Raimundo Floriano
Virgínia Giacone, a Virgínia Lane, compositora, atriz, cantora e vedete, nasceu a 28.02.1920, no Rio de Janeiro (RJ).
Dos 6 aos 14 anos, estudou como interna no Colégio Regina Coeli, passando, depois, para o Instituto Lafayette, onde cursou o primeiro ano de Direito, especialidade na qual mais tarde se formou. Frequentou a Escola de Bailados do Teatro Municipal, dirigida por Maria Olenawa. Em 1935, começou sua carreira como cantora, no programa Garota Bibelô, de César Ladeira, na Rádio Mayrink Veiga. Sua estreia no elenco do Cassino da Urca deu-se em 1943, quando atuou como cantora e dançarina à frente das orquestras de Carlos Machado, Tommy Dorsey e Benny Goodman.
Em 1945, contratada para curta temporada na Rádio Splendid e na Boate Tabaris, de Buenos Aires, na Argentina, acabou ficando por lá durante três anos. Gravou o primeiro disco em 1946, com a marchinha Maria Rosa, de Oscar Belandi e Dias da Cruz, e o samba Amei Demais, de Ciro de Souza e J. M. da Silva. De volta ao Brasil, em 1948, foi convidada pelo dramaturgo, cineasta, jornalista e produtor português Chianca Garcia para estrear como vedete na revista Um Milhão de Mulheres, no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro. Foi sua entrada triunfante no denominado teatro rebolado, a maior atração musical noturna da Capital Carioca.
Com o sucesso que obteve nessa revista, foi contratada por Walter Pinto, produtor teatral brasileiro, com quem atuou, durante quatro anos, como vedete de sua companhia no Teatro Recreio, o olimpo do teatro de revista brasileiro daquele tempo. Tornou-se, então, a principal vedete da Praça Tiradentes. Ali, por quatro anos seguidos, emplacou diversas revistas, em parceria com Walter. Durante a temporada de Seu Gegê, Virgínia recebeu o título de A Vedete do Brasil, dado pelo Presidente Getúlio Vargas, a quem a revista aludia e com quem mantinha um caso amoroso.
Em 1951, estrelou a revista Eu Quero Saçaricar, de Freire Júnior e Luís Iglésias, no Teatro Carlos Gomes, na qual cantava a marchinha Saçaricando, de Luís Antônio Zé Mário e Oldemar Magalhães, que gravou na Todamérica, sucesso absoluto no Carnaval de 1952, até hoje cantada pelos foliões saudosos e faixa sempre presente em todas as coletâneas de músicas carnavalescas do passado.
Desde então, passou a trabalhar no Teatro Carlos Gomes. Ainda em 1952, foi eleita Rainha das Atrizes, pela Casa das Artistas. Nessa época, destacou-se também na televisão, especialmente nos Espetáculos Tonelux, da TV Tupi.
Sem jamais fugiu a seu estilo musical, Virgínia Lane sempre gravou músicas alegres e dançantes, quer no Carnaval, quer no meio do ano. Assim é que em seu repertório constam baiões, chá-chá-chás, choros, rancheiras, foxtrotes, maxixes e marchas juninas. Sua produção fonográfica, porém, foi mais direcionada par ao cenário carnavalesco, da qual possuo 43 peças, entre sambas e marchinhas, todas gravadas em 78 RPM, algumas de sua autoria individual ou em parceria.
No ano de 2003, a gravadora Acoustic Records lançou no mercado dois CDs com as músicas mais conhecidas de sua carreira, cujas capas aí estão:
Virgínia fez sucesso também no cinema, participando de 37 filmes, na Cinédia e na Atlântida, principalmente nas chanchadas e comédias carnavalescas, cantando e contracenando com famosos astros da época, como Oscarito, Grande Otelo, Ankito e Zé Trindade. Além disso, chegou a montar sua própria companhia para levar o teatro de revista a diversas regiões do Brasil
Em 2005/2006 fez parte do elenco na novela Belíssima, da TV Globo, ao lado de outras ex-vedetes, como Carmem Verônica, Íris Bruzzi, Ester Tarcitano, Lady Hilda, Teresa Costello, Dorinha Duval, Anilza Leoni, Rosinda Rosa e Lia Mara, entre outras.
Virgínia Lane, no tempo de Getúlio Vargas
Numa entrevista concedida à Jornalista Flávia Ribeiro, a 01.12.2007, Virgínia relatou seu romance com o Presidente Getúlio Vargas: – Conheci Getúlio quando eu tinha 15 anos, era muito menina. Minha mãe nasceu em São Borja (RS), como ele. Era 1935, fui para um churrasco vestindo saia curta e bota. Eu era bonita, ele ficou olhando. Mas o namoro começou mais para a frente, quando eu já estava com uns 19 anos, e durou quase 15, até a morte dele, em 1954.
Virgínia teve dois casamentos, dos quais enviuvou: com o Engenheiro Agrônomo Sérgio Kroff e com o Major Ganio Ganeff. Este último e Getúlio, segundo contou na entrevista, foram os dois grandes amores de sua vida.
Hoje, vivendo em seu sítio na cidade de Paraíba do Sul (RJ), onde mora com Marta, sua filha adotiva, Virgínia é uma veterana bem-apanhada, como atestam as fotos a seguir, e participa, todos os anos, dos desfiles de fantasias carnavalescas na Cinelândia, na plateia, bem entendido.
Saçaricando foi sua marchinha de maior sucesso. Não há uma coletânea carnavalesca em CD, com arranjos e vozes atuais, que não a incluam em seu repertório. Outra marchinha, Zé Corneteiro, de Lalá Araújo lançada em 1953, fez muito sucesso e não poderia faltar na amostra de seu imenso repertório de Carnaval, que ora lhes disponibilizo.
Virgínia cantando Zé Corneteiro
Antonieta Gazeteira, marchinha de Nélson Castro e Álvaro Matos, lançada em 1965:
Banana, marchinha de Luiz Antônio e Jota Júnior, lançada em 1952:
Bom Mesmo É Mulher, marchinha de J. Maia, Nina Nunes e Mário Meira Guimarães, lançada em 1958:
Bombeiro, Atenção, marchinha de Nélson Castro, lançada em 1954:
Bostelá, marchinha de João Roberto Kelly, lançada em 1966:
É Baba de Quiabo, marchinha de Virgínia Lane e Arcênio de Carvalho, lançada em 1956:
Essa Não, marchinha de Arlindo Marques Jr., Roberto Roberti e Valdemar, lançada em 1956:
João Ninguém, samba de José Roberto e Amado Régis, lançado em 1957:
Lá Vem a Cobra Grande, marchinha de João de Barro e Antônio Almeida, lançada 1952:
Maçã da Tentação, marchinha de Nélson Castro e José Batista, lançada em 1958:
Madame Sapeca, marchinha de José Roberto e José Batista, lançada em 1956:
Mamãe Já Vem Aí, marchinha de Nelson Castro e José Batista, lançada em 1957:
Mão de Gato, marchinha de Oldemar Magalhães e José Roberto, lançada em 1958:
Marcha da Pipoca, marchinha de Luiz Bandeira e Arsênio de Carvalho, lançada em 1955:
Marcha do Boi, marchinha de Amado Régis e Jarbas Assad, lançada em1958:
Marcha do Fiu-fiu, marchinha de Virgínia Lane e Nélson Castro, lançada em 1955:
Maria Rosa, marchinha de Oscar Belandi e Dias da Rocha, lançada em 1946:
Meu Time É o Maior, marchinha de Otolindo Lopes, Oldemar Magalhães e Joper, lançada em 1981:
Morro, samba de Antônio Almeida, lançado em 1954:
Mulher Que Chora por Homem, marchinha de Antônio Almeida, lançada em 1954:
Ninguém Me Controla, marchinha de Alcebíades Nogueira, Luiz de França e Nélson Bastos, lançada em 1957:
No Balaio da Sinhá, maxixe de Arcênio de Carvalho, lançado em 1955:
Primavera, marchinha de Antônio Almeida, lançada em 1953:
Quá, Quá, Quá, marchinha de Virgínia Lane, lançada em 1955:
Quando Vem a Noite, samba de Monsueto e Álvaro F. Gonçalves, lançado em 1955:
Que Palhaço, marchinha de Virgínia Lane e William Duba, lançada em1958:
Saca o Pão, marchinha de Ubirajara Mendes, lançada em 1952:
Um Beijinho Por Telefone, chá-chá-chá de Alberto Ribeiro e Marcos Perdomo, lançado em 1956:
Vai Levando, marchinha de Antônio Almeida, lançada em 1952:
Você Não Emplaca 61, marchinha de Nélson Castro e Álvaro Matos, lançada em 1961:
Você Quer Casar, marchinha de Nélson Castro, lançada em 1955:
Zé Corneteiro, machinha de Lalá Araújo e Pedro Paulo Malta, lançada em 1953:
Saçaricando, marchinha de Luiz Antônio, Oldemar Magalhães e Zé Mário, lançada em 1952: