SÓ UM BOLERO
Dalinha Catunda
O acaso a dança o instinto
Colocou-nos lado a lado
O frio e o vinho tinto
Meu corpo no teu colado
Li no teu olhar faminto
A resenha do meu fado.
*
A paixão desenfreada
Chegou feito furacão
Cegamente apaixonada
Dei asas à emoção
Levitei inebriada
Nos ardis do coração.
*
Mas meu coração cigano
De tanto amor se cansou
O seu também leviano
Um novo rumo tomou
Sem choro, mágoas ou dano,
O bolero ao fim chegou.