CARMEN COSTA E O CARNAVAL
Raimundo Floriano
Carmen Costa
Carmelita Madriaga era o seu nome.
Nasceu a 05.01.1920, no município fluminense de Trajano Morais, filha de meeiros da fazenda Agulhas. Aos nove anos, começou a trabalhar na casa duma família protestante, onde aprendeu a cantar hinos religiosos. Aos 15, foi morar no Rio de Janeiro, empregando-se como doméstica na residência do cantor Francisco Alves, o Rei da Voz. Por ele incentivada, começou a frequentar programas de auditório. Aos 17, conheceu o compositor Henrique Filipe da Costa, o Henricão, com quem formou parceria amorosa e profissional.
Cantavam em dupla nas feiras, exposições, circos, teatros e programas radiofônicos. Em 1942, a dupla se desfez, e ela iniciou carreira solo. Sua primeira gravação foi o samba Está Chegando a Hora, versão de Henricão e Rubens Campos da valsa mexicana Cielito Lindo, um pouco antes do Carnaval. Apenas 35 cópias do disco foram distribuídas às emissoras. Mesmo assim, a música se tornou num dos maiores sucessos carnavalescos, não só daquele ano, mas de todos os tempos. Negra poderosa, bonita, talentosa, faceira e gostosa, trouxe seu molho afro para dar sabor especial à Música Popular Brasileira.
Em 1945, casou-se com o norte-americano Hans Van Koehler, mudando-se para Nova Jersey, EUA, ali iniciando sua carreira internacional. Morando, ora no exterior, ora no Brasil, jamais deixou de fazer sucesso no Tríduo Momesco. Cachaça, A Morena Sou Eu, Jarro da Saudade, Carmilito, Drama da Favela, Garota Esportiva, Índio quer Mulher, Na Paz de Deus, Não Há, Obsessão, Se Eu Morrer Amanhã, Sonhei Que Estava em Pernambuco, Vai Levando, Marcha do Cordão do Bola Preta, Tem Nego Bebo Aí são belos exemplos disso.
Grande impulso em sua trajetória musical foram as músicas do capixaba Mirabeau Pinheiro, do qual gravou 33 composições, tais como A Morena Sou Eu, Cachaça, Obsessão, Tem Nego Bebo Aí, acima citadas, e muitos sucessos de meio de ano.
Como trombonista carnavalesco, na Banda da Capital Federal, da qual sou Mestre, e na Banda do Pacotão, onde dou minhas cipoadas, as músicas que ela imortalizou são tocadas e cantadas pela grande massa de foliões, ano após ano, com o mesmo entusiasmo.
No dia 25 de abril de 2007, ela nos deixou para sempre. Jamais, em tempo algum, será esquecida. Tenho no meu acervo grande parte do seu esmerado repertório.
No Carnaval de 1956, lá em Teresina (PI), sua gravação da marchinha Acacamauê (Em Guarani, como vai você?), de César Cruz, foi muito cantada e tocada nas ruas e nos salões, mas parece que esse domínio não ultrapassou as fronteiras piauienses. Afortunadamente, consegui seu áudio nesta semana!
Aqui vai uma pequena amostra de seu trabalho.
Acacamauê, marchinha de César Cruz), 1956:
A Morena Sou Eu, samba de Mirabeau e Milton de Oliveira, 1956:
Ana-Alfa-Beta, marchinha de Manoel Brigadeiro e Lourival Faissal, 1976:
Cachaça, marchinha de Mirabeau, Lúcio de Castro e Héber Lobato, participação de Colé, 1953:
Está Chegando a Hora, samba de Henricão e Rubens Campos, 1942:
Jarro da Saudade, samba de Mirabeau, D. Barbosa e Geraldo Blota, participação de Mirabeau, 1957:
Marcha do Cordão do Bola Preta, marchinha de Vicente Paiva e Nélson Barbosa, 1962:
Obsessão, samba de Mirabeau e Milton de Oliveira, 1956:
Se Eu Morrer Amanhã, samba de Garcia Jr. e Jorge Martins, 1962:
Tem Nego Bebo Aí, marchinha de Mirabeau e Ayrton Amorim, 1955: