CARREGADORES DE ÁGUA
Dalinha Catunda
Cada um com seu destino
Numa seca inclemente
A mulher o peso sente
A vida é um desatino
De lado escancha o menino
Leva o outro pela mão
Na hora da precisão
Mesmo que a barriga cresça
Bota a lata na cabeça
Nos cafundó do sertão.
*
MARCONDES TAVARES
Botar água era aperreio
Um balde de cada lado
Esse pau atravessado
E eu escalado no meio
Pra deixar o pote cheio
Puxando do cacimbão
Hoje quando passo a mão
No pescoço aqui atrás
Sinto ainda as digitais
Do velho pau do galão.
*
Imagens: visaonorte.blogspot.com