Os resultados modestos dentro do cockpit não traduzem o tamanho de Wilson Fittipaldi Júnior, o Wilsinho, para o automobilismo brasileiro. Morto nesta sexta-feira, aos 80 anos, por complicações de uma parada cardiorrespiratória sofrida em dezembro, o ex-piloto e empreendedor foi o idealizador do primeiro carro de Fórmula 1 brasileiro, uma ideia ousada numa época frutífera de surgimento de grandes nomes e equipes independentes na categoria.
Wilson e o irmão Emerson já eram nomes de referência na construção de karts na década de 1960, mas foi de Wilsinho a iniciativa de deixar a Brabham, pela qual correu entre 1972 e 1973, e montar a sua própria equipe: a Copersucar-Fittipaldi. A exportadora e dona de usinas de açúcar foi a primeira parceira do projeto, que culminou com a apresentação do primeiro modelo, o FD01, ao então presidente Ernesto Geisel, em 1974.
— Acho que o que conseguimos mostrar ao país que um carro de F1 construído no Brasil tinha a possibilidade de ser o mais competitivo e foi o que aconteceu [...] Enquanto tivemos a equipe competindo durante oito anos, tivemos outros resultados considerados bons. Tivemos um terceiro lugar em Long Beach (em 1980 com Emerson Fittipaldi) e na Argentina (1980 com Keke Rosberg), então isso mostrou que a construção do carro era viável e que o país tinha condições de construir um carro desses, com a tecnologia que existia naquela época — contou Wilson em entrevista ao site Motorsport em 2018.