Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carnaval Brasileiro quinta, 05 de janeiro de 2017

A TRAVIATA, MARCHINHA, COM ANGELITA MARTINEZ

A Traviata, marchinha de Carlos Moraes, gravação de Angelita Martinez, 1965:

 


Carnaval Brasileiro quinta, 05 de janeiro de 2017

A TIROLESA, MARCHINHA, CANTA DIRCINHA BATISTA

A Tirolesa, marchinha de Paulo Barbosa e Oswaldo Santiago, gravação de Dircinha Batista - 1939:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 04 de janeiro de 2017

A TAÇA DO MUNDO É NOSSA, MARCHINHA, COM OS TITULARES DO RITMO

 A Taça do Mundo É Nossa, marchiha de Maugeri Neto, Maugeri Sobrinho e Lauro Muller, gravação dos Titulares do Ritmo - 1959:

 

 

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Carnaval Brasileiro quarta, 04 de janeiro de 2017

A TABAJARA NO FREVO, FREVO DE RUA, COM DUDA E SUA ORQUESTRA

A Tabajara no Frevo, frevo de rua de Severino Araújo, gravação de Duda e Sua Orquestra - 1951:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 04 de janeiro de 2017

A SEMPRE-VIVA, MARCHINHA, COM ADELAIDE CHIOZZO

A Sempre-viva, marchinha de Paulo Gracindo e Mirabeau, gravação de Adelaide Chiozzo - 1957:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 04 de janeiro de 2017

A PRAÇA, MARCHA-RANCHO, NA VOZ DE RONNIE VON

A Praça, marcha-rancho de Carlos Imperial, gravaçã de Ronnie Von - 1967:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 04 de janeiro de 2017

A PISADA É ESSA , FREVO-CANÇÃO, COM O COM MARKINHOS, ELAK E CORAL

A Pisada É Essa, frevo-canção de Capiba, gravação de Markinho, Elak e Coral - 1953:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 04 de janeiro de 2017

A PIPA DO VOVÔ

A Pipa do Vovô, marchinha de de Silvio Santos, com o autor - 1994:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 04 de janeiro de 2017

A PERERECA DA VIZINHA, MAXIXE, CANTA DERCY GONÇALVES

A Perereca da Vizinha, maxixe de Dercy Gonçalves e Jonathan, gravação de Dercy - 1965:

 

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Carnaval Brasileiro terça, 03 de janeiro de 2017

A PATROA ME CONTOU (SEGREDO) MARCHINHA, COM EMILINHA BORBA

A Patroa Me Contou (Segredo), marchinha de Newton Teixeira e Brasinha, gravação de Emilinha Borba - 1967:

 


Carnaval Brasileiro terça, 03 de janeiro de 2017

A ONDA DO JACARÉ, MARCHINHA, CANTA CAUBY PEIXOTO

A Onda do Jacaré, marchinha de Jota Júnior e Oldemar Magalhaões, gravação de Cauby Peixoto - 1965:

 


Carnaval Brasileiro terça, 03 de janeiro de 2017

A MULHER QUE É MULHER, SAMBA, CANTA DIRCINHA BATISTA

A Mulher Que É Mulher, samba de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas,  gravação de Dircinha Batista - 1954:

 


Carnaval Brasileiro terça, 03 de janeiro de 2017

A MULHER DO PADEIRO, MARCHINHA, COM JOEL E GAÚCHO

A  Mulher do Padeiro, marchinha de J. Piedade, Germano Augusto e Nicola Bruni, gravação de Joel e Gaúcho - 1942:

 

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Carnaval Brasileiro terça, 03 de janeiro de 2017

A MULHER DO LEITEIRO - MARCHINHA, CANTA ARACY DE ALMEIDA

A Mulher do Leiteiro, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, gravação de Aracy de Almeida - 1942:

 


Carnaval Brasileiro segunda, 02 de janeiro de 2017

A MULHER DO DIABO, MACHINHA, CANTA JORGE GOULART

A Mulher do Diabo, marchinha de Antônio Almeida, gravação de Jorge Goulart - 1952:

 


Carnaval Brasileiro segunda, 02 de janeiro de 2017

A MULHER DO DIA, FREVO-CANÇÃO, COM ELBA RAMALHO

A Mulher do Dia, frevo-canção de Carlos Fernando, gravação de Elba Ramalho - 1979:

 


Carnaval Brasileiro segunda, 02 de janeiro de 2017

A MULHER DEVE CASAR, SAMBA, NA VOZ DE DÉO

A Mulher Deve Casar, samba de Nássara  e Antônio Almeida, gravação de Déo - 1950:

 

 


Carnaval Brasileiro segunda, 02 de janeiro de 2017

A MORENA SOU EU, SAMBA, COM CARMEN COSTA

A Morena Sou Eu, samba de Mirabeau e Milton de Oliveira,  gravação de Carmen Costa - 1956:

 

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Carnaval Brasileiro segunda, 02 de janeiro de 2017

A MARIA TÁ, MARCHINHA, CANTA WALTER LEVITA

A Maria Tá, marchina de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, gravação de Walter Levita - 1960:

 


Carnaval Brasileiro domingo, 01 de janeiro de 2017

A MARCHA DO PIRIM-PIM-PIM

A Marcha do Pirim-Pim-Pim, marchinha de Manoel Ferreira e Ruth Amaral, gravação de Silvio Santos - 1974:

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 01 de janeiro de 2017

A MARCHA DO BALANCEIO, MARCHINHA, COM JOEL E GAÚCHO

A Marcha do Balanceio, marchinha de  Lauro Maia, gravação de Joel e Gaúcho - 1946:

 


Carnaval Brasileiro domingo, 01 de janeiro de 2017

A MANGUEIRA NA LUA, SAMBA, COM LANA BITTENCOURT

A Mangueira na Lua, samba de João Robert Kelly, gravação de Lana Bittencourt - 1970:

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 01 de janeiro de 2017

A MAIOR MARIA, SAMBA, COM OS VOCALISTAS TROPICAIS

A Maior Maria, samba de de G. Cardoso e João e Deus Ressurreição, gravação dos  Vocalistas Tropicais - 1949:

 

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 01 de janeiro de 2017

A LUA SE ESCONDEU, MARCHINHA, NA VOZ DE RUY REY

A Lua se Escondeu, marchinha de Alcebíades Nogueira e Norival Reis, gravação de Ruy Rey - 1953:

 


Carnaval Brasileiro sábado, 31 de dezembro de 2016

LUA É DOS NAMORADOS - MARCHINHA, COM ÂNGELA MARIA

A Lua É dos Namorados, marchinha de Klécius Caldas, Armando Cavalcanti e Brasinha, gravação de Ângela Maria - 1961:

 


Carnaval Brasileiro sábado, 31 de dezembro de 2016

A LUA É CAMARADA, MARCHA-RANCHO, CANTA ÂNGELA MARIA

A Lua é Camarada, marcha-rancho de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, gravação de Ângela Maria - 1963:

 

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Carnaval Brasileiro sábado, 31 de dezembro de 2016

A LUA E A COLOMBINA - MARCHINHA COM FRANCISCO CARLOS

A Lua e a Colombina, marchinha de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas, gravação de Frencisco Carlos - 1962:

 

 

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Carnaval Brasileiro sexta, 30 de dezembro de 2016

A LOS TOROS, MARCHINHA, COM LUZ DEL FUEGO

A Los Toros, marchinha de  Nélson Teixeira e Alencar Terra, gravação de Luz Del Fuego - 1951:

 


Carnaval Brasileiro sexta, 30 de dezembro de 2016

A LETRA JOTA, SAMBA, CANTA BILL FARR

A Letra Jota, samba de Armando Cavalcanti e Ivo Santos, gravação de Bill Farr - 1961:

 

 

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Carnaval Brasileiro sexta, 30 de dezembro de 2016

A LAPA EM TRÊS TEMPOS, SAMBA-ENREDO DA PORTELA

A Lapa em Três Tempos, samba-enredo de Rubens e Ary do Cavaco, gravação da Escola de Samba Portela - 1971:

 

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Carnaval Brasileiro sexta, 30 de dezembro de 2016

A LAPA, SAMBA, NA VOZ DE FRANCISCO ALVES

A Lapa, samba de Herivelto Martins e Benedito Lacerda, gravação e Francisco Alves - 1950:

 

 

 


Carnaval Brasileiro sexta, 30 de dezembro de 2016

A JARDINEIRA, MARCHINHA, CANTA ORLANDO SILVA

ESTA, NO ENTENDER DO EDITOR DESTE ALMANAQUE, É A MARCHINHA MAIS LINDA D ETODOS OS TEMPOS

A Jardineira, marchinha de Benedito Lacerda e Humberto Porto, gravação de Orlando Silva - 1939:

 


Carnaval Brasileiro quinta, 29 de dezembro de 2016

A ÍNDIA VAI TER NENÉM, MARCHINHA, COM DIRCINHA BATISTA

A Índia Vai Ter Neném, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, gravação de Dircinha Batista - 1964:

 

  

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Carnaval Brasileiro quinta, 29 de dezembro de 2016

A HORA É ESSA, FREVO DE RUA, COM DUDA E SUA ORQUESTRA

A Hora É Essa, frevo de rua de Zumba, com Duda e Sua Orquetra, 1943:

 


Carnaval Brasileiro quinta, 29 de dezembro de 2016

A FONTE SECOU,SAMBA, CANTA RAUL MORENO

A Fonte Secou, samba de Monsueto, Tufic Lauar e Marcelo, com Raul Moreno - 1954:

 


Carnaval Brasileiro quinta, 29 de dezembro de 2016

A FILHA DA CHIQUITA BACANA, MARCHINHA, COM CAETANO VELOSO

A Filha da Chiquita Bacana, marchinha de  Caetano Veloso, que a interpreta - 1976:

 


Carnaval Brasileiro quinta, 29 de dezembro de 2016

A FESTA DO DIVINO - SAMBA-ENREDO - CANTA JORGE GOULART

A Festa do Divino, samba-enredo de Tatu, Nezinho e Campo, gravação de Jorge Goulart - 1974:

 

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Carnaval Brasileiro quinta, 29 de dezembro de 2016

A EGUINHA POCOTÓ, MARCHINHA, COM EMILINHA BORBA E MC SERGINHO

A Eguinha Pocotó É Lacraia, marchinha de Luiz Henrique, com Emilinha Borba e MC Serginho - 2004:

 

 


Carnaval Brasileiro quinta, 29 de dezembro de 2016

LINDA MASCARADA, MARCHA-RANCHO, CANTA JOÃO DIAS

A PEDIDO DO LEITOR CLAUDIO CANFILD

Linda Mascarada, marcha-rancho de João Roberto Kelly e David Raw, gravação de João Dias - 1967:

 

 


Carnaval Brasileiro quarta, 28 de dezembro de 2016

A TURMA DA PEDRA LASCADA, FREVO-CANÇÃO, COM ÂNGELA MARIA

A PEDIDO DO LEITOR CLAUDIO CANFILD

A Turma da Pedra Lascada, frevo-canção de Capiba, gravação de Ângela Maria - 1963:

 

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Carnaval Brasileiro quarta, 28 de dezembro de 2016

A DOR DE UMA SAUDADE, FREVO DE BLOCO, COM O CORAL FEMININO DO RECIFE

A Dor de Uma Saudade, frevo de bloco de Edgard Moraes, com o Coral Feminino do Recife - 1968:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 28 de dezembro de 2016

A DOR DA SAUDADE, SAMBA, CANTA GILBERTO ALVES

A Dor da Saudade, samba de Jorge Washington e Jorge Martins, gravação de Gilberto Alves - 1968:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 28 de dezembro de 2016

A DANÇA DO GANSO, MARCHINHA, CANTA NILTON PAZ

A Dança do Ganso, marcinha de Haroldo Lob e Milton de Oliveira, gravação de Nilton Paz -1940:

 

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Carnaval Brasileiro quarta, 28 de dezembro de 2016

A DANÇA DO FUNICULI, MARCHINHA, CANTA FRANCISCO ALVES

A Dança do Funiculi, marchinha de Herivelto Martins e Benedito Lacerda, gravação de Francisco Alves - 1941:

 


Carnaval Brasileiro quarta, 28 de dezembro de 2016

MÚSICAS CARNAVALESCAS: ITALIANA, NOS CABELOS DE ROSINHA, O NOSSO AMOR, LINDA ROMANA E EU QUERO É ROSETAR

ATENDENDO AO PEDIDO DO LEITOR CLÁUDIO CANFILD, GANDE CURTIDOR DA MPB

Italiana, marchinha de Felisberto Martins e Oswaldo Martins, gravação de Alcides Gerardi - 1951:

Nos Cabelos de Rosinha, frevo-canção de Capiba, gravação de Francisco Carlos, 1953:

O Nosso Amor, samba de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, gravação de Marlene - 1960:

Linda Romana, marchinha de Herivelto Martins e Blecaute, gravação de Nelson Gonçalves - 1956:

Eu Quero É Rosetar, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, gravação de Jorge Veiga - 1947:


Carnaval Brasileiro terça, 27 de dezembro de 2016

O QUE DEUS ME DEU E O BOM CABRITO NÃO BERRA, MARCHINAS

A PEDIDO DO LEITOR CLAUDIO CANFILD

O Que Deus Me Deu, marchinha de Paquito, Romeu Gentil e Airton Amorim, gravação e Francisco Carlos - 1956:

 

 

O Bom Cabrito Não Berra, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, gravação de Linda Batista - 1953:

 

 

 

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Carnaval Brasileiro terça, 27 de dezembro de 2016

A CHARANGA DO OSCAR, MARCHINHA, COM ZILÁ FONSECA

A Charanga do Oscar, marchinha de FranciscoMalfitano, A. S. Araújo e Geraldo Mendonça, gravação de Zilá Fonseca - 1940:

 

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Carnaval Brasileiro terça, 27 de dezembro de 2016

A COBRA ESTÁ FUMANDO, FREVO DE RUA, COM DUDA E SUA ORQUESTRA

A Cobra Está Fumando, frevo de rua de Levino Ferreira, com Duda e Sua Orquestra - 1945:

 


Carnaval Brasileiro terça, 27 de dezembro de 2016

A CHARANGA DO FLAMENGO, MARCHINHA, COM ALVARENGA E RANCHINHO

A Charnga do Flamengo, marchinha de Felisberto Martins e Fernando Martins, gravação de Alvarenga e Ranchinho - 1947:

 


Carnaval Brasileiro terça, 27 de dezembro de 2016

A CASTA SUZANA, MARCINHA, NA VOZ DE DÉO

A Casta Suzana, marchinha de Ary Barroso e Alcyr Pires Vermelho, na voz de Déo - 1939:

 


Carnaval Brasileiro terça, 27 de dezembro de 2016

A CANOA VIROU, MARCINHA, NA VOZ DE MARLENE

A Canoa Virou, marchinha de João de Barro, na voz de Marlene - 1965:

 


Carnaval Brasileiro terça, 27 de dezembro de 2016

A CANOA VIROU, FREVO-CANÇÃO, CANTA AUGUSTO CALHEIROS

A Canor Virou, frevo-canção de Nelson Ferreira, com Augusto Calheiros - 1931:

 


Carnaval Brasileiro terça, 27 de dezembro de 2016

A CANOA AFUNDOU, FREVO-CANÇÃO, NA VOZ DE ALVINHO

A Canoa Afundou, frevo-canção e Nelson Ferreira, na voz de Alvinho - 1931:

 

 


Carnaval Brasileiro segunda, 26 de dezembro de 2016

A CANÇÃO DO RECIFE, FREVO DE BLOCO, COM JÔ GOMES

A Canção do Recife, frevo de bloco de Capiba e Ariano Suassuna, na voz de Jô Gomes - 1947:

 

 


Carnaval Brasileiro segunda, 26 de dezembro de 2016

A CANÇÃO DO AMOR, FREVO DE BLOCO, COM O CORAL FEMININO DO RECIFE

A Canção do Amor, frevo de bloco de Edgard Moraes, com o Coral Feminino do Recife - 1978:

 


Carnaval Brasileiro segunda, 26 de dezembro de 2016

A CADEIRA DO REI, SAMBA - CANTA JACKSON DO PANDEIRO

A Cadeira do Rei, samba de J. Esprito Santo, o Pafúncio, gravação de Jackson do Pandeiro - 1963:

 


Carnaval Brasileiro segunda, 26 de dezembro de 2016

A BRUXA VEM AÍ, MARCHINHA, CANTA SILVIO SANTOS

A Bruxa Vem Aí, marchinha de Manoel Ferreira e Ruth Amaral, na voz de Silvio Santos - 1971:

 


Carnaval Brasileiro segunda, 26 de dezembro de 2016

A BOLSINHA DO WALDEMAR, MARCHINHA, NA VOZ DE BLECAUTE

A Bolsinha do Waldemar, marchinha de João Roberto Kelly e M. Oliveira, na voz de Blecaute - 1973:

 


Carnaval Brasileiro segunda, 26 de dezembro de 2016

A BOLA DO MARACANÃ, MARCHINHA, COM GILDA DE BARROS

A Bola do Maracanã, marchinha de Garcia e Chavito, na voz de Gilda de Barros - 1964:

 


Carnaval Brasileiro segunda, 26 de dezembro de 2016

A BOA MAZURCA , SAMBA/MAZURCA, CANTA DÉO

A Boa Mazurca, samba/mazurca de Ary Barroso, na voz de Déo - 1943:

 


Carnaval Brasileiro domingo, 25 de dezembro de 2016

A BELA ADORMECIDA, MARCHINHA, COM ISNARD SIMONE

A Bela Adormecida, marchina de Isnard Simone e e Milton Damázio, canta Isnard Simone - 1976:

 

E, a pedido do leitor Claudio Canfild, Marcha da Lagosta, marchinha de Jorge Washington, com Isnard Simone, 1964:

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 25 de dezembro de 2016

A BATUCADA CHEGOU, SAMBA, COM JORGE VEIGA

A Batucada Chegou, samba de Jorge Gonçalves e Sebastião Gomes, gravação de Jorge Veiga - 1956:

 


Carnaval Brasileiro domingo, 25 de dezembro de 2016

ÁS BASE DE BALA, SAMBA, CANTA JACKSON DO PANDEIRO

À Base de Bala, samba de Maruim e Oscar Moss, comJackson do Pandeiro - 1963:

 


Carnaval Brasileiro terça, 20 de dezembro de 2016

A BARATINHA, MARCHINHA, NA VOZ DE BAIHIANO, 1917

A Baratinha, marchinha de Mário São João Ribeiro, na voz de Bahiano - 1917:

 

 


Carnaval Brasileiro segunda, 19 de dezembro de 2016

A BARATINHA, MARCHINHA, CANTA ISAURINHA GARCIA

A Baratinha, marchinha de Alberto Ribeiro,  na voz de Isaurinha Garcia - 1942:

 


Carnaval Brasileiro domingo, 18 de dezembro de 2016

A BANDA, MARCHINHA, CANTA NARA LEÃO

A Banda, marchinha de Chico Buarque, com Nara Leão - 1967:

 


Carnaval Brasileiro sábado, 17 de dezembro de 2016

A BAHIA TEM, MAXIXE, COM JARARACA

A Bahia Tem, maxixe, de Jararaca e Sátiro de Melo, com Jararaca

 


Carnaval Brasileiro sexta, 16 de dezembro de 2016

A ÁGUA LAVA TUDO, MARCHINHA, CANTA EMILINHA BORBA

 


Carnaval Brasileiro sábado, 26 de novembro de 2016

MARLENE E O CARNAVAL

MARLENE E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

  

                        Marlene, nome artístico de Victória Bonaiuti de Martino, depois Victória Bonaiuti Delfino dos Santos, nasceu em São Paulo (SP), a 22 de novembro de 1922, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), a 13 de junho de 2014, com quase 92 anos de idade, vítima de severa pneumonia. Cantora, compositora e atriz brasileira, foi casada com o ator Luís Delfino.

 

                        Tendo gravado mais de quatro mil canções em sua carreira, Marlene – junto com Emilinha Borba – foi um dos maiores mitos do rádio brasileiro na época de ouro. Sua popularidade nacional também resultou em convites para o cinema – fez onze filmes –, e para o teatro – cinco peças –, tendo também trabalhado em cinco shows do teatro de revista Suas atividades internacionais incluíam turnês pelo Uruguai, Argentina, Estados Unidos – onde se apresentou no Waldorf-Astoria Hotel e em Chicago – e França, onde se atuou por quatro meses e meio no Teatro Olympia, em Paris, a convite de Édith Piaf, que a vira no Copacabana Palace, no Rio.

 

                        Nascida na capital paulista, no bairro da Bela Vista, conhecido reduto de ítalo-brasileiros, seus pais eram italianos, era a mais nova de três filhas. Herdou o nome do pai, que morreu sete dias antes de seu nascimento. A viúva, Antonieta, não se casou novamente, e criou sozinha as filhas, dando aulas de alfabetização, no Instituto de Surdos e Mudos de São Paulo, e como costureira.

 

                        Devota da Igreja Batista, a mãe internou-a no Colégio Batista Brasileiro, cujas mensalidades foram dispensadas em troca de serviços prestados ao colégio, como arrumação dos quartos. Marlene estudou ali dos nove aos quinze anos, destacando-se nas atividades esportivas, assim como no coro juvenil da igreja.

 

                        Ao deixar o colégio, foi cursar a Faculdade de Comércio, situada na Praça da Sé, com o objetivo de se tornar Contadora. Na mesma época, empregou-se, durante o dia, num escritório comercial. É quando começa a participar de uma entidade de estudantes, recém-formada, passando a dispor de um espaço na Rádio Bandeirantes, A Hora dos Estudantes, programa em que atuaria como cantora. Foi quando seus colegas estudantes, por eleição, escolheram seu nome artístico, em homenagem à atriz alemã Marlene Dietrich.

  

                        Victória acabou deixando o curso em segundo plano, priorizando sua atividade artística. Então, em 1940, estreou como profissional na Rádio Tupi de São Paulo. Tudo isto, no entanto, fez escondido da família que, devido a razões religiosas e sociais vigorantes na época, não poderia admitir uma incursão no mundo artístico. O pseudônimo esconderia sua verdadeira identidade até ser descoberta faltando aulas por causa de seu expediente na rádio, o que resultou num castigo exemplar da parte de sua mãe. Mas ela já estava decidida a seguir carreira.

 

                        Assim, em 1943, cercada pela desaprovação da família, partiu para o Rio de Janeiro, onde, após ser aprovada no teste com Vicente Paiva, passou a cantar no Cassino Icaraí, em Niterói. Ali permaneceu por dois meses até conhecer Carlos Machado, que a convidou para o Cassino da Urca, contratando-a como vocalista de sua orquestra.

 

                        Em 1946, houve a proibição dos jogos de azar e o consequente fechamento dos cassinos por decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra. Marlene, então, mudou-se com a Orquestra de Carlos Machado para a Boate Casablanca. Dois anos depois, tornou-se artista do Copacabana Palace, a convite de Caribé da Rocha, que a promoveu de crooner a estrela da casa.

 

                        Passou, então, a atuar também na Rádio Mayrink Veiga e, no ano seguinte, na Rádio Globo. Nesse ínterim, já se tinha dado sua estreia no disco, pela Odeon, em meados de 1946, com as gravações dos sambas Suingue no Morro de Amado Régis e Felisberto Martins, e Ginga, Ginga, Moreno, de João de Deus e Hélio Nascimento Mas foi no Carnaval do ano seguinte que Marlene emplacou seu primeiro sucesso, com a marchinha Coitadinho do Papai, de Henrique de Almeida e M. Garcez, em companhia dos Vocalistas Tropicais, campeã do concurso oficial de músicas carnavalescas da Prefeitura do Distrito Federal. E foi cantando essa música que ela estreou no Programa César de Alencar, na Rádio Nacional, com grande sucesso, em 1948.

 

                        Marlene se tornaria uma das maiores estrelas da emissora, recebendo o slogan Ela que canta e dança diferente. Ainda nesse ano, foi contratada pela gravadora Continental, estreando com os choros Toca, Pedroca, de Pedroca e Mário Morais, e Casadinhos, de Luís Bittencourt e Tuiú, este cantado em duo com César de Alencar. Marlene esperou o fim de seu contrato com o Copacabana Palace para abandonar os espetáculos nas boates, dedicando-se ao rádio, aos discos e, posteriormente, ao cinema e ao teatro.

 

                        Nessa época, a maior estrela da Rádio Nacional era Emilinha Borba, mas as irmãs Linda e Dircinha Batista eram também muito populares, e as vencedoras, por anos consecutivos, do concurso para Rainha do Rádio. Esse torneio era coordenado pela Associação Brasileira de Rádio, sendo que os votos eram vendidos com a Revista do Rádio, e a renda era destinada para a construção de um hospital para artistas. Então, em 1949, Marlene venceu o concurso de forma espetacular. Para tal, recebeu o apoio da Companhia Antarctica Paulista. A empresa de bebidas estava prestes a lançar no mercado um novo produto, o Guaraná Caçula, e, atenta à popularidade do concurso, pretendia usar a imagem de Marlene, Rainha do Rádio, como base de propaganda de seu novo produto, dando-lhe, em troca, um cheque em branco, para que ela pudesse comprar quantos votos fossem necessários para sua vitória. Assim, Marlene foi eleita com 529.982 votos. Ademilde Fonseca ficou em segundo lugar, e Emilinha Borba, dada como vencedora desde o início do concurso, ficou em terceiro. 

 

                        Desse modo, originou-se a famosa rivalidade entre os fãs de Marlene e Emilinha, uma rivalidade que, de fato, devia muito ao marketing e que contribuiu expressivamente para a popularidade espantosa de ambas as cantoras pelo país. Prova disso foram as gravações que elas fizeram em dueto naquele ano, com o samba Eu Já Vi Tudo, de Amadeu Veloso e Peter Pan, e a marchinha Casca de Arroz, de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, sucessos no Carnaval de 1950, e, no começo desse ano, com a marchinha A Bandinha do Irajá, de Murilo Caldas, também sucesso carnavalesco.

 

                        A eleição para Rainha do Rádio ainda lhe rendeu um programa exclusivo na Rádio Nacional, intitulado Duas Majestades, e um novo horário no Programa Manuel Barcelos, em que permaneceu como estrela até o fechamento do auditório da Rádio Nacional. A estrela Marlene ajudou vários colegas seus, inclusive usando seu prestígio e influência junto à direção da Rádio Nacional. Trouxe para a emissora, as vozes de Jorge Goulart e Nora Ney, que ali permaneceram por décadas, só saindo por causa de problemas com o governo da época do poder militar no país.

 

                        Marlene manteve o título ainda pelo ano seguinte. Ela então passou a ser cantora exclusiva do programa Manuel Barcelos, enquanto que Emilinha tornou-se exclusiva do de César de Alencar. Ainda naquele ano, gravou dois de seus maiores sucessos, acompanhada de Os Cariocas, Severino Araújo e Orquestra Tabajara, os baiões Macapá e Que Nem Jiló, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga

 

                        Estes foram seus maiores sucessos no Carnaval Brasileiro:

 

                        A Bandinha do Irajá, marchinha de Murilo Caldas, cantam Marlene e Emilinha, 1955:

 

                        Bonequinha Iê, Iê, Iê, marchinha de João Roberto Kelly, 1968:

 

                        Broco do Dodô Crioulo, samba de Nilton Paz e Ivone, 1970:

 

                        Cancã, machinha de João de Barros, 1955:

 

                        Casca de Arroz, marchinha de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, cantam Marlene e Emilinha, 1950:

 

                        Coitadinho do Papai, marchinha de Henrique de Almeida e M. Garcez, cantam Marlene e Vocalistas Tropicais, 1947:

 

                        Estou Com o Diabo no Corpo, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, 1951:

 

                        Eu Já Vi Tudo, samba de Peterpan e Amadeu Veloso, cantam Marlene e Emilinha, 1950:

 

                        Eva, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, 1952:

 

                        Garota Biquíni, marchinha de João de Barro e Jota Júnior, 1964:

 

                        Garota Monoquíni, marchinha de João de Barro, 1965:

 

                        Ibrahim, Piu, Piu, marchinha de Miguel Gustavo, 1956:

 

                        Lata D’Água, samba Luiz Antônio e Jota Júnior, 1952:

 

                        Marcha do Sapinho, marchinha de Humberto Teixeira e Norte Victor, 1953:

 

                        Marcha do Tambor, marchinha de Jurandi Prates, Hianto de Almeida e Ewaldo Ruy, 1954:

 

                        Mora na Filosofia, samba de Monsueto e Arnaldo Passos, 1955:

 

                        O Apito no Samba, samba de Luiz Bandeira e Luiz Antônio, 1958:

 

                        O Passo do Pinguim, marchinha de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950:

 

                        Olha o Leite das Crianças, samba de Pedro Caetano e Luiz Reis, 1969:

 

                        Papai do Céu Castiga, marchinha de Antônio Almeida e Jota Júnior, 1956:

 

                        Para o Inferno ou Pro Céu, samba de Lourival Faissal e Manoel Santana, 1951:

 

                        Roubaram a Mulher do Rui, marchinha de José Messias, 1966:

 

                        Sapato de Pobre, samba de Luiz Antônio e Jota Júnior, 1951:

 

                        Se É Pecado Sambar, samba de Manoel Sant’Ana, 1950:

 

                        Tuíste no Carnaval, marchinha de João de Barro e Jota Júnior, 1963:

 

                        Zé Marmita, samba de Brasinha e Luiz Antônio, 1953:

 


Carnaval Brasileiro sábado, 26 de novembro de 2016

EMILINHA BORBA E O CARNAVAL

EMILINHA BORBA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

  

                        Emília Savana da Silva Borba, nasceu no Bairro da Mangueira, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 31 de agosto de 1923, onde veio a falecer, no dia 3 de outubro de 2005, aos 82 anos de idade. Era filha de Eugênio Jordão da Silva Borba e Edith da Silva Borba.

 

                        Ainda menina, e contrariando um pouco a vontade de sua mãe, apresentava-se em diversos programas de auditório e de calouros. Ganhou seu primeiro prêmio, aos 14 anos, na Hora Juvenil, da Rádio Cruzeiro do Sul. Cantou também no programa Calouros de Ary Barroso, obtendo a nota máxima ao interpretar O X do Problema, de Noel Rosa. Logo depois, começou a fazer parte dos coros das gravações da Columbia.

 

                        Formou, na mesma época, uma dupla com Bidu Reis, chamada As Moreninhas. A dupla se apresentou em várias rádios, durante cerca de um ano e meio. Logo depois, gravou para a Discoteca Infantil um disco em 78 RPM com a música A História da Baratinha, numa adaptação de João de Barro. Desfeita a dupla, Emilinha passou a cantar sozinha e foi logo contratada pela Rádio Mayrink Veiga, recebendo de César Ladeira o slogan Garota Grau Dez.

 

                        Em 1939, foi convidada por João de Barro para participar da gravação da marchinha Pirolito, cantada por Nilton Paz, sendo que no disco seu nome não foi creditado, apenas o do cantor.

Em março do mesmo ano grava, pela Columbia e com o nome de Emília Borba, seu primeiro disco solo em 78 RPM, com acompanhamento de Benedito Lacerda e Seu Conjunto, com o samba-choro Faça o Mesmo, de Antônio Nássara e Eratóstenes Frazão, e o samba Ninguém Escapa, de Eratóstenes Frazão.

                        No mesmo ano, atuou no filme Banana da Terra, de Alberto Bynton e Rui Costa. Esse filme contava com grande elenco: Carmen Miranda, Aurora Miranda, Dircinha Batista, Linda Batista, Almirante, Aloísio de Oliveira, Bando da Lua, Carlos Galhardo, Castro Barbosa, Oscarito e Virgínia Lane, A Vedete do Brasil.

 

                        Ainda em 1939, foi levada por sua madrinha artística, Carmen Miranda, de quem sua mãe era camareira, para fazer um teste no Cassino da Urca. Por ser menor de idade, e na ânsia de conseguir o emprego, alterou-a alguns anos a mais. Além disso, Carmen Miranda emprestou-lhe um vestido e sapatos plataforma. Aprovada pelo empresário Joaquim Rolla, proprietário do Cassino, foi contratada e passou a se apresentar como crooner, tornando-se, logo em seguida, uma das principais atrações daquela casa de espetáculos.

 

                        Em 1940, gravou, com acompanhamento de Radamés Gnattali e Sua Orquestra, os sambas O Cachorro da Lourinha e Meu Mulato Vai ao Morro, da dupla Gomes Filho e Juraci Araújo. Nesse ano, apareceu nos filmes Laranja da China, de Rui Costa e Vamos Cantar, de Leo Marten.

 

                        Em1941, assinou contrato com a Odeon, gravadora onde sua irmã, a cantora Nena Robledo, casada com o compositor Peterpan, era contratada. Já com o nome de Emilinha Borba, lançou os sambas Quem Parte Leva Saudades, de Francisco Scarambone, e Levanta José, de Haroldo Lobo e Valdemar de Abreu. Gravou, ainda, um segundo disco na Odeon, com o samba O Fim da Festa, de Nelson Teixeira e Nelson Trigueiro, e a marchinha Eu Tenho Um Cachorrinho, de Georges Moran e Osvaldo Santiago.

 

                        Em 1942, foi contratada pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, desligando-se meses depois. Em setembro de 1943, retornou ao cast daquela Emissora, firmando-se, a partir de então, e durante os 27 anos que lá permaneceu contratada, como a Estrela Maior da emissora, PRE-8, a líder de audiência.

 

                        Enquanto na Nacional, Emilinha atingiu o ápice de sua carreira artística, tornando-se a cantora mais querida e popular do país. Teve participação efetiva em todos os seus programas musicais, bem como, foi a campeã absoluta em correspondência, por 19 anos consecutivos, até quando durou a pesquisa naquela emissora, 1964.

 

                        Em 1942, o Cineasta norte-americano Orson Welles estava filmando no Brasil, o documentário inacabado It's All True. Nessa época, Linda Batista era a cantora mais popular do Brasil e a estrela absoluta do Cassino da Urca, de onde Orson Welles não saía. Enquanto permanecia no Rio de Janeiro em farras e bebedeiras, Welles, inicia um romance com Linda Batista. Até que coloca os olhos em Emilinha, já com postura de futura estrela. O cineasta não perdoa a pouca idade de Emilinha, nem o fato de ela namorar o cantor Nilton Paz. Começa a assediá-la, prometendo levá-la para Hollywood. Também lhe enviava agrados e bilhetes em que se dizia O Rei do Café.

 

                        Linda Batista, ao saber o que estava acontecendo, descarregava suas frustrações na mãe de Emilinha, camareira no Cassino da Urca, humilhando-a sempre que podia. Até que um dia, Linda cerca Emilinha nos bastidores, dá-lhe alguns tapas e rasga seu melhor vestido, com o qual ela se apresentaria dali a pouco.

 

                        Orson Welles deixou Emilinha em paz, e voltou para os Estados Unidos. Mas, desde essa época, Linda e Emilinha, nunca mais se deram bem. Segundo Jorge Goulart, Linda Batista usava de todo o seu prestígio como estrela absoluta do Cassino da Urca para dificultar a ascensão de Emilinha Borba naquele espaço.

                        Em 1949, Emilinha já era a maior estrela da Rádio Nacional, mas as irmãs Linda Batista e Dircinha Batista eram também muito populares, e as vencedoras, por anos consecutivos, do concurso para Rainha do Rádio. Esse torneio era coordenado pela Associação Brasileira de Rádio, sendo que os votos eram vendidos com a Revista do Rádio, e a renda era destinada para a construção de um hospital para artistas.

 

                        Nese ano, Emilinha gravou a marchinha Chiquita Bacana, primeiro lugar nas paradas de sucesso, e passou a ser considerada a vencedora do concurso. Entretanto, Marlene, uma cantora novata, apareceu e venceu o concurso de forma espetacular. Para tal, recebeu o apoio da Companhia Antarctica Paulista. A empresa de bebidas estava prestes a lançar no mercado um novo produto, o Guaraná Caçula, e, atenta à popularidade do concurso, pretendiam usar a imagem de Marlene, Rainha do Rádio, como base de propaganda de seu novo produto, dando-lhe, em troca, um cheque em branco, para que ela pudesse comprar quantos votos fossem necessários para sua vitória.

 

                        Assim, Marlene foi eleita com 529.982 votos. Desse modo, originou-se a famosa rivalidade entre os fãs de Marlene e Emilinha, uma rivalidade que, de fato, devia muito ao marketing e que contribuiu expressivamente para a popularidade espantosa de ambas as cantoras pelo país. Só em 1953, Emilinha foi finalmente coroada como Rainha do Rádio, unicamente com o apoio popular. A quantidade de votos que lhe deu a vitória era maior que a das outras concorrentes somadas.

  

                        Os concursos populares, que servem como termômetro de popularidade do artista, sempre foram constantes, e, das pesquisas realizadas, na fase áurea do rádio, 99,9% deram vitória a Emilinha Borba, tornando-a a artista brasileira que possivelmente possui mais títulos, troféus, faixas e coroas.

 

                        Nas edições da Revista do Rádio, Radiolândia e do jornal A Noite, Emilinha se comunicava com seus fãs, amigos e leitores desses órgãos da imprensa, através de colunas como Diário da Emilinha, Álbum da Emilinha, Emilinha Responde e Coluna da Emilinha.

 

                        O simples anúncio de sua presença, em qualquer cidade ou lugarejo do país, era feriado local, e Emilinha, simbolicamente, recebia as chaves da cidade e desfilava em carro aberto pelas principais ruas e avenidas, sendo aplaudida, ovacionada e acarinhada pelos habitantes e autoridades da localidade. Devido ao enorme sucesso após o seu terceiro espetáculo realizado no Teatro Santa Rosa em João Pessoa (PB, Emilinha teve que cantar em praça pública, junto ao Cassino da Lagoa, para um incalculável público, só comparado aos dos comícios de Luiz Carlos Prestes ou Getúlio Vargas.

 

                        Emilinha foi a primeira artista brasileira a fazer uma longa excursão pelo país com patrocínio exclusivo. O Laboratório Leite de Rosas, até então, investia em artistas internacionais, como a Orquestra de Tommy Dorsey, e contratou e patrocinou Emilinha por três meses consecutivos em excursão pelo Norte e Nordeste.

 

                        Sua foto era obrigatória nas capas de todas as revistas e jornais do país. Na Revista do Rádio, numa semana, era ela; na seguinte, outro artista; e, na posterior, ela novamente. Até agosto de 1995, Emilinha Borba foi a personalidade brasileira que maior número de vezes foi capa de revistas no Brasil. Calcula-se aproximadamente umas 350 capas nos mais diversos órgãos.

 

                        De 1968 a 1972, Emilinha esteve inativa, por problemas de saúde. Padeceu de edema nas cordas vocais e, após três cirurgias e longo estudo para reeducar a voz, voltou a cantar.

 

                        Em 2003, após 22 anos sem gravar um trabalho só seu, a Favorita da Marinha lançou o CD Emilinha Pinta e Borba, com participações de diversos cantores, como Cauby Peixoto, Marlene, Ney Matogrosso, Luís Airão, Emílio Santiago, entre outros, vendendo este de forma bem popular, na Cinelândia, em contato direto com o público. No início de 2005, lançou o CD Na Banca da Folia, para o Carnaval do mesmo ano.

 

                        Emilinha continuou fazendo espetáculos pelo Brasil inteiro, tendo marcado presença, nos seus três últimos anos de vida, em vários Estados Brasileiros, como Pernambuco, Ceará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Bahia.

 

                        Sua arte, admirada e aplaudida por milhões, sempre foi em prol da cultura popular e, assim, carismática, Emilinha Borba, cuja trajetória artística, pontilhada de sucessos, personifica-se como verdadeira e autêntica representante da Era de Ouro do Rádio Brasileiro.

 

                        Em fevereiro de 2004, Emilinha foi hospitalizada, após cair da cama e fraturar o braço direito. Em junho de 2005, ela esteve internada, após cair de uma escada, sofrer traumatismo craniano e hemorragia intracerebral.

 

                        Faleceu na tarde do dia 3 de outubro de 2005 de infarto fulminante, enquanto almoçava em seu apartamento, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, aos 82 anos. Seu corpo foi velado durante toda a noite e, pela manhã, por amigos, familiares e fãs, na Câmara dos Vereadores no Rio de Janeiro, sendo sepultado no Cemitério do Caju.

                        Aqui, algumas faixas que fizeram sucesso absoluto nos Carnavais de outrora:

 

                        A Água Lava Tudo, marchinha de Paquito, Romeu Gentil e Jorge Gonçalves, 1955:

 

                        Alegria de Pobre, samba de Klécius Caldas e Brasinha, 1963:

 

                        Bate o Bombo, marchinha-baião de Humberto Teixeira, 1951:

 

                        Cancã no Carnaval, marchinha de Carlos Cruz e Haroldo Barbosa1966:

 

                        Chiquita Bacana, marchinha de João de Barro e Alberto Ribeiro, 1949:

 

                        Cordão da Bahia, marchinha de João Roberto Kelly, 1975:

 

                        Corre, Corre, Lambretinha, machinha de João de, 1958:

 

                        Eu Já Vi Tudo, samba de Peterpan e Amadeu Veloso, participação de Marlene, 1950:

 

                        Israel, marchinha de João Roberto Kelly e Raquel, 1973:

 

                        Mamãe, Eu Vou Às Compras, marchinha de Jota Júnior e Castelo, 1959:

 

                        Marcha do Remador, marchinha de Antônio Almeida e Oldemar Magalhães, - 1964:

 

                        Mulata Iê, Iê, Iê, marchinha de João Roberto Kelly, 1965:

 

                        Não Dá Pra Entender, marchinha de João Roberto Kelly, 1966:

 

                        Pirolito, marchinha de João de Barro e Alberto Ribeiro, com Nilton Paz, 1939:

 

                        Pó-de-Mico, marchinha de Renato Araújo, Dora Lopes e Arildo Souza, 1963:

 

                        Porta-Bandeira, samba de Nássara e Roberto Martins, 1949:

 

                        Qual é o Pó?, marchinha de João Roberto Kelly e G. Gonçalves, 1961:

 

                        Rainha de Sabá, marchinha de Carlos Cruz, Adolpho Bloch e Carlos Heitor Cony, 1985:

 

                        Tem Marujo no Samba, sambas de João de Barro, 1949:

 

                        Tomara Que Chova, marchinha de Paquito e Romeu Gentil, 1951:

 

                        Vai Com Jeito, marchinha de João de Barro, 1957:

 

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Carnaval Brasileiro terça, 22 de novembro de 2016

RISADINHA E O CARNAVAL

RISADINHA E  O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

Risadinha

 

                        Dando prosseguimento às comemorações de aniversários de vultos da MPB perfazendo décadas, homenagearei agora esse grande artista que, se vivo fosse, teria completado 90 anos em março passado.

 

                        Francisco Ferraz Neto, o Risadinha, compositor e cantor, nasceu em São Paulo (SP) a 18.03.1921 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) a 03.06.1976. Estudou em escolas públicas e, sem nunca ter aprendido música, começou a compor em 1935.

 

                        Jardim de Ilusões, com Rubens Santos, foi sua primeira composição. Depois de ter trabalhado durante dez anos em circos, boates e teatros paulistas, fez sua estreia na Rádio Cosmos, em São Paulo, passando, em 1938, para a Rádio Cruzeiro do Sul.

 

                        Em 1945, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se apresentou na Rádio Mayrink Veiga, e, depois, na Rádio Nacional, destacando-se como cantor e compositor de Carnaval.

 

                        Gravou seu primeiro disco pela Odeon, em 1950, cantando Faran-fan-fan, de O. Silva e Olegário Lima, e o choro Lar Vazio, de Wilson Batista e Nóbrega Macedo. Especializou-se também no samba-de-breque, tornando-se um dos melhores intérpretes do gênero, além de, durante muitos anos, marcar sua presença nos Carnavais, sempre com músicas de sucesso.

 

                        Lançou, para o Carnaval de 1953, Se Eu Errei, parceria com Humberto de Carvalho e Edu Rocha, composição que teve cerca de 20 regravações. Em 1956, destacou-se com Saco de Papel, parceria com Haroldo Lobo, e Vou Botar Pra Jambrar, parceria com Jarbas Reis. Nesse mesmo ano, gravou seu primeiro LP pela Continental, Na batida do Samba, Canta Risadinha, com Vadico e Sua Orquestra, e participou do filme Vou Te Contá, de Alfredo Palácios.

 

                        Para o Carnaval de 1960, compôs, com José Roy, Cacareco É o Maior, que ele mesmo gravou, com enorme sucesso; para o de 1963, também com José Roy, Cadê Brigitte; para o de 1964, Deixa Meu Pranto e Quem Me Vê Sorrir, com Ivo Santos, e Garota Bossa Nova. Ainda na década de 1960, lançou outro LP pela Continental, De Cabral a Brasília.

 

                        Em 1975, um ano antes de morrer, recebeu o título de Cidadão Carioca, concedido pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Como compositor, usava o pseudônimo de Francisco Neto.

 

(Fonte de consulta: Enciclopédia da Música Brasileira, da Art Editora, São Paulo, 1977)

 

                        Além dos títulos ama citados, possuo em meu acervo de sua autoria ou por ele gravadas, estas preciosas joias musicais:

 

A Felicidade É Sua, samba, A Maré Tá Boa, marchinha, A Nêga Já Sabe, samba-choro, Aviso Prévio, samba, Babá de Copacabana, samba, Baburiba no Samba, samba, Bum-Ki-Bum, samba, Cacareco É o Maior, marchinha, Cadê Brigitte?, marchinha, Comerciária, samba, Deixa o Meu Pranto Rolar, Em Cada Coração, Um Pecado, samba, Eu Ainda Sou Eu, samba, Eu Não Tenho Ninguém, samba, Eu Quero É Me Rebolar, marchinha, Forró em Limoeiro, rojão, Frango Indigesto, marcha, Marcha do Mudo, marchinha, Marinheiro, marchinha, Meu Pierrô, samba, Meu Primeiro Amor, samba; Minha Fama, samba, Não Quero Mais Sofrer, samba, Nêgo Olegário, samba, O Doutor Não Gosta, marchinha, O Que Eu Passei, samba, Pau Pereira, samba, Piri-Piri, samba, Quem Me Vê Sorrir, samba, Raminho de Flor, frevo-canção, Saco de Papel, samba, Se eu Errei, samba, Sereia Fenomenal, marchinha, Sonhei Que Estava em Pernambuco, com Dircinha Batista, frevo-canção, Teu Falso Amor, samba, Tumba Lelê, samba, Vê Se Te Agrada, choro, Você Já Foi, samba, Você Me Fez Chorar, samba e Zazá, marchinha.

                        Para relembrá-lo, aqui vai uma pequena amostra de seu trabalho: 

                        Cacareco É o Maior, seu maior sucesso, marchinha de Risadinha e José Roy, de 1960:

 

                        Cadê Brigitte?, marchinha de Francisco Neto e José Roy, de 1963:

 

                        Em Cada Coração, Um Pecado, samba de Francisco Neto, Rosemberg e E. Silva, de 1954:

 

                        Eu Quero É Me Rebolar, marchinha de Arnô Provenzano e Otolindo Lopes, de 1954:

 

                        Meu Primeiro Amor, samba de Sebastião Gomes, J. Piedade e O. Silva, de 1951:

 

                        O Doutor Não Gosta, machinha de Arnô Provenzanoe Otolindo Lopes, de 1952:

 

                        Piri-Piri, samba de Francisco Neto e Ivo Sales, de 1963:

 

                        Se Eu Errei, samba de Francisco Neto e A. Carvalho, de 1953:

 

                        Tumba Lelê, samba Francisco Neto, Newton Neves e Jarbas Reis, de 1957:

 

Prezado Fernando,

 

Desculpe-me a demora em responder. Possuo em meu acervo impresso seu livro Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo, em parceria com Antônio Vicente. Como admirador do Jackson, mergulhei fundo na pesquisa e acredito ter amealhado todo o repertório por ele gravado.

 

No ano de 2019, quando comemoraremos seu Centenário, postarei, diariamente, com a ajuda de Deus, aqui neste Almanaque, ao longo de todo o ano, em ordem alfabética, as preciosidades que ele nos deixou.

 

Aí vão as informações pedidas. Forró em Limoeiro, com Risadinha, foi gravado no bolachão 78 RPM, cujas imagens aí reproduzo:

 

 

A seguir, o áudio:

 

 


Carnaval Brasileiro terça, 22 de novembro de 2016

CARMEN COSTA E O CARNAVAL

CARMEN COSTA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

Carmen Costa 

                        Carmelita Madriaga era o seu nome. 

                        Nasceu a 05.01.1920, no município fluminense de Trajano Morais, filha de meeiros da fazenda Agulhas. Aos nove anos, começou a trabalhar na casa duma família protestante, onde aprendeu a cantar hinos religiosos. Aos 15, foi morar no Rio de Janeiro, empregando-se como doméstica na residência do cantor Francisco Alves, o Rei da Voz. Por ele incentivada, começou a frequentar programas de auditório. Aos 17, conheceu o compositor Henrique Filipe da Costa, o Henricão, com quem formou parceria amorosa e profissional.

 

                        Cantavam em dupla nas feiras, exposições, circos, teatros e programas radiofônicos. Em 1942, a dupla se desfez, e ela iniciou carreira solo. Sua primeira gravação foi o samba Está Chegando a Hora, versão de Henricão e Rubens Campos da valsa mexicana Cielito Lindo, um pouco antes do Carnaval. Apenas 35 cópias do disco foram distribuídas às emissoras. Mesmo assim, a música se tornou num dos maiores sucessos carnavalescos, não só daquele ano, mas de todos os tempos. Negra poderosa, bonita, talentosa, faceira e gostosa, trouxe seu molho afro para dar sabor especial à Música Popular Brasileira.

 

                        Em 1945, casou-se com o norte-americano Hans Van Koehler, mudando-se para Nova Jersey, EUA, ali iniciando sua carreira internacional. Morando, ora no exterior, ora no Brasil, jamais deixou de fazer sucesso no Tríduo Momesco. Cachaça, A Morena Sou Eu, Jarro da Saudade, Carmilito, Drama da Favela, Garota Esportiva, Índio quer Mulher, Na Paz de Deus, Não Há, Obsessão, Se Eu Morrer Amanhã, Sonhei Que Estava em Pernambuco, Vai Levando, Marcha do Cordão do Bola Preta, Tem Nego Bebo Aí são belos exemplos disso.

 

                          Grande impulso em sua trajetória musical foram as músicas do capixaba Mirabeau Pinheiro, do qual gravou 33 composições, tais como A Morena Sou Eu, Cachaça, Obsessão, Tem Nego Bebo Aí, acima citadas, e muitos sucessos de meio de ano.

  

                        Como trombonista carnavalesco, na Banda da Capital Federal, da qual sou Mestre, e na Banda do Pacotão, onde dou minhas cipoadas, as músicas que ela imortalizou são tocadas e cantadas pela grande massa de foliões, ano após ano, com o mesmo entusiasmo.

 

                     No dia 25 de abril de 2007, ela nos deixou para sempre. Jamais, em tempo algum, será esquecida. Tenho no meu acervo grande parte do seu esmerado repertório.

 

                        No Carnaval de 1956, lá em Teresina (PI), sua gravação da marchinha Acacamauê (Em Guarani, como vai você?), de César Cruz, foi muito cantada e tocada nas ruas e nos salões, mas parece que esse domínio não ultrapassou as fronteiras piauienses. Afortunadamente, consegui seu áudio nesta semana!

                       

                        Aqui vai uma pequena amostra de seu trabalho. 

                        Acacamauê, marchinha de César Cruz), 1956:

 

                        A Morena Sou Eu, samba de Mirabeau e Milton de Oliveira, 1956:

 

                        Ana-Alfa-Beta, marchinha de Manoel Brigadeiro e Lourival Faissal, 1976:

 

                        Cachaça, marchinha de Mirabeau, Lúcio de Castro e Héber Lobato, participação de Colé, 1953:

 

                        Está Chegando a Hora, samba de Henricão e Rubens Campos, 1942:

 

                        Jarro da Saudade, samba de Mirabeau, D. Barbosa e Geraldo Blota, participação de Mirabeau, 1957:

 

                        Marcha do Cordão do Bola Preta, marchinha de Vicente Paiva e Nélson Barbosa, 1962:

 

                        Obsessão, samba de Mirabeau e Milton de Oliveira, 1956:

 

                        Se Eu Morrer Amanhã, samba de Garcia Jr. e Jorge Martins, 1962:

 

                        Tem Nego Bebo Aí, marchinha de Mirabeau e Ayrton Amorim, 1955:

 


Carnaval Brasileiro sábado, 19 de novembro de 2016

JOÃOSINHO TRINTA - UM DIGNO MARANHENSE

JOÃOSINHO TRINTA - UM DIGNO MARANHENSE

Raimundo Floriano

 

Joãosinho Trinta 

                        Morreu o carnavalesco, coreógrafo bailarino e artista plástico Joãosinho Trinta! Imensa tristeza para quem curte o Carnaval, a Grande Festa do Povo Brasileiro!

 

                        João Clemente Jorge Trinta nasceu em São Luís (MA), a 23.11. 1933, onde veio a falecer hoje, 17.12.2911, aos 78 anos de idade, em decorrência de insuficiência respiratória e renal.

 

                        De família pobre, viveu em São Luís até aos 18 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro (RJ). Ainda em sua terra natal, pertencia a um grupo de amigos intelectuais que reunia Ferreira Gullar e outros.

                        Trabalhou como escriturário em São Luís até 1951, ano em que conseguiu na empresa uma transferência para o Rio de Janeiro, onde estudou balé na Academia de Eduardo Sena, e, em 1956 ingressou, através de concurso público, no Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com o qual participou de inúmeras montagens de óperas e balés.

 

                        Por essa época, conheceu os cenógrafos Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona, que, além de trabalharem nas cenografias do teatro, ainda decoravam os bailes e as ruas da cidade para o Carnaval. Dividiu apartamento no Catete com o poeta Ferreira Gullar e o cronista José Carlos de Oliveira. Anos mais tarde, no Teatro Municipal, montou diversas óperas, entre elas, Aida, Tosca e O Guarani.

 

                        Em 1963, Arlindo Rodrigues o convidou para auxiliá-lo na criação e nas alegorias para o desfile da Escola de Samba Acadêmico do Salgueiro que, naquele ano, apresentou o enredo Xica da Silva, com samba-enredo de Anescarzinho do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira, sagrando-se campeã.

 

                        Em 1974, fez o primeiro desfile como carnavalesco titular para a Acadêmico do Salgueiro, com o enredo Rei de França na Ilha da Assombração, com o qual a Escola foi Campeã do Grupo 1. Nos anos posteriores, passou pelas seguintes escolas, obtendo estas classificações:

 

                        1975 - Salgueiro - Campeã do Grupo 1;

                        1976 - Beija-Flor - Campeã do Grupo 1;

                        1977 - Beija-Flor - Campeã do Grupo 1;

                        1978 - Beija-Flor - Campeã do Grupo 1;

                        1979 - Beija-Flor - Vice-Campeã do Grupo 1-A;

                        1980 - Beija-Flor - Campeã do Grupo 1-A;

                        1981- Beija-Flor - Vice-Campeã do Grupo 1-A;

                        1982 - Beija-Flor - 6º Lugar do Grupo 1-A;

                        1983 - Beija-Flor - Campeã do Grupo 1-A;

                        1984 - Beija-Flor - 3º Lugar do Grupo 1-A;

                        1985 - Beija-Flor - Vice-Campeã do Grupo 1-A;

                        1986 - Beija-Flor - Vice-Campeã do Grupo 1-A;

                        1987 - Beija-Flor - 4º Lugar do Grupo 1-A;

                        1988 - Beija-Flor - 3º Lugar do Grupo 1-A;

                        1989 - Beija-Flor - Vice-Campeã do Grupo 1-A;

                        1989 - Unidos do Peruche (SP) - Vice-Campeã do Grupo Especial;

                        1989 - Rocinha (RJ) - Campeã do Grupo 1-D;

                        1990 - Beija-Flor - Vice-Campeã do Grupo Especial;

                        1990 - Unidos do Peruche (SP) - Vice-Campeã do Grupo Especial;

                        1990 - Rocinha (RJ) - Campeã do Grupo 1-C;

                        1991 - Beija-Flor- 4º Lugar do Grupo Especial;

                        1991 - Rocinha (RJ) - Campeã do Grupo 1-B;

                        1992 - Beija-Flor - 7º Lugar do Grupo Especial;

                        1994 - Viradouro - 3º Lugar do Grupo Especial;

            ‘           1995 - Viradouro - 8º Lugar Grupo Especial;

                        1996 - Viradouro - 3º Lugar do Grupo Especial;

                        1997 - Viradouro - Campeã do Grupo Especial;

                        1998 - Viradouro - 5º Lugar do Grupo Especial;

                        1999 - Viradouro - 3º Lugar do Grupo Especial;

                        2000 - Viradouro - 3º Lugar do Grupo Especial;

                        2001 - Grande Rio - 6º Lugar do Grupo Especial;

                        2002 - Grande Rio - 7º Lugar do Grupo Especial;

                        2003 - Grande Rio - 3º Lugar do Grupo Especial;

                        2004 - Grande Rio - 10º Lugar do Grupo Especial; e

                        2005 - Vila Isabel - 10º Lugar do Grupo Especial.

 

                        Um dos ícones do Carnaval Carioca, Joãosinho, com sua criatividade, sempre trouxe mudanças radicais. Uma delas foi a criação de grandes carros alegóricos. Na época, acusado de descaracterizar as raízes do Carnaval, declarou: "Eu não mexi nas raízes, apenas arrumei vasos mais bonitos para elas". Outra frase de sua autoria e causadora de grande impacto foi: "Quem gosta de miséria é intelectual", em resposta aos ricos carros alegóricos criados para a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.

 

                        Em 1993, sofreu uma isquemia recuperando-se parcialmente no ano seguinte.

 

                        Tendo viajado por vários lugares do mundo levando grupos de show de Escolas de Samba, foi também palestrante em várias empresas e universidade sobre o universo do Carnaval.

 

                        Em 2003, foi o primeiro carnavalesco a aceitar o merchandising e o patrocínio de grandes empresas para uma Escola de Samba. Com o enredo O Nosso Brasil Que Vale, obteve o patrocínio da Vale do Rio Doce.

 

                        Entre as inúmeras vezes que em foi homenageado como enredo de Escola de Samba, destaca-se, em 2004, o da Acadêmicos da Rocinha, da qual foi o primeiro carnavalesco.

 

                        Em 11 de julho de 2006, após sofrer dois AVCs, foi internado no Rio de Janeiro e, vinte dias depois, transferido para o Hospital Sarah Kubitschek, de Brasília, de onde teve alta em 19 de outubro.

 

                        Ainda em 2006, transferiu-s definitivamente para o Distrito Federal onde foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Brasília, e, em 2010, concorreu à Câmara Legislativa, não conseguindo eleger-se.

 

                        Para vocês, o primeiro enredo de sua carreira, com o qual foi campeão pelo Salgueiro em 1974, Rei de França na Ilha da Assombração, samba de Zé Di e Malandro, na voz do salgueirense Laíla.

 


Carnaval Brasileiro sexta, 18 de novembro de 2016

BLECAUTE, O GENERAL DA BANDA

BLECAUTE, O GENERAL DA BANDA

Raimundo Floriano

 

Foto inédita do General da Banda 

                        Otávio Henrique de Oliveira, o Blecaute, nasceu Pinhal (SP), a 05.12.1919, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), a 09.02.1983, aos 63 anos de idade.

 

                        Órfão de pai e mãe, aos seis anos foi levado para São Paulo, onde trabalhou como engraxate e entregador de jornais. Aos 14 anos, estreou como cantor no programa de calouros A Estrela de Ouro, da Rádio Tupi e, oito anos mais tarde, começou a atuar na Rádio Difusora, adotando, por sugestão do Capitão Furtado, o nome Blecaute, aportuguesado do Inglês black-out, que significa preto por fora.

 

                        Se fosse nos tempos atuais da patrulha politicamente correta, esse pseudônimo seria imediatamente execrado. Na época do cantor, ele foi aceito de forma pacífica e natural. Em 1955, vi-o, em Teresina (PI) definir seu cognome: “Preto por fora, mas branco por dentro. Sou um preto de alma branca.” E sorria com aquela boca de 360 incisivos e caninos.

 

                        Entre 1942 e 1943, foi para o Rio de Janeiro, contratado pela Rádio Tamoio, atuando também nas Radio Nacional e Mauá. Em 1944, participou, como cantor, do filme Tristezas Não Pagam Dívidas, direção de José Carlos Burle e J. Ruy. Seu primeiro sucesso em disco veio com a marchinha Pedreiro Valdemar, de Wilson Batista e Roberto Martins, para o Carnaval de 1949.

 

                        O maior êxito de sua carreira, que estourou a banca no Carnaval de 1950, foi o samba General da Banda, de Sátiro de Melo, José Alcides e Tancredo Silva. O sucesso foi tão estrondoso, que Blecaute o incorporou a seu visual, passando a apresentar-se, a partir de então com uniforme estilizado, conforme vocês viram na foto inédita acima.

 

                        Blecaute participou de várias chanchadas da Atlântida e, como compositor, deixou-nos um sucesso inesquecível, a valsinha Natal das Crianças, que ele mesmo gravou em 1955, com regravações por diversos cantores, até hoje muito tocada no período natalino.

                        Possuo em meu acervo 59 peças de seu trabalho musical, seja como cantor ou como compositor. Vou relacionar aqui apenas os sucessos carnavalescos que o consagraram e que até hoje são contados nos bailes da saudade e nos blocos de sujo:

 

A Bolsinha do Waldemar, marchinha de João Roberto Kelly, 1973; Chora, Doutor, samba de J. Piedade, O. Gazzeneo e J. Campos, 1959; Dona Cegonha, marchinha de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas, 1953; General da Banda, samba de Sátiro de Melo, José Alcides e Tancredo Silva, 1950; Mamãe, Eu Quero, marchinha de Jararaca e Vicente Paiva, 1937; Marcha das Fãs, marchinha de Wilson Batista e Jorge de Castro, 1956; Marcha do Gago, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1950; Maria Candelária, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1952; Maria Escandalosa, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1955; O Direito de Nascer, marchinha de Blecaute e Brasinha, 1966; O Pé de Anjo, marchinha de Sinhô, 1920; Papai Adão, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti 1951; Pedreiro Valdemar, marchinha de Wilson Batista e Roberto Martins, 1949; Piada de Salão, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1954; Que Samba Bom!, samba de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, 1949; Rei Zulu, marchinha de Nássara e Antônio Almeida, 1950; Soldado de Israel, marchinha de Luiz Antônio, 1968; e Vôte, Que Mulher Bonita, marchinha de João de Barro e Antônio Almeida, 1949.

 

                        Blecaute, como todos os grandes astros da Velha Guarda, conheceu o ocaso no final dos Anos 1950, embora depois disso, vez em quando, emplacasse um sucesso carnavalesco, como O Direito de Nascer, em 1966, e Soldado de Israel, em 1968.

  

                        Todos os anos, quando se aproxima o período de concursos de músicas para o Carnaval, recebo pedidos de vários compositores para que avalie seus trabalhos, antes de os submeterem ao crivo da Comissão Julgadora. E eu sempre lhes dou o mesmo conselho: na Música, como na vida, a simplicidade é tudo. Quanto mais elaborada, mais a composição é rejeitada pelo público. Como exemplo, cito a singeleza do samba General da Banda, que se tornou sucesso inesquecível desde 1950:

 

Chegou general da banda

Ê! Ê!

Chegou general da banda

Ê! Á!

 

Mourão! Mourão!

Vara madura que não cai

Mourão! Mourão!

Oi, catuca por baixo

Que ele vai

(Obá!)

 

                        Edigar de Alencar, em O Carnaval Carioca Através da Música, registra: “Uma batucada com todas as características de ponto de macumba se ouve pelas ruas, mormente nos ensaios pré-carnavalescos dos blocos avulsos. A melodia já era conhecida em alguns lugares do Estado do Rio, como saudação a Ogum.” 

                        Era o General da Banda, que agora vocês relembrarão, na voz de Blecaute, clicando aqui:

 

                        Ouçam, também, mais estes sucessos do repertório de Blecaute: 

                        Natal das Crianças, valsinha de sua autoria, 1955:

 

                        A Bolsinha do Waldemar, marchinha de João Roberto Kelly, 1973:

 

                        Chora, Doutor, samba de J. Piedade, O. Gazzeneo e J. Campos, 1959:

 

                        Marcha das Fãs, de Wilson Batista e Jorge de Castro, 1956:

 

                        Maria Candelária, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1952:

 

                        Maria Escandalosa, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1955:

 

                        O Direito de Nascer, marchinha de Blecaute e Brasinha, 1966:

 

                        O Pé de Anjo, marchinha de Sinhô, composta em 1920:

 

                        Papai Adão, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1951:

 

                        Pedreiro Waldemar, marchinha de Wilson Batista e Roberto Martins, 1949:

 

                        Piada de Salão, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1954:

 

                        Que Samba Bom!, samba de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, 1949:

 

                         Rei Zulu, marchinha de Nássara e Antônio Almeida, 1950:

 

                        Soldado de Israel, marchinha de Luiz Antônio, 1968:

 

                         Vôte, Que Mulher Bonita, marchinha de João de Barro e Antônio Almeida, 1949:

 

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Carnaval Brasileiro quinta, 10 de novembro de 2016

ARRELIA E PIMENTINHA NO CARNAVAL

ARRELIA E PIMENTINHA NO CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

Arrelia 

                        A data de10 de dezembro, assinala o Dia do Palhaço! Como ajudante de palhaço – escada – que fui, no Circo Cometa do Norte, no bairro da Piçarra, em Teresina (PI), faço merecida, todos os anos, homenagem a meus colegas de picadeiro no dia a eles consagrado E nada mais justo do que focalizar neste ano o Palhaço Arrelia e seu escada Pimentinha, dupla pertencente a uma família umbilicalmente circense. Escada, para quem não sabe, é o acólito que prepara a piada, sempre levando a melhor no transcorrer do esquete, mas se ferrando no desfecho. Comecemos com o Arrelia.

 

                        Waldemar Seyssel, o Arrelia, nasceu em Jaguariaíva (PR), a 31.12. 1905, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 23.05.2005, com quase 100 anos. Era filho do Palhaço Pinga Pulha.

 

                        Pertencendo a uma família cujo DNA se confunde com a história do circo no Brasil, começou a atuar com seis meses de idade, no circo chileno de seu tio, irmão de sua mãe.

 

                        O clã histriônico começou a se dedicar ao circo a partir do avô paterno de Arrelia, Julio Seyssel, que nasceu e vivia na França. Era professor da Sorbonne, quando conheceu uma jovem espanhola, artista de um circo que excursionava pelo país, fazendo acrobacias em cima de um cavalo. Foi paixão avassaladora. Sua família não queria o casamento, mas os dois resolveram se casar, mesmo assim. Júlio deixou o cargo de professor e foi morar no circo, tornando-se apresentador dos números do espetáculo.

 

                        O casal acabou vindo para o Brasil com o Grande Circo Inglês, dos Irmãos Charles, e, ao invés de prosseguir com a excursão para outros paises, ficou por aqui mesmo, dando origem a uma linhagem circense: filhos e netos dedicados à arte. Arrelia tem mais cinco irmãos que foram do circo. O Palhaço Pimentinha, Walter Seyssel é filho de Paulo Seyssel, o Palhaço Aleluia, irmão de Arrelia.

 

                        Waldemar Seyssel começou no circo como saltador, passando depois pelo trapézio, pela cama elástica e por outras acrobacias, com seus dois irmãos, Henrique e Paulo. Mas quando o pai deixou o circo, substituiu seu nome artístico, usando o apelido familiar que seu tio Henrique lhe dera: Arrelia. Seu primeiro parceiro foi o ator Feliz Batista, que fazia o Palhaço de Cara Branca, vindo depois o irmão Henrique. Finalmente, quando trocou o circo pela televisão, no início dos Anos 1950, teve como parceiro o Palhaço Pimentinha. Foi o primeiro da sua família a abandonar o picadeiro, pois falava que o circo não dava dinheiro suficiente para viver. Em 1958, foi a vez de seus irmãos seguirem-no, indo trabalhar com ele na TV Record.

 

                        Arrelia era um palhaço bem diferente. Alto e desengonçado, sem sapatos de bicos imensos e finos e sem bengalas compridas, falando difícil sem saber e errando sempre. Enfim, era um tipo de rua, misto de gente que encontrava no circo, no teatro, no cinema, na TV e na própria rua. Um cara que ia indo aos trambolhões, mas ia indo, mesmo sem instrução e metido a sebo, como ele mesmo se definia.

 

Pimentinha 

                        Walter Seyssel, o Palhaço Pimentinha, nasceu em Juiz de Fora (MG), a 16.06.1926, e faleceu em Itu (SP), no dia 17.06.1992, um dia após completar 66 anos. Entrou pela primeira vez no picadeiro aos 2 anos de idade, mais tarde casando-se com a artista circense Amélia Seyssel.

 

                        Arrelia e Pimentinha tornaram-se um mito das crianças paulistanas. As matinês do circo e, posteriormente, o Circo do Arrelia, da TV Record, de 1955 a 1966, fizeram parte do cotidiano da família paulistana. Deixaram como marca registrada nessa cidade o popular bordão "Como vai, como vai, como vai? Eu vou bem, muito bem, bem, bem!", o qual se tornaria o refrão da Marchinha Muito Bem, de Arrelia, Manoel Ferreira e Antônio Mojica, gravada pela dupla para o Carnaval de 1957 e interpretada por Arrelia, em dueto com Berta Loran, no filme O Barbeiro Que Se Vira, de 1958.

 

                        Além dessa marchinha, a dupla deixou-nos outros grandes sucessos carnavalescos, como: Esse Cara Me Deve Cem, marcha de Arrelia, Emílio Saccomani e José Saccomani, de 1960; Fantasia de Toalha, marcha de Arrelia, José Saccomani e Ercílio Corsoni, de 1963; Três Assovios, de Arrelia e Hervê Cordovil, de 1962; Gol de Letra, marcha de Emilio Saccomani e José Saccomani, de 1958; e Hom’essa, samba, de Arrelia e José Saccomani, de 1958. Além disso, deixou-nos muitos sucessos de meio de ano. Sua discografia completa consta de 15 títulos.

 

                        Em 1995, Arrelia foi homenageado no 22º Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP), recebendo a Medalha Reginaldo Fortuna, concedida aos maiores destaques do humor na cultura do país. Em 2003, aos 97 anos, ainda se apresentou em espetáculo em homenagem ao Dia do Palhaço, arrancando, como sempre, grande quantidade de gargalhadas da plateia.

 

                        A dupla fez tanto sucesso em sua época, que até chegou a protagonizar revistas em quadrinhos, com suas aventuras, piadas e palhaçadas:

 

 

                        O Dia do Palhaço é, consequentemente, meu dia, não me furto de também aparecer um pouquinho nesta matéria, homenageando a mim mesmo, expondo aqui duas personalidades que assumi, no dia 3 de julho de 2016, ao completar 80 anos de presepadas e gandaia, o Palhaço Seu Mundinho e o Velho Fulô do Pastoril:

 

Seu Mundinho e Velho Fulô

 

                        Em 1957, o ritmo calipso era a moda no Brasil, principalmente na voz de Harry Belafonte, com seu carro-chefe, Banana Boat, que Arrelia parodiou, em parceria com, Ercílio Cornsoni e José Sacomani, na marchinha Cacho de Banana, gravada pela dupla, tremendo sucesso no Carnaval de 1958. Para melhor avaliação dos ouvintes, aí vai ela, numa montagem que se inicia com a voz do amerijaimaicano:

 

                        Ouçamos, também, mais estes sucessos carnavalescos da dupla: 

                        Esse Cara Me Deve Cem, marchinha, de Arrelia, Emílio Saccomani e José Saccomani, lançada em 1960

 

                        Fantasia de Toalha, marchinha, de Arrelia, José Saccomani e Ercílio Corsoni, lançada em 1963:

 

                        Muito Bem (Como Vai?), marchinha, de Arrelia, Manoel Ferreira e Antônio Mojica, lançada em 1957:

 

                        Três Assovios, marchinha, de Arrelia e Hervê Cordovil, lançada em 1962:

 


Carnaval Brasileiro terça, 08 de novembro de 2016

CHICO ANYSIO E O CARNAVAL

CHICO ANYSIO E O CARNAVAL 

Raimundo Floriano

  

                        Vocês já ouviram falar em Louis Guglielmi? Não? Ele é o compositor do foxe La Vie en Rose. E de Stephen C. Foster? Também não? Pois foi ele quem compôs o country Oh! Susanna. Ambas as músicas são popularmente conhecidas em qualquer país deste planeta.

 

                        Sabem quem são os irmãos Glauco, Homero e Ivan Ferreira? Não? Vou apresentá-los. Em 1959, Glauco escrevia um dos do programa A Praça da Alegria, da TV Rio, no qual o cantor Moacyr Franco, caracterizado de mendigo, repetia sempre o mesmo bordão: “Me dá um dinheiro aí”. Inspirados no quadro, seus dois irmãos, Homero e Ivan, a ele se juntaram para comporem a marchinha Me Dá Um Dinheiro Aí, gravada pelo próprio Moacyr, sucesso absoluto no Carnaval de 1960 e seguintes, que até hoje rende polpudos direitos autorais para os três.

 

                        Chico Anysio também compôs, com parceiros, um sucesso que perdura até os dias atuais, aparecendo em qualquer antologia carnavalesca. Ninguém, ao ouvi-la, identifica-a com os autores. Mais adiante, falarei voltarei a ela.

 

                        Chico nasceu em Maranguape (CE), a 12.04.31, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), a 23.03.12, aos 80 anos de idade, vítima de grave pneumonia e insuficiência cardíaca.

 

                        No dia seguinte a seu falecimento, e até uma semana depois, foi a maior cobertura da mídia dedicada a uma pessoa do meio artístico brasileiro que tive a oportunidade de presenciar. A edição do dia 24.03.12 do Correio Braziliense dedicou-lhe caderno de 8 páginas! A revista Veja, a seguir, mais 4! Sua biografia, com todos os tipos criados por ele nos diversos programas da Televisão que estrelou, foi estampada nos mínimos detalhes. Faltando apenas um: ninguém se lembrou de sua atuação no Carnaval Brasileiro. E é isso que faço agora, não para louvar, nem para malhar, apenas para preencher essa lacuna que a mídia deixou escancarada.

 

                        Aprendi a gostar de Chico Anysio desde o início dos Anos 1960, quando cheguei a Brasília, ao comprar meu primeiro televisor. Meu tempo ocioso era preenchido, à noite, pelos programas da TV, e, durante o dia, por duas curtições que de mim se apossaram: a Discografia e a Literatura. Querendo comprar tudo que é disco gravado no mundo e ler todos os autores nacionais e estrangeiros mais famosos, fui-me afastando da TV e de tal modo que, já no início dos Anos 1970, eu só assistia aos noticiários e aos jogos de futebol. Por isso, as 209 personagens que Chico Anysio criou para a TV são quase todas minhas ilustres desconhecidas. Até porque, vindo eu de um trabalho de 6 meses no meio circense, abominava, e abomino até hoje, piadas que sempre terminam com a mesma frase, o que caracterizava a maioria dos tipos que Chico personalizava.

 

                        No entanto, guardo dele, em minhas prateleiras, estas duas preciosidades literárias, O Batizado da Vaca, lançado em 1972, e O Enterro do Anão, lançado em 1973:

 

Duas obras geniais

 

                        São crônicas hilariantes, nas quais Chico Anysio nos presenteia com toda sua criatividade, além do mérito que faz a qualidade dos dois livros: em momento algum ele se repete, com soía na TV.

 

                        Em minha curtição de colecionador de sucessos carnavalescos, acompanhei, mui atentamente, como pesquisador e folião, a trajetória do Chico compositor e do Chico intérprete.

 

Chico, compositor e intérprete

 

                        Para fazer-se uma marchinha que caia no agrado do povo – esta é minha opinião, e Chico dela compartilhava – são necessários dois ingredientes: refrão chamativo e apenas uma curta estrofe. Caso contrário, ninguém aprende a cantá-la. Sua primeira composição, a marchinha Guarda-chuva de Pobre, em parceria com Raul Sampaio e Rubens Silva, gravada pelos Vocalistas Tropicais para o Carnaval de 1955, já se enquadrava perfeitamente no metro e no compasso.

 

                        A segunda, Marcha do Sapo, em parceria com Dantas Ruas e Raul Sampaio, gravada pelos Vocalistas Tropicais para o Carnaval de 1956, segue e mesma batida.

 

                        Os anos se escorreram pelos buracos da peneira do tempo e, só em 1961, Chico Anysio voltou ao Carnaval, desta vez como intérprete, encarnando um de seus personagens da TV, com a marchinha Eu Sou Durão, de Mário Lago e Bruno Marnet.

 

                        O filão de seus personagens dá-lhe fôlego para voltar como intérprete em 1962, com a marchinha Não Sou de Nada, também de Mário Lago e Bruno Marnet.

 

                               A obra-prima carnavalescas de Chico Anysio viria em 1965, arrebentando a boca do balão. Trata-se da marcha-rancho Rancho da Praça Onze, em parceria com João Roberto Kelly, gravada por Dalva de Oliveira. Aqui, a letra e a melodia fogem dos padrões seguidos para as marchinhas anteriores, fazendo com que o Rancho permaneça para sempre na memória de todos e se faça presente em todos os locais em que se rememorem os sucessos carnavalescos de outrora, até em serestas, como várias vezes tive a oportunidade de testemunhar.

 

                        Em meados dos Anos 1970, o Carnaval Brasileiro, no que tange a marchinhas e sambas carnavalescos vivia seu estertor. Quase nada se produzia. Mas foi aí que a poderosa Rede Globo, com sua gravadora Som Livre, decidiu reativá-lo, criando o projeto Convocação Geral e trazendo para si considerável número de compositores novos, o que foi de grande alento para o setor. O primeiro lançamento, Convocação Geral 1975, com dois volumes, apresentou 33 excelentes composições.

 

                        No Convocação Geral 1976, Chico apresentou novo trabalho, a marchinha Fazendo Tudo, em parceria com Arnaud Rodrigues, que o grupo Trama gravou, mas sem a aceitação esperada.

 

                        No Convocação Geral 1977, até um veterano, campeoníssimo em toda a História do Carnaval Brasileiro, reapareceu com sua colaboração. Estou falando do eterno João de Barro, o Braguinha. Em parceria com Jota Júnior, e glosando a atuação do mágico israelense Uri Geller, que fazia furor na TV, pondo pra funcionar relógios quebrados e desentortando tudo que fosse de metal, lançou a marchinha Funciona, Cocota, que Chico Anysio gravou e se constituiu em tremendo sucesso, embora passageiro.

                       

                        O último Convocação Geral foi o de 1979, descaracterizado, a meu ver, em grande parte de suas faixas. O projeto lançou, nesses cinco anos, 116 composições, distribuídas em 8 LPs. Depois dele, os concursos de marchinhas não têm obtido o resultado que deles se espera.

 

                         A Fundição Progresso, que lançou, em 2006, o 1º Concurso de Marchinhas de Carnavalescas, também conhecido por Concurso de Marchinhas do Fantástico, até que se tem esforçado. Possuo as edições em CD até 2010, ano a partir do qual comecei a observar o desinteresse dos compositores.

 

                        Cumprida a tarefa a que me propus, compartilho com meus leitores as gravações originais dos sucessos maiores de Chico Anysio. 

COMO COMPOSITOR 

                        Fazendo Tudo, marchinha de Chico Anysio e Arnaud Rodrigues, gravação de Trama, para o Carnaval de 1976:

 

                        Guarda-chuva de Pobre, marchinha de Chico Anysio, Raul Sampaio e Rubens Silva, gravação dos Vocalistas Tropicais, para o Carnaval de 1955:

 

                        Marcha do Sapo, marchinha de Chico Anysio, Dantas Ruas e Raul Sampaio, gravação dos Vocalistas Tropicais, para o Carnaval de 1956:

 

                        Rancho da Praça Onze, marcha-rancho de João Roberto Kelly e Chico Anysio, gravação de Dalva de Oliveira, para o Carnaval de 1965:

 

COMO INTÉRPRETE 

                        Eu Sou Durão, marchinha de Bruno Marnet e Mário Lago, para o Carnaval de 1961:

 

                        Não Sou de Nada, marchinha de Mário Lago e Bruno Marnet, para o Carnaval de 1962:

 

                        Funciona, Cocota, marchinha de João de Barro e Jota Júnior, para o Carnaval de 1977:

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 06 de novembro de 2016

VIRGÍNIA LANE, A VEDETE DO BRASIL NO CARNAVAL

VIRGÍNIA LANE, A VEDETE DO BRASIL NO CARNAVAL

Raimundo Floriano 

 

                        Virgínia Giacone, a Virgínia Lane, compositora, atriz, cantora e vedete, nasceu a 28.02.1920, no Rio de Janeiro (RJ).

 

                        Dos 6 aos 14 anos, estudou como interna no Colégio Regina Coeli, passando, depois, para o Instituto Lafayette, onde cursou o primeiro ano de Direito, especialidade na qual mais tarde se formou. Frequentou a Escola de Bailados do Teatro Municipal, dirigida por Maria Olenawa. Em 1935, começou sua carreira como cantora, no programa Garota Bibelô, de César Ladeira, na Rádio Mayrink Veiga. Sua estreia no elenco do Cassino da Urca deu-se em 1943, quando atuou como cantora e dançarina à frente das orquestras de Carlos Machado, Tommy Dorsey e Benny Goodman.

 

 

 

                        Em 1945, contratada para curta temporada na Rádio Splendid e na Boate Tabaris, de Buenos Aires, na Argentina, acabou ficando por lá durante três anos. Gravou o primeiro disco em 1946, com a marchinha Maria Rosa, de Oscar Belandi e Dias da Cruz, e o samba Amei Demais, de Ciro de Souza e J. M. da Silva. De volta ao Brasil, em 1948, foi convidada pelo dramaturgo, cineasta, jornalista e produtor português Chianca Garcia para estrear como vedete na revista Um Milhão de Mulheres, no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro. Foi sua entrada triunfante no denominado teatro rebolado, a maior atração musical noturna da Capital Carioca.

 

                        Com o sucesso que obteve nessa revista, foi contratada por Walter Pinto, produtor teatral brasileiro, com quem atuou, durante quatro anos, como vedete de sua companhia no Teatro Recreio, o olimpo do teatro de revista brasileiro daquele tempo. Tornou-se, então, a principal vedete da Praça Tiradentes. Ali, por quatro anos seguidos, emplacou diversas revistas, em parceria com Walter. Durante a temporada de Seu Gegê, Virgínia recebeu o título de A Vedete do Brasil, dado pelo Presidente Getúlio Vargas, a quem a revista aludia e com quem mantinha um caso amoroso. 

 

                        Em 1951, estrelou a revista Eu Quero Saçaricar, de Freire Júnior e Luís Iglésias, no Teatro Carlos Gomes, na qual cantava a marchinha Saçaricando, de Luís Antônio Zé Mário e Oldemar Magalhães, que gravou na Todamérica, sucesso absoluto no Carnaval de 1952, até hoje cantada pelos foliões saudosos e faixa sempre presente em todas as coletâneas de músicas carnavalescas do passado.

 

                        Desde então, passou a trabalhar no Teatro Carlos Gomes. Ainda em 1952, foi eleita Rainha das Atrizes, pela Casa das Artistas. Nessa época, destacou-se também na televisão, especialmente nos Espetáculos Tonelux, da TV Tupi.

 

 

                        Sem jamais fugiu a seu estilo musical, Virgínia Lane sempre gravou músicas alegres e dançantes, quer no Carnaval, quer no meio do ano. Assim é que em seu repertório constam baiões, chá-chá-chás, choros, rancheiras, foxtrotes, maxixes e marchas juninas. Sua produção fonográfica, porém, foi mais direcionada par ao cenário carnavalesco, da qual possuo 43 peças, entre sambas e marchinhas, todas gravadas em 78 RPM, algumas de sua autoria individual ou em parceria.

 

                        No ano de 2003, a gravadora Acoustic Records lançou no mercado dois CDs com as músicas mais conhecidas de sua carreira, cujas capas aí estão: 

 

                        Virgínia fez sucesso também no cinema, participando de 37 filmes, na Cinédia e na Atlântida, principalmente nas chanchadas e comédias carnavalescas, cantando e contracenando com famosos astros da época, como Oscarito, Grande Otelo, Ankito e Zé Trindade. Além disso, chegou a montar sua própria companhia para levar o teatro de revista a diversas regiões do Brasil

 

                        Em 2005/2006 fez parte do elenco na novela Belíssima, da TV Globo, ao lado de outras ex-vedetes, como Carmem Verônica, Íris Bruzzi, Ester Tarcitano, Lady Hilda, Teresa Costello, Dorinha Duval, Anilza Leoni, Rosinda Rosa e Lia Mara, entre outras.

 

Virgínia Lane, no tempo de Getúlio Vargas 

                        Numa entrevista concedida à Jornalista Flávia Ribeiro, a 01.12.2007, Virgínia relatou seu romance com o Presidente Getúlio Vargas: – Conheci Getúlio quando eu tinha 15 anos, era muito menina. Minha mãe nasceu em São Borja (RS), como ele. Era 1935, fui para um churrasco vestindo saia curta e bota. Eu era bonita, ele ficou olhando. Mas o namoro começou mais para a frente, quando eu já estava com uns 19 anos, e durou quase 15, até a morte dele, em 1954.

 

                        Virgínia teve dois casamentos, dos quais enviuvou: com o Engenheiro Agrônomo Sérgio Kroff e com o Major Ganio Ganeff. Este último e Getúlio, segundo contou na entrevista, foram os dois grandes amores de sua vida.

 

                        Hoje, vivendo em seu sítio na cidade de Paraíba do Sul (RJ), onde mora com Marta, sua filha adotiva, Virgínia é uma veterana bem-apanhada, como atestam as fotos a seguir, e participa, todos os anos, dos desfiles de fantasias carnavalescas na Cinelândia, na plateia, bem entendido. 

 

                        Saçaricando foi sua marchinha de maior sucesso. Não há uma coletânea carnavalesca em CD, com arranjos e vozes atuais, que não a incluam em seu repertório. Outra marchinha, Zé Corneteiro, de Lalá Araújo lançada em 1953, fez muito sucesso e não poderia faltar na amostra de seu imenso repertório de Carnaval, que ora lhes disponibilizo.

 

Virgínia cantando Zé Corneteiro 

                        Antonieta Gazeteira, marchinha de Nélson Castro e Álvaro Matos, lançada em 1965:

 

                        Banana, marchinha de Luiz Antônio e Jota Júnior, lançada em 1952:

 

                        Bom Mesmo É Mulher, marchinha de J. Maia, Nina Nunes e Mário Meira Guimarães, lançada em 1958:

 

                        Bombeiro, Atenção, marchinha de Nélson Castro, lançada em 1954:

 

                        Bostelá, marchinha de João Roberto Kelly, lançada em 1966:

 

                        É Baba de Quiabo, marchinha de Virgínia Lane e Arcênio de Carvalho, lançada em 1956:

 

                        Essa Não, marchinha de Arlindo Marques Jr., Roberto Roberti e Valdemar, lançada em 1956:

 

                        João Ninguém, samba de José Roberto e Amado Régis, lançado em 1957:

 

                        Lá Vem a Cobra Grande, marchinha de João de Barro e Antônio Almeida, lançada 1952:

 

                        Maçã da Tentação, marchinha de Nélson Castro e José Batista, lançada em 1958:

 

                        Madame Sapeca, marchinha de José Roberto e José Batista, lançada em 1956:

 

                        Mamãe Já Vem Aí, marchinha de Nelson Castro e José Batista, lançada em 1957:

 

                        Mão de Gato, marchinha de Oldemar Magalhães e José Roberto, lançada em 1958:

 

                        Marcha da Pipoca, marchinha de Luiz Bandeira e Arsênio de Carvalho, lançada em 1955:

 

                        Marcha do Boi, marchinha de Amado Régis e Jarbas Assad, lançada em1958:

 

                         Marcha do Fiu-fiu, marchinha de Virgínia Lane e Nélson Castro, lançada em 1955:

 

                        Maria Rosa, marchinha de Oscar Belandi e Dias da Rocha, lançada em 1946:

 

                        Meu Time É o Maior, marchinha de Otolindo Lopes, Oldemar Magalhães e Joper, lançada em 1981:

 

                        Morro, samba de Antônio Almeida, lançado em 1954:

 

                        Mulher Que Chora por Homem, marchinha de Antônio Almeida, lançada em 1954:

 

                        Ninguém Me Controla, marchinha de Alcebíades Nogueira, Luiz de França e Nélson Bastos, lançada em 1957:

 

                        No Balaio da Sinhá, maxixe de Arcênio de Carvalho, lançado em 1955:

 

                        Primavera, marchinha de Antônio Almeida, lançada em 1953:

 

                        Quá, Quá, Quá, marchinha de Virgínia Lane, lançada em 1955:

 

                        Quando Vem a Noite, samba de Monsueto e Álvaro F. Gonçalves, lançado em 1955:

 

                        Que Palhaço, marchinha de Virgínia Lane e William Duba, lançada em1958:

 

                        Saco de Pão, marchinha de Ubirajara Mendes, lançada em 1952:

 

                        Um Beijinho Por Telefone, chá-chá-chá de Alberto Ribeiro e Marcos Perdomo, lançado em 1956:

 

                        Vai Levando, marchinha de Antônio Almeida, lançada em 1952:

 

                        Você Não Emplaca 61, marchinha de Nélson Castro e Álvaro Matos, lançada em 1961:

 

                        Você Quer Casar, marchinha de Nélson Castro, lançada em 1955:

 

                        Zé Corneteiro, machinha de Lalá Araújo e Pedro Paulo Malta, lançada em 1953:

 

                        Saçaricando, marchinha de Luiz Antônio, Oldemar Magalhães e Zé Mário, lançada em 1952:

 

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Carnaval Brasileiro quinta, 03 de novembro de 2016

GILBERTO ALVES E O CARNAVAL

GILBERTO ALVES E O CARNAVAL

Raimundo Floriano 

 

                        Gilberto Alves Martins nasceu no bairro da Saúde, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 15.4.1915, e faleceu em Jacareí (SP), no dia 4.4.1992, aos 76 anos de idade.

 

                        Criado no subúrbio de Lins de Vasconcelos, aos 12 anos fugiu de casa com o irmão mais velho e arranjou emprego como carregador de marmitas, passando a viver desse serviço. Mais tarde, aprendeu o ofício de sapateiro, ao qual passou a dedicar-se por conta própria. Paralelamente, cursava o Secundário e iniciava-se no ambiente musical, participando serestas. Nessa época, conheceu Jacob do Bandolim, então garoto, que viria a ser seu grande amigo.

 

                        Aos 16 anos de idade, começou a frequentar os cabarés da Lapa e o Café Nice, travando conhecimento com Grande Otelo e Sílvio Caldas. Por volta de 1935, as serestas começaram a ser proibidas, e a Guarda Noturna dissolvia os grupos seresteiros que encontrava. Foi quando Gilberto conheceu Almirante que, depois de ouvi-lo cantar, o convidou para se apresentar na Rádio Clube do Brasil, onde ele começou a se apresentar, mas sem contrato, recebendo apenas pequeno cachê.

 

                        Passou, depois, a atuar na Rádio Guanabara, no programa de Luís Vassalo, para onde fora levado pelos compositores Christóvão de Alencar e Nássara, que conhecera numa seresta em Vila Isabel. Cantou também na Rádio Educadora, no programa dos Irmãos Batista – Marília e Henrique –, atuando paralelamente em outras emissoras.

 

                        Em 1938, aos 23 anos de idade, gravou seu primeiro disco, com os sambas Mulher, Toma Juízo, de Ataulfo Alves e Roberto Cunha, e Favela dos Meus Amores, de Roberto Cunha, pela Columbia. Conheceu, então, os compositores Roberto Martins e Mário Rossi, gravando seu segundo disco, com o samba Mãos Delicadas, dos dois, e a valsa Duas Sobras, de Roberto e Jorge Faraj. Daí em diante, gravou diversos sucessos da dupla Roberto Martins e Mário Rossi, entre os quais seu primeiro êxito em disco, a valsinha Trá-lá-lá, pela Odeon, em 1940. A seguir, vieram outros grandes sucessos, como Natureza Bela, samba de Felisberto Martins e Henrique Mesquita, em 1941, a marchinha Cecília, de dupla Martins e Rossi, e o foxe Adeus, dos mesmos autores, ambos em 1944.

 

                        Ainda em 1944, gravou os foxes Despedida, de Tito Ramos, e Algum Dia Te Direi, de Christóvão de Alencar e Felisberto Martins. Em 1948, deixou a Odeon e assinou contrato com a RCA Victor, gravando o samba Rosa Maria, de Aníbal Silva Éden Silva, um dos grandes sucessos do Carnaval daquele ano, passando a trabalhar também na Rádio Nacional.

 

                        Em 1949, casou-se com Jurema Cardoso. Em 1950, transferiu-se para a Rádio Tupi, onde permaneceu até 1970, quando se aposentou.

 

                        Sua vitoriosa carreira amealhou sucessos como os sambas Pombo Correio, de Benedito Lacerda e Darcy de Oliveira, Recordar É Viver, de Aldacir Louro e Aluísio Martins, De Lanterna na Mão, de Elzo Augusto e J. Saccomani, Abre a Janela, de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, Isaura, de Herivelto Martins e Roberto Roberti, Chorar Pra Quê?, de Pereira Matos e Oldemar Magalhães, e Jorge Martins, Graças a Deus, de Roberto Martins e Oswaldo Santiago, O Trem Atrasou, de Artur Vilarinho, Estanislau Silva e Paquito, Recordar, de Aldacir Louro, Aluísio Marins e Adolfo Macedo, Rosa Maria, de Aníbal Silva e Éden Silva, Última Chance, de Roberto Martins e Mário Rossi, e as marchinhas A Jardineira, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, Aurora, de Mario Lago e Roberto Roberti, e Carolina, de Hervê Cordovil e Bonfiglio de Oliveira, além dos já citados.

 

                        Sua discografia é bem extensa, registrando 199 títulos e englobando todos os ritmos da MPB. Em meu acervo, possuo, só nos gêneros marchinha e samba carnavalesco, 109 faixas por ele gravadas.

 

                        Seus LPs são encontráveis com facilidade nos sebos virtuais. Ele morreu numa época em que o CD era a moda, por isso, em vida, não conheceu essa fase tão lucrativa do comércio fonográfico. A Editora Revivendo, maior preservadora da Discografia Brasileira, conserva em seu catálogo diversas coletâneas de Carnaval, nas quais Gilberto é um dos principais intérpretes, além de vários títulos individuais.

 

                        Mesmo depois de aposentado, continuou ele atuando em várias emissoras de rádio e televisão, assim como em casas de shows e em espetáculos montados com a Velha Guarda da Música Popular Brasileira.

 

                        Seus últimos anos de vida foram passados em cidades do Interior Paulista, primeiro em Cesário Lange e, mais tarde, em Jacareí, onde veio a falecer.

 

                        Em outra matéria, apresentei seu repertório seresteiro. Agora, disponibilizo aqui sua contribuição para a grandeza do Carnaval Brasileiro:

 

                        Amor Perfeito, marchinha de Pedro Caetano e Alcir Pires Vermelho, de 1941:

 

                        Bebé Chorão - marchinha de Antenógens Silva e Irani de Oliveira, 1942:

 

                        Cecília, marchinha de Roberto Martins e Mário Rossi, de 1944:

 

                        Chorar Pra Quê?, samba de Pereira Matos e Oldemar Magalhães, de 1948:

 

                        De Lanterna na Mão, samba de José Saccomani, Elzo Augusto e Jorge Martins, de 1961:

 

                        Garota Sapeca, marchinha de Aldacir Louro e Fernando Martins, 1951:

 

                        Graças a Deus, samba de Roberto Martins e Oswaldo Santiago, de 1941:

 

                        Recordar, samba de Aldacir Louro, Aluísio Marins e Adolfo Macedo, de 1955:

 

                        Se Eu Morrer Amanhã, samba de Garcia Jr. e Jorge Martins, de 1962:

 

                        Vem Morar Comigo, samba de Aldacir Louro, Edu Rocha e Fernando Martins, de 1952:

 

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Carnaval Brasileiro quinta, 03 de novembro de 2016

JORGE GOULART E O CARNAVAL

JORGE GOULART E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

  

                        Jorge Neves Bastos, o Jorge Goulart, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), à Rua Araripe Júnior, bairro Andaraí, no dia 16 de janeiro de 1926, cidade onde veio a falecer no dia 17 de março de 2012, aos 86 anos de idade. Era filho do jornalista Iberê Bastos e de Arlete Neves Bastos, do lar.

 

                        Sua morte aconteceu uma semana antes da do humorista Chico Anysio, ocorrida no dia 23 seguinte. Para o ator global, o Correio Braziliense dedicou, na primeira lapada, afora menção nas edições seguintes, caderno com 8 páginas, e a revista Veja, mais 4. Quanto a Jorge, o Correio se calou, e a Veja publicou apenas esta lacônica nota, na seção Datas, tópico Morreram

 

                        Não considero descaso da grande imprensa com esse grande ídolo da Velha Guarda da MPB. Se Chico criou 209 personagens, Jorge deixou 217 títulos gravados, todos em meu acervo. A imensa discrepância entre a cobertura dada ao falecimento do humorista e ao do cantor reside no aspecto de que Chico se encontrava em plena atividade, enquanto que Jorge se distanciara dos microfones e do palco, havia muito tempo, devido a problemas de saúde.

 

                        A única homenagem digna em toda a mídia a Jorge Goulart aconteceu no Jornal da Besta Fubana. No dia 19.03.12, nosso colega Walter Jorge, compositor, músico e pesquisador, em sua coluna Conversa de Matuto, dedicou-lhe oportuna crônica, estampando capa de um de seus discos e postando duas de suas gravações: o samba Divina Dama, de Cartola, e valsa Luzes da Ribalta, de Charles Chaplin, versão de João de Barro e Antônio Almeida. Na ocasião, deixei um comentário sobre o quanto admirava o cantor e prometendo matéria com seu perfil, o que agora faço, trazendo seu nome novamente à tona.

 

                        Jorge Goulart, ainda menino, participava de serestas no bairro do Meyer, cantando sucessos do repertório de Francisco Alves, Vicente Celestino, Carlos Galhardo, e Orlando Silva. Estudou no Colégio Pedro II, onde foi aluno do Maestro Villa-Lobos e solista do coral.

 

                        Em 1943, aos 17 anos, foi apresentado por seu pai aos compositores Benedito Lacerda, Custódio Mesquita e Orestes Barbosa, no antigo Café Nice. Começou aí sua carreira de cantor, apresentando-se no Circo do Dudu e em dancings da Lapa, divulgando composições de Custódio, até fixar-se no Eldorado, onde cantava todas as noites. Com a ajuda do cantor João Petra de Barros, passou a cantar, uma vez por semana, em programa noturno da Rádio Tupi.

 

                        Logo que começou a despontar nas noites cariocas, seus amigos sentiram a necessidade de criar-lhe um nome artístico. Na época, a locutora Heloísa Helena, da patota, fazia o comercial do Elixir de Inhame Goulart. Inspirados no anúncio, os colegas sugeriram o nome Jorge Goulart, que ele adotou no ato.

 

                        Em 1945, por influência de Custódio Mesquita, diretor da RCA Victor, gravou seu primeiro disco 78 RPM, com a valsa A Volta e o samba Paciência, Coração, ambos de Benedito Lacerda e Aldo Cabral.

 

                        O disco, lançado logo depois do Carnaval, resultou em fracasso, talvez porque Jorge cantasse imitando Nelson Gonçalves. Depois, gravou mais dois outros discos e, não obtendo sucesso, foi dispensado da gravadora.

 

                        Continuou, porém, a participar da programação noturna da Rádio Tupi, onde conheceu Ary Barroso que, retornando dos Estados Unidos e reassumindo seu cargo de produtor da emissora, o convidou a cantar sua nova música, Xangô, batuque afro, com letra de Fernando Lobo, no programa de estreia da orquestra que havia formado. Com essa interpretação, firmou-se definitivamente no rádio brasileiro, assinando contrato de exclusividade por quatro anos com a emissora.

 

                        Em 1946, Jorge atuou no show Um Milhão de Mulheres, organizado pelo cineasta, jornalista e produtor Chianca Garcia, que permaneceu em cartaz durante dois anos no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. A seguir, rumou para Porto Alegre (RS), inicialmente com a troupe de Chianca, passando depois a cantar em boates.

 

                        Em 1949, retornando ao Rio de Janeiro, gravou, pela Continental, o samba Miss Mangueira, de Wilson Batista e Antônio Almeida, e a marchinha Balzaquiana, de Wilson Batista e Nássara, que foi um dos grandes destaques do Carnaval de 1950, consagrando-o como grande intérprete do gênero. O sucesso alcançado com a marchinha lhe valeu um contrato de três anos com a gravadora e a oportunidade de incorporar-se ao elenco da Rádio Nacional, onde ficou durante 15 anos.

 

                        A partir dessa época, lançou inúmeros sucessos carnavalescos e de meio de ano, destacando-se entre estes a valsa Dominó, de Jacques Plante e Paulo Tapajós, o beguine Jezebel, de Shamkin e Cambé da Rocha, e Canção do Moulin Rouge, de Georges Auric, Wiliam Engrnick e Carlos Alberto.

 

                        A carreira de Jorge Goulart no cinema começou em 1949, no filme Também Somos Irmãos, de José Carlos Burle. O excelente desempenho lhe rendeu um contrato de exclusividade com a Atlântida Cinematográfica. No mesmo ano, atuou em Carnaval no Fogo, de Watson Macedo. Participou ainda dos filmes Não é Nada Disso e Aviso aos Navegantes, do mesmo diretor, e Garotas e Samba, de Carlos Manga, entre outros. No filme Tudo Azul, de Moacyr Fenelon, Jorge aparece cantando um de seus maiores sucessos, o samba Mundo de Zinco, de Antônio Nássara e Wilson Baptista, que ficou em primeiro lugar no concurso de músicas para o Carnaval de 1952.

 

                        No mesmo ano, o cantor foi eleito o Rei do Rádio, em concurso organizado pela Associação Brasileira de Rádio. Nessa fase de ouro de sua carreira, Jorge Goulart fez várias gravações de sucesso. Uma de suas mais belas interpretações foi o samba-canção Cais do Porto, de Capiba, o conhecidíssimo compositor pernambucano. O poderoso timbre de sua voz valeu-lhe o apelido de Garganta de Aço.

 

Jorge ao microfone 

                        Jorge Goulart teve um grande amor em sua vida, a cantora Nora Ney. Os dois se conheceram, em 1952, quando cantavam no Copacabana Palace e, após um período conturbado, assumiram o relacionamento e passaram a viver juntos até a morte da cantora em 2003.

 

Jorge Goulart e Nora Ney 

                        Em meados da Década de 1950, ainda havia uma grande resistência aos sambistas do morro. Jorge Goulart trouxe para o rádio e para o disco músicas de compositores das Escolas de Samba. O primeiro grande sucesso de um desses sambistas gravado por Jorge Goulart foi o samba A Voz do Morro, de Zé Kétty, destaque do Carnaval de 1956, que também foi cantado por Jorge no filme Rio 40 Graus, de Nélson Pereira dos Santos.

 

                        No fim Década de 1950, junto com Nora Ney, Jorge Goulart excursionou por diversos países do Leste Europeu e pela China. Além deles, integravam o grupo Paulo Moura, Conjunto Farroupilha, Dolores Duran e Carmélia Alves. Fizeram vários shows divulgando a música e a cultura brasileiras. Em 1957, Jorge Goulart emplacou outro grande êxito, o samba-canção Laura, de João de Barro e Alcyr Pires Vermelho.

 

                        Na primeira metade da Década de 1960, Jorge Goulart manteve sua marcante presença no cenário musical brasileiro, gravando principalmente músicas para o Carnaval, estourando com as marchinhas Cabeleira do Zezé, de Roberto Faissal e João Roberto Kelly, em 1964, e Joga a Chave, Meu Amor, de Kelly e J. Ruy, em 1965. Nessa mesma década, estreou como intérprete de samba-enredo na Escola de Samba Império Serrano. Em 1965, a Escola levou para a avenida, com sua voz, o samba Cinco Bailes da História do Rio, de Silas de Oliveira, Bacalhau e Ivone Lara. Goulart dizia que o único lugar onde se fazia samba de chão era no morro. No início do Regime Militar que se instalara no Brasil em 1964, Jorge Goulart e Nora Ney, como alguns outros artistas, foram demitidos da Rádio Nacional.

                       

                        A partir então, o meio musical se fechou para os dois, que passaram a excursionar por diversos países, em redor do mundo.  Em 1971, já no Brasil, Jorge fez uma temporada na boate Feitiço da Vila, em Belo Horizonte. Para comemorar os 25 anos de união matrimonial, Jorge Goulart e Nora Ney gravaram, em 1977, o LP Jubileu de Prata. Uma das músicas do LP, interpretadas por ele é o samba-canção Fim de semana em Paquetá, de João de Barro e Alberto Ribeiro. O último disco de Jorge Goulart saiu do espetáculo Oh! As Marchinhas, no qual atuou com Emilinha Borba. O show foi escrito e dirigido por Ricardo Cravo Albin e apresentado em 1981, na Sala Funarte.

 

 

                        Em 1982, Jorge Goulart e Nora Ney apresentaram-se no Teatro Gonzaga, em Marechal Hermes, numa série de shows intitulada De Coração a Coração, comemorando seus 30 anos de união.

 

                        Em 1983, Jorge Goulart encontrava-se em plena atividade quando lhe apareceu um câncer na laringe. Submetido a uma cirurgia e perdendo a voz, Jorge não se entregou. Aprendeu a falar usando o esôfago e, ainda no INCA, realizou apresentações de suas músicas em playback, para arrecadar fundos em prol de outros enfermos, mostrando-lhes que, apesar dos percalços, a vida continuava.

 

                        Com esse raciocínio, o cantor seguiu realizando atividades filantrópicas, participando de eventos onde dublava seus sucessos. Por isso, foi agraciado com a Medalha Tiradentes, concedida pela Aessembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, e recebeu homenagens do Exército, do Colégio Pedro II e do Vasco da Gama, seu clube de coração.

 

                        Em 2007, Jorge Goulart casou-se com Antônia Lúcia, que fora enfermeira de Nora Ney até seu falecimento, em 2003, e passou, desde o casamento, segundo os amigos, a ser um verdadeiro Anjo da Guarda para o marido.

                       

                        Comemorou, em janeiro de 2012, seu 86º Aniversário no Teatro Mário Lago, no Colégio Pedro II, com um show que emocionou a toda a plateia. Foi sua despedida do público, deixando sua marca com um dos grandes cantores da Música Popular Brasileira.

 

                        Seu discos, ainda gravados em vida ou em coletâneas post mortem, são facilmente encontráveis na Editora Revivendo e em sebos virtuais.

 

                        Disponibilizo agora para vocês um pouco de seu imenso trabalho em prol do Carnaval Brasileiro, com títulos que ficaram para sempre nas lembranças dos foliões de outrora e ainda hoje são cantados nos blocos de sujos e bailes tradicionais:

 

                        A Voz do Morro, samba de Zé Ketty, gravado em 1955:

 

                        Arranca Máscara, samba de Antônio Almeida, gravado em 1956:

 

                        Bahia de Todos os Deuses, samba de Bala e Manoel, gravado em 1969:

 

                        Balancei a Roseira, samba de João de Barro, gravado em 1966:

 

                        Balzaquiana, marchinha de Nássara e Wilson Batista, gravada em1949:

 

                        Cabeleira do Zezé, marchinha de João Roberto Kelly e Roberto Faissal, gravada em 1964:

 

                        Carimbó no Carnaval, samba de João Roberto Kelly e Marcus Pitter, gravado em 1975:

 

                        Couro de Gato, samba de Grande Otelo, Rubens Silva e Popó, gravado dm1954:

 

                        Exaltação a Tiradentes, samba de Mano Décio da Viola e Estanislau Silva e Penteado, grado em 1949:

 

                        Ilu Ayê (Terra e Vida), samba de Cabana e Norival Reis, gravação de 1979:

 

                        Inflação de Mulheres, marchinha de Frazão e Marino Pinto, gravada em 1956:

 

                        Joga a Chave, Meu Amor, marchinha de João Roberto Kelly e J. Ruy, gravada em 1964:

 

                        Marcha da Pantera, Antônio Almeida, gravada em 1974:

 

                        Marcha da Quarta-feira de Cinzas, marcha-rancho de Carlos Lira e Vinícius de Moraes, gravada em 1963:

 

                        Marcha do Jota Jota, marchinha de Jorge Goulart e Wilson Batista, gravada em 1955:

 

                        Mundo de Zinco, samba de Nássara e Wilson Batista, gravada em 1951:

 

                        Não Faz Marola, marchinha de Antônio Almeida e José Batista, gravada em 1957:

 

                        Ninguém Tem Pena, samba de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, gravado em 1954:

 

                        O Mundo Encantado de Monteiro Lobato, samba de Batista da Mangueira, Darcy e Luiz, gravado em 1967:

 

                        O Mundo Melhor de Pixinguinha, samba de Evaldo Gouveia, Jair Amorim e Velha, gravado em 1974:

 

                        Pepita de Guadalajara, marchinha de João de Barro e Alberto Ribeiro, gravada em 1952:

                        Primeira Escola, samba de Joel de Almeida e Pereira Matos, gravado em 1943:

 

                        Promessa, samba de Castrinho e Jujuba, gravado em 1963:

 

                        Salve a Mulata, marchinha de João de Barro e Antônio Almeida, gravada em 1952:

 

                        Sansão e Dalila, marchinha de João de Barro e Antônio Almeida, gravada em 1951:

 

                        Sempre Mangueira, samba de Nássara e Wilson Batista, gravada em 1957:

 

                        Sereia de Copacabana, marchinha de Nássara e Wilson Batista, gravada em 1950:

 

                        Serenata em Fevereiro, marchinha de João de Barro, gravada em 1972:

 

                        Verdes Mares Bravios de Minha Terra Natal, samba de João de Barro, gravado em 1977:

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 30 de outubro de 2016

LINDA BATISTA E O CARNAVAL

LINDA BATISTA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

  

                        Nesta pesquisa carnavalesca, fico relembrando os grandes artistas do passado e suas gravações, sucessos que alegraram toda minha vida, desde os vesperais infantis, passando pelos blocos de sujo, pelos salões e pela Banda da Capital Federal, onde eu, Mestre e trombonista, gozei da felicidade de proporcionar ao povão nas ruas a oportunidade de também brincar naqueles dias de festa. E logo me vem à lembrança a figura de Linda, a mais velha das Irmãs Batista, cujo repertório fonográfico de 162 títulos, que compõem meu acervo, contém 73 dedicados ao Carnaval.

 

                        Florinda Grandino de Oliveira, a Linda Batista, cantora e compositora, nasceu em São Paulo (SP), no dia 14.6.1919, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) no dia 17.4.1988. Filha do ventríloquo e humorista Batista Júnior, e de Emilia de Grandino de Oliveira, era irmã da cantora Dircinha Batista.

 

                        Ainda criança, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no Bairro do Catete. Linda fez o Curso Primário no Colégio Sion, época que a empregada costumava levá-la para ouvir música na Corbeille de Flores, gafieira pertinho de sua casa.

 

                        Aos dez anos, começou a aprender violão com o cantor Patrício Teixeira, chegando a compor uma canção intitulada Tão Sozinha. Aos 12, passou a frequentar programas de rádio, acompanhando a irmã Dircinha ao violão. Terminado o Ginásio, no Colégio São Marcelo, iniciou-se no curso de Contabilidade e Corte e Costura.

 

                        Em 1936, devido a um atraso de Dircinha, substituiu-a, estreou como cantora no programa de Francisco Alves, na Rádio Cajuti, interpretando o samba Malandro, de Claudionor Cruz. Com o sucesso obtido, foi convidada para outras apresentações na emissora. Em 1937, foi eleita Rainha do Rádio, num concurso promovido no Iate dos Laranjas, barco carnavalesco atracado na Esplanada do Castelo, título que manteve durante 11 anos consecutivos.

 

                        A 3l de março de 1937, casou-se com Paulo Bandeira, de quem se separou menos seis meses depois. Ainda no mesmo ano, trabalhou no filme Maridinho de Luxo, realizou uma excursão pelo Nordeste, tornou-se crooner da Orquestra Kolman, no Cassino da Urca, e, contratada pela Odeon, lançou um disco em que interpretava, em dupla com Francisco Alves, os rasqueados Chimarrão, de Djalma Esteves, e Churrasco, de Esteves e Augusto Garcez.

 

                        Em 1938, participou do filme Banana de Terra, fez uma temporada na Rádio Cultura de São Paulo e apresentou-se na inauguração do Cassino da Ilha Porchat, em são Vicente (SP), ali atuando por seis meses.

 

                        Retornando ao Rio de Janeiro, em 1939, continuou a trabalhar no Cassino da Urca, onde foi a atração principal até 1945. Nesse período, lançou vários sucessos, como Passei na Ponte, marcha-conga de Ary Barroso, Tudo É Brasil, samba de Vicente Paiva e Sá Róris, Batuque no Morro, samba de Russo do Pandeiro, Clube dos Barrigudos, marcha de Christóvão de Alencar e Haroldo Lobo, e No Boteco do José, marcha de Wilson Batista e Augusto Garcez.

  

                        Na época, foi, assim com Carmen Miranda, uma das primeiras estrelas de grande popularidade em todo o Brasil. Em virtude desse renome, excursionou pela América do Sul, estrelou filmes e peças teatrais e se apresentou nas principais emissoras brasileira, além de fazer show musicais por todo o Território Nacional.

 

                        Em 1947, foi contratada pela Boate Vogue, onde permaneceu até 1952. Em 1948, gravou o samba Enlouqueci, de Luís Soberano, Valdomiro Pereira e João Sales. Para o Carnaval de 1950, gravou o samba Nega Maluca, de Fernando Lobo e Ewaldo Ruy, que obteve tanto sucesso ao ponto de se tornar nome rua no bairro paulistano do Jabaquara.

 

                        Em 1951, voltou à Rádio Nacional com o programa Coisinha Linda, atuou no filme Aguenta Firme, Isidoro, excursionou pela Europa, apresentando-se em Portugal, Paris e Roma, e lançou o samba-canção Vingança, de Lupicínio Rodrigues, o maior sucesso de sua carreira.

 

                        Em 1952, atuou nos filmes Tudo Azul, Está Com Tudo, e É Fogo na Roupa. Em 1954, participou dos filmes Carnaval em Caxias e O Petróleo É Nosso. em 1955, foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga e estrelou o filme Carnaval em Marte. Em 1956, transferiu-se para a Rádio tupi e atuou nos filmes Tira a Mão Daí e Depois Eu Conto.

 

                        Em 1957, trabalhou nos filmes Metido a Bacana e É de Xuá, e excursionou pelo Uruguai e Argentina. Após retornar, recebeu da UBC e da SBACEM, entidades arrecadadoras de Direitos Autorais, o Troféu Noel Rosa, por gravar exclusivamente música brasileira. 

 

                        A partir de 1960, passou a dedicar-se apenas ao repertório carnavalesco, inclusive com músicas de sua autoria, como a marchinha Olha a Italiana, de 1961 e participou de alguns programas especais da TV.

 

                        O tsunami avassalador do Anos 1960, formado pelo Rock, a Bossa Nova e a discriminação da TV quanto ao visual, levou Linda Batista de roldão, fazendo com que ela se retirasse da vida artística.

 

                        Mas ela o fez em grande estilo. Em 1962, foi campeã absoluta com Marcha do Paredão, de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, sátira aos fuzilamentos que estavam ocorrendo em Cuba, da qual falarei mais adiante.

 

                        Nos Anos 1980, Linda deixou completamente de participar da vida pública, recolhendo-se à companhia das irmãs, Dircinha e Odete, em seu apartamento no bairro carioca de Copacabana, o último bem imóvel que lhes restou. No fim da vida, elas passaram por dificuldades financeiras, tendo sido auxiliadas pelo cantor e fã José Ricardo.

 

                        Linda veio a falecer, a 17.04.1988, no Hospital Evangélico da Tijuca, vítima de infecção respiratória. Rainha do Rádio por mais de uma década, sofria também de depressão crônica, acentuada pelo esquecimento do público.

 

                        Em 1998, o musical intitulado Somos Irmãs, de Sandra Werneck, foi encenado no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, revivendo a vida, o sucesso e a decadência das irmãs Batista. A montagem, dirigida por Ney Matogrosso e estrelada por Sueli Franco e Nicete Bruno, ainda percorreu o Brasil em várias apresentações, sempre com êxito de público e de crítica.

 

                        Dentre os grandes sucessos carnavalescos que nos legou, estes foram mais tocados nos salões e cantados pelo público nas ruas: A Cobra Está Fumando, marcha, 1945; Chico Viola, samba, 1953; Clube dos Barrigudos, marcha, 1944; Coitado do Edgar, samba, 1943; Cordão dos Magricelas, marcha, 1945; Criado com Vó, frevo-canção, 1945; Enchente da Maré, marcha, 1955; Enlouqueci, samba, 1948; Escocesa, marcha, 1944; General da Banda, samba, 1950; Levou Fermento, samba, 1957; Madalena, samba, 1951; Marcha da Penicilina, marcha, 1954; Marcha do Paredão; marcha. 1962; Me Deixe em Paz, samba, 1952; Nega Maluca, samba, 1950; No Boteco do José, marcha, 1946; Nova Capital, marcha, 1957; O Gemido da Saudade, samba, 1958; O Soro e os Velhinhos, marcha, 1950; Pente do Careca É a Mão, marcha, 1951; Quero Morrer no Carnaval, samba, 1961; e Se Me Der na Cabeça, samba; 1949.

 

                        Para mostrar-lhes um pouquinho de seu trabalho, escolhi 5 títulos desse lindo repertório.

 

                        Nega Maluca, samba de Fernando Lobo e Ewaldo Ruy, gravado para o Carnaval de 1950, seu maior sucesso carnavalesco:

 

                        Marcha do Paredão, de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, campeã em 1962. Essa marchinha era premonitória. Previu o comportamento do brasileiro atual que, diante das condenações dos mensaleiros pelo Supremo Tribunal Federal, estão a absolvê-los, pagando as multas que lhes foram impostas e dando-lhes grande visibilidade ma mídia. Pra completar, menciona o nada-consta para quem roubar ou trem ou suicidar alguém:

 

                        No Boteco do José, marchinha e Wilson Batista e Augusto Garcez, gravada para o Carnaval de 1946:

 

                        Levou Fermento, samba de Monsueto e José Batista, gravado para o Carnaval de 1957:

 

                        Quero Morrer no Carnaval, samba de Luís Antônio e Eurico Campos, gravado para o Carnaval de 1961:

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 30 de outubro de 2016

DIRCINHA BATISTA E O CARNAVAL

DIRCINHA BATISTA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano 

 

                        Dando continuidade a minha postagem pré-carnavalesca, volto a relembrar outra grande artista do passado e suas gravações, sucessos que alegraram toda minha vida, desde os vesperais infantis, passando pelos blocos de sujo, pelos salões e pela Banda da Capital Federal, onde eu, Mestre e trombonista, gozei da felicidade de proporcionar ao povão nas ruas a oportunidade de também brincar naqueles dias de festa. Na semana passada, dediquei-me a Linda, a mais velha das Irmãs Batista. Hoje, trago-lhes o perfil da mais nova, Dircinha, cujo repertório fonográfico de 222 títulos, que compõem meu acervo, contém 121 dedicados ao Carnaval.

 

                        Dirce Grandino de Oliveira, a Dircinha Batista, cantora e compositora, nasceu em São Paulo (SP), no dia 7.4.1922, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 18.6.1999. Filha do ventrículo e humorista Batista Júnior e de Emília Grandino de Oliveira, era irmã da também cantora Linda Batista.

 

                        Após seu nascimento, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no Bairro do Catete. Aos quatro anos de idade, Dircinha começou a ser alfabetizada num grupo escolar da Praça José de Alencar, cursando a seguir os Colégios Sion e São Marcelo.

 

                        Já aos seis anos de idade, em 1928, fez sua estreia artística cantando Morena Cor de Canela, de Ari Kerner, num show organizado por Raul Roulien, no Teatro Santana, em São Paulo, para o qual seu pai fora convidado. Ainda no mesmo ano, cantou com sucesso, no Cine Boulevard, em Vila Isabel. No ano seguinte, ingressou no colégio Divina Providência, onde concluiu o Curso Primário.

 

                        Em 1930, aos oito anos de idade, gravou seu primeiro disco, na Columbia, com o nome de Dircinha Oliveira, contendo as músicas Borboleta Azul e Dircinha, compostas pos seu pai. No ano seguinte, ingressou na Rádio Cajuti, depois Vera Cruz, participando do programa de Francisco Alves, e gravou, pela Odeon, seu segundo disco, cantando Órfã e Anjo Enfermo, de Cândido das Neves. 

 

                        Em 1935, quando cursava o ginásio no Ateneu São Luís, estreou no cinema, cantando Eu Vi Você no Posto Seis, de João de Barro, no filme Alô, Alô, Brasil. Em 1936, já com o nome de Dircinha Batista, cantou e dançou no filme Alô, Alô, Carnaval, as marchinhas Pirata e Muito Riso, Pouco Siso, ambas de João de Barro e Alberto Ribeiro, gravadas na RCA Victor no mesmo ano, assim como as marchinhas Meu Sonho Foi Um Balão, de Alberto Ribeiro, e Meu Moreno, de Hervê Cordovil.

 

 

                        Seu primeiro sucesso no Carnaval aconteceu em 1938, com a marchinha Periquitinho Verde, de Nássara e Sá Róris. No mesmo ano, participou de três filmes: Bombonzinho, Banana da Terra e Futebol em Família.

 

                        Desde então, vieram outros títulos consagrados pelo público, como a marchinha Tirolesa, de Osvaldo Santiago, muito cantada em 1939, Upa, Upa (Meu Trolinho), de Ary Barroso, êxito que marcou sua presença no Carnaval de 1940.

 

                        Sua carreira foi marcada por contratos diversos com várias gravadoras e estações de rádio, além de atuação como atriz, como na novela Meu Amor, de Hélio Soveral. Em 1951, gravou, com tremendo sucesso, o samba-canção Nunca, de Lupicínio Rodrigues, e fez parte do elenco da Companhia Teatral de Dercy Gonçalves, apresentando-se no Teatro Glória, no Rio de Janeiro.

 

                        No final de 1951, assinou contrato com as Rádios Nacional e Clube. Nesta última, fez o programa Recepção, escrito por Eugênio Lira e dirigido musicalmente pelo Maestro Alceu Bocchino. Quando a Rádio Clube fechou, Dircinha permaneceu no elenco da Nacional, onde fazia o programa Galeria Musical, escrito por Paulo Roberto e dirigido pelo Maestro Leo Peracchi.

 

                        O ano de 1953 marcou sua segunda experiência teatral, também no Teatro Glória, com a Companhia Barreto Pinto, quando gravou o samba-canção Se Eu Morresse Amanhã, de Antônio Maria. Nos seis anos seguintes, participou de sete filmes: Carnaval em Caxias, em 1954; Guerra ao Samba, em 1955; Tira a Mão Daí, e Depois Eu Conto, em 1956; Metido a Bacana, em 1957; É de Xuá, em 1958; e Mulheres à Vista, em 1959.

 

                        Em 1961, passou a trabalhar na TV Tupi, como repórter e animadora de programas. Para o Carnaval de 1963, estourou a banca com a marchinha O Último a Saber, de Klécius Caldas e Brasinha. Em 1964, outro grande sucesso, com a marchinha A Índia Vai Ter Neném, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira.

 

 

                        A Década de 1960 foi cruel para com os grandes ídolos da Velha Guarda, e muito contribuiu para isso a força do Rock, da Bossa Nova e da Jovem Guarda, além da insensibilidade da TV, sempre mais voltada à aparência de seus astros e, na mais das vezes, desprezando o talento.

 

                        Assim, no início da década seguinte, Dircinha encerrou sua carreira, depois de mais de 40 anos de atividade artística, não sem arrebentar a boca do balão: em 1970, foi sucesso absoluto com a marcha-rancho O Primeiro Clarim, de Klécius Caldas e Ruthnaldo.

 

                        Turrona, enjeitou propostas vultosas para gravar programas especiais para a TV. Em 1978, quando o Programa Banco de Memória, da TV Globo, gravou, em seu apartamento, o depoimento da irmã Linda, entrevistada por Ricardo Cravo Albin, a equipe ficou esperando por Dircinha mais de três horas, sem qualquer resultado, pois ela recusava-se a sair de seu quarto. A depressão que já a acometia, piorando a partir daí.

 

                         Em 1985, Dircinha e as irmãs Linda e Odete foram encontradas no apartamento onde moravam, em Copacabana, em condições de completo abandono. Ela foi conduzida, em estado deplorável, pelo cantor José Ricardo, dois anos depois da morte de Linda, para viver numa cadeira de rodas no Hospital Dr. Eiras, onde faleceu em 1999. No mesmo ano, antes de seu falecimento, o espetáculo teatral Somos Irmãs, escrito por Sandra Werneck e interpretado por Sueli Franco e Nicete Bruno, contou as vidas de Dircinha e de sua irmã Linda nos palcos das principais cidades do Brasil, com enorme sucesso de público.

 

                        Dos 121 sucessos carnavalescos que nos deixou, estes ficaram para sempre na memória dos foliões e hoje fazem parte de coletâneas lançadas pelas gravadoras: A Coroa do Rei, samba, 1950; A Índia Vai Ter Neném, marcha, 1964; A Mulher Que É Mulher, samba, 1954; A Tirolesa, marcha, 1939; A Última Orquestra, marcha-rancho, 1971; Baile dos Casados, marcha, 1946; Barba Azul, marcha, 1940; E o Vento Levou, samba, 1941; Ela Foi Fundada, marcha, 1957; Forrobodó, marcha, 1941; Holandesa, marcha, 1941; Índio do Xingu, marcha, 1966; Juro, frevo-canção, 1940; Luar de Paquetá, marcha, 1940; Mamãe, Eu Levei Bomba, marcha, 1958; Máscara da Face, samba, 1953; Minha Terra Tem Palmeiras, marcha, 1959; Na Casa do Seu Tomaz, 1939; Não Se Sabe a Hora, samba, 1958; O Cachorrinho do Lalau, marcha, 1966; O Primeiro Clarim, marcha-rancho, 1970; O Último a Saber, marcha, 1963; Ó, Abre Alas, marcha-rancho; Oh! Suzana, marcha, 1943; Periquitinho Verde, marcha, 1938; Pirata, marcha, 1936; Se Eu Tivesse Um Milhão, samba, 1941; e Upa, Upa (Meu Trolinho) marcha, 1940.

 

                        Para relembrar um pouco essa grande Musa da MPB, escolhi 5 de seus grandes Sucessos.

 

                        Máscara da Face, samba de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, lançado no Carnaval de 1953:

 

                        O Primeiro Clarim, marcha-rancho de Klécius Caldas e Ruthnaldo, lançada no Carnaval de 1970:

 

                        Periquitinho Verde, marchinha de Nássara e Sá Róris, lançada no Carnaval de 1938:

 

                        A Coroa do Rei, samba de Haroldo Lobo e David Nasser, lançado no Carnaval de 1950:

 

                        A Índia Vai Ter Neném, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, lançada no Carnaval de 1964:

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 30 de outubro de 2016

ARACY DE ALMEIDA E O CARNAVAL

ARACY DE ALMEIDA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

  

                        Tenho o grato prazer de apresentar-lhes, hoje, Aracy de Almeida, essa grande Musa da MPB, cujo repertório dominou os festejos momescos dos quais participei, primeiro como folião e, depois, como trombonista e Mestre da Banda da Capital Federal, nos bailes, vesperais e blocos de sujo deste país.

 

                        Aracy de Almeida – batizada Araci Teles de Almeida –, nasceu no dia 19.8.1914, no Bairro Encantado, subúrbio do Rio de Janeiro (RJ), cidade onde veio a falecer no dia 20.6.1988, no Hospital dos Servidores do Estado, vítima de embolia pulmonar. Ficou conhecida como A Dama do Encantado, O Samba em Pessoa e A Dama da Central do Brasil. Em agosto de 2014, portanto, foi comemorado seu Centenário de Nascimento.

 

                        Cresceu no Encantado, juntamente com a família. Seu pai, Baltasar Teles de Almeida, era chefe de trens da Central do Brasil. Estudou num colégio em Engenho de Dentro, onde foi colega do radialista Alziro Zarur e, depois, no Colégio Nacional, no Meyer. Garota pobre, ainda jovem Aracy cantava no coro da Igreja Batista da qual seu irmão Alcides era Pastor. Desde os tempos de criança, sonhava em ser cantora de rádio. Cantava samba, mas era apreciadora de música clássica e se interessava por leituras de psicanálise, além de ter em sua casa quadros de importantes pintores brasileiros como Aldemir Martins e Di Cavalcanti, com quem mantinha amizade.

 

                        Os que conviviam com ela, na intimidade ou profissionalmente, tinham-na como uma mulher lida e esclarecida. Tratada por amigos pelo apelido de Araca, Noel Rosa disse, em 1933, numa entrevista a Orestes Barbosa, para o jornal A Hora: "Aracy de Almeida é, na minha opinião, a pessoa que interpreta com exatidão o que eu produzo".

 

                        Começou a cantar profissionalmente na Rádio Educadora, em 1933, o que aconteceu a partir de seu conhecimento com o compositor Custódio Mesquita, para quem cantou o foxtrote Bom Dia, Meu Amor, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano, tornando-se logo um dos nomes mais evidentes da fase de ouro do rádio. Por essa época, já conhecia Noel Rosa e, segundo o pesquisador Antônio Epaminondas, saía muito com o compositor, "ele de violão em punho, frequentando tudo o que era casa suspeita, botequins, nas imediações da Central do Brasil, na Taberna da Glória, etc., e ela ainda de menor". 

 

                        Em 1934, gravou, para o Carnaval seu primeiro disco, na Columbia, interpretando as marchinhas Em plena Folia, de Julieta de Oliveira, e Golpe Errado, de um compositor conhecido apenas como Jaci. No final o mesmo ano, fez o seu primeiro registro de uma música de Noel Rosa, o samba Riso de Criança, ainda pela Columbia.

 

                        Em 1935, assinou, com a Rádio Cruzeiro do Sul, seu primeiro contrato e passou a integrar o elenco da gravadora Victor, participando de diversas gravações como integrante do Coro. No mesmo ano, realizou sua primeira gravação solo na Victor, interpretando os sambas Triste Cuíca, de Noel Rosa e Hervê Cordovil e Tenho Uma Rival, de Valfrido Silva. Ainda em 1935, gravou o samba Pedindo a São João, de Herivelto Martins e Darci de Oliveira, e a marchinha Santo Antônio, São Pedro, São João, de Herivelto Martins e Alcebíades Barcelos.

 

                        Seu talento para cantar sambas e músicas carnavalescas fez com que fosse chamada pelo locutor César Ladeira de O Samba em Pessoa. 

 

                        Foi casada com o goleiro de futebol Rei – José Fontana –, que jogou pelo Vasco e pelo Bangu, entre as décadas de 1930 e 1940, mas o casamento durou pouco tempo.

 

                        Em 1936, gravou seus primeiros grandes sucessos, os sambas Palpite Infeliz e O X do Problema, ambos de Noel Rosa. Palpite Infeliz foi muito cantado no Carnaval daquele ano, embora não originalmente destinado aos festejos de Momo. No mesmo período, assinou contrato com a Rádio Tupi.

 

                        Em 1937, lançou, de Noel Rosa, os sambas Eu Sei Sofrer e O Maior Castigo Que Eu Te Dou. Também, no mesmo ano, fez bastante sucesso com o samba Tenha Pena de Mim, de Ciro de Souza e Babaú, e tranferiu-se para a Rádio Nacional.

 

                        Em 1938, lançou o samba-canção Último desejo, derradeira composição de Noel Rosa. No mesmo ano, gravou os sambas Século do Progresso e Rapaz Folgado, também de Noel. Em 1939 lançou, para o Carnaval de 1940, com grande êxito, o samba Camisa Amarela, de Ary Barroso, que se tornou um clássico da Música Popular Brasileira.

 

                        Além das rádios Educadora, que se tornaria mais tarde Rádio Tamoio, e Cruzeiro do Sul, atuou nas rádios Mayrink Veiga, Ipanema, Cajuti e Philips, onde, no Programa Casé, fez dupla com o cantor e compositor Sílvio Caldas.

 

                        Daí em diante, com a carreira completamente consolidada e reverenciada pelo público, lançou grandes nomes e grandes títulos da MPB, quer de Carnaval, quer de ano, com retumbante sucesso.

 

                        Em 1950, foi morar em São Paulo (SP), onde residiu até 1962, quando retornou para o Rio de Janeiro.

 

                        Como já foi dito aqui nos perfis de Linda e Dicinha Batista, os Anos 1960 forma cruéis para com os ídolos da Velha Guarda da MPB, com a força do Rock, da Jovem Guarda e da TV, cujo requisito principal era a aparência visual, sempre exigindo rostos novos e corpos com apelo sexual. Assim, Aracy de Almeida, como cantora, foi, aos poucos, caindo no esquecimento das novas gerações.

 

                        Em 1964, ela participou, juntamente com outros cantores, do show de despedida – o primeiro de uma série – do cantor Sílvio Caldas no Maracanãzinho, despedida que acabou não se concretizando. Em 1968, participou do programa de calouros Proibido Colar Cartazes, ao lado do homorista Pagano Sobrinho, apresentado pela TV Record, de São Paulo, e apresentou-se, com Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, e Billy Blanco na boate Zum-Zum, do Rio de Janeiro.

 

                        Em 1965, fez vários shows no Rio de Janeiro: Samba Pede Passagem, no Teatro Opinião, Conversa de Botequim, dirigido por Miele e Boscoli, no Crepúsculo, e na boate Le Club, com o cantor Murilo de Almeida. Em Em 1969, apresentou-se na boate paulista Canto Terzo e participou do show Que Maravilha!, ao lado de Jorge Ben, Toquinho e Paulinho da Viola, no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo. 

 

                        Nas Décadas de 1970 e 1980, ficou conhecida por grande parte do público como jurada de programas de calouros na TV, aparecendo como uma senhora rabugenta, sempre de óculos escuros e mau-humor. Na verdade, tratava-se de uma personagem criada pela cantora para atrair a atenção do telespectador de programas como A buzina do Chacrinha e Sílvio Santos.

                        Em 1980, realizou show no Teatro Lira Paulistana, que acabou chegando ao disco, num lançamento póstumo da Continental, em 1988, intitulado Aracy de Almeida ao Vivo.

 

                        Após sua morte, a remasterização de antigas gravações e o relançamento em CD de antigos sucessos redimensionaram sua importância como intérprete. Em 1998, a cantora Olívia Byington lançou o CD A Dama do Encantado onde lhe prestou homenagem, reunindo 20 sucessos de seu repertório, e contando com participações especiais como as de Chico Buarque e direção musical de Maurício Carrilho. Em setembro do mesmo ano, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, patrocinou o musical Aracy de Almeida no País de Araca, com texto e direção de Eduardo Wotzick, baseado em sua vida. Essas regravações, assim como o disco de Olívia, são facilmente encontráveis em sebos virtuais. Eis algumas das capas:

  

                        Possuo em meu acervo 290 títulos com que ela nos presenteou em sua carreira artística, sendo 94 dedicados ao Carnaval, destacando-se, dentre eles: A Mulher do Leiteiro, marcha, 1942; Cala a Boca, samba, 1949; Camisa Amarela, samba, 1940; Cansei de Pedir, samba, 1935; Caramuru, marcha, 1939; Chorou Madureira, samba, 1950; Com Razão ou sem Razão, samba, 1941; Eu e Você, samba; 1937; Fez Bobagem, samba, 1942; Furacão, marcha, 1941; Louco, samba, 1947; Manda Embora Essa Tristeza, frevo-canção, 1936; Miau, Miau, marcha, 1939; Não Me Diga Adeus, samba, 1948; Não Sou Manoel, marcha, 1945; Ninguém Ensaiou, samba, 1944; O Circo Vem Aí, marcha, 1949; O Maior Castigo Que Eu Te Dou, samba, 1937; O Passo da Girafa, marcha, 1949; O Passo do Canguru, marcha, 1941; Palpite Infeliz, samba, 1936; Passarinho do Relógio, marcha, 1940; Qual o Quê, samba, 1938; Que Passo É Esse, Adolfo, marcha, 1943; Quebrei a Jura, samba, 1938; Tenha Pena de Mim, samba, 1938; Vaca Amarela, marcha, 1938; e Veneza Americana, frevo-canção, 1938.

 

                        Como pequena amostra de seu trabalho, escolhi três dessas faixas:

 

                        A Mulher do Leiteiro, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, do Carnaval de 1942:

 

                        Manda Embora Essa Tristeza, frevo-canção de Capiba, do Carnaval de 1936:

 

                        Passarinho do Relógio, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, do Carnaval de 1940:

 

                        Palpite Infeliz, samba Noel Rosa, do Carnaval de 1936:

 

                        O Passo do Canguru, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, do Carnaval de 1941:

 


Carnaval Brasileiro quinta, 27 de outubro de 2016

ALVARENGA E RANCHINHO E O CARNAVAL

ALVARENGA E RANCHINHO E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

Alvarenga e Ranchinho

 

                        Dupla sertaneja formada por Murilo Alvarenga, o Alvarenga, nascido em Itaúna (MG), a 22.5.1912, e falecido a 18.1.1978, e Diésis dos Anjos Gaia, o Ranchinho, nascido em Jacareí (SP), a 23.5.1913, e falecido a 5.7.1991, estrelaram o elenco original que, apesar dos percalços, encontros e desencontros, acertos e desacertos, dissoluções e retornos, foi o mais conhecido, famoso e duradouro.

 

                        Murilo, conhecido desde cedo pelo sobrenome, trabalhava em circos como trapezista, malabarista e cantor de tangos. Diésis atuava como cantor na Rádio Clube de Santos, apresentando repertório romântico do qual o samba-canção No Rancho Fundo, de Ary Barroso e Lamartine Babo, era uma de suas músicas prediletas, daí se originando o apelido Rancho. Conhecido também como Baixinho, em função do seu porte físico, aproveitou o apelido e o colocou no diminutivo – Ranchinho. 

 

                        Em 1928, numa seresta na cidade de Santos, Murilo e Diésis resolveram cantar juntos. De início, atuaram em circos, apresentando repertório variado, com valsas, modinhas, tangos, chorinhos e calangos, entremeando uma música e outra com causos e piadas, dos quais o público achava muita graça, aplaudindo-os em aprovação.

 

                        No ano de 1933, a dupla teve início efetivo, cantando no Circo Pinheiro, em Santos, e, logo depois, em São Paulo, na Companhia Bataclã. No ano seguinte, passou a fazer parte do elenco da Rádio São Paulo. Estava consolidada no cenário artístico nacional.

 

                        Em 1935, conheceu o compositor e humorista Silvino Neto, pai do ator global Paulo Silvino, com quem formou um trio, Os Mosqueteiros da Garoa, de curtíssima duração.

 

                        Refeita a dupla, passou ela a atuar em filmes, nas mais famosas estações de rádio do país e em casas de espetáculos até do exterior, assim como a gravar seus sucessos, incluindo-se neles vários carnavalescos, como Seu Condutor, de Alvarenga e Ranchinho, em 1938, e A Charanga do Flamengo, de Felisberto Martins e Fernando Martins, em 1947

 

                        Durante sua existência, a dupla teve outros componentes, em substituição a Ranchinho, que sempre voltava, pois não havia outro com talento igual para seu lugar.

 

                        Em 1936, integrando o elenco do Cassino da Urca, começou a fazer sátiras políticas, que se tornaram um dos seus pontos fortes, o que lhe acarretou sérios problemas com a censura oficial.

 

                        Mas em 1939, Alzira Vargas, filha do Presidente Getúlio Vargas, ditador na época, convidou a dupla para tocar no Palácio das Laranjeiras para seu pai. Getúlio, depois de ouvir todas as músicas e sátiras, algumas referentes a ele, deu ordem para que suas composições fossem liberadas em todo o território nacional.

 

                        Alvarenga e Ranchinho não alisavam os lombos dos poderosos, descendo-lhes, com suas sátiras, vigorosas cipoadas, com exceção de um, porque apoiavam seu governo: Juscelino Kubitscheck.

 

 

                        Na primeira metade dos Anos 80, Ranchinho fez parte do elenco fixo do programa Som Brasil, nas manhãs de domingo, apresentado inicialmente por Rolando Boldrin e depois por Lima Duarte.

 


Imagem do livro Rolando Boldrin - Ed. do Autor

 

                        Nesta segunda-feira de Carnaval, deixo com vocês três sucessos carnavalescos da dupla, até hoje cantados e tocados nos salões onde ainda se preserva a Memória da Música Popular Brasileira.

 

                         Alvorada, marchinha de Péricles, lançada em 1949: 

                         Tenório, marchinha de Murilo Alvarenga, lançada em 1952: 

                                        

                        A Charanga do Flamengo, marchinha de Felisberto Martins e Fernando Martins, lançada em 1947:

  

                        Bebé, marchinha de Alvarenga, lançada em 1949:

 

                        Seu Condutor, marchinha de Alvarenga e Ranchinho, lançada em 1938:

 

 

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Carnaval Brasileiro quinta, 27 de outubro de 2016

CARMEN MIRANDA E O CARNAVAL

CARMEN MIRANDA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

Carmen Miranda

(9.2.1909 – 5.8.1955)

 

                        Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu em Marco de Canavezes, Portugal, a 9.2.1909. Tinha apenas 10 meses quando veio para o Brasil com sua mãe, Maria Emília Miranda da Cunha e a irmã mais velha, Olinda, seguindo o pai, o barbeiro José Maria Pinto da Cunha, que aqui já se encontrava, o qual lhe dera o cognome Carmen devido à sua grande paixão pela ópera.

 

                         Nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a Câmara do Conselho de Carmo de Canavezes, muitos anos mais tarde, desse seu nome ao Museu Municipal.

 

                        Fez os primeiros estudos no colégio de freiras Escola Santa Teresa, do Rio de Janeiro e, desde essa época, revelou jeito extraordinário para cantar. Apresentou-se no colégio declamando para o Núcleo Apostólico, chamando a atenção por sua peculiar gesticulação.

 

                        Dificuldades financeiras da família obrigaram-na a trabalhar. Aos 15 anos, conseguiu emprego de balconista e, mais tarde, de chapeleira, numa loja de artigos femininos. Costumava cantar com as irmãs Olinda e Cecília na pensão que a mãe instalara, sempre freqüentada por músicos.

 

                        Em 1929, o violonista Josué de Barros, seu descobridor e protetor artístico, levou-a para a Rádio Sociedade. Para sua primeira gravação, realizada na Brunswick, recém-inaugurada, Josué compôs os sambas Não Vá-se Embora e Se o Samba é Moda. Em seu segundo disco, já na RCA Victor, lançou as toadas Triste Jandaia e Dona Balbina, ambas também de Josué.

 

                        Para o Carnaval de 1930, gravou as marchinhas Iaiá, Ioiô, de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto, e Taí (Pra Você Gostar de Mim), escrita especialmente para ela por Joubert de Carvalho, a qual teve sucesso estrondoso é até hoje é tocada nos salões e nos blocos de sujo em que se cultuam os sucessos carnavalescos do passado. 

 

                        Daí pra frente, sua carreira teve ascensão meteórica. Trabalhou em teatros, revistas, clubes, participou de filmes e excursionou pelo Brasil e países da América do Sul. Sua discografia de quase 500 faixas consigna todos os grandes autores de sua época.

 

                        Em 1933, começou a gravar composições de Assis Valente, de quem se tornaria a principal intérprete, lançando entre as primeiras as marchinhas e Etc. e Good Bye. No ano seguinte, vieram novos êxitos: Alô, Alô, samba de André Filho, Isto É lá com Santo Antônio, marcha de Lamartine Babo, em dupla com Mário Reis, e nova excursão ao exterior, dessa vez à Argentina, com Aurora Miranda, sua irmã mais nova, e o Bando da Lua.

 

                        Em 1938, ao lado de Dircinha Batista, Linda Batista, Emilinha Borba, Carlos Galhardo, Orlando Silva e Aurora Miranda, atuou no filme Banana da Terra, de J. Ruy, no qual se apresentou pela primeira vez vestida de baiana para interpretar, acompanhada pelo Bando da Lua, o samba de Dorival Caymmi O Que É Que a Baiana Tem, também lançado em disco, em dueto com Caymmi, para o Carnaval de 1939.

 

                        Acompanhada pelo Bando da Lua, apresentava-se no Cassino da Urca, no Rio de janeiro, com roupa de baiana estilizada que, assim como sua característica gesticulação com os braços, marcou fundamentalmente sua imagem pública. 

 

                        Em 1939, quando era a cantora de maior prestígio da Música Popular Brasileira, seguiu para os Estados Unidos, contratada pelo empresário norte-americano Lee Schubert, estreando, com o Bando da Lua – que lá ficou conhecido como The Moon Gang – na revista musical Streets of Paris, na Broadway, onde cantava Mamãe, Eu Quero, de Jararaca e Vicente Paiva, Marchinha do Grande Galo, de Lamartine Babo e Paulo Barbosa), Touradas em Madrid, de João de Barro e Alberto Ribeiro, e South American Way, de Al Dubin e Jimmy Mc Hugh, um de seus grandes sucessos na Terra de Tio Sam. Nesse mesmo ano, exibiu-se com a Orquestra de Romeu Silva na Feira Mundial de Nova Iorque.

 

                        Em 1940, apresentou-se na Casa Branca para o presidente Franklin Delano Roosevelt, já sendo considerada a terceira personalidade mais popular de Nova Iorque. Era então conhecida como The Brazilian Bombshell. Nesse período, manteve casos amorosos com os atores John Wayne e Dana Andrews e também com o brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.

 

                        Em julho do mesmo ano, voltou ao Brasil e, apesar da calorosa recepção durante sua chegada, sua re-estréia no Cassino da Urca foi marcada pela frieza do público.

 

                        Acusada de voltar “americanizada”, reformulou então seu repertório – naquela fase com ritmo muito à base de rumbas – e apresentou-se novamente no Cassino, obtendo êxito esmagador. Gravou, pela Odeon, as músicas que cantava no show e que eram, de certa maneira, uma resposta às críticas: Disseram Que Voltei Americanizada, Disso É Que eu Gosto, Voltei Pro Morro, as três de Vicente Paiva e Luiz Peixoto, e Diz Que Tem, de Vicente Paiva e Hannibal Cruz.

 

                        Em 1941, voltou para os Estados Unidos, contratada para atuar no cinema, em Hollywood, onde viveu até o fim da vida. Trabalhou em Uma Noite no Rio, de Irving Cummings, Aconteceu em Havana, de Walter Lang, Minha Secretária Brasileira, de Irving Cummings, Entre a Loura e a Morena, de Busby Berkeley, Serenata Boêmia, de Walter Lang, e mais outros filmes. Em 1944, chegou a ser uma das artistas mais bem pagas naquele país, trabalhando em show, filmes e rádio. Anos mais tarde, estrelou o filme Copacabana, de Alfred Green, ao lado de Grouxo Marx, apresentou-se com grande sucesso no teatro Palladium, em Londres. Também atuou no Havaí. 

 

                        Em 1947, casou-se com o americano David Sebastian. Esse matrimônio é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo de sua decadência física. O marido, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se seu “empresário” e conduzia mal os negócios contratados. Também era alcoólatra, e pode ter induzido Carmen a consumir bebidas alcoólicas, das quais se tornou dependente.

 

                         O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, mas ela não aceitava o divórcio, pois era católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu aborto espontâneo depois de uma apresentação.

 

                                                Em 1954, consagrada internacionalmente, voltou ao Brasil para rever a família e descansar de esgotamento nervoso, realizando alguns espetáculos.

 

                        Retornou para os Estados Unidos em 1955 e, quatro meses depois, a 5 de agosto, com apenas 46 anos de idade, vinha a falecer do coração em sua casa, em Beverly Hills, Hollywood. Suas últimas atuações foram em Havana, em Las Vegas e na TV americana, em shows de Jimmy Durante.

 

                        Seu enterro no Rio de Janeiro foi acompanhado por cerca de 500 mil pessoas, cantando Taí, seu primeiro sucesso.

 

                        A Pequena Notável, como era também conhecida, que marcava suas apresentações cantando e dançando com turbante na cabeça, tamancos altíssimos e muitos balangandãs, gesticulando com as mãos e revirando os olhos, deixou sua imagem registrada em 19 filmes e mais de 150 discos, norte-americanos e brasileiros. Além da aura que sempre cercou sua personalidade esfuziante, capaz de fascinar a juventude, tantos anos depois de sua morte.

 

                        Seu repertório carnavalesco é riquíssimo, com sucessos que ficaram gravados na memória dos brasileiros para todo o sempre. A seguir, quatro títulos, que ainda hoje são tocados e cantados pelos foliões onde ainda se preserva a Cultura Musical Brasileira.

 

                        Balancê, marchinha de João de Barro e Alberto Ribeiro, de 1937: 

 

                        Alô, Alô, samba de André Filho, em dupla com Mário Reis, de 1934: 

 

                        Como “Vaes” Você, marchinha de Ary Barroso, em dupla com Ary, de 1937: 

 

                        Minha Terra Tem Palmeiras, marchinha de João de Barro e Alberto Ribeiro, de 1937: 

 

                        Taí (Pra Você Gostar de Mim), marchinha de Joubert de Carvalho, de 1930: 

 

                        E, para terminar, este youtube, com Carmen interpretando Cai, Cai, samba de Roberto Martins, lançado no Carnaval de 1940, aqui o filme That Night in RioUma Noite no Rio –, de 1941: 

 


Carnaval Brasileiro terça, 25 de outubro de 2016

OSWALDO NUNES E O CARNAVAL

OSWALDO NUNES E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

Oswaldo Nunes - Acervo Recanto das Letras

 

                        Oswaldo Nunes, cantor compositor, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 2.12.1930, cidade onde veio a falecer, no dia 18.6.1991, aos 60 anos de idade, assassinado misteriosamente em seu apartamento.

 

                        Foi autor de grandes sambas carnavalescos que se incorporaram a meu repertório de trombonista, quando aprendi a tocar o instrumento, 1972/1973, época em que ele dominava os salões de clubes e blocos de sujos, com suas belíssimas composições.

 

                        Não chegou a conhecer os pais e foi criado em instituições de caridade. Trabalhou como baleiro, engraxate e camelô, além de artista ambulante. Já adulto, enveredou pela marginalidade, chegou a ser preso, mas, frequentando Escolas de Sambas e Blocos de Carnaval, acabou por abraçar a carreira artística.

 

                        Nunca se afastou do Bairro da Lapa, onde chegou a conhecer Madame Satã. Quando deixou a marginalidade, fez sua primeira composição, isso aos 20 anos, o samba Real Melodia. Em 1951, seu samba Vidas Iguais, com Ciro de Souza, e o samba-canção Estranho, com Cabeção, foram gravados por Leny Eversong na Continental.

 

                        Em 1955, o samba-canção Aquele Quarto, com Aníbal Campos, foi gravado por Dalva de Andrade, na Continental. Em 1962, gravou seu primeiro disco, no selo pernambucano Mocambo/Rozemblit, com os sambas Lar Vazio e Agradecimento, ambos de sua autoria. No mesmo ano, gravou o twist Vem, Amor, parceria com Lino Roberto, o samba Fim, de Lino Roberto, e, juntamente com o Bloco Carnavalesco Bafo da Onça, gravou aquele que seria seu maior sucesso, o samba Oba (Bafo da Onça), que continuou a embalar os desfiles do bloco nas décadas seguintes e se tornou o Hino Oficial daquele Bloco.

 

                        Ainda em 1962, embalado pelo sucesso de Oba, lançou, também pela Mocambo, seu primeiro LP, com o mesmo título, no qual gravou composições próprias como Alô, Meu Bem, Chorei, Chorei, Lar Vazio, e Nunca Mais, esta última em parceria com Ruy Borges, além de Volta Por Cima, de Paulo Vanzolini, Diário de Amor, de Senô, Gosto de Você de Graça e Zé da Conceição, de João Roberto Kelly, Oito Mulheres, de José Batista, Faço Um Iê, Iê, Iê, de Luiz Reis e Haroldo Barbosa, e Fim, de Lino Roberto.

 

 

                        Em 1963, gravou os sambas Zé da Conceição, de João Roberto Kelly, e Alô! Meu Bem, de sua autoria. Nesse ano, seu Samba do Saci, com Lino Roberto, foi gravado por Clóvis Pereira, em interpretação de órgão, e os sambas Chorei, Chorei e Samba do Saci foram registrados pelo Bloco Carnavalesco Bafo da Onça.

 

                        Gravou, para o Carnaval de 1965, o do Quarto Centenário do Rio de Janeiro, as marchinhas A Dança da Pulga, de sua autoria e Pernambuco, e Saudações ao Rei Momo, de sua autoria. Nesse ano, fez grande sucesso com o samba Na Onda do Berimbau, de sua autoria.

 

                        No Carnaval de 1967, dominou com a marchinha Mãe-iê, de sua autoria. Destacou-se, em 1968, com o samba Voltei, e, em 1969, com o samba Levanta a Cabeça.

 

                        Na segunda metade da Década de 1960, apresentou-se em shows, acompanhado pelo Grupo The Pop’s, com o qual gravou, em 1969, o LP Tá Tudo Aí, no qual interpretou as músicas Tá Tudo Aí, Você Deixa, Tamanqueiro, Dendeca, Doce Canção, Chorei, Chorei, e Canto da Sereia, todas de sua autoria, além de Outro Amor de Carnaval, com Raul Borges e Humberto de Carvalho, Cascata, com A. Marcilac, e Mulher de Malandro, com Celso Castro. 

 

                        Em 1970, obteve o Segundo Lugar no IV Festival de Músicas de Carnaval com o samba Não Me Deixes, de sua autoria, em parceria com Milton de Oliveira e Élton Menezes. No mesmo festival, foi finalista com o samba A Escola Vai Descer, com Aristóteles II.

 

                        Em 1971, sagrou-se Tricampeão do Concurso Oficial de Músicas de Carnaval da Guanabara promovido pela Secretaria de Turismo da Guanabara, TV Tupi e jornais O Dia e A Notícia, com o samba Saberás, parceria com J. Aragão e Rubem Gerardo. No mesmo ano, lançou, pela CBS, o LP Você Me Chamou, no qual cantou, apenas de sua autoria, a faixa Real Melodia (apud Dicionário Cravo Albin da MPB)..

 

                        Em 1978, já pela RCA Victor, lançou o LP Ai, Que Vontade, no qual interpretou as músicas Êh Viola, de Joel Menezes e Noca da Portela, Dança do Bole-bole, de João Roberto Kelly, Ai, Que Vontade, de Dão e Beto Sem Braço, Se Você Me Quer, de Anézio, Vou Tomar Um Porre, de Jurandir Bringela e Paulinho da Mocidade, O Dono da Justiça, de Marco Polo e Genaro da Bahia, e Se Você Quiser Voltar, de Gerson Alves e Jorginho Pessanha, além de composições suas como Tem-tem, com Celso Castro, A Dança do Jongo, com Geraldo Martins, Tim-tim-tim, ô-lê-lê, com Zé Pretinho da Bahia, Dendê na Portela, com Hilton Veneno, e O Que É Que Eu Faço.

 

 

                        O samba Ai, Que Vontade alavancou e consolidou minha carreira como trombonista popular, no Clube de Balsas, no Carnaval de 1978, nos bailes de sábado, domingo, e segunda-feira, e na cidade de Riachão, na terça-feira gorda, onde, junto com Leonizard Braúna e seu Conjunto, fizemos o primeiro Carnaval de Rua, e à noite, fomos sucesso estrondoso no Clube. A malícia da letra em muito contribuiu para isso. Até hoje, foliões daquela época, atualmente na casa dos 50/60 anos, quando me veem, relembram esse samba, com muita saudade.

 

                        Oswaldo Nunes, talentoso cantor de tanto ritmo, excelente voz e também grande compositor, era um homossexual assumido. Não dava bandeira, tinha cara de mau, era valente e adotava uma postura de cabra macho. Muitas vezes, quebrou o pau lá pelo bairro boêmio onde sempre viveu.

 

                        Em 18.6.1991, foi assassinado enquanto dormia, em seu apartamento na Lapa. Onze anos depois, a Justiça deu a sentença do espólio do cantor. Em testamento, o sambista deixou um apartamento e todos os seus direitos autorais, compreendendo mais de 40 composições, para o Retiro dos Artistas, no Rio.

 

                        Como mostra de seu trabalho, disponibilizarei aqui cinco de seus mais conhecidos sambas, que ficaram para sempre na memória dos foliões de outrora.

 

                        Oba (Bafo da Onça), de sua autoria, maior sucesso dele em todos os tempos, gravado em 1962:

 

 

                        Voltei, seu, com Denis Lobo e Celso de Castro, muito lembrado hoje, com menção às diligências da Operação Lava Jato, gravado em 1968: 

 

                        Não Me Deixes, seu, com Élton Menezes e Milton de Oliveira, de 1970, Segundo Lugar IV Festival de Músicas de Carnaval: 

 

                        Saberás, seu, com J. Aragão e Rubem Gerardo, Campeão do Carnaval Carioca de 1971, que ressalta o efeito do trombone em sua melodia, gravado em 1971:

  

                        Ai, Que Vontade, de Beto Sem Braço e Dão, gravado em 1978, cuja letra maliciosa é, lembrada até hoje pelos foliões daquele tempo:

 

 


Carnaval Brasileiro segunda, 24 de outubro de 2016

ODETE AMARAL E O CARNAVAL

ODETE AMARAL E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

Odete Amaral 

                        Odete Amaral, cantora, nasceu em Niterói (RJ), no dia 28.4.1917, e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 11.10.1984, aos 67 aos de idade.

 

                        Filha caçula do lavrador Alfredo Amaral e Albertina Ferreira do Amaral, mudou-se com a família, em 1918, para o Rio de Janeiro, onde o pai se tornou chofer de caminhão.

 

                        Aos seis anos de idade, Odete entrou para o Colégio Uruguai, onde fez o Curso Primário. Em 1929, aos 12, empregou-se na América Fabril como bordadeira. Por sua bonita voz, era sempre convidada a cantar no teatro da escola, além de festas de aniversário.

 

                        Em 1933, aos 16 anos, fez um teste para a Rádio Guanabara, acompanhada pelo pianista e compositor Felisberto Martins, cantando o samba Minha Embaixada Chegou, de Assis Valente. Aprovada no teste, foi logo escalada para participar do Programa Suburbano, onde também se apresentavam Sílvio Caldas, Marília Batista, Noel Rosa, Almirante, Aurora e Carmen Miranda, entre outros.

 

                        Levada por Almirante, passou a cantar também na Rádio Clube. Na mesma época, participou da inauguração do Cassino Atlântico e, pouco depois, apresentava-se na Rádio Ipanema. Atuou, ainda, em várias emissoras, dentre as quais a Sociedade, a Philips e a Cruzeiro do Sul, e também no Teatro cantando a marchinha Ganhou Mas Não Leva, de Milton Amaral, numa Revista levada no João Caetano.

 

                        Em 1936, assinou seu primeiro contrato, na Rádio Mayrink Veiga. Naquele ano, gravou, na Odeon, seu primeiro disco, com os sambas, Palhaço, e Milton Amaral e Roberto Cunha, e Dengoso de Milton. Em seguida, foi levada por Ary Barroso para a RCA Victor, onde estreou com o samba Foi de Madrugada e a marchinha Colibri, ambos de Ary. Paralelamente, cantava em coros, atuando em muitos discos de colegas como Francisco Alves, Mário Reis e Almirante.

 

                        Por essa época, recebeu de César Ladeira o slogan de A Voz Tropical.

 

                        Em 1937, participou da inauguração da Rádio Nacional, onde permaneceu por dois anos, e gravou o samba Sorrindo, de Ciro Monteiro e L. Pimentel, a rumba Terra de Amores, de Gadé e Valfrido Silva, o samba-canção Só Você, de Haníbal Cruz, além da marchinha Não Pago o Bonde, J. Cascata e Leonel Azevedo, sucesso no Carnaval do ano seguinte.

 

                        Em 1938, casou-se com o cantor Ciro Monteiro, com quem teve um filho. Ainda em 1938, gravou, de Ataulfo Alves e Alcebíades Barcelos, o Bidê, os sambas Ironia e Não Mando em Mim, e, de João da Baiana, o samba É Melhor Confessar do Que Mentir.

 

                        Em 1939, mudou-se para São Paulo, contratada pela Rádio Cultura, onde atuou durante um ano e meio, percorrendo vários Estados do Brasil nos intervalos dos programas, acompanhada de Ciro Monteiro. Participou do filme da Cinédia O Samba da Vida, de Luís de Barros, e gravou, com Ciro Monteiro, os sambas Sinhá, Sinhô e Bem-querer, ambos de Aloísio Silva Araújo.

 

                         Em 1940, gravou a marcha O Gato e o Rato, de Wilson Batista, Arnô Canegal e Augusto Garcez, e os sambas Eu Já Mandei, de J. Cascata e Leonel Azevedo, e Quando Dei Adeus, de Ataulfo Alves e Wilson Batista.

 

                        Em 1941, retornou para a Rádio Mayrink Veiga, no Rio, e lá ficou por seis anos. No mesmo ano, gravou a marchinha Serenata, de Felisberto Martins e Sá Róris, o samba Pode Chorar Se Quiser, de Roberto Cunha e o frevo-canção Não Sei o Que Fazer, de Capiba. Na mesma época, passou a gravar na Odeon, onde estreou com a valsa Minha Primavera, de Gadé e Almanir Grego, e a fantasia Minha Voz, de Eratóstenes Frazão. Em seguida, gravou Não Quero Dizer Adeus, samba-choro de Laurindo de Almeida.

 

                        Em 1942, gravou os sambas Quem Não Chora, Não Mama, de Laurindo de Almeida e Ubirajara Nesdem, Caminhar Sem Destino, de Felisberto Martins e Henrique Mesquita, e Por Causa de Alguém, de Ismael Silva.

 

                        Em 1943 registrou o foxe Primavera em Flor, com música de Georges Moran sobre versos do poeta J. G. de Araújo Jorge, e os sambas Favela Morena, de Estanislau Silva e João Peres, e Resignação, de Geraldo Pereira e Arnô Provenzano.

 

                        Em 1944 gravou, de Geraldo Pereira e Ari Monteiro, o samba Carta Fatal, com o Quarteto de Bronze, a valsa Toureador, de Georges Moran e Osvaldo Santiago, e o choro Murmurando, de Fon-Fon e Mário Rossi, seu maior sucesso, que se tornou um verdadeiro clássico da MPB. Em 1945, lançou, de Haroldo Lobo e Eratóstenes Frazão, a marchinha Quem Tem Mágoa, Bebe Água.

 

                        Passou um período em que realizou poucas gravações, fazendo alguns registros no pequeno selo Star, entre eles, a marchinhas A Moleza do Faquir, de Dênis Brean e Osvaldo Guilherme, e o samba Por Que Mentir?, de Luiz Antônio e Ari Monteiro, ambos em 1948.

 

                        Atuou na Rádio Mundial de 1947 a 1951, ano em que, contratada pela Rádio Tupi, se apresentou no Programa matutino O Rio se Diverte e, à noite, no Rádio Sequência G-3. Em 1949, chegou ao fim seu casamento com Ciro Monteiro.

 

                        Em 1951, retornou à Odeon, com os choros Bichinho Que Rói, de Dênis Brean, e Mais Uma Vez, de Cachimbinho e Delore. No mesmo ano, assinou contrato com a Rádio Tupi.

 

                        Em 1952, regravou o clássico samba canção Ai, Ioiô, de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto. No ano seguinte, gravou Carneirinho de São João, marcha junina de Luiz Vieira.

 

                        Em 1954, gravou os sambas Nasceu Pra Sofrer, de Arnô Provenzano, Isaias Ferreira e Oldemar Magalhães, e Vem, Amor, de Enésio Silva, Isaias Ferreira e Jorge de Castro. Ainda nesse ano, lançou o samba-canção Quando Eu Falo com Você, de Mário Rossi e Gadé, o choro Girassol, de Mário Rossi, o afro Pai Benedito e Iemanjá, de Henrique Gonçalves, os sambas-canções Divina Visão, de Vargas Júnior, e Cruz Para Dois, de Chocolate e Jorge de Castro, além da regravação do samba-canção Carteiro, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins.

 

                        Em 1957, assinou contrato com a gravadora Todamérica, na qual estreou com os sambas Dedo de Deus, de Raul Marques e Ari Monteiro, e Tô Chegando Agora, de Monsueto Menezes e José Batista. No mesmo ano, lançou seu primeiro LP, com arranjos do maestro Guio de Moraes, Tudo Lembra Você

 

                        Em 1959, lançou, para o Carnaval de 1960, o samba Enquanto Houver Mangueira, de Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr. Em 1962, assinou contrato com a Copacabana. Um de seus trabalhos mais interessantes foi o LP Do Outro Lado da Vida - Os Que Perderam a Liberdade Contam Assim Sua História, gravado com Ciro Monteiro Jr., no qual interpretaram composições de presidiários do então Estado da Guanabara e de São Paulo, entre as quais, Luar de Vila Sônia, valsa de Paulo Miranda, Nos Braços de Alguém, samba-canção de Quintiliano de Melo, e Silêncio! É Madrugada, samba-canção de Wilson Silva. Lançou, com Silvio Viana e Seu Conjunto, o LP Sua Majestade Odete Amaral - A Rainha dos Disc-Jockeys

 

                        Em 1968, lançou, com sucesso, dois sambas clássicos da MPB, Alvorada no Morro, de Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho, e Sei Lá, Mangueira, de Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho, além de Tempos Idos, de Cartola e Carlos Cachaça, que ela gravou com Cartola, todos reunidas no mesmo disco, o histórico LP Fala Mangueira, ao lado de Cartola, Clementina de Jesus, Nélson Cavaquinho e Carlos Cachaça, mais tarde transformado em CD. 

 

                        Em 1975, participou da Série MPB 100 ao Vivo, irradiada pelo Projeto Minerva, da Rádio MEC, em cadeia nacional de emissoras. Ao lado de Paulo Marques, cantava os grandes sucessos dos anos 1930. A Série, de 30 Programas, deu origem a oito LPs criados por seu produtor, Ricardo Cravo Albin. Em 1979, teve lançado seu último LP, Odete Amaral, Sempre Sambista.

 

                        Em 1977, participou do show Café Nice, ao lado de Paulo Marques e Altamiro Carrilho, com direção e narração de Ricardo Cravo Albin.

 

                        Sendo uma das cantoras populares brasileiras de voz mais pessoal e afinada, nunca chegou a atingir o estrelato de musas como Carmen Miranda, Aracy de Almeida ou as irmãs Linda e Dircinha Batista, mas é ainda hoje considerada uma das melhores intérpretes brasileiras da Década de 1930 e de todos os tempos.

 

                        Seus discos são facilmente encontráveis no mercado virtual, além de 123 títulos remasterizadas de bolachões 78 RMP.

 

                        Como pequena amostra de seu trabalho, escolhi as cinco faixas abaixo: 

                        Ali Babá, marchinha de Roberto Roberti e Arlindo Marques Júnior, gravada para o Carnaval de 1938

  

                        Não Pago o Bonde, marchinha de J. Cascata e Leonel Azevedo, grande sucesso no Carnaval de 1938 e nos posteriores: 

 

                        Não Sei o Que Fazer, frevo-canção de Capiba, lançado no Carnaval de 1941:

  

                        Pavãozinho Dourado, marchinha de Roberto Cunha, lançado no Carnaval de 1940:

  

                        Quem Tem Mágoa, Bebe Água, marchinha de Haroldo Lobo e Frazão, lançada no Carnaval de 1945: 

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 23 de outubro de 2016

CÉSAR DE ALENCAR E O CARNAVAL

CÉSAR DE ALENCAR E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

César de Alencar

 

                        Hermelindo César Matos de Alencar, o César de Alencar, cantor, compositor, locutor, apresentador de programas de rádio e televisão, nasceu em Fortaleza (CE), no dia 6.6.1917, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), a 14.1.1990, aos 72 anos de idade.

 

                        Com sua voz e estilo cativantes, foi campeão de audiência no rádio por mais de 15 anos, popularizando, no Brasil, fórmulas que faziam sucesso nos Estados Unidos, como paradas de sucessos e programas de calouros.

 

                        Formado em Letras, mudou-se de Fortaleza para o Rio de Janeiro, em 1939, atuando na Rádio Clube do Brasil, onde seu timbre de voz e sua conversa fluente foram notados pelo consagrado radialista Renato Murce, daí surgindo o convite para fazer um programa diário como locutor. Criou, em 1941, com enorme sucesso, o primeiro concurso de músicas de carnaval, ao lado de Herivelto Martins, Benedito Lacerda e Francisco Alves.

 

                        Em 1945, passou a trabalhar na Rádio Nacional, fazendo locução comercial e narrações, além de participar como ponta em novelas radiofônicas, tendo atuado nas novelas Fechei a Porta do Destino e Uma Sombra em Minha Vida.

 

                        Naquela emissora, deu início ao Programa César de Alencar, transmitido aos sábados, das 15h às 19h, que, em pouco tempo, se afirmou como um dos maiores sucessos da Nacional, tendo como estrela principal a cantora Emilinha Borba. Na mesma época, apresentou também o Programa Expresso Carnavalesco Mauá – Praça Onze.

 

                        Em 1948, estreou em disco, ao lado da cantora Marlene, com o choro Casadinhos, de Luiz Bittencourt e Tuiú. Em 1949, gravou, com Emilinha Borba, o choro Cabide de Molambo, também de Luiz Bittencourt e Tuiú. Em 1950, gravou a marcha Marcha Ré, de Peterpan e Amadeu Veloso, e os sambas Você Não Tem Vez, de Valzinho e Domício Costa, e Arrependimento, de Roberto Faissal e Domício Costa.

 

                        Em 1952, gravou, pela RCA Victor, o samba-choro Há Sinceridade Nisso?, de Carvalhinho, Manezinho Araújo e Dozinho, e a marchinha A Coisa, de Charles Green e Augusto Mesquita. No mesmo ano, gravou, com Heleninha Costa as marchinhas Dez Anos e A Voltinha da Maçã, de Manezinho Araújo e Carvalhinho, e Marcha do Trouxa, de Adelino Moreira, Nélson Gonçalves e Herivelto Martins. Em 1953, gravou, de Manelão e Carvalhinho, o samba Casa do Sem Jeito, e, de J. B. Bittencourt e Durval Gonçalves, o baião Bendenguê. No mesmo ano, gravou, de Wilson Batista e Haroldo Lobo o samba Emília.

 

César de Alencar, com Emilinha, Marlene, Dircinha,

Heleninha e outros artistas, no set de gravação 

                        Em 1954, gravou Que Confusão, marcha de Manezinho Araújo e Marino Pinto e a marchinha Coitado do Abdala, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira. No mesmo ano, gravou, com Emilinha Borba, a valsa Noite Nupcial, de Peterpan, e o samba Os Quindins de Iaiá, de Ary Barroso, e teve seu samba Se Você Pensa, gravado por Cauby Peixoto.

 

                        Por essa época, com seu programa dos sábados no auge, abriu uma Casa Noturna em Copacabana, A Cantina do César, onde atuavam quase todas as estrelas da Rádio Nacional, especialmente Dolores Duran, Julie Joy, Carminha Mascarenhas e muitas outras.

 

                         Em 1956, gravou, de Humberto Teixeira, Xote do Tirrum, e, de Manezinho Araújo, o choro Não Sei o Que Faço e a marchinha Alegria do Peru, de Mirabeau, Milton de Oliveira e Jorge Gonçalves. No mesmo ano, a cantora Nora Ney gravou seu samba Eu Vivo Tão Só. Em 1957, gravou o maxixe Dorinha, Meu Amor, de J. Francisco de Freitas e a marchinha Marcha da Fofoca, de Wilson Batista e Jorge de Castro. Em 1958, gravou as marchinhas O Diabo é Esquisito, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira.

 

                        Em 1959, gravou, de Manezinho Araújo, os sambas Ai, Doutor e Estou Precisando Chorar, pela RGE. Em 1960, gravou as marchinhas Achou Quem Te Leva, de Otolindo Lopes e Arnô Provenzano, e Marcha da Galinha, de Wilson Batista e Jorge de Castro. No mesmo ano, gravou, pela Philips, os sambas 21 de Abril, de Paulo Borges, e Ela Vai à Feira, de Almanir Grego e Roberto Roberti. Em 1961, gravou, de Antônio Almeida, Jorge de Castro e Wilson Batista, as marchinhas Garota Bossa-nova e Bolinho de Cachaça.

 

                        Em 1963, teve a marchinha carnavalesca Garota Tentação, composta em parceria com Erli Muniz e B. Toledo, gravada por Francisco Carlos.

 

                        Com o início do período militar de 1964, sua carreira começou a declinar, uma vez que se declarou colaboracionista do novo governo junto à direção da rádio, passando, segundo testemunhas do ator e compositor Mário Lago e do veterano radialista Gerdal dos Santos, a delatar inúmeros colegas de rádio envolvidos em atividades políticas.

 

                        Foi o mesmo estigma que prejudicou Wilson Simonal para sempre. E agora, com alguns daqueles que foram presos por desejarem, no passado, implantar o regime comunista no Brasil sendo novamente presos desta vez pela Justiça, num regime democrático, como é que fica essa história? Isso sem falar nos atores do Mensalão, do Petrolão e outros ãos.

 

                        Tal episódio provocou um grande desgaste em sua imagem, o que acabou por resultar na extinção de seu famoso programa. Em 1976, até que foi escolhido para Assistente da Superintendência da Radiobrás, empresa criada para centralizar as emissoras oficiais, entre elas a própria Nacional. Apesar de algumas tentativas de volta ao microfone, na mesma Rádio Nacional, já não tinha o carisma de antes e acabou por ingressar no ostracismo.

 

                        Morreu no dia 14 de janeiro de 1990, no Rio de Janeiro, aos 72 anos de idade, vítima de enfisema pulmonar.

 

                        Sua filmografia é extensa. Estreou no cinema com Corações Sem Piloto, em 1944, continuando suja trajetória com O Ébrio, em 1946, Folias Cariocas e Pra Lá de Boa, em 1948, Está Com Tudo, em 1949, Carnaval no Fogo e Todos Por Um, em 1950, Carnaval em Lá Maior e Carnaval em Marte, em 1955, Colégio de Brotos e Vamos Com Calma, em 1956, Garotas e Samba, em 1957, Virou Bagunça, e Viúvo Alegre, em 1960, e As Testemunhas Não Condenam, em 1962. Alguns de seus cartazes:

 

 

                        Sua discografia não chega a uma centena de títulos, mas 52 deles, remasterizados de bolachões 78 RPM, são facilmente encontráveis em sites de busca.

 

                        Como pequena amostra de seu trabalho, escolhi os títulos abaixo, pinçados de seu repertório carnavalesco:

 

                        Coitado do Abdala, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, sucesso no Carnaval de 1954:

  

                        Alegria do Peru, marcinha de Mirabeau, Milton de Oliveira e Jorge Gonçalves sucesso no Carnaval de 1956:

  

                        Marcha da Fofoca, marchinha de Jorge de Castro e Wilson Batista, sucesso no Carnaval de 1957: 

 

                        Mexerico da Candinha, marchinha de José Costa, Fernandinha e Lair Moreira, homenagem a César de Alencar, Emilinha Borba e Cauby Peixoto, gravação de Moacyr Franco para o Carnaval de 1962:

                           Acho-te Uma Graça, marchinha de Benedito Lacerda Haroldo Lobo e Carvalhinho, participação de Heleninha Costa, para o Carnaval de 1952:

 

 

 


Carnaval Brasileiro domingo, 23 de outubro de 2016

HELENINHA COSTA E O CARNAVAL

HELENINHA COSTA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

Heleninha Costa

 

                        Helena Costa Grazioli, a Heleninha Costa, cantora, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), no dia 18.1.1924, cidade onde veio a falecer, no dia 12.4.2005, aos 81 anos de idade.

 

                        Ainda menina, transferiu-se com a família para Santos (SP), iniciando sua carreira na Rádio Clube local, em 1938, aos 14 anos de idade.

 

                        Pouco tempo depois, mudou-se para São Paulo, atuando nas Rádios Record e Bandeirantes daquela capital. Em 1940, gravou, pela Colúmbia, seu primeiro disco, um 78 RPM, com a marcha Sortes de São João, de Alcir Pires Vermelho e Osvaldo Santiago, e o samba Apesar da Goteira do Quarto, de Pedro Caetano e Alcir Pires Vermelho. Em 1941, gravou, da dupla Pedro Caetano e Alcir Pires Vermelho, a marchinha Tocaram a Campainha e o samba Está Com Sono, Vai Dormir.

 

 

                        Em 1943, voltou para o Rio de Janeiro, passando a cantar na Rádio Clube do Brasil, depois Mundial. Foi lady crooner e bailarina do Cassino da Urca, cantando, também no Cassino Quitandinha. Naquele mesmo ano, gravou o samba de grande sucesso, Exaltação à Bahia, de Chianca Garcia, revistógrafo português, e Vicente Paiva, na época diretor musical do cassino, que compunha sambas de exaltação para os finais apoteóticos dos shows.

 

                        Exaltação à Bahia transformou-se no maior sucesso de sua carreira e eternizou-se como um clássico da MPB.

 

                        Em 1944, gravou, na Continental, com o conjunto Milionários do Ritmo, O Samba Que Eu Fiz, de Oscar Bellandi e Dilo Guardia. Em 1946, convidada por César Ladeira, passou a atuar na Rádio Mayrink Veiga. Em 1947, também a convite de César, transferiu-se para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, participando do Programa Música do Coração e dos melhores musicais noturnos da emissora. No mesmo ano, gravou, na Continental, o samba Você É Tudo Que Eu Sonhei, de Laurindo de Almeida e Del Loro, e o choro Amor, de Laurindo de Almeida e Valdomiro de Abreu. Em 1948, lançou o samba Recordações de Um Romance, de Bartolomeu Silva e Constantino Silva, e o maxixe Ginga, de Sá Róris.

 

                        Em 1951, gravou dois de seus grandes sucessos, o bolero Afinal, de Ismael Neto e Luis Bittencourt, e o foxe Cartas de Amor, de Young e Heyman, versão de Alberto Ribeiro. No mesmo ano, gravou, com César de Alencar, o baião Não Interessa Não, de José Menezes e Luiz Bittencourt, e o maxixe Que É Isto?, de Nestor de Holanda e Abelardo Barbosa, o Chacrinha, e esteve presente no primeiro LP brasileiro lançado com repertório para o Carnaval, juntamente com Marion, Neusa Maria, Oscarito, Geraldo Pereira, Os Cariocas, César de Alencar e as Irmãs Meireles.

 

 

                        Em 1952, gravou, na RCA Victor, da dupla Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, Baião Serenata e, de Marino Pinto e Don Al Bibi, o bolero Por Quanto Tempo?. No mesmo ano, gravou um de seus maiores sucessos carnavalescos, Barracão, samba de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, que seria revivido, alguns anos depois, com igual êxito, por Elizeth Cardoso. No mesmo ano, gravou, com o radialista César de Alencar, o samba-canção Está Fazendo Um Ano, de Ismael Neto e Manezinho Araújo, e o choro Me Dá, Me Dá, de Ismael Neto e Claudionor Cruz.

 

                        Em 1953, gravou os baiões Santo Antônio Disse Não, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e, com acompanhamento de Os Cariocas, Que É Que Tu Qué?, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Nesse ano, casou-se com Ismael Neto, líder do Conjunto Os Cariocas. Em 1954, gravou os sambas Arranha-céu, de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, e Morro, de Luiz Antônio. Em 1956, registrou o samba-canção Eu Já Disse, de Lúcio Alves. Em 1958, gravou os sambas Estrela de Ouro, de Luiz Bandeira e José Batista e Por Que Choras?, de Alberto Rego e Alberto Jesus.

 

                        No ano de 1956, a gravadora Copacabana lançou o LP Heleninha Costa, contendo 8 faixas. Em 1960, a gravadora Todamérica lançou o LP Heleninha Costa, com 12 faixas. No começo da Década de 1980, a Collector’s Editora Ltda. lançou um LP em sua homenagem, com 12 faixas, na Série Os Ídolos do Rádio, LP da série, no qual mereceu texto escrito pelo crítico Ricardo Cravo Albin, que a considerou uma das mais belas vozes de todos os tempos da radiofonia carioca.

 

 

                         A partir do final dos Anos 1970, Heleninha retirou-se definitivamente da carreira artística, não mais aceitando convites para quaisquer aparições públicas.

 

                        Encantou-se no dia 12 de abril de 2005, no Rio de Janeiro, aos 81 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos, e foi enterrada no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul da cidade.

 

                        Sua dioscografia é extensa, e a maioria dos discos gravados são facilmente encontráveis nos sites de busca especializados, bem como mais de 120 faixas remasterizadas de bolachões de 78 RPM.

 

                        Como pequena amostra de seu trabalho, escolhi 5 números do repertório carnavalesco, músicas que fizeram parte de minha vida, tanto como curtidor da MPB da Velha Guarda, quanto como trombonista dos salões e blocos de sujos.

 

                        Coitado do Frederico, marchinha de Alberto Ribeiro e José Maria de Abreu, gravada para o Carnaval de 1949:

 

                        Fracassei, samba de Peterpan, A. Chaves e Edmundo de Souza, gravado para o Carnaval de 1949:

 

                        Rádio-Patrulha, samba de Marcelino Ramos, J. Dias, Silas de Oliveira e Luizinho, gravado pra o Carnaval de 1956:

 

                        Exaltação à Bahia, samba de Vicente Paiva e Chianca Garcia, lançado em 1943, para ao Carnaval de 1944, que se tornou num dos clássicos da MPB:

 

                        Barracão, samba de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, campeão absoluto no Carnaval de 1953:

 

 


Carnaval Brasileiro domingo, 23 de outubro de 2016

PACOTÃO - CARNAVAL 2016

 PACOTÃO - CARNAVAL 2016

Raimundo Floriano 

 

 

                        Sou fundador do Pacotão, o Bloco Carnavalesco mais irreverente do Brasil. Embora seus criadores fossem jornalistas, frequentadores do Clube da Imprensa, onde o Bloco nasceu, participei, como trombonista, desde sua primeira saída pelas ruas de Brasília, na Banda do Pacotão, sob o comando do Maestro Celso Martins.

 

                        Em 2004, presidi o Júri que escolheu a marchinha daquele ano, conforme contado em meu livro De Balsas Para o Mundo, no episódio, Fideles e o Pacotão.

 

                        Este ano, atendendo à convocação acima, compareci ao CONIC, acompanhado da Mara, minha caçula, que me assessorou na parte iconográfica.

 

                        Havia, no local, um arremedo de organização, coisa muito incomum naquela turma: palco coberto, serviço de som, músicos da melhor qualidade, mesas e cadeiras para os Jurados, estas dispostas sob o cogumelo de cimento que agasalharia a todos na Praça Ary Para-Raios.

 

                        Ao aproximar-me do esquema, fui saudado pelo chargista Joanfi, medalhão do Bloco, que, ao microfone, se danou a cobrir-me de predicados e me aclamou como Presidente do Júri, deixando-me deveras biquiaberto com a honraria, eis que há 12 anos me desgarrara do bando.

 

Joanfi, divulgando o certame e recebendo-me à chegada

 

                        Tudo pronto para começar, e aí caiu uma chuva torrencial, daquelas que cada pingo mata um sapo. Sorte deu o Barbudo, que não se encontrava por lá. Acotovelamo-nos todos debaixo do cogumelo, mas isso de nada adiantou, pois logo a área ficou completamente alagada, fazendo-nos correr para as marquises dos bares que ficavam à esquerda.

 

                        Depois de demorada espera, a chuva deu-nos uma trégua, e voltamos ao cogumelo, reorganizando-se o esquema. Com a estiagem, aproveitei para algumas tomadas fotográficas:

 

A Banda do Pacotão

 

Estandarte das Croquetes – Paulão de Varadero, Raimundo e Ricardo Lira

 

                        Depois que voltamos para o cogumelo e dispusemos as mesas para o inicio da competição, uma senhora, cuja graça não me interessei em saber, sentou-se à mesa do meio e falou – Eu, como Presidenta do Júri, dou início à sessão! – destituindo-me do cargo, com um tremendo passa-moleque, um despótico chega-pra-lá. Adiante, dois flagrantes dos concorrentes diante do Júri:

 

Doutor Jadir, médico obstetra – José Soter, poeta e escritor

 

                        No primeiro julgamento, sobraram três marchinhas, que foram reapresentadas, para a escolha da melhor, resultando num empate entre AedesCunha, de Kátia Moraes, defendida pelo Grupo As Croquetes, e Suruba no Alto Escalão, defendida pelo autor, Paulão de Varadero. Ei-las: 

AedesCunha - Kátia Marques 

O AedesCunha é pior do que o zika

Onde bate pica

Pica de lá, pica de cá

Até a Dilma o Aedes quer picar

 

O Cucunha tá botando pra quebrar

E no governo todo mundo quer picar - Bis

 

O Cucunha é o bicho do zika

Derruba quem pica

Pica de lá, pica de cá

Até na Suíça esse bicho foi picar

O Cucunha é o bicho do zika

Onde bate pica

Pica de lá, pica de cá

O Cucunha é mesmo de lascar

 

As Croquetes, após o julgamento

 

Suruba no Alto Escalão - Paulão de Varadero 

Mixéu Mixê é aprendiz de Judas

Parece até que é michê do Conha

 

O infiel quer impichar a titular

Mixéu e Conha são dois sem-vergonhas (BIS)

 

O infiel faz troca-troca e barganha

Tá uma suruba no país medonha

Mas Charles Preto comanda o Pacotão

Essa suruba cheira a golpe de piranha

Nessa suruba tem michê e tem ladrão

Nessa Suruba Charles Preto não vai não

 

Paulão de Varadero, de cueca, defendendo sua composição 

                        Diante do impasse, a Presidenta do Júri declarou Suruba no Baixo Escalão como vencedora, justificando o Voto de Minerva por sua letra referir-se a Charles Preto, totem do Pacotão. Os Filhos da Candinha andam dizendo que houve marmelada nesse desempate, por ser o Paulão um dos “diretores” do Bloco. Se não me manifestei naquele momento, calo-me, agora, para sempre!

 

                        O que me causou espanto foi o descaso da mídia. Sendo um Bloco de jornalistas, era de se esperar ampla cobertura da imprensa, o que não se verificou. O Correio Braziliense, maior jornal da Capital Federal, no dia seguinte, dedicou várias páginas aos grupos de axé-music que dominaram o sábado, mas nenhuma palavra sequer ao Concurso de Marchinhas do Pacotão. Na segunda-feira, idem. 

                        É uma alienação total! 

                        Ouçamos as vencedoras: 

                        AedesCunha, com As Croquetes:

  

                        Suruba no Alto Escalão, na voz do Paulão:


Carnaval Brasileiro domingo, 23 de outubro de 2016

WALTER LEVITA E O CARNAVAL

WALTER LEVITA E O CARNAVAL

Raimundo Floriano

 

 

                                Do fundo do baú do esquecimento, taí Walter Levi, campeoníssimo nos Carnavais de 1956, 1961 e 1963.

 

                        Walter, Levita, cantor e compositor, nasceu na Bahia, em 1920, e faleceu em setembro de 2010, aos 90 anos, em casa, em consequência de uma queda. Morava em Brasília, onde foi enterrado, no Cemitério Campo da Esperança, após passar longos anos de conforto, já distante havia muito do meio artístico, domiciliado numa grande casa em Itapoã.

 

                        Os dados constantes desta matéria foram pinçados do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

 

                        Atuou nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Estreou em discos em 1952, na gravadora Star, lançando o baião Vamô Misturá, de sua autoria e Mary Monteiro, cantado em dueto com Maria Celeste, e o samba Dilema, de Ataulfo Alves e Aldo Cabral. No mesmo ano, teve o samba Uma Mulher É Pouco, com Ernâni Seve, gravado na RCA Victor por Francisco Carlos, e, na Copacabana, o samba-canção Disfarce, com Mary Monteiro, registrado pelo cantor Hélio Chaves.

 

                        Em 1953, foi contratado pela Odeon e gravou, com acompanhamento de orquestra, os xaxados Xaxado Não É Baião, de sua autoria e Rodrigues Filho, e Não Me Condenes, de Altamiro Carrilho e Armando Nunes. Em seguida, gravou, também com acompanhamento de orquestra, o foxe Chora, de Kolman e Lourival Faissal, e o samba-canção Não Devemos Fingir, de José Batista e Jorge Faraj. No ano seguinte, gravou o bolero Sinceridade, de G. Perez e Ghiaroni, e a toada Meu Erro, Meu Castigo, de Orlando Trindade e José Batista.

 

                        Gravou, com acompanhamento de orquestra e coro, em 1955, a marcinha Montanha Russa, de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, e o samba-canção Falam Tanto de Mim, de Alcyr Pires Vermelho e Ivon Cury. Em seguida, gravou, com acompanhamento de conjunto, coral e orquestra, de Severino Filho, a toada Vento Malvado, de Orlando Trindade e José Batista, e o samba-canção Drama Conjugal, de Armando Nunes e Cícero Nunes. Sua interpretação da marchinha Montanha Russa foi incluída no LP Cantando Para Você, que a Odeon lançou, com a participação de astros como Joel de Almeida, Roberto Luna, e Alcides Gerardi, entre outros.

 

                        Para o carnaval de 1956, lançou, com acompanhamento de orquestra e coro, o samba Eu Sou a Fonte, de Monsueto Menezes, Geraldo Queiroz e José Batista, que foi incluído também no LP Carnaval!... Carnaval!..., da gravadora Odeon, e a marchinha Cabeça Prateada, de Aldacir Louro, Edgard Cavalcanti e Anísio Bichara, uma das mais tocadas no Carnaval daquele ano.

 

                        Ainda em 1956, fez sucesso com o samba Favela, de Roberto Martins e Valdemar Silva. Gravou, ainda, para o Carnaval de 1957, os sambas Até Você Chorou e Comissário Valdemar, ambos de Haroldo Lobo e Raul Sampaio.

 

                        Para o Carnaval de 1960, gravou, pela Discobras, a marchinha A Maria Tá, com a qual se tornou um dos campeões do ano, e o samba Primeiro Amor, ambas de Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e Jair Noronha.

 

                        Para o Carnaval de 1961, gravou, pela Continental, com acompanhamento de orquestra carnavalesca, as marchinhas Vaca de Presépio e Índio Quer Apito, ambas de autoria da dupla Haroldo Lobo e Milton de Oliveira. Esta última, aproveitando a efervescência reinante no país com a recente inauguração de Brasília, onde se dizia ser habitada por índios, foi o grande sucesso na época, e, mesmo posteriormente, além de incluída no LP Carnaval de 1961, que a gravadora Continental lançou com diversos artistas. Adiante a capa desse LP e de uma das regravações: 

 

                        Para o Carnaval de 1962, gravou, na Continental, a marchinha Nega do Congo, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e o samba Incerteza, de Jorge Martins, José Garcia e Maragogipe. No mesmo ano, lançou, pela gravadora Copacabana, o bolero Até Sempre, de Mário Clavel e Teixeira Filho, e o samba Vai, Tristeza, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira.

 

                        Ainda 1962, participou dos dois volumes da série Carnaval de 1962 lançados pela Continental, com a presença de nomes como Ângela Maria, Jorge Goulart, Gordurinha, Risadinha, e Jamelão, entre outros. Foram suas as interpretações das marchas

 

                        No Carnaval de 1963 suas interpretações para as marchinhas Garota Que Vai Pra Lua, de João de Barro e Jota Júnior, e Metade Homem, Metade Mulher, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, foram incluídas no LP Carnaval de 1963 produzido pela gravadora Continental, com a participação de vários artistas. Com essas duas marchinhas, bombou naquele ano.

 

 

                        No mesmo ano, gravou o rock-balada Faz Tanto Tempo, de Tepper e Bennet, em versão de Carlos Imperial, e os sambas de meio de ano Julgo-me, de Umberto Silva, Luiz Mergulhão e Toso Gomes, Tindô-le-lê, de sua autoria e Renato Mendonça, e Ora Meu Bem, de Henrique de Almeida e Carlos Marques.

 

                        Pouco depois, lançou, pelo pequeno selo Athena, o samba-canção Dilúvio, de Wilson Batista e Jorge de Castro, e o samba Eu Quis Amar, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e as marchinhas Ora, Meu Bem, de Henrique de Almeida e Carlos Marques, e Espeta o Vudu, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, foram incluídas no LP Carnaval de 1964, da gravadora Continental.

 

                        Nessa época, especializou-se definitivamente em gravar músicas destinadas ao repertório carnavalesco, participando de inúmeras coletâneas do gênero. Em 1964, participou de duas coletâneas destinadas ao carnaval: no LP Carnaval de Ontem e de Hoje, do selo Audience, com a marchinha A Maria Tá, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e do LP Carnaval RIO/65, da Continental, para o qual gravou especialmente as marchinhas Strip-tease, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e Vaca Malhadinha, de sua autoria e Fernando Noronha.

 

                         Em 1966, participou dos dois volumes da série Carnaval RCA 1967, da RCA Camden, lançados para o carnaval do ano seguinte, gravando, para o Volume 1 a marchinha Quando Vira a Maré, de sua autoria, Aloísio Vinagre e João Laurindo, e, para o Volume 2, a marchinha Bananeira, de Rutinaldo e Milton de Oliveira.

 

                        Participou, no ano de 1967, da coletânea Carnaval de Verdade 1968, Volumes 1 e 2, da gravadora Philips, que reuniu, entre outros, os nomes de Orlando Silva, Blecaute, Marlene, Dircinha Batista, e Zé Keti. Para o Volume 1, gravou a marchinha Deixa o Coração Cantar, de Luís Bonfá e Maria Helena Toledo, e, para o Volume 2, marchinha Felicidade, de Francis Hime e Vinicius de Moraes.

 

                        Em 1968, participou de nova coletânea, gravada no segundo semestre do ano, visando ao Carnaval do ano seguinte. Assim, pela RCA Camden, gravou a marchinha Adão Ficou TantãMarcha da Pílula Anticoncepcional –, de Antônio Almeida. Em 1969, participou do LP Festival de Carnaval da Polydor, registrando as marchinhas A Lua Conquistada, de Milton de Oliveira e Roberto Jorge, que glosava com a chegada do homem à lua, e Bela Napolitana, de Milton de Oliveira e Élton Menezes.

 

                        Em 1970, gravou as marchinhas Um, Dois, Três – O Que É Que Faz Com Ele? –, de Moacir Paulo e Fernando Noronha, e Benvenuta, Garota Enxuta, de Milton de Oliveira, para o LP Carnaval 1971, da Entré/CBS. Em 1972, participou do LP Carnaval de Vanguarda, da Premier/RGE, interpretando a marcha Boneca de Alode, de Milton de Oliveira. No mesmo ano, gravou um disco solo, interpretando canções românticas: o LP Uma Seresta na Fossa, do selo Itamaraty/CID, no qual cantou as músicas Inimigo Ciúme, de Umberto Silva e O. Trindade, A Serenata Que Ela Não Ouviu, de Jacobina e Taba, Fracasso, de Mário Lago, Chão de Estrelas, de Silvio Caldas e Orestes Barbosa, Da Cor do Pecado, de Bororó, Você É Todo Mal Que Me Faz Bem, de Paulo Aguiar, Umberto Silva e M. Vieira, Dilema, de Ataulfo Alves e Aldo Cabral, Mais Uma Ilusão, de Jacobina e Taba, Até Breve, de Ataulfo Alves e Cristóvão de Alencar, Suburbana, de Silvio Caldas e Orestes Barbosa, Ponta de Rua, de W. Tourinho, N. Wanderley e O. Trindade, e Molambo, de Jaime Florence "Meira" e Augusto Mesquita.

 

                        Em 1976, num momento em que as músicas carnavalescas já se encontravam em pleno declínio voltou a participar de uma coletânea do gênero, no LP Carnaval 76, da Musicolor/Continental, para o qual interpretou a marchinha Brinca Com o Meu Coração, de Cid Magalhães e Milton de Oliveira.

 

                        Três anos depois, gravou as marchinhas Não É Disco Voador, de Dozinho e Cláudio Paraíba, e O Burro Sou Eu, de Cláudio Paraíba, para o LP Gandaia Carnaval de 1980, uma gravação independente.

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                        Para o Carnaval de 1981, já residindo aqui em Brasília, surpreendi-me com o samba Chorei, Sim, pela beleza da melodia e da letra, passei a tocá-lo nos cordões e nos clubes, e, só muito depois, vim a saber que se tratava de autoria de Walter Levita, em parceria dom Rômulo Marinho e gravação de Edson Lima, pratas da casa brasiliense. 

 

                        Como amostra de seu trabalho, escolhi estas 5 faixas, que ficaram na memória dos foliões de ontem e de sempre: 

                        Cabeça Prateada, marchinha de Aldacyr Louro e E. Cavalcante, de 1956:

 

                        Índio Quer Apito, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, glosa de piada muito em voga na época, supercampeã absoluta em 1961 e presente nos Carnavais seguintes, faixa obrigatória em qualquer coletânea e até hoje cantada pelos foliões de todas as idades: 

 

                        Garota Que Vai Pra Lua, marchinha de João de Barro e Jota Jr., de 1963:

  

                        Metade Homem e Metade Mulher, marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, de 1963: 

 

                        Chorei, Sim, samba candango de Walter Levita e Rômulo Marinho, na voz Edson Lima, para o Carnaval de 1981. A orquestra é a Banda do Sol, do Maestro Zuza, maranhense, meu amigo, pioneiro de Brasília, na época Sargento do BGP, que animava a maioria das festas carnavalescas nos clubes e nos palanques da Capital da República:

 

 

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Carnaval Brasileiro domingo, 09 de outubro de 2016

CARNAVAL BRASILEIRO

CARNAVAL BRASILEIRO

Raimundo Floriano

 

 

                        Oh! Quanta saudade me dá!

 

                        Como diz a marchinha, O Terceiro Homem, de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, gravada por Nélson Gonçalves, para o Carnaval de 1953: “Colombina vai ao baile com o Palhaço, porém dança com o Pierrô até fim, mas, na hora de ir pra casa, ela vai com Arlequim.”

 

                        São personagens que surgiram no Teatro Popular da Itália, no Século XVI, onde o Palhaço era um tipo cômico, e a Colombina, geralmente serva ou mpregada de alguma dama, caracterizava-se como moça inteligente e linda, amada pelo romântico Pierrô, mas apaixonada pelo malandro Arlequim.

 

                        Essas fantasias sempre dominaram o Carnaval Brasileiro, desde o início, mas, no que se refere à Música Carnavalesca, a história é bem outra.

 

                        No começo, existia apenas o entrudo, com os foliões saindo pelas ruas a jogar água, talco e até mijo nas pessoas que encontravam. Nem música havia! No máximo um bombo, com a batida pam, pam, pam – pam – pam-pam-pam, a que davam o nome de Zé Pereira. Apenas em 1869, após a apresentação, no Rio de Janeiro, da peça francesa Les Pompiers de Nanterre, os cariocas se apoderaram de uma de suas melodias e adaptaram-na à mencionada batida do bombo, surgindo, assim, no Carnaval de 1870, a marchinha Zé Pereira, primeira música carnavalesca de que se tem notícia. Logo, se tudo mudou, mudou para melhor!

 

                        Por isso, vou comentar as mudanças, tachando-as, nem de boas, nem de más, ou as metamorfoses sofridas por essa linda festividade. O tempora, o mores!  Ó tempos, ó costumes! Essa exclamação de Cícero, na Primeira Catilinária, se adapta a nosso Carnaval, desde que foi inventado.

 

                        Muitos grandes compositores, em diferentes épocas, cantaram o Carnaval de antigamente. Na marchinha, quase tudo o que fala de pierrô, colombina e arlequim se refere aos tempos idos, de saudade. No frevo, tivemos Edgar Moraes, com suas marchas-regresso falando no outrora, e Nélson Ferreira, com suas Evocações, cultuando valores do passado, o que o americano denomina preservation, preservação de nossa memória, da qual é o mais legítimo baluarte o recifense Bloco da Saudade. No samba, os exemplos são múltiplos, como veremos uma pequena parte a seguir.

 

                        Em 1943, o compositor Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, supostamente já pertencia ao pretérito. Assim dizia o samba Saudade da Mangueira, de Herivelto Martins, gravado pelo Trio de Ouro:

 

Tenho saudade da Mangueira

Daquele tempo em que eu batucava por lá

Tenho saudade do terreiro da escola

Sou do tempo do Cartola

Velha Guarda, o que é que há?

(O que é que há?)

Eu sou do tempo em que o malandro não descia

Mas a polícia no morro também não subia

 

Ai, Mangueira, minha saudosa Mangueira

Depois que o progresso chegou

Tudo se transformou e Mangueira mudou

Já não se samba mais à luz do lampião

E a cabrocha não vai pro terreiro de pé no chão

 

                        No ano 1947, Cartola era pretérito-mais-que-perfeito, como registrou Pedro Caetano em Onde Estão os Tamborins?, gravação de Quatro Ases e Um Curinga:

 

Mangueira

Onde é que estão os tamborins ó nêga

Viver somente de cartaz não chega

Põe as pastoras na avenida

Mangueira querida

 

Antigamente havia grande escola

Lindos sambas de Cartola

Um sucesso de Mangueira

Mas hoje, o silêncio é profundo

E por nada deste mundo

Eu consigo ouvir Mangueira

 

                        Em meados dos Anos 1950, Cartola foi redescoberto pelo jornalista Sérgio Porto, o genial Stanislaw Ponte Preta, que o encontrou lavando carros numa garagem de Ipanema e trabalhando à noite como vigia de edifícios. Stanislaw levou-o para cantar na Rádio Mayrink Veiga e arranjou-lhe emprego no jornal Diário Carioca. Em 1964, Cartola e Dona Zica, sua mulher, abriram, na Rua da Carioca um restaurante ao qual deram o nome de Zicartola. Daí pra frente, ele foi sucesso enquanto viveu, ou seja, o passado de olvido se transformou em futuro brilhante.

 

                        Esse bamba, que foi um mangueirense de fibra, da gema, da pesada, merecia, nas comemorações de seu centenário, em 2008, ter sido enredo da Mangueira, da qual foi um dos fundadores, ou de qualquer outra Escola, pois sempre “encarnou a alma sonora do samba”, sendo um de seus Mestres, juntamente com Nélson Cavaquinho Carlos Cachaça e Clementina de Jesus.

 

                        Reportando-me à TV, fico sempre impressionado com a magnitude do Galo da Madrugada, no Recife, arrastando imensurável multidão, e o estonteante, apoteótico e deslumbrante efeito visual produzido pelo desfile das Escolas de Samba, confirmando ser, sem dúvida, o Maior Espetáculo da Terra. Dinheiro a rodo vazou ali pelo ladrão. Nem na Disney, movida a dólar, se faz coisa igual.

 

                        No Carnaval de 1982, diante do gigantismo e poderio monetário de cada Escola, a Império Serrano lavrou, com Bum, Bum, Paticumbum, Prugurundum, de Beto Sem Braço e Aluísio Machado, este protesto, na voz do sambista Quinzinho:

 

..........

Superescolas de Samba S. A.

Superalegorias

Escondendo gente bamba

Que covardia

..........

                        Escondendo gente bamba! Frase de grande inspiração!

 

                        O que eu queria ver na Televisão eram os pés-de-cobra! Cobra anda, não anda? Então, ela tem pé! Para mim, os pés-de-cobra no carnaval são os músicos de sopro. Assim como o período junino é propicio para que os forrozeiros ganhem seu dinheirinho, o Carnaval é o tempo das vacas gordas para os músicos de sopro. Aquele fenomenal desfile do Galo da Madrugada estava coalhado de orquestras a mandarem brasa no frevo para o povo curtir e pular. Com um detalhe: a TV não as mostrou.

 

                        Como eu estaria aqui guardando as melhores recordações do Carnaval Televisivo de todos os anos, se esses anônimos pés-de-cobra, aos quais tanto me dedico em minhas pesquisas, tivessem aparecido na telinha, 10 segundos se muito, mostrando sua arte e deliciando-nos com seus maviosos sons!

 

                        Gente como esta, da qual pincei a foto no Jornal da Besta Fubana, e que é um valioso sustentáculo de nossa Memória Musical, preservando e difundindo, entusiasticamente, a Música Popular Brasileira:

 

Orquestra Usina do Frevo - Recife

 

                        Dei por encerrada minha pesquisa musical carnavalesca no ano de 1996, anotando em meu acervo a última marchinha do gênero, Xô, Satanás de Durval Lelys, Marcelo Brasileiro e Renato Galego, gravada pelo Conjunto Asa de Águia. De lá para cá, em meu entender, nada mais se compôs digno de registro.

 

                      Mas nem tudo está perdido. Dede que comecei a aprender a tocar trombone, isso em 1972, comecei a guardar as partituras carnavalescas que os órgãos arrecadadores de direitos autorais distribuíam anualmente, com os músicas recém lançadas e sucessos do passado. Na era digital, escaneei-as e, com o auxílio do Maestro Antônio Gomes Sales, consegui um precioso acervo de 1.840 peças, sendo 920 para o naipe de pistom, clarineta e sax tenor, e 920 correspondentes, para o naipe de trombone e sax alto.

 

 

 

                        Anualmente, nos meses próximos ao Carnaval, começam a me chegar mensagens de bandas, conjuntos e músicos individuais do Brasil e do Exterior, solicitando o envio dessas partituras para incrementarem o festejo momesco de suas cidades.

 

                        Visando a atender a todos, disponibilizei, e meu álbum de fotos do Facebook, as partituras das 100 marchinhas e dos 100 sambas carnavalescos mais tocados e cantados de todos os tempos, para ambos os naipes, totalizando 400 peças. Os links para baixá-las encontram-se aqui neste Almanaque, na seção denominada Partituras Carnavalescas.

 

                        Para matar as saudades de vocês, postarei, a seguir, todas as música acima citadas, maia a marchinha A Jardineira, por mim considerada a composição carnavalesca mais bonita de todos os tempos.

 

                        Zé Pereira, marcha, Adaptação de Correa Vasques, com a Orquestra Tabajara, de 1870, gravada em 1922:

 

 

                        O Terceiro Homem, marchinha de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, gravada por Nélson Gonçalves, para o Carnaval de 1953:

 

 

                        Evocação Número 1 (Felinto), frevo de bloco de Nélson Ferreira, com o Bloco Batutas de São José, gravado para o Carnaval de 1957:

 

 

                        Saudade da Mangueira, samba de Herivelto Martins, com o Trio de Ouro, gravação para o Carnaval de 1954:

 

 

                        Onde Estão os Tamborins?, samba de Pedro Caetano, com os  Quatro Ases e Um Curinga, gravação para o Carnaval de 1947:

 

 

                        Bum, Bum, Paticumbum, Prugurundum, samba de enredo de Beto Sem Braço e Aluísio Machado, da Império Serrano, gravação de Roberto Ribeiro para o Carnaval de 1982:

 

                                Xô, Satanás, marchinha de Durval Lelys, Marcelo Brasileiro e Renato Galego, gravado pelo Asa de Águia para o Carnaval de 1996:

 

 

                        A Jardineira, marchinha de Benedito Lacerda e Humberto Porto, gravação de Orlando Silva para o Carnaval de 1939:

 

 

 

                       

 

 

 

 


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