VIVER (E JOGAR FUTEBOL) É MUITO PERIGOSO, COMO JÁ DIZIA RIOBALDO TATARANA
Paulo Azevedo
Renato e Paulo Azevedo
Todo mundo deveria praticar, na adolescência, algum esporte de competição, alto rendimento. Seria uma das formas de valorizar a vida quando adulto.
Fui atleta dos meus oito até os vinte e seis anos, era bom, sem falsa modéstia, não era fora de série, mas fui um atleta dedicado, daí não ter qualquer mágoa ou frustração. Dormia cedo, nunca bebi nada de álcool (algo que conservo até hoje), nunca fumei, nunca usei drogas.
Um dia, parei para contabilizar as lesões físicas, mais de trinta: inúmeras entorses de tornozelos, rupturas ligamentares e lesões meniscais nos dois joelhos, fratura de costelas, luxação do ombro direito, fratura do punho, fratura de tornozelo, duas herniações lombares, estiramentos musculares, trauma no pavilhão auditivo...
E a alma? Limpa, zerada. Meu corpo físico é um desafio biomecânico. Dia desses, uma amiguinha da minha filha perguntou: – Tio o que houve na sua perna? Ela é torta, ela dói? – Minha filha, carinhosamente, socorreu: – Nada, ele jogou muito futebol!
Acho tão piegas o chavão: precisa de muito sacrifício para vencer. Sacrifício? Que sacrifício? Primeiro, que você faz o que gosta, o funil da competência é cada vez mais difícil com o tempo, geralmente você se destaca logo cedo e tem um monte de benefícios. Sacrifício é acordar as três da manhã todos os dias e ir trabalhar naquilo que você não gosta e sem perspectiva de crescimento. Não há sacrifícios para sonhos. Foram catorze anos de vitórias, derrotas, lesões físicas, porém jamais dúvidas de sonhos, eles mudam, mas a essência não quebra.
A foto acima, aos dezessete anos, corpo inteiro, registra a realização do sonho de jogar no Maracanã ao lado do grande irmão que o esporte me presenteou, Renato Groisman, hoje Consultor Imobiliário.