A palavra vocativo vem do latim vocare. Significa chamar. Pertence à mesma família de vocação (chamamento do coração). Seguir a vocação é atender a voz interior. Ouvir o apelo da alma. “É feliz quem faz aquilo de que gosta”, dizem os psicólogos.
Olá!
Sempre que você se dirigir a alguém, não duvide. Estará usando o vocativo. “Paulo, tome banho”, manda a mãe. Paulo é o vocativo. “Alô, Sílvio, tudo bem?”, diz Maria ao telefone.Sílvio é o vocativo. “Senhor Diretor”, começa o ofício com o vocativo.
Truque
Há um truque para identificar esse termo arredio. Antepor-lhe o ó: (ó) Maria, vamos conversar? Vem cá, (ó) meu filho. (ó) Presidente, posso lhe fazer uma sugestão? Acreditem, (ó) leitores, ser claro é a maior qualidade do estilo.
Literatura
A literatura usa e abusa do chamamento. “Deus, ó Deus, onde estás que não me escutas?”, pergunta Castro Alves em Vozes d’África. “Tu choraste em presença da morte? Em presença de estranhos choraste? Não descende o covarde do forte. Tu, covarde, meu filho não és”, escreve Gonçalves Dias em I-Juca Pirama. “Entra, minha filha, senão vais virar prostituta”, ameaça a experiente senhora. “Deus te ouça, minha mãe, Deus te ouça”, responde a moça assanhada do poema de Ascenso Ferreira.
Correspondência
Nas cartinhas, nos e-mails, nos bilhetes, o vocativo está presente: Olá, Paulo, Oi, Maria, Caro Luís, Meu amor. Na redação oficial também. O ato de correspondência se abre com ele:Senhor Presidente da República, Senhor Chefe, Senhor Diretor.
Redação oficial
Houve tempo em que a correspondência do governo dava margem à criatividade. O redator podia separar o vocativo por dois pontos (Senhor Diretor:), vírgula (Senhor Diretor,) ou simplesmente não usar nada (Senhor Diretor). Hoje, as coisas mudaram. O Manual de redação da Presidência da República recomenda o emprego da vírgula.
E a letra maiúscula depois da vírgula? Sempre que iniciar parágrafo, usa-se a grandona — mesmo depois da vírgula do vocativo. Assim se convencionou. Manda quem pode. Obedece quem tem juízo.