VOU VORTÁ
Patativa do Assaré
Vou vortá pro meu sertão
Não posso me acostumar
Com o grande rebuliço das ruas da capital:
Vem um carro em minha frente,
De pressa, de repente,
Já vem outro por detrás...
É uma coisa sem soma
E o fôlego que agente toma
É só catinga de galho
Eu não gostei do rejume da vida da capital
Eu aqui só gostei muito do mar!
Deste grande mar
Que grande poço pai d´égua!
Ele tem légua e mais légua
Agente só sabe é vendo
Veve a roncar com orgulho
De longe se oiço o barulho
Das águas se arremexendo
Aquilo é que é ser bonito!
Eta marzão colossal!
Não goza nada da vida quem morre sem ver o mar
Eu atarentado fico em ver aquele fuxico
A zuada da maré, aquela grande peleja
O mar tem o que quer que seja
Que só Deus sabe o que é.
Vi o mar, volto contente
A viagem não perdi.
Ele fez eu me lembrar
Lá dos campos onde eu nasci
Vendo a verdura das águas
Uma saudade, uma mágoa
Dentro do meu coração
Como lanceta furou:
Essas águas tem a cor das matas do meu sertão.