Raimundo Floriano
O poema Lili Marlene – originariamente Lili Marleen – foi escrito em 1915, por Hans Leip, soldado alemão da Primeira Guerra Mundial. Suas metáfora e emoção chamaram a atenção do compositor Norbert Shultze, que o transformou em música no ano de 1938. A seguir, a tradução da letra original:
Em frente ao quartel, diante do portão
Um poste com um velho lampião
Está ele ainda lá?
Queremos lá nos reencontrar
Queremos junto à sua luz ficar
Como outrora, Lili Marlene!
Nossas duas sombras pareciam uma só
E todos percebiam o amor que nós tínhamos
Toda a gente ficava a contemplar
Quando estávamos junto ao lampião
Outrora, Lili Marlene!
Gritou o sentinela para avisar
Tá na hora! Um atraso, três dias vai te custar!
Já vou, já vou companheiro!
E dissemos adeus, com que gosto eu iria
Com você, Lili Marlene!
O lampião reconhece seus passos
Seu belo caminhar
Ele ilumina tudo na noite
Mas há tempos se esqueceu de mim
E se algo me acontecer
Quem vai estar junto ao lampião,
Com você, Lili Marlene?
Do alto céu, do fundo da terra
Surge como em sonho seu rosto amado
Envolto na névoa da noite
Será que voltarei para nosso lampião
Como outrora, Lili Marlene?
Lili Marlene tornou-se canção de guerra quando foi transmitida por uma rádio alemã em Belgrado e captada pelos soldados alemães do Afrika Korps, durante a Segunda Guerra Mundial. O General Rommel, seu comandante, gostou tanto da música que solicitou à rádio que a incorporasse em sua programação, no que foi atendido. A canção era tocada às 21h55h, todas as noites, ao final das transmissões da emissora.
Os aliados escutaram a música, e Lili Marlene se tornou a melodia favorita dos dois lados, a despeito do idioma. Os saudosos soldados eram levados às lágrimas pela voz da, até então, desconhecida cantora Lale Andersen, que se tornou uma estrela internacional. No entanto, a gravação mais famosa ficou a cargo de Marlene Dietrich, que começou a cantar a música em 1943.
A enorme popularidade da versão alemã induziu a criação de uma apressada versão em Inglês escrita pelo compositor britânico Tommie Connor, em 1944, e transmitida pela BBC de Londres para as tropas aliadas.
Marie Magdelene Dietrich von Losch, a Marlene Dietrich, nasceu em Berlim, Alemanha, no dia 27 e dezembro de 1901, e faleceu em Paris, França, a 6 de maio de 1992.
Teve uma vida agitada, normal em toda personagem mundialmente famosa. Cantora e atriz de sucesso, sua biografia é riquíssima e extensa. Vou ater-me aqui apenas aos fatos ligados à Segunda Guerra e à canção Lili Marlene.
Quando ainda não era cantora, e atuava apenas como atriz, foi convidada por Hitler para protagonizar filmes pró-nazistas, mas recusou o convite e se tornou cidadã estadunidense, o que o ditador tomou como um desrespeito para com a Pátria Alemã, passando a chamá-la de traidora.
Durante a guerra, Marlene foi ao encontro das tropas aliadas, onde cantava para divertir os soldados e aliviar sua dor. Condecorada com medalhas após o conflito, Marlene descobriu um dom que poderia explorar: sua bela e poderosa voz. Assim, ela começou a cantar além de atuar.
Marlene cantando para os soldados, em 1944
Em 1961, ela protagonizou um filme que quebraria barreiras e chocaria o mundo com um assunto que ainda assustava, Julgamento em Nuremberg, que tratava do holocausto, do nazismo, e do tumultuado julgamento que condenou os grandes líderes nazistas.
A canção Lili Marlene consta em meu acervo nas versões em Alemão, Inglês, Espanhol, Italiano, Francês e Português, esta cuja letra aí vai:
Sob a metralha, dentro das trincheiras
Em pleno blackout, eu ouvi noites inteiras
Uma canção no céu vibrar
Era o inimigo a recordar
A ti, Lili Marlene!
A ti, Lili Marlene!
Em meu violão plangente, quis tocar
A canção que diz quanto és doce para amar
E palpitou meu coração
Pela pequena do alemão
Por ti, Lili Marlene!
Por ti, Lili Marlene!
Eu te encontrei, enfim, tu me sorriste
Abracei-te e vi que eras linda, porém triste
Ao lampião nada se via
Então chorei naquele dia
Por ti, Lili Marlene!
Por ti, Lili Marlene!
E, se algum dia, próximo à vitória,
Tocando o clarim, findando a linda história
Ao meu Brasil regressarei
E deste amor me lembrarei
De ti, Lili Marlene!
De ti, Lili Marlene!
Mas outro amor terei, longe da guerra
Nos campos em flor, nas coxilhas ou nas serras
Nada faz bem ao coração
Como o luar lá do sertão
Sem ti, Lili Marlene!
Sem ti, Lili Marlene!
Para que vocês as apreciem, disponibilizo-lhes duas delas.
Em Inglês, com Marlene Dietrich, e
em Português, com a Banda da Brigada de Infantaria Paraquedista.