Zélia Duncan usa a palavra ‘essencial’ para definir o que representa o seu mais novo álbum Pelespírito, lançado recentemente, que faz parte da comemoração dos seus 40 anos de carreira, assim como o disco Minha voz fica, também deste ano. Com 15 faixas inéditas, Zélia transmite a mistura de sentimentos em meio a uma pandemia e explora diferentes estilos musicais, como folk, rock, blues e sertanejo. “Era muito importante que o disco tivesse o meu sentimento como nunca. Ele (Pelespírito) tem o meu essencial, não daria para fazer um disco meu sem a Zélia e sem o violão”, conta a artista.
O parceiro de composição foi Juliano Holanda, poeta e produtor pernambucano que esteve ao lado de Zélia durante todo o processo de criação do novo álbum. “O nosso encontro deu o tom desse disco. Ele ficou muito disponível para a parceria, isso é muito importante”, explica a cantora. As faixas Onde é que isso vai dar? e O que se perdeu? representam diálogos de Zélia com Juliano, o que escancara a importância da sintonia dos dois para o disco.
A gravação de Pelespírito ocorreu inteiramente durante a pandemia, nos estúdios improvisados em casa. Zélia Duncan contou com a ajuda de Webster Santos, músico da banda da cantora que participou da produção do disco. “Webster me ensinou os primórdios do programa para gravar, usei uma interface e um microfone e comecei a fazer”, conta Zélia, e complementa ao dizer que “todos os passos desse disco foram muito emocionais, muitas lágrimas rolaram, tanto de aflição na hora de fazer, porque era exatamente o que eu estava sentindo, quanto de emoção e alegria de ver que a gente conseguiu”.
Além de expressar os próprios sentimentos durante um momento turbulento, Zélia Duncan faz declarações de amor nas faixas Nossas coisinhas, para Flavia, companheira da cantora; Sua cara, para o pai, que morreu em dezembro de 2020; e Eu e vocês, dedicada aos fãs. A artista também presta homenagem às mulheres vítimas de violência durante a pandemia na música Você rainha e fala sobre o desejo de buscar um novo Brasil na canção Eu moro lá. “Eu quero um Brasil onde a gente possa voltar a sonhar com a nossa evolução. O país estava longe de ser um lugar justo, mas ele não era essa guerra declarada com o que há de humano na gente. Eu já vivi o suficiente para ter visto momentos de muita esperança e até de felicidade em relação ao nosso povo. Mas a gente entrou numa vibe de ódio e de ode à ignorância”, declara Zélia.
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No Concerto Cabeças, em Brasília: onde tudo começou |
Na capital
Zélia Duncan nasceu em Niterói (RJ) e se mudou para Brasília aos 6 anos, onde morou até os 21. A capital representou o lugar de formação da cantora e o início da carreira musical, momento em que conheceu artistas como Cássia Eller e Nelson Faria e cantou com grandes músicos.
“Em Brasília, fiz todas as primeiras descobertas da minha vida. Eu tenho a cidade em um lugar muito fundamental para mim, primeiros amigos, amores, o primeiro teatro e a primeira vez que eu cantei”, diz Zélia emocionada, e complementa sobre a importância das referências levadas da capital ao lembrar de quando se mudou para o Rio de Janeiro. “Quando eu fui para o Rio, tinha muita vantagem em relação às cantoras da minha idade, porque tive acesso a músicos que iam demorar muito até elas terem também”, conta.
“Brasília está na minha formação essencial, ela está presente no meu coração e na minha cabeça”, diz a cantora, que destaca a importância da simbologia do céu de Brasília. “Olha que já sou viajada, mas poucos céus são tão bonitos quanto o dessa cidade”, brinca.
Para os próximos passos, Zélia planeja gravar mais clipes das novas músicas, além de Onde é que isso vai dar?, que está disponível no canal oficial da artista no YouTube. A cantora também está escrevendo um livro previsto para ser lançado este ano. No próximo dia 19, às 21h, será realizada a live para lançar o álbum Pelespírito e comemorar os 40 anos de carreira de Zélia Duncan. Mais detalhes em breve no site oficial da artista.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira