto de trancoso:
Lampião morreu idoso
Num sítio em Minas Gerais.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 10 de agosto de 2017
VOCÊ FOI SÓ CHUVA FINA
Você foi só chuva fina
que caiu mas não molhou.
Mote da colunista
Chegou feito ventania
Abalou meu coração
Pensei que era a paixão
Que me embalava e ardia
Porém logo eu percebia
Foi tempestade e passou
E nem saudades deixou
Mas minha mente rumina:
“você foi só chuva fina
que caiu mas não molhou.”
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 05 de agosto de 2017
PICÃO ROXO
Andei com dores nos quartos
Vejam que situação.
Aí me recomendaram
Tomar um chá de picão,
Eu saí me maldizendo
E já fui logo dizendo:
Esse diabo tomo não!
Mas o doutor raizeiro
Correu logo atrás de mim
Me chamou lá num cantinho
E já foi dizendo assim:
Experimente o tal picão
Que a sua situação
De dor vai chegar ao fim.
Olhei bem desconfiada
Pro vendedor de raiz
Foi quando senti de novo
Aquela dor infeliz
Era uma dor bem profunda
Subindo o rego da bunda
E atormentando os quadris.
Eu tinha que me render
A tal fitoterapia
Mas uma dúvida atroz
Realmente me afligia
Será que o tal picão
É cipó ou solução?
A gente toma, ou enfia?
Era a dor me consumindo
Era bem grande a aflição
E tinha que ser do roxo
Pra ter efeito o picão
Entrei firme no cipó
Se a dor de mim não tem dó
Não vejo outra solução.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 03 de agosto de 2017
APURANDO PUTARIA
Brasília virou celeiro
De vagabundo e ladrão
Estou assistindo ao vivo
Essa guerra de facção
Onde ofensa, xingamento
Se escuta a cada momento
Entre tapa e empurrão.
Eles se tratam por corja
No confronto da cambada
Falam em grana em cueca
Também mala recheada
Outro mostra o pixuleco
Fora Temer ouço o eco
Numa suruba danada.
A balbúrdia é tamanha
Nem parece um parlamento
Um relincha outro dá coices
Coisa mesmo de jumento
Nessa grande esparrela
Tem latido de cadela
Demonstrando seu intento.
Hoje se chama quadrilha
O que um dia foi partido.
O politico engajado
Hoje atende por bandido,
Nosso povo feito gado
Cada dia mais ferrado
Não tem querer é tangido.
Pelos meus versos profanos
Por tudo que é mais sagrado
Quero que cada canalha
Seja réu ou acusado
Quem na verdade é ladrão
E não importa a facção
Pague e seja encarcerado.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 02 de agosto de 2017
ERA SÓ MAIS UM SILVA...
Ele “era só mais um Silva”
Que a este mundo viria,
No ventre de Claudinéia
A placenta o protegia
Por uma bala perdida
Sua mãe foi atingida
E Arthur não resistiria.
Mas “era só mais um Silva”
Que a violência afetava
Que a falta de segurança
A estatística aumentava
Só mais uma mãe chorando
Nesse Brasil sem comando
Na TV eu comprovava.
A Clebson Cosme Silva
Só resta chorar a sorte
Morte Silva ou Severina
Temos num País sem Norte
Até quando padecer
Morrer querendo viver
Sem poder fugir da morte.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 29 de julho de 2017
HOLA!
Foto da colunista
Um cabra não sei de onde,
No meu face apareceu.
Numa língua diferente
Hola! O cabra escreveu,
Porém eu respondi bem
Rola!!!! pra você também
E o canalha escafedeu.
Pra ele ficar com raiva
Naquele dito momento
Eu lasquei no comentário
A foto de um jumento
Mostrando na ocasião
Sua documentação
E dei fim no atrevimento.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 28 de julho de 2017
RASGANDO O VÉU
Sonho é só fantasia
Não basta idealizar
Não se perca em pudores
Aprenda a se desnudar
O concreto tem magia
Que adentra e contagia
A quem se permite amar.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 26 de julho de 2017
POR UM BRASIL SEM LADRÕES
O povo não acordou
Nem sei se vai acordar
Os políticos safados
Procuram desabonar
A polícia Federal
A justiça no geral
Pra farra continuar.
Eu mesma não gostaria
Confesso não quero ver
Nas próximas eleições
Ficha suja concorrer
No comando da nação
Não quero ter mais ladrão
Botando a mão no poder.
Vejo hoje os políticos
Que se acusam mutuamente
É o sujo e o mal lavado
Batendo sempre de frente
Sei que é difícil escolher
E nem sei se chega a ter
Um politico decente.
Eu falto é morrer de rir
Vendo só essa esparrela
A disputa entre colchinha
Arengas com mortadela
Mas a verdade de fato
O povo é quem paga o pato
E o país se desmantela.
Não boto minha mão no fogo
Para defender bandido
Digo com todas as letras
Não me interessa o partido
Só minha pátria defendo
Mas pelo que estou vendo
Meu país está perdido.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 25 de julho de 2017
SAUDADE
Saudade é a pior ferida
No peito de um infeliz.
Vem numa pequena cena
Ou em algo que alguém diz.
Se inflamada dói e arde,
Mas não mostra cicatriz.
Ismael Gaião
Minha mãe sempre dizia
Que ouviu alguém dizer:
“Que a saudade é uma dor
Mas não é dor de doer
É vontade de lembrar
Com vontade de esquecer”
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 22 de julho de 2017
UM DENGO NO OUVIDO
Dalinha e Lindicássia
*
É coisa que agente gosta
Um dengo ao pé do ouvido
Não importa qual distancia
Quem ama traz um sentido
A saudade chega bem
Ao falar com esse aguém
Que chamamos de querido.
*
Foi num instante da vida
Que eu me surpreendi
Uma deusa namorando
Logo então eu percebi
Numa voz melodiosa
de poetisa formosa
Era amor eu pressenti.
*
O telefone fez ponte
Transportou tal sentimento
Os olhos dela brilhando
A voz tremula num momento
Foi magia foi encanto
Foi amor e eu garanto
No maior encantamento.
*
Era Dalinha Catunda
Falando com seu senhor
Deslumbrada de saudade
Saudade do seu amor
Dizendo a ele baixinho
Do seu amor e carinho
No mais bonito louvor!
*
Lindicássia Nascimento
*
LINDINHA, PAPARAZZO
*
Eu estava em Barbalha
Em uma reunião
O telefone tocou
Bem naquela ocasião
Era, sim, o meu amor!
Meu parceiro meu senhor
E atendi a ligação.
*
Fui ao cantinho afastado
Pra matar minha saudade
Porém o que eu não sabia
É que na localidade
Paparazzo ali tinha
Para espiar Dalinha
Em sua intimidade.
*
Dalinha Catunda
"
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 21 de julho de 2017
OS INJUSTIÇADOS
Nunca vi tanta injustiça
E tanta perseguição
Com o pobre inocente
Que presidiu a nação
Agora feito Jesus
Que carregou sua cruz
Sofre com a provação.
Seus amigos estão presos
É triste a situação
Mas ele nunca fez parte
Desta suja facção
É só um injustiçado
Com o nome enlameado
Sem motivo e sem razão.
Isso serve para Cunha
E para Aécio também
Para Dirceu, para Temer,
Que são homens de bem
A justiça brasileira
É de fato bem fuleira
E não respeita ninguém.
O Moro tem sido algoz
E ao mesmo tempo infeliz
Bateu o seu martelo
Com o poder de Juiz
Sem provas pra comprovar
Botou foi para lascar
E assim condenou Luiz.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 18 de julho de 2017
PARCERIA DE GLOSAS
É melhor viver sozinho
Do que mal acompanhado.
Mote: Ditado popular
Não há nada nesta vida
Que cause mais dissabor
Do que dedicar amor
A gente prostituída
Quando a alma é corrompida
O corpo é contaminado
Nunca dá bom resultado
Comprar ou vender carinho
É melhor viver sozinho
Do que mal acompanhado.
Gregório Filomeno
Chegou cheio de exigência
Só queria ser as pregas
Não era de cumprir regras
Fui perdendo a paciência
Sua falta de decência
Fez com que fosse chutado
Quando saiu do meu lado
Fez comentário mesquinho:
É melhor viver sozinho
Do que mal acompanhado.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 12 de julho de 2017
GLOSA
Só sete palmos de chão
É tudo que vamos ter.
Mote de Antônio Cassiano – Glosa desta colunista
Amor é coisa divina
E não tem como negar
Quando decide chegar
O coração contamina
Não adianta vacina
Isso devemos saber
Quem tem amor pra viver
Aproveite a ocasião
Só sete palmos de chão
É tudo que vamos ter.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 11 de julho de 2017
TROCA DE VERSOS
Também sou menino
Curumim brasileiro
Inquieto, arteiro
Seguindo o destino
Guri nordestino
Criança crescida
De alma atrevida
Em plena alegria
Fazendo poesia
De bem com a vida!
Jesus de Ritinha
Também sei cantar
Eu sou cunhatã
Eu canto a manhã
Vendo o sol raiar
Corro a traquinar
Em meio a campina
Criança, menina,
Alegre e brejeira,
Versejo faceira
Essa é minha sina.
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 10 de julho de 2017
NA REDE DA SAUDADE
Fui lá pra ver se te via
Voltei sem te avistar
Até gritei, ô de casa!
Sem a resposta escutar
Mas vou voltar outro dia
Quando a saudade apertar.
Pra não perder a viagem
Minha rede vou levar
Vou armar no teu alpendre
Nela vou me balançar
Até a boca da noite
Ou até o galo cantar.
Porém se eu cair no sono
Me acorde, por favor,
Quero embalar a paixão
Sem tramela e sem pudor
Quero o gemido da rede
No grito do armador.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 05 de julho de 2017
ÉGUA!!! QUE FRIO!!!
Eu que sou filha do sol
Amo o calor do sertão
Me vejo toda embrulhada
Com frio nesta estação
Chego até sentir tremor
Debaixo do cobertor
Que não resolve a questão.
Boto meia boto toca
E pijama de flanela
Tranco meu apartamento
Fechando porta e janela
E antes de me deitar
Faço chá para tomar
O de maçã com canela.
Na hora de tomar banho
Eu só tomo banho quente
Antes de entrar no chuveiro
Eu já vou batendo dente
Se esse frio não passar
Pro meu sertão vou voltar
Não tem diabo que aguente.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 04 de julho de 2017
AS TRAMAS DO OLHAR
Enfeitei aquele amor
Com o olhar da paixão
O que eu via era sagrado
Em minha concepção
Depois que rompi a teia
Vi o castelo de areia
Desmoronado no chão.
Fiz d’uma simples tapera
Meu castelo imaginado
Da cachaça com limão
O vinho mais cobiçado
Fiz d’um simples peregrino,
Um sem rumo e sem destino
O meu príncipe encantado.
Mas tudo que arde e queima
É certo ser cinza um dia
Quando a velha venda cai
Desfazendo a utopia
No colo da realidade
Reaparece a verdade
Desmanchando a fantasia.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 27 de junho de 2017
GLOSAS
Mote: Marcos Medeiros
Xilogravura: José Lourenço.
Com letras desenho imagens
que traduzem meu viver.
Eu leio para escrever,
além de empreender viagens.
Do mundo vivo às visagens,
busco fazer descrição.
Com métrica e oração,
dou vazão, entro no clima.
Com a chave da boa rima
Destranco meu coração!
Marcos Medeiros
Da letra monto a palavra
Da palavra monto o verso
Componho nesse universo
Estrofes de minha lavra
Quem com versos se apalavra
Mostra sua distinção
Por isso preste atenção
Você que me subestima:
Com a chave da boa rima
Destranco meu coração!
Dalinha Catunda
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 23 de junho de 2017
NEM CANTA NEM LARGA A VIOLA
Você diz que canta bem
Tem bico de passarinho
Cala qualquer cantador
Que cruzar o seu caminho
Amigo não leve a mal
Quem canta que nem pardal
Só cisca e caga no ninho.
Você só tem é zoada
Não passa dum fanfarrão
Só faz barulho e mais nada
Eu cheguei à conclusão
Não toca bem a viola
Na rima sempre se atola
Erra a metrificação.
A sua voz é fanhosa
Pois só sai pelo nariz
O povo não compreende
Aquilo que você diz
Porém só quer ser as pregas
Inda manga dos colegas
Com seu deboche infeliz.
Para cantar com você
Mesmo que seja sabido
Quem sabe esquece o que sabe
E logo fica perdido
O pensamento se enrola
Não sai nada da cachola
Só sendo doido varrido.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 20 de junho de 2017
QUE SÃO JOÃO NÓS TEMOS?
Hoje o nordestino pede
De volta o seu São João
Porém vejo que esqueceu
De cultivar tradição
Em busca de novas trilhas
Trocam as velhas quadrilhas
Por luxo e ostentação.
As quadrilhas são temáticas
Perderam a singeleza
Se apresentam com requinte
No cortejo tem princesa
Na verdade já descamba
Para uma escola de samba
Competindo com riqueza.
Numa vestimenta cara
O farto brilho conduz.
No cabelo penteado
Custoso adorno reluz.
Aquela festa brejeira
Onde brilhava a fogueira
Só a cinza se reduz.
Cadê o velho São João
Festejos de antigamente
O casamento matuto
Com jeito de nossa gente
A dança e a simpatia
Que no passado havia
Agora é tão diferente.
Não tem mais chapéu de palha
E nem camisa estampada
O homem não usa mais
Sua calça remendada
A canção de Gonzagão
Já não anima o São João
Vejo a coisa bem mudada.
Nas quadrilhas não tem mais
Nossa cabocla bonita
Com as pintinhas na cara
Com seu vestido de chita
Com seu cabelo trançado
Na trança de cada lado
O seu lacinho de fita.
Quem quer o São João de volta
Exercita a tradição
Preserva sua história
Antes da reclamação
Sua cultura propaga
Da memória não apaga
Costumes e tradição.
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 17 de junho de 2017
TERREIRO DE AMOR
*
GREGÓRIO FILOMENO
Minha casa não tem muro
Nem cerca eletrificada
Tem de lado uma latada
E um pé de moleque duro
Mas eu me sinto seguro
De nada tenho pavor
E o meu galo cantador
Me acorda ao romper d'aurora
NINGUÉM ME BOTA PRA FORA
DO MEU TERREIRO DE AMOR.
*
DALINHA CATUNDA
Não tenho papel passado
Mas me casei mesmo assim
Amancebada sou, sim!
Tenho amor assegurado
E quem vive ao meu lado
Vive a vida com sabor
Até canta em meu louvor
Qu’é feliz não ignora
NINGUÉM ME BOTA PRA FORA
DO MEU TERREIRO DE AMOR.
*
Mote de Gregório Filomeno
XILO de Carlos Henrique
Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 12 de junho de 2017
A MINHA JANGADA
O mar parece sereno
O sol tinge o infinito
Feito Juvenal Galeno
Eu tento cantar bonito
Vou preparando terreno
Enquanto a paisagem fito.
*
Minha jangada de vela
Das trovas de Juvenal
Quanta saudade revela
Chego a sentir o terral
Até parece uma tela
Mas o cenário é real.
*
Versos de Dalinha Catunda
Foto de Cayman Moreira
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