As escolas, por melhores que sejam, não nos ensinam a arte de viver. Também não produzem nenhum sábio. A sabedoria é como uma planta que brota na mente de alguém, como por milagre, como é o milagre da vida.
A vida é um jogo de baralho. As cartas que recebemos são o nosso destino. A nossa maneira de jogar representa as nossas escolhas.
Pelos caminhos da vida, é comum nos depararmos com pessoas sábias, mas que nunca frequentaram uma escola. Por isso, podemos dizer que nem sempre o analfabeto é burro. Como também podemos dizer que nem sempre o alfabetizado é inteligente.
Certa vez, um homem prepotente, que se sentia acima de todos os homens, precisou entrar num barco, para fazer a travessia de um rio. Logo puxou conversa com o barqueiro, para ver até onde iria o grau de ignorância.daquele homem pobre e tímido, que ganhava a vida fazendo a travessia de viajantes num rio tão agitado.
E perguntou-lhe, de uma só vez:
– Você sabe ler e escrever? Já leu sobre os oceanos e os rios? Já ouviu falar em Matemática, Astronomia, Botânica e Geografia?
Encabulado, o humilde barqueiro respondeu que não sabia ler nem escrever. Também não sabia nada daquilo que ele estava perguntando. Nunca tinha ido a uma escola.
O homem rico deu uma gargalhada e disse, sarcasticamente:
– Que pena! Não aprendeu nada! Nem a ler nem escrever! Você perdeu boa parte de sua vida!
E o sabichão contou ao barqueiro que, além de ser Médico, entendia de outras ciências. Era filho de um fazendeiro rico e tinha estudado nas melhores escolas. E continuou contando grandeza e perguntando coisas ao barqueiro, sabendo que ele não saberia responder. Somente para ter o gosto de humilhar o pobre homem.
E repetiu para o barqueiro:
– Coitado de você! Perdeu boa parte de sua vida!!!
O barqueiro coçou a cabeça, nervoso, demonstrando irritação. Sentiu-se humilhado diante da conversa daquele homem rico e importante. De repente, o barco foi de encontro a uma pedra sofrendo uma avaria. Começou a entrar água no barco e o barqueiro disse para o doutor:
– Vosmecê que sabe tudo, também deve saber nadar!!! Tire os sapatos e o paletó, pois vamos ter que ir nadando, e a correnteza está muito forte…
Em pânico, o doutor gritou:
– Não!!! Eu não sei nadar!!!
O barqueiro respondeu:
– Que pena, doutor! Pois o senhor perdeu toda a sua vida!!!
Com muita dificuldade, o barqueiro nadou até a outra margem do rio, puxando o “doutor”, que por um triz não morreu afogado.