A Despedida, toada de Erasmo, na voz de Lobato, do Bumba Meu Boi de Morros:
A Cerca, toada de João Chiador, com João Chiador:
A Bola Vai Rolar, toada de Chagas, com o Bumba Meu Boi da Maioba:
BUMBA MEU BOI DO MARANHÃO - APRESENTAÇÃO
Raimundo Floriano
A festa do Bumba Meu Boi é uma tradição que se mantém desde o século XVIII e arrasta maranhenses e visitantes por todos os cantos de São Luís, nos meses de junho e julho. É folgança para crianças, adultos e idosos, onde os grupos se espalham desde as periferias até os arraiais do centro e dos shoppings da ilha. Na parte nova ou antiga da cidade, grupos de todo o Estado se reúnem em diversos cenários para brincar até a madrugada.
Pai Francisco e Mãe Catirina
Seu enredo da resgata uma história típica das relações sociais e econômicas da região durante o período colonial, marcadas pela monocultura, criação extensiva de gado e escravidão. Numa fazenda de gado, o vaqueiro Pai Francisco mata o boi de estimação de seu Amo, para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que quer comer a língua do boi. Quando descobre o sumiço do animal, o Amo fica furioso e, após investigar entre seus escravos e índios, descobre o autor do crime, obrigando-o a trazer o boi de volta.
Curandeiros são convocados para salvar o boi e, quando este ressuscita, urrando, todos participam de uma enorme festa para comemorar o milagre. Brincadeira democrática que incorpora quem passa pelo caminho, o Bumba Meu Boi já foi alvo de perseguições da polícia e das elites por ser uma festa mantida pela população negra da cidade, chegando a ser proibida entre 1861 e 1868.
O atual modelo de apresentação dos bois não narra mais toda a história do “auto”, que deu lugar à chamada “meia-lua”, de enredos simplificados. Atualmente, existem quase cem grupos de Bumba Meu Boi no Estado do Maranhão, subdivididos em diversos sotaques, cada qual com características próprias, que se manifestam nas roupas, na escolha dos instrumentos, no tipo de cadência da música e nas coreografias
OUTROS PERSONAGENS DA BRINCADEIRA
Vaqueiros/Brincantes/Rapaziada - Compõem o elenco de damas e cavalheiros que tomam parte na folia.
Burrinha - Alguns sotaques apresentam a Burrinha, consistindo em armação de madeira pendurada num homem, que finge cavalgar uma alimária.
Caipora - Personagem mitológica do folclore brasileiro, geralmente associada às florestas, às matas e aos animais de caça, podendo trazer a má sorte, o azar e, até mesmo, a morte.
Cazumbá - Personagem do Bumba Meu Boi, do sotaque da Baixada ou do Pindaré. Dizem que Cazumbá não é homem, nem mulher, nem animal, que está entre a magia e o lúdico; fusão dos espíritos dos homens e animais, cercado de magia e responsabilidades com o boi.
Miolo - Personagem que menos ou nunca aparece, constituída pelo brincante que dança dentro da armação do boi.
Caboclos de Pena (índios, índias, caboclos e vaqueiros) - Têm a missão de localizar e prender Pai Francisco. Na apresentação do boi, proporcionam um belo efeito visual, devido à beleza de suas roupas e da coreografia que realizam. Alguns bois, principalmente os grupos de sotaque da ilha, possuem o caboclo real, ou caboclo de pena, que é a mais rica indumentária do boi.
PRINCIPAIS SOTAQUES DO BUMBA MEU BOI
Boi de Matraca - São os bois que possuem um apelo bem mais popular. Talvez porque seja o sotaque genuinamente ludovicense ou ainda porque é o que permite a participação mais efetiva dos brincantes na roda.
Boi de Pandeirão - Sotaque em que predomina esse instrumento.
Boi de Zabumba - Sotaque em que predomina esse instrumento.
Matraca, Pandeirão e Zabumba
Boi de Costa de Mão - Sotaque em que os brincantes, com as palmas das mãos cheias de calos, devido à labuta nos canaviais, percutiam os instrumentos com as costas das mãos.
Boi de Orquestra - Sotaque em que predominam instrumentos musicais como trombones, pistons, saxofones e outros.
Boizinho Barrica, ou Companhia Barrica - Grupo de artistas formado em 1985, na cidade de São Luís, que revigora e evidencia a tradição dos folguedos e das festas populares do Maranhão, apresentando em ruas, praças e palcos da vida a diversidade de ritmos e danças peculiares dos festejos juninos e carnavalescos da cultura maranhense, bem como de outras manifestações, em espetáculos como A Natalina da Paixão (Natal e Quaresma), O Boizinho Barrica à Luz de Uma Estrela (São João), e Bicho-Terra, Peleja e Folia (Carnaval).
Além dos já citados, usam-se também outros instrumentos, como o apito, o maracá e o tambor-onça, ou roncador, espécie de cuíca grave, que imita o urro do boi.
ALGUNS TERMOS DA LINGUAGEM DO BUMBA MEU BOI
Toada - Nome dado a todas as cantigas do Bumba Meu Boi.
Guarnicê - É a reunião dos brincantes, antes de começar a função. Pode-se definir como a concentração, o “esquenta” das escolas de samba.
Lá Vai - É o início da função.
Urrou do Boi - Marca a ressureição do boi.
Neste pequeno apanhado, farei sincera homenagem a meu Estado, com postagens diárias de toadas, em ordem alfabética, de 1º de junho a 31 de julho, período em que se festeja mais intensamente o Bumba Meu Boi em São Luís do Maranhão.
Antes, postarei dois vídeos. Um, com Novilho Brasileiro (Urrou) - Boi de Pindaré, toada imortal do Mestre Coxinho, constante do LP Bumba Meu Boi, Sotaque de Pindaré, de 1972, primeiro disco do gênero. Esta toada, tornou-se, por lei, obrigatória nas aberturas de todas as comemorações de Bumba Meu Boi do Maranhão.
Outro, com a Companhia Barrica do Maranhão, Representação do Bumba Meu Boi - Sotaque do Pindaré, espetáculo em honra à Memória do Mestre Coxinho.
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