Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carnaval Brasileiro sexta, 18 de novembro de 2016

BLECAUTE, O GENERAL DA BANDA

BLECAUTE, O GENERAL DA BANDA

Raimundo Floriano

 

Foto inédita do General da Banda 

                        Otávio Henrique de Oliveira, o Blecaute, nasceu Pinhal (SP), a 05.12.1919, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), a 09.02.1983, aos 63 anos de idade.

 

                        Órfão de pai e mãe, aos seis anos foi levado para São Paulo, onde trabalhou como engraxate e entregador de jornais. Aos 14 anos, estreou como cantor no programa de calouros A Estrela de Ouro, da Rádio Tupi e, oito anos mais tarde, começou a atuar na Rádio Difusora, adotando, por sugestão do Capitão Furtado, o nome Blecaute, aportuguesado do Inglês black-out, que significa preto por fora.

 

                        Se fosse nos tempos atuais da patrulha politicamente correta, esse pseudônimo seria imediatamente execrado. Na época do cantor, ele foi aceito de forma pacífica e natural. Em 1955, vi-o, em Teresina (PI) definir seu cognome: “Preto por fora, mas branco por dentro. Sou um preto de alma branca.” E sorria com aquela boca de 360 incisivos e caninos.

 

                        Entre 1942 e 1943, foi para o Rio de Janeiro, contratado pela Rádio Tamoio, atuando também nas Radio Nacional e Mauá. Em 1944, participou, como cantor, do filme Tristezas Não Pagam Dívidas, direção de José Carlos Burle e J. Ruy. Seu primeiro sucesso em disco veio com a marchinha Pedreiro Valdemar, de Wilson Batista e Roberto Martins, para o Carnaval de 1949.

 

                        O maior êxito de sua carreira, que estourou a banca no Carnaval de 1950, foi o samba General da Banda, de Sátiro de Melo, José Alcides e Tancredo Silva. O sucesso foi tão estrondoso, que Blecaute o incorporou a seu visual, passando a apresentar-se, a partir de então com uniforme estilizado, conforme vocês viram na foto inédita acima.

 

                        Blecaute participou de várias chanchadas da Atlântida e, como compositor, deixou-nos um sucesso inesquecível, a valsinha Natal das Crianças, que ele mesmo gravou em 1955, com regravações por diversos cantores, até hoje muito tocada no período natalino.

                        Possuo em meu acervo 59 peças de seu trabalho musical, seja como cantor ou como compositor. Vou relacionar aqui apenas os sucessos carnavalescos que o consagraram e que até hoje são contados nos bailes da saudade e nos blocos de sujo:

 

A Bolsinha do Waldemar, marchinha de João Roberto Kelly, 1973; Chora, Doutor, samba de J. Piedade, O. Gazzeneo e J. Campos, 1959; Dona Cegonha, marchinha de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas, 1953; General da Banda, samba de Sátiro de Melo, José Alcides e Tancredo Silva, 1950; Mamãe, Eu Quero, marchinha de Jararaca e Vicente Paiva, 1937; Marcha das Fãs, marchinha de Wilson Batista e Jorge de Castro, 1956; Marcha do Gago, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1950; Maria Candelária, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1952; Maria Escandalosa, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1955; O Direito de Nascer, marchinha de Blecaute e Brasinha, 1966; O Pé de Anjo, marchinha de Sinhô, 1920; Papai Adão, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti 1951; Pedreiro Valdemar, marchinha de Wilson Batista e Roberto Martins, 1949; Piada de Salão, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1954; Que Samba Bom!, samba de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, 1949; Rei Zulu, marchinha de Nássara e Antônio Almeida, 1950; Soldado de Israel, marchinha de Luiz Antônio, 1968; e Vôte, Que Mulher Bonita, marchinha de João de Barro e Antônio Almeida, 1949.

 

                        Blecaute, como todos os grandes astros da Velha Guarda, conheceu o ocaso no final dos Anos 1950, embora depois disso, vez em quando, emplacasse um sucesso carnavalesco, como O Direito de Nascer, em 1966, e Soldado de Israel, em 1968.

  

                        Todos os anos, quando se aproxima o período de concursos de músicas para o Carnaval, recebo pedidos de vários compositores para que avalie seus trabalhos, antes de os submeterem ao crivo da Comissão Julgadora. E eu sempre lhes dou o mesmo conselho: na Música, como na vida, a simplicidade é tudo. Quanto mais elaborada, mais a composição é rejeitada pelo público. Como exemplo, cito a singeleza do samba General da Banda, que se tornou sucesso inesquecível desde 1950:

 

Chegou general da banda

Ê! Ê!

Chegou general da banda

Ê! Á!

 

Mourão! Mourão!

Vara madura que não cai

Mourão! Mourão!

Oi, catuca por baixo

Que ele vai

(Obá!)

 

                        Edigar de Alencar, em O Carnaval Carioca Através da Música, registra: “Uma batucada com todas as características de ponto de macumba se ouve pelas ruas, mormente nos ensaios pré-carnavalescos dos blocos avulsos. A melodia já era conhecida em alguns lugares do Estado do Rio, como saudação a Ogum.” 

                        Era o General da Banda, que agora vocês relembrarão, na voz de Blecaute, clicando aqui:

 

                        Ouçam, também, mais estes sucessos do repertório de Blecaute: 

                        Natal das Crianças, valsinha de sua autoria, 1955:

 

                        A Bolsinha do Waldemar, marchinha de João Roberto Kelly, 1973:

 

                        Chora, Doutor, samba de J. Piedade, O. Gazzeneo e J. Campos, 1959:

 

                        Marcha das Fãs, de Wilson Batista e Jorge de Castro, 1956:

 

                        Maria Candelária, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1952:

 

                        Maria Escandalosa, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1955:

 

                        O Direito de Nascer, marchinha de Blecaute e Brasinha, 1966:

 

                        O Pé de Anjo, marchinha de Sinhô, composta em 1920:

 

                        Papai Adão, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1951:

 

                        Pedreiro Waldemar, marchinha de Wilson Batista e Roberto Martins, 1949:

 

                        Piada de Salão, marchinha de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1954:

 

                        Que Samba Bom!, samba de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, 1949:

 

                         Rei Zulu, marchinha de Nássara e Antônio Almeida, 1950:

 

                        Soldado de Israel, marchinha de Luiz Antônio, 1968:

 

                         Vôte, Que Mulher Bonita, marchinha de João de Barro e Antônio Almeida, 1949:

 

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