XAMPUS MUI XUSPEITOS
Paulo Azevedo
Quarta também é o "Dia da Derrota".
Esqueci na mochila da roupa da pelada, aqueles xampus e condicionadores de motel. Guardei-os, depois que saíra com uma "amiga", usaria os acessórios de perfumaria para depois da pelada, mas esqueci que o capeta está nos detalhes.
A porra da moça que trabalha lá em casa resolveu fuçar minha mochila, para ver se tinha roupa suja, e encontrou o shampoo e o condicionador.
Um dia, cheguei em casa, e estavam em cima da pia do banheiro da suíte os dois, ali, olhando para mim.
Minha esposa gritou da sala: – Amorzinho, onde você comprou esse shampoo? Gostei dele, é ótimo.
Falei que havia ganhado de um amigo. O assunto morreu, que alívio! Peguei os fracos e joguei fora, afim de matar a prova do crime, sem corpo não há assassinato.
Duas semanas depois, minha esposa enviou um zap dizendo que estava no dentista e iria atrasar um pouco para buscar nosso filho no judô e pediu que eu o buscasse.
Ela chegou em casa na hora do jantar, falante, sorridente, estava feliz. Já tarde da noite, fui tomar banho e levei um susto: em cima da pia do banheiro da suíte, estavam o mesmo shampoo e condicionador.
Ué, pensei, eu não tinha jogado fora?
– Sueli, que shampoo é esse? – Perguntei, com as pernas trêmulas
–Amorzinho, uma amiga me deu. Vi que ela tinha. Comentei que você tinha ganhado de um amigo e nós usamos e gostamos, aí ela me deu.
Fiquei calado, será isso mesmo?
– Na terça que vem, vou trazer mais, ok? Afirmou Sueli.