Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 30 de novembro de 2022

O REPENTE É PATRIMÔNIO CULTURAL (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DOALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

Mote desta colunista:

Patrimônio cultural
É o repente brasileiro.

Agora o nosso repente
Foi mesmo reconhecido
O registro é merecido
E a classe ficou contente
Porque o IPHAN sabiamente
Deu mais um passo certeiro
E falou pro mundo inteiro
Que o repente tem aval:
Patrimônio cultural
É o repente brasileiro.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 23 de novembro de 2022

ALGUMAS GLOSAS (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMNDO FLORIANO)

ALGUMAS GLOSAS

Dalinha Catunda

 

Mote de Heliodoro Morais:

Minha mulher tem de tudo
Que outra mulher não tem!

Eu não me canso de ouvir
Do meu marido adorado
O que ele já tem falado
E está sempre a repetir
Que eu gosto de me enxerir
Que sou teimosa também
Dou coice como ninguém
E bravo diz, carrancudo:
Minha mulher tem de tudo
Que outra mulher não tem!

Dalinha Catunda

Meu marido diz assim:
Eita baixinha atrevida
Dedicas a tua vida
Pensando tão mal de mim
Vou mesmo te dar um fim
E te despachar no trem
Pra comer te dou xerém
De que te serve o estudo?
Minha mulher tem de tudo
Que outra mulher não tem!

Bastinha Job

Vez por outra ele me xinga
Grita chora e não me deixa
Diz que meu gosto de ameixa
Minha dança e minha ginga
Se mistura à sua pinga
Que bebe e não se contém
Gasta o último vintém
Caminha a passo miúdo
Minha mulher tem de tudo
Que outra mulher não tem!

Vânia Freitas

As mulheres em geral
são dotadas de beldades,
diferentes das maldades
que o homem convencional
via de regra – em geral –
chama de mal ou de bem,
mas, elas, quaisquer ou quem,
tem seu próprio conteúdo…
Minha mulher tem de tudo
Que outra mulher não tem!

David Ferreira

Eita mulher arretada
Essa que casou comigo
É dona do próprio umbigo
Resolve qualquer parada
Quando chega a madrugada
Na dança do xenhenhém
Me carrega pro além
No tapete de veludo
Minha mulher tem de tudo
Que outra mulher não tem!

Giovanni Arruda

 

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 16 de novembro de 2022

AINDA FAÇO MENINO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

AINDA FAÇO MENINO

Dalinha Catunda

 

Cangaceirinho: artesanato feito por esta colunista

Eu para fazer menino
No tempo da mocidade
Virava só os olhinhos
Cheia de felicidade
O tempo foi se passando
E foi chegando a idade
Lá se foi a primavera
Meu Deus quanta crueldade
Hoje pra fazer menino
É uma dificuldade
Preciso de agulha e linha
Tecido em variedade
Uma máquina de costura
Só para essa atividade
O tempo passa e faz dano
Essa é a mais pura verdade
E para meu desengano
Com toda sinceridade
Menino me arisco e faço
E vendo por unidade.
Mas é menino de pano
Minha especialidade.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 09 de novembro de 2022

A VENDEDORA DE TABACO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

A VENDEDORA DE TABACO

Dalinha Catunda

 

Com seu negócio montado
Outra coisa ela não quer
Pois negócio de mulher
Sempre dá bom resultado
Já que o seu tem prosperado
Contratou logo sua mana
E a dupla toda semana
Faz zoada no barraco:
Pode cheirar meu tabaco
Ele é feito de imburana!


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 02 de novembro de 2022

EU JÁ FIZ SESSENTA E NOVE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

EU JÁ FIZ SESSENTA E NOVE

Dalinha Catunda

 

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 25 de outubro de 2022

A ÁRVORE QUE ME REPRESENTA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

A ÁRVORE QUE ME REPRESENTA

Dalinha Catunda

 

Fotos desta colunista

 

Eu hoje vivo na roça
Recordando meu sertão,
Pois é lá daquelas brenhas,
Que retiro inspiração.
Minha Árvore de Natal,
Tentei fazer uma igual,
Com alguma inovação.

Peguei garrancho no mato,
Tirei as folhas, limpei,
E numa lata de vinte
Areia lá coloquei.
E depois chegou a vez
Do paninho de xadrez,
Pra envolver a lata usei.

E como eu sou cordelista,
Para a árvore enfeitar,
Dependurei meus cordéis,
Que tem tanto pra contar…
Das histórias do sertão,
Que trago no coração,
E gosto de relembrar!

Minhas bonecas de pano?
No Natal muitas ganhei!
Como artesã de bonecas,
Algumas eu pendurei,
Frutos da recordação,
Que marcam a tradição,
Coisas que vivenciei.

Quando saí do Nordeste
Mãe solteira, e minha cruz,
Me apeguei no meu caminho,
A santa Mãe de Jesus.
Minha base a cada dia,
Era Jesus e Maria.
Meu caminho foi de luz.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 19 de outubro de 2022

EU MAIS XICO NO FUXICO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

EU MAIS XICO NO FUXICO

Dalinha Catunda

 

 

Xico Bizerra

Amigo vou lhe dizer
Preste bastante atenção
Das dores do coração
Não cabe se maldizer
Só tempo pra resolver
Não vale a pena chorar
Eu posso até me lascar
Porém morro sem pedir
Pr’ele ficar e não ir
Ou não ir, querer ficar.

Dalinha Catunda

quem souber me diga agora
não me deixe sem resposta
quando o caba um dia gosta
gosta tanto que até chora
e seu amor vai embora
ele fica a lamentar
sem saber pra quem rezar
sem noção a quem pedir
pr’ela ficar e não ir
ou não ir, querer ficar

Xico Bizerra

Quando um amor vai embora
Um outro amor logo vem
Nos braços de outro alguém
Nosso instinto colabora
A vida logo melhora
Paixão é para passar
Quem vai, perde seu lugar
Não adianta insistir:
Pr’ele ficar e não ir
Ou não ir, querer ficar

Dalinha Catunda

O problema é que ela indo
A gente fica sozinho
E sem amor, sem carinho
O ‘hômi’ termina caindo
Sem vergonha, vou pedindo
Pra ela ficar e não ir
E eu chorando, sem rir
Sei que vou me lascar
Se ela não quiser ficar
Nem adianta outra vir

Xico Bizerra

Eu só quero quem me quer
Disso sabe quem me atura
Não é qualquer criatura
Que conhece meu mister
Sou parceira sou mulher
Mas não sou de me iludir
Se meu parceiro partir
Pranto não vou derramar
Se ele não quiser ficar
Vou achar quem queira vir

Dalinha Catunda

Pior é que na minha idade
Quase tudo anda mole
Quase nada ainda bole
Uma infelicidade
Aqui na minha cidade
Ninguém comigo quer nada
Sem mulher ou namorada
Nem posso me divertir
Se essa mulher partir
Minha sorte está lançada.

Xico Bizerra

Amigo, pra pé doente
Um chinelo velho tem
Quando a dona idade vem
Tudo fica diferente
Um cabra polivalente
Sempre brilha até o fim
E dá mingau ao soim
Porque sabe arquitetar
E vê a cobra fumar
Enquanto a sorte diz sim.

Dalinha Catunda

Quem me dera acreditar
Em tudo que você diz
Quisera ser aprendiz
E saber arquitetar
Todo o bem e o mal que há
Nessa vida não brilhei
E até atrapalhei
O brilho que outros tem
E como ninguém mais vem
Desisti e me mandei

Xico Bizerra

O bom da vida é viver
A vida como ela é
Horas grudados na fé
Já outras a se entreter
Versos tentando fazer
Pra não perder a mania
Pois nos braços da poesia
É Sempre tempo de luz
E a palavra que reluz
Ilumina nosso dia.

Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 12 de outubro de 2022

A ROLA DE XICO BIZERRA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

A ROLA DE XICO BIZERRA

Dalinha Catunda

 

Rolinha-roxa

Um homem que não tem rola
É homem pela metade
Não tem mulher que lhe queira
Esta, uma grande verdade
Por isso que a minha rola
É minha maior vaidade.

Xico Bizerra

Admiro muito um homem
Pela rola que ele tem
Pra ela fica formosa
Deixo comer meu xerém
E ainda coço a cabeça
E chamo de meu neném.

Dalinha Catunda

Ela é grande e bonita
Coisa mais linda do mundo
Quem um dia já lhe viu
Tem por ela amor profundo
Guardo ela na varanda
No quintal, boto no fundo.

Xico Bizerra

Uma rola desse naipe
Eu garanto que é burguesa
Na varanda ou no quintal
Eu não vou ficar surpresa
Que alguém venha se apossar
Dessa pombinha indefesa.

Dalinha Catunda

Mas o mais bonito dela
É seu canto mavioso
Quando canta, ajunta gente
Ouvindo o canto gostoso
Minha rola é um passarinho
Deixe de ser tão maldoso,

Xico Bizerra

Amigo, uma rola dessa
Que canta com precisão
Eu abro a minha gaiola
Prendo no meu alçapão
Deixo dormir no meu oco
E não devolvo mais não.

Dalinha Catunda

Dalinha, tu és danada
De minha rola sem medo
Vou te levar de presente
Chego por aí bem cedo
Depois tu conta pro povo
Como foi o nosso enredo.

Xico Bizerra

Xico você pode vir
Vou ficar de prontidão
Se você me trouxer rola
Vou depenar no fogão
E depois vou temperar
Para nossa refeição.

Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 28 de setembro de 2022

POETAS GEMENDO NA REDE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

POETAS GEMENDO NA REDE

Dalinha Catunda

 

Antigamente eu gemia
Ele gemia também
Ele me chamava amor
E eu chamava de meu bem
Hoje quando estou gemendo
Ele vai logo dizendo:
Que diabo é que você tem?

Dalinha Catunda

O verdadeiro gemido
Que muita gente conhece
Começa ao anoitecer
Termina quando amanhece
Mas o gemido de dor
Espanta qualquer amor
Quando a gente envelhece.

Creusa Meira

Meu gemido é diferente
E é capaz de assustar
Porém nunca perguntei
Na hora de namorar
A gemedeira é no grito
E a dele no mesmo rito
Que até chega a desmaiar.

Lindicássia Nascimento

Na nossa lua de mel
Em cima do meu colchão
Eu gemia ela gemia
Parecia assombração
Hoje se der um gemido
Ela vem com um comprimido
E um copo d’água na mão

Alberto Francisco

Aqui também é assim
Uma grande gemedeira
Ela geme e eu gemo
É a maior quebradeira
Agora, gemido de amor
Gemido sem sentir dor
Num tem de jeito e maneira

Xico Bizerra

No começo a gemedeira
Assombrava até a gente
Nosso gemido era imenso
Que a cama ficava quente
Hoje em dia, no gemido.
Ela já diz: – Meu marido
Já está com dor de dente!

Marcos Silva

Como tenho sete dores
Correndo por todo o corpo
Já não dá mais pra gemer
Até ando meio torto
Sem ninguém pra me acudir
A mulher só a dormir
Contudo, não estou morto.

José Walter Pires

Indo puxo gemedeira
De peleja e cantoria
Também gemo em minhas dores
Mas lamento hoje em dia
Minha cobra não dá bote
Sem puder pegar caçote
Eu só gemo de agonia

Giovanni Arruda

Meu carro de boi gemia
Nas suas longas andanças
De noite do quarto ouvia
Eu e outras crianças
Gemidos vindo da porta
Que o vento hoje corta
Gemidos dessas lembranças.

Vânia Freitas


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 21 de setembro de 2022

VIDA NA ROÇA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO) VÍDEO

 

VIDA NA ROÇA

Dalinha Catunda

 

 

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 14 de setembro de 2022

O CABARÉ DO BERTO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

O CABARÉ DO BERTO

Dalinha Catunda

Sei que o Cabaré do Berto,
É cabaré de respeito
Mas mulher p’ra frequentar
Tem que ter é muito peito
Ou cai na língua afiada
De quem fica recalcada
Se roendo com despeito.

Tem papo e tem poesia,
Tem muita descontração,
Histórias inusitadas
De farra e de traição
Na hora da oratória
Não falta corno na história
Muito riso e animação.

O cabaré democrático
Todos podem frequentar
Não tem limite de idade
Quem quiser pode chegar
Tem um clima diferente
E que agrada a muita gente
Quem quiser pode chegar.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 07 de setembro de 2022

RODA DE GLOSAS (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

RODA DE GLOSAS

Dalinha Catunda

 

Mote desta colunista

Quem não tem capacidade
Para seguir o seu roteiro,
Pega o dos outros ligeiro,
Dele faz sua verdade.
Com toda sinceridade!
Abro a boca pra dizer,
E se você quer saber,
Segredo não vou guardar:
Tem o diabo pra tirar
Mas tem Deus pra devolver.

Dalinha Catunda

Quem tem coragem na vida
Enfrenta qualquer perigo
Põe pra correr inimigo
Vai com garra para lida
Pela FÉ tá guarnecida
E nada lhe faz temer
Afirmo, pois, com prazer
ninguém vai me derrubar
Tem o diabo pra tirar
Mas, tem Deus pra devolver.

Dulce Esteves

Nessa vida tem de tudo
Gente ruim e gente boa
Tem sol quente e tem garoa
Tem buraco e viaduto
Cabra frouxo e cabra bruto
Tem o cego e o que vê
Tem a noite, o amanhecer
Mas no fim pode anotar
Tem o diabo pra tirar
Mas tem Deus pra devolver

Giovanni Arruda

Fé e força de vontade
Pra enfrentar o problema
Um pouco de estratagema
E sempre usar a verdade,
Pois quem tem idoneidade
Não tem o que se temer,
Mande bem e pra valer
Deixe o demo se lascar:
Tem o diabo pra tirar
Mas tem Deus pra devolver.

Bastinha Job

Quando sou surrupiado
Por alguém sem consciência
Não perco minha decência
Nem me sinto revoltado
Da pena até do coitado
A má ação faz sofrer
Pequeno para entender
Que quem erra vai pagar
Tem o diabo pra tirar
Mas tem Deus pra devolver.

Jairo Vasconcelos


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 31 de agosto de 2022

MULHER SABERES E OFÍCIO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

MULHER SABERES E OFÍCIO

Dalinha Catunda

Capa desta colunista

A mulher no seu trajeto
Marcou bem sua conduta
Abraçando profissões
Nunca fugiu da labuta
Porém muito consciente
Ela sempre é presente
Na base de cada luta.

Onde o progresso era lerdo
Laborava sua mão
Exercendo cada ofício
Usando a intuição
Mesmo sem ter faculdade
Serviu a sociedade
Sendo informal em ação.

Todo seu conhecimento
É dote matriarcal
Aprendeu fazer canteiro
Com erva medicinal
E lá nos tempos de então
Servia a população
Com plantas do seu quintal

Onde não havia médico
Raizeira sempre tinha
Mostrando conhecimento
E os saberes que detinha
Pra quem não tinha dinheiro
O remédio era caseiro
E não faltava mezinha.

Folhas para chás e emplastro
Era comum ter na feira
Como hortelã e mastruz
Arruda, malva e cidreira
Também raízes sortidas
Que eram sempre vendidas
Através da raizeira.

Nos lugares mais remotos
Nas mais distantes ribeiras
Pessoas eram curadas
Pelas mãos das benzedeiras
Que faziam a benzedura
Seguindo a velha cultura
Das mulheres curandeiras

 

Na fala da rezadeira
Ramo molhado na mão
As palavras milagrosas
Em formato de oração
Chegavam para curar
Quem viesse procurar
Pro seu mal a solução.

Mulheres predestinadas
Recebem a incumbência
A de aparar as crianças
Pra isso tinham ciência
São essas aparadeiras
As importantes parteiras
Mulheres de experiência.

Eram mulheres humildes
Morando sempre distante
Por serem solicitadas
A qualquer hora e instante
Sendo de noite ou de dia
A pé ou de montaria
Elas seguiam adiante.

O artesanato faz parte
Da ocupação feminina
Tricô, crochê e bordados,
Do filé a renda fina
Do barro a palha e cipó
A mulher trança e dá nó
No decorrer da rotina.

A destreza da mulher
No trabalho artesanal
É legado do passado
Vindo do berço ancestral
É motivo de alegria
É sessão de terapia
O bendito o ritual.

Esse saber cultural
Tem arte tem tradição
É relíquia que artesã
Concretiza em sua mão
O fruto dessa magia
Traz o pão de cada dia
É base é sustentação.

O ofício de fazer renda
É mais que uma ocupação.
No movimento dos bilros
A mágica em cada mão
Vejo a rendeira tecendo
E a trama desenvolvendo
No compasso da emoção.

A arte de ser rendeira
Um trabalho secular
Que passa de mãe pra filha
E sempre a salvaguardar
Os fios da tradição
Dessa nobre profissão
Que a mulher soube abraçar.

A Lavadeira de roupa
Dos tempos de antigamente
Lavava a roupa no rio
Sem reclamar do batente
Cantava com as amigas
No rito velhas cantigas
Alegrando o ambiente

Levava sabão em barra
Para a roupa ensaboar
Aproveitava o sol quente
E botava pra quarar
Na pedra a roupa batia
Muitas vezes repetia
Para depois enxaguar.

Na arte de passar roupa
A mulher se destacava
Pois era com ferro a brasa
Que a roupa sempre passava
Engomar terno de linho
Para ficar bem durinho
Só quem muito praticava.

Nos mais distantes rincões
A mulher se superava
Com a lata na cabeça
Muita água carregava
Com um menino escanchado
Um outro sendo arrastado
A lata ela equilibrava.

Com balaio na cabeça.
De porta em porta ou na feira
É sempre essa a rotina
Da cabocla verdureira.
Que monta barraca e anda
E sua vida comanda
Na labuta costumeira.

Tem sempre a mão da mulher
Nos lastros da agricultura
Sobrevive com coragem
Encarando essa cultura
Na pesada profissão
Fazendo calo na mão
Na enxada e se aventura.

A mulher que planta e colhe
É raiz é fruto é flor
É semente que se espalha
Segue a lida com amor
Da terra tira o alimento
E faz esse movimento
Com fé em Nosso Senhor.

Louvo a mulher cordelista
Que tem seu lugar de fala
Que promove outras mulheres
Com seus versos não se cala
Retira do pensamento
Todo seu conhecimento
E ao mundo inteiro propala.

Louvo avó, a mãe e a filha
Louvo o elo de união
Que traz no matriarcado
A força da tradição
Louvo a mulher aguerrida
Que na bandeira da vida
Pôs o mastro em sua mão.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 24 de agosto de 2022

CONVERSA DE CALÇADA VIRTUAL (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)A

CONVERSA DE CALÇADA VIRTUAL

Dalinha Catunda

 

A estrofe precisa começar sempre com o primeiro verso

* * *

Meti o pé na carreira
Quando meu pai avistei
Fui ao forró escondida
Pra ninguém nada falei
Quando vi lá do salão
Meu pai com cipó na mão
Confesso desembestei.

Dalinha Catunda- Rio de Janeiro-RJ

Meti o pé na carreira
quando avistei Adalgisa
Uma irmã muito braba
E eu com a cara lisa
Fiquei fazendo motejo
Sem vergonha sem ter pejo
Corri com medo da pisa…

Bastinha Job – Crato–CE

Meti o pé na carreira
A hora estava marcada
Faltando 5 minutos
Pense que forte pisada
Já ouvi do vigilante
Você é o último, adiante
A agência está fechada.

Rivamoura Teixeira

Meti o pé na carreira
Com medo do boi zebu
Vinha voltando da feira
Do baixo Acaraú
Não tinha pra onde saltar
Eu tive que escapar
No pé de mandacaru.

Araquém Vasconcelos

Meti o pé na carreira
E quase peço socorro
A sorte qu’eu tive sorte
Consegui subir no morro
Por cima de pedra e tudo
De pressa fiz de escudo
O tal dono do Cachorro.

Francisco De Assis Sousa – Barbalha-CE

Meti o pé na carreira
ao ver quem tinha chegado,
eu brincando um São João,
dançando com o namorado,
mamãe chegou sutilmente,
tacou a peia na gente,
foi cada um pra seu lado.

Anilda Figueiredo- Crato-CE

Meti o pé na carreira
Cum medo de vosmicê
Eu já tô véio, cansado
Num posso mais lhe “atendê”
No tempo que eu pudia
Vosmicê num me quiria.
O que mudô em você?

Marcelo José

Meti o pé na carreira
Eu quase que não me venço.
Pensei que tirei um lenço,
Num dia de carnaval,
Do”quengo”duma criatura ;
Era um rolo de atadura,
Ví nêga passando mal.

Wellington Santiago

Meti o pé na carreira
Entre Barbalha e Jardim
Com medo de um lobisomem
Essa criatura ruim
Assombrava todo mundo
O tal Vicente Finim

Fabiana Vieira- Crato-CE

Meti o pé na carreira
Debaixo da cajarana,
Quando papai me chamou:
– Vou brincar com jetirana!
Ele não batia em nós,
Cinco minutos após,
Lá estava eu na chicana.

Chica Emídio – Crato-CE

Meti o pé na carreira
No assanhar do maribondo
Famoso pelo chapéu
Com formato hediondo
Venceu a corrida a vespa
Minha cabeleira crespa
Fervilhou de nó redondo

Giovanni Arruda- Fortaleza-CE

Meti o pé na carreira
Quando o dono apareceu
Na roça de melancia
Por pouco não pegou eu
Nenhuma pude levar
Com medo de apanhar
Uma pirôla me deu…

Jairo Vasconcelos

Meti o pé na carreira
Quando vi a tal confusão,
Naquele ano de oitenta e oito.
Foi na greve dos cem dias.
E gás para todo lado.
Perdi até o meu calçado,
Fugindo do camburão!

Rosário Pinto- Rio de Janeiro-RJ

Meti o pé na carreira
No meio da escuridão
Quando vi foi uma sombra
Me fazendo assombração
Se eu lhe contar o segredo
Que eu estava era com medo
Da sombra da minha mão.

Vânia Freitas – Fortaleza-CE

Meti o pé na carreira
Quando a polícia chegou
Assaltaram uma igreja
O tenente me olhou
Quando disse o sacristão
Toda oferta vinho e pão
Foi Ritinha que roubou

Ritinha Oliveira

Meti o pé na carreira
Quase morri assustado
Ao jogar pedra na Kombi
Quase o vidro foi quebrado
A minha irmã enredou
O meu pai quando chegou
Eu já tinha me mandado

Joabnascimento-Camocim-CE


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 17 de agosto de 2022

O MEU CORDEL CIRANDEIRO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

Dalinha Catunda

 

Para falar de Ciranda
O meu coração balança
Eu faço a roda girar
Quando a musa entra na dança
Avivando a inspiração
Assim flui minha oração
Diante dessa aliança.

Peguei na mão da ciranda
Buscando sempre agregar
Juntei ciranda e cordel
Para melhor propagar
Com canto e literatura
Nossa popular cultura
Com dança para animar.

No meu cordel cirandeiro
Trago o canto de alegria
Trago meu Cordel de Saia
Trago o cordel de Maria
Pra mostrar meu universo
De rima de canto e verso
De peleja e cantoria.

Pra melhor salvaguardar
O cordel literatura
Eu criei As Cirandeiras
E gostei dessa mistura
Quem sabe canta o refrão
E faz a declamação
Nos moldes dessa estrutura.

Cirandeiras do Cordel
É projeto que caminha
Já tem um núcleo no Crato
Com cordelistas de linha
Outros núcleos surgirão
Conforme a ocasião
Assim cogita Dalinha.

Vou abrir a minha roda
Quem quiser pode chegar
Mais de mil versos bonitos
Fiz pra quem quiser cantar
Enfie a mão na sacola
E pode pegar a cola
Quem quiser participar.

 

A roda duma ciranda
Sempre traz felicidade
Pois cantando se repassa
Costumes da oralidade
As mais bonitas lembranças
Vem no bailado das danças
Florindo a realidade.

Venha dançar a Ciranda
Que veio de Portugal
A rica herança dos mouros
De cadência sem igual
Vem menina entra na roda
Que a dança não cai de moda
Da tradição tem aval.

Hoje vou dançar ciranda
Na calçada ou no terreiro
Vou levar o meu ganzá
Um zabumba e um pandeiro
Vou ficar toda bonita
Vou botar laço de fita
Pra ganhar um cirandeiro.

Venha cá dançar ciranda
Na palhoça ou no salão
Aqui não tem preconceito
Pois ciranda é inclusão
Dança velho, dança novo,
Na ciranda que é do povo
Em qualquer ocasião.

Na ciranda a vestimenta
É bem alegre e bonita
Tem a blusa de babado
A saia é feita de chita
No movimento da dança
A gente vira criança
E a saia rodada agita.

Dancei ciranda na praia
Com vestido de algodão
Esperando meu amor
Que saiu para o arrastão
Fiquei na beira do mar
Olhando a onda quebrar
Com meus olhos de paixão.

Eu danço no meu sertão
Que fica no Ceará
Lia dança em Pernambuco
Praia de Itamaracá
A ciranda é popular
Se dança em qualquer lugar
Também no boi do Pará.

Lia de Itamaracá
Da ciranda é a rainha
A grande representante
Jamais dançará sozinha
O seu bonito legado
Será sempre copiado
Seguiremos sua linha.

Trago uma flor no cabelo
Um buquê em minha mão
Quero um cheiro no cangote
Na ciranda da paixão
Quero seu chapéu quebrado
Saudando meu requebrado
Ao cantar nossa canção.

A ciranda é minha e sua
Ela é de cada amiga
É dança que vem de longe
Embalada na cantiga
É no baú da memória
Que se resguarda a história
E resgata a mais antiga.

A ciranda tem seu passo
Quem quiser pode chegar
Se você der meia volta
Volta e meia quero dar
Mas faça com emoção
Pegue aqui na minha mão
Que na sua irei pegar.

Quem ainda não conhece
Por favor se achegue aqui
Para ver as cirandeiras
Das plagas do Cariri
São as mulheres que cantam
E na ciranda encantam
Na colheita do pequi.

Essa Ciranda é do Crato
De Barbalha e Juazeiro
É do Padim Pade Ciço
É do Cariri Inteiro
Grave com o seu cinzel
É ciranda do cordel
Movimento pioneiro.

A Ciranda itinerante
É de fato uma beleza
Dancei no Rio de Janeiro
E lhe digo com certeza
Muito emoção eu senti
Ao dançar em Paraty
E também em Fortaleza.

Mas foi na minha Ipueiras
Com muita satisfação
Que o nosso grupo estreou
No Saberes do Sertão
No, Encontro de Ipueiras
Tivemos As Cirandeiras
Em sua apresentação.

Cada ciranda cantada
Vai cumprindo seu papel
Disseminando cultura
Ao difundir o cordel
E nesse tipo de ação
Vai passando a tradição
Procurando ser fiel.

Ciranda é muita pesquisa,
Trabalho e dedicação.
É saber se reunir
Quando pede ocasião
Uma boa cirandeira
Não solta a mão da parceira
E zela pela união.

Nesse Cordel Cirandeiro
Eu quero homenagear
Cada mulher cirandeira
Que fez a roda girar
Que pegou na minha mão
E me fez ter gratidão
E querer continuar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 13 de agosto de 2022

A SANTO ANTÔNIO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A SANTO ANTÔNIO

Dalinha Catunda

 

13 de junho, Dia de Santo Antônio (Foto desta colunista)

 

Ô meu Santo Antônio
Me ajude a casar
Eu quero um marido
Quero me arranjar
Se você não der
Lhe jogo no mar.

O tempo se passa,
Você nada faz
Eu só esperando
Meu belo rapaz
Pois ficar solteira
A mim não apraz.

Meu santo querido
Meu santo adorado
Se eu morrer sozinha
Você é culpado!
Me arrume santinho…
Um bom namorado!


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 22 de dezembro de 2021

A ÁRVORE QUE ME REPRESENTA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)
 

A ÁRVORE QUE ME REPRESENTA

Dalinha Catunda

Fotos desta colunista

 

 

Eu hoje vivo na roça
Recordando meu sertão,
Pois é lá daquelas brenhas,
Que retiro inspiração.
Minha Árvore de Natal,
Tentei fazer uma igual,
Com alguma inovação.

Peguei garrancho no mato,
Tirei as folhas, limpei,
E numa lata de vinte
Areia lá coloquei.
E depois chegou a vez
Do paninho de xadrez,
Pra envolver a lata usei.

E como eu sou cordelista,
Para a árvore enfeitar,
Dependurei meus cordéis,
Que tem tanto pra contar…
Das histórias do sertão,
Que trago no coração,
E gosto de relembrar!

Minhas bonecas de pano?
No Natal muitas ganhei!
Como artesã de bonecas,
Algumas eu pendurei,
Frutos da recordação,
Que marcam a tradição,
Coisas que vivenciei.

Quando saí do Nordeste
Mãe solteira, e minha cruz,
Me apeguei no meu caminho,
A santa Mãe de Jesus.
Minha base a cada dia,
Era Jesus e Maria.
Meu caminho foi de luz.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 07 de dezembro de 2021

A VENDEDORA DE TABACO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

Nenhuma descrição de foto disponível.

 

A VENDEDORA DE TABACO
 
Foi para sobreviver
Que a Ana mulher sem ócio
Abriu seu próprio negócio
Sem falatório temer
E se alguém quiser meter
A Língua no que faz Ana
A vendedora se dana
E dá pro cliente um naco:
Pode cheirar meu tabaco
Ele é feito de imburana!
*
Com seu negócio montado
Outra coisa ela não quer
Pois negócio de mulher
Sempre dá bom resultado
Já que o seu tem prosperado
Contratou logo sua mana
E a dupla toda semana
Faz zoada no barraco:
Pode cheirar meu tabaco
Ele é feito de imburana!
*
Dalinha Catunda
Xilo de Cicero Lourenço.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 04 de dezembro de 2021

AINDA FAÇO MENINO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO

Nenhuma descrição de foto disponível.

 

 

AINDA FAÇO MENINO
 
Eu para fazer menino
No tempo da mocidade
Virava só os olhinhos
Cheia de felicidade
O tempo foi se passando
E foi chegando a idade
Lá se foi a primavera
Meu Deus quanta crueldade
Hoje pra fazer menino
É uma dificuldade
Preciso de agulha e linha
Tecido em variedade
Uma máquina de costura
Só para essa atividade
O tempo passa e faz dano
Essa é a mais pura verdade
E para meu desengano
Com toda sinceridade
Menino me arisco e faço
E vendo por unidade.
Mas é menino de pano
Minha especialidade.
*
Versos de Dalinha Catunda
Artesanato de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 19 de novembro de 2021

A MINHA MULHER TEM TUDO- QUE OUTRA MULHER NÃO TEM (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 
MINHA MULHER TEM DE TUDO
QUE OUTRA MULHER NÃO TEM
Mote de Heliodoro Morais
 
Pode ser uma ilustração
*
Eu não me canso de ouvir
Do meu marido adorado
O que ele já tem falado
E está sempre a repetir
Que eu gosto de me enxerir
Que sou teimosa também
Dou coice como ninguém
E bravo diz, carrancudo:
“minha mulher tem de tudo
que outra mulher não tem”
Glosa: Dalinha Catunda
*
Meu marido diz assim:
Eita baixinha atrevida
Dedicas a tua vida
Pensando tão mal de mim
Vou mesmo te dar um fim
E te despachar no trem
Pra comer te dou xerém
De que te serve o estudo?
“Minha mulher tem de tudo
Que outra mulher não tem!”
Glosa: Bastinha Job
*
Vez por outra ele me xinga
Grita chora e não me deixa
Diz que meu gosto de ameixa
Minha dança e minha ginga
Se mistura à sua pinga
Que bebe e não se contém
Gasta o último vintém
Caminha a passo miúdo
“Minha mulher tem de tudo
Que outra mulher não tem!”
Glosa de Vânia Freitas
*
As mulheres em geral
são dotadas de beldades,
diferentes das maldades
que o homem convencional
via de regra - em geral -
chama de mal ou de bem,
mas, elas, quaisquer ou quem,
tem seu próprio conteúdo...
“minha mulher tem de tudo
que outra mulher não tem”.
Glosa: David Ferreira.
*
Eita mulher arretada
Essa que casou comigo
É dona do próprio umbigo
Resolve qualquer parada
Quando chega a madrugada
Na dança do xenhenhém
Me carrega pro além
No tapete de veludo
“minha mulher tem de tudo
que outra mulher não tem”
Glosa: Giovanni Arruda.
*
Xilo de Erivaldo Ferreira

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 13 de novembro de 2021

PATRIMÔNIO CULTURAL É O REPENTE BRASILEIRO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

Pode ser uma imagem de 9 pessoas, pessoas em pé e texto que diz "CENTRO DE CONVENÇÕES Adalgısa Borges de Carvalho Edição Festival de"

 

PATRIMÔNIO CULTURAL
É O REPENTE BRASILEIRO
 
Agora o nosso repente
Foi mesmo reconhecido
O registro é merecido
E a classe ficou contente
Porque o IPHAN sabiamente
Deu mais um passo certeiro
E falou pro mundo inteiro
Que o repente tem aval:
PATRIMÔNIO CULTURAL
É O REPENTE BRASILEIRO.
*
Mote e Glosa de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 01 de novembro de 2021

Ô VÉIA PRA ENXERGAR! (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)
 

Ô VÉIA PRA ENXERGAR!

 

 

Minha mãe é poetisa,
E sempre gostou de ler,
Mas ficou com a vista curta,
Começou seu padecer.
Com receio de cegar,
Resolveu se consultar,
Para a vista não perder.

O doutor disse ligeiro
Sem rodeio sem bravata:
– Aqui pelo que estou vendo
O seu caso é catarata!
Uma simples cirurgia,
Vai fazer sua alegria,
Vamos já marcar a data.

Mamãe ficou animada,
Cheia de satisfação,
Falava pra todo mundo,
Dessa sua operação.
Outra coisa não falava,
Todo dia ela rezava,
Pra dar certo a intervenção.

Não demorou muito tempo
Ela foi paro o hospital,
E por causa da idade
Mamãe precisou de aval,
Mas depois de operada,
A vista foi renovada,
E ficou especial!

Hoje quando alguém pergunta,
Se vê mesmo, ou se é fofoca,
Ela diz que enxerga até
“Priquito” de muriçoca,
E nem pense em contestar!
Pois língua pra argumentar,
Ela tem bem grande e choca.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 08 de outubro de 2021

A CAVEIRA E A CAMBAXIRRA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

A CAVEIRA E A CAMBAXIRRA
Dalinha Catunda
 
 
 
 
 
*
Garanto faz muito tempo
Que o boi malhado morreu,
Era um animal bonito!
Mas a desdita o venceu.
E foi só falta de sorte,
Recordo bem essa morte,
Uma serpente o mordeu.
*
Lá no alpendre do meu rancho,
Na coluna de madeira,
Só para recordação,
Penduramos a caveira.
Hoje é lar de passarinho,
Cambaxirra fez seu ninho,
Ave engenhosa e Matreira.
*
Andei vendo um movimento,
Na caveira pendurada,
Cheguei perto para ver,
E fiquei admirada!
A ave saiu voando,
Eu fiquei de longe olhando,
A cambaxirra assustada.
*
Logo, logo descobri
Que havia ali um casal.
Os dois muito parecidos,
Levando material,
Para o ninho reforçar,
E os ovinhos abrigar,
De maneira especial.
*
Não tem chuva, não tem vento,
Para o ninho derrubar.
A escolha foi divina,
Eu posso até apostar!
Tem ciência e tem beleza,
As tramas da natureza,
Engenho a nos encantar.
*
Fotos e versos de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 22 de setembro de 2021

A SAUDADE É UMA DOR (CONVERSA DE CALÇADA VIRTUAL Nº IX, CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)
Conversa de Calçada Virtual Nº IX
A SAUDADE É UMA DOR
Dalinha Catunda
 
Pode ser um desenho animado de 3 pessoas
 
 
A SAUDADE É UMA DOR
Mas não é dor de doer
É vontade de lembrar
Com vontade de esquecer.
Quadrinha Popular
1
A SAUDADE É UMA DOR
Martelando o coração
Cada batida desperta
Um mói de recordação
Dalinha Catunda
2
A saudade é uma dor
Sete letras, sete ais
Um caçua de lembranças
E a gente sempre quer mais
Rivamoura Teixeira
3
A SAUDADE É UMA DOR
grande demais, hiperbólica
Espinho que fere a flor
Deixando a alma bucólica
Bastinha Job
4
A SAUDADE É UMA DOR
Que fez nascer poesia
No canto do coração
Cresce de noite e de dia.
Vânia Freitas
5
A SAUDADE É UMA DOR
Sem remédio pra curar
Só o elixir do amor
Ê quem pode aliviar
Araquém Vasconcelos
6
A SAUDADE É UMA DOR
Que vem do fundo da alma
A falta de um grande amor
Que só outro amor acalma.
Chica Emídio.
7
A SAUDADE É UMA DOR
Pulsando insistentemente
Ao fazer sua morada
Dentro do peito da gente.
Creusa Meira
8
A SAUDADE É UMA DOR
Que disfarça sutilmente
A tristeza da distância
Pelo amor dentro da gente
Giovanni Arruda
9
A SAUDADE É UMA DOR
Espinho de uma flor viva
Indiferente ao clamor
E mata quem a cultiva.
F.de Assis Sousa.
10
A SAUDADE É UMA DOR
que sangra dentro da gente,
quem nunca perdeu um amor,
jamais esteve doente.
Anilda Figueiredo
11
A SAUDADE É UMA DOR
Um parafuso enferrujado
Quanto mais aperta mais dói
Um coração machucado.
Maria Conceição Vargas
12
A SAUDADE É UMA DOR
Que machuca, que maltrata,
Principalmente se for
Saudade daquela ingrata.
Marcelo José Gomes Costa
13
A SAUDADE É UMA DOR
Que fustiga diferente
E quando junto à paixão
Dói no coração da gente!!
Helonis Brandão
14
A SAUDADE É UMA DOR.
Que leva a gente a loucura.
Não tem doutor que dê jeito.
Nem tem remédio pra cura.
Assis Mendes
15
A SAUDADE É UMA DOR
Que não tem comparação
Quem é dela um portador
Sofre sem explicação !
Dulce Esteves
16
A SAUDADE É UMA DOR
Sendo uma dor incruenta
Eu tento lhe disfarçar
Cada vez mais ela aumenta
Jairo Vasconcelos.
17
A SAUDADE É UMA DOR
Que o tempo alimenta
Que dói lá dentro do peito
E arde mais do que pimenta.
Claude Bloc
18
A SAUDADE É UMA DOR
Que volta a todo momento
Qual um filme de amor
Que não sai do pensamento.
José Olívio
*
Fechando a conversa.
Obrigada poetas e poetisas, amei a participação de todos vocês.
Na postagem estão todas as estrofes que seguiram o exemplo da primeira.
Meu abraço.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 18 de setembro de 2021

NÃO ME VENHA COM LERIADO, HOJE ESTOU DESTABACADA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

NÃO VENHA COM LERIADO,
HOJE ESTOU DESTABACADA!
Mote: Dalinha Catunda
 
Pode ser um desenho animado de uma ou mais pessoas
 
(Xilo do meu acervo, obra de Erivaldo Ferreira
Olá, poetas e poetisas, fechando mais uma Ciranda de Versos, Glosando na Rede com Dalinha. Mote de minha autoria, trazendo nosso dialeto nordestino.
Obrigada a todos, gostei muito dessa rodada de versos. Meu abraço.)
1
O Marido de Maria
Era caboclo exigente...
Deixava a mesma doente,
De tanto que lhe afligia.
Quando ela se aborrecia,
Gritava desaforada:
Tu aqui não mandas nada!
Acho bom ficar calado!
NÃO VENHA COM LERIADO,
HOJE ESTOU DESTABACADA!
Mote e glosa de Dalinha Catunda
2
De ser amélia eu cansei
Disse Adélia para o joca
Hoje tu num me provoca
Hoje nem rezar rezei
Chá calmante não tomei
Desci da rede avexada
Andei dando uma topada
Não aceito seu fungado
NÃO VENHA COM LERIADO
HOJE ESTOU DESTABACADA.
Mote: Dalinha Catunda
Glosa: Rivamoura Teixeira
3
Todo dia tô assim
Já perdi até a alma
Com ela perdi a calma
Tô quase vendo meu fim
coitadinha, ai de mim
Me tornei esclerosada
Me chamam até de coitada
Esse é meu triste fado:
NÃO VENHA COM LERIADO
HOJE ESTOU DESTABACADA!
Mote: Dalinha Catunda,
Glosa: Bastinha Job
4
Não estou pra brincadeira
Nem pra conversa sem graça
Não venha fazer pirraça
Nem venha falar besteira
Eu te ponho na carreira
Te deixo ficar borrada
Com a sua calça arriada
O fundo todo melado
NÃO VENHA COM LERIADO,
HOJE ESTOU DESTABACADA!
Mote: Dalinha Catunda
Glosa: Joabnascimento/Camocim-CE
5
Deixa de conversa mole
Hoje tô com a mulesta
Dois chifres na tua testa
Pois , comigo ninguém bole
E tomava mais 1 gole
Dando grossa cusparada
Pense na desaforada
O seu véi desmascarado
NÃO VENHA COM LERIADO
HOJE ESTOU DESTABACADA.
Mote: Dalinha Catunda
Glosa: Dulce Esteves
6
Tereza tinha uma bar
Perto da rua da feira
Não topava brincadeira
Era de pouco falar
Um bobo quis lhe cantar
Tereza deu uma pernada
Bem em cima da danada
Vá, pra casa seu tarado
NÃO VENHA COM LERIADO
HOJE ESTOU DESTABACADA
Mote: Dalinha Catunda
Glosa: Jairo Vasconcelos.
7
Dormiu com raiva de sobra
Enfezada com o marido
Mulherengo, pervertido
Torto feito uma abobra
Ela quem criou a cobra
Cedo amanheceu picada
Braba, doida, aporrinhada...
E chegou dando o recado
NÃO VENHA COM LERIADO
HOJE ESTOU DESTABACADA.
Mote: Dalinha Catunda
Glosa: F.de Assis Sousa.
8
Não sou de muita falar
Comigo pouca palavra
Rende mais na minha lavra
Quando quero descascar
Boto logo pra lascar
Quando tô de pá virada
E ferida descascada
Não vou com muito babado
NÃO VENHA COM LERIADO
HOJE ESTOU DESTABACADA.
Mote: Dalinha Catunda
Glosa: Vânia Freitas - Fortaleza, 16/9/2021.
9
Zefinha cravo e canela
Possuía uma cantina
Com doces e cajuína
Pinga branca e amarela
O povo gostava dela
Mas era um pouco zangada
Se ouvisse uma cantada
Gritava pro aletrado
NÃO VENHA COM LERIADO
HOJE ESTOU DESTABACADA
Mote: Dalinha Catunda
Glosa: Araquém Vasconcelos
10
Que bonito é ver alguém,
sobretudo, uma mulher,
dizer tudo o que ela quer
sem temer, pois, a ninguém.
A minha, medo, não tem,
diz que não me deve nada
e, um dia, meio amuada,
me fez ouvir seu recado:
“NÃO VENHA COM LERIADO,
HOJE ESTOU DESTABACADA.”
Mote: Dalinha Catunda
Glosa:  David Ferreira – Teresina- Piauí
11
Ela na cama rezando
seu “terço de cada dia”
mas, eu de longe só via,
cada “pai nosso” passando,
eu desolado esperando,
mas, sem poder dizer nada,
ali, de boca fechada,
pra não cometer pecado…
NÃO VENHA COM LERIADO,
HOJE ESTOU DESTABACADA.
Mote: Dalinha Catunda
Gosa: David Ferreira – Teresina- Piauí
12
Minha mulher é amiga
Não gosta de baixaria
É bem calma, voz macia
Não faz mal uma formiga
Mas vira galo de briga
Parte logo pra mãozada
Se eu varar a madrugada
E chegar embriagado
NAO VENHA COM LERIADO
HOJE ESTOU DESTABACADA
Mote: Dalinha Catunda
Glosa: Giovanni Arruda.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 24 de agosto de 2021

PRA ROLA SÓ DOU XERÉM, SE COMER NA MINHA MÃO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

GLOSANDO NA REDE COM DALINHA
*
PRA ROLA SÓ DOU XERÉM
SE COMER NA MINHA MÃO.
Mote de Dalinha Catunda
Pode ser arte
 
1
Nem bem o dia amanhece
Já está em meu quintal
O seu canto matinal
É canto que me enternece
Mas comida só merece
Quem tem rumo e direção
Não cedo alimentação
Pra quem sempre vai e vem:
PRA ROLA SÓ DOU XERÉM
SE COMER NA MINHA MÃO.
Glosa de Dalinha Catunda
2
Também não darei moleza
À rola ou a periquito,
Mesmo sendo bem bonito,
Pode ter toda a certeza;
Beleza nunca põe mesa
E nesses tempos então
Só abro uma exceção
Com aval de Araquem:
PRA ROLA SÓ DOU XEREM
SE COMER NA MINHA MÃO.
Glosa de Bastinha Job
3
Já tive no meu terreiro
uma rola sem futuro,
me procurava no escuro
e me acertava o traseiro,
com seu jeito interesseiro,
não queria meu pirão,
mas só arroz com feijão,
na hora do vai-e-vem.
PRA ROLA SO DOU XERÉM
SE COMER NA MINHA MÃO.
Glosa: Anilda Figueiredo
4
Eu adoro passarinho...
Mas sou fã do periquito
Esse do mote esquisito
Não põe ovo no meu ninho
Pra ficar tudo certinho
Eu digo com precisão
Essa rima é o cão
Esse verso não convém
PRA ROLA SÓ DOU XERÉM
SE COMER NA MINHA MÃO
Glosa: Giovanni Arruda
5
Quando o passaro é manso
Basta um dedo em riste
Botar painço e alpiste
Que vem fazer o descanso
Já criei patos e ganso
Sabiá corrupião
Acabava com a ração
Não me sobrava um vintém
PRA ROLA SÓ DOU XERÉM
SE COMER NA MINHA MÃO
Glosa Araquém Vasconcellos
6
Canta lá no cajueiro
Que fica no meu canal
Um rebanho de pombal
Me consola o dia inteiro
Mais não chega no terreiro
Nem na janela do oitão
Eu tenho essa opinião
Pode ser pardal, quem quem
PRA ROLA SÓ DOU XERÉM
SE COMER NA MINHA MÃO...
Glosa Jairo Vasconcelos.
7
Eu escuto o passarinho
Mas grito com dedo em riste
Posso dar xerem, alpiste
Se ele sair do ninho
Se eu escutar bem cedinho
Um canto em tom de canção
Mas se ele só diz não
E não canta pra ninguém
PRA ROLA SÓ DOU XEREM
SE COMER NA MINHA MÃO.
Glosa:rivamoura teixeira
8
Eu criava uma rolinha
Um dia fiquei zangada
Ela vivia escorada
Peguei a tal passarinha
Ficou mais mole a bichinha
Eu dei nela um arrochão
Sapequei ela no chão
E pelei o seu sedém
PRA ROLA SÓ DOU XERÉM
SE COMER NA MINHA MÃO
Glosa: Ritinha Oliveira
*
Amigos agradeço a participação de vocês, alguns já tem cadeira cativa aqui.
Muito obrigada pela interação nessa roda de glosas
XILO DE VALDÉRIO COSTA

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 09 de agosto de 2021

MELHOR IDADE É O CACETE (FOLHETO DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

MELHOR IDADE É O CACETE

Dalinha Catunda

 

Pode ser um desenho animado de 1 pessoa

 

1
Seu Rufino adoeceu
Achei por bem visitar
Não era caso de morte
Mas era de preocupar
Seu lamento era constante
Queixava-se a todo instante
Sem parar de resmungar.
2
A sua maior doença
Era seu inconformismo
Foi homem namorador
E agora com reumatismo
Sem poder ir vadiar
Passa o dia a reclamar
Praticando o derrotismo.
3
Eu tentei mudar a prosa
Pra trazer animação
Entretanto seu Rufino
Era só reclamação
Desembestou a falar
Eu tive então que escutar
A sua lamentação.
4
Confesso que tive dó
Estava de fazer pena
Mas com a língua afiada
Repetia a cantilena
E cheio de rabugice
Metia o pau na velhice
Que não chegava serena.
5
Foi o jeito eu me calar
E preparar os ouvidos
Para ouvir o pobre idoso
Com seus ais e seus gemidos
Pois paciência eu tinha
Para ouvir a ladainha
E clamores repetidos.
6
E vocês vão ver agora
O rosário de amargura
Que desfia seu Rufino
Essa pobre criatura
Em cada depoimento
Que lhe sopra o pensamento
Nessa atual conjuntura
7
A velhice quando chega
Não pede autorização
Massacra o pobre do homem
Maltratando o cidadão
Pra disfarçar a verdade
Chamam de melhor idade
Mas isso é só gozação.
8
Chamar de melhor idade
A chegada da velhice
É querer fazer de besta
Ou usar de gaiatice
Já eu chamo humilhação
Fazer um pobre ancião
Ouvir essa cretinice.
9
O sujeito inconformado
Quer comer sem ferramenta
Mas só mela a dentadura
Entretanto teima e tenta
Cheira, funga e faz zoada
Depois da quinta brochada
Só sai com cheiro na venta.
10
Quando aparece a desgraça
O velho fica na mão,
Desce pinto, arria o saco
Só sobe mesmo a pressão
E capim novo é besteira
Só dá mesmo é caganeira
Complica a situação.
11
Uma coisa vou dizer
Mesmo sem querer falar
Quando o velho pinto abaixa
Nem vodu pra levantar,
O coitado de tão fraco
Repousa em cima do saco
Só se mexe pra mijar.
12
Meu pai só me apresentava
Cheinho de animação
Este aqui é meu rebento
E afirmava é meu varão
Hoje virei foi piada
A vara que tenho armada
É tão somente um bastão
13
Um dia deste a mulher
Passou pertinho de mim
Vi que o pinto deu sinal
Eu pensei até que enfim
Chamei a mulher pra junto
Ela disse: Esse defunto
Não dá mingau ao Soim.
14
A barriga vai crescendo
A paciência se manda
O passo vai encurtando
Devagar a gente anda
A mulher passa a ter voz
E acaba virando algoz
Pois é ela quem comanda.
15
O cabra quando envelhece
Paga os pecados que tem
Quando peida descuidado
A merda aproveita e vem
Não controla o intestino
E vive esse desatino
Pois da velhice é refém.
16
Quando se sente contente
Na hora que vai sorrir
Vem um peido atrás do outro
Na sequência a escapulir
E pra chatear também
Da garganta logo vem
A vontade de tossir.
17
Quando a dentadura afrouxa
É preciso ter cuidado
O pinto então nem se fala
É bica sem cadeado
Sem carrapeta a torneira
Fica só na pingadeira
E o velho acaba mijado.
18
Meu perfumoso tabaco
Eu não posso mais cheirar
O cheirinho de imburana
Faz o velho espirrar
E nisso o peido enxerido
Chega com seu estampido
Só pro velho envergonhar.
19
Sempre faço um alarido
É quando eu resolvo ler
Os óculos nunca acho
E se você quer saber
Juízo de véi não presta
Quando passo a mão na testa
Vejo o bicho aparecer.
20
A comida Deus me livre
Até parece castigo
Tem quer ser com pouco sal
Sendo carne não mastigo
É leite papa e mingau
Pra variar um curau
Vou acabar num jazigo.
21
Quando vejo uma morena
Passando no requebrado
Eu passo a mão no bigode
Com saudade do passado
E penso: Já fui bom nisso
Mas hoje sou submisso
Pois estou debilitado.
22
Tem dias que amanheço
Que nem o cão me aguenta
Teimando por qualquer coisa
Mas a mulher logo inventa
Um jeito de me acalmar
Já chegou até jogar
Um copo de água benta.
23
O juízo fica pouco
Com toda sinceridade
E o povo besta dizendo
Que isso é melhor idade
Estou sempre resmungando
Pois acho que estão mangando
Da nossa senilidade.
24
Fiquei com dor de cabeça
Com tanta reclamação
Contudo não vou tirar
De Seu Rufino a razão
Mas também posso afirmar
Velho só não vai ficar
Quem antes for pro caixão.
 
*
 
Cordel de Dalinha Catunda
Xilo do meu acervo obra de Maércio Siqueira

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 08 de julho de 2021

QUEM DERA TER LIBERDADE, SÓ PARA ESCRUVITIAR (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Mote de Dalinha Catunda
 
Pode ser uma ilustração de 1 pessoa e violão
1
Eu nesse confinamento
Tô feito boi no cercado
Que cisca e fica enfezado
Até o cão eu atento
Dou coice que nem jumento
Sem rédeas quero ficar
Mas devo me resguardar
Saúde é prioridade:
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Glosa e mote de Dalinha Catunda
2
De cabeça atubibada
Muita coisa me azucrina
Não vou no bar da esquina
Pegar a loura suada
A vida tá bitolada
Esse vírus de lascar
Veio aqui pandemiar
E trazer ansiedade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Glosa Rivamoura Teixeira
3
O vírus me diz que não
Meus amigos dizem sim
Estou esperando o fim.
Da pandemia do cão
Pra sair deste alçapão
Ser livre pra passear
Sem máscara pra sufocar
Matar esta ansiedade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Glosa Araquém Vasconcelos.
4
Há tempos vivo trancada.,.
Igual uma criminosa
A vida maravilhosa
Há dois anos tá parada
A China amaldiçoada
Quer ser potência a reinar
Fez o vírus circular
Já perdi a sanidade:
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR!
Glosa de: Bastinha Job
5
Nessa tal de pandemia
Fiquei muito estressada
Vivo só encafurnada
Tô brigando todo dia
Cachorro, gato que mia
Meu papagaio a gritar
Eu mandando se lascar
Não falei nem a metade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PRA ESCRUVITIAR.
Glosa: Dulce Esteves
6
Veio Uma Tal De Vacina
Pra Dá Fim Ná Pamdemia
Morre Gente Todo Dia
Os Medicos Nem Examina
O Virus Que Veio Dá China
Tá Dificio De Matar
Os Que Os Medicos Entubar
Vái Para A Eternidade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SO PARA ESCRUVITIAR
Glosa Alberto Francisco
7
Acabando a pandemia
Compro um par de Havaiana
Vou andar toda semana
Pelas sete freguesia(s)
E só vou voltar no dia
Que a tira se soltar
GPS não vai me achar
No sítio nem na cidade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR.
Glosa: F.de Assis Sousa.
8
O pior desta prisão
É o trabalho que dá
Limpa aqui, limpa acolá
Lava roupa, faz pirão
Não tenho descanso, não
O bom mesmo é passear
Bater um papo no bar
Isso é que é felicidade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Glosa: Creusa Meira
9
Há dois anos que não saio.
Sempre nesta Agonia.
Xô! Vai embora Pandemia.
Passou Abril, passou Maio,
Na janele de soslaio,
Levo a vida a contemplar.
Quero pintar e bordar...
No Rio e em toda cidade,
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Glosa: Rosário Pinto)
10
Tô preso sem ser julgado
Não sei, o tamanho da pena
Por qual crime me condena
Nem adianta advogado
O jeito é ficar calado
Deixando o tempo passar
Todos tem que se trancar
Pra não ir, pra eternidade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR.
Glosa, Jairo Vasconcelos
11
Eu nunca pensei um dia
Ver o povo engaiolado
Escola sem alunado
E trabalho em moradia
Já tá me dando agonia
Não posso nem passear
Tô doido pra fofocar
Passo até necessidade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Glosa: Giovanni Arruda
12
Do verbo escruvitiei
Que pouca gente conheçe
Tem que ser lá do Nordeste
Um cabra paraibano
Que conheçe o catrumano
De Téu Azevedo popular
Lá tem esse linguajar
Diferente da cidade
Quisera ter liberdade
Só para escruvitiar.
Antônio Honorio
13
Ninguém sabe o que fazer
Com o vírus que demora
Durmo sem pensar na aurora
E o tempo passa a correr
Parece que vou morrer
De tristeza e falta de ar
Tô doida pra viajar
Para matar a vontade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Glosa: Vânia Freitas
15
Eu estou enclausurado
Nessa triste quarentena
Eu já sinto até gangrena
No meu tornozelo inchado
Por viver aprisionado
Sem poder me ausentar
Nem tomar uma no bar
E mentir barbaridade
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR
Glosa: Joabnascimento
15
Essa tal de pandemia
Me deixou desassossego,
Proibiu meu aconchego
E se fez anomalia,
Causando melancolia
A quem com ela encontrar.
Resta a todos esperar
A total imunidade,
QUEM DERA TER LIBERDADE
SÓ PRA ESCRUVITIAR.
Glosa: Chica Emídio.
17
Em tempos de pandemia
tal qual essa que vivemos,
inda que nós expressemos
nossa paz, nossa alegria,
em favor de um novo dia,
será mero verberar
muito menos granjear
nossa própria idoneidade…
QUEM DERA EU TER LIBERDADE
SÓ PARA ESCRUVITIAR.
David Ferreira
*
Amigos e amigas do universo da poesia, obrigada pela interação.
É muito gratificante glosar na rede com vocês.
Meu abraço a todos,
Roda de glosas organizada por Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 29 de junho de 2021

CARREIRÃO DA DESDITA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

CARREIRÃO DA DESDITA
Dalinha Catunda
 
Pode ser uma imagem em preto e branco de 1 pessoa
*
Que peste medonha!
Meu Deus, que agonia...
Que rouba do povo,
A sua alegria.
É a Besta-fera,
Que mata e arrepia.
É o trem da morte
Que não alivia.
Me acuda Jesus!
Socorro Maria!
Livrai nosso povo,
Desfaça a magia,
Dê fim na desgraça,
Que nos contagia.
Eu já fiz promessa,
Rezo todo dia,
Velar nossos mortos
A gente queria
Um enterro decente
Antes se fazia
Tudo virou cinzas
Nessa pandemia.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 20 de junho de 2021

JÁ SE FOI A JUVENTUDE, MAS PROSSIGO A NAMORAR (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR

Dalinha Catunda

Pode ser uma ilustração de uma ou mais pessoas

Mote de Dalinha Catunda

*

Se suspiro apaixonada

É porque adoro a vida

Não vivo desiludida

Sempre adorno a caminhada

Não sou mulher mal-amada

E nesse meu versejar

Monto palco pra atuar

Com coragem e atitude

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR

Mote e glosa Dalinha Catunda

*

Tenho forte coração

poesia no carinho

Vou seguindo meu caminho

Repleto de emoção

Afinando o violão

Lindo sem desafinar

Conjugando o verbo amar

Com o s da saúde

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR

Glosa Rivamoura Teixeira

 *

Na minha vida serei

Um eterno apaixonado

Vou deixando o meu legado

Pelo mundo onde passei

Sei que amar é maior lei

Amarei, jardins, pomar,

O povo, montanha e mar

Porque tal mal não me ilude

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR

Glosa, Jairo Vasconcelos.

*

É efêmera a mocidade

Mas o amor nunca passa

Viver feliz é uma graça

Pra amar não tem idade

Amo com intensidade

Nunca paro de sonhar

Flutuo leve no ar

Sem temer a altitude

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR

Glosa Araquém Vasconcelos

 *

Desde a minha adolescência

O meu coração suspira

O sentimento me inspira

E alimenta em mim, a essência

A paixão é consequência

Desse intenso "mal" de amar

Hoje vivo a suspirar

Pelo amor em plenitude

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR

Glosa - Creusa Meira/

*

Aquele amor que foi chama

Que nem bombeiro apagava,

Que ardia, que rolava

Que quebrava toda cama,

Se entrelaçava na trama,

Hoje é só folha a boiar,

Vivo só de recordar

Que triste decrepitude:

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR!

GLOSA De Bastinha Job

 *

Já passaram tantos anos

Desde que nos conhecemos

Cada dia acrescemos

Graças por esses planos

Fizeram - se soberanos

Tu serás sempre meu par

E nada fará mudar

Espero que nada mude

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS, PROSSIGO A NAMORAR.

Glosa: Dulce Esteves.

*

Quando moço era um estouro

Eu vivia apaixonado

Hoje, todo remendado

Ergo o beiço qual um touro

Quando o cheiro do namoro

É trazido pelo ar

Mas na hora de arrochar

Não dá cola nem dá grude

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR

Glosa Giovanni Arruda

*

Gosto de viver a vida

Com carinho e alegria,

Fazer amor com poesia,

No Sol, no mar, na avenida;

Com prazer cuido da lida,

Sem esquecer de beijar

Meu amor, ao me abraçar,

Seu carinho é o que me ilude.

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR.

GLOSA: Chica Emídio.

*

Todo amor quero viver

Do presente e de outrora

Segundo, minuto e hora

E jamais quero esquecer

Faço o que for pra fazer

No tempo que me restar

Tudo quero aproveitar

Gozo de boa saúde

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR.

Glosa: F. de Assis

*

Uma página da vida

Duas três e sei lá quantas

De histórias já são tantas

Talvez alguma perdida

Eu não sei se a mais doída

Mas são muitas pra lembrar

São tantas com o verbo amar

Que coloquei no ataúde

JÁ SE FOI A JUVENTUDE

MAS PROSSIGO A NAMORAR.

Vânia Freitas

*

Lembro da melhor idade

dos meus vinte e mais anos,

com meus direitos humanos

recheados de vontade...

Vivi minha mocidade

sem ter do que reclamar,

fui do vinho ao caviar

e não me faltou saúde...

JÁ SE FOI A JUVENTUDE,

MAS PROSSIGO A NAMORAR.

David Ferreira

Roda de glosas coordenada por Dalinha Catunda.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 26 de maio de 2021

ERA DOMINGO NO PARQUE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO

 

 

ERA DOMINGO NO PARQUE

Pode ser uma imagem de 1 pessoa, em pé, ao ar livre e parede de tijolos

*

Era domingo no Parque

Recordo com precisão

Você me deu um abraço

E apertou a minha mão

Tinha dança e poesia

Animando aquele dia

De cultura e tradição.

*

Foi uma tarde animada

Era festa no lugar

Promessa de emoção

Entrevi em seu olhar

Olhando-me animado

Quebrava o chapéu de lado

Sempre a me cumprimentar.

*

Nesse dia entrei na roda

Me enfeitei pra cirandar

Você acenava eufórico

Inquieto em seu lugar

Eu de maneira brejeira

Dançava toda faceira

Somente pra me mostrar.

*

Pra você joguei um beijo

E uma flor arremeti

No ar você segurou

E eu radiante sorri

Era o cravo, era a rosa

Entre um verso e uma prosa

Girando no Cariri;

*

Versos  de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 24 de maio de 2021

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO, VAMOS JUNTOS CIRANDAR (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

 

Pode ser uma imagem de 4 pessoas, pessoas em pé e área interna

*

Quando sinto que a tristeza

Se avizinha do meu peito

Na danada dou meu jeito

Pra isso tenho destreza

Busco no canto a leveza

Para os males espantar

Quem quiser pode chegar

Que esse canto é de união

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

*

Eu voltei a ser criança

Brincando pela varanda

Numa roda de ciranda

Gostei daquela festança

Entrei de cara na dança

Comecei rodopiar

Formamos um belo par

Dando volta no salão

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR

Mote Dalinha Catunda

Glosa Araquém Vasconcelos

 *

Peguei na mão de Ritinha

Que pegou na de Alcinete

Lindicassia, bem coquete,

Segurou a de Dalinha

Enxerida entrou Bastinha

Seguiram a requebrar

Sempre a rodar,a rodar

No ritmo da emoção:

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR!

MOTE DE Dalinha Catunda

 GLOSA De Bastinha Job.

*

Na ciranda desta vida

Volta e meia sempre dou

Se as amigas vêm, eu vou

Se não vêm, fico sentida

Se Maria Aparecida

Ou de Lourdes me chamar

Largo tudo e vou dançar

Pra tristeza eu digo não

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

Mote - Dalinha Catunda/

 Glosa - Creusa Meira/

 *

O zabumba toma a guia

Dá balanço o chocalho

Já se ouve um farfalho

Vai subindo uma agonia

O salão se contagia

Todos querem rebolar

E o desejo de dançar

Tem a força de um vulcão

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS TODOS CIRANDAR

Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Giovanni Arruda

*

Vou brincar nesta ciranda

Abra a roda por favor

Vou girando como for

Meus passos só Deus comanda

Pus nos cabelos lavanda

Quando o vento arrepiar

Cirandeiros vêm cheirar

Com grande satisfação

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR !

Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Dulce Esteves

*

Deixe a rotina de lado

Saia de dentro de casa

Se divirta, extravasa,

Vá prum forró arrochado

Requebre bem apertado

Dance a noite sem parar

Com molejo a peneirar

Dando voltas no salão

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

Mote de Dalinha Catunda.

Glosa de Joabnascimento

*

Nas noites alvissareiras

Nas festas de São João,

Eu fazia agitação

Dançava nas brincadeiras

Salão cheio de bandeiras

O sanfoneiro a tocar

Fazendo casais rodar

Em geral a animação

PEGA AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

Mote, Dalinha Catunda .

Glosa Jairo Vasconcelos.

 *

Agradecer cada dia

A alegria de viver

E fazer por merecer

Saúde, paz e harmonia

Bom mesmo é a euforia

Rime se quiser rimar

Cante se quiser cantar

Diga não a solidão

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

E VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

Francisco De Assis Sousa

Mote Dalinha Catunda

*

Pesquisei nossa Ciranda.

É na Cantiga de Roda,

Que ela nunca cai de moda.

É cantiga que sempre anda

Nos festejos de varanda.

Em rodas para dançar,

Em festejo popular.

Na roda, uns vêm outros vão.

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

(Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Rosário Pinto)

 *

Pra quem gosta de ciranda

E dançar na luz da lua

Vem ser meu e serei tua

No toque de qualquer banda

Pois é a gente quem manda

A poeira levantar

Vamos ver o sol raiar

No batuque do coração

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO,

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

MOTE: Dalinha Catunda

GLOSA: Vânia Freitas

*

Em tempos de pandemia,

Só mesmo fazendo festa.

A jogada agora é esta:

Em casa, ter alegria,

Cantar e fazer poesia,

Um Studio improvisar,

Uma live organizar,

Numa bela animação,

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO,

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

Mote: Dalinha Catunda

Glosa: Chica Emídio.

*

A ciranda move a vida

a vida gera cultura,

é alegria segura

é brincadeira aguerrida.

A cadência é divertida

quem tá fora quer entrar,

com garra pisotear

com desmedida paixão.

PEGUE AQUI NA MINHA MÃO

VAMOS JUNTOS CIRANDAR.

Mote : Dalinha Catunda

Glosa: Fátima Correia 

****


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 20 de maio de 2021

EM CACHOEIRAS DE MACACU (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

Pode ser uma imagem de ao ar livre

EM CACHOEIRAS DE MACACU

Dalinha Catunda

 

Atrás do morro do pico

Aponta o sol radiante

A neblina derretendo

Presencio a todo instante

A beleza do horizonte

O raio do sol no monte

Ilumina o meu semblante.

*

Do beiral do meu alpendre

A cambaxirra cantou

No pé de jacatirão

O bem-te-vi se assanhou

O gavião sorrateiro

Abre as asas no coqueiro

Vendo que o dia raiou.

*

Redes de aranhas tecidas

Presas no arame farpado

Trazendo beleza as cercas

Esse trabalho rendado

Só vendo quanta beleza

Cenário da natureza

Que é por Deus elaborado.

*

O canto da Seriema

Ecoa ao amanhecer

Despertador natural

Canta mesmo pra valer

É ave que faz zoada

Parece até gargalhada

Pois canta sem se conter.

*

Canários se reproduzem

Eu vejo o bando passar

Os melros sempre em grupo

Encantam com seu cantar

E no maior zum, zum, zum

Um magote de Anum

Balburdia faz ao voar.

*

Quando chega o fim do dia

Volta pro ninho a trocal,

E a garça voa em bando

Num belo show, sem igual

O sol desmaia cansado

Anunciando alquebrado

De cada dia o final.

*

Nova fauna, nova flora

Eu vejo aqui no Sudeste

O verde é permanente

Diferente do Nordeste

Ganho mais conhecimento

Mas tenho meu pensamento

Na minha vidinha agreste.

*

Versos  de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 15 de maio de 2021

CIRANDANDO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

CIRANDANDO

*

Viro menina, brincando,

De roda, posso afirmar,

E no vaivém da ciranda

Boto a saia pra girar.

Com fita e flor no cabelo

Desato a voz a cantar.

*

Pegando de mão em mão,

Marcando o passo faceira,

Com roupa bem colorida,

Danço em volta da fogueira.

Danço na roça e cidade,

Nasci pra ser cirandeira.

*

Se quiser dançar comigo,

O canto que contagia,

Eu estendo minha mão.

A ciranda traz magia,

Em cada mão atrelada,

Um carrossel de alegria.

*

Versos de Dalinha Catunda.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 15 de março de 2021

A DAMA-DA-NOITE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

A DAMA-DA-NOITE

Foto desta colunista

Tão plena em sua brancura
Tendo o vento como açoite
Ontem a dama-da-noite
Abrolhou com formosura
Encantamento em fartura
Exibiu na ocasião
Vem provocando paixão
E realmente me apraz
Tão bonita, mas fugaz
Essa Dama em explosão.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 09 de março de 2021

UMA RODA DE GLOSAS - 09.03.21 (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

UMA RODA DE GLOSAS

Mote desta colunista:

A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Dalinha Catunda

Sem ter comiseração
Nos assusta a Besta-fera
Que mata em qualquer esfera
Sem pena e sem compaixão
Padece a população
Nas mãos dessa pandemia
Os dias são de agonia
Nosso sossego findou:
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Araquém Vasconcelos

Chegou este triste mal
Com apelido de corona
Da situação é a dona
Esta desgraça viral
Espalha um terror mortal
Velho e novo contagia
Morre gente todo dia
O mundo inteiro parou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Gevanildo Almeida

Feito uma tempestade
Torando pela a raiz
Deixando o povo infeliz
Ceifando a felicidade
Sem nenhuma punidade
Pra essa besta vadia
Maldita hora que um dia
Ela se proliferou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Jairo Vasconcelos

Só Deus pra resolver
Essa mula do capeta
O diabo fez a faceta
Com Jesus vamos vencer
O mal fez acontecer
Essa grande pandemia
Como o profeta dizia
Mais ninguém acreditou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Marcos Silva

Primeiro foi o covarde
Depois veio o tal covid
Eu lhe digo não duvide
Que vai piorar mais tarde
Isso aqui não é alarde
E nem mera putaria
Um vírus com tirania
Muita gente ele levou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Bastinha Job

Não foi assim de repente,
Faz tempo a besta nos sonda
Vai fazendo a fatal ronda
Matando a nossa gente;
Age, assim, tão friamente
Em uma eterna agonia
A esperança tá fria
O labirinto estreitou:
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Chica Emídio

Um vírus sem piedade
Invadiu o mundo inteiro,
Foi cruel e traiçoeiro,
Causando mortalidade.
Pungente agressividade
Veio nessa pandemia,
A maior epidemia
Nosso país assolou,
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Rivamoura Teixeira

Veio disfarçada a ira
Pegou carona o corona
Bestafora safadona
Bestafura bestafira
Com covid a calma pira
Bestafara da agonia
Virou alta pandemia
A paz do mundo pirou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Dulce Esteves

Maldito vírus Chinês
Ao mundo mal-assombrado
São mortes por todo lado
Vou falar para vocês
Nós estamos à mercês
Sepultados todo dia
Em vala, na cova fria
Um parente nem velou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Vânia Freitas

A besta fera é o satã
Que também tentou Jesus
Quer o mal pra quem na luz
Reza a noite e de manhã
Tentou Eva com a maçã
A gente com a pandemia
Com fé em Jesus e Maria
Da besta já se livrou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Davia Ferreira

Estamos todos atados,
sem podermos fazer nada,
com a covid alastrada,
tomando todos os lados.
Estamos todos cercados,
sem solução e sem guia,
sorvendo no dia a dia,
o pouco que nos restou…
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Giovanni Arruda

Não se sabe de onde veio
Nem o cão que o pariu,
Mas a praga explodiu
Degradando nosso meio
Tá difícil dar um freio
Dissolver a tirania
Do desastre que um dia
No comando se instalou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Ritinha Oliveira

Um grande monstro surgiu
Do vil abismo profundo
Cuspindo fogo no mundo
Muitas vidas consumiu
As cinzas de quem partiu
Escurece o nosso dia
Um futuro de magia
O luto já embaçou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Francisco de Assis Sousa

Veio dominando mundo
Com a sanha de matar
Sedenta a contaminar
Infectando em segundo
Seu disfarce é fecundo
Leva mesmo a cova fria
Com a sua tirania
Muitas vidas já ceifou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Rosário Pinto

E chegou o reptiliano,
Com ares bem sorrateiros.
Enganou os brasileiros.
Chama o povo de beltrano,
Já entramos pelo cano.
E com esta pandemia,
A vida aqui não se cria,
O que vemos é complô
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Creusa Meira

Há mais de um ano a tristeza
Povoa a vida da gente
Perder amigo ou parente
Distante ou na redondeza
Dá-nos a plena certeza
Que perto está nosso dia
Sem amparo e garantia
De vacina que faltou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.

Josy Correia

Cada lado do planeta
Resiste, lamenta e chora
Com a doença que apavora
Regrando a curta ampulheta
No desgoverno, um capeta,
Rindo da nossa agonia
Ignora a cova fria
Onde o Brasil se enterrou
A besta-fera chegou
Pra tirar nossa alegria.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 06 de março de 2021

EU E A PANDEMIA NAS ASAS DO CORDEL (OCRDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNTA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FORIANO)

 

 

EU E A PANDEMIA NAS ASAS DO CORDEL

2
No entanto quis o destino
Modificar meu traçado
Vi cada sonho ruir
E o presente destroçado
O caos chegou de repente
Deixando o povo impotente
E o mundo inteiro abalado.

3
Do covid 19
Dessa grande Pandemia
Hoje nós somos reféns
Vivemos essa agonia
Enfrentando isolamento
Adestrando o pensamento
Pra fugir da distimia.

4
Prosseguir era preciso
Nunca fui de esmorecer
Tentei sentar a cabeça
Pensando no que fazer
A Deus pedi direção
E fui fazendo oração
Buscando me proteger.

5
O começo foi difícil,
Eu tenho que concordar.
E muitos dos meus costumes
Tive que modificar.
Sem varinha de condão
Para a modificação
Fui obrigada a lutar.

6
Vesti-me de paciência
Pra viver sem liberdade
E mudei-me para o campo
Deixei de lado a cidade
Fui treinando meu olhar
Pra novo mundo abraçar
E acatar a realidade.

7
Os compromissos rompidos
Sem condições de assumir
O meu sorriso desfeito
Eu tenho que admitir
A única solução
Seria a transformação
Resolvi nisso insistir.

8
Bem distante dos perigos
A roça me adaptei
E com internet em casa
Logo me conectei
Fui ligando minha antena
E mesmo de quarentena
Meu trabalho continuei.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 26 de fevereiro de 2021

UMA RODA DE GLOSAS - 26.02.21 (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

UMA RODA DE GLOSAS

Dalinha Catunda

Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Dalinha Catunda:

Minha gente vou dizer:
Eu não estou suportando!
Ouço o celular tocando,
E quando vou atender,
Eu chego a me arrepender,
De atender a ligação.
Com o celular na mão,
É só mulher fuxiqueira:
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Bastinha Job:

Fala mal de seu vizinho
Dedura a minha pessoa
Só me chama de coroa
É flor cheinha de espinho,
Vai metendo o seu focinho
Não aceita opinião
Afugenta o próprio cão
Não tem limite ou fronteira:
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Dulce Esteves:

Só vive bisbilhotando
Pra saber da vida alheia
Chama a vizinha ” baleia “
Fala alto, reclamando
Todo mundo fica olhando
Na boca só palavrão
Trambiqueira de montão
Além de ser cachaceira:
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Rivamoura Teixeira:

Já começa o bate papo
Gritando que Zé Bedeu
Quis fuder e se fudeu
E o dinheiro virou trapo
Me zanguei dei um sopapo
O celular cai no chão
Pra aumentar a confusão
Chamei ela de encrenqueira
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Gevanildo Almeida:

Fico eu observando
Com minha boca fechada
Só olhando a palhaçada
De quem vive curiando
A vida alheia mirando
Numa melhor posição
Fala de pai e irmão
Sentada numa porteira
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Araquém Vasconcelos:

É preciso paciência
Pra suportar seu capricho
Vive com cara de bicho
Só fala com violência
Não usa a consciência
Só pensa em ostentação
Em tudo quer ter razão
Tem jeito de alcoviteira
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Joab Nascimento:

Quem não tem o que fazer
Nenhuma roupa pra lavar
Vai vivendo a fuxicar
Com fofocas a oferecer
De tudo ela quer saber
Pra fazer divulgação
Notícia em primeira mão
Da fofoca ser a primeira
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Lindicassia Nascimento:

Uma vizinha gritando
Do outro lado da rua
Eu que tava quase nua
Corri pra lá perguntando:
-Já morreu ou tá matando?
Ela disse: – foi João
Que levou chifre de Adão.
Eu disse, mas que besteira,
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Giovanni Arruda:

Quem leva a vida a pensar
Na vida que o outro leva
Cria sua própria treva
Nos afazeres do lar
Na hora de cozinhar
Não escorre o macarrão
Queima o arroz e o feijão
E o fundo da cuscuzeira
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Rosário Pinto:

Foi uma vizinha que tive
Na cidade Bacabal.
O meu bairro era o Ramal.
Parecia um Detetive.
Fiquei quieta, me abstive.
Você sabia? Era o refrão.
Isto lhe dava tesão.
Todos gritavam: tranqueira!
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.

Francisco Jairo Vasconcelos:

Passa o dia na janela
Parece uma filmadora
Se finge de protetora
Tem a língua de tramela
Deixa até queimar panela
E quando vai ao salão
Sabe de toda traição
E põe lenha na fogueira
Deixa de ser fofoqueira
Vai cuidar do teu fogão.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 25 de fevereiro de 2021

O CORNO INOCENTE (MICROCONTO DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

O CORNO INOCENTE

Dalinha Catunda

Após as novenas as famílias se reuniam na pracinha da igreja.

Enquanto as mulheres compravam gulodices para entreter as crianças, os homens se reuniam nas barracas de bebidas.

E foi entre uma bebida e um papo e outro, que se deu o bate-boca entre dois primos.

Ambos já tinham sido contemplados com um par de chifres por suas digníssimas esposas.

José, sabia que era corno, mas já tinha se acomodado a situação, porém Gonzaga, era o mais novo corno da cidade, estava na boca do povo e pelo jeito seria o último a saber.

Quando a discussão esquentou, Gonzaga, pôs a mão no ombro do primo e falou:

– Zé, tu é corno, macho véi!

Zé naquela calma de corno convencido imitando o gesto do colega retrucou:

– E meu primo nem é!

Isso foi o suficiente para a turma inteira cair na gargalhada.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 15 de fevereiro de 2021

KAROLINA COM K, COISA DE GONZAGÃO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

KAROLINA COM K, COISA DE GONZAGÃO

A mulher com K maiúsculo
É coisa de Gonzagão
Foi do nosso rei caboclo
Que nasceu essa invenção
Era cabocla ladina
Chamada de Karolina
Astuta que nem o cão.

E foi imortalizada
Na voz do Rei do Baião
Como a mulher dançadeira
Que mais chamava atenção
Cheia de presepada
Com sua saia rodada
Girava que nem pião.

Todo mundo admirava
A tal bela sertaneja
Dançava com quem queria
Inda tomava cerveja
Nos braços do sanfoneiro
Dançava até em terreiro
Não ficava no, hora veja!

Karolina era cheirosa
Bem atrevida e faceira
Também era invocada
Metida a cangaceira
Mas colou com Gonzagão
Dançando xote e baião
Do chão tirava poeira.

Tem que dançar xenhenhém
Igualzinha a Karolina
Tem que lavar bem a boca
Gargarejar creolina
Acho bom que se oriente
Pra falar da nossa gente
De origem nordestina.

Pois quem quer ser respeitada
Pelos outros tem respeito
Não segue a velha cartilha
Onde mora o preconceito
Eu não quero causar dano
Mas o K Gonzagueano
Ele é nosso não tem jeito.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 14 de fevereiro de 2021

RODA DE GLOSAS (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

RODA DE GLOSAS

Dalinha Catunda

Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando

* * *

Dalinha Catunda:

Procurando o que fazer
Eu acordo todo dia
Dispenso a melancolia
E procuro me envolver
Com tudo que dá prazer
E da vida vou cuidando
Pois tendo Deus no comando
Sei que vou seguir em frente:
Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando

Gevanildo Almeida:

Não me lastimo de nada
Que a vida me apronta
Seja o que for eu dou conta
Com minha boca fechada
Não sou chegado a zoada
Vou logo lhe avisando
Não venha me perturbando
Com cara de deprimente
Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando

Bastinha Job:

Escreva um belo poema,
limpe bem a sua casa
Voe alto, crie asa,
Rejeite qualquer sistema
Que lhe prende na algema
Sua vida cerceando,
Não fique se lamentando
Isso odeio imensamente:
Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando

Francisco de Assis Sousa:

Cada momento da vida
Vale a pena se viver
Eu quero todo prazer
Antes da minha partida
Abomino despedida
Cada dia celebrando
E assim eu vou levando
A vida gostosa e quente
Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando

Rivamoura Teixeira:

Temos que perseverar
O passado tem essência
Que dá a experiência
Que orienta o viver
O melhor do conviver
É que você vai juntando
Dividindo e somando
E te faz experiente
Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando

Dulce Esteves:

Agradeço todo dia
Pelo fato de viver
Minhas refeições comer
Pela luz que me alumia
Por ter paz, ter harmonia
Deus está me abençoando
Meu dinheirinho ganhando
Pois, sou grata plenamente
Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando

David Ferreira:

Taí, gostei desse mote,
por esse apelo que traz
a quem pensa ser audaz.
Pela destreza, o rebote,
inclusos pois no pacote
dos que têm total comando
naquilo que estão buscando
prosperar constantemente…
Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando

Joab Nascimento:

Viver de lamentação
Reclamando todo dia
Com triste melancolia
Causando importunação
Causando indignação
Para quem fica escutando
Insatisfação causando
Com perturbação na mente
Eu tenho raiva de gente
Que vive se lastimando


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 12 de fevereiro de 2021

CHUVA DE POESIA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

CHUVA DE POESIA

Bastinha Job:

Pra mim a chuva é tela
De uma linda pintura
No meu Cratinho ela cai
Cai agora com ternura
Meu coração tá contente
A chuva ,o melhor presente
Traz promessa de fartura!

Lindicássia Nascimento:

É festa na agricultura
Alegria pra o sertão
Sertanejos se animam
Com o relâmpago e o trovão
A chuva é a esperança
Para o tempo de bonança
Pra quem fez a plantação.

Dalinha Catunda:

Chuva caindo no chão
Atiça minha saudade
Nós dois no banho de chuva
Numa casualidade
Enquanto a chuva caía
O casal feliz sorria
Ungindo a felicidade.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 11 de fevereiro de 2021

UMA ROD DE GLOSAS - 11.02.21 (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

UMA RODA DE GLOSAS

Mote desta colunista:

É duro dar luz a cego
Que não pretende enxergar.

* * *

Dalinha Catunda:

Não sou dona da verdade
O bom senso assim me diz
Na vida sou aprendiz
Mas sempre bate a vontade
De repassar qualidade
A quem deseja ingressar
Com regras no versejar
E o pouco que sei não nego
É duro dar luz a cego
Que não pretende enxergar.

Rivamoura Teixeira:

Eu já dei até a dica
De como faz o traçado
O x do metrificado
Ele diz _exemplifica
Mas parece q ele fica
Olhando a banda passar
Ou prefere só ficar
Nesse pequenino ego
É duro dar luz a cego
Que não pretende enxergar.

Dulce Esteves:

Meus parcos conhecimentos
Gosto de compartilhar
Convidei, vamos estudar
Mas, me causou foi tormentos
Esses tristes elementos
Só souberam foi negar
Disse: eu sei metrificar
Esse peso não carrego
É duro dar luz a cego
Que não pretende enxergar.

Creusa Meira:

Às vezes a gente fala
Até com certo cuidado
Que o verso tem pé quebrado
Mas a pessoa se cala
Segue o caminho e embala
Mostrando não se importar
Vai querer me martelar
Mas afirmo, não sou prego
É duro dar luz a cego
Que não pretende enxergar.

Giovanni Arruda:

Precisa ter paciência
Pois no começo é assim
Fica pensando no fim
E quebra toda a cadência
Perde do verso a essência
Quem prioriza contar,
Eu aconselho tentar
Mas uma coisa não nego
É duro dar luz a cego
Que não pretende enxergar.

Bastinha Job:

É malhar em ferro frio
pedra que água não fura
clarear a noite escura
secar o leito do rio,
receita sem ter avio,
um ganho sem conquistar,
Poeta sem se inspirar
Tudo isso veto e renego:
É duro dar luz a cego
Que não pretende enxergar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 27 de janeiro de 2021

O HOMEM QUE PERDEU A ROLA (FOLHETO DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

O HOMEM QUE PERDEU A ROLA

Dalinha Catunda

Ao Tuca pedi licença,

Pra sua história contar.

É fato não brincadeira

O que tenho pra narrar.

Esta tragédia, amigos,

Foi um drama de amargar.

Este caso sucedeu 

Em meu querido lugar

E fez a minha Ipueiras

De tristeza até chorar.

A cidade combalida

Nunca viu tanto pesar.

Todos conhecem o Tuca,

Nem precisa apresentar.

É dono dum restaurante.

Bom e muito popular.

Comerciante querido,

A todos quer agradar.

4

Tuca era muito feliz,

Com os filhos e a mulher.

Também tinha sua rola,

Que não era uma qualquer,

Não largava sua pomba

Um instantinho sequer.

Não sei se foi mau olhado,

Se foi praga ou coisa assim.

Só sei que sua alegria.

De repente teve fim.

O homem perdeu a rola,

Meu Deus que coisa ruim!

Ipueiras chorou tanto,

Foi bem grande a comoção.

Pois não era uma rolinha,

Na verdade era um rolão.

E muita gente importante,

Já tinha passado a mão.

7

 

Pobre mulher, soluçava...

Abraçada a seu marido.

Ele só se lamentava

Por a rola ter perdido.

Tudo se tornou tristeza,

Depois deste acontecido.

Ao chegar o fim da tarde

Na hora da ave Maria,

Tuca pegava sua rola

Com jeitinho recolhia,

E agradecia aos céus.

A rola que possuía.

A sua querida esposa,

Entrou numa depressão

Seu robe, sua alegria

Era a rola em sua mão.

Ela chora de saudades

Pela rola do patrão.

10 

Tuca perdeu a alegria

Perdeu a satisfação.

Vivia coçando a rola

Por debaixo do balcão

Sem rola e sem alegria

É bem grande a aflição.

11

Os amigos afagavam

Aquela rola singela

E Tuca sempre exibia

Pondo a rola na janela.

Era uma boa atração

E todos gostavam dela.

12 

Que muita gente chorou

É a mais pura verdade,

Homem que fica sem rola

É digno de piedade.

Tem uma vida vazia

E perde a felicidade.

13 

A história dessa rola,

Ainda não acabou.

Não estou de sacanagem,

E lhes peço, por favor.

A rola é um passarinho,

Não o que você pensou!

14 

O martírio dessa rola, 

Foi de cortar coração.

Um dia Tuca encontrou

A ave ferida no chão.

E tratou do passarinho,

Que virou de estimação.

15 

A rola vivia solta,

Bem livre naquele lar

No ombro de Tuca ela,

Gostava de passear.

Era bem interessante

Era lindo contemplar.

16 

Até hoje não se sabe,

Que de fato aconteceu.

Se ela foi atrás de Tuca,

No caminho se perdeu.

Ou se foi mesmo roubada

Por um infeliz ateu.

17

Eu só sei que a pobre rola

Se foi e deixou saudade.

A família e os amigos

Gostavam e de verdade,

Da graciosa rolinha

Que era uma novidade.

 

18

Tuca perdeu sua rola,

Porém ganhou um cordel.

Quem pensou em sacanagem.

Não fez bonito papel.

Eu peço desculpa ao Tuca

Se o relato foi cruel.

 

Fim

Cordel de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 24 de janeiro de 2021

UMA RODA DE GLOSAS (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

UMA RODA DE GLOSAS

Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Mote desta colunista

Dalinha Catunda:

Eu posso dizer que há anos
A vacina salva vidas.
Eu que sou das precavidas
Pra não sofrer desenganos,
E evitar maiores danos,
Também vou me vacinar.
Tô vendo a hora chegar!
Mas a dúvida é profunda:
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Em minha última coluna, este meu mote foi glosado por mulheres. Hoje ele será glosado por homens.

* * *

Gevanildo Almeida

Dalinha e Bastinha estão
Com uma dúvida danada
Mais confesso essa picada
Não tá na minha intenção
Não sei se vou tomar não
Decidi, não vou tomar
Ela pode me agravar
Mas vou se seguir a Catunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Rivamoura Teixeira

Vou usar a consciência
Fazer avaliação
Não digo não tomo não
Vou pensar fazer prudência
Vou saber da tal ciência
Pra melhor avaliar
Essa dúvida é de lascar
Vou optar pela segunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Assis Mendes

Quando chegar a vacina,
Quero tomar sem demora,
Mandar o corona embora,
Pra ver se esse mal termina,
Seja daqui ou da china,
Eu quero é me vacinar,
E hora da agulha entrar,
Que a dor não seja profunda,
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Francisco Jairo Vasconcelos

Vou tomar é qualquer uma
Tô esperando liberar
Vou ver no que, isto vai dar
Quero que o corona suma
Pare de morrer de ruma
Eu tomo em qualquer lugar
Pois importante é curar
Esta dúvida profunda,
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Joab Nascimento

Já que não tem mais remédio
Tomei todo tipo de chá
De marmeleiro ao juá
Não acabei com meu tédio
Comecei a ter assédio
Para picada enfrentar
Deu trabalho pra relaxar
Foi concentração profunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Giovanni Arruda

Qualquer um laboratório
Não fará a diferença
Eu só vou pedir licença
Pra não ser supositório
Pois já fui repositório
Hoje nem deixo triscar.
Na bochecha inda vá lá
Que a mão não se aprofunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Pedro Sampaio

A tal vacina chinesa
Garantia questionada
Com tanta gente assustada
Deixa minha mente acesa
Com medo de virar presa
Também do bicho pegar
Logo começo a chorar
A lágrima já me inunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 18 de janeiro de 2021

UMA RODA DE GLOSAS (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

UMA RODA DE GLOSAS

Dalinha Catunda

 

 

Mote desta colunista

Dalinha Catunda:

Eu posso dizer que há anos
A vacina salva vidas.
Eu que sou das precavidas
Pra não sofrer desenganos,
E evitar maiores danos,
Também vou me vacinar.
Tô vendo a hora chegar!
Mas a dúvida é profunda:
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Bastinha Job:

Chinesa não tomo não
nem na bunda, nem no braço
coronavac… fracasso,
China não é salvação
buscarei outra opção
A Oxford aceitar
se a Moderna chegar,
a picada vai ser funda:
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Creusa Meira:

Na fila eu amanheço
Pego a preferencial
Passo longe de hospital
UTI eu não mereço
Quero logo o endereço
Quando o dia D chegar
Se na hora H falhar
A primeira e a segunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Chica Emídio:

Pode ser no mei da testa,
Na barriga, ou no bumbum
Não vou excluir nenhum
Eu quero é fazer a festa
Se assim for o que resta
Só não quero é me isolar
Chega de trancafiar
Igual Dalinha Catunda:
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Vânia Freitas:

Gente estou assustada
Com tanta gente falando
Da bruta vacina entrando
Tô ficando aperreada
Bunda e braço na jogada
O braço dá pra pensar
Bunda não vou cutucar
A coisa é muito profunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Lindicassia Nascimento:

Já que não tem outro jeito
Eu vou ter que aceitar
Dessa vez não vou chorar
Vou deixar entrar direito
Quero sentir o efeito
Levemente sem gritar
Sei que vou me emocionar
Não vou ficar moribunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Sueli Diniz:

O vírus veio com tudo
A vacina é necessária
A vida tá temerária
Pra isso teve o estudo
Tem que ser muito peitudo
Tem que gostar de arriscar
Pra nela não apostar
D’onde a vida se oriunda
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

Djenane Emídio

Como logo se anuncia
Tenho cá os meus receios
Se já encontraram os meios
Da cura da pandemia…
Peço a Deus que é meu Guia
Pra que eu possa confiar
E venha assim declamar:
Vacina, em mim se difunda!
Não sei se tomo na bunda
Ou no braço vou tomar.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 30 de dezembro de 2020

SUBI NA PIROGA E PEGUEI NO JACUMÃ (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

SUBI NA PIROGA E PEGUEI NO JACUMÃ

Dalinha Catunda

 

Foto desta colunista

Num passeio inusitado
Fui visitar uma oca
Um índio quase pelado
Levou-me a sua maloca
Nessa bonita manhã
Pegando em seu jacumã
Saí com ele da toca.

O passeio foi bonito
Em meio a natureza
Subi na sua piroga
E achei uma beleza
E no banho no riacho
Ele perdeu o penacho
Que caiu na correnteza.

Ao voltarmos do passeio
Eu estava esbaforida
Ele me trouxe cauim
Eu aprovei a bebida
Não saí daquela loca
Sem entrar na mandioca
Gostei muito da comida.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 29 de dezembro de 2020

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE RAÍZES (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO) VÍDEO

 

 

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE RAÍZES


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 24 de dezembro de 2020

ANTE A IMPOTÊNCIA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

ANTE A IMPOTÊNCIA

 

Versos e foto da Duplinha

É nesse meu versejado,
Que vou enganando a dor.
Pedindo em cada oração,
Ajuda a nosso Senhor!
Rezo pra santo no altar,
Na procissão a passar,
Eu rogo ao Santo do andor.

Dalinha Catunda

Antes das águas de março
JÁ foi meu verso inundado
De dores estarrecido
Sem o Erato inspirado
Não vislumbro a esperança
Meu estro só cansa e cansa
Num horizonte manchado!

Bastinha Job


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 21 de dezembro de 2020

QUANDO EU ESTICAR AS CANELAS, CORDEL EM VÍDEO, COM A MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

QUANDO EU ESTICAR AS CANELAS

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 18 de dezembro de 2020

NÃO ME AVEZE NÃO! (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: 1 pessoa, chapéu e atividades ao ar livre

NÃO ME AVEXE NÃO!
Dalinha Catunda
*
De poeta e de louca
Eu tenho minha quantia
Tem horas que jogo pedra
Noutras faço poesia
Quando chega o aperreio
Que fico de saco cheio
Minha razão avaria.
*
Não sou mulher de motim
De bando também não sou
Penso com minha cabeça
Seguir magote não vou
Não sou mulher melindrada
O papel da vitimada
Minha garra dispensou.
*
Não compro briga dos outros
Pra ficar em evidência
Por favor não me acumule
Tenho pouca paciência
Pois quando o caso é comigo
Não meto nenhum amigo
Tomo logo providência
*
Nunca gostei de cobranças
Não cobro amor a ninguém
E para ser bem sincera
Nem amizade também
Sentimento é conquistado
Jamais será fabricado
Só se dá quando se tem.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 16 de dezembro de 2020

A RONDA DA PESTE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

A RONDA DA PESTE

Da Peste vejo sinais,
E eu faço o sinal da cruz!
Vestida em negro capuz,
Ceifando em seus rituais,
Com as vassouras letais.
Que os ancinhos ela traga,
Para amenizar a praga
E a esperança devolver.
Chega de tanto morrer:
Nesse barco que naufraga.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 11 de dezembro de 2020

BORDANDO VERSOS (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

BORDANDO VERSOS

Mote e foto desta colunista

Dalinha Catunda:

Como quem faz um bordado
Vou fiando meu cordel
Procurando ser fiel
Tramo com todo cuidado
Cada ponto do traçado
Faço com dedicação
Trago a metrificação
Pra cada verso compor
Faço rimas com amor,
Faço cordel com paixão

Bastinha Job:

Procuro tecer meu verso
Primando na isometria
Busco a isorritmia
Poesia é meu universo
Na mensagem me alicerço
Daí vem pura emoção,
Catarse, satisfação
Compromisso no lavor:
Faço rimas com amor,
Faço cordel com paixão

Jesus de Ritinha:

Eu entro na brincadeira
Agricultando poesia
Plantando com alegria
A semente brotadeira
Levo também uma esteira
Que estendo com a mão
Para dessa plantação
Colher frutos de primor
Faço rimas com amor,
Faço cordel com paixão

David Ferreira:

Não entendo de bordado,
mas eu vi mamãe tecer.
Não consegui aprender,
porquê homem do cerrado
não podia ser prendado,
fazer bordado de mão,
pisar arroz no pilão,
era visto com temor…
Faço rimas com amor,
Faço cordel com paixão

Rosário Pinto:

Faço rima faço prosa.
Procuro ter alegria.
O meu cantar se irradia
Para alguns me chamo Rosa
Eu gosto de fazer glosa
Não conheço a solidão
Trago sempre uma canção
Canto com muito fervor
Faço rimas com amor,
Faço cordel com paixão

Vânia Freitas:

Dedico meu tempo à arte
Eu faço que nem Dalinha
Também não saio da linha
Vou fazendo minha parte
Assim como ela reparte
Com muita dedicação
Eu tiro do coração
Algum som do meu tambor
Faço rimas com amor,
Faço cordel com paixão

Gevanildo Almeida:

Tiro o verso da cachola
Faço ele flutuar
Sou poeta popular
Desses que não se enrola
Só não sei tocar viola
Mas na minha intuição
Metrifico a oração
Na verso que vou impor
Faço rimas com amor,
Faço cordel com paixão

Francisco Chagas:

Eu descrevo a natureza.
O sol, a lua e estrelas.
Eu tenho o prazer de vê-las.
Se eu tiver com tristeza.
Quando olho pra grandeza.
Do Deus Pai da Criação.
Sinto no meu coração.
Muita alegria e vigor
Faço rima com amor.
Faço cordel com paixão.

Rivamoura Teixeira:

Eu sou mei intrometido
Doido levado da breca
Quero brincar de peteca
E este tema é tão querido
Eu também tenho mantido
Esta forma de expressão
Traço com dedicação
Metrifico com fervor
Faço rimas com amor
Faço cordéis com paixão

Creusa Meira:

Na infância fiz bordado
Que a minha mãe ensinava
Tricô e renda, eu tentava
E meu pai tinha guardado
Os versos do seu passado
Eu lia com atenção
Fui aprendendo a lição
E hoje posso dar valor
Faço rima com amor.
Faço cordel com paixão.

José Walter Pires:

Viver “pintando e bordando”
Foi expressão popular;
Mas não sei como explicar,
Às meninas, comparando,
Ou só ficar criticando
Os rumos da evolução,
Com tamanha tentação,
Desafiando o pudor.
Faço rima com amor.
Faço cordel com paixão.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 08 de dezembro de 2020

COMADRE, INTÉ OUTRO DIA (VÍDEO COM A MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, CORDELISTA E COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

COMADRE, INTÉ OUTRO DIA

Parodiando Zé Praxedes

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 05 de dezembro de 2020

GLOSANDO NA REDE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

GLOSANDO NA REDE

Dalinha Catunda

 

Ciranda de glosas com mulheres, coordenada por esta colunista, idealizadora do Cordel de Saia

* * *

Mote de Medeiros Braga:

Não fora nosso Nordeste
Seria pobre o Brasil

* * *

Dalinha Catunda – Rio de Janeiro-RJ:

Berço da mulher rendeira,
E de Maria Bonita.
A Raquel trouxe na escrita
Maria Moura Guerreira,
A força da brasileira,
A que enfrentou cada ardil!
Mostrando bem seu perfil
De forte mulher do agreste:
Não fora nosso Nordeste
Seria pobre o Brasil

Bastinha Job – Crato-CE:

O Ceará de Alencar
De Peri, de Iracema,
De Ceci prosa em poema
Do verde-azul do mar;
Tem o Ferreira Goulart,
Gonzagão, Gilberto Gil,
Patativa é nota mil
Nossa Arte é inconteste:
Não fora nosso Nordeste
Seria pobre o Brasil

Vânia Freitas – Fortaleza-CE:

O nordeste brasileiro
Banhado de sol e mar
Tem nas noites de luar
O canto do violeiro
Que embala nosso terreiro
Com seu verso mais sutil
Que encanta com mais de mil
O sul norte leste e oeste
Não fora nosso Nordeste
Seria pobre o Brasil

Rosário Pinto – Rio de Janeiro-RJ:

A mulher faz seu papel
Escreve com linhas finas
Histórias de heroínas
Maneja bem o pincel
Em versos de menestrel.
São muitas na poesia,
E na prosa, em demasia,
Nos romances, mais de mil.
Do Norte até o Leste
Não fora nosso Nordeste
Seria pobre o Brasil

Dodora Pereira da Silva – Juazeiro-CE:

Mulher guerreira e forte
Enfrenta o sol causticante
Com um sorriso intrigante
E o amor é seu suporte
O poeta é que tem sorte
Essa musa é nota mil
Contrastando o céu de anil
Com esse seu solo agreste
Não fora nosso Nordeste
Seria pobre o Brasil

Lindicássia Nascimento – Barbalha-CE:

O Nordeste brasileiro
É de fato um braço forte
Esse país tem é sorte
Por não ser do estrangeiro
Sendo bravo e tão guerreiro
De arte e belezas mil
Nós traçamos o perfil
Do rico cabra da peste
Não fora nosso Nordeste
Seria pobre o Brasil


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 04 de dezembro de 2020

TROVAS NATALINAS (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

TROVAS NATALINAS

Dalinha Catunda

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TROVAS NATALINAS
*
Natal é tempo de luz,
Luzindo com alegria.
Em louvor ao bom Jesus
Filho da virgem Maria.
*
Filho da Virgem Maria
Tão amado por José.
Brilhou a estrela guia,
Para o rei de Nazaré.
*
Para o rei de Nazaré
O galo cantou também,
Aqueles que tinham fé
Logo disseram amém.
*
Logo disseram amém,
Ao rei dono da verdade,
Que nasceu lá em Belém
Pra nossa felicidade.
*
Versos de Dalinha Catunda
Arte de
Klévisson Viana

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 30 de novembro de 2020

DEVANEANDO, VÍDEO COM A CORDELISTA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO

 

DEVANEANDO

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 23 de novembro de 2020

A MENSAGEM (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

A MENSAGEM

Dalinha Catunda

 

Ao pegar meu celular
Mensagem sua encontrei
Sem querer acreditar
O seu lamento escutei
Sem duas vezes pensar
Seu áudio eu deletei.

Não me fale de saudade,
Pois não terei compaixão
Você não teve piedade
Ao ferir meu coração
Com toda sinceridade
Em mim não restou paixão.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 06 de novembro de 2020

SABORES DO MEU SERTÃO (FOLHETO DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

A imagem pode conter: 1 pessoa, texto que diz "PROJETO SESC CORDEL SABORES DO MEU SERTÃO Autoras Dalinha Catunda Abril Ediçao 131"

SABORES DO MEU SERTÃO
Dalinha Catunda
1
A musa peço que ative
Meu gosto meu paladar
Dos sabores do sertão
Tenho fome de falar
Sou poeta e cozinheira
Sou nordestina matreira
Meus versos sei temperar.
2
Nossa culinária é rica
E vem trazendo o aval
Do índio que praticava
O alimento natural
Do negro com seu encanto
Cozinhando para o santo
Ao sabor do ritual.
3
Nosso colonizador
De origem portuguesa
Implantou o seu cardápio
Recheado de riqueza
No alimento essa nação
Fez a miscigenação
Que deu certo com certeza.
4
Essa mistura de raça
Deu gosto a nossa comida
Gostosa bem temperada
Bem aceita ao ser servida
É na regionalidade
Que temos variedade
Quem já provou não duvida.
5
Trago na minha memória
O sabor da minha terra
O tempero de mamãe
Que a saudade desenterra
Aguço meu pensamento
Para cantar como alento
Um tema que não emperra.
6
Vou falar das Ipueiras
Vou falar do Ceará
Dos sabores que provei
Quando morava por lá
Das frutas e iguarias
Dos motivos de alegrias
Que o cordel suscitará.
7
Lá tem cabeça de galo
Que de galo nada tem
É um caldo bem gosto
Que sei fazer muito bem
É um desjejum ligeiro
Um caldo que só o cheiro
Faz o freguês ir além.
8
É o tal levanta defunto
O caldo da caridade
Feito na base do ovo
Coentro leva a vontade
Engrossado com farinha
Vai cebola e cebolinha
Revigora de verdade.
9
O cearense da gema
Não fica no ora, pois
Não falta em sua panela
Por nada o baião de dois
Que com queijo é temperado
Seja soltinho ou ligado
Ninguém deixa pra depois.
10
A galinha caipira
Com farofa ou com pirão
É comida de domingo
E acompanha o macarrão
No óleo e alho passado
Por cima queijo ralado
Não tem melhor refeição.
11
Tão simples tão saborosa
Destaca-se a malassada
Guloseima sertaneja
Que bem lembra uma fritada
O gosto é uma beleza
Ela cabe em qualquer mesa
Que seja ou não recheada.
12
Com feijão milho e toicinho
Com pé de porco e costela
E com linguiça das boas
Faz-se uma boa panela
Do famoso mungunzá
Comida melhor não há
Não tem quem não goste dela.
13
É feita com carne seca
A paçoca do sertão
E leva cebola roxa
Em sua preparação
E na carne bem torrada
Farinha é acrescentada
Depois pisa no pilão.
14
Comida pra todo gosto
No sertão é encontrada
Temos Maria Isabel
E a gostosa panelada
Feijão de corda e de moita
E pra gente mais afoita
Nós temos mesmo é buchada.
15
O cuscuz feito de milho
É servido em todo lar
Bem cedinho no café
Na hora de merendar
Com nata, café ou leite
Pão de milho é um deleite
No almoço e no jantar.
16
Com feijãozinho amassado
Já comi em meu sertão
Com carinho e com afeto
O famoso capitão
Que fazia minha tia
E a meninada aprendia
Comer ele com a mão.
17
Quem ainda não comeu
Precisa experimentar
A tapioca de goma
Gostosa, posso afirmar
Produto da mandioca
Essa nossa tapioca
Eu como sem me cansar.
18
Arroz de leite, arroz doce
Na minha vida singela
Comi de lamber os beiços
Borrifado com canela
E chegava até brigar
Somente para raspar
O pregado da panela.
19
Na safra do milho tem,
Milho cozido e assado
Tem angu de milho verde
Colhido em cada roçado
Tem pamonha, tem canjica
Mesa farta, mesa rica
Traz inverno abençoado.
20
O velho bolo manzape
Na folha da bananeira
A meninada comprava
Quando era dia de feira
Era um bolo singular
Nunca deixei de gostar
Na lembrança ainda cheira.
21
A feira eu também ia
Comprar caju e cajá
Pitomba vinda serra
Cajarana e cambucá
Na barraquinha eu parava
Caldo de cana eu tomava
Bons tempos no Ceará.
22
Sem doce não se passava
Para adoçar nossa vida
Além de doces em calda
Tinha alfenim e batida
Também tinha com fartura
Pra merendar rapadura
Sobremesa preferida
23
O doce que eu mais adoro
É doce de buriti
Tanto como em Ipueiras
Como aqui no Cariri
Numa bonita embalagem
Eu comprei numa viagem
Quando fui ao Piauí.
24
O gosto pelo pequi
Eu peguei mesmo no Crato
Com maxixe e macaxeira
Com quiabo é um bom prato
Eu como de repetir
Na casa de Josenir
Aonde tenho bom trato.
25
Pato, peru e capote
Encantam meu paladar
Com farofa de cuscuz
Não tem como recusar
Lá em casa no terreiro
Tinha um bom galinheiro
Para nos alimentar.
26
Jerimum e macaxeira
Batata doce cozida
Era o acompanhamento
Pra variar a comida
Para falar a verdade
Mesmo na simplicidade
Eu não passei mal na vida.
27
Um refresco diferente
Eu tomava em meu sertão
Nas velhas festas juninas
Nas fogueiras de São João
Igual a ele não há
É chamado de aluá
Tem gosto de tradição.
28
Puxando pela lembrança
Fica fácil recordar
A farinha de pipoca
Que eu chegava a me entalar
Rosca chamada “trucida.”
A palma nunca esquecida
Como é gostoso lembrar.
29
Não sai da recordação
O menino com seu grito
Vendendo pelas calçadas
Na tábua seu pirulito
Faz parte da minha história
Guardei na minha memória
O meu passado bonito.
30
Ainda de guloseimas
Palma, bulim, e cocada,
Tinha a bolacha fogosa
Pé de moleque e queijada
Peito de moça era um pão
O creme melava a mão
Eu não me esqueço por nada.
31
Eu jamais posso esquecer
Dos peixes que lá provei
Traíra e curimatã
Com elas me alimentei
Ova cozida ou assada
E piaba bem torrada
No sertão me empanturrei.
32
Fiquei com água na boca
Nessa viagem que fiz
Passeando em meu passado
Novamente fui feliz
Os sabores do sertão
Mexem com minha emoção
E eu saudosa peço bis.
Fim
Cordel de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 27 de outubro de 2020

NOS TRILHOS DA MOCIDADE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

NOS TRILHOS DA MOCIDADE

Dalinha Catunda

Foto desta colunista

O velho trem da saudade
Resolveu me visitar
Na bagagem a lembrança
É tanta, chega a pesar
Abro a porta do vagão
E deixo a recordação
Pelos trilhos me guiar.

Êta saudade danada
Que bateu, mas foi de mim
Menina moça levada
Batom da cor de carmim
Faceira e desaforada
Pela vida apaixonada
Como eu gostava de mim.

Nas tertúlias da cidade
Era a primeira a chegar
Pra “tirar uma fornada”
Com quem soubesse dançar
Dançava bem um brecado
Um bolero apaixonado
E sem “macaco botar.”

Short curto, minissaia
Era assim que eu me vestia
Minha mãe era moderna
E para minha alegria
Gostava de costurar
E a gente podia usar
A roupa que bem queria.

Passear de bicicleta
Era outra diversão
Cidade do interior
Ipueiras, meu sertão
Banhos de açude e de rio
Quando recordo sorrio
Fui feliz em meu rincão.

Passei por cima de tudo
Pra viver em liberdade
Desdenhei até das leis
Da nossa sociedade
Liberta da hipocrisia
E sem precisar de guia
Vivi só minha verdade.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 19 de outubro de 2020

EXALTANDO A NATUREZA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

EXALTANDO NATUREZA

Dalinha Catunda

 

Fotos da colunista

Eis-me aqui neste recanto
E sem arrependimento
Dos pássaros ouço o canto
Bendigo cada momento
A brisa traz acalanto
Viajo no pensamento.

Desfruto dessa bonança
No verde desse lugar
No peito cresce a esperança
Assim me ponho a sonhar
Nos passos da nova dança
Danço sem me alvoroçar.

Contemplando a natureza
Obra de Nosso Senhor
Onde a lua é realeza
Onde o sol tem esplendor
Celebro toda beleza
Nesses meus versos de amor.

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 11 de outubro de 2020

UM CARREIRÃO DE NOTÍCIAS (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

UM CARREIRÃO DE NOTÍCIAS

Dalinha Catunda

 

Cachoeiras de Macacu-RJ, 9/10/ 2020


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 09 de outubro de 2020

RODILHA E POTE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

Nenhuma descrição de foto disponível.

NUNCA PEGUEI NA RODILHA

MAS TOMEI ÁGUA DE POTE

Dalinha Catunda

 

Espie, um magote de nordestino glosando mais eu!
 
*
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote
*
Sou natural do Nordeste,
Nascida no Ceará.
Aprontei muito por lá
Na minha vidinha agreste
Aticei cabra da peste
Pra comigo dançar xote
Dançava, dava pinote,
Sem me assustar com braguilha.
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
Dalinha Catunda
*
Guardo vivos na lembrança
Momentos especiais
De folguedos nos quintais
Do meu tempo de criança
Havia também cobrança
Que eu cumpria sem fricote
Enrolava um saiote
Para apoiar a vasilha
Eu já usei a rodilha
E tomei água de pote.
Creusa Meira
*
Nasci na Vila do Amaro
terrinha que me cativa
Recebi de Patativa
o conselho e o amparo
o bafejo do seu faro
inspirou também meu mote
na décima atei meu bote
e fiz essa redondilha:
NUNCA PEGUEI NA RODILHA
MAS TOMEI ÁGUA DE POTE!
Bastinha Job
*
Eu nasci na capital,
mas a coisa era apertada,
não tinha água encanada,
só um poço no quintal.
Dali bebia animal,
galinha, pato e capote,
gente grande e meninote,
o pai, a mãe e a filha.
Nunca peguei na rodilha,
Mas tomei água de pote.
Marcos Mairton
*
Eu nasci em Maceió
Estado das Alagoas
ao qual teço minhas loas
sempre que eu vou por lá
pra tomar banho de mar
eu vou remando meu bote
e me lembrando que um mote
quebrou a minha setilha
nunca peguei na rodilha
mas tomei água de pote
Fred Monteiro
*
Que você dava pinote,
Isso eu não creio, não,
Mulher do seu gabarito,
Aguenta qualquer rojão,
Mulher da melhor estirpe,
Das que há no meu sertão.
Zé da Paraiba
*
Eu não nasci no nordeste.
Tenho o sangue misturado.
Paraíba, por um lado,
e Minas Gerais, sudeste.
Urbanóide e não agreste,
de bolero a fox-trote
dancei desde meninote
e até mesmo quadrilha.
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
Hardy Guedes
*
Por visto a minha vidinha
foi mais simplória que a sua:
brinquei de roda na rua,
de peteca e amarelinha;
- Mas que insolência a minha -
vou modificar seu mote,
preste atenção e anote:
fui além da sua trilha,
porque peguei na rodilha
e tomei água de pote!
Nezite Alencar
*
Também nasci no Nordeste
Bem ao sul do Ceará
Ainda vivo por cá
Levo uma vida campestre
Faço rima feito a peste
É só me mandar o mote
Que o verso sai em pacote
Enfeitado com presilha
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
(Anilda figueirêdo)
*
Lembro o banco de aroeira
Lá da casa de vovó
O jirau, o caritó
A antiga cantareira
A jarrona revedeira
Caneco boca em serrote
E pra completar meu mote
Vejo a surrada mantilha
Nunca peguei na rodilha
Mas bebi água de pote.
Josenir Lacerda
*
Eu também sou do Nordeste
E jamais saí daqui
Escolhi o Cariri
Que me acolhe e me reveste
Luar do sertão celeste
Da fogueira e do pinote
Quixotesco de um xote
Ancorado na forquilha
Nunca peguei na rodilha
Mas bebi água de pote.
Ulisses Germano
*
Sou caboclo nordestino
Do brejo Paraibano,
Do martelo alagoano,
Violado com refino,
Exaltando Virgulino
O mensageiro da morte,
Este sertanejo forte,
Tão pouco leu a cartilha.
Nunca peguei na rodilha
Mas tomei água de pote.
Ivamberto Albuquerque
*
Foto e mote de Dalinha Catunda,
Postagem com poetas convidados

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 30 de setembro de 2020

EI! PSIU... (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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EI! PSIU...

Dalinha Catunda

 

 

Ei! Você pode dar psiu,
Vou achar que assédio, não!
Só vou pensar que você,
Quer chamar minha atenção.
Se eu gostar, eu vou sorrir,
Se não gostar vou seguir
Sem achar que é transgressão.
Ei! Você pode, sim, me olhar,
Olhar não tira pedaço,
E não vai me incomodar.
Me olhe sem embaraço,
E quem sabe se eu quiser
Pode pintar um affair
Não sou de estardalhaço.
Ei! não deixe de ser chistoso,
Não adira ao desencanto,
Não desista da conquista,
Faça aposta no acalanto.
Pra quem fomenta emoção,
E quer sim, em vez de não,
Sabe bem guiar seu canto.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 24 de setembro de 2020

ENCRENCA COM MULHER (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

ENCRENCA COM MULHER

Dalinha Catunda

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ENCRENCA COM MULHER
*
DALINHA CATUNDA
Bardo que não tem cautela
Tira da boca a tramela
Mas de repente amarela
Na quebrada da rotina
Pois a mulher na porfia
Com astúcia desafia
E o homem nem desconfia
Da esperteza feminina.
*
BASTINHA JOB
Cutucar com vara curta
A onça se espanta e surta
A valentia se furta;
O arrogante sequer
Dessa teia não escapa
Perdeu a mina e o mapa
Da Musa levou um tapa
Respeita, macho, a Mulher!
*
DALINHA CATUNDA
Cabra que arranha viola
Com estrume na cachola
Na merda sempre se atola
Por não saber acatar
O canto de espinho e flor
Que chega trazendo ardor
E não pede, por favor,
Para com macho cantar.
*
JOSÉ WALTER
Êta, Dalinha, danada
Que jamais perde parada
Ao se mostrar preparada
Pra qualquer situação
Dando nó em pingo d’água
Sabe cantar sem ter mágoa
Nem a tristeza deságua
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO.
*
DALINHA CATUNDA
Meu amigo sou nojenta
Tenho cabelo na venta
E pouca gente aguenta
Quando entro em ação
Eu canto até ficar rouca
Se o bardo dormir de touca
Morre e não me deixa louca
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO.
*
JERSON BRITO
Eita que mulher valente
Quero ver cabra que enfrente
Essa dama do repente
Braba feito uma leoa
De versos fonte infinita
Dalinha tá bem na fita
Porque sempre sua escrita
Como melodia soa.
*
DALINHA CATUNDA
Eu não conheço fadiga,
Não fujo da boa briga,
Não sou mulher com intriga,
Mas não sou de calmaria!
Na hora de pelejar
Gosto do nó apertar
Pra ver verso estrebuchar
Nos braços da poesia.
*
CREUSA MEIRA
Homem, respeite Dalinha
Tome sua caipirinha
Vá brigar na sua rinha
Onde só tem confusão
Não irrite a minha amiga
Que ela nem gosta de briga
Fuja de qualquer intriga
Nos oito pés de quadrão.
*
DALINHA CATUNDA
Porém se quiser chegar
Vá chegando de vagar
Não vai dar pra se espalhar
Na minha jurisdição
Não queira me ver irada
Pois baixo mesmo a porrada
E saio dando risada
Nos oito pés de quadrão.
*
MARIA ELI
Seguimos nessa jornada
Lembrando a macharada
Que respeite a mulherada
Não brinque com sua loa
Que um motim iniciou
Buliu com uma danou
E com todas se lascou
Pois ninguém verseja a toa.
*
DALINHA CATUNDA
Eu vou contar um segredo
Cabra pra me fazer medo
Nem precisa vir azedo
Pois eu sou é de amargar
Eu mato o vate na unha
Provoco boto alcunha
E usando de mumunha
Faço o sujeito chorar.
*
VÂNIA FREITAS
Da caneta faço espora
O verso faço na hora
Para chegar sem demora
Esbanjando o meu versar
Sonora como uma fonte
Eu me junto com este monte
De mulher que traz na fronte
A arte de bem cantar.
*
DALINHA CATUNDA
Risco verso é na peixeira
No traçado sou ligeira
Acabo sendo a primeira
Na hora de um debate
Por gostar duma disputa
Vou preparada pra luta
Trago a mulher pra labuta
Pra seguir nosso combate.
*
DAVID FERREIRA
Quem se acha todo macho,
não tem medo de esculacho,
é melhor baixar o facho...
Quem avisa, bem lhe quer.
O melhor que a gente faz
é ser fino... Perspicaz...
Pois, quem quer viver em paz,
não encrenca com mulher.
**
DALINHA CATUNDA
David já chegou com manha
É homem que não se acanha
De mulher jamais apanha
Pois conhece seu lugar
Chegou com diplomacia
Num verso de voz macia
Como quem acaricia
Gata pra não lhe arranhar.
*
DAVID FERREIRA
Toda mulher de verdade,
pelo voto à liberdade,
nutre a sensibilidade
qu'há de ter um grande amor...
Já o homem, infelizmente,
sendo ou não inteligente,
nele incute, ingenuamente,
qu' é um ser superior...
*
DALINHA CATUNDA
A mulher em seu roteiro
Quer apenas um parceiro,
Um amante, companheiro.
Não um dono, um senhor.
Não quer viver em prisão
Detesta a submissão
Quer fazer sua oração
Sem ser a santa no andor.
*
DAVID FERREIRA
Tenho uma que é valente,
me cativa docemente,
mas tem hora que, somente
Deus do céu, pra lh'a acalmar.
Basta eu demorar fora,
não voltar conforme a hora...
Quebra um pau, pega uma tora
e, ai de mim, se eu gaguejar...
*
DALINHA CATUNDA
Deixo a porta sem tramela
E nem fico na janela
Só pensando em esparrela
Se tarde ele vai voltar...
Enquanto eu for importante!
Serei esposa e amante,
Vou esperar radiante,
Sem pensar em controlar.
*
JOSÉ WALTER
Essas gralhas encrenqueiras
Não resistem brincadeiras
Logo viram barraqueiras.
E se ofendem sem razão.
Se não faz mal perguntar
Para poder me calar
O que deixaram passar?
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO
*
DALINHA CATUNDA
Em cada pé que versei
Eu rimei, metrifiquei,
Cantei mas não relinchei
Pra não perder a razão.
Porém sei que fiz besteira
Deixei aberta a porteira
E entrou a crina coiceira
NOS OITO PÉS DE QUADRÃO
*
CREUSA MEIRA
Zewalter, tome cuidado
O terreno é complicado
É mehor ficar calado
Pra não perder a razão
Dalinha não dá vacilo
Tem amigas no estilo
Aqui ninguém dá cochilo
Nos oito pés de quadrão
*
Xilo de Cícero Lourenço, para do meu cordel: Mulher na Panela do Repente.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 18 de setembro de 2020

LOUVANDO MADRINHA MENA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

LOUVANDO MADRINHA MENA

Dalinha Catunda

 

1
Conheci Madrinha Mena
Vendendo cordel na praça
Recebeu-me com sorriso
E conversava com graça
Fizemos logo amizade
E daquelas de verdade
Que o tempo não embaraça.
2
Foi ela quem me levou
Ao seio da Academia
Lá comecei declamando
Quando o momento pedia
Com grande satisfação
Eu via lá no salão
A madrinha que aplaudia.
3
Muitas vezes voltei lá
Porque vi sinceridade
O tempo foi reforçando
A nossa boa amizade
Que cultivo com carinho
Mena foi um bom caminho
Que trilhei nessa cidade
4
Hoje na ABLC
Posso bem assegurar
Foi o encontro com Mena
Que garantiu meu lugar
Esse encontro nordestino
Forjado pelo destino
Pra minha sorte traçar.
5
Por isso nesse cordel
Com muita satisfação
A Madrinha dos Poetas
Faço minha louvação
A musa peço passagem
Pra dizer nessa mensagem
O que dita a emoção.
6
Cearense do Ipu
Maria do Livramento
Era mais uma migrante
Fugindo do sofrimento
Foi no Rio de Janeiro
Que conheceu seu parceiro
E deu certo o casamento.
7
Mena sofreu no passado
Mas seu presente reluz
Ninguém passa a vida inteira
Apenas levando cruz
Sua vida não foi só fel
Apareceu o cordel
Pra dar brilho a sua luz.
8
Com seu Gonçalo Ferreira
Livramento se casou
Tendo um marido poeta
Ao cordel se dedicou
Essa guerreira Maria
Na feira cordel vendia
Três filhos assim criou.
9
Sendo Gonçalo poeta
Dona Mena violeira
Do céu caiu pra Gonçalo
Uma bendita parceira
Muito feliz vive Mena
A vida pra ela acena
Na morada da ladeira.
10
Quando ela afina a viola
Eu peço minha cantiga
É do tempo do cangaço
Gosto de música antiga
E sai “Maria Bonita”
Ela canta até faz fita
Para agradar a amiga.
11
Do cordel primeira dama
Viaja o Brasil inteiro
A cearense brejeira
Não se perde no roteiro
Gonçalo faz a palestra
O cordel vende a mestra
Apurando seu dinheiro.
12
Do cordel apologista
Dele faz sua leitura
Vende, difunde folheto
Promove a literatura
Quando o rapa era cruel
Brigou pra vender cordel
Pois defende essa cultura.
13
Sua paixão pelas cordas
Vem dos tempos de menina
Dedilhar uma viola
Mas que paixão era sina
Amante da cantoria
No Ceará assistia
Essa moda nordestina
14
Madrinha Mena faz parte
Das damas da Academia
Sua presença marcante
É fato que contagia
Em sua simplicidade
Carrega a voz da verdade
Na casa da poesia.
15
Mena não manda recado
Quando está incomodada
Tem fibra de sertaneja
E não engole calada
Sabendo que tem razão
Nos outros passa carão
Mas sem ser desaforada.
16
Mena merece respeito
Muita atenção e carinho
Pois em toda essa jornada
Gonçalo não está sozinho
Ela está sempre do lado
Se desmanchando em cuidado
Até abrindo caminho.
17
O cordel com os patronos
Madrinha idealizou
Sei que muitos cordelistas
Seu sonho realizou
Fazendo com poesia
A dita biografia
Que Mena arquitetou.
18
Mais de uma cordelteca
Leva o nome da Madrinha
Que tem no peito o cordel
Junto com ele caminha
Mena Merece um troféu
Pra ela tiro o chapéu
Nessa minha louvaminha.
19
É ela Madrinha Mena
Que mantém a tradição
No mês de setembro tem
Festa, viola e baião,
Poetas, muita alegria
Nos anos da Academia
Não falta celebração.
20
Eu louvo Madrinha Mena
Por sua disposição
Pelo amor ao cordel
Pela viola na mão
Pelo seu canto aberto
Que quero ouvir de perto
Pra relembrar meu sertão.
21
Eu louvo Madrinha Mena
Que vive em Santa Tereza
Que sobe e desce ladeira
E toda sua riqueza
Consiste em participar
Da cultura popular
Que se traduz em beleza.
22
Eu louvo Madrinha Mena
Por sua língua afiada
Pela sua rebeldia
Por não se calar por nada
Por querer o seu espaço
Um sorriso, um abraço,
Ser também valorizada.
23
Eu louvo Madrinha Mena
A Madrinha dos poetas,
A mãe, esposa e mulher,
Que cumpre bem suas metas
Devota da academia
Guerreira e anjo guia
De atitudes corretas.
24
Eu louvo Madrinha Mena
E louvo de coração
Agradeço a amizade
Confirmo minha afeição
Por isso cara madrinha
Pede-lhe a benção Dalinha
No fim desta louvação.
FIM

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 16 de setembro de 2020

AMANCEBADA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

AMANCEBADA

Dalinha

 

Eu casei na Igreja verde,
A Deus não peço perdão,
Cartório também igreja
Dispensei na ocasião
Eu fiz o meu edital
E não precisei de aval
Ao recusar certidão.
*
Nunca quis ser bem certinha
Nem seguir a procissão
Eu já nasci pecadora
Diz minha religião
Sou batizada e crismada
Nunca fui excomungada,
Mas não gosto de sermão.
*
E quando alguém me pergunta
Se sou solteira ou casada,
Eu respondo bem ligeiro:
Sou mesmo é amancebada!
E vejo quem me arguiu
Fazendo que não ouviu
Saindo desapontada.
*
E não venham me pedir,
Meu álbum de casamento
As bodas disso ou daquilo
Bobagens eu não aguento.
Acho que a felicidade
Se faz com cumplicidade,
E jamais com juramento.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 13 de setembro de 2020

PRA COMER MARIA IZABEL ELE LARGOU MEU CUSCUZ (MOTE E GLOSA DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

PRA COMER MARIA IZABEL
ELE LARGOU MEU CUSCUZ.
*
Já cansei de repetir
Essa história que hoje conto
Não aumento nem um ponto
Isso posso garantir
Se você quiser ouvir
A Deus peço muita luz
E nos versos que compus
Repito o que diz Raquel:
PRA COMER MARIA IZABEL
ELE LARGOU MEU CUSCUZ.
*
Esse caso aconteceu
Pras bandas do Ceará
Com Raquel que é de lá
E um sujeito conheceu
Do cuscuz dela comeu
E já gritou: Ai Jesus!
Da comida que seduz
Virou um freguês fiel:
PRA COMER MARIA IZABEL
ELE LARGOU MEU CUSCUZ.
*
Aqui na minha pensão
Ele vinha todo dia
E demonstrando alegria
Fazia sua refeição
E fez a propagação
Do jeito que lhe propus
Botou foto no capuz
Do seu antigo corcel:
PRA COMER MARIA IZABEL
ELE LARGOU MEU CUSCUZ.
*
O negócio foi crescendo
Eu ganhava, ele ganhava
A freguesia aumentava
E a propaganda comendo
Porém eu fui percebendo
Algo estranho e me indispus
As garras então repus
Após provar do seu fel:
PRA COMER MARIA IZABEL
ELE LARGOU MEU CUSCUZ.
*
Traída covardemente
Eu fui e ele nem negou
Disse que se apaixonou
Por um menu diferente
Arroz com carne presente
Que a cozinheira introduz
A minha raiva eu expus
Diante do seu papel:
PRA COMER MARIA IZABEL
ELE LARGOU MEU CUSCUZ.
*
Quem comeu na minha mão
Sabe que sei cozinhar
Pois tenho bom paladar
E sou boa de fogão
Agora preste atenção
No peso da minha cruz
Foi pior do que supus
A minha saga cruel:
PRA COMER MARIA IZABEL
ELE LARGOU MEU CUSCUZ.
*
Versos e Fotos de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 10 de setembro de 2020

SERTANEJANDO (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

SERTANEJANDO

Dalinha Catunda

 

Quando escancaro a porteira
Para entrar em meu rincão
A dona felicidade
Faz festa em meu coração
Uma brisa benfazeja
Invade essa sertaneja
Que não esquece o sertão.
*
Cada tarde é deslumbrante
Ver o ocaso acontecer
Por detrás da serra grande
Assisto o sol se esconder
Deixando um resto de luz
Crepúsculo que seduz
No dourado entardecer.
*
Tibungando em minhas águas
Eu vejo o sol desmaiar
Entre um mergulho e outro
Consigo me refrescar
E na boquinha da noite
O Aracati é açoite
Que chega com o luar.
*
Versos e fotos de Dalinha Catunda

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 02 de setembro de 2020

MULHERES GLOSANDO NA REDE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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MULHERES GLOSANDO NA REDE COM DALINHA
*
QUASE DEI UMA AGONIA
QUANDO ELE ME ABUFELOU
Mote de Dalinha Catunda
1
Cantando um louvor bonito
Com o meu terço na mão
Eu seguia a procissão
Cumprindo com fé o rito
Um movimento esquisito
Detrás de mim começou
Um sujeito me arrochou
E eu gritei: Ave Maria!
QUASE DEI UMA AGONIA
QUANDO ELE ME ABUFELOU
Glosa de Dalinha Catunda
2
Senti uma coisa estranha
Quando tava no forró,.
Minha tripa deu um nó
Uma cosquinha na entranha
Não pense que era manha
No meu quengo algo tocou
No meu corpo se espalhou
E todo ele tremia:
QUASE DEI UMA AGONIA
QUANDO ELE ME ABUFELOU!
Glosa de Bastinha Job
3
Eu estava numa praça
Pra lá de descontraída
Uma mão muito atrevida
Me alisou fazendo graça
Mas caiu logo em desgraça
Meu pai no cabra encostou
Sua faca ele passou
Bem por baixo da "viría"
QUASE DEI UMA AGONIA
QUANDO ELE ME ABUFELOU
Glosa: Ritinha Oliveira
4
Por pouco quase morri
Me faltou ar me faltou chão
Pulava o meu coração
Não sei mesmo o que senti
Eu quase desfaleci
Quando alguém me beijou
Eu corri e ele me pegou
Gritei chamando Maria
QUASE DEI UMA AGONIA
QUANDO ELE ME ABUFELOU.
Glosa de Vânia Freitas
5
Chegou não sei de onde veio
Sem se fazer de notado
Foi se sentando ao meu lado
O cara era muito feio
Foi o maior aperreio
Disse: com você eu vou
Mas sua mulher chegou
Houve a maior correria
QUASE DEI UMA AGONIA
QUANDO ELE ME ABOFELOU
Glosa de Chica Emídio.
*
Ciranda de Glosas coordenada por Dalinha Catunda
Postei as estrofes que seguiram o mote e a modalidade apresentada.
Xilo feita por Erivaldo Ferreira, do meu acervo.

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 23 de agosto de 2020

CARREIRÃO DA ENXERIDA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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CARREIRÃO DA ENXERIDA

Dalinha Catunda

 

Nasci lá nas Ipueiras
Bem pertinho do Ipu
Na bica tomei cerveja
Com nome de caracu
E para tirar o gosto
Eu fatiava caju
A castanha bem assada
Eu pedia do menu
Do voguinha eu gostava
E tomava com beiju
No gangão eu tibungava
E molhava o Mucumbu
Toda fresca e apresentada
Fazia o maior rebu
Eu era nova e jeitosa
E jamais fui jaburu
Tinha gente que falava:
Mas olhe, Só no Curú!
Eu continuava a farra
Pois nunca fui de lundu
Mantenho minha alegria
Nunca fico Jururu
Quem me conhece já sabe
Que sou de quebrar tabu
Meu pirão é com pimenta
Sem caroço é meu angu
Sou forte e como pequi
Misturado com andu
Não enfio a minha mão
No buraco do tatu
Mas sou mulher de topete
Sou cobra surucucu
Não dou sombra nem encosto
Sou feito mandacaru
Quem mandar eu me lascar
Já vou dizendo: VAI TU!
*
Versos e foto de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 21 de agosto de 2020

AGORA SÓ DOU O PÉ (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

AGORA SÓ DOU O PÉ

Dalinha Catunda

 

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 15 de agosto de 2020

O CHAPÉU DE COURO DE CHICA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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O CHAPÉU DE COURO DE CHICA

Dalinha Catunda

 


*
Eu sempre que vou ao Crato,
Cidade do Ceará
Como um bolo saboroso
Que leva trigo e fubá
E sendo feito por Chica
Delicioso ele fica
Bolinho melhor não há.
*
Entrei no chapéu de couro
Do bucho não tive dó,
Num encontro de poetas:
“Café na casa de Vó”
Numa mesa farta e rica
Comi do bolo de Chica
Gostoso como ele só!
*
A Chica alegra festanças
Trazendo em sua bandeja
Sob a toalha bordada
O que a confraria almeja
Um verdadeiro tesouro
Chamado chapéu de couro
Que quem conhece deseja.
*
Chica comi do seu bolo,
Mas não fiquei satisfeita,
Mas foi porque esqueci
De lhe pedir a receita
Porém solicito agora
Mande sem muita demora
O que pede esta sujeita.
*
Verso e foto de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 08 de agosto de 2020

CARREIRÃO DE MULHER (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

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CARREIRÃO DE MULHER

Dalinha Catunda

 

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 05 de agosto de 2020

EU NASCI... E VOCÊ? (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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EU NASCI... E VOCÊ?
Dalinha Catunda

 

Eu nasci no mês de agosto
As duas horas da tarde
Sem fazer nenhum alarde
Com belo riso no rosto
O dia cheio de gosto
E o céu estava azulado
Era dia do Soldado
A noite a lua serena
Se mostrava toda plena
Porque eu havia chegado.
Vânia Freitas
Fortaleza, 2/8/3020
*
No mês de outubro eu nascia,
E foi São Judas Tadeu,
O Santo que apareceu,
Na folhinha nesse dia.
Chamaram-me de Maria,
Puseram Lourdes também,
- Nomes de santas convém!
Dizia mamãe querida,
Pra dar sorte a sua vida,
E até hoje eu digo amém.
Dalinha Catunda
Rio de Janeiro - RJ


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 01 de agosto de 2020

UMA GLOSA - 01.08.20 (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

UMA GLOSA

Dalinha Catunda

A rédea da liberdade
Virou pipa em minha mão.

Para dar o meu recado
Não rezo só Ladainha
Pois o canto de Dalinha
Não é canto comportado
É profano é sagrado
Dentro da minha oração
Para dar satisfação
Eu não tenho mais idade
A rédea da liberdade
Virou pipa em minha mão.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 30 de julho de 2020

BOTEI FOGO NO SERTÃO, MAS NÃO VIREI RAPARIGA (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

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BOTEI FOGO NO SERTÃO

MAS NÃO VIREI RAPARIGA

Dalinha Catunda

 

BOTEI FOGO NO SERTÃO
MAS NÃO VIREI RAPARIGA.
*
Engravidei sem casar
E a culpa também foi minha
Não nasci pra coitadinha
Não fiquei a lamentar
Sentia-me uma star
Ao carregar a barriga
A fofoca e a intriga
Fez meu nome correr chão
BOTEI FOGO NO SERTÃO
MAS NÃO VIREI RAPARIGA.
*
Mote de Dalinha Catunda
Xilo do meu acervo obra de Cícero Lourenço.

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 29 de julho de 2020

UMA GLOSA - 29.07.20 (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

UMA GLOSA

Dalinha Catunda

 

Mote da colunista:

Não sou mulher melindrada
Sei me posicionar.

Eu tenho meu pensamento
Não nasci pra ser piolho
Como agir eu sempre escolho
Pois tenho discernimento
O discurso que apresento
Faz jus ao meu caminhar
E não venham me atiçar
Pra torcida organizada
Não sou mulher melindrada
Sei me posicionar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 25 de julho de 2020

DO TREM SÓ A SAUDADE (CORDEL DA MADE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: casa, céu e atividades ao ar livreA imagem pode conter: atividades ao ar livre, texto que diz "IPUEIRAS"

 

DO TREM SÓ A SAUDADE
Dalinha Catunda

*
Era tempo de alegria
Nos trilhos do meu sertão
O trem que ia e voltava
Carregava em seu vagão
Fantasia aventureira
A ilusão passageira
Marcando cada estação.
*
Alegria na chegada
O choro da despedida
Entre abraços e promessas
Velhos dramas da partida
No lenço a dor da saudade
Fruto da felicidade
Que o coração deu guarida.
*
O tempo se vai ligeiro
Mas o trem fica parado
A lembrança no presente
Faz o seu sacolejado
E nesse seu movimento
Transporta meu pensamento
Aos bons tempos do passado.
*
Fotos e Versos de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 22 de julho de 2020

TRÊS CEARENSES GLOSANDO NA REDE (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CACUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

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Dalinha Catunda

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Bastinha Job

A imagem pode conter: 1 pessoa

Vânia Freitas

 

 

TRÊS CEARENSES GLOSANDO NA REDE

 


*
SE EU ESCREVESSE ROTEIRO
MEU FILME SERIA ASSIM.


Mote de Astier Basílio


*
DALINHA CATUNDA
A morena despachada
Que vivia no sertão
Não respeitou nem o cão
E seguiu a sua estrada
Ladina e desaforada
Fazia o que estava a fim
Com a boca de carmim
Dizia pro mundo inteiro:
SE EU ESCREVESSE ROTEIRO
MEU FILME SERIA ASSIM.
*
BASTINHA JOB
Basílio é o Astier
Autor dum mote tão bom
Dalinha glosou no tom
E cumpriu o metier
Eu também vou me meter
Puxo a ponta do alfinim
Faço uma ponte por fim
Até Rio de Janeiro:
SE EU ESCREVESSE ROTEIRO
MEU FILME SERIA ASSIM.
*
VÂNIA FREITAS
Eu sempre fui desastrada
Porque sempre fui medrosa
Eu nunca fui poderosa
Mas era muito engraçada
Cada corrida adoidada
O povo ria de mim
Trágica e cômica enfim
Sem ter nenhum companheiro
SE EU ESCREVESSE ROTEIRO
MEU FILME SERIA ASSIM.
*
Coordenação de Dalinha Catunda
Fotos do acervo de Cada poetisa
Mote de Astier Basílio


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 16 de julho de 2020

NO SONHO AZUL (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

 

 

 

Porque era dia de trem
Ela se fez mais bonita
Fez um rabo de cavalo
Botou um laço de fita
Um vestidinho florido
Presente do seu querido
Uma alegria infinita.

Quando o trem longe apitou
Ela pegou a frasqueira
E cheirando a alfazema
Corria toda faceira
Porque dentro do vagão
Estava sua paixão
De tantas, era a primeira.

Entrou toda saltitante
E depressa foi notada
Porém nada foi surpresa
Estava sendo esperada
Na poltrona acomodados
O casal de namorados
Seguiram sua jornada.

E Dentro do sonho azul
Nasce o sonho cor de rosa
Entre os dois apaixonados
Na viagem venturosa
Quem não soube ter coragem
Perdeu o trem e a bagagem
E não foi vitoriosa.

 

Foto desta colunista

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 11 de julho de 2020

SEM MEDO DE MONTAR (CORDEL DA MADRE SUPERIORA DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, chapéu e atividades ao ar livre

SEM MEDO DE MONTAR

Dalinha Catunda

 

*
Andei montando um cavalo,
Pras bandas do meu sertão.
Sua fama percorria
Toda aquela região.
Em cavalo não confio,
Porém sendo desafio,
Encaro a situação.
*
Ele me olhou de soslaio
Porém não me intimidou.
Passei a perna por cima,
A sela me acomodou
Eu gostei da montaria,
Ele bravo se exibia,
Só que não me derrubou.
*
Pra ver sua reação,
Eu enfiei o chicote.
Ele então me chacoalhou,
E disparou no pinote
Numa aventura assassina,
Segurei na sua crina
Me enroscando em seu cangote.
*
Horas me faltava céu.
Horas me faltava chão.
Hora nenhuma faltou,
Foi mesmo disposição.
Porém ele parecia,
Que aos poucos esmorecia,
Penando e na minha mão.
*
Se o bruto ficou domado,
Isto não posso dizer.
Só sei que segue meu rastro
Isto posso perceber,
Escuto seu relinchar
Porém só volto a montar
Atendendo o meu querer.
*
Versos e foto de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 09 de julho de 2020

A JUREMA É PRA CARVÃO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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A JUREMA É PRA CARVÃO

Dalinha Catunda

 

*
Estaca não me ofereça
Que não tenho precisão
Quando comprei meu roçado
Eu cerquei foi com mourão
E pra você não pular
Na cerca mandei plantar
Muita urtiga e cansanção.
*
Aqui na minha fazenda
Tem angico e imburana
Não me falta sabiá
Só não quero pé de cana
Não venha com: ora poxa!
Pois sua jurema roxa
Aqui não é soberana.
*
Para falar a verdade
E acabar a discussão
A sua jurema roxa
Só serve para carvão
Eu não tenho fogareiro
E só uso marmeleiro
Como lenha em meu fogão.
*
Versos e fotos de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 05 de julho de 2020

MEU JEITO AGRESTA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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MEU JEITO AGRESTE

Dalinha Catunda

 


.
Não nasci de sete meses,
Não sou mulher assustada.
Nunca fui guia de cego
Mas sou bem desaforada.
O meu nome é Dalinha,
Outro melhor não tinha
Para ser eu retratada.
.
Não sou de dizer amém
Cabeça não sei baixar.
Tenho nariz empinado
Não sou de me rebaixar.
Tenho cabelos na venta
Meu pirão é com pimenta
Que arde para danar.
.
Nasci no meu Ceará
O meu chão é Ipueiras.
Adoro o meu Nordeste.
Sou da ala das guerreiras.
Preservo meu ar agreste,
Já peguei cabra da peste,
Nele coloquei coleiras.
.
E quem quiser me seguir
Que acompanhe meu passo.
Nem devagar nem ligeiro,
Pois eu tenho meu compasso.
Aprendi lá no sertão,
A pisar em qualquer chão
Nem fico nem ultrapasso.
.
Eu sou abelha Dalinha,
Sou doce e de amargar.
E se hoje oferto mel
Também posso ferroar.
O meu mel e meu ferrão,
Conforme a situação
Sou obrigada a usar.
.
Gosto de ser instintiva
Não queira me adestrar.
Este meu jeito agreste
Eu trouxe do meu lugar.
Tenho lá minha doçura
Porém só mostro ternura
Se de fato me encantar.
.
Foto e versos de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 04 de julho de 2020

A ROLA DA CONCEIÇÃO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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A ROLA DA CONCEIÇÃO

Dalinha Catunda

 

1

Conceição mulher católica

Filha de Dona Prazer

Era uma moça sem vício

Vivia o povo a dizer

Mas arrumou uma rola

Pra com ela se entreter.

2

Quando baixou no terreiro

A rola desmilinguida

Conceição logo gostou

Daquela pomba perdida

Resolveu dela cuidar

E já estava decidida.

3

Dona Prazer espantou

A pomba que apareceu

Porém Conceição com pena

A dita cuja acolheu

Foi na mão de Conceição

Que aquela rola cresceu

4

A moça meio inocente

Deu logo casa e comida

A rola desenvolveu

E foi ficando sabida

Conceição se emocionava

Ao ver a rola crescida.

5

A pomba ficou vistosa

Com carinho era tratada

Logo se via que a rola

Era bem alimentada

Quem vê hoje nem percebe

Que um dia fora enjeitada.

6

Conceição passava o dia

Paparicando a tal rola

Era uma pomba manhosa

Que fazia ela de tola

mas quando a rola sumia

Ela dava até "pirôla."

7

A mãe já tinha era nojo

Vendo o chamego danado

Porque onde a filha ia

Levava a pomba do lado

E por onde ela passava

Se ouvia o cochichado:

8

A moça perdeu o juízo

Depois que adotou a pomba

E nem percebe que a rola

Muitas vezes dela zomba

Quando alguém vai avisar

Conceição fica de tromba.

9

Sei que deu o que falar

O grude de Conceição

O povo já comentava

E a mãe passava sermão

Mas ela apenas dizia

A rola é de estimação.

10

Diante dos comentários

Uma mãe acabrunhada

Testemunha do destroço

Mas sem poder fazer nada

Pensava com seus botões

Minha filha está lascada.

11

O pior de tudo isso

Eu agora vou contar

Lá na casa da vizinha

A rola foi se enfiar

Para ver seu periquito

Que era muito popular.

12

O certo é que Conceição

Faltava era ficar louca

Quando a rola escapulia

Gritava de ficar rouca

E esculhambava a vizinha

A briga não era pouca.

13

Tenha vergonha na cara:

Dizia Dona Pureza

Deixe de lado essa pomba

Que anda de safadeza

Aqui não vai mais entrar

Pois já chega de esperteza.

14

Mamãe quero minha rola

Sem ela vou padecer

Essa rola é minha vida

O meu maior bem querer

Sem minha pomba querida

Não tem graça o meu viver.

15

A rola de Conceição

Era uma rola fujona

Agora estava aninhada

Mas no colo de outra dona

Pois gostou do periquito

Da tal vizinha ladrona.

16

Aquela rola-cabocla

Deu desgosto a Conceição

Por causa da rola-grande

Sofria seu coração

Com raiva da rola-roxa

Chegou a ter depressão.

17

Eu só sei que a pomba-rola

Não largava o periquito

Dona Pureza lutava

Para abafar o conflito

E a vizinha debochada

Botava fogo no atrito.

18

Dona Pureza zangada

Deu uma de ignorante

E foi dizendo pra filha

Com raiva naquele instante

Pare de chorar por rola

Pois toda pomba é migrante.

19

E se hoje uma rola vai

Depois outra rola vem

Você gostou dessa pomba

Vai gostar d`outra também

Pare com tanta lamúria

Pois isso não fica bem.

20

Aquilo era uma pombinha

Era só uma avoante

Aquelas pombas de bando

Era rola retirante

Vai largar o periquito

E vai seguir adiante.

21

Eu já peguei muita rola

Com esse meu alçapão

Porém não prendi nenhuma

Meu oco não foi prisão

Rola a gente cria é solta

Voando na imensidão.

22

Esqueça a rola-cabocla

Pare com essa tristeza

No quintal eu ouço arrulhos

Pelo jeito é de burguesa

Escute o que está dizendo

Sua mãe dona Pureza.

23

Conceição foi se acalmando

Logo parou de chorar

Olhou para o cajueiro

Viu a burguesa arrulhar

E armou seu alçapão

Para a burguesa pegar.

24

Não chore pombas perdidas

Porque as pombas se vão

Isso já disse um poeta

Eu prestei bem atenção

Aproveite pra voar

Dê asas ao coração.

*

Cordel de Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 24 de junho de 2020

QUEM VIVE, SALTOU FOGUEIRA - E EU GRITO: VIVA SÃO JOÃO!

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QUEM VIVE, SALTOU FOGUEIRA
E EU GRITO: VIVA SÃO JOÃO!

Dalinha Catunda



Meu povo, vou festejar,
Vou buscar minha alegria,
Entocar melancolia,
Medo não vai me acuar.
Se quiser pode chegar,
Para essa celebração,
Em nome da tradição
Entre nessa brincadeira:
QUEM VIVE, SALTOU FOGUEIRA
E EU GRITO: VIVA SÃO JOÃO.
*
Mote e glosa de Dalinha Catunda


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 15 de junho de 2020

SÃO JOÃO VIRTUAL (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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SÃO JOÃO VIRTUAL

Dalinha Catunda

 

Hoje sofro sem São João,
Sem fogueira, sem balão,
E o canto do meu amor.
Retirando seu chapéu,
Dizendo: Olha pro céu,
Repare quanto esplendor!

Chegou a praga, a desdita,
Chegou a peste maldita,
E acabou nossa ilusão
Fiquei sem meu arraial
Pois agora é virtual
Nossa festa e tradição.

Embora fique bem triste
Meu coração não resiste
E me pede pra cantar.
E eu entro na brincadeira
Acendo minha fogueira
E meu facho pra brincar.

Para seguir nova meta
Convido cada poeta
A fazer sua oração
Vamos rimar alegria
Fazer versos com poesia
Para festejar São João.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quinta, 11 de junho de 2020

ESBOCE SEU NAMORADO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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ESBOCE SEU NAMORADO

Dalinha Catunda

Se você tem seu marido
Faça dele um namorado
Não permita que a rotina
Torne o laço fracassado
Seja de cama e de mesa
Demonstre sua destreza
Que terá bom resultado.
*
Brigar por pequenas coisas,
Só faz você rabugenta.
Mulher cheirando a gordura
Homem nenhum aguenta.
Se arrume fique cheirosa
Ele vai notar a rosa
Que pra ele se apresenta.
*
Tem mulher que só reclama
Mas não faz a sua parte.
A vida a dois eu garanto,
Só flui levada com arte.
Eu não tenho pretensão
De disseminar sermão
Isto foi só um aparte.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 05 de junho de 2020

SEM PÂNICO NA PANDEMIA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

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SEM PÂNICO NA PANDEMIA

 

Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 30 de maio de 2020

DUAS GLOSAS - 30.05.20

 

DUAS GLOSAS

Uma porca perde a rosca
Mas não entra em parafuso

* * *

Eu já perdi o juízo
Porém doida não fiquei;
Maus momentos já passei
Mas do pranto fiz sorriso
Do inferno fiz paraíso.,
Da moda que eu fiz uso
É mel em que me lambuzo
E fez minha rima fosca:
“Uma porca perde a rosca
Mas não entra em parafuso”

Bastinha Job

* * *

Sempre fui muito teimosa
Assim minha mãe dizia.
Dessa minha teimosia
Nunca ficou orgulhosa.
Eu seguia toda prosa,
Deixando o povo confuso,
Destilava meu abuso,
Com minha linguagem tosca:
“Uma porca perde a rosca
Mas não entra em parafuso”

Dalinha Catunda

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 27 de maio de 2020

MOTE E GLOSA (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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DE MORTA ESTOU ME FAZENDO
PRA VIDA NÃO ME MATAR.
*
O Mundo inteiro parou
Com esse vírus mortal
Sem prazo pro seu final
Só angústia nos restou
Mas levando a vida vou
Sem alarde propagar
A todos tento animar
Mas meu peito está doendo:
DE MORTA ESTOU ME FAZENDO
PRA VIDA NÃO ME MATAR.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco domingo, 17 de maio de 2020

REDE NO ALPENDRE (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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REDE NO ALPENDRE

Dalinha Catunda

 

Uma rede num alpendre
E um ventinho sedutor
Vento que vem do açude
Para abanar meu calor
São delícias que desfruto
Quando estou no interior.
*
Vejo um bando de marrecas
Voando ao entardecer
Num mágico ritual
Giram antes de descer
Para pernoitar nas águas,
Como costumam fazer.
*
No balançado da rede
No sertão é lindo ver
O fim do dia chegando
Com o sol a esmorecer,
Cedendo lugar à lua
Que não tarda a aparecer.
*
Um bando de pirilampos
Bordando a escuridão
Enriquecem o cenário,
Das noites do meu rincão
Da minha rede eu vejo
Quão mágico é meu sertão!


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 11 de maio de 2020

SOU DA LINHA DO CORDEL (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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SOU DA LINHA DO CORDEL

Dalinha Catunda

Sou Cordel de Saia
Cordel de vestido
Cordel feminino
Cordel atrevido
Cordel de Calcinha
Cordel de Dalinha
Cordel divertido.
*
Sou manha e gracejo
Sou verso ladino
Sou canto nascido
No chão nordestino
Sou nesse universo
Cabocla do verso
Santo e libertino.
*
Sou alma do verso
Sou rima no ar
Sou dedos que contam
Pra metrificar
Sou inspiração
Dou voz a oração
No palco a cantar.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sábado, 09 de maio de 2020

SONETILHO DE AMOR (POEMA DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

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SONETILHO DE AMOR

Dalinha Catunda

Às vezes sou lua
Que nua vagueia
A todos enleia
Porém sou só sua.
*
Ás vezes sou sol
Trazendo calor
Derreto de amor
Em nosso lençol.
*
Às vezes sou brisa
Que ofega em seu rosto,
Ladina lhe alisa.
*
E sempre sou nós
Depois do sol posto
Juntinhos e a sós…


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 04 de maio de 2020

PRECISO DO SEU CHEIRO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

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PRECISO DO SEU CHEIRO

Dalinha Catunda

 

Quando por mim você passa
Eu viro mulher feliz
Tão cheiroso e provocante
Que logo acendo o nariz
E deixo seu cheiro entrar
Só para me deleitar
Pois sou mulher de raiz.
*
Se sempre acordo bem cedo
É pra provar seu sabor
O meu paladar exige
Antes que eu vá ao labor
Ter você sempre bem quente
Alertando minha mente
Provocando meu calor.
*
Para ter você comigo
Caminho léguas o pé
Vou até o fim do mundo
E não perco minha fé
De provar do meu neguinho
Nem que seja um golinho
Sou viciada em café!
*
Foto e versos de Dalinha Catunda.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco sexta, 01 de maio de 2020

BONEQUINHAS DE PANO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

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BONEQUINHAS DE PANO

Dalinha Catunda

Para ocupar os meus dias
E alegrar minha rotina
Não me falta o que fazer.
Tenho a arte nordestina,
E a estrela do meu plano,
É a boneca de pano,
Que batizei de Delfina.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 29 de abril de 2020

NOS BRAÇOS DO FURACÃO (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, atividades ao ar livre e close-up

NOS BRAÇOS DO FURACÃO

Dalinha Catunda

*
Em noite fria de outono
De luar encantador
A lua cheia brilhava
Mostrando seu esplendor
A noite estava tão bela
Entreabri a janela
Com meu ar contemplador
*
Ao apagar o abajur
Ensaiando pra dormir
Um rumor vindo de fora
Eu imaginei ouvir
Acheguei-me ao travesseiro
Porém despertei ligeiro
E vi meu sono sumir.
*
Foi quando ele sorrateiro
No meu quarto penetrou
E sem que eu me desse conta
Nesse ambiente se espalhou
Bem de leve me roçava
Num sopro que acarinhava
E o meu corpo despertou.
*
Chegou brando e carinhoso
Confesso me satisfez
Encantava-me a meiguice
Afagando a minha tez
E não achei que era abuso
A visita desse intruso
Oportunista talvez.
*
Inteiramente à vontade
Eu me deixei seduzir
Ele entrava, ele saía
E eu gostando do ir e vir
Cada vez que penetrava
O meu corpo arrepiava
meu anseio a consentir.
*
Foi visita relaxante
Até um dado momento
Ficou mais audacioso
Intenso no movimento
Meus cabelos, desmanchou
Os lençóis, desarrumou
Transformou-se totalmente.
*
Daí eu me levantei
Tentando uma solução
Tentei fechar a janela
Mas faltou força na mão
Depois desse vento forte
Quase que perco meu norte
Nos braços de um furacão.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco quarta, 29 de abril de 2020

SERTANEJA, SIM SENHOR! (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, chapéu

SERTANEJA, SIM SENHOR!

Dalinha Catunda

 

Sabia que era arisco

O fogoso alazão.

Resolvi correr o risco,

Sem medo de ir ao chão.

Peguei chicote e espora

Montei o bicho na hora

Sem medo ou indecisão.

*

Ele quis titubear,

Mas cutuquei do meu jeito.

Peguei bem firme nas rédeas,

Pois me achei no direito.

Atendendo meu comando

Obedecendo meu mando,

Ele foi quase perfeito...

*

Inda quis se rebelar,

Mas de nada adiantou.

De seus movimentos bruscos

Minha mão se encarregou.

Fui feliz na maratona,

Mostrei quem era sua dona.

E ele se conformou.

*

Do que compro e pago caro,

Bom retorno sempre quero.

A manha,a birra e o coice,

De fato eu não tolero.

Do cavalo eu não caio

Só tenho medo de raio,

No resto eu acelero.

*

Bicho que eu não domino,

Confesso não dou guarida,

O meu sangue nordestino

É que me faz aguerrida.

Eu só não sou cangaceira,

Por ser metida a faceira,

Porém sou bem atrevida.


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco terça, 28 de abril de 2020

DIA DA SOGRA - 28 DE ABRIL - BALAIO DE SOGRA, CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: Dalinha Catunda, atividades ao ar livre

BALAIO DE SOGRAS

Dalinha Catunda

 

 

BALAIO DE SOGRAS
*
Aqui neste meu balaio
Amigo, muita atenção.
Tem sogra pra todo gosto,
Tem muita reclamação!
Não é minha a grosseria
Eu faço apenas poesia,
Sou voz da população.
*
Mas também tem elogios
E boa declaração,
De quem adora a sogra
Por ela tem afeição.
Porque tem sogra querida
Sendo também exibida
Nesta minha explanação.
*
Eu ainda não sou sogra
Porém um dia vou ser.
Vou tratar a minha nora,
Do jeito que merecer.
Se for pessoa educada,
Serei sogra camarada
E confesso, com prazer!
*
Agora quero falar,
Da sogra de muita gente.
Dos que detestam a sogra
E de quem está contente.
Há sogra que ninguém quer,
Mas tem a boa mulher
Que não é sogra é presente.
*
Ao olhar pra minha sogra
Bate em mim uma aflição,
Vejo que minha mulher,
Tem dela a mesma feição.
A coroa era ajeitada
Mas agora pregueada
Está parecendo o cão.
*
Se ter sogra fosse bom,
Uma teria Jesus.
Mas antes de se casar
Morreu pregado na cruz.
E deixou para os terrenos
As sogras e seus Venenos
Coisa que não me seduz.
*
Pra sogra do meu marido,
Faço versos, faço loa.
Neste mundo nunca vi,
Uma sogra assim tão boa.
É um poço de ternura,
Essa gentil criatura
Maravilhosa pessoa.
*
Minha sogra diz que é boa,
Mas na verdade é cruel.
Sua palavra mais doce,
Amarga mais do que fel.
Estou vivendo um tormento,
Conflito no casamento,
Por causa da cascavel.
*
Vou pagando meus pecados
Desde quando me casei.
Uma sogra como a minha,
Ter eu nunca imaginei.
É sebosa, fuxiqueira,
E metida a presepeira,
Da velha já me cansei.
*
Minha sogra é divina!
A coroa é um mulherão.
Não vou dizer que é um Boeing,
Contudo é um avião.
É uma coroa sarada
E já foi recauchutada,
Porém dá um bom pirão.
*
De sogra quero distância.
Ela não vem no pacote.
Se ela mora no Sul,
Eu volto para meu Norte.
Pois sogra não é parente
Dizem que é só aderente,
É praga ou falta de sorte.
*
Minha sogra é ignorante,
Minha mulher diz te arreda.
A sogra mandei pro diabo,
A mulher mandei a merda.
Nas duas baixei a lenha,
Tem lei Maria da Penha,
Porém a justiça é lerda.
*
A minha sogra é bondosa,
Comparo a virgem Maria.
Mãe duma santa Mulher,
Que só me trouxe alegria.
Quando resolvi casar,
E subir naquele altar,
Acertei na loteria.
*
Coitado do meu sogro
Sofre com a mulher que tem,
Eu, aqui na minha casa,
Sofro com a minha também.
Tanto a mulher como a sogra
São da família de cobra,
Das que mais veneno tem.
*
Minha sogra quando ri
Parece que faz careta.
Totalmente desdentada
Tem a cara do capeta.
Pernas, só vendo a finura
Parece uma saracura,
Inda por cima é zambeta.
*
De cobra bem venenosa,
Também de bruxa malvada,
A coitadinha da sogra,
Muitas vezes é chamada.
Mas às vezes é tão boa
Tão gentil como pessoa
Que pela nora é amada
*
Sogra boa eu lhe digo,
É igual a macaxeira,
Só presta bem enterrada
Não estou dizendo besteira
A que lá em casa tenho,
E que até hoje mantenho
Já puxou até peixeira.

 

 


Dalinha Catunda - Eu Acho É Pouco segunda, 27 de abril de 2020

ENTRE COBRAS E POMBAS (CORDEL DE DALINHA CATUNDA, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

A imagem pode conter: Dalinha Catunda

ENTRE COBRAS E POMBAS

Dalinha Catunda

 

A vida tem altos e baixos
Tem curvas e tem manobras
Existe a pomba da paz
Mas também existem cobras
Desde o tempo de Adão
Perdura a situação
Deus sentiu em suas obras.
*
Sempre existe um Deus de paz
Outro para combater
A vida é feita de lutas
Sempre ouvi alguém dizer
A batalha é permanente
Por isso não me apoquente
Não penso em esmorecer.
*
Eu vou fazendo poesia
Porque tenho munição
E na boca do fuzil
Ponho a flor da salvação
Faço rima, faço verso,
Navego neste universo
Que é composto de oração.


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