Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carnaval Brasileiro domingo, 23 de outubro de 2016

PACOTÃO - CARNAVAL 2016

 PACOTÃO - CARNAVAL 2016

Raimundo Floriano 

 

 

                        Sou fundador do Pacotão, o Bloco Carnavalesco mais irreverente do Brasil. Embora seus criadores fossem jornalistas, frequentadores do Clube da Imprensa, onde o Bloco nasceu, participei, como trombonista, desde sua primeira saída pelas ruas de Brasília, na Banda do Pacotão, sob o comando do Maestro Celso Martins.

 

                        Em 2004, presidi o Júri que escolheu a marchinha daquele ano, conforme contado em meu livro De Balsas Para o Mundo, no episódio, Fideles e o Pacotão.

 

                        Este ano, atendendo à convocação acima, compareci ao CONIC, acompanhado da Mara, minha caçula, que me assessorou na parte iconográfica.

 

                        Havia, no local, um arremedo de organização, coisa muito incomum naquela turma: palco coberto, serviço de som, músicos da melhor qualidade, mesas e cadeiras para os Jurados, estas dispostas sob o cogumelo de cimento que agasalharia a todos na Praça Ary Para-Raios.

 

                        Ao aproximar-me do esquema, fui saudado pelo chargista Joanfi, medalhão do Bloco, que, ao microfone, se danou a cobrir-me de predicados e me aclamou como Presidente do Júri, deixando-me deveras biquiaberto com a honraria, eis que há 12 anos me desgarrara do bando.

 

Joanfi, divulgando o certame e recebendo-me à chegada

 

                        Tudo pronto para começar, e aí caiu uma chuva torrencial, daquelas que cada pingo mata um sapo. Sorte deu o Barbudo, que não se encontrava por lá. Acotovelamo-nos todos debaixo do cogumelo, mas isso de nada adiantou, pois logo a área ficou completamente alagada, fazendo-nos correr para as marquises dos bares que ficavam à esquerda.

 

                        Depois de demorada espera, a chuva deu-nos uma trégua, e voltamos ao cogumelo, reorganizando-se o esquema. Com a estiagem, aproveitei para algumas tomadas fotográficas:

 

A Banda do Pacotão

 

Estandarte das Croquetes – Paulão de Varadero, Raimundo e Ricardo Lira

 

                        Depois que voltamos para o cogumelo e dispusemos as mesas para o inicio da competição, uma senhora, cuja graça não me interessei em saber, sentou-se à mesa do meio e falou – Eu, como Presidenta do Júri, dou início à sessão! – destituindo-me do cargo, com um tremendo passa-moleque, um despótico chega-pra-lá. Adiante, dois flagrantes dos concorrentes diante do Júri:

 

Doutor Jadir, médico obstetra – José Soter, poeta e escritor

 

                        No primeiro julgamento, sobraram três marchinhas, que foram reapresentadas, para a escolha da melhor, resultando num empate entre AedesCunha, de Kátia Moraes, defendida pelo Grupo As Croquetes, e Suruba no Alto Escalão, defendida pelo autor, Paulão de Varadero. Ei-las: 

AedesCunha - Kátia Marques 

O AedesCunha é pior do que o zika

Onde bate pica

Pica de lá, pica de cá

Até a Dilma o Aedes quer picar

 

O Cucunha tá botando pra quebrar

E no governo todo mundo quer picar - Bis

 

O Cucunha é o bicho do zika

Derruba quem pica

Pica de lá, pica de cá

Até na Suíça esse bicho foi picar

O Cucunha é o bicho do zika

Onde bate pica

Pica de lá, pica de cá

O Cucunha é mesmo de lascar

 

As Croquetes, após o julgamento

 

Suruba no Alto Escalão - Paulão de Varadero 

Mixéu Mixê é aprendiz de Judas

Parece até que é michê do Conha

 

O infiel quer impichar a titular

Mixéu e Conha são dois sem-vergonhas (BIS)

 

O infiel faz troca-troca e barganha

Tá uma suruba no país medonha

Mas Charles Preto comanda o Pacotão

Essa suruba cheira a golpe de piranha

Nessa suruba tem michê e tem ladrão

Nessa Suruba Charles Preto não vai não

 

Paulão de Varadero, de cueca, defendendo sua composição 

                        Diante do impasse, a Presidenta do Júri declarou Suruba no Baixo Escalão como vencedora, justificando o Voto de Minerva por sua letra referir-se a Charles Preto, totem do Pacotão. Os Filhos da Candinha andam dizendo que houve marmelada nesse desempate, por ser o Paulão um dos “diretores” do Bloco. Se não me manifestei naquele momento, calo-me, agora, para sempre!

 

                        O que me causou espanto foi o descaso da mídia. Sendo um Bloco de jornalistas, era de se esperar ampla cobertura da imprensa, o que não se verificou. O Correio Braziliense, maior jornal da Capital Federal, no dia seguinte, dedicou várias páginas aos grupos de axé-music que dominaram o sábado, mas nenhuma palavra sequer ao Concurso de Marchinhas do Pacotão. Na segunda-feira, idem. 

                        É uma alienação total! 

                        Ouçamos as vencedoras: 

                        AedesCunha, com As Croquetes:

  

                        Suruba no Alto Escalão, na voz do Paulão:


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