Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão sexta, 18 de fevereiro de 2022

VÔLEI FEMININO: ROSAMARIA SUPERA DEPRESSÃO E AGORA É UM DOS PILARES DA RENOVAÇÃO DA SELEÇÃO

Rosamaria supera depressão e agora é um dos pilares da renovação na seleção feminina de vôlei

Fundamental na conquista do pódio olímpico em Tóquio, jogadora do italiano Novara quer ajudar no desenvolvimento da equipe para Paris-2024

Entrevista com

Rosamaria, jogadora de vôlei

Paulo Favero, O Estado de S.Paulo

18 de fevereiro de 2022 | 10h00

Nas quartas de final do torneio de vôlei nos Jogos de Tóquio, o Brasil tinha perdido o primeiro set para o Comitê Olímpico Russo e estava atrás no placar na parcial seguinte. Foi então que o técnico José Roberto Guimarães colocou a ponteira/oposta Rosamaria Montibeller na quadra. A jogadora incendiou o jogo e liderou o time na virada espetacular sobre as eternas rivais. "Até hoje me marcam nas redes sociais quando falam desse jogo", revela a atleta ao Estadão.

Aos 27 anos, ele está atuando pelo Igor Volley Novara, da Itália, e vive uma fase distinta da que teve anos atrás, quando sofreu com depressão e pensou em largar tudo. Vice-campeã olímpica, ela é uma das "veteranas" da seleção feminina para os Jogos de Paris e ajudará o treinador no processo de renovação da equipe para brigar mais uma vez pelo pódio.

 

 
Rosamaria viu sua vida mudar após o desempenho nos Jogos Olímpicos de Tóquio
Rosamaria viu sua vida mudar após o desempenho nos Jogos Olímpicos de Tóquio Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

Como tem sido sua vida na Itália?

 

Tirando a questão da pandemia, profissionalmente estou muito feliz de estar aqui no Novara, um clube que tem grandes objetivos, embora esteja jogando menos do que gostaria. Tenho aproveitado as oportunidades e tenho crescido nos treinamentos. Gosto da estrutura do clube e a gente tem feito um bom campeonato. Sofremos com casos de covid no grupo, mas estamos indo bem.

Você tem relação próxima com a cultura italiana, por causa de Nova Trento, sua cidade no Brasil. As coisas são parecidas com o que você lembra de sua infância e de seus avós?

Eu cresci numa cultura italiana, mas é a quinta geração já misturada com brasileiros. É muito similar o jeito de as pessoas falarem, a alimentação também. Nunca me senti estrangeira de verdade, também por conseguir falar a língua. Parece que mudei de uma cidade para outra, não de país. Inclusive são as mesmas cores da minha cidade, então foi tudo fácil.

Como está sendo a adaptação ao time, ainda mais tendo um técnico que te treinou no Brasil como o Stefano Lavarini?

Isso ajuda bastante. Estamos falando de escolas de voleibol, e como o Stefano passou pelo Brasil, ele entende a minha visão de jogo e a gente consegue se comunicar bem.

 

Você já colocou em xeque a sua capacidade. Quando foi que isso mudou?

Todos os atletas passam por momentos difíceis, então precisa ser forte e entender que é uma fase apenas. Consegui passar quando entendi que estava fazendo o melhor com aquilo que eu tinha e se não estava vindo (resultado) era por um motivo maior. As coisas iriam acontecer porque estava traçando meu destino, me esforçando. Sempre dei 100%, mas fui tentando entender porque as coisas não aconteciam comigo. Fiz mudanças na minha vida e carreira. Comecei a acreditar mais no meu potencial quando entendi onde era o meu lugar, onde eu me sentia feliz e me encaixava.

Você teve depressão em 2017 e ficou dois anos tentando sair disso. Como foi esse processo?

Começou no fim de 2017 e passei o ano de 2018, quase inteiro, tratando e lutando contra a doença. É difícil explicar de onde vem, como vem... O ano de 2017 tinha sido maravilhoso. Mas aí o Stefano, no Minas, percebeu que algo estava errado e sentou comigo para conversar. Ele falou que poderia me ajudar. Isso tirou um peso das minhas costas. Eu também não sabia o que estava acontecendo. Fui procurar ajuda, sabia que aquele comportamento não era meu. Fui atrás e tive ajuda profissional. Foram meses de luta e graças a Deus deu tudo certo. A terapia é muito importante. Foi nesse momento que decidi fazer mudanças na minha vida.

Você sempre foi considerada uma jogadora bonita e muitas vezes seu talento ficava em segundo plano. Como você lidava com isso?

Isso nunca influenciou no meu trabalho. É engraçado isso porque muitas vezes veem isso como um problema. Nunca achei justo que as pessoas medissem meu trabalho pela beleza e não pelo que eu fazia dentro de quadra. Mas me acharem bonita, me seguirem, isso nunca incomodou. As pessoas limitam muito. Não sou só jogadora de vôlei, sou uma pessoa também. E vejo como um elogio que muita gente me ache assim.

Aí na Itália também existe isso de ficar falando da beleza das jogadoras?

São culturas diferentes. Falam sobre isso também aqui, mas acho que as pessoas confundem um pouco menos as coisas. No Brasil as pessoas ligam muito mais para o que faz fora de quadra do que aqui na Itália.

Você sempre manifestou interesse em pintura e artesanato. Você consegue ter esse hobby aí na Europa?

Tem até um quadro ali que estou fazendo, daquele cheio de números, que faço para relaxar minha cabeça. Mas tenho zero talento artístico. Na minha família, muitas tias são artistas e pintoras, então cresci nesse meio. Quando morei em Belo Horizonte, tive uma professora particular, fiz cursos, mas atualmente faço para relaxar minha cabeça no tempo livre, é muito bom.

Como é sua vida aí na Itália?

Tenho muitos amigos, é uma rede de apoio muito bacana, e sempre consigo aproveitar os momentos livres para fazer algo. Saio para jantar, encontro as pessoas para escutar música brasileira, mas ainda tem restrições na cidade por causa da covid-19. Aqui é muito simples ir de um lugar para outro e tem sido bom poder enriquecer culturalmente.

Você tem falado que 2021 foi um divisor de águas na sua carreira. Qual foi a importância da Olimpíada?

Toda atleta profissional sabe que a vida é organizada para esses ciclos, é um momento muito importante, e todo mundo quer estar na Olimpíada, pois lá estão as melhores do mundo. Eu vislumbrei isso desde o início da carreira, e quando foi chegando perto, só fui entender o que significava quando pisei na Vila Olímpica. Assim como admirava muitas atletas que estavam ali passando, eu também era admirada. Com certeza foi um divisor de águas, momento importante na carreira do atleta. Fiquei feliz com o que criamos para a medalha de prata. Me arrepio até hoje com isso.

Aquela sua atuação contra a Rússia foi emblemática, pois você entrou e mudou o jogo, ajudando o Brasil a vencer e a se classificar.

As pessoas ficam me marcando em vídeo nas redes sociais nesse jogo. Estar ali já significava muito, pois veio na minha cabeça os momentos que duvidei que poderia estar ali. A Olimpíada me fez lembrar de todos os sacrifícios.

Agora você é um dos pilares na renovação da seleção feminina para os Jogos de Paris. Quais são suas expectativas?

Não existe cadeira cativa, ninguém está garantida lá dentro, pois seleção é momento. Espero ter oportunidade de estar lá e brigar por uma vaga. Esse ano vai ser de renovação, é algo natural, então espero poder passar a experiência que tive com as grandes atletas. Sei que tenho de ralar muito para estar no meio das novinhas, pois tem uma geração forte aparecendo.

Pensa em voltar para o voleibol brasileiro?

No meu projeto não voltaria para o Brasil agora, mas depende do mercado e não sei o que vou fazer na próxima temporada. Gostaria de continuar na Europa.


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